20.07.2015 Views

Narrativas sobre o processo de modernizar-se - capes

Narrativas sobre o processo de modernizar-se - capes

Narrativas sobre o processo de modernizar-se - capes

SHOW MORE
SHOW LESS

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

Ronaldo <strong>de</strong> Oliveira CorrêaTe<strong>se</strong> <strong>de</strong> Doutorado PPGICH UFSC | outono 2008238políticas, por que passa o circuito criação-circulação-consumo da economia política e simbólicado artesanato.Por outro lado, po<strong>de</strong>ria interpretar aquela fratura relativa à coisida<strong>de</strong> dos objetosmo<strong>de</strong>lados por esta artesã, como diacrítico pulsante da simultaneida<strong>de</strong> e dinâmica das estéticasartesanais, entendidas na forma <strong>de</strong> polifonia <strong>de</strong> <strong>se</strong>nsibilida<strong>de</strong>s mo<strong>de</strong>rnas. Ao empreen<strong>de</strong>r poreste caminho, <strong>de</strong>vo admitir que as estratégias utilizadas por artesãos (ãs) para atualizaçõesbiográficas multiplicam-<strong>se</strong>, <strong>sobre</strong>põem-<strong>se</strong>, disputam espaços <strong>de</strong> visibilida<strong>de</strong> em meio à arenaconflituosa da cultura popular na socieda<strong>de</strong> recente. Estas estratégias participam comodispositivos que obscurecem ou explicitam formas ambíguas <strong>de</strong> perceber a cultura e em especialaquela popular (subalterna) e sua objetualida<strong>de</strong>: o artesanato. Este enca<strong>de</strong>amento <strong>de</strong> <strong>se</strong>ntido,em que proponho justapor uma expressivida<strong>de</strong> escultural como a <strong>de</strong> Dona Maricota, com outrasque constituem os sistemas <strong>de</strong> objetos artesanais investigados, significa expor a radicalida<strong>de</strong>das formas <strong>de</strong> mo<strong>de</strong>rnização biográficas <strong>de</strong> artesãos (ãs), assim como a radicalida<strong>de</strong> dasbiografias possíveis, disponíveis e legítimas para o produto <strong>de</strong> <strong>se</strong>u trabalho.Contudo, retorno ao boi-bicho escultórico <strong>de</strong> Dona Maricota. Este faz o papel do boi(animal) pensado como alegoria, ou sua reprodução simbólica na forma <strong>de</strong> escultura. No gestoplástico <strong>de</strong>sta artesã está impresso, não uma versão do auto ou somente a repre<strong>se</strong>ntação <strong>de</strong>uma personagem, mas a aparição <strong>de</strong> um animal em meio à atuação <strong>de</strong> uma história, aliás, aobjetualida<strong>de</strong> da peça carrega em <strong>se</strong>u centro o signo da “natureza”. Dito <strong>de</strong> outra forma, paraDona Maricota, o boi não é somente personagem, com função dramática, portador <strong>de</strong> um <strong>se</strong>ntidomoral na história, mas, sim, bicho que confere sua coisida<strong>de</strong> à unida<strong>de</strong> discreta entre objeto emo<strong>de</strong>lo. Acredito que, por esta percepção a respeito do que <strong>se</strong>ja a performance dramática ousua versão muito pessoal, e pela convicção <strong>de</strong> que sua autoria resi<strong>de</strong> na manutenção <strong>de</strong> um tipo<strong>de</strong> canôn tradicional, as peças <strong>de</strong>sta artesã pemanecem presas a um sistema <strong>de</strong> imagensfechado ou original, no <strong>se</strong>ntido proposto por Said, citado por OZ 315 , a saber: divino, originário.O nível <strong>de</strong> abstração <strong>de</strong>sta peça é anulado por sua “vonta<strong>de</strong>” <strong>de</strong> realida<strong>de</strong>. Por mais queem sua configuração (ou na sua coisida<strong>de</strong>) ele não <strong>se</strong>ja composto naturalisticamente (visto quefaltam as patas, o <strong>se</strong>xo, entre outros <strong>de</strong>talhes). O boi-bicho-escultura narra uma história que estámarcada na existência do boi, num tipo <strong>de</strong> imaginação que participa das “tradições” da Ilha e<strong>de</strong><strong>se</strong>nham um circuito <strong>de</strong> imagens e signos que tentam dar conta das formas <strong>de</strong> viver e estarneste contexto. Curiosa simplicida<strong>de</strong> cromática (branco e negro) conecta a (re)apre<strong>se</strong>ntação315 OZ, Amos (2007) op. cit.

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!