20.07.2015 Views

Narrativas sobre o processo de modernizar-se - capes

Narrativas sobre o processo de modernizar-se - capes

Narrativas sobre o processo de modernizar-se - capes

SHOW MORE
SHOW LESS

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

Ronaldo <strong>de</strong> Oliveira CorrêaTe<strong>se</strong> <strong>de</strong> Doutorado PPGICH UFSC | outono 200819circulação e consumo, monetarizadas ou não, pre<strong>se</strong>ntes e <strong>de</strong> alguma forma subordinadas (mastambém em tensão) àquele aparente homogêneo <strong>processo</strong> <strong>de</strong> <strong>de</strong><strong>se</strong>nvolvimento capitalista.A<strong>de</strong>mais, a participação do sistema <strong>de</strong> objetos artesanais, nos circuitos <strong>de</strong> circulaçãocapitalista, permite explicitar o ato <strong>de</strong> encobrimento (negação) das culturas populares em meioàs relações <strong>de</strong> produção, circulação e consumo da socieda<strong>de</strong> contemporânea. Igualmentepermite problematizar a sua alienação simbólica, realizada por meio <strong>de</strong> estratégias <strong>de</strong> diluição <strong>de</strong>sua potência política <strong>de</strong> enunciado cultural, sua subordinação em moda folk ou, ainda, suaespetacularização realizada a partir da refuncionalização das festas populares. Aliás, oartesanato funciona como uma ponte, on<strong>de</strong> o ponto <strong>de</strong> partida e o <strong>de</strong> chegada não <strong>se</strong> localiza noconteúdo <strong>de</strong> “partir” ou “chegar” (permitindo-me a liberda<strong>de</strong> poética <strong>de</strong> parafra<strong>se</strong>ar Augusto <strong>de</strong>Campos), ou nos significados <strong>de</strong> artesanato, manualida<strong>de</strong>s e suvenires, mas na sua forma <strong>de</strong>apre<strong>se</strong>ntar-<strong>se</strong> objeto-econômico e simbólico que participa do circuito <strong>de</strong> circulação e consumo,como objeto do querer que possibilita experiências a princípio não alienadas. Ou <strong>se</strong>ja, oartesanato <strong>se</strong>ria uma forma <strong>de</strong> explicitação das múltiplas vozes que são emu<strong>de</strong>cidas pelomonologismo das narrativas capitalistas hegemônicas, permitindo que aquelas vozes possamcircular e explicitar os sombreamentos (escolhas) culturais, históricos, econômicos, produtivos,estéticos <strong>de</strong> homens e mulheres, instituições e grupos sociais relacionadas às inconstâncias dasformas <strong>de</strong> viver e estar no mundo recente.Opostamente ao que diagnosticaram GARCIA CANCLINI e LAUER 6 , acredito que ainterpretação, que pretendo apre<strong>se</strong>ntar, expõe os esgarçamentos que fazem com que,simultâneo às imposições dos meios massivos, das políticas culturais internacionais e locais, doimperativo do circuito <strong>de</strong> produção-circulação-consumo capitalista, <strong>se</strong>jam i<strong>de</strong>ntificadosdispositivos 7 <strong>de</strong> re-or<strong>de</strong>namento do que <strong>se</strong> po<strong>de</strong>ria enten<strong>de</strong>r estaticamente por autonomia,repre<strong>se</strong>ntações, enquadramentos <strong>de</strong> <strong>se</strong>ntidos e regimes <strong>de</strong> valores relacionados às práticas e6 Reconhecidos pesquisadores da temática do artesanato, respectivamente no México e nos An<strong>de</strong>s Peruanos. Emsuas investigações, ambos realizam diagnósticos pessimistas <strong>sobre</strong> o <strong>processo</strong> <strong>de</strong> dissolvimento, ou até mesmo daredução <strong>de</strong> autonomia simbólica das culturas populares. GARCIA CANCLINI, Nestor (2002) op. cit; LAUER, Mirko(1983) Crítica ao artesanato: plástica e socieda<strong>de</strong> dos An<strong>de</strong>s Peruanos. São Paulo: Nobel.7 Por dispositivo me aproprio da <strong>de</strong>finição do dicionário Houaiss da Língua Portuguesa. Neste, o termo significa peça<strong>de</strong> mecanismo com função especial ou engenho. Sobre estes significados lanço mão do termo para significar aspossibilida<strong>de</strong>s e jeitos que os narradores (re)criarem com arte (artifício) e técnica (engenhosida<strong>de</strong>) as formas <strong>de</strong>produzir histórias, i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong>s, <strong>de</strong><strong>se</strong>jos, aproximando-me das formulações <strong>de</strong> dispositivo, utilizadas por OLIVEIRA,Ana Claudia <strong>de</strong> (1997) Vitrinas: aci<strong>de</strong>ntes estéticos na cotidianida<strong>de</strong>. São Paulo: EDUC e MANDOKI, Katya (2006)Estética cotidiana y juegos <strong>de</strong> la cultura: Prosaica I. México: Siglo XXI (teoría). Conferir ainda, MinidicionárioHOUAISS da Língua Portuguesa. Rio <strong>de</strong> janeiro: Objetiva. 2001.

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!