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0JASMINE CARDOZO MOREIRAPATRIMÔNIO GEOLÓGICO EM UNIDADES DE CONSERVAÇÃO:ATIVIDADES INTERPRETATIVAS, EDUCATIVAS E GEOTURÍSTICASFlorianópolis2008

0JASMINE CARDOZO MOREIRAPATRIMÔNIO GEOLÓGICO EM UNIDADES DE CONSERVAÇÃO:ATIVIDADES INTERPRETATIVAS, EDUCATIVAS E GEOTURÍSTICASFlorianópolis2008


1Universida<strong>de</strong> Fe<strong>de</strong>ral <strong>de</strong> Santa CatarinaCentro <strong>de</strong> Filosofia e Ciências HumanasPrograma <strong>de</strong> Pós-Graduação <strong>em</strong> GeografiaJasmine Cardozo MoreiraPatrimônio Geológico <strong>em</strong> Unida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> Conservação: ativida<strong>de</strong>sinterpretativas, educativas e geoturísticasProf. Dr. João José BigarellaOrientadorTESE DE DOUTORADOÁrea <strong>de</strong> Concentração: Utilização e Conservação dos Recursos NaturaisFlorianópolis/SC, Dez<strong>em</strong>bro <strong>de</strong> 2008


2Patrimônio <strong>geológico</strong> <strong>em</strong> Unida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> Conservação: ativida<strong>de</strong>s interpretativas,educativas e geoturísticasJasmine Cardozo MoreiraCoor<strong>de</strong>nador: Carlos José EspíndolaTese submetida ao Programa <strong>de</strong> Pós-Graduação <strong>em</strong> Geografia, área <strong>de</strong>concentração <strong>de</strong> Utilização e Conservação dos Recursos Naturais, do Centro <strong>de</strong>Filosofia e Ciências Humanas da Universida<strong>de</strong> Fe<strong>de</strong>ral <strong>de</strong> Santa Catarina, <strong>em</strong>cumprimento aos requisitos necessários à obtenção do grau acadêmico <strong>de</strong> Doutor<strong>em</strong> Geografia.Presi<strong>de</strong>nte: ___________________________Prof. Dr. João José Bigarella (UFSC)M<strong>em</strong>bro: _____________________________Prof. Dr. Carlos Hugo Rocha (UEPG)M<strong>em</strong>bro: _____________________________Prof. Dr. Gilson Burigo Guimarães (UEPG)M<strong>em</strong>bro:_____________________________Profª Drª Maria Lúcia <strong>de</strong> Paula Hermann (UFSC)M<strong>em</strong>bro: _____________________________Profª Drª Raquel Maria Fontes do Amaral Pereira (UFSC)Florianópolis, 01 <strong>de</strong> Dez<strong>em</strong>bro <strong>de</strong> 2008


Dedico este trabalho aos meus pais, que me ensinarama importância do estudo e o gosto pelas viagens e aminha tia Maria Aparecida (in m<strong>em</strong>orian) que s<strong>em</strong>pr<strong>em</strong>e incentivou a estudar Geografia.3


4AGRADECIMENTOSAgra<strong>de</strong>ço ao meu orientador, Prof. Dr. João José Bigarella, pela disponibilida<strong>de</strong>, confiança epor todas as oport<strong>unida<strong>de</strong>s</strong> oferecidas, ensinamentos <strong>de</strong> vida e profissionais, essenciaispara o meu amadurecimento enquanto pesquisadora.Aos colegas professores da UEPG;Foz do Iguaçu: Ibama – Parque Nacional do Iguaçu; Macuco Safári; Hotel Tropical dasCataratas; Canyon Iguaçu Aventuras (Marcelo Skaff); Helisul; Escola Parque PNI, IsmaelNobre.Argentina: CIES – AR; Administracion <strong>de</strong> Los Parques Nacionales (Argentina)Parque Estadual <strong>de</strong> Vila Velha: Paulo Drabik, Isiele Melo da Silva e Antonio Schmiguel;Fernando <strong>de</strong> Noronha: Centro Golfinho Rotador (José Martins, Fabiana Cava e IvanSantana); Márcio Dumel; Gloria Wei; Águas Claras Operadora <strong>de</strong> Mergulho; Projeto TAMAR(Alice Grossman, Rafael Robles);Espanha: Prof. Dr. Guillermo Mellen<strong>de</strong>z (UNIZAR); Fundación Carolina; Maria Angelez Acin;Portugal: Prof. Dr. José Brilha (UMINHO)Estados Unidos: Tom Med<strong>em</strong>a (Yos<strong>em</strong>ite National Park), Brian e Dani;Austrália: Prof. Ross Dowling e Prof. David NewsomeE a todos aqueles que <strong>de</strong> uma forma ou <strong>de</strong> outra me apoiaram e enten<strong>de</strong>ram as minhasausências...


