20.07.2015 Views

Narrativas sobre o processo de modernizar-se - capes

Narrativas sobre o processo de modernizar-se - capes

Narrativas sobre o processo de modernizar-se - capes

SHOW MORE
SHOW LESS

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

Ronaldo <strong>de</strong> Oliveira CorrêaTe<strong>se</strong> <strong>de</strong> Doutorado PPGICH UFSC | outono 2008150histórias, tipos, fórmulas <strong>de</strong> interação social, plasmadas nos conjuntos <strong>de</strong> mo<strong>de</strong>lagem folclóricado Boi-<strong>de</strong>-Mamão, do Cortejo do Divino Espírito Santo e <strong>de</strong> personagens“peculiares/característicos” da Ilha (a ren<strong>de</strong>ira, o pescador, o casal <strong>de</strong> mané, a orquestraaçoriana, entre outros), numa versão i<strong>de</strong>ológica hegemônica (ou folk) <strong>sobre</strong> a cultura popular e<strong>se</strong>u sistema <strong>de</strong> repre<strong>se</strong>ntações simbólicas e objetuais. Ou, ainda, a convicção com que Edwilsoncorrobora a eficácia daquelas narrativas (verbais, visuais e objetuais) i<strong>de</strong>ntitárias (...) aqui sãomais pescadores, essas coisas, né! 199Contudo, o trecho que interessa neste ponto da análi<strong>se</strong> localiza-<strong>se</strong> nos turnos <strong>se</strong>guintes:(...) [o Seu Fulano] ficou <strong>de</strong> vir aqui em casa para ensinar a olaria. Este trecho expõe que omovimento interno, que dá forma às vivências artesanais tradicionalmente mo<strong>de</strong>rnas, passa a<strong>se</strong>r um movimento tensionado por outras estratégias para a mo<strong>de</strong>rnização das novasgerações 200 e pela necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> continuida<strong>de</strong> dos saberes e fórmulas, técnicas e<strong>de</strong><strong>se</strong>nhos/mo<strong>de</strong>los. Neste conflito, a busca por interessados pela prática da olaria (e damo<strong>de</strong>lagem) extrapola a família e vai ao encontro <strong>de</strong> quem esteja disposto a apren<strong>de</strong>r astécnicas e os mo<strong>de</strong>los, ou <strong>se</strong>ja, apren<strong>de</strong>r as formas <strong>de</strong> fazer.Importante perceber que em Florianópolis, SC, as estratégias <strong>de</strong> manutenção domovimento interno não encontram mais ressonância nas relações extensas <strong>de</strong> parentesco, comoocorre com aqueles oleiros <strong>de</strong> Puebla no México, que repassam <strong>se</strong>u saber-fazer panelas aosfilhos das suas filhas ou aos sobrinhos, filhos <strong>de</strong> suas irmãs; ou mesmo, em uma parentalida<strong>de</strong>por afinida<strong>de</strong>. Aquela estratégia, no exemplo dos artesãos <strong>de</strong> Puebla, pre<strong>se</strong>rva <strong>de</strong> alguma formao dispositivo <strong>de</strong> herança ou legado que é mantido no âmbito da família, especialmente entre oshomens, através das relações <strong>de</strong> parentalida<strong>de</strong> e solidarieda<strong>de</strong> 201 . O que não permanece comopossibilida<strong>de</strong> em Florianópolis, SC.necessárias para a interpretação do fato social construído aqui, a saber: a cultura popular e sua objetualida<strong>de</strong> e osdispositivos/estratégias para sua mo<strong>de</strong>rnização/atualização.199 Acredito <strong>se</strong>r importante a revisão crítica <strong>de</strong>stes discursos forjados nos anos <strong>de</strong> 1960 e <strong>de</strong> <strong>se</strong>us ecos, na forma <strong>de</strong>mapear e interpretar a intencionalida<strong>de</strong> <strong>de</strong>stas estratégias i<strong>de</strong>ológicas na escritura das histórias, sociologias,antropologias e políticas, ou ainda dos repertórios imagéticos e esculturais, arquitetônicos e paisagísticos da ou naIlha <strong>de</strong> Santa Catarina.200 Esta estratégia <strong>de</strong> mo<strong>de</strong>rnizar-<strong>se</strong>, a partir da relocalização das novas gerações não faz parte <strong>de</strong>sta investigação,mas <strong>se</strong>ria um interessante exercício interpretar as estratégias utilizadas pelos indivíduos <strong>de</strong>stas gerações para (re)or<strong>de</strong>nar psicossocialmente as tensões que <strong>se</strong> apre<strong>se</strong>ntam nesta relocalização, e nesta perspectiva enten<strong>de</strong>r o que<strong>se</strong> faz com as memórias e as performances, e como estas são (re)or<strong>de</strong>nadas em outras narrativas <strong>de</strong> si.201 KAPLAN, Flora S.; PASCHERO, Cecilia (1980) op.cit.

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!