20.07.2015 Views

Narrativas sobre o processo de modernizar-se - capes

Narrativas sobre o processo de modernizar-se - capes

Narrativas sobre o processo de modernizar-se - capes

SHOW MORE
SHOW LESS

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

Ronaldo <strong>de</strong> Oliveira CorrêaTe<strong>se</strong> <strong>de</strong> Doutorado PPGICH UFSC | outono 2008254Consi<strong>de</strong>rações FinaisA coisa <strong>de</strong> que <strong>se</strong> falaaté on<strong>de</strong> está pura ou impura?Ou <strong>se</strong>mpre <strong>se</strong> impõe, mesmoimpuramente, a quem <strong>de</strong>la quer falar?Como saber, <strong>se</strong> há tanta coisa<strong>de</strong> que falar ou não falar?E <strong>se</strong> o evitá-la, o não falar,é forma <strong>de</strong> falar das coisas?João Cabral <strong>de</strong> Melo Neto. Dúvidas apócrifas <strong>de</strong> Marianne Moore. 1985.Escrevo <strong>sobre</strong> gentes e coisas. Falo e não falo das formas que estas gentes e coisas encontrampara marcar o trânsito <strong>de</strong> sua existência no mundo. Minha escritura está marcada pela impurezado meu olhar, da minha pre<strong>se</strong>nça, da minha crítica, assim como do olhar, da pre<strong>se</strong>nça e dacrítica dos (as) interlocutores (as) com quem partilhei alguns instantes. Sobre esta matéria tensa,impregnada <strong>de</strong> versões, fraturada por distintas gestualida<strong>de</strong>s, questionada por irônicasmetáforas, construo meu texto. Como início, impõe-<strong>se</strong> uma nota, meu texto é limiar, movimento emetamorfo<strong>se</strong>, por isso carrega um tom ensaístico.Escolhi esta estratégia por não saber configurar as formas necessárias a um tipo <strong>de</strong>gestualida<strong>de</strong> científica classificatória, ou por não acreditar que este, <strong>de</strong> <strong>se</strong>u lugar monológico,possa dar conta da polifonia do tema <strong>sobre</strong> o qual me <strong>de</strong>brucei. Por outro lado, recuso dizer(pretensamente) que faço literatura, pois acredito que as interpretações apre<strong>se</strong>ntadas nãoromantizam a cultura popular em um tipo <strong>de</strong> “folclore”. Mas, marcam formas <strong>de</strong> aproximação eenvolvimento poético com as gentes, suas explicações para suas escolhas em face dasmudanças que o contexto recente impõe aos homens e mulheres ligados a um tipo <strong>de</strong> culturapopular. Aproximação que <strong>se</strong> esten<strong>de</strong> até as coisas <strong>de</strong>sta cultura popular (artesanato) e suaspossibilida<strong>de</strong>s biográficas em um cosmos mo<strong>de</strong>rno e <strong>de</strong>nsamente colonizado por objetos.As gentes com quem falo e <strong>de</strong> quem falo são artesãos (ãs) da mo<strong>de</strong>lagem <strong>de</strong> cerâmicafolclórica <strong>de</strong> Florianópolis, Santa Catarina, Brasil. O misturar a mim e aos outros em diálogosprofundos, produziu narrativas (falas) extensas. Ao tomar estas falas, sua reconstrução e a fala(interpretação) <strong>sobre</strong> a fala como texto, explicito as estratégias <strong>de</strong> mo<strong>de</strong>rnizar-<strong>se</strong>, ou <strong>se</strong>ja, asformas <strong>de</strong> atualização biográfica <strong>de</strong> artesãos (ãs), do <strong>se</strong>u trabalho e do resultado <strong>de</strong>ste em meioao cosmos urbano recente. Neste movimento construí a questão subjacente a este ensaio, a

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!