20.07.2015 Views

Narrativas sobre o processo de modernizar-se - capes

Narrativas sobre o processo de modernizar-se - capes

Narrativas sobre o processo de modernizar-se - capes

SHOW MORE
SHOW LESS

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

Ronaldo <strong>de</strong> Oliveira CorrêaTe<strong>se</strong> <strong>de</strong> Doutorado PPGICH UFSC | outono 2008187P. Muito trabalho quando tem em cerâmica, quando eles fazem assim muita encomenda, elesnormalmente falam: “porque vocês não fazem aquela pintura <strong>de</strong> mergulho”, mas o trabalhoartistico vai pro pau! Trabalha com três cores, uma peça vai, bota isso ((simula o <strong>processo</strong> <strong>de</strong>pintura por mergulho e em série)), fica aquela coisa, quando tá tudo <strong>se</strong>co, vem outro e fazpim, pim, pim ((simula a pintura <strong>de</strong> acabamento)), aí vai embora, mas fica todo aquiloigualzinho (...) já não é o nosso estilo (...) por isso que eu estou te dizendo, [o nosso] éfigurativo e artistico (...) aí a arte (...)E. Estou enten<strong>de</strong>ndo (...)P. Aí casamos, o casamento da artesã com o artista (...)Seu Petrolino tem certo que sua participação na gestualida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Dona Olinda é partefundante da objetualida<strong>de</strong> <strong>de</strong>sta artesã e constitui-<strong>se</strong> como dispositivo <strong>de</strong> brutal eficácia para aparticipação <strong>de</strong>stes objetos nos circuitos <strong>de</strong> circulação simbólica/cultural (...) quando eles fazemassim muita encomenda, eles normalmente falam: “porque vocês não fazem aquela pintura <strong>de</strong>mergulho”, mas o trabalho artistico vai pro pau! (...). Ele é o autor das técnicas <strong>de</strong> pintura <strong>de</strong>todas as peças, ele quem maciçamente impregna <strong>de</strong> cores, formas, ritmos a matéria mo<strong>de</strong>ladapor Dona Olinda. É o gesto técnico <strong>de</strong> Seu Petrolino que dramatiza as narrativas mo<strong>de</strong>ladas namatéria do barro (...) já não é o nosso estilo (...) por isso que eu estou te dizendo, [o nosso] éfigurativo e artístico (...) aí a arte (...).Como contraponto, justaponho às duas matrizes apre<strong>se</strong>ntadas anteriormente aquela quesistematiza o gesto técnico <strong>de</strong> Dona Maricota, MPPA – MM – 11/2007. Nesta, <strong>de</strong>canto 05 (cinco)fa<strong>se</strong>s, 13 (treze) instrumentos e 16 (<strong>de</strong>zes<strong>se</strong>is) <strong>processo</strong>s. Em muito o gesto técnico <strong>de</strong> DonaMaricota <strong>se</strong> as<strong>se</strong>melha aos <strong>de</strong>mais apre<strong>se</strong>ntados, mas acredito que, em função do que chameihá pouco <strong>de</strong> a<strong>de</strong>nsamento da gestualida<strong>de</strong>, esta economia <strong>de</strong> técnicas evi<strong>de</strong>ncia o que somenteo profundo conhecimento dos tempos da produção po<strong>de</strong> ensinar, como, por exemplo, aimportância das técnicas <strong>de</strong> preparar o barro, <strong>de</strong> enten<strong>de</strong>r suas proprieda<strong>de</strong>s e <strong>de</strong> respeitar suaslimitações. Minha pretensão não é “iluminar” zonas obscuras do saber-fazer <strong>de</strong>sta artesã,tampouco marcar sua gestualida<strong>de</strong> como i<strong>de</strong>al, ou primitiva, ou mesmo ancestral. Tenho porpropósito expor algumas técnicas que esta mulher utiliza em <strong>se</strong>u repertório, para, com isso,acessar aquela escritura <strong>de</strong> Saramago, citada momentos atrás.

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!