20.07.2015 Views

Narrativas sobre o processo de modernizar-se - capes

Narrativas sobre o processo de modernizar-se - capes

Narrativas sobre o processo de modernizar-se - capes

SHOW MORE
SHOW LESS

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

Ronaldo <strong>de</strong> Oliveira CorrêaTe<strong>se</strong> <strong>de</strong> Doutorado PPGICH UFSC | outono 2008144O espelhamento trabalho/família explicita tanto os lugares simbólicos e reais <strong>de</strong> homen<strong>se</strong> mulheres, como nos permite inferir <strong>sobre</strong> as performances <strong>de</strong> gênero que marcavam a família<strong>de</strong> Dona Maricota e, por con<strong>se</strong>güinte, aquelas atuadas no tempo em que a narrativa <strong>se</strong> constrói,explicitado neste fragmento da <strong>se</strong>guinte forma: (...) Os mais velhos ((filhos homens)) játrabalhavam na roda ((<strong>se</strong> refere ao torno acionado por força mecânica, com os pés)) fazendo aspeças, eles apren<strong>de</strong>ram para <strong>se</strong>r oleiro, né! E a gente ((as mulheres)) ajudava assim: as peçastinham que <strong>se</strong>r tudo bem lisinho os fundos, porque <strong>se</strong>mpre saía – quando corta da roda – ficatudo aqueles farrelinhos alí a redor (...).Assim, retomo a questão do início, executo, igualmente, aquele movimento elípticorealizado a pouco por Dona Maricota. Re-inicio, ato mais um nó na nossa história, estabeleçovínculo com o novo (a figuração), na tentativa <strong>de</strong> acessar as formas <strong>de</strong> apreen<strong>de</strong>r a apren<strong>de</strong>r ascoisas do barro.Fragmento 12Fonte: EN: F01 – MM – 09/2006. Turnos 33-36E. E como a Senhora começou a mo<strong>de</strong>lar? Porque a Senhora era <strong>de</strong> uma família <strong>de</strong> oleiros, todomundo ajudava nessa ((lida)) (…) no acabamento das peças (…) mas o figurativo a sra.lembra quando começou?M. O figurativo, faz perto <strong>de</strong> uns quarenta anos que eu faço já! Porque daí ((na época <strong>de</strong>infância)) a gente não tinha tempo para o figurativo. Assim, para ter tempo <strong>de</strong> criar; porquetodo mundo trabalhava lá! E a gente também tinha plantação, tinha colheita <strong>de</strong> café, que tudoa gente ajudava para apren<strong>de</strong>r. Porque <strong>se</strong> a gente <strong>de</strong>pois pu<strong>de</strong>s<strong>se</strong> comprar um sítio, a gentesabia como é que ia fazer para colher as plantas, né! Então a gente ajudava em tudo. Aí nãotinha tempo (...) ((para o figurativo)) porque tinha a escola, né! Até meio-dia era a escola,chegava, fazia os <strong>de</strong>v (…) almoçava, fazia os <strong>de</strong>veres, <strong>de</strong>scansava e ia para olaria trabalhar.Aí quando tinha que colher café, ia colher café. Mas tinha uma porção <strong>de</strong> empregadostambém, porque tinha muita lida, assim como diziam antigamente, né! E daí, naquela época,eu tinha <strong>se</strong>is, para <strong>se</strong>te anos quando eu começei, assim, a mexer na olaria, que eu ajudava;já tinha uma sra. que já fazia figurativo, que um dia eu ainda falei para uma pessoa que veiofazer uma entrevista, por que nunca ninguém falava naquela sra? Falavam da filha <strong>de</strong>la, <strong>de</strong>uma neta, diz: “sim, mas tinha a mãe <strong>de</strong>la que fazia!!!” A mãe da Nézia, porque quem criou aorquestra <strong>de</strong> sapos foi a Augustinha, mãe da Nézia. Por que ela criou a orquestra <strong>de</strong>sapos?…todo mundo dizia assim: “por que ela criou a orquesta <strong>de</strong> sapos?”. Porque o marido<strong>de</strong>la andava acocoradinho, e dava uns pulinhos assim igual a sapo, porque ele era <strong>de</strong>ficiente,né! Ele tinha uns <strong>se</strong>pinhos ((pedaços <strong>de</strong> ma<strong>de</strong>ira)), aí o <strong>se</strong>pinho ficava assim ((<strong>de</strong>monstracom as mãos e os braços)), tinha um couro que pegava assim, ele <strong>se</strong>gurava assim para eledar o pulinho e <strong>se</strong> firmar naquele <strong>se</strong>pinho. Então eu já escutava as pessoas dizer: “Ó donaAgustinha já fez os sapos” (…) até o apelido do marido <strong>de</strong>la era sapo, também, porque eleandava só acocoradinho, não andava assim <strong>de</strong> pé, igual as pessoas. Então eles diziam que

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!