20.07.2015 Views

Narrativas sobre o processo de modernizar-se - capes

Narrativas sobre o processo de modernizar-se - capes

Narrativas sobre o processo de modernizar-se - capes

SHOW MORE
SHOW LESS

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

Ronaldo <strong>de</strong> Oliveira CorrêaTe<strong>se</strong> <strong>de</strong> Doutorado PPGICH UFSC | outono 2008146inexistência <strong>de</strong> ócio, pelo contrário, marca inclusive sua pre<strong>se</strong>nça (...) Até meio-dia era a escola,chegava, fazia os <strong>de</strong>v (…) almoçava, fazia os <strong>de</strong>veres, <strong>de</strong>scansava e ia para olaria trabalhar (...).As rotinas construídas em um tempo e espaço <strong>de</strong>finiam a infância como tempo para apren<strong>de</strong>r alida! Como, por exemplo, apren<strong>de</strong>r a administrar um pedaço <strong>de</strong> chão (...) E a gente também tinhaplantação, tinha colheita <strong>de</strong> café, que tudo a gente ajudava para apren<strong>de</strong>r. Porque <strong>se</strong> a gente<strong>de</strong>pois pu<strong>de</strong>s<strong>se</strong> comprar um sitio, a gente sabia como é que ia fazer para colher as plantas, né!Então a gente ajudava em tudo (...). A infância, pois, era tempo <strong>de</strong> apren<strong>de</strong>r as coisas dasubsistência, da autonomia.Este tempo em que (...) a gente não tinha tempo (...) porque todo mundo [também]trabalhava (...), igualmente é o tempo que a escola obtinha algum <strong>se</strong>ntido, (...) Aí não tinhatempo (...) ((para o figurativo)) porque tinha a escola, né! Até meio-dia era a escola, chegava,fazia os <strong>de</strong>v (…) almoçava, fazia os <strong>de</strong>veres, <strong>de</strong>scançava e ia para olaria trabalhar. O tempo <strong>de</strong>acessar os “saberes oficiais” era o tempo <strong>de</strong> conter outros repertórios simbólicos e, com isso,constituir outras possibilida<strong>de</strong>s biográficas. Todavia, transparece na narrativa que era na olariaon<strong>de</strong> a (re)produção da vida ganhava em verda<strong>de</strong> significado, pois, como afirma a narradora (...)eu nasci na Ponta <strong>de</strong> Baixo. A Ponta <strong>de</strong> Baixo era o lugar que tinha as olarias, tudo que eraolaria, qua<strong>se</strong> tudo era ali (...).A olaria era, aliás continua a <strong>se</strong>r, o espaço on<strong>de</strong> <strong>se</strong> ensaiavam as formas <strong>de</strong> apren<strong>de</strong>r osgestos plásticos que <strong>de</strong>finiriam a biografia <strong>de</strong>sta artesã e <strong>de</strong> <strong>se</strong>us objetos. Esta pedagogia <strong>de</strong> umrepertório <strong>se</strong>miótico/<strong>se</strong>miológico era/é construída em relação com outros (as) artesãos (ãs) maisvelhos, mais habilidosos (as) possuidores das fórmulas já padronizadas, autores <strong>de</strong> suasatualizações, produtores <strong>de</strong> suas objetualida<strong>de</strong>s novas, (...) E daí, naquela época, eu tinha <strong>se</strong>is,para <strong>se</strong>te anos quando eu começei, assim, a mexer na olaria, que eu ajudava; já tinha uma sra.que já fazia figurativo (...). No encontro com os outros (e neste caso os velhos), é que <strong>se</strong>estabelece o diálogo, ou <strong>se</strong>ja, o meio/mediação pelo qual as formas passadas e futuras <strong>se</strong>configuram, são compartilhadas e ao mesmo tempo atualizadas. São as interações sociais <strong>de</strong>trabalho, os contatos geracionais, e <strong>se</strong>ria possível pensar os contágios, os movimentos que dãoforma a estas mediações. Da mesma maneira eram estes encontros que estabeleciam aslinhagens plásticas, visto que era Agustinha a referência, era esta <strong>se</strong>nhora, que já figurava amestre eleita – talvez mesmo <strong>se</strong>m saber, por Dona Maricota. Tomo este trecho como umaindicação <strong>de</strong> suas influências estéticas, ou indicação daqueles que a prece<strong>de</strong>ram e constituíramas configurações das coisas posteriormente mo<strong>de</strong>ladas.

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!