20.07.2015 Views

Narrativas sobre o processo de modernizar-se - capes

Narrativas sobre o processo de modernizar-se - capes

Narrativas sobre o processo de modernizar-se - capes

SHOW MORE
SHOW LESS

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

Ronaldo <strong>de</strong> Oliveira CorrêaTe<strong>se</strong> <strong>de</strong> Doutorado PPGICH UFSC | outono 2008139É pelo cronotopo da estrada geral, convertida (ou domesticada) na narrativa em estradaparticular (...) on<strong>de</strong> a gente <strong>se</strong> criou (...), que o tempo na narrativa <strong>de</strong> Dona Maricota recebe suajusta medida. Uma temporalida<strong>de</strong> que estabelece um início, (...) Eu tinha <strong>se</strong>te ((anos)) quandomeu pai comprou ali (...), mas que não <strong>se</strong> fixa ou é fixada enquanto não toca o pre<strong>se</strong>nte, aomenos por um instante, (...) Porque lá passava uma estrada geral, que é essa que você veio (...).Ela – a estrada geral - dá a dimensão do tempo passado que reverbera no pre<strong>se</strong>nte. A suapre<strong>se</strong>nça <strong>se</strong>rve para medir igualmente este e aquele: (...) lá passava uma estrada geral (...), (...)essa que você veio (...). A <strong>sobre</strong>posição da estrada da memória (lá/aquela) <strong>de</strong> Dona Maricota e aestrada material (aqui/essa) por on<strong>de</strong> eu vim no mesmo fluxo narrativo, estabelece a ação <strong>de</strong>retroce<strong>de</strong>r, mas também a <strong>de</strong> avançar, configura a espacialida<strong>de</strong> das vivências minha e <strong>de</strong>la,unindo-nos em uma versão possível da história.Dessa forma, caminhamos ambos ao longo do mesmo chão, tivemos/temos ambos queestar/ter estado ali, experimentamos ambos (<strong>se</strong>guramente <strong>de</strong> formas distintas) a duração <strong>de</strong> <strong>se</strong>upercurso, a especificida<strong>de</strong> <strong>de</strong> <strong>se</strong>u traçado, a (in)existência <strong>de</strong> sua paisagem (mesmo que não<strong>se</strong>ja a mesma (in)existência, e não é!). Por fim, compartilhamos uma experiência que nos fazcúmplices, <strong>de</strong>tentores <strong>de</strong> pelo menos uma experiência em comum que nos liga, e autoriza apartilhar memórias, reconstruir tempos em que fórmulas, como a “madrinha velha”, que era comoeles diziam antes.Este é/foi o lugar on<strong>de</strong> a gente <strong>se</strong> (re)cria/criou. Este foi quando e on<strong>de</strong> esgarçou-<strong>se</strong> aexperiência. Foi quando e on<strong>de</strong> o gesto <strong>de</strong> esgarçar abarcou os cenários passados e pre<strong>se</strong>ntes,as personagens já mortas e aquelas ainda vivas, as performances atuadas e aquelas ainda poratuar. Todos os elementos dão a gestualida<strong>de</strong> das ações (o trabalho com o barro), amaterialida<strong>de</strong> do cenário (a olaria). E por tocar na materialida<strong>de</strong> do cenário-olaria, por meio danarrativa <strong>de</strong> Dona Maricota, ergo, mais uma vez, aquelas pare<strong>de</strong>s construídas a partir da<strong>de</strong>sconstrução <strong>de</strong> outras velhas casas. Pare<strong>de</strong>s que mantêm o tempo e o espaço em ambíguareconstrução ob<strong>se</strong>ssiva <strong>de</strong> um tempo-fora-do-tempo. Visto que para construir aquele futuroespaço <strong>de</strong> trabalho, o pai <strong>de</strong> Dona Maricota compra e <strong>de</strong>smancha uma antiga casa e, com estevelho material, dá forma à nova olaria 188 .Semelhante ao procedimento para montar um quebra-cabeças – e neste caso<strong>de</strong>smontar, <strong>se</strong>ria possível perguntar: on<strong>de</strong> estão hoje, na olaria <strong>de</strong> ontem, as telhas que cobriam188 (...)E daí a olaria, o meu pai comprou uma casa antiga, que já tinha oitenta e poucos anos, <strong>de</strong>smanchou e domaterial daquela casa ele fez a olaria (...). Fonte: EN: F01 – MM – 09/2006. Turno 04.

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!