20.07.2015 Views

Narrativas sobre o processo de modernizar-se - capes

Narrativas sobre o processo de modernizar-se - capes

Narrativas sobre o processo de modernizar-se - capes

SHOW MORE
SHOW LESS

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

Ronaldo <strong>de</strong> Oliveira CorrêaTe<strong>se</strong> <strong>de</strong> Doutorado PPGICH UFSC | outono 2008120estariam somente “aqui na frente <strong>de</strong> casa” ou “na cabeça” <strong>de</strong> Edwilson, mas, e <strong>sobre</strong>tudo, nas“cabeças” <strong>de</strong> outros atores e em outros lugares, que, na cartografia das políticas culturais <strong>de</strong>Florianópolis, localizam-<strong>se</strong> em outras geografias.O projeto <strong>de</strong> Edwilson, à primeira vista, caracteriza-o como um Don Quichote que lutacontra moinhos <strong>de</strong> vento, e constrói um <strong>se</strong>lf-herói romântico qua<strong>se</strong> <strong>se</strong>mpre, e ingênuo muitasvezes. Contudo, percebo que a ingenuida<strong>de</strong> e o i<strong>de</strong>alismo são máscaras utilizadas pelonarrador, como uma forma <strong>de</strong> justificar performances que po<strong>de</strong>riam <strong>se</strong>r mal vistas pelos outrosartesãos, mas que são comuns em ambientes competitivos e que buscam por formas <strong>de</strong>projetar-<strong>se</strong>, para obter maior eficácia <strong>de</strong> suas estratégias a fim <strong>de</strong> alcançar o mercado(consumidor).Edwilson <strong>se</strong> in<strong>se</strong>re, ou reproduz um jogo <strong>de</strong> estratégias mercadológicas, ouperformances pessoais, que po<strong>de</strong>m fazer com que <strong>se</strong>u ateliê/centro cultural, pensado como umnegócio, possa situar-<strong>se</strong> melhor na economia simbólica do artesanato. Isso <strong>se</strong> materializaquando comenta: E criar um espaço, né! Daí já criaria um espaço pras próprias pessoas quevieram visitar (...) cobra uns, <strong>se</strong>i lá, cinco reais por aluno, dá a volta toda e no final faz umaoficina aqui (...). A<strong>de</strong>mais do consumo simbólico, através <strong>de</strong> visitas guiadas ou experiências <strong>de</strong>contato com a “natureza” e a “cultura local”, busca-<strong>se</strong> viabilizar o consumo material, explorando adiversificação <strong>de</strong> ofertas <strong>de</strong> produtos: E <strong>se</strong> qui<strong>se</strong>r comprar uma argilinha também, tem quepensar em ven<strong>de</strong>r argila também, a gente compraria e reven<strong>de</strong>ria pra es<strong>se</strong>s, pra essas pessoas(...)O projeto <strong>de</strong> um centro cultural que divulgas<strong>se</strong> a cultura local – especialmente oartesanato -, apre<strong>se</strong>ntado por Edwilson <strong>se</strong>guindo a lógica dos parques temáticos, ao modoDisneylandia, é explicado por Resplendor, artesã – igualmente por escolha, bióloga, esposa <strong>de</strong>Edwilson, uma mulher pequena, com voz trêmula, vacilante e gran<strong>de</strong>s olhos café, <strong>de</strong> outra formae com outras motivações:Fragmento 06Fonte: EN: F01- R&ED – 02/2006. Turnos 422-430R. Meu sonho (...), a gente quer fazer <strong>de</strong>sta casa aqui ((refere-<strong>se</strong> ao ateliê)) um centro cultural.E. Hum.R. E junto com a parte (...) ((do artesanato)) quem sabe aliar com a parte ambiental (...) que temo terreno aqui da frente, ele foi alvo do TCC ((trabalho <strong>de</strong> conclusão <strong>de</strong> curso)) do Edwilson.E. Hum-hum.

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!