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Narrativas sobre o processo de modernizar-se - capes

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Ronaldo <strong>de</strong> Oliveira CorrêaTe<strong>se</strong> <strong>de</strong> Doutorado PPGICH UFSC | outono 2008135mas são continuamente disputadas, negociadas ou mesmo <strong>de</strong>scartadas, em uma arena on<strong>de</strong>sistemas técnicos, estéticos e atores buscam legitimida<strong>de</strong>, centralida<strong>de</strong> ou participação. E quesubjacente a estas disputas, encontram-<strong>se</strong> motivações distintas que <strong>se</strong> articulam com <strong>processo</strong>ssociais, históricos, econômicos e simbólicos, como bem mostraram Bourdieu e Baudrillard 185 .Em função da revisão da noção <strong>de</strong> tradição e da explicitação <strong>de</strong> <strong>se</strong>us termos, a (re)produção das formas <strong>de</strong> fazer, ou <strong>se</strong>ja, as técnicas e estéticas, no âmbito da mo<strong>de</strong>lagemfolclórica em Florianópolis, Santa Catarina, Brasil, <strong>se</strong>guem dois movimentos: um interno e outroexterno. Estes, ao invés <strong>de</strong> <strong>se</strong> oporem, justapõem-<strong>se</strong> em uma dinâmica interação e expropriação<strong>de</strong> <strong>se</strong>ntidos um do outro e vice-versa, na vonta<strong>de</strong> <strong>de</strong> construção <strong>de</strong> novos ou outros <strong>se</strong>ntidos.O movimento interno configura a forma tradicionalmente mo<strong>de</strong>rna, ou <strong>se</strong>ja, aquelarealizada a partir da transmissão geracional, no interior do ateliê e como parte <strong>de</strong> ativida<strong>de</strong>sformadoras empreendida pela família. Esta forma é comum entre os (as) artesãos (ãs) maisvelhos, e/ou her<strong>de</strong>iros <strong>de</strong> práticas laborais que envolviam ou envolvem o barro, como a olaria oua produção <strong>de</strong> utilitários. Como exemplo <strong>de</strong>sta forma, cito Dona Maricota. Já indiquei,anteriormente, esta forma como um movimento idiossincrático (todavia, não po<strong>de</strong> <strong>se</strong>r encaradotal qual <strong>sobre</strong>vivência <strong>de</strong> um anacronismo) que não constitui a ba<strong>se</strong> da prática artesanal ou asformas sociais <strong>de</strong> produção artesanal recentes, encontradas no contexto <strong>de</strong> investigação einterpretadas aqui. Apesar <strong>de</strong> <strong>se</strong>r uma das características reivindicadas pelos agentes/autores<strong>de</strong>ssas formas <strong>de</strong> produção recentes, como paradoxal estratégia discursiva legitimadora <strong>de</strong> suaparticipação no circuito <strong>de</strong> consumo cultural.O movimento externo é aquele realizado pelos artesãos (ãs) recentes – como Edwilson eResplendor ou Olinda e Petrolino - que <strong>de</strong><strong>se</strong>nham a forma mo<strong>de</strong>rnamente tradicional, ou dito <strong>de</strong>outra maneira, reivindicam sua in<strong>se</strong>rção num circuito <strong>de</strong> circulação simbólica (economiasimbólica do artesanato) através da (re)construção <strong>de</strong> uma tradição, forma <strong>de</strong> produção ousistema <strong>de</strong> objetos. Esta forma não po<strong>de</strong> <strong>se</strong>r encarada igualmente à anterior, qual um<strong>de</strong><strong>se</strong>nvolvimento (progresso) das formas <strong>de</strong> produção artesanal tradicionais. Caso <strong>se</strong>ja possívelalguma <strong>sobre</strong>posição, esta <strong>se</strong>ria outra forma <strong>de</strong> realização do gesto plástico artesanal a partir <strong>de</strong>sua (re)criação enquanto uma tradição urbana em contextos capitalistas solapados por algumtipo <strong>de</strong> globalização. Para esta configuração, aqueles artesãos (ãs) recentes utilizam estratégiasdiscursivas, materiais e imagéticas que potencializam sua eficaz vinculação com a culturapopular ou com as estéticas subalternas. A legitimida<strong>de</strong> <strong>de</strong> sua ação as<strong>se</strong>nta-<strong>se</strong> na185 BOURDIEU, Pierre (2007) op. cit.; BAUDRILLARD, Jean (2005) Crítica <strong>de</strong> la economía política <strong>de</strong>l signo. 14ª ed.México: Siglo XXI editores.

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