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Narrativas sobre o processo de modernizar-se - capes

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Ronaldo <strong>de</strong> Oliveira CorrêaTe<strong>se</strong> <strong>de</strong> Doutorado PPGICH UFSC | outono 2008158para a construção das políticas a respeito da diversida<strong>de</strong>, da integração cultural e política <strong>de</strong>regiões do globo. Estes gestos políticos, que explicitam a tensão entre o individual (local) e ocoletivo (global), posta sob novo foco: o das políticas internacionais a respeito da diversida<strong>de</strong>dos repertórios simbólicos locais ou das manifestações culturais dos povos do mundo 210 .Repertórios <strong>de</strong>nominados juridicamente pelos gestores culturais como patrimônio culturalintangível ou imaterial das socieda<strong>de</strong>s humanas.Ainda encontro dúvidas (dificulda<strong>de</strong>s teóricas e empíricas, <strong>se</strong>m falar nas discurssivas ouenunciativas) <strong>sobre</strong> a utilização <strong>de</strong> categorias como, povos do mundo, diversida<strong>de</strong> e patrimôniocultural imaterial (entre tantas outras), como dispositivos para configurar, refletir, interpretar egerar políticas públicas <strong>sobre</strong> ou para a cultura popular (e suas formas <strong>de</strong> produção material esimbólica) ou dos sistemas e subsistemas culturais, como classificam os especialistas nasCartas Patrimoniais da UNESCO. Na forma <strong>de</strong> esclarecimento, a <strong>de</strong>finição <strong>de</strong> cultura popular,ulitizada nestes documentos, é a <strong>se</strong>guinte:(...) a cultura tradicional e popular é o conjunto <strong>de</strong> criações que emanam <strong>de</strong> uma comunida<strong>de</strong>cultural fundadas na tradição, expressas por um grupo ou por indivíduos e quereconhecidamente respon<strong>de</strong>m às expectativas da comunida<strong>de</strong> enquanto expressão <strong>de</strong> suai<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong> cultural e social; as normas e os valores <strong>se</strong> transmitem oralmente, por imitação ou <strong>de</strong>outras maneiras. Suas formas compreen<strong>de</strong>m, entre outras, a língua, a literatura, a música, adança, os jogos, a mitologia, os rituais, os costumes, o artesanato, a arquitetura e outras artes 211 .Da mesma forma (e igualmente na forma <strong>de</strong> esclarecimento), acredito que é necessárioexpor a <strong>de</strong>finição <strong>de</strong> patrimônio cultural imaterial contido nestes documentos, a saber:210 Ao utilizar a construção “povos do mundo” estou lançando mão <strong>de</strong> um repertório léxico e <strong>se</strong>mântico das políticasculturais internacionais (especialmente as da UNESCO). Meu objetivo, com isso, é aproximar-me <strong>de</strong>stes enunciadospara, assim, empreen<strong>de</strong>r uma <strong>de</strong>sconstrução <strong>de</strong> <strong>se</strong>us <strong>se</strong>ntidos. Dessa forma, retomo os textos escritos porespecialistas configurados nas Cartas Patrimoniais. Nestes textos, busco as áreas <strong>de</strong> sombra existentes para,então, expor as fraturas possíveis nestes enunciados aparentemente conciliadores <strong>de</strong> interes<strong>se</strong>s políticos,i<strong>de</strong>ológicos, históricos, culturais, econômicos, entre outros. Nestas fraturas, <strong>sobre</strong>ponho ruidosamente minhainvestigação, e a partir <strong>de</strong>ste gesto pretendo ouvir os ecos, as reflexões e refrações a respeito das formas <strong>de</strong>enten<strong>de</strong>r as culturas populares contemporaneamente. Todavia, é necessário alertar que minha estratégia não temfôlego para aprofundar questões vitais, como: a autenticida<strong>de</strong>, a salvaguarda, a recriação <strong>de</strong> patrimônio, ou mesmo,a noção fundante <strong>de</strong> todo este complexo narrativo das políticas culturais, a saber: patrimônio cultural material eimaterial. Minhas aproximações são mo<strong>de</strong>stas e preten<strong>de</strong>m apenas fornecer uma entrada, construir mais umafratura, produzir uma outra inflexão. Caso eu não consiga, acredito que o fato <strong>de</strong> partilhar esta inquietação já vale oesforço da aventura. INSTITUTO DO PATRIMÔNIO HISTÓRICO E ARTÍSTICO NACIONAL (Brasil). (2004) op. cit.211 Esta <strong>de</strong>finição po<strong>de</strong> <strong>se</strong>r encontrada na Recomendação <strong>sobre</strong> a salvaguarda da cultura tradicional e popular,formulada na Conferência Geral da UNESCO – 25ª reunião, realizada em Paris, França em 15 <strong>de</strong> novembro <strong>de</strong>1989. I<strong>de</strong>m, p. 293.

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