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Narrativas sobre o processo de modernizar-se - capes

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Ronaldo <strong>de</strong> Oliveira CorrêaTe<strong>se</strong> <strong>de</strong> Doutorado PPGICH UFSC | outono 2008215e espaços, con<strong>de</strong>nsa, em sua objetualida<strong>de</strong>, as mesmas qualida<strong>de</strong>s que KRAUSS afirma <strong>se</strong>remaquelas <strong>de</strong>finidoras <strong>de</strong> uma escultura, a saber: “a forma em sua evolução no espaço (...) e o <strong>se</strong>usignificado do momento repre<strong>se</strong>ntado em <strong>se</strong>u contexto histórico” 275 .Seguramente, as experiências expressivas e <strong>se</strong>nsíveis são narradas nos objetosartesanais a partir <strong>de</strong> outras “cenas” ou roteiros narrativos. Contudo, esta <strong>sobre</strong>posição <strong>de</strong>diferentes histórias ou formas <strong>de</strong> <strong>se</strong>nsibilida<strong>de</strong> interessa na configuração do que KRAUSS<strong>de</strong>sconstrói em sua análi<strong>se</strong>: a composição. Ou <strong>se</strong>ja, “a idéia <strong>de</strong> um arranjo rítmico das formas,cujo equilíbrio preten<strong>de</strong> revelar o significado latente do corpo [escultórico]” 276 . O artesanato,<strong>de</strong>ssa maneira, alinha-<strong>se</strong> às esculturas como aquelas <strong>de</strong> Rodin, na possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> questionar aestética clássica 277 , em função do gesto <strong>de</strong> construir nas superfícies dos objetos (no <strong>se</strong>u corpo),a opacida<strong>de</strong> do significado. A opacida<strong>de</strong> configura uma característica da <strong>se</strong>nsibilida<strong>de</strong> mo<strong>de</strong>rna,cuja marca recai na eliminação da transparência do signo e da sua significação. O resultadodisso é a negação da narrativida<strong>de</strong>, ou melhor, a confusão narrativa 278 .Pretendo, pois, a partir <strong>de</strong>sta formulação <strong>sobre</strong> a noção <strong>de</strong> escultura, e sua potênciapara narrar alegoricamente no tempo/espaço o trânsito humano, realizar o <strong>de</strong>slocamento dasfronteiras que <strong>de</strong>limitam o gesto plástico artesanal e sua objetualida<strong>de</strong>, daquele consi<strong>de</strong>radoartístico, e enten<strong>de</strong>r a ambos como manifestação da <strong>se</strong>nsibilida<strong>de</strong> recente. Acredito que, a partir<strong>de</strong>sta configuração da noção <strong>de</strong> escultura, é possível tornar opacos os <strong>se</strong>ntidos que <strong>de</strong>finem ehierarquizam a gestualida<strong>de</strong> artesanal e aquela artística. A<strong>de</strong>mais, lanço mão <strong>de</strong> categorias eprocedimentos <strong>de</strong> análi<strong>se</strong> do chamado campo da arte, que não <strong>se</strong>riam utilizados para interpretar275 I<strong>de</strong>m, p. 15-16.276 I<strong>de</strong>m, p. 24.277 “No classicismo, a transcendência do ponto <strong>de</strong> vista único costumava <strong>se</strong>r tratada, explicitamente, pela utilização<strong>de</strong> figuras agrupadas em pares ou trios, <strong>de</strong> modo que a vista frontal <strong>de</strong> uma figura era apre<strong>se</strong>ntadasimultaneamente com a vista posterior <strong>de</strong> sua contra-parte. Sem <strong>de</strong>struir a singularida<strong>de</strong> da forma indivitual, surge,então, a percepção <strong>de</strong> um i<strong>de</strong>al, ou um tipo, genérico <strong>de</strong> que cada figura isolada é vista como partícipe; e a partir<strong>de</strong>ste – repre<strong>se</strong>ntado em <strong>se</strong>qüência, em uma série <strong>de</strong> rotações – o significado do corpo solitário é estabelecido”.I<strong>de</strong>m, 23.278 O que KRAUSS configura qual confusão narrativa po<strong>de</strong>ria <strong>se</strong>r resumido na forma <strong>de</strong> radicalização da polis<strong>se</strong>miado signo, ou aproximar do que BAKHTIN <strong>de</strong>nominou multivocalida<strong>de</strong>. “Diferentemente <strong>de</strong> Saussure e do<strong>se</strong>struturalistas, que privilegiaram a langue, isto é, o sistema abstrato da língua, com suas características formaispassíveis <strong>de</strong> <strong>se</strong>rem repetidas, Bakhtin enfatizou a heterogeneida<strong>de</strong> da parole, ou <strong>se</strong>ja, a complexida<strong>de</strong> multiformedas manifestações <strong>de</strong> linguagem em situações sociais concretas. (...) Cada língua é a arena on<strong>de</strong> competem‘acentos’ sociais diferentemente orientados; cada palavra está sujeita a pronúncias, entonações e alusõesconflitantes. Cada língua é um conjunto <strong>de</strong> linguagens, e cada sujeito falante abre-<strong>se</strong> para uma multiplicida<strong>de</strong> <strong>de</strong>linguagens”. Remeto a STAM, Robert. (1992) op. cit. p. 12. Dessa forma, acredito que KRAUSS preten<strong>de</strong> que cadaobra <strong>se</strong>ja uma multiplicida<strong>de</strong> <strong>de</strong> <strong>se</strong>ntidos; enunciados múltiplos. Sobre a multivocalida<strong>de</strong> e/ou heteroglossia verBAHKTIN, Mikhail (VOLOCHINÓV) (2004) op. cit.

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