Narrativas sobre o processo de modernizar-se - capes

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Ronaldo de Oliveira CorrêaTese de Doutorado PPGICH UFSC | outono 2008180Quadro 03 · Matriz de Processos de Produção Artesanal · MPPA – ED&R – 11/2007Sistema técnico: Modelagem de Cerâmica FolcloricaArtesãos: Edwilson e Resplendor(adaptado de TUROK, Marta. 1996)Fase Materiais Instrumentos Processos/técnicas Local1. · Argila e barros* · Mãos· Mesa/bancada· Sacos plásticos· Comprar· Transportar· Amassar /sovar· Armazenar· Àrea cobertacom telhasplásticas, atrás doatliê, perto detanque de lavarroupas e do tornomecânico2. · Rolos de barro úmidos(modelagem)· Mãos· Estecas· Ocadores· Fio de nylon· Mesa/bancada paramodelagem· Medir· Cortar· Modelar· Unir partes· Alisar· Secar· Ateliê3. · Objetos modelados· Lenha· Forno à lenha(700º C)**· Transportar até oforno· Queimar·Tranportar de voltaao ateliê· Localizado emterreno à frente doateliê4. · Objetos queimados· Tintas acrílica e esmaltessintéticos (para piso)· Mãos· Pincéis· Mesa/bancada (amesma)· Pintar· Decorar· Ateliê5. · Objetos pintados· Armazenamento/estoque· Estantes de madeira· Mesa/bancada· Armazenar · Ateliê (parte emsala especial paraO armazemanentoe parte sob abancada detrabalho)* Existem diferentes tipos, de acordo com os minerais que compõem a massa.** Os artesãos nunca mediram a temperatura do forno, a indicação é aproximada. As peças são retiradas do forno no momentoem que estão incandescentes.Obs.: O produto/insumo resultado de cada fase é o insumo da fase seguinte.Da mesma forma, acredito que aquela especificidade metodológica maussianarepresenta importante procedimento para uma futura/posterior comparação entre as formas deaprender técnicas e estéticas, espaços e tempos artesanais, em meio aos desdobramentos dosprocessos de mudança biográfica, ou seja, de modernização das narrativas sobre a culturapopular e a respeito das práticas artesanais. Esta sistematização serviria como indicador do que

Ronaldo de Oliveira CorrêaTese de Doutorado PPGICH UFSC | outono 2008181foi atualizado e recriado, no lugar de registro “documental” de como se fazia/faz oudesenhava/desenha o sistema de objetos artesanais.Com relação aos intrumentos, devo admitir que listei somente aqueles citados pelosartesãos no momento da coleta das narrativas; mas tenho ciência da utilização de váriasferramentas e instrumentos não citados. Alguns dos instrumentos (especialmente asferramentas, como os estecos e ocadores) são comprados em lojas de artesanato/manualidadesno Mercado Municipal de Florianópolis. Outros são desenvolvidos pelos artesãos no âmbito dosateliês, em geral, são refuncionalizações de objetos prosaicos, como: colheres, facas, canetas,entre outros.Em meio aos instrumentos, o forno utilizado por Resplendor e Edwilson é alimentadocom lenha, que é retirada do terreno onde o forno foi construído; igualmente às técnicas demodelagem (fase 2), não existe um desenvolvimento técnico desta máquina 236 . Pordesenvolvimento técnico, relacionado ao forno ou mesmo às técnicas de modelagem, entendoatualização de seu desenho, otimização de sua performance, modificação dos procedimentos dequeima. Entendo, ainda, as diferentes utilizações desta máquina para modificar característicasfísicas, químicas ou plásticas dos objetos (como, por exemplo, a utilização de sal ou óxidos, ouas queimas de altíssima temperatura). Para ilustrar esta situação relacionada com as máquinase instrumentos, apresento o fragmento onde Edwilson comenta sobre as desvantagens deatualizações na utilização do forno ou de técnicas de queima para o tipo de sistema de objetosartesanais que ele e Resplendor produzem:Fragmento 19Fonte: EN: F01 – ED – 01/2006. Turnos 43-47E. As peças são queimadas (...)ED. À lenha (...)E. À lenha!ED. À lenha, nosso forno fica na rua, é que forno elétrico, além de ser muito caro, gasta muitaenergia né, também daí fica muito difícil da gente trabalhar com essa (...), com o fornoelétrico, e as peças nossas são populares, a gente quer vender barato (...) pra poder né (...)pra que as pessoas possam ter acesso. Então se for fazer no forno elétrico vai sair muitocaro, e forno à lenha (...) à lenha, como a gente vive perto da praia, o mar mesmo traz alenha pra ti, não precisa nem correr muito atrás. Então a gente ainda não se adaptou no236 Por máquina utilizo a classificação de MAUSS, anotada no “Manual...”, já explicitada neste capítulo. MAUSS,Marcel (2996) op. cit.

