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Narrativas sobre o processo de modernizar-se - capes

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Ronaldo <strong>de</strong> Oliveira CorrêaTe<strong>se</strong> <strong>de</strong> Doutorado PPGICH UFSC | outono 2008165participação em uma economia simbólica do artesanato, a noção <strong>de</strong> <strong>de</strong>sign não <strong>se</strong> caracterizaunicamente como um gesto projetual ou repre<strong>se</strong>ntativo/repre<strong>se</strong>ntador <strong>de</strong> um tipo <strong>de</strong> plásticaurbana e industrial, mas, sim, é entendida na forma <strong>de</strong> uma categoria <strong>de</strong> análi<strong>se</strong> que ajuda aenten<strong>de</strong>r e a interpretar o sistema <strong>de</strong> objetos artesanais em meio aos e participando doscontextos econômicos, políticos, socioculturais e estéticos recentes.Para esta caracterização da noção <strong>de</strong> <strong>de</strong><strong>se</strong>nho/<strong>de</strong>sign/di<strong>se</strong>ño, opto por aquelas (es)autores, que em suas perspectivas <strong>de</strong> análi<strong>se</strong>, privilegiam a aproximação com as ciênciassociais e humanas. E, assim, cito SOTO SORIA, que afirma <strong>se</strong>r o <strong>de</strong>sign “a faculda<strong>de</strong> que possuio <strong>se</strong>r humano para utilizar, coor<strong>de</strong>nar e organizar os recursos que estão a <strong>se</strong>u alcance pararesolver uma necessida<strong>de</strong> específica. A partir <strong>de</strong>ssa <strong>de</strong>limitação, <strong>de</strong><strong>se</strong>nhar é uma ativida<strong>de</strong>inerente à espécie humana e que nasceu simultaneamente com a produção <strong>de</strong> objetos; querdizer, com a produção artesanal” 221 . Em sínte<strong>se</strong>, SOTO SORIA afirma que os<strong>de</strong><strong>se</strong>nhos/di<strong>se</strong>ños/<strong>de</strong>signs expõem “a criativida<strong>de</strong> aplicada à elaboração <strong>de</strong> produtos” 222 .Em parte estou <strong>de</strong> acordo com este autor, e acredito que o <strong>de</strong><strong>se</strong>nho <strong>se</strong>ja, <strong>de</strong>veras,ativida<strong>de</strong> criativa e profundamente humana. Acredito, ainda, em sua potência comoestratégia/dispositivo na/para a objetualização <strong>de</strong> narrativas múltiplas que povoam as práticassociais recentes (e aquelas nem tão recentes assim), em contextos tão diversos como osdiferentes urbanos. Isso, por crer que ao objetualizar qualquer coisa, homens e mulheres lançammão <strong>de</strong> diferentes dispositivos, <strong>de</strong>s<strong>de</strong> o <strong>de</strong><strong>se</strong>nho, a garatuja, o mo<strong>de</strong>lo, a narrativa oral, o corpo.Em <strong>se</strong>ntido mais amplo, as diversas formas <strong>de</strong> <strong>de</strong><strong>se</strong>nhar/manifestar (comunicar) a imaginação,como forma <strong>de</strong> vivenciar o fazer coisas, o criar alegorias <strong>sobre</strong> o mundo social e, assim, inventarpequenas histórias ou suas versões, <strong>sobre</strong> o estar e viver neste mundo, vivendo profundamentesuas fraturas e tensões, recriando aquelas mesmas formas <strong>de</strong> estar e viver.Contudo, e a contrapelo do apre<strong>se</strong>ntado/caracterizado por SOTO SORIA, penso que arealização do gesto plástico artesanal percebido em <strong>se</strong>us <strong>de</strong><strong>se</strong>nhos, transborda a elaboração <strong>de</strong>produtos (coisas). Transborda, ainda, a necessida<strong>de</strong> específica para a criação <strong>de</strong>stas coisas.Para isso afirmar, retomo a crença <strong>de</strong> <strong>se</strong>r mesmo o valor <strong>de</strong> uso dos objetos, e, por con<strong>se</strong>guinte,a necessida<strong>de</strong> que os faz existir, uma “invenção” simbólica. Formulação justa esta <strong>de</strong>a noção <strong>de</strong> <strong>de</strong>sign, para minha investigação, é mais uma ponte simmeliana, através da qual consigo expor adinâmica da cultura popular e sua (re) criação objetual no artesanato e meio ao mundo urbano recente.221 SOTO SORIA, Alfonso. Las artesanias y el di<strong>se</strong>ño. In: NOVELO, Victoria (coord.) (2003) op. cit. p. 36.222 I<strong>de</strong>m, p. 37.

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