5A verda<strong>de</strong>ira viag<strong>em</strong> <strong>de</strong> <strong>de</strong>scoberta não consiste <strong>em</strong> sair àprocura <strong>de</strong> novas paisagens, mas <strong>em</strong> ver com novos olhos.Marcel Proust


6RESUMOEsta tese trata <strong>de</strong> t<strong>em</strong>áticas voltadas ao Turismo e as Geociências, aliada ageo<strong>conservação</strong> e interpretação dos ambientes naturais, visto que um maiorentendimento sobre o nosso <strong>patrimônio</strong> <strong>geológico</strong> po<strong>de</strong> ser facilitado através dorepasse a<strong>de</strong>quado <strong>de</strong> informações relativas à interpretação ambiental. Com oobjetivo <strong>de</strong> justificar a importância da divulgação das geociências a visitantes <strong>de</strong>Unida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> Conservação, comunida<strong>de</strong> e geoturistas, utilizando meiosinterpretativos relativos à geologia e geomorfologia, viabilizando uma melhorcompreensão do <strong>patrimônio</strong> <strong>geológico</strong> e o incentivo ao geoturismo, este estudo <strong>de</strong>caso envolve três Unida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> Conservação: o Parque Estadual <strong>de</strong> Vila Velha (PR),Parque Nacional do Iguaçu (PR) e Parque Nacional Marinho <strong>de</strong> Fernando <strong>de</strong>Noronha (PE). O <strong>em</strong>basamento teórico engloba aspectos relativos à geologia,geomorfologia, turismo <strong>em</strong> áreas naturais, geoturismo, geo<strong>conservação</strong>,geoparques, interpretação e educação ambiental. Os resultados inclu<strong>em</strong> os Pontos<strong>de</strong> Interesse Geo-Didático e a análise dos questionários aplicados a professores doEnsino Público <strong>de</strong> Ponta Grossa. São feitas consi<strong>de</strong>rações a respeito das açõesvisando a interpretação do ambiente <strong>em</strong> relação aos aspectos <strong>geológico</strong>s egeomorfológicos, englobando os cursos para condutores, a análise dosquestionários aplicados aos participantes <strong>de</strong>ste curso, excursões e roteiros,palestras, material impresso, painéis interpretativos e a análise dos questionáriosaplicados aos visitantes do PNI e PEVV, material áudio-visual, website, jogos, epropostas <strong>de</strong> geoeducação. E, num terceiro momento, são feitas as recomendaçõespara o <strong>de</strong>senvolvimento do Geoturismo <strong>em</strong> regiões que apresentam potencial,consi<strong>de</strong>rações a respeito do Formulário da UNESCO para integrar a Re<strong>de</strong> Mundial<strong>de</strong> Geoparques e por fim a proposta <strong>de</strong> criação <strong>de</strong> uma Re<strong>de</strong> Brasileira <strong>de</strong>Geoparques. Conclui-se que há atrativos <strong>geológico</strong>s e geomorfológicos relevantespara a realização <strong>de</strong> ativida<strong>de</strong>s educativas, interpretativas e roteiros geoturisticos, ogeoturismo po<strong>de</strong> ser <strong>de</strong>senvolvido nas UCs pesquisadas e a comunida<strong>de</strong> e osvisitantes têm o interesse <strong>em</strong> conhecer mais sobre os aspectos <strong>geológico</strong>s. Por fimverificou-se a necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> projetos, incentivo, capacitação e planejamentoa<strong>de</strong>quado para que as ativida<strong>de</strong>s ligadas à interpretação do <strong>patrimônio</strong> <strong>geológico</strong>aos visitantes sejam realizadas <strong>de</strong> maneira satisfatória.Palavras chave: Patrimônio Geológico, geoturismo, interpretação ambiental,geoparques.


7ABSTRACTThis thesis treats about tourism and geo-sciences allied with geoconservation an<strong>de</strong>nvironmental interpretation because a better un<strong>de</strong>rstanding about our geologicalheritage can be facilitated with the correct environmental interpretation. The mainobjective was to justify the importance of the communication of the geo-sciences tovisitors of Parks, community and geoturists, making possible a better un<strong>de</strong>rstandingof the geologic patrimony and the incentive to the geoturismo. This study of caseinvolves three Parks: the Vila Velha State Park (PR), Iguassu National Park (PR) andFernando <strong>de</strong> Noronha Marine National Park (PE). Geology, geomorphology, tourismin natural areas, geotourism, geoconservation, Geoparks and environmentaleducation and interpretation are treated, and the results inclu<strong>de</strong> the “Points of Geo-Didactic Interest”, and the analysis of the applied questionnaires the professors of thecity of Ponta Grossa. Here are presented actions about the environmentalinterpretation with the geologic aspects, like the training courses, analysis of thequestionnaires applied to the participants of this course, tours, talks, field gui<strong>de</strong>s,interpretative panels and the analysis of the questionnaires applied to the visitors ofthe Parks, DVD, website, games, and proposals of geoeducation. Concluding, ar<strong>em</strong>a<strong>de</strong> recommendations for the <strong>de</strong>velopment of the Geotourism in regions thatpresent potential, aspects about the Form of UNESCO to integrate the GeoparksNetwork and the proposal of creation of a Brazilian Geopark Network. In this way, it isconclu<strong>de</strong>d that we have attractive geologic and geomorphological aspects, excellentfor the accomplishment of interpretative, geoturistic and educative activities, thegeotourism can be ma<strong>de</strong> in the researched Parks, the community and the visitorshave the interest in knowing more about the geologic aspects. Finally, it was verifiedthe necessity of projects, incentive, qualification and a<strong>de</strong>quate planning, just with thisaspects the interpretation of the geologic heritage to the visitors can be satisfactory.Key-words: Geological Heritage, geotourism, geoparks, environmentalinterpretation.


