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Narrativas sobre o processo de modernizar-se - capes

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Ronaldo <strong>de</strong> Oliveira CorrêaTe<strong>se</strong> <strong>de</strong> Doutorado PPGICH UFSC | outono 2008186Fragmento 20Fonte: EN: F01 – O&P – 09/2006. Turnos 166-171E. O sr. <strong>se</strong>mpre fez pintura? Como começou isso da pintura?P. Isso é muito longo (...) <strong>se</strong> eu for te contar (...), isso é muito longo (...) eu tenho cinqüenta equatro anos, quando eu comecei a pintar (...) a <strong>de</strong><strong>se</strong>nhar eu tinha <strong>de</strong>z, doze anos <strong>de</strong> ida<strong>de</strong> (...)e meus guri é tudo assim (...)O. Nossos guris são tudo assim (...)P. Sempre pintei, <strong>se</strong>mpre trabalhei com pintura, pintei bastante tela, mas nunca fui <strong>de</strong> profissãoartista plástico (...) eu tenho a minha profissão, que eu tenho <strong>de</strong> vários anos (...) mas <strong>se</strong>mpretive pintando, participando <strong>de</strong> uma exposição aqui, mostrando trabalho, ven<strong>de</strong>ndo (...)E. Isso que eu acho interessante (...)P. Aí encontrei com ela também, ligada à arte, a gente <strong>se</strong> gosto e casamos (...)Na minha tentativa <strong>de</strong> mapear as técnicas utilizadas e, com isso, configurar a totalida<strong>de</strong>do ofício da mo<strong>de</strong>lagem, Seu Petrolino encontra o acesso para sair da sombra (acredito atésufocante) do gesto plástico <strong>de</strong> Dona Olinda. Ao inferir <strong>sobre</strong> as técnicas <strong>de</strong> pintura, aciononeste narrador a possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> <strong>se</strong>r protagonista e não somente testemunha dos <strong>processo</strong>s <strong>de</strong>produção, e da objetualida<strong>de</strong> do sistema <strong>de</strong> objetos artesanais. Através <strong>de</strong>sta fratura discursiva,Seu Petrolino coloca-<strong>se</strong> em outro lugar na cena: é ele o artista!É ele, Seu Petrolino, quem diz “<strong>se</strong>mpre” ter <strong>se</strong> expressado a partir dos repertóriosconsagrados (capital cultural) das “Belas Artes”, (...) <strong>se</strong>mpre pintei, <strong>se</strong>mpre trabalhei com pintura,pintei bastante tela, mas nunca fui <strong>de</strong> profissão artista plástico (...). A esta altura daperformativida<strong>de</strong> <strong>de</strong> sua personagem e sua virada dramática, ele é o artista <strong>de</strong>sconhecido, umaalegoria <strong>de</strong> um Degas, corpulento e grisalho. Para legitimar esta reconstrução <strong>de</strong> suapersonagem no fluxo da narrativa, afirma: (...) mas <strong>se</strong>mpre tive pintando, participando <strong>de</strong> umaexposição aqui, mostrando trabalho, ven<strong>de</strong>ndo (...). Ven<strong>de</strong>r é o coroamento alegórico doapre<strong>se</strong>ntar-<strong>se</strong> artista. É na explicitação da venda que o “artista” mostra-<strong>se</strong> consumido (digerido)por um sujeito do querer que a<strong>se</strong>gura esta nova i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong>.Fragmento 21Fonte: EN: F01 – O&P – 09/2006. Turnos 187-191E. É muito bonito o trabalho <strong>de</strong> vocês! Do conjunto, né!O. É um conjunto, né! Ele trabalha na pintura e eu na cerâmica (...)

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