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Narrativas sobre o processo de modernizar-se - capes

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Ronaldo <strong>de</strong> Oliveira CorrêaTe<strong>se</strong> <strong>de</strong> Doutorado PPGICH UFSC | outono 2008152produção <strong>de</strong> sistemas <strong>de</strong> objetos que conformam as cenografias do consumo, construídos paraum sujeito do querer, como nos expôs GARCIA CANCLINI no México 202 . A esta outraconfiguração, <strong>de</strong>nomino a forma mo<strong>de</strong>rnamente tradicional.Neste movimento, cuja configuração parte da ex-centricida<strong>de</strong> da tradição, mas quebusca por i<strong>de</strong>ntificar-<strong>se</strong> e legitimar-<strong>se</strong> como tal, os espaços e tempos são marcados pelainstitucionalida<strong>de</strong>. Os <strong>de</strong>mais artesãos (ãs), que participaram na investigação, constituem estacategoria, e à voz <strong>de</strong>les (as) contraponho a minha e a <strong>de</strong> Dona Maricota. Mais uma vez afirmoque esta estratégia, constituinte do texto, não tem por objetivo falar <strong>de</strong> uma evolução da formas<strong>de</strong> fazer, mas, sim, marcar a disjunção/<strong>sobre</strong>posição das formas <strong>de</strong> mo<strong>de</strong>rnizar-<strong>se</strong>, como umaigualmente possível característica do “mundo tradicional” recente.No movimento externo, que <strong>se</strong> configura na forma <strong>de</strong> uma mo<strong>de</strong>rnida<strong>de</strong> tradicional,apren<strong>de</strong>r as formas <strong>de</strong> fazer é uma escolha, uma opção dos agentes, motivados por diferentescausas (ou mesmo contingências) eles (elas) aproximam-<strong>se</strong> da mo<strong>de</strong>lagem do barro pordiferentes caminhos, que abrangem os espaços dos cursos e oficinas institucionais,experimentação a partir das manualida<strong>de</strong>s veiculadas em meios massivos e contatos comartistas folks, e, através <strong>de</strong>stes dispositivos, constituem-<strong>se</strong> artesãos (ãs) “tradicionais”.Diferentemente daqueles artesãos (ãs) tradicionalmente formados, as performances efórmulas atuadas por estes novos atores, participantes na arena <strong>de</strong> disputas que envolve aeconomia simbólica do artesanato, são fruto <strong>de</strong> uma re-escritura/mudança <strong>de</strong> suas biografias 203e, con<strong>se</strong>qüentemente, <strong>de</strong> uma necessária atualização das coisas da tradição, a saber: <strong>se</strong>usgêneros discursivos, objetualida<strong>de</strong> e subjetivação do mundo e das interações sociais, das festa<strong>se</strong> práticas religiosas.O que <strong>se</strong> transforma radicalmente neste <strong>processo</strong> <strong>de</strong> atualização é a vonta<strong>de</strong>/<strong>de</strong><strong>se</strong>jo <strong>de</strong>participar <strong>de</strong> outro circuito <strong>de</strong> circulação e consumo - não somente aquele das feiras livres emercados -, na condição <strong>de</strong> legítimos agentes “originários” <strong>de</strong> uma comunida<strong>de</strong> <strong>de</strong> fazeres esaberes <strong>sobre</strong> o barro, cujo gesto plástico e, por con<strong>se</strong>qüência, estético, participa da<strong>se</strong>xperiências recentes <strong>de</strong> consumo cultural.202 GARCIA CACLINI, Néstor (2002) op.cit.203 O padrão <strong>de</strong> mudança biográfica caracteriza-<strong>se</strong> qual evidência <strong>de</strong> que as mudanças <strong>de</strong> i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong> são centraisna experiência <strong>de</strong> vida do narrador em <strong>de</strong>terminados momentos <strong>de</strong> sua biografia; evi<strong>de</strong>ncia, pois, a dinâmica do<strong>processo</strong> biográfico. Geralmente, o narrador não percebe quando ou como estas mudanças <strong>se</strong> iniciam, mas temclaro que <strong>de</strong><strong>se</strong>nvolveu novas capacida<strong>de</strong>s biográficas (experiências e estratégias <strong>de</strong> ação) e esta percepção oajuda a visualizar uma nova imagem <strong>de</strong> si e do mundo em que está em relação. APPEL, Michael (2005) op. cit.

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