8LISTA DE ILUSTRAÇÕESFIGURA 01- Fatores condicionantes do geoturismo. ........................................... 71FIGURA 02- Selo concedido pela UNESCO aos Geoparques integrantes da Re<strong>de</strong>Mundial <strong>de</strong> Geoparques ....................................................................................... 96FIGURA 03- Geoparque <strong>de</strong> Maesztrasgo (Espanha) e o Selo da Re<strong>de</strong> Européia <strong>de</strong>Geoparks ............................................................................................................. 97FIGURA 04 – Mapa da Re<strong>de</strong> Mundial <strong>de</strong> Geoparques ...................................... 100FIGURA 05 – Parque Nacional Bryce Canyon e Parque Nacional Grand Canyon(EUA).................................................................................................................... 101FIGURA 06 – Mapa <strong>de</strong> Localização do Parque Estadual <strong>de</strong> Vila Velha .............. 110FIGURA 07- Mapa <strong>geológico</strong> do Estado do Paraná entre Ponta Grossa e Lapa . 120FIGURA 08- Seção geológica esqu<strong>em</strong>ática passando pela Lagoa Dourada e VilaVelha .................................................................................................................... 121FIGURA 09- As linhas amarelas d<strong>em</strong>onstram a estratificação cruzada que po<strong>de</strong> serobservada no Arenito Furnas .............................................................................. 123FIGURA 10 - Superfície <strong>de</strong> contato entre o <strong>em</strong>basamento cristalino (filitos do GrupoAçungui) e o Arenito Furnas representando um extenso pediplano sobre o qual omar transgrediu. ................................................................................................. 124FIGURA 11 - Setas indicando as direções médias das paleocorrentes <strong>de</strong>duzidas dasseqüências ordovicianas e/ou silurianas da África e América do Sul. .................. 126FIGURA 12- Paleocorrentes dos arenitos das Formações Furnas e Caacupé, naBacia do Paraná .................................................................................................. 128FIGURA 13- Mapa d<strong>em</strong>onstrando isópacas nas Formações Furnas e Ponta Grossa............................................................................................................................. 129FIGURA 14- Esqu<strong>em</strong>a d<strong>em</strong>onstrativo do avanço da geleira na região dos CamposGerais .................................................................................................................. 132FIGURA 15 – Estrias glaciais <strong>em</strong> Witmarsum –(Palmeira-PR) ........................... 133FIGURA 16 – Localização e orientação das estrias produzidas pelas glaciações doCarbonífero Superior no Segundo Planalto do Paraná ....................................... 134FIGURA 17 - Sentido das paleocorrentes. ........................................................... 135


9FIGURA 18 - Direções principais <strong>de</strong> diáclases ..................................................... 137FIGURA 19 - Desenho representando o avanço e recuo das geleiras,respectivamente ................................................................................................... 138FIGURA 20 - Construção da estrada interna; Abertura <strong>de</strong> trincheiras, acompanhadaspelo orientador ..................................................................................................... 139FIGURA 21 - Varvito recém encontrado e a d<strong>em</strong>onstração da seqüência <strong>de</strong> estratos............................................................................................................................. 140FIGURA 22 - Esqu<strong>em</strong>a representativo <strong>de</strong> um lago periglacial on<strong>de</strong> foram<strong>de</strong>positados varvitos ............................................................................................. 141FIGURA 23 - Arqueamento da superfície sugere a compactação das camadasargilosas do varvito e <strong>em</strong>baciamento do Arenito .................................................. 142FIGURA 24 - Aspecto do escoamento superficial nas pare<strong>de</strong>s do Arenito Vila Velha............................................................................................................................. 145FIGURA 25 - Esboço mostrando um bloco <strong>de</strong> arenito ......................................... 145FIGURA 26 - Aspecto aproximado da forma <strong>de</strong>nominada faveolamento ............. 146FIGURA 27 - Muscíneas e pequenos líquens crustáceos e bromeliácea, nasuperfície do Arenito Vila Velha ........................................................................... 148FIGURA 28 - Formas s<strong>em</strong>elhantes a pequenos vulcões...................................... 149FIGURA 29-Forma s<strong>em</strong>elhante a um pequeno vulcão (inteiro e após raspag<strong>em</strong>) 150FIGURA 30 - Plantas na superfície do Arenito Vila Velha .................................... 152FIGURA 31 - Interpretação da evolução das Formas do Parque Estadual <strong>de</strong> VilaVelha .................................................................................................................... 155FIGURA 32 - Diaclasamento preenchido com óxido <strong>de</strong> ferro e óxido manganês . 157FIGURA 33 - Representação e Imbricamento no Arenito Vila Velha ................... 158FIGURA 34 - Estruturas que pod<strong>em</strong> ser observadas nos Arenitos ...................... 159FIGURA 35 - Representação e forma conhecida como “ Bota “........................... 160FIGURA 36 - Representação e forma conhecida como “ Leão “.......................... 160FIGURA 37 - Representação e aspecto das feições ruiniformes ......................... 162FIGURA 38 - Esboço esqu<strong>em</strong>ático das Formas erosivas <strong>de</strong> Vila Velha e o padrão dosist<strong>em</strong>a <strong>de</strong> diaclasamento .................................................................................... 162FIGURA 39 - Representação e forma conhecida como Taça: aspecto ruiniforme <strong>em</strong>forma <strong>de</strong> torre ....................................................................................................... 163FIGURA 40 - Representação e forma conhecida como “Camelo”........................ 164FIGURA 41 - Juntas poligonais ............................................................................ 165


