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Narrativas sobre o processo de modernizar-se - capes

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Ronaldo <strong>de</strong> Oliveira CorrêaTe<strong>se</strong> <strong>de</strong> Doutorado PPGICH UFSC | outono 2008108homem tranqüilo, que trabalha pintando as peças mo<strong>de</strong>ladas por D. Olinda, como <strong>se</strong> estasfos<strong>se</strong>m “telas em branco”: (...) a finalida<strong>de</strong> é a gente trabalhar aqui mesmo no ateliê [em casa]! 169Isso, com o objetivo <strong>de</strong> que os (as) consumidores (as) possam entrar em contato com os<strong>processo</strong>s <strong>de</strong> trabalho, <strong>se</strong>us espaços (cenários), vejam os (as) artesãos (ãs) produzindo, eassim, valorem (simbólica e economicamente) a experiência vivida e compartilhada e,con<strong>se</strong>qüentemente, os objetos. Para estes artesãos - Petrolino e Olinda - o ateliê converte-<strong>se</strong> emuma estratégia <strong>de</strong> in<strong>se</strong>rção em um circuito <strong>de</strong> consumo cultural, cuja atrativida<strong>de</strong> recai no<strong>de</strong>slocamento dos significados <strong>de</strong> alienação ou supérfluo, associado às práticas <strong>de</strong> consumo.Este <strong>de</strong>slocamento institui em lugar da “alienação consumista”, a vivência <strong>de</strong> experências únicasmediadas pelo contato interpessoal entre consumidor (a) e artesão (ã). Esta relação tem <strong>se</strong>uponto mais alto na possibilida<strong>de</strong> do (a) consumidor (a) interferir na produção plástica artesanal,<strong>se</strong>ntindo-<strong>se</strong> co-autor (a) “espiritual” dos objetos que consome.Todavia, esta proposição <strong>de</strong> experiência ao (à) consumidor (a) também tem um efeito no(a) artesão (ã). Este (a), ao vivenciar o reconhecimento <strong>de</strong> autor (a), subverte radicalmente opressuposto <strong>de</strong> anonimato associado ao sistema <strong>de</strong> objetos artesanais. O ateliê converte-<strong>se</strong>,assim, no lugar simbólico – alegórico, cenográfico - on<strong>de</strong> o artesão (ã) ganha corpo –materialida<strong>de</strong> e performance -, <strong>de</strong>ixa <strong>de</strong> <strong>se</strong>r um grupo social, uma etnia, e passa a <strong>se</strong>rindivíduo/autor (a). Ele (ela) passa a <strong>se</strong>r dono (a) dos jeitos, das maneiras <strong>de</strong> imprimir-<strong>se</strong> no eatravés do barro. Dono (a) das formas <strong>de</strong> narrar suas experiências e <strong>de</strong> interpretar as coisas queo cercam em conjuntos <strong>de</strong> enunciados objetualizados, mo<strong>de</strong>lados <strong>sobre</strong> e a partir das narrativasvisuais e verbais tradicionais, i.é., festas religiosas, folguedos, histórias, performances pessoais,textos orais ou escritos, personagens, memórias, entre outros.O (a) artesão (ã) explicita, nesta estratégia <strong>de</strong> trazer para <strong>de</strong>ntro do ateliê o consumidor,sua versão do mundo, que necessariamente <strong>de</strong>ve <strong>se</strong>r distinta daquela do consumidor – mesmoque ambos compartam códigos, textos, imagens e imaginações. Sobre isso, D. Olinda, artesãpor escolha e por contingências da vida – pois “casou-<strong>se</strong>”, dito <strong>de</strong> forma reticente -, mãe <strong>de</strong> trêsfilhos homens, comenta: aí começaram a vim ((ao ateliê)), e a diferenciar meu trabalho, porquecada um tem um jeito (...) 170 e completa (...) Porque o meu eu comecei a fazer da minha169 EN: F01 – O&P – 09/2006. Turno 132.170 EN: F01 – O&P – 09 / 2006. Turno 111.

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