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Narrativas sobre o processo de modernizar-se - capes

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Ronaldo <strong>de</strong> Oliveira CorrêaTe<strong>se</strong> <strong>de</strong> Doutorado PPGICH UFSC | outono 2008199impregadas <strong>de</strong> valor <strong>de</strong> troca, ainda que totalmente fora das esferas <strong>de</strong> consumo e <strong>de</strong>sativadas,as suas narrativida<strong>de</strong>s, como mercadoria. Esta potência à (re)mercantilização <strong>de</strong> um objeto<strong>de</strong>sativado enquanto mercadoria, <strong>de</strong>ixa aberta a entrada para diversas formas <strong>de</strong> re<strong>de</strong>finição dascondições <strong>de</strong> singularização e/ou coletivização <strong>de</strong> objetos, das formas <strong>de</strong> troca (exchange), <strong>de</strong>valores e das políticas do querer. O que faz com que a biografia <strong>de</strong> um objeto, ou conjunto <strong>de</strong>objetos, não <strong>se</strong>ja i<strong>se</strong>nta <strong>de</strong> participar, <strong>de</strong> diferentes formas e em diferentes temporalida<strong>de</strong>s, dosfluxos econômicos <strong>de</strong> uma socieda<strong>de</strong> como a recente. Aliás, uma total mercantilização éimpossível e somente imaginável em uma socieda<strong>de</strong> ultramercantilizada “on<strong>de</strong> tudo é umamercadoria trocável por tudo que esteja em uma esfera única <strong>de</strong> troca” 262 ; assim como a total<strong>de</strong>smercantilização é humanamente e culturalmente impossível.Em função da caracterização <strong>de</strong>stes dispositivos, exponho os movimentos <strong>de</strong>mercantilização e <strong>de</strong>smercantilização, assim como aquele <strong>de</strong> (re)mercantilização, realizadospelos sistemas <strong>de</strong> objetos artesanais narrados por artesãos (ãs) em Florianópolis, SC. Acreditoque estes movimentos aparecem <strong>de</strong> formas distintas nas diferentes narrativas coletadas e aquianalisadas. Contudo, e como exemplos, cito somente algumas <strong>de</strong>las. Inicio com a estratégia <strong>de</strong>singularização utilizada por Dona Maricota:Fragmento 23Fonte: EN: F02 – MM – 10/2006. Turnos 80-84M. E a Fulana diz: “Maricota, maricota é as tuas e não tem pra mais ninguém”. Porque muitagente faz maricota, mas eles fazem uma boneca comum, não é a maricota. Eles fazem umaboneca sofisticada, cheia <strong>de</strong> coisa, aí não é uma maricota, porque quando vem uma pessoa,geralmente a mulher assim muito (...) como é que eu vou dizer (...) que a maricota é es<strong>se</strong>sbraços compridos aquela bolsa, tudo assim mal, né! (...) a gente vê uma mulher assim e diz:“Ah! Parece a maricota do boi-<strong>de</strong>-mamão(...)!” ((risos)). Então a Fulana dis<strong>se</strong> que a minhamaricota é a original, dos outros eles fazem (...) eu tenho uma irmã que trabalha, mas as <strong>de</strong>lanão são maricota, pra mim não são maricota, as <strong>de</strong>la são uma boneca, enten<strong>de</strong>s<strong>se</strong>! É umacoisa que ficou o trabalho artístico <strong>de</strong>la, não é o rústico igual o meu (...) enten<strong>de</strong>s<strong>se</strong>? O meué o original, o folclore mesmo (...) mas ela puxou para o lado artístico o trabalho <strong>de</strong>la, é umamaravilha! Mas o meu não, o meu (...) eu não quero mudar (...) outro dia tinha (...) Ah! ((fazum sinal <strong>de</strong> negativo com a cabeça, sugere que alguém tinha pedido para que mudas<strong>se</strong> algonas peças)), tem nada <strong>de</strong> mudar; este eu criei sozinha e enquanto eu pu<strong>de</strong>r trabalhar é es<strong>se</strong>aqui.262 A citação original é: (...) is everything a commodity and exchangeble for everything el<strong>se</strong> within a unitary sphere ofexchange. KOPYTOFF, Igor. In: APPADURAI, Arjun (1986) op. cit. p. 70.

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