10FIGURA 42 - Faveolamento ................................................................................. 166FIGURA 43 - Tafone............................................................................................. 167FIGURA 44 - Bacia <strong>de</strong> Dissolução ....................................................................... 168FIGURA 45 - Pseudo-lapiés ................................................................................. 170FIGURA 46 - Evolução das formas dos pseudo-lapiés ........................................ 170FIGURA 47 - Representação da evolução das formas dos pseudo-lapiés........... 171FIGURA 48 - Representação e foto da figura conhecida como “Noiva” ............... 171FIGURA 49 - Caneluras <strong>em</strong> avançado estado erosivo, na borda do platô ........... 172FIGURA 50 - Representação <strong>de</strong> bacias <strong>de</strong> dissolução com caneluras que evolu<strong>em</strong>na pare<strong>de</strong> do arenito ............................................................................................ 173FIGURA 51 - Representação e forma conhecida como “Garrafa”........................ 173FIGURA 52 - Faixas coloridas no Arenito, <strong>de</strong>nominadas Anéis <strong>de</strong> Liesegang ..... 174FIGURA 53 - Fendas e Corredores na Trilha dos Arenitos .................................. 175FIGURA 54 - Representação <strong>de</strong> um sist<strong>em</strong>a <strong>de</strong> diáclases enriquecidas com oxidohidratado <strong>de</strong> ferro observadas no Platô dos Arenitos ........................................... 176FIGURA 55 - Diáclases e fraturas <strong>em</strong> um bloco do Arenito Vila Velha ................ 177FIGURA 56 - Furna Um e o elevador ................................................................... 179FIGURA 57 - Lagoa Dourada ............................................................................... 181FIGURA 58 - Cachoeira e corre<strong>de</strong>iras na área do PEVV ..................................... 182FIGURA 59 - Pedra Suspensa ............................................................................. 183FIGURA 60 - Formas s<strong>em</strong>elhantes ao faveolamento ........................................... 183FIGURA 61 - Marca <strong>de</strong> ondulação no arenito periglacial <strong>de</strong>positado durante o recuodas geleiras no Carbonífero Superior ................................................................... 184FIGURA 62 - Localização do Parque Nacional do Iguaçu .................................... 187FIGURA 63 - Esboço do Perfil Geológico do Estado do Paraná .......................... 193FIGURA 64 - A Bacia do Paraná e a extensão <strong>de</strong> seus <strong>de</strong>rrames no Brasil,representada na figura com a cor ver<strong>de</strong> ............................................................... 194FIGURA 65 - Derrames observados nas Cataratas ............................................. 195FIGURA 66 - Patamares antigos e indicação <strong>de</strong> patamar <strong>em</strong>brionário próximo aGarganta do Diabo ............................................................................................... 196FIGURA 67 - Meláfiros com vesículas preenchidas por minerais ........................ 197FIGURA 68 - Decomposição Esferoidal observada próximo ao Cais do MacucoSafári .................................................................................................................... 199FIGURA 69 - Desagregação das rochas e o papel da vegetação ........................ 200


11FIGURA 70 - As linhas amarelas indicam diáclases verticais e horizontais ........ 200FIGURA 71 - As Cataratas e canyon do Rio Iguaçu, que se precipita lateralmentenuma fenda tectônica ........................................................................................... 202FIGURA 72 - Localização do Arquipélago <strong>de</strong> Fernando <strong>de</strong> Noronha, próxima página)............................................................................................................................. 206FIGURA 73 - Mapa <strong>de</strong> Geografia e Praias <strong>de</strong> Fernando <strong>de</strong> Noronha .................. 205FIGURA 74 - Mapa <strong>geológico</strong> <strong>de</strong> Almeida (1955) simplificado por M. C. N. Ulbrich(1994)................................................................................................................... 217FIGURA 75 - Rocha da Formação Quixaba que apresenta <strong>de</strong>composição esferoidale ao lado o Arenito Caracas próximo a Ilha do Meio ............................................ 219FIGURA 76 – Esboço <strong>de</strong> Perfil Esqu<strong>em</strong>ático leste-oeste do edifício vulcânico doArquipélago <strong>de</strong> Fernando <strong>de</strong> Noronha, cuja base está a 4.000 metros <strong>de</strong>profundida<strong>de</strong> ........................................................................................................ 221FIGURA 77 - Dique na Enseada da Caieira (a) e a Baía dos Porcos e a tonalida<strong>de</strong><strong>de</strong> suas águas durante a maior parte do ano ....................................................... 225FIGURA 78 - Praia do Air France (a) e a Baia <strong>de</strong> Santo Antonio e Praia da Biboca (b)............................................................................................................................. 226FIGURA 79 - Rochas da Formação R<strong>em</strong>édios, na base do Morro do Pico eesquerda da Praia do Boldró (a) e rochas na Praia do Bo<strong>de</strong> (b) ....................... 227FIGURA 80 - Baía dos Porcos ............................................................................. 228FIGURA 81 - Vista aérea da Praia do Sancho e ao lado a Baía dos Golfinhos ... 228FIGURA 82 - Representação e figura da Ilha Morro do Leão, na Praia do Leão . 229FIGURA 83 - Ponta das Caracas e ao lado a Baía do Sueste vista da PousadaMaravilha .............................................................................................................. 230FIGURA 84 –Praia da Atalaia, com a Ilha do Fra<strong>de</strong> ao fundo e a Enseada da Caieira............................................................................................................................. 231FIGURA 85 - Detalhe da Ilha Rata, próximo ao ponto <strong>de</strong> mergulho <strong>de</strong>nominadoBuraco do Inferno, e ao lado a Ilha do Meio, formada por calcarenitos ............... 232FIGURA 86 - Buraco da Raquel (a) e <strong>de</strong>talhe aproximado do Portal da Sapata (b)............................................................................................................................. 234FIGURA 87 - Pedra do Pião, localizada entre as Praias do Meio e Conceição .... 234FIGURA 88 - Morro do Pico, o maior fonólito da Formação R<strong>em</strong>édios. Para muitos oMorro se ass<strong>em</strong>elha a uma sereia ....................................................................... 235


