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Narrativas sobre o processo de modernizar-se - capes

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Ronaldo <strong>de</strong> Oliveira CorrêaTe<strong>se</strong> <strong>de</strong> Doutorado PPGICH UFSC | outono 2008175aulinhas (...) marca o distanciamento que a narradora quer manter das estratégias formais <strong>de</strong>divulgação e difusão das técnicas artesanais e, marca ainda, sua intenção <strong>de</strong> aproximar-<strong>se</strong> dos<strong>processo</strong>s “criativos” e <strong>de</strong> “investigações plásticas” comuns ao campo institucionalizado da arte,<strong>de</strong> on<strong>de</strong> Dona Olinda retira muitos dos argumentos para a construção <strong>de</strong> sua narrativa, (...) eucomecei a <strong>de</strong><strong>se</strong>nvolver o meu jeito (...). Aquele dispositivo (o diminutivo) revela que o foco doouvinte <strong>de</strong>ve <strong>se</strong> manter na performance da narradora e não nas formas <strong>de</strong> fazer (técnicas) doofício com o barro. Ou <strong>se</strong>ja, diferente <strong>de</strong> Resplendor, quem buscava testemunhar <strong>se</strong>u saber,Dona Olinda testemunha as técnicas <strong>de</strong> construção <strong>de</strong> si, e neste movimento o que interessavaera só sua trajetória.Algumas técnicas são referenciadas, como a queima e o rolinho. Mas não é possível,através da narrativa, i<strong>de</strong>ntificar quais os procedimentos e as ferramentas, qual a <strong>se</strong>qüência <strong>de</strong>gestos realizados por esta artesã na mo<strong>de</strong>lagem do barro em pequenas esculturas. Para isso, foivital reconstruir o <strong>processo</strong> <strong>de</strong> produção <strong>de</strong> Dona Olinda em uma matriz que conferis<strong>se</strong>legibilida<strong>de</strong> a uma série sofisticada <strong>de</strong> gestos, e é essa matriz que, comparada com as outrasduas, expôs a complexida<strong>de</strong> das técnicas utilizadas e a centralida<strong>de</strong> dos<strong>de</strong><strong>se</strong>nhos/<strong>de</strong>signs/di<strong>se</strong>ños na estruturação do repertório técnico <strong>de</strong>sta artesã.Tomo esta questão da centralida<strong>de</strong> dos <strong>de</strong><strong>se</strong>nhos da narrativa reconstruída <strong>de</strong>staartesã, para expor que naquele <strong>de</strong><strong>se</strong>jo <strong>de</strong> marcar o trânsito <strong>de</strong> sua pre<strong>se</strong>nça, Dona Olindaimporta-<strong>se</strong> profundamente com a estruturação <strong>de</strong> uma gestualida<strong>de</strong> plástica (estética) sofisticadae diferenciadora <strong>de</strong> sua gestualida<strong>de</strong> técnica. No fragmento citado existe a preocupação danarradora em listar os <strong>de</strong><strong>se</strong>nhos no lugar das técnicas e procedimentos, ou ferramentas, (...)agora eu faço tudo, agora eu faço presépio, né! Tudo os costumes aqui da ilha (...), (...) porexemplo, alí ((aponta para uma prateleira)) o ven<strong>de</strong>dor <strong>de</strong> cebola, ven<strong>de</strong>dor <strong>de</strong> rosca (...).Na objetualida<strong>de</strong> <strong>de</strong> <strong>se</strong>u gesto técnico Dona Olinda localiza a centralida<strong>de</strong> das formas edos mo<strong>de</strong>los em lugar superior e anterior à manipulação do barro. O procedimento damo<strong>de</strong>lagem, ou a materialida<strong>de</strong> técnica do gesto <strong>de</strong> configurar personagens, toma centralida<strong>de</strong>na narrativa <strong>de</strong>sta artesã, <strong>de</strong>ixando os saberes (procedimentos) mais duros da mo<strong>de</strong>lagemsubordinados à plasticida<strong>de</strong> dos objetos.Deveras, a centralida<strong>de</strong> do sistema <strong>de</strong> objetos artesanais recentes, especialmente o<strong>se</strong>sculturais, <strong>de</strong>marca as formas <strong>de</strong> <strong>se</strong>r mo<strong>de</strong>rnamente tradicional. Os (as) artesãos (ãs)<strong>de</strong>slocam para outros conjuntos <strong>de</strong> saberes técnicos, mais relacionados com os <strong>de</strong><strong>se</strong>nhos(mo<strong>de</strong>los, acabamentos, padrões, entre outros) a vitalida<strong>de</strong> do gesto plástico artesanal. Dessa

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