20.07.2015 Views

Narrativas sobre o processo de modernizar-se - capes

Narrativas sobre o processo de modernizar-se - capes

Narrativas sobre o processo de modernizar-se - capes

SHOW MORE
SHOW LESS

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

Ronaldo <strong>de</strong> Oliveira CorrêaTe<strong>se</strong> <strong>de</strong> Doutorado PPGICH UFSC | outono 2008161Acredito que estas ações não têm ressonâncias no estratégico âmbito das políticas culturais emfunção do insuficiente entendimento a respeito da cultura popular recente e <strong>de</strong> sua atualização.Ponho em questão, portanto, a valida<strong>de</strong> <strong>de</strong>stas ações enquanto gestos políticos eficazesa respeito dos <strong>processo</strong>s <strong>de</strong> subordinação e como eles são vividos/experimentados pelos grupossubalternos. Por outro lado, a participação do sistema <strong>de</strong> objetos artesanais mo<strong>de</strong>rnamentetradicionais nos circuitos <strong>de</strong> circulação e consumo cultural, não produz, igualmente, a eficáciaque <strong>de</strong>marcaria sua pre<strong>se</strong>nça enquanto objetos/mercadorias com “valor artístico”. Salvo algunsartesãos (ãs) e o resultado <strong>de</strong> <strong>se</strong>u trabalho, a maior parte da produção artesanal recentecontinua a participar ambiguamente em um circuito <strong>de</strong> circulação não especializado, <strong>sobre</strong>postoa manualida<strong>de</strong>s grotescas (re-formuladas pelos meios massivos) e dispostas em cenários doconsumo alegóricos, on<strong>de</strong> o popular/subalterno é encarado como menor ou exótico.Por fim, não é somente o mu<strong>se</strong>u universitário que tem interes<strong>se</strong> na “divulgação”,“difusão” das narrativas i<strong>de</strong>ntitárias (re)criadas, mas também agentes e instituições <strong>de</strong> incentivoà formação <strong>de</strong> mercados consumidores e <strong>de</strong> políticas públicas para o trabalho, como oCINE/FAT e o SEBRAE. É certo que estas estratégias, às vezes implementadasassistematicamente e <strong>se</strong>m continuida<strong>de</strong>, ao invés <strong>de</strong> reforçar aquela narrativa (re)criada, lançama cultura popular (no <strong>se</strong>ntido <strong>de</strong> FERNANDES e ANDRADE) a um esvaziamento <strong>se</strong>mântico, queé preenchido pelas estratégias <strong>de</strong> in<strong>se</strong>rção nos cenários do consumo e em especial – econtraditoriamente - <strong>de</strong> consumo cultural.Aliás, os <strong>processo</strong>s <strong>de</strong> atualização da cultura popular e <strong>de</strong> <strong>se</strong>u sistema <strong>de</strong> objetos,nunca estiveram distantes <strong>de</strong> sua (re)funcionalização tanto objetual e performática quantoi<strong>de</strong>ológica. Todavia, o que <strong>se</strong> apre<strong>se</strong>nta neste cosmos urbano “globalizado” ou “do consumo” é aaparentemente “eficaz” subordinação da materialida<strong>de</strong> da cultura popular - e aqui não falosomente dos sistemas <strong>de</strong> objetos, mas também, e fundamentalmente, das performancespessoais atuadas; das fórmulas <strong>de</strong> tratamento, das plásticas e, por con<strong>se</strong>guinte, das estéticas,das interações sociais, e nestas incluo as éticas, das festas e das formas <strong>de</strong> fala, ou <strong>se</strong>ja, osgêneros do discurso, da corporeida<strong>de</strong> e das imaterialida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> todas estas materialida<strong>de</strong>s -,como sombreamento das tensões que estas subordinações geram no interior e exterior, dasformas sociais <strong>de</strong> produção artesanais e práticas sociais, por fim, da cultura popular.A<strong>de</strong>mais, acredito que a construção <strong>de</strong> novos artesãos (ãs) passa pela subordinação <strong>de</strong>suas imaginações e repertórios, por meio <strong>de</strong> dispositivos já problematizados anteriormente comoo anônimato, a-historicida<strong>de</strong>, es<strong>se</strong>ncialização e <strong>de</strong> pureza das formas <strong>de</strong> fazer artesanais. Minha

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!