20.07.2015 Views

Narrativas sobre o processo de modernizar-se - capes

Narrativas sobre o processo de modernizar-se - capes

Narrativas sobre o processo de modernizar-se - capes

SHOW MORE
SHOW LESS

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

Ronaldo <strong>de</strong> Oliveira CorrêaTe<strong>se</strong> <strong>de</strong> Doutorado PPGICH UFSC | outono 2008134transmissão <strong>de</strong> mensagens artísticas. Estes modos envolviam performances individuais ecoletivas, narrativas orais tradicionais e históricas, lições não-verbais, alusões a provérbios,piadas, fórmulas padronizadas <strong>de</strong> tratamento e outras estratégias discursivas e corporaisrecentes. Estes elementos ofereciam uma chave <strong>de</strong> interpretação a respeito do <strong>processo</strong> <strong>de</strong>aquisição por parte do aprendiz <strong>de</strong> competência em um sistema <strong>se</strong>miótico/<strong>se</strong>miológico e oacesso à concretu<strong>de</strong> do objeto.Ao tomar a experiência <strong>de</strong> BRIGGS, é possível abordar as formas <strong>de</strong> fazer artesanais,como movimentos dinâmicos, a partir <strong>de</strong> e/ou interior a uma ou várias “tradições”. Estapercepção possibilita expor a complexida<strong>de</strong> dos movimentos que configuram as formas técnica<strong>se</strong> estéticas artesanais. O que significaria mostrar o <strong>de</strong>slocamento da noção <strong>de</strong> tradição,enquanto dispositivo <strong>de</strong> configuração <strong>de</strong> uma tirânica imobilida<strong>de</strong> histórica e social, ou aindacomo <strong>processo</strong> legitimador <strong>de</strong> um tipo cristalizado <strong>de</strong> originalida<strong>de</strong> ou autenticida<strong>de</strong> (técnica,estética, simbólica), para um dispositivo <strong>de</strong> (re)construção (atualização) <strong>de</strong> mitologias, sistemas<strong>de</strong> objetos, performances pessoais e estratégias para participação tanto em um mundo pensadocomo mo<strong>de</strong>rno/mo<strong>de</strong>rnizado, quanto no circuito <strong>de</strong> consumo cultural.Com relação ao <strong>se</strong>gundo ponto – o “aparecimento” dos objetos concretos – acredito quetanto as técnicas e <strong>se</strong>us elementos constituidores (motivos, formas, cores, texturas, e outros)quanto as estéticas artesanais, não “(...) vão aparecendo uma vez ou outra em objetosconcretos”. Ao formalizar assim a questão, acredito que ORTIZ ANGULO reduz a potência que a(re)configuração material <strong>de</strong> imaginações e <strong>se</strong>us produtos/objetos possuem para narrar <strong>sobre</strong> ostempos e formas <strong>de</strong> estar no mundo contemporâneo. Reduz, da mesma maneira a potênciapolítica (e aqui estou falando <strong>de</strong> explicitação das relações <strong>de</strong> po<strong>de</strong>r) que a economia política esimbólica do artesanato possui para expor as assimetrias e <strong>de</strong>sigualda<strong>de</strong>s existentes nasdiferentes formas <strong>de</strong> produção-circulação-consumo (simultâneas, subalternas ou mesmosubterrâneas) existentes e que, <strong>de</strong> alguma forma, concorrem com as formas capitalistaspensadas como hegemônicas.Para isso, retomo os exemplos listados por BARTRA 184 em que diferentes grupos <strong>de</strong>mulheres artesãs in<strong>se</strong>rem-<strong>se</strong> na arena <strong>de</strong> produção-circulação-consumo <strong>de</strong> objetos culturais,recriando mitologias, atualizando i<strong>de</strong>ologicamente sistemas <strong>de</strong> objetos e propondo novasmaterialida<strong>de</strong>s para recentes tradições inventadas. Com estes exemplos, quero dizer que as“coisas”, que constituem um sistema <strong>de</strong> objetos artesanais, não aparecem uma vez ou outra,184 BARTRA, Eli (2005) op. cit.

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!