20.07.2015 Views

Narrativas sobre o processo de modernizar-se - capes

Narrativas sobre o processo de modernizar-se - capes

Narrativas sobre o processo de modernizar-se - capes

SHOW MORE
SHOW LESS

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

Ronaldo <strong>de</strong> Oliveira CorrêaTe<strong>se</strong> <strong>de</strong> Doutorado PPGICH UFSC | outono 2008226inacabamento da existência 295 das formas que marcam a cultura popular. Inacabamentoexpresso na fragmentação e incompletu<strong>de</strong> das narrativas e personagens populares, em relaçãoao monologismo daquelas igualmente narrativas e personagens hegemônicas.Com relação ao grotesco, BAKHTIN comenta que diante aos parâmetros estéticos <strong>de</strong>perfeição, <strong>de</strong>marcados na Antigüida<strong>de</strong> e retomados no Renascimento Europeu, a imagemgrotesca é localizada no âmbito do monstruoso. Esta localização retira do grotesco aambivalência regeneradora, confronta o inacabamento da existência grotesca com o i<strong>de</strong>alismodas formas acabadas clássicas (naturalistas), <strong>se</strong>ntenciando o primeiro ao obscurecimento. Aoconsi<strong>de</strong>rar monstruosa a transmutação <strong>de</strong> uma forma em outra, gesto realizado continuamentepela cultura cômica popular, o caráter alegre e festivo das manifestações populares éenfraquecido. A risada é retirada da vida cotidiana, e em <strong>se</strong>u lugar é pretendida a perfeição e acompletu<strong>de</strong> <strong>de</strong> um tipo “clássico” <strong>de</strong> construção <strong>de</strong> imagens e <strong>de</strong> repre<strong>se</strong>ntação/<strong>de</strong>scrição davida 296 .Em oposição àquele i<strong>de</strong>al (canôn) clássico 297 , e para interpretar a brinca<strong>de</strong>ira <strong>de</strong>Florianópolis, SC. e sua objetualida<strong>de</strong>, retomo a noção <strong>de</strong> grotesco proposta por BAKHTIN apartir da obra <strong>de</strong> Rabelais, como “embriaguez” <strong>de</strong> exagero (hiperbolização) da imagem. Dessaperspectiva <strong>de</strong> cosmovisão, acredito <strong>se</strong>r possível acessar a regimes <strong>de</strong> significados queimpregnam tanto a performance dramática quanto os conjuntos mo<strong>de</strong>lados em cerâmica. E, aoacessar estes regimes, configurar o que venho caracterizando como as narrativas <strong>de</strong>mo<strong>de</strong>rnizar-<strong>se</strong>, ou <strong>se</strong>ja, as atualizações biográficas que localizam artesãos (ãs) e <strong>se</strong>u sistema <strong>de</strong>objetos em meio aos conflitos que constituem a arena <strong>de</strong> disputas da economia simbólica epolítica do artesanato no contexto urbano recente. Em verda<strong>de</strong>, o que me interessa explicitaratravés da performance e objetualida<strong>de</strong>s do boi, são, antes, os limites, as imagens e asdiferenças que, contidos especialmente no artesanato, expõem as disputas(políticas/i<strong>de</strong>ológicas) entre grupos hegemônicos e subalternos, e aqui especialmente aquelasmarcadas pela experiência <strong>se</strong>nsível (estética), mediada pelos enquadramentos <strong>de</strong> valoresculturais, econômicos, históricos, éticos, plásticos.295 I<strong>de</strong>m.296 DISCINI, Norma. In: BRAIT, Beth (org). op. cit.; e BAJTIN, Mijail (2005) op. cit.297 Para Bakhtin, o termo canôn diria respeito a uma tendência dinâmica e em <strong>processo</strong> e não a conjunto <strong>de</strong> normasque integrariam uma gramática das visualida<strong>de</strong>s e, por con<strong>se</strong>guinte, das <strong>se</strong>nsibilida<strong>de</strong>s. DISCINI, Norma. In: BRAIT,Beth (org). op. cit.

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!