12FIGURA 89 - Gruta do Capitão Kid (a) e a Pedra da Bigorna e ao fundo Ilha SãoJosé (b) ................................................................................................................ 236FIGURA 90 - Ilhas Dois Irmãos, vistas do alto da Baia dos Porcos ..................... 236FIGURA 91 - Três estágios representando a erosão na região dos Dois Irmãos . 237FIGURA 92 - Roteiros por zonas geoturistícas <strong>em</strong> Sobrarbe (Espanha) e estratégias<strong>de</strong> divulgação <strong>de</strong> atrativos do entorno, <strong>em</strong> Zion (EUA) ........................................ 260FIGURA 93 - “Talks” sobre geologia no Grand Canyon (Arizona - USA) e palestrasnoturnas ao ar livre <strong>em</strong> Yos<strong>em</strong>ite (Califórnia - USA) ............................................ 262FIGURA 94 - A Lava Flow Trail – Guias <strong>de</strong> campo disponíveis todo o t<strong>em</strong>po epainéis interpretativos abordando a<strong>de</strong>quadamente os aspectos <strong>geológico</strong>s........ 263FIGURA 95 - Livros e Guias <strong>geológico</strong>s disponíveis no Parque Nacional Zion (Utah-USA) e ausência <strong>de</strong> livros e guias <strong>de</strong> campo no PNI ........................................... 265FIGURA 96- Painel Interpretativo retangular no Parque Nacional Death Valley(Califórnia – USA) e no Parque Nacional Grand Canyon (Arizona – USA) ......... 265FIGURA 97 - Painel interpretativo realizado pela Mineropar, no PNI e no PEVVrespectivamente ................................................................................................... 267FIGURA 98 - Painéis feitos pela Hang Loose e painéis feitos <strong>em</strong> parceria com aVisa, relacionado aos aspectos históricos ............................................................ 268FIGURA 99 - Auditório para a exibição contínua <strong>de</strong> ví<strong>de</strong>os <strong>em</strong> Yos<strong>em</strong>ite (USA) eAuditório do Projeto Tamar ICM-Bio <strong>em</strong> Fernando <strong>de</strong> Noronha ........................... 269FIGURA 100 - Jogos <strong>em</strong> Dinópolis (Espanha) (a); e jogos disponíveis utilizando o<strong>patrimônio</strong> natural americano (<strong>em</strong> Zion – USA) (b) ............................................. 272FIGURA 101 - Detalhe da exposição referente ao Varvito <strong>de</strong> Itu, <strong>em</strong> Barcelona(Espanha) e a exposição no Geoparque do Araripe (Ceará) ............................... 273FIGURA 102 - Projeto arquitetônico do Museu <strong>de</strong> Geologia e Paleontologia <strong>de</strong> VilaVelha .................................................................................................................... 275FIGURA 103 - Participantes da 2ª Turma do Curso e aspectos da aula <strong>de</strong> campoministrada para a 1ª turma ................................................................................... 299FIGURA 104 - Saída <strong>de</strong> campo com as duas turmas participantes do Curso noPNMFN................................................................................................................. 302FIGURA 105 - Tacito”, símbolo sugerido para ativida<strong>de</strong>s educativas e interpretativasno PEVV ............................................................................................................... 337


13LISTA DE GRÁFICOSGRÁFICO 01 – Séries <strong>em</strong> que são ministradas aulas...................................... 290GRÁFICO 02 – Compreensão da geodiversida<strong>de</strong> ........................................... 291GRÁFICO 03 – Participação <strong>em</strong> outros roteiros ............................................... 292GRÁFICO 04 – Meios interpretativos (professores) ......................................... 292GRÁFICO 05 – Meios Interpretativos ............................................................... 295GRÁFICO 06 – Conhece os aspectos <strong>geológico</strong>s do Arquipélago ................... 300GRÁFICO 07 – Interesse <strong>em</strong> conhecer mais os aspectos <strong>geológico</strong>s ............. 301GRÁFICO 08 – Ida<strong>de</strong> dos participantes do curso para condutores .................. 303GRÁFICO 09 – Escolarida<strong>de</strong> dos participantes ............................................... 304GRÁFICO 10 – Maior compreensão da geodiversida<strong>de</strong> da UC após a realização docurso................................................................................................................. 305GRÁFICO 11 – Informações suficientes para a interpretação do ambiente <strong>em</strong>relação aos aspectos <strong>geológico</strong>s e geomorfológicos da UC ............................ 306GRÁFICO 12 – Participação <strong>em</strong> roteiros enfocando o Patrimônio Geológico . 310GRÁFICO 13 – Leitura do Painel interpretativo da Mineropar .......................... 317GRÁFICO 14 – Porque não leu o painel .......................................................... 318GRÁFICO 15 – Gostou do painel ?.................................................................. 320GRÁFICO 16 – Porque não apreciou o painel? ............................................... 321GRÁFICO 17 – Painel ajudou a enten<strong>de</strong>r mais sobre o Parque ...................... 322GRÁFICO 18 – Acredita ser importante esse tipo <strong>de</strong> meio interpretativo......... 323GRÁFICO 19 – Escolarida<strong>de</strong> X Motivo da visita (PEVV).................................. 324GRÁFICO 20 – Escolarida<strong>de</strong> X Motivo da visita (PNI) ..................................... 325GRÁFICO 21 – Leitura do painel e acompanhantes na visita (PEVV) ............. 326GRÁFICO 22 – Leitura do painel e acompanhantes na visita (PNI)................. 327GRÁFICO 23 – Leitura do painel X Escolarida<strong>de</strong> (PEVV)................................ 328GRÁFICO 24 – Leitura do painel X Escolarida<strong>de</strong> (PNI) ................................... 329GRÁFICO 25 – Motivo da não apreciação X Escolarida<strong>de</strong> (PEVV) ................. 330GRÁFICO 26 – Motivo da não apreciação X Escolarida<strong>de</strong> (PNI)..................... 331


