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Narrativas sobre o processo de modernizar-se - capes

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Ronaldo <strong>de</strong> Oliveira CorrêaTe<strong>se</strong> <strong>de</strong> Doutorado PPGICH UFSC | outono 2008151Entendo que as exigências <strong>de</strong> maior plasticida<strong>de</strong> nos tempos e espaços do ensinar asformas <strong>de</strong> fazer vividas em Florianópolis, geram a pressão para que o movimento interno <strong>se</strong>realize com outra configuração, lançando mão <strong>de</strong> outras estratégias para a inclusão <strong>de</strong> outros“her<strong>de</strong>iros” nos circuitos <strong>de</strong> ensino-aprendizado. Isso fica marcado no trecho que Edwilsoncomenta: (...) Ele até ficou feliz, poque ele diz que o filho <strong>de</strong>le formou em odontologia e nuncaquis saber <strong>de</strong> (...), <strong>de</strong> fazer peça <strong>de</strong> (...) torno e ele achava interessante uma pessoa assim, maisjovem <strong>se</strong> interessar por (...) [trabalho no torno]. Este trecho expõe uma con<strong>se</strong>qüência da<strong>se</strong>stratégias planejadas para as novas gerações, o filho formado em odontologia não teminteres<strong>se</strong> no trabalho com o barro. Assim, formulam-<strong>se</strong> as <strong>se</strong>guintes perguntas, <strong>se</strong>m expectativa<strong>de</strong> respostas: como iniciar uma nova história? Como continuar a atualizar os saberes ligados aobarro? Como entrelaçar novos sujeitos às práticas artesanais? Como resolver a disjunção entreas vivências prosaicas e o novo cosmo urbano mo<strong>de</strong>rno?Em função <strong>de</strong>ste <strong>de</strong>slocamento do ateliê familiar tal qual cronotopo do ensinoaprendizado,para algum lugar - exterior à casa e alienígena a uma intimida<strong>de</strong> familiar - com omínimo <strong>de</strong> estrutura para receber o gesto <strong>de</strong> reprodução do saber <strong>sobre</strong> o barro, ocorre apassagem <strong>de</strong> um <strong>processo</strong> <strong>de</strong> transmissão, cuja ba<strong>se</strong> é a exege<strong>se</strong> das interações sociaisintensas e profundos eventos comunicativos, ao <strong>de</strong> a<strong>de</strong>quação ou sistematização <strong>de</strong> técnicas eperformances laborais (disciplinas corporais, gestos programados, <strong>se</strong>qüências estabelecidas ereplicáveis) que venham permitir (garantir) que o saber <strong>se</strong>ja repassado a partir <strong>de</strong> outrasfórmulas e performances (talvez mais artificiais ou burocratizadas). Como, por exemplo, ir à casado aprendiz e por um tempo <strong>de</strong>terminado, <strong>se</strong>ja em função do tempo livre do aprendiz parainvestir no aprendizado ou pela disponibilida<strong>de</strong> do mestre em repassar o saber, formar o novooleiro ou mo<strong>de</strong>lador.Em contraste com o movimento interno, outra configuração das formas <strong>de</strong> apren<strong>de</strong>r <strong>se</strong>contrapõe e estabelece outros espaços legítimos, a saber: as escolas, cursos e oficinas <strong>de</strong>artesanato ou artes aplicadas; estes espaços tomam por tempos os períodos <strong>de</strong>finidos <strong>de</strong>duração on<strong>de</strong> é possível “repassar” uma técnica, difundir um mo<strong>de</strong>lo, educar um gosto. Desloca<strong>se</strong>,pois, o tempo da vida, o tempo do contato com os velhos. Por fim, em meio ao <strong>processo</strong> <strong>de</strong>mo<strong>de</strong>rnizar-<strong>se</strong>, este é um dos esquecimentos que <strong>se</strong> institui ao <strong>se</strong>r artesão (ã) recentemente.Dito <strong>de</strong> outra forma, a tradição revolucionária <strong>de</strong> Mário <strong>de</strong> Andra<strong>de</strong> ou a noção <strong>de</strong> cultura popular<strong>de</strong> Florestan Fernan<strong>de</strong>s são (re)<strong>se</strong>mantizadas mais uma vez, e, <strong>de</strong>sta, são introduzidas na suaconotação aspectos que marcam os <strong>processo</strong>s laborais contemporâneos capitalistas, como a

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