20.07.2015 Views

Narrativas sobre o processo de modernizar-se - capes

Narrativas sobre o processo de modernizar-se - capes

Narrativas sobre o processo de modernizar-se - capes

SHOW MORE
SHOW LESS

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

Ronaldo <strong>de</strong> Oliveira CorrêaTe<strong>se</strong> <strong>de</strong> Doutorado PPGICH UFSC | outono 2008164vital para enten<strong>de</strong>r os <strong>processo</strong>s <strong>de</strong> criação, produção e circulação do sistema <strong>de</strong> objetosartesanais. Ou <strong>se</strong>ja, os <strong>de</strong><strong>se</strong>nhos/di<strong>se</strong>ños/<strong>de</strong>signs são os dispositivos que expõem a existência,no âmbito artesanal, igualmente <strong>de</strong> elementos estéticos, quanto <strong>de</strong> um repertório e uma trajetóriados mo<strong>de</strong>los (<strong>processo</strong>s <strong>de</strong> inovação, estratégias <strong>de</strong> atualização). Para esta autora, a escas<strong>se</strong>z<strong>de</strong> “(...) estudos <strong>sobre</strong> a função e dinâmica dos <strong>de</strong><strong>se</strong>nhos [<strong>de</strong>signs/di<strong>se</strong>ños] e da inovação ecriativida<strong>de</strong> estéticas, os quais, ao fim das contas, são os elementos que <strong>de</strong>terminam aexistência do artesanato e sua circulação no mercado” 219 recente, não permite conhecer <strong>de</strong>forma mais sistemática as interferências que as mudanças no campo da arte “oci<strong>de</strong>ntal”(hegemônico) e dos circuitos <strong>de</strong> circulação e consumo (simbólico/cultural), causam noartesanato/cultura popular.Aliás, concordo com STROMBERG que a escas<strong>se</strong>z do enfoque nos <strong>de</strong><strong>se</strong>nhos, noplanejamento <strong>de</strong> investigações <strong>sobre</strong> cultura popular e em especial <strong>sobre</strong> o artesanato emambientes urbanos recentes, gera algumas simplificações perversas, a saber: a tendência aconsi<strong>de</strong>rar o sistema <strong>de</strong> objetos artesanais carentes <strong>de</strong> vali<strong>de</strong>z e legitimida<strong>de</strong> para participar <strong>de</strong>circuitos <strong>de</strong> circulação e consumo simbólico/cultural e o sombreamento <strong>de</strong> artesãos (ãs), comoparticipantes/autores da escritura da história da arte “oci<strong>de</strong>ntal”. E gera efeitos preocupantes: acrença que estes sistemas <strong>de</strong> objetos necessitam <strong>de</strong> resgate histórico ou atualizaçãoespecializada, ou <strong>se</strong>ja, a introdução <strong>de</strong> mudanças em objetos velhos; e os (as) autores(as)/artesãos (ãs) carecem <strong>de</strong> um tipo especializado <strong>de</strong> “formação estética”.Por outro lado, <strong>de</strong>vo ren<strong>de</strong>r-me à necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> enten<strong>de</strong>r a noção <strong>de</strong> <strong>de</strong><strong>se</strong>nhos, noâmbito das formas <strong>de</strong> apren<strong>de</strong>r as técnicas e estéticas artesanais, como (po<strong>de</strong>ria dizer, similar a)<strong>de</strong>sign (di<strong>se</strong>ño) 220 . Todavia, na minha perspectiva <strong>de</strong> análi<strong>se</strong> do gesto estético artesanal e sua219 A citação original é a <strong>se</strong>guinte: Tambéin faltan estudios empíricos <strong>de</strong> la función y dinámica <strong>de</strong>l di<strong>se</strong>ño y <strong>de</strong> lainnovación y creatividad estéticas. Los cuales, a final <strong>de</strong> cuentas. Son los elementos que <strong>de</strong>terminan la existencia <strong>de</strong>las artesanías y su circulación <strong>de</strong>ntro <strong>de</strong>l mercado. I<strong>de</strong>m. p. 26.220 Tem sido recorrente na minha escritura a utilização na qualida<strong>de</strong> <strong>de</strong> sinônimos dos termos <strong>de</strong><strong>se</strong>nho, mo<strong>de</strong>lo,<strong>de</strong>sign e di<strong>se</strong>ño (estes dois últimos lançando mão das grafias em inglês e espanhol) para falar <strong>de</strong> um campo daobjetualização (habitualmente <strong>de</strong>nominado <strong>de</strong> cultura material) on<strong>de</strong> subjazem um tipo <strong>de</strong> discurso e um tipo <strong>de</strong>forma (configuração) da socieda<strong>de</strong> industrial (ou pós-industrial) suas técnicas e estéticas. Tenho conhecimento dasdiferenças que cada termo acima listado carrega na sua “carne” (enquanto palavra, <strong>de</strong>marcador <strong>de</strong> um objetoconceitual, ou mesmo campo), e das disputas teóricas, empíricas, metodológicas e políticas que entrecortam sua<strong>se</strong>scrituras e <strong>de</strong>terminam as margens <strong>de</strong> suas contingências. Todavia, e por não estar totalmente in<strong>se</strong>rido no cerneda discussão conceitual (ou mesmo, por esta <strong>se</strong>r periférica à minha inquietação teórica metodológica e empírica),tomo a liberda<strong>de</strong> <strong>de</strong> utilizar a noção <strong>de</strong> <strong>de</strong>sign como uma categoria <strong>de</strong> análi<strong>se</strong>, cuja instrumentalida<strong>de</strong> me permitealcançar alguns dispositivos do discurso normativo hegemônico – ou da socieda<strong>de</strong> industrial/<strong>de</strong> consumo – comoponte para interpretar o sistema <strong>de</strong> objetos artesanais. Com isso, estrategicamente confundo as barreiras quetentam encapsular a cultura popular no território do anônimo, a-histórico e tradicional; obscurecendo, assim, oslugares <strong>de</strong> fala tanto <strong>de</strong> um cosmo quanto <strong>de</strong> outro (caso <strong>se</strong>ja possível ainda consi<strong>de</strong>rar a <strong>se</strong>paração). Dessa forma,

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!