14LISTA DE TABELASTABELA 01 – Meios interpretativos .................................................................. 294TABELA 02 – Conhece os aspectos <strong>geológico</strong>s do Arquipélago ..................... 300TABELA 03 – Interesse <strong>em</strong> conhecer mais os aspectos <strong>geológico</strong>s ................ 300TABELA 04 – Ida<strong>de</strong> dos participantes do curso para condutores .................... 303TABELA 05 – Escolarida<strong>de</strong> dos participantes .................................................. 304TABELA 06 – Maior compreensão da geodiversida<strong>de</strong> da UC após a realização docurso................................................................................................................. 305TABELA 07 – Informações suficientes para a interpretação do ambiente <strong>em</strong> relaçãoaos aspectos <strong>geológico</strong>s e geomorfológicos da UC ......................................... 305TABELA 08 – Consi<strong>de</strong>ra importante esse tipo <strong>de</strong> capacitação ........................ 306TABELA 09 – Participação <strong>em</strong> roteiros enfocando o Patrimônio Geológico .... 310TABELA 10 – Leitura do Painel interpretativo da Mineropar ............................ 317TABELA 11 – Porque não leu o painel ............................................................. 318TABELA 12 – Gostou do painel ........................................................................ 319TABELA 13 – Porque não apreciou o painel? .................................................. 320TABELA 14 – Painel ajudou a enten<strong>de</strong>r mais sobre o Parque ......................... 321TABELA 15 – Acredita ser importante esse tipo <strong>de</strong> meio interpretativo ........... 322TABELA 16 – Escolarida<strong>de</strong> X Motivo da Visita (PNI) ....................................... 323TABELA 17 – Escolarida<strong>de</strong> X Motivo da Visita (PEVV) ................................... 324TABELA 18 – Leitura do painel e acompanhantes na visita (PEVV)................ 325TABELA 19 – Leitura do painel e acompanhantes na visita (PNI) ................... 326TABELA 20 – Leitura do Painel X Escolarida<strong>de</strong> (PEVV).................................. 327TABELA 21 – Leitura do Painel X Escolarida<strong>de</strong> (PNI)...................................... 328TABELA 22 – Motivo da não apreciação X Escolarida<strong>de</strong> (PEVV).................... 330TABELA 23 – Motivo da não apreciação X Escolarida<strong>de</strong> (PNI) ....................... 331


15LISTA DE QUADROSQUADRO 01 – Critérios <strong>de</strong> escolha das UCs integrantes <strong>de</strong>sta tese .............. 28QUADRO 02 – Amostra e marg<strong>em</strong> <strong>de</strong> erro ...................................................... 29QUADRO 03 – Escala do T<strong>em</strong>po Geológico .................................................... 41QUADRO 04 – Dados sobre o turismo no Paraná ........................................... 56QUADRO 05 – Número <strong>de</strong> visitantes no Arquipélago <strong>de</strong> Fernando <strong>de</strong> Noronha entreos anos <strong>de</strong> 1996 e 2005 ................................................................................... 57QUADRO 06 – Segmentos turísticos que utilizam o <strong>patrimônio</strong> <strong>geológico</strong> egeomorfológico ................................................................................................. 59QUADRO 07 – Modalida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> Turismo <strong>de</strong> aventura e a potencialida<strong>de</strong> nas três Ucs......................................................................................................................... 63QUADRO 08 – Geoparques integrantes da Re<strong>de</strong> Mundial <strong>de</strong> Geoparques ..... 98QUADRO 09 – Sugestão dos Geoparques a ser<strong>em</strong> criados no Brasil ............. 105QUADRO 10 – Localização das principais Furnas no PEVV ........................... 116QUADRO 11 – Localização da Lagoa Dourada ............................................... 117QUADRO 12 – Número anual <strong>de</strong> turistas no PEVV ......................................... 118QUADRO 13 – Analise química do Arenito Vila Velha ..................................... 156QUADRO 14 – Evolução da paisag<strong>em</strong> do Arquipélago.................................... 223QUADRO 15 – Rotas turísticas propostas pela Embratur ................................ 258QUADRO 16 – Cenário atual referente aos meios interpretativos voltados para osaspectos geocientíficos nas UCs pesquisadas ................................................ 275QUADRO 17 – Pontos <strong>de</strong> Interesse Geo-didático do PEVV ............................ 282QUADRO 18 – Pontos <strong>de</strong> Interesse Geo-didático do PNMFM......................... 286QUADRO 19 – Pontos <strong>de</strong> Interesse Geo-didático do PNI ................................ 289QUADRO 20– Educação Ambiental ................................................................. 343QUADRO 21 – Programas <strong>de</strong> Educação Ambiental ........................................ 344QUADRO 22 – Material educacional ................................................................ 345QUADRO 23 – Informações publicadas disponíveis ........................................ 345QUADRO 24 – Tipo <strong>de</strong> marketing realizado na área ....................................... 346QUADRO 25 – Material promocional e as línguas editadas ............................. 346


