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Narrativas sobre o processo de modernizar-se - capes

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Ronaldo <strong>de</strong> Oliveira CorrêaTe<strong>se</strong> <strong>de</strong> Doutorado PPGICH UFSC | outono 2008204tais as obras consi<strong>de</strong>radas como dignas do olhar estético; e ignoram na mesma medida aquestão das condições nas quais <strong>se</strong> produziu (filogêne<strong>se</strong>) e <strong>se</strong> reproduziu continuamente no<strong>de</strong>correr do tempo (ontogêne<strong>se</strong>) a disposição estética que exigem 266 .Dessa maneira, a noção <strong>de</strong> estética é abordada neste capítulo como as condições <strong>de</strong>conhecimento <strong>se</strong>nsível dos sujeitos através <strong>de</strong> suas experiências <strong>de</strong> atração e repulsa emrelação aos objetos no tempo e no espaço. Estas condições mediadas profundamente pelasconvenções culturais. Dito <strong>de</strong> outra forma, por estética entendo o estudo das condições <strong>de</strong>estesis, e não a i<strong>de</strong>ntificação e atribuição <strong>de</strong> “belo” às manifestações pictóricas, esculturais ouperformáticas. Por estesis entendo (ainda em consonância com MANDOKI), “a <strong>se</strong>nsibilida<strong>de</strong> oucondição <strong>de</strong> abertura, permeabilida<strong>de</strong> ou porosida<strong>de</strong> do sujeito ao contexto em que estáimerso” 267 , ou <strong>se</strong>ja, a condição <strong>de</strong> abertura e apreensibilida<strong>de</strong> fundamental <strong>de</strong> todo <strong>se</strong>r humanoem face do (a) outro (a), do mundo, da história e da cultura.Enten<strong>de</strong>r o escultural-sofisticado e o escultural-rústico significa refletir <strong>sobre</strong> a<strong>se</strong>xperiências <strong>se</strong>nsíveis (estesis) que estes objetos causam/provocam aos corpos <strong>de</strong> artesãos(ãs) e consumidores, ou sob outro ponto <strong>de</strong> vista, aos autores <strong>de</strong> gestualida<strong>de</strong>s plásticas eexpectadores <strong>de</strong>stas gestualida<strong>de</strong>s. E, interpretar como estas experiências são significadas porestes atores. Todavia, antes <strong>de</strong> chegar a esta camada da objetualida<strong>de</strong>, é necessário exporalgumas outras possibilida<strong>de</strong>s biográficas dos sistemas <strong>de</strong> objetos artesanais.Outra trajetória biográfica disponível aos objetos artesanais é aquela que <strong>de</strong><strong>se</strong>nha a<strong>de</strong>smercantilização. Este movimento é curioso. Ao mesmo tempo em que impregna <strong>de</strong>experiência o objeto econômico, qua<strong>se</strong> o convertendo em objeto <strong>se</strong>m monetarização do valor <strong>de</strong>troca (priceless), potencializa sua troca (exchange), exatamente pela incorporação nasmercadorias, <strong>de</strong>stes outros significados experimentados/vividos. Acredito que a<strong>de</strong>smercantilização atua como catalizador <strong>de</strong> significados, os quais configuram/<strong>de</strong>finem umenquadramento cultural que cola <strong>se</strong>ntidos às coisas (age, pois, como movimento elíptico, que aorealizar-<strong>se</strong> realça alguns <strong>se</strong>ntidos e obscurece a outros).Esta ambigüida<strong>de</strong> resi<strong>de</strong>, e <strong>de</strong>vo concordar com KOPYTOFF, na re-mercantilização <strong>de</strong>toda forma <strong>de</strong> mercantilização restrita (restrict commoditization), ou <strong>se</strong>ja, nas formas <strong>de</strong>re<strong>de</strong>finição da singularização e coletivização dos objetos econômicos <strong>de</strong> alguma forma266 BOURDIEU, Pierrre. (1996) As regras da arte: gêne<strong>se</strong> e estrutura do campo literário. São Paulo: Companhia dasLetras. p. 320.267 A citação original é: (...) la <strong>se</strong>nsibilidad o condición <strong>de</strong> abertura, permeabilidad o porosidad <strong>de</strong>l sujeto al contextoem que está inmerso. MANDOKI, Katya (2006) op. cit. p. 67.

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