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Narrativas sobre o processo de modernizar-se - capes

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Ronaldo <strong>de</strong> Oliveira CorrêaTe<strong>se</strong> <strong>de</strong> Doutorado PPGICH UFSC | outono 2008209anunciados e vendidos produtos tradicionais muito mais em função das qualida<strong>de</strong>s inovadorasdos <strong>de</strong><strong>se</strong>nho/<strong>de</strong>sign, que relacionados às comunida<strong>de</strong>s étnicas ou populares (subalternas). Esteautor comenta que a circulação e consumo do artesanato através da re<strong>de</strong> mundial <strong>de</strong>computadores, aciona dispositivos <strong>de</strong> competitivida<strong>de</strong> entre os (as) neo-mini-empresários (as) doartesanato para situar-<strong>se</strong> em circuitos <strong>de</strong> circulação e consumo especializados e globais 271 .Po<strong>de</strong>ria aproximar esta prática ainda recente entre os jovens artesãos, mas não<strong>de</strong>sconhecida daqueles que trabalham em contextos urbanos, ao que os gran<strong>de</strong>s sistemasindustriais (ou pós-industriais) recentes <strong>de</strong>nominaram “costumização” do produto. Acredito que, apartir <strong>de</strong>sta estratégia, o artesanato recente acessa a outras formas <strong>de</strong> espaços para realização<strong>de</strong> trocas (exchange), configura novos enquadramentos (frameworks) que <strong>de</strong>terminam acentralida<strong>de</strong> da experiência <strong>de</strong> consumo do sistema <strong>de</strong> objetos artesanais e, <strong>de</strong> alguma forma,obscurece as técnicas e as estéticas, os tempos e os espaços (a gestualida<strong>de</strong>).Com isso, não quero propor que as formas sociais <strong>de</strong> produção artesanal <strong>se</strong>guirão asformas sociais <strong>de</strong> produção industrial em sua massificação e “virtualização”; não acredito nisso.No entanto, é possível que em função <strong>de</strong> um <strong>de</strong>slocamento das políticas do querer, os sistemas<strong>de</strong> objetos artesanais <strong>se</strong> aproximem cada vez mais do que é conhecido como o “objeto <strong>de</strong> arte”ou <strong>de</strong> <strong>de</strong>sign, atualizando não somente performances, mas também as formas <strong>de</strong> fazer erepre<strong>se</strong>ntar o mundo e a história. Como exemplo <strong>de</strong>ste <strong>processo</strong>, po<strong>de</strong>ria citar a “escultura” queaparece na capa do livro <strong>de</strong> GARCIA CANCLINI, “Culturas Populares en el Capitalismo”.A cerâmica mo<strong>de</strong>lada em 2002 pela artesã Natividad Gonzáles Morales <strong>de</strong> Ocumicho,em Michoacan, na República do México, e que toma a capa do livro <strong>de</strong> GARCIA CANCLINI,repre<strong>se</strong>nta o ataque às torres <strong>de</strong> Nova Iorque, nos Estados Unidos da América, ocorrido em2001. Esta escultura tem por título: La Tragedia <strong>de</strong> Torres Gemelas el dia 11 <strong>de</strong> <strong>se</strong>ptiembre <strong>de</strong>2001. Ao modo <strong>de</strong> uma <strong>sobre</strong>posição <strong>de</strong> narrativas catastróficas, das gravuras populares <strong>de</strong><strong>de</strong>capitações da Revolução Francesa, ou <strong>de</strong> execusões <strong>de</strong> criminosos, ou ainda <strong>de</strong> martírio <strong>de</strong>santos católicos, são pre<strong>se</strong>ntificados o tempo passado - em que ocorre o choque dos aviõescontra os edifícios, ambos sob a guarda <strong>de</strong> uma figura obscura da morte, maior que ambos osprédios -, e o tempo futuro, repre<strong>se</strong>ntada na captura e punição na ca<strong>de</strong>ira elétrica dos autores dosuas ações e como estratégia eficaz para acessar um consumidor “mundializado”. Neste ensaio, esta reflexão nãofoi privilegiada, mas não posso <strong>de</strong>ixar <strong>de</strong> chamar a atenção <strong>de</strong> pesquisadores (as) das temáticas que envolvem acultura popular e o artesanato para mais esta estratégia biográfica dos objetos e <strong>de</strong> artesãos (ãs).271 Para uma visão mais ampla <strong>sobre</strong> a análi<strong>se</strong> <strong>de</strong>ste autor a respeito da pre<strong>se</strong>nça do artesanato na internet emuitas outras questões importantes <strong>sobre</strong> este sistema <strong>de</strong> objetos. GARCIA CANCLINI, Néstor. Introducción a laedición <strong>de</strong> 2002. In: GARCIA CANCLINI, Néstor (2002) op. cit. p. 13-46.

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