16QUADRO 26 – Aspectos <strong>geológico</strong>s repassados para os visitantes e gruposescolares .......................................................................................................... 347QUADRO 27 – Guias e condutores .................................................................. 347QUADRO 28 – Informações repassadas a grupos <strong>de</strong> escolares ..................... 348QUADRO 29 – Utilização da internet <strong>em</strong> programas escolares ....................... 348QUADRO 30 – Centros Interpretativos na área ............................................... 349QUADRO 31 – Informações e Interpretação Ambiental no Centro <strong>de</strong> Visitantes . 349QUADRO 32 – Acesso e facilida<strong>de</strong>s ................................................................ 350QUADRO 33 – Transportes públicos e o incentivo no seu uso ........................ 350QUADRO 34 – Tipo <strong>de</strong> visitas guiadas realizadas na Unida<strong>de</strong> ........................ 351QUADRO 35 – O que mais é usado para informar os visitantes sobre a área . 351QUADRO 36 – Outros tipos <strong>de</strong> meios interpretativos....................................... 352QUADRO 37 – Utilização da internet ............................................................... 352QUADRO 38 – Infra-estrutura .......................................................................... 353QUADRO 39 – Comunicação dos objetivos do Geoturismo............................. 353QUADRO 40 – Outras trilhas sustentáveis....................................................... 354QUADRO 41 – Pesquisa com visitantes .......................................................... 354


17SUMÁRIOINTRODUÇÃO ....................................................................................................221. GEOLOGIA E GEOMORFOLOGIA: ABORDAGEM HISTÓRICA, ASPECTOSPRINCIPAIS E A RELAÇÃO COM A GEOGRAFIA E O TURISMO ...................351.1 Geologia .........................................................................................................351.1.1 História Geológica da Terra .........................................................................391.1.2 Deriva Continental .......................................................................................411.2 Geomorfologia ...............................................................................................431.3 Consi<strong>de</strong>rações a respeito do Espaço, Geografia e Paisag<strong>em</strong> .......................452. O TURISMO NO BRASIL: TURISMO EM ÁREAS NATURAIS E OGEOTURISMO COMO NOVA PROPOSTA ........................................................522.1 O Paraná, Pernambuco e o Turismo ..............................................................552.2 Segmentações do Turismo e o Turismo <strong>em</strong> áreas naturais ..........................582.3 Geoturismo .....................................................................................................663. A GEOCONSERVAÇÃO E AS ÁREAS PROTEGIDAS .................................763.1 Áreas protegidas no Brasil e a proteção do Patrimônio Geológico ...............813.1.1 Unida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> Conservação Fe<strong>de</strong>rais e os Parques Nacionais .....................833.1.2 Unida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> Conservação no Paraná .........................................................843.1.3 Unida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> Conservação <strong>de</strong> Pernambuco ................................................873.1.4 Planos <strong>de</strong> Manejo e o Uso Público ..............................................................883.2 A UNESCO e a <strong>conservação</strong> do Patrimônio: Lista do Patrimônio Mundial e aRe<strong>de</strong> Mundial <strong>de</strong> Geoparques .............................................................................913.2.1 Geoparques ................................................................................................963.2.1.1 Geoparques no Brasil ..............................................................................1034. UNIDADES DE CONSERVAÇÃO....................................................................1084.1 Parque Estadual <strong>de</strong> Vila Velha-PR .............................................................1084.1.1 Localização, área e acessos .......................................................................1094.1.2 Características Gerais ................................................................................1114.1.3 Plano <strong>de</strong> Manejo, Atrativos e outras informações .......................................1144.1.3.1 Arenitos ....................................................................................................115


184.1.3.2 Furnas .....................................................................................................1164.1.3.3 Lagoa Dourada .........................................................................................1174.1.3.4 Outras informações sobre a UC ........................................................... ....1184.1.4 Aspectos <strong>geológico</strong>s e geomorfológicos .....................................................1194.1.4.1 Grupo Paraná .........................................................................................1214.1.4.1.1 Formação Furnas ..................................................................................1214.1.4.1.2 Formação Ponta Grossa .....................................................................1294.1.4.2 Grupo Itararé ............................................................................................1314.1.4.2.1 Arenito Vila Velha ..................................................................................1354.1.4.2.1.1 Varvito ..............................................................................................1374.1.4.3 Arco <strong>de</strong> Ponta Grossa .............................................................................1424.1.5 Aspectos geomorfológicos ..................................................................... ....1434.1.5.1 Int<strong>em</strong>perismo nas rochas: químico, mecânico e biológico ......................1464.1.5.2 Orig<strong>em</strong> das formas <strong>de</strong> Relevo .................................................................1554.1.5.3 As principais formas <strong>de</strong> Relevo ...............................................................1604.1.5.3.1 Relevos Ruiniformes ............................................................................1614.1.5.3.2 Escarpamentos......................................................................................1624.1.5.3.3 Torres ....................................................................................................1634.1.5.3.4 Juntas poligonais ..................................................................................1644.1.5.3.5 Erosão Alveolar ....................................................................................1664.1.5.3.6 Panelas ou bacias <strong>de</strong> dissolução .........................................................1684.1.5.3.7 Formações Pseudo-cársticas na superfície .........................................1694.1.5.3.8 Caneluras ..............................................................................................1724.1.5.3.9 Anéis <strong>de</strong> Liesegang ..............................................................................1734.1.5.3.10 Fendas ...............................................................................................1744.1.5.3.11 Fraturas e diáclases ...........................................................................1754.1.5 .3.12 Furnas ........................................................................................... ....1774.1.5.3.13 Depressões úmidas e secas e lagoas ................................................1804.1.5.3.14 Cachoeiras e corre<strong>de</strong>iras ...................................................................1814.1.5.3.15 Blocos Suspensos ...............................................................................1824.1.5.3.16 Formas cilíndricas parecidas com o faveolamento .............................1834.1.5 .3.17 Marcas <strong>de</strong> ondulação ..................................................................... ....1844.2. Parque Nacional do Iguaçu-PR .................................................................1864.2.1 Localização, área e acessos ......................................................................186


