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Narrativas sobre o processo de modernizar-se - capes

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Ronaldo <strong>de</strong> Oliveira CorrêaTe<strong>se</strong> <strong>de</strong> Doutorado PPGICH UFSC | outono 2008143Fragmento 11Fonte: EN: F01 – MM – 09/2006. Turnos 19-21E. E todo mundo trabalhava (…)M. Todo mundo trabalhava! Os mais velhos ((filhos homens)) já trabalhavam na roda ((<strong>se</strong> refereao torno acionado por força mecânica, com os pés)) fazendo as peças, eles apren<strong>de</strong>ram para<strong>se</strong>r oleiro, né! E a gente ((as mulheres)) ajudava assim: as peças tinham que <strong>se</strong>r tudo bemlisinho os fundos, porque <strong>se</strong>mpre saía – quando corta da roda – fica tudo aqueles farrelinhosalí a redor, então com meu pai era assim ((franze a testa, aperta os lábios, dando a enten<strong>de</strong>rque o pai era rígido, duro)), uma peça por uma tinha que fazer isso aqui tudo ((gesto com asmãos)), limpar bem para ficar bem lisinho, passar a mão assim ((faz gesto com as mãossimulando o trabalho)) para ver que não tinha nada, aí tinha que <strong>se</strong>r tudo imborcadinho, paranão entortar a boca das peças, botava no sol, mas <strong>de</strong> vez em quando tinha que ir lá dá umaviradinha, porque <strong>de</strong>ixar exatamente da mesma posição, aí o lado do sol puxa e entorta apeça. Enten<strong>de</strong>s<strong>se</strong>!E. Hum (…)O marcador Todo mundo trabalhava! (...) expõe como as práticas sociais, ou as relações<strong>de</strong> aprendizado <strong>se</strong> davam no âmbito familiar, incluindo ou agregando a este ostrabalhadores/empregados da olaria. Era pela experiência e convívio com os mais velhos, em umcontexto <strong>de</strong> intimida<strong>de</strong>, qua<strong>se</strong> domesticida<strong>de</strong>, que <strong>se</strong> dava a (re)produção do trabalho. Deveras,acredito – como MONTENEGRO 194 – que o espaço do trabalho era <strong>de</strong>finido como uma projeçãoda estrutura familiar, o que <strong>de</strong>finia as relações laborais como espelho das relações familiares.Esta percepção justificaria o gesto esboçado por Dona Maricota ao referir-<strong>se</strong> à pre<strong>se</strong>nça<strong>de</strong> <strong>se</strong>u pai na olaria: (...) então com meu pai era assim ((franze a testa, aperta os lábios, dando aenten<strong>de</strong>r que o pai era rígido, duro)), uma peça por uma tinha que fazer isso aqui tudo ((gestocom as mãos)), limpar bem para ficar bem lisinho, passar a mão assim ((faz gesto com as mãossimulando o trabalho)) (...). O pai rígido e exigente era o patrão/pai que, indistintamente, trazia<strong>se</strong>us (suas) filhos (as) e os oleiros trabalhando sob <strong>se</strong>u atento olhar, como marcado nofragmento anterior: (...) Tinha os oleiros, né! Tinha os meus irmãos mais velhos, que trabalhavam(...) 195 .194 MONTENEGRO, Antonio Torres (2007) op. cit.; <strong>sobre</strong> as relações <strong>de</strong> trabalho em contextos tradicionais oupopulares ver também NOCEOCHEA GARCIA, Gerardo (2005) op. cit.195 Fragmento XX - EN: F01 – MM – 09/2006. Turnos 33-35.

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