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Narrativas sobre o processo de modernizar-se - capes

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Ronaldo <strong>de</strong> Oliveira CorrêaTe<strong>se</strong> <strong>de</strong> Doutorado PPGICH UFSC | outono 2008115esta teoria or<strong>de</strong>nadora <strong>sobre</strong> os circuitos, a narradora <strong>de</strong>sloca as especificida<strong>de</strong>s dos mesmos,mascarando suas distinções e estabelecendo os limites. No entanto, ela obscurececuidadosamente as fronteiras, em uma estratégia <strong>de</strong> igualmente sombrear <strong>se</strong>us pertencimentosà <strong>se</strong>gunda or<strong>de</strong>m – o artesanato - e permitir <strong>se</strong>u trânsito na primeira – a arte.A constituição dos campos da arte e do artesanato, a partir <strong>de</strong> sua teoria pessoal,configura os <strong>se</strong>guintes cenários: por um lado o circuito artístico e a sacralização do gestoartístico e da autonomia do artista em face do ato artístico e do mundo, <strong>se</strong>us espaço<strong>se</strong>specializados <strong>de</strong> circulação, como as galerias e mu<strong>se</strong>us, livros e revistas <strong>de</strong> arte e mídiaespecializada; as estratégias <strong>de</strong> consumo, como as feiras <strong>de</strong> arte, os leilões e exposições. Poroutro, o circuito artesanal e as estratégias <strong>de</strong> incorporação por um tipo ou categoria <strong>de</strong> arte -<strong>de</strong>nominada Naïf ou ingênua, a subvaloração dos preços dos objetos artesanais no circuitosimbólico em função do anonimato (inexistência <strong>de</strong> signos <strong>de</strong> distinção, unicida<strong>de</strong> e valoraçãodas obras) e da percepção por parte dos agentes legitimadores <strong>de</strong> um circuito cultural,responsáveis pelo mainstream da história da arte oci<strong>de</strong>ntal – excluindo <strong>de</strong>ste o folclórico ouexótico e étnico que atuam com especificida<strong>de</strong>s próprias, fato que por si só nos coloca umaintrigante questão a respeito da universalida<strong>de</strong> da história da arte oci<strong>de</strong>ntal. E, <strong>de</strong> um tipo <strong>de</strong>“simplicida<strong>de</strong>” plástica ou estética dos sistemas <strong>de</strong> objetos artesanais. Ou ainda pela ineficiênciados circuitos <strong>de</strong> circulação e consumo, conformado majoritariamente por centros <strong>de</strong> artesanatopúblicos não especializados ou por ações estatais motivadas por políticas culturais, em participardos circuitos símbólicos <strong>de</strong> consumo cultural legitimado nacional e internacional. Salvo alguma<strong>se</strong>xperiências, todavia, <strong>se</strong>m análi<strong>se</strong> e/ou interpretação comparativa, em paí<strong>se</strong>s como México,Estados Unidos da América, Canadá e Japão.Em meio às mudanças <strong>de</strong> motivações, refletidas nas formas <strong>de</strong> percepção da produçãoartesanal e <strong>de</strong> sua agência neste campo, a configuração do ateliê <strong>de</strong> Petrolino e Olindamaterializa-<strong>se</strong> <strong>de</strong> forma distinta ao que nos habita como imagem i<strong>de</strong>alizada, e até certo pontoromântica, da oficina do mestre artesão, e <strong>sobre</strong> isso <strong>se</strong> faz necessário compreen<strong>de</strong>r einterpretar a este espaço. O ateliê <strong>de</strong> D. Olinda e Seu Petrolino é umajustaposição/entrecruzamento <strong>de</strong> várias coisas, referências à revistas <strong>de</strong> <strong>de</strong>coração dirigidas àscamadas médias brasileiras, vitrines <strong>de</strong> lojas populares – como as do Mercado Público <strong>de</strong>Florianópolis, com sua capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> abarcar o universo, tal qual um Aleph borgiano. A oficina<strong>de</strong> mestre artesão e o lugar <strong>de</strong> experimentação do artista, <strong>sobre</strong>posto a este, o <strong>de</strong>pósito <strong>de</strong>material, ferramentas e caixas. Referências mescladas, que configuram um espaço assimétrico,

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