194.2.2 Características Gerais ............................................................................. ....1884.2.3 Plano <strong>de</strong> Manejo, Atrativos e outras informações .......................................1894.2.4 Aspectos <strong>geológico</strong>s ...................................................................................1924.2.4.1 Grupo São Bento .................................................................................. ....1934.2.4.1.1 Formação Serra Geral ...........................................................................1934.2.5 Aspectos geomorfológicos .........................................................................1974.2.5.1 Int<strong>em</strong>perismo químico, mecânico e biológico ...........................................1984.2.5.2 As Cataratas e sua orig<strong>em</strong> ......................................................................2014.3 Arquipélago <strong>de</strong> Fernando <strong>de</strong> Noronha-PE ................................................2044.3.1 Localização, área e acessos .......................................................................2044.3.2 Características gerais das UCS integrantes do Arquipélago .......................2074.3.3 Plano <strong>de</strong> Manejo, atrativos e outras informações .......................................2114.3.4 Aspectos Geológicos .............................................................................. ....2134.3.4.1 Formação R<strong>em</strong>édios ...............................................................................2174.3.4.2 Formação Quixaba ..................................................................................2184.3.4.3 Formação Caracas ...................................................................................2194.3.5 Aspectos Geomorfológicos .........................................................................2204.3.5.1 Características <strong>de</strong> praias e monumentos <strong>geológico</strong>s ........................... ....2254.3.5.1.1 Praias ...................................................................................................2264.3.5.1.2 Monumentos <strong>geológico</strong>s .......................................................................2335. EDUCAÇÃO AMBIENTAL E INTERPRETAÇÃO AMBIENTAL VOLTADA AOSASPECTOS GEOCIENTIFICOS EM UNIDADES DE CONSERVAÇÃO:ATIVIDADES GEOEDUCATIVAS, INTERPRETATIVAS E TURÍSTICAS ..... ....2395.1 Educação Ambiental ......................................................................................2395.1.2 Aspectos do Patrimônio Geológico e os Programas Educativos ................2445.2 Interpretação Ambiental .................................................................................2495.2.1 Conceitos e características .........................................................................2495.2.2 Interpretação ambiental e os aspectos <strong>geológico</strong>s .................................. ....2515.2.3 Interpretação ambiental <strong>em</strong> Unida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> Conservação .......................... ....2535.2.4 Meios Interpretativos e as UCs pesquisadas .............................................2545.2.4.1 Meios interpretativos personalizados .......................................................2555.2.4.1.1 Trilhas interpretativas ............................................................................2565.2.4.1.2 Excursões e roteiros <strong>geológico</strong>s ............................................................2585.2.4.1.3 Palestras ........................................................................................... ...261


205.2.4.2 Meios Interpretativos não personalizados ...............................................2625.2.4.2.1 Trilhas autoguiadas ..............................................................................2625.2.4.2.2.Material impresso: Fol<strong>de</strong>rs e Guias <strong>de</strong> Campo ....................................2635.2.4.2.3 Guias <strong>de</strong> Campo....................................................................................2645.2.4.2.4 Painéis Interpretativos ...........................................................................2655.2.4.2.5 Ví<strong>de</strong>os ...................................................................................................2685.2.4.2.6 Website ............................................................................................. ...2705.2.4.2.7 Jogos e ativida<strong>de</strong>s lúdicas ....................................................................2715.2.4.2.8 Museu e exposições ..............................................................................2736. RESULTADOS .................................................................................................2786.1 Pontos <strong>de</strong> Interesse Geo-didático ..................................................................2786.1.2 Análise dos questionários aplicados a professores do ensino público <strong>de</strong> PontaGrossa .............................................................................................................. ....2906.2 Ações visando a interpretação do ambiente <strong>em</strong> relação aos aspectos <strong>geológico</strong>se geomorfológicos ................................................................................................2946.2.1 Cursos para condutores .............................................................................2976.2.1.1. Curso <strong>de</strong> Condutor no PNI ......................................................................2976.2.1.2 Curso <strong>de</strong> Condutor no PNMFN ............................................................ ....2996.2.1.3 Análise dos dados coletados nos Cursos para Condutores .....................3026.2.1.4 O papel dos Condutores <strong>em</strong> UCs ........................................................ ....3076.2.2 Excursões e Roteiros voltados para os aspectos <strong>geológico</strong>s .....................3096.2.3 Palestras ................................................................................................ ....3136.2.4 Material Impresso .......................................................................................3146.2.4.1 Guias <strong>de</strong> Bolso <strong>de</strong> Geologia ................................................................ ....3156.2.4.2 Fol<strong>de</strong>rs Interpretativos .......................................................................... ... 3166.2.4.3. Cartão Postal ..........................................................................................3166.2.5 Painéis Interpretativos ............................................................................. ....3176.2.6 Material áudio-visual................................................................................ ....3336.2.7 Website ......................................................................................................3346.2.8 Jogos ...................................................................................................... ....3356.2.8.1 Quebra-cabeça .................................................................................... ... 3356.2.8.2 Jogo da M<strong>em</strong>ória .....................................................................................3356.2.9 Propostas <strong>de</strong> Geoeducação ................................................................... ....336


216.3 Recomendações para o <strong>de</strong>senvolvimento do Geoturismo <strong>em</strong> regiões queapresentam potencial ...................................................................................... ... 3396.4 Consi<strong>de</strong>rações a respeito do Formulário da UNESCO para integrar a Re<strong>de</strong>Mundial <strong>de</strong> Geoparques ......................................................................................3436.5 Proposta <strong>de</strong> criação da Re<strong>de</strong> Brasileira <strong>de</strong> Geoparques ