20.07.2015 Views

Narrativas sobre o processo de modernizar-se - capes

Narrativas sobre o processo de modernizar-se - capes

Narrativas sobre o processo de modernizar-se - capes

SHOW MORE
SHOW LESS

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

Ronaldo <strong>de</strong> Oliveira CorrêaTe<strong>se</strong> <strong>de</strong> Doutorado PPGICH UFSC | outono 2008105sociais <strong>de</strong> produção artesanal nestes contextos, como parte das práticas domésticas <strong>de</strong>reprodução <strong>de</strong> <strong>processo</strong>s biológicos (como alimentar-<strong>se</strong>, proteger-<strong>se</strong>, reproduzir-<strong>se</strong>, entreoutros). Todavia, ao ob<strong>se</strong>rvar mais cuidadosamente o contexto que investigo, percebo que aconstrução do ateliê e sua proximida<strong>de</strong> com a casa é uma estratégia ambígua, gerada pelanecessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> atualização/especialização dos espaços <strong>de</strong> trabalho. Estes espaços <strong>se</strong>guem umtipo <strong>de</strong> racionalida<strong>de</strong> capitalista <strong>de</strong> práticas produtivas e industriais especializadas. Por outrolado, esta estratégia está fundada no <strong>de</strong><strong>se</strong>jo <strong>de</strong> manutenção das relações familiares, ou <strong>se</strong>ja, <strong>de</strong>um tipo <strong>de</strong> domesticida<strong>de</strong>.Acredito que mesmo o artesanato rural, campesino ou étnico, não po<strong>de</strong> <strong>se</strong>r abordadocomo (re)produção <strong>de</strong> <strong>processo</strong>s biológicos, visto que suas formas sociais <strong>de</strong> produção esistemas <strong>de</strong> objetos estão relacionadas à circulação econômica, comunicativa ou simbólica, e àsformas <strong>de</strong> hierarquização ou organização social. Justifica esta crença, mesmo <strong>se</strong>ndo os ateliêsnestes contextos as casas <strong>de</strong>stes artesãos (ãs) e o sistema <strong>de</strong> objetos referirem-<strong>se</strong> usualmenteàs práticas cotidianas, mas não exclusivamente, o rasgo característico da produção materialestética popular (subalterna) 161 rural ou urbana <strong>de</strong> interpretar, reforçar e comunicar interes<strong>se</strong>s <strong>de</strong>clas<strong>se</strong>, <strong>se</strong>rvindo assim como objetos i<strong>de</strong>ológicos. Ou <strong>se</strong>ja, entendo esta produção como veículosmateriais <strong>de</strong> crenças que são negociadas socialmente, não <strong>se</strong>ndo verda<strong>de</strong>iras ou falsas, ma<strong>se</strong>xpressões <strong>de</strong> interes<strong>se</strong>s <strong>de</strong> grupos subalternos em face <strong>de</strong> outros interes<strong>se</strong>s conflitivos <strong>de</strong>grupos sociais hegemônicos 162 .O ateliê urbano configura-<strong>se</strong>, <strong>de</strong>ssa forma, como espaço <strong>de</strong> sínte<strong>se</strong> dos <strong>processo</strong>s <strong>de</strong>trabalho, armazenamento e, em alguns casos, exposição e comercialização da produção. Eleestá localizado próximo ou constituindo parte da casa, enquanto mais um <strong>de</strong> <strong>se</strong>us espaço<strong>se</strong>specializados. A casa, portanto, não é somente espaço <strong>de</strong> (re)produção da intimida<strong>de</strong>, ou da161 Na escritura <strong>de</strong> todos os capítulos, utilizo a grafia cultura popular/subalterna, com a mesma crença que GARCIACANCLINI a respeito <strong>de</strong>sta categoria: (...) A<strong>de</strong>más percibo outro valor en la noción <strong>de</strong> culturas populares; sirve pararegistrar procesos <strong>de</strong> subalternidad o exclusión que no <strong>se</strong> eliminan en la globalización. En tanto ésta no és simpleinter<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ncia económica y comunicativa entre las culturas locales con la finalidad <strong>de</strong> homogeneizarlas,necessitamos <strong>se</strong>guir hablando <strong>de</strong> culturas populares para enten<strong>de</strong>r la producción diversa <strong>de</strong> lo local y la <strong>de</strong>sigualmasividad <strong>de</strong> los intercambios simbólicos. GARCIA CANCLINI, Néstor (2002) op. cit. p. 30.162 Esta justificativa está em consonância com o conceito <strong>de</strong> I<strong>de</strong>ologia apre<strong>se</strong>ntado anteriormente, para isso verVILLORO, Luis. (2007) op. cit.; <strong>sobre</strong> esta visão a respeito da produção artística artesanal étnica/rural/campesina(<strong>se</strong>m aqui, entrar em <strong>de</strong>talhes que obscurecem ou iluminam cada uma <strong>de</strong>stas categorias) como sistema <strong>de</strong> objetosi<strong>de</strong>ológicos, ver ORTIZ ANGULO, Ana (1990) Definición y Classificación <strong>de</strong>l Arte Popular. México: Instituto Ncional<strong>de</strong> Antropolgia y História. (Coleccion Cientifica). Ver também, todavia com muitas ressalvas, o ensaio <strong>de</strong> MEZA,Wilma. El artesano y su trabajo. In: Boletin <strong>de</strong>l Departamento <strong>de</strong> Investigación <strong>de</strong> las Tradiciones Populares, Nº. 4,1977. México: Direción General <strong>de</strong> Arte Popular: Secretaria <strong>de</strong> Educación Pública.

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!