20.07.2015 Views

Narrativas sobre o processo de modernizar-se - capes

Narrativas sobre o processo de modernizar-se - capes

Narrativas sobre o processo de modernizar-se - capes

SHOW MORE
SHOW LESS

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

Ronaldo <strong>de</strong> Oliveira CorrêaTe<strong>se</strong> <strong>de</strong> Doutorado PPGICH UFSC | outono 2008106sociabilida<strong>de</strong> primeira, ela é refuncionalizada 163 , a meio caminho entre o lugar <strong>de</strong>familiarida<strong>de</strong>/ócio e o lugar <strong>de</strong> trabalho. Todavia, este lugar <strong>de</strong> trabalho é (re)significado paraabarcar um <strong>se</strong>ntido ambíguo <strong>de</strong> oficina e <strong>de</strong> vitrina, qual um dispositivo “amoroso” construído aomodo <strong>de</strong> uma cenografia doméstica/comercial que instaura suas personagens e performances: osujeito do querer (o consumidor) e o (a) artesão (ã)-comerciante.Para isso afirmar, tomo a <strong>de</strong>finição e tipificação <strong>de</strong> vitrina realizada por OLIVEIRA 164 .Para esta autora a vitrina “(...) é um intrincado palco <strong>de</strong> relações significantes (...)” 165 , dito <strong>de</strong>outra forma, as vitrinas são espaços <strong>de</strong> manipulação da modalida<strong>de</strong> do querer, através dasartimanhas <strong>de</strong> mostrar ou do fazer ver e do querer-<strong>se</strong> visto. A vitrina e o ateliê/vitrina são,<strong>de</strong>veras, a mediação das relações sociais envolvidas nos circuitos <strong>de</strong> trocas comerciais esimbólicas que constituem a economia política e simbólica do artesanato/cultura popular.Para sua tipificação, OLIVEIRA analisa, a partir da <strong>se</strong>miótica discursiva (especialmente aGreimasiana e <strong>de</strong> pesquisadores <strong>de</strong> distintos campos reunidos a partir do final dos anos <strong>de</strong> 1960em Paris, na Ecole <strong>de</strong> Hautes Etu<strong>de</strong>s em Sciences Sociales - EHESS), algumas lojas localizadasao longo <strong>de</strong> uma rua <strong>de</strong> Paris na França. Seu “pas<strong>se</strong>io” pela Rue Bréa <strong>de</strong> Montparnas<strong>se</strong> expõemecanismos materiais e simbólicos que permitem (re)pensar a mediação, ou <strong>se</strong>ja, as vitrinas aomodo <strong>de</strong> “autênticos palcos nos quais <strong>se</strong> encenam os modi vivendi [<strong>de</strong> um tipo <strong>de</strong>] socieda<strong>de</strong>” 166oci<strong>de</strong>ntal, em especial a francesa.Suas tipologias têm por ba<strong>se</strong> a i<strong>de</strong>ntificação das matrizes <strong>de</strong> arranjos (os recursospersuasivos mais explorados e a i<strong>de</strong>ntificação dos modos específicos <strong>de</strong> organização). Naformulação da autora: “Numa posição <strong>de</strong> mediadora entre dois espaços, o da loja – o interior – e163 A noção <strong>de</strong> refuncionalização é outro dispositivo teórico importante em minha estruturação teórica. Tomo comopartida a caracterização que GARCIA CANCLINI faz, a saber: qual estratégia <strong>de</strong> <strong>de</strong>scontextualização eresignificação realizada pelas culturas hegemônicas em relação às populares/subalternas. Ou <strong>se</strong>ja, não é somente o<strong>de</strong>slocamento das formas sociais <strong>de</strong> produção artesanal em direção às formas <strong>de</strong> mo<strong>de</strong>rnização <strong>de</strong> <strong>se</strong>us repertórios(simbólicos, econômicos, históricos, performáticos, e outros), mas, a perda dos contextos, o exílio do espaçopopular e <strong>se</strong>u <strong>de</strong>slocamento para outros cenários: o urbano, a cultura do consumo, o mu<strong>se</strong>u e a galeria/boutique.Conferir GARCIA CANCLINI, Néstor (2002) op. cit.164 OLIVEIRA, Ana Claudia <strong>de</strong> (1997) op. cit.165 I<strong>de</strong>m, p. 15. Minha escolha pela abordagem <strong>de</strong> OLIVEIRA apóia-<strong>se</strong> nas ob<strong>se</strong>rvações construídas na forma <strong>de</strong>questionamentos <strong>de</strong> FLOCH <strong>sobre</strong> a investigação <strong>de</strong>sta autora, a saber: “(...) uma tipologia das vitrinas comomediação entre interior e exterior po<strong>de</strong>rá ajudar a distinguir espaços comerciais tão diferentes, como a barraca <strong>de</strong>feira, <strong>de</strong> camelô, a casa <strong>de</strong> comércio, a loja, a boutique ou o stand? Po<strong>de</strong>r-<strong>se</strong>-ia esperar uma contribuição da<strong>se</strong>miótica aos estudos históricos das formas <strong>de</strong> espaço comercial? (...) <strong>se</strong>ja como for, es<strong>se</strong>s espaços comerciaisque são as vitrinas <strong>se</strong> prestam a diversas ‘cenografias do querer’ – como <strong>se</strong> fala das ‘cenografias do po<strong>de</strong>r’. Apesquisa <strong>de</strong><strong>se</strong>nvolvida pela autora po<strong>de</strong>ria esten<strong>de</strong>r-<strong>se</strong> a outras formas <strong>de</strong> cenografias do querer”. FLOCH, Jean-Marie. Apre<strong>se</strong>ntação. In: I<strong>de</strong>m, p. 11.166 I<strong>de</strong>m, p. 25.

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!