Ronaldo <strong>de</strong> Oliveira CorrêaTe<strong>se</strong> <strong>de</strong> Doutorado PPGICH UFSC | outono 2008181foi atualizado e recriado, no lugar <strong>de</strong> registro “documental” <strong>de</strong> como <strong>se</strong> fazia/faz ou<strong>de</strong><strong>se</strong>nhava/<strong>de</strong><strong>se</strong>nha o sistema <strong>de</strong> objetos artesanais.Com relação aos intrumentos, <strong>de</strong>vo admitir que listei somente aqueles citados pelosartesãos no momento da coleta das narrativas; mas tenho ciência da utilização <strong>de</strong> váriasferramentas e instrumentos não citados. Alguns dos instrumentos (especialmente asferramentas, como os estecos e ocadores) são comprados em lojas <strong>de</strong> artesanato/manualida<strong>de</strong>sno Mercado Municipal <strong>de</strong> Florianópolis. Outros são <strong>de</strong><strong>se</strong>nvolvidos pelos artesãos no âmbito dosateliês, em geral, são refuncionalizações <strong>de</strong> objetos prosaicos, como: colheres, facas, canetas,entre outros.Em meio aos instrumentos, o forno utilizado por Resplendor e Edwilson é alimentadocom lenha, que é retirada do terreno on<strong>de</strong> o forno foi construído; igualmente às técnicas <strong>de</strong>mo<strong>de</strong>lagem (fa<strong>se</strong> 2), não existe um <strong>de</strong><strong>se</strong>nvolvimento técnico <strong>de</strong>sta máquina 236 . Por<strong>de</strong><strong>se</strong>nvolvimento técnico, relacionado ao forno ou mesmo às técnicas <strong>de</strong> mo<strong>de</strong>lagem, entendoatualização <strong>de</strong> <strong>se</strong>u <strong>de</strong><strong>se</strong>nho, otimização <strong>de</strong> sua performance, modificação dos procedimentos <strong>de</strong>queima. Entendo, ainda, as diferentes utilizações <strong>de</strong>sta máquina para modificar característicasfísicas, químicas ou plásticas dos objetos (como, por exemplo, a utilização <strong>de</strong> sal ou óxidos, ouas queimas <strong>de</strong> altíssima temperatura). Para ilustrar esta situação relacionada com as máquina<strong>se</strong> instrumentos, apre<strong>se</strong>nto o fragmento on<strong>de</strong> Edwilson comenta <strong>sobre</strong> as <strong>de</strong>svantagens <strong>de</strong>atualizações na utilização do forno ou <strong>de</strong> técnicas <strong>de</strong> queima para o tipo <strong>de</strong> sistema <strong>de</strong> objetosartesanais que ele e Resplendor produzem:Fragmento 19Fonte: EN: F01 – ED – 01/2006. Turnos 43-47E. As peças são queimadas (...)ED. À lenha (...)E. À lenha!ED. À lenha, nosso forno fica na rua, é que forno elétrico, além <strong>de</strong> <strong>se</strong>r muito caro, gasta muitaenergia né, também daí fica muito difícil da gente trabalhar com essa (...), com o fornoelétrico, e as peças nossas são populares, a gente quer ven<strong>de</strong>r barato (...) pra po<strong>de</strong>r né (...)pra que as pessoas possam ter acesso. Então <strong>se</strong> for fazer no forno elétrico vai sair muitocaro, e forno à lenha (...) à lenha, como a gente vive perto da praia, o mar mesmo traz alenha pra ti, não precisa nem correr muito atrás. Então a gente ainda não <strong>se</strong> adaptou no236 Por máquina utilizo a classificação <strong>de</strong> MAUSS, anotada no “Manual...”, já explicitada neste capítulo. MAUSS,Marcel (2996) op. cit.

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