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Narrativas sobre o processo de modernizar-se - capes

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Ronaldo <strong>de</strong> Oliveira CorrêaTe<strong>se</strong> <strong>de</strong> Doutorado PPGICH UFSC | outono 2008205<strong>de</strong>sativados enquanto mercadorias. Como exemplo <strong>de</strong>ste movimento ambíguo, cito o fragmentonarrativo em que Resplendor enquadra em outro regime <strong>de</strong> significados (os da memória), osobjetos econômicos artesanais produzidos por ela, potencializando assim <strong>se</strong>u valor econômico.Fragmento 24Fonte: EN: F01 – R&ED – 02/2006. Turnos 84-86R. Isso! Só que assim, o boi <strong>de</strong> mamão faz parte da vida da gente, né! Então através daquelatécnica que a gente apren<strong>de</strong>u, aí (...) tu vai figurar tudo que tu tem sauda<strong>de</strong>, da tua infância,meu pai pescador, né, então vai vindo aquelas histórias (...) que a minha bisavó fazia renda(...)E. Hum-hum.R. Aí a gente vai fazendo, assim! Mais <strong>de</strong> acordo com o que a gente sabe da história, meio queviveu, né (...) eu procuro fazer <strong>de</strong>ntro <strong>de</strong>sta (...) não procuro inventar muito, né!Resplendor centraliza as narrativas (verbais e objetualizadas) dos objetos artesanais, naexperiência prosaica da vida, aproxima, pois, a biografia dos objetos à sua própria, como numespelhamento ou complementarida<strong>de</strong> <strong>de</strong> uma na forma e existência da outra e, por fim, afirma:(...) o boi <strong>de</strong> mamão faz parte da vida da gente, né! (...). Ao fazer parte da vida da gente, o boi<strong>de</strong>-mamãofaz parte do jogo <strong>de</strong> construção <strong>de</strong> narrativas biográficas, e <strong>de</strong> configuração dasi<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong>s <strong>sobre</strong>postas neste jogo <strong>de</strong> narrar-<strong>se</strong>. O boi entra no fluxo narrativo na qualida<strong>de</strong> <strong>de</strong>memória das coisas do corpo, (...) da tua infância (...), das pessoas (...) meu pai pescador, né,(...) a minha bisavó fazia renda (...), e como matéria das e para as memórias (...) então vai vindoaquelas histórias (...). Os sistemas técnicos e os <strong>de</strong><strong>se</strong>nhos são disparadores <strong>de</strong> <strong>se</strong>ntimentos, (...)através daquela técnica que a gente apren<strong>de</strong>u, aí (...) tu vai figurar tudo que tu tem sauda<strong>de</strong> (...).Estes <strong>se</strong>ntimentos marcam/imprimem estas sauda<strong>de</strong>s e memórias na matéria do objeto e, assim,inscrevem sob a forma <strong>de</strong> signos plásticos construídos a partir <strong>de</strong> pequenos gestos, histórias <strong>de</strong>pertencimento e <strong>de</strong> <strong>de</strong>sapego. <strong>Narrativas</strong> atualizadas a cada nova versão, modificada em cadaconjunto mo<strong>de</strong>lado.Nesta nostálgica experiência com relação às memórias e aos objetos artesanais,Resplendor converte aquelas em valores <strong>de</strong>stes. Os objetos mo<strong>de</strong>lados pela narradoraincorporam (embodie) em suas superfícies a história das gentes (pescadores, ren<strong>de</strong>iras eartesãos), que não estão acessíveis em sua objetualida<strong>de</strong>, mas que, <strong>de</strong> alguma forma, são“iluminados” na forma <strong>de</strong> sumários biográficos <strong>de</strong> peças e <strong>de</strong> gentes. Esta estratégia <strong>de</strong>sliga da

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