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Narrativas sobre o processo de modernizar-se - capes

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Ronaldo <strong>de</strong> Oliveira CorrêaTe<strong>se</strong> <strong>de</strong> Doutorado PPGICH UFSC | outono 2008113ao mesmo tempo subverter a imagem <strong>de</strong> subalternida<strong>de</strong>, resulta na legitimação da participaçãonos circuitos simbólicos <strong>de</strong> consumo, como comenta Seu Petrolino, aí nesta trajetória elacon<strong>se</strong>guiu fazer exposição com ele também (...) e confirma Dona Olinda: É, já tive exposiçãotambém (...).A con<strong>se</strong>qüência material <strong>de</strong>s<strong>se</strong> movimento <strong>de</strong> subordinação e resistência é aconstituição simbólica e/ou moral <strong>de</strong> um cenário novo – o ateliê – em que performances pessoaissão remontadas ou (re)performatizadas, tendo por alegoria uma paródia da personagem dodândi-artista <strong>de</strong>sinteressado e mo<strong>de</strong>rno ao modo <strong>de</strong> um híbrido (e estéril) Kant-Bau<strong>de</strong>leriano 174 .As fórmulas <strong>de</strong> interação social são igualmente resignificadas e atualizadas, novos roteiros<strong>de</strong>vem e são escritos e nestes as narrativas <strong>de</strong>vem <strong>se</strong>r (re)inventadas mais uma vez. Osgêneros do discurso não são mais a piada e a brinca<strong>de</strong>ira <strong>de</strong> cunho erótico, gênero comum nasnarrativas populares em Florianópolis. Há <strong>de</strong> existir neste novo cenário a solenida<strong>de</strong> do espaçoconsagrado a algum tipo <strong>de</strong> aura – perdida ou não encontrada, mas <strong>se</strong>guramente em <strong>processo</strong><strong>de</strong> (re)configuração.Dessa forma, os gêneros discursivos são uma paródia televisiva <strong>de</strong> uma história da arteoci<strong>de</strong>ntal, em que a busca pela legitimação configura um <strong>se</strong>lf-herói dândi, mas ao mesmo tempoingênuo. Um exemplo <strong>de</strong>ste gênero discursivo (paródia), que é remontado na narrativa <strong>de</strong> D.Olinda e <strong>se</strong>u Petrolino, po<strong>de</strong> <strong>se</strong>r visto no <strong>se</strong>guinte fragmento:Fragmento 04Fonte: EN: F01 – O&P – 09/2006. Turnos 55-59P. Como tem gran<strong>de</strong>s artistas, gran<strong>de</strong>s escultores (...) até estavam falando, que hoje é difícilencontrar escultor-escultor, que trabalha com outra arte, ele faz a peça, a obra <strong>de</strong>le pela primeiravez (...) <strong>de</strong>pois ele manda fazer um mol<strong>de</strong> (...)O. Ai ele faz, eles fazem (...) é, eu já vi vários assim (...)E. Ah, é!O. Quer dizer eu já vi no documentário na televisão, né! Que eu ví (...) são os que fazem assim(...) é interessante, porque ele faz pra comércio, porque pra comércio tem que <strong>se</strong>r assim (...) tem174 Tenho em mente a personagem do dândi <strong>de</strong>scrita no texto <strong>sobre</strong> a mo<strong>de</strong>rnida<strong>de</strong> <strong>de</strong> CHARLES BAUDELAIRE. Odândi, na alegoria bau<strong>de</strong>leriana, <strong>se</strong>ria aquele homem, por um lado <strong>de</strong>sinteressado (a), ocioso (a), ávido (a) pordistinção, por outro nunca um homem vulgar ou trivial. São estes <strong>de</strong><strong>se</strong>jos - <strong>de</strong> distinção e <strong>de</strong>sinteres<strong>se</strong> - quei<strong>de</strong>ntifico pre<strong>se</strong>ntes nesta i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong> hifenizada <strong>de</strong> artesão(ã)-artista e que configuro num híbrido qua<strong>se</strong> ao modo do“monstro híbrido” <strong>de</strong> Mary Shelley. Conferir BAUDELAIRE, Charles (1996) Sobre a Mo<strong>de</strong>rnida<strong>de</strong>: o pintor da vidamo<strong>de</strong>rna. Rio <strong>de</strong> Janeiro: Paz e Terra. Sobre a alegoria “mostro híbrido” que utilizo aqui, remeto à grotesca eprofundamente humana personagem do belíssimo romance <strong>de</strong> SHELLEY, Mary. Frankenstein. In: KING, Stephen(org) (2002) Frankensten, Drácula, O médico e o monstro. Rio <strong>de</strong> Janeiro: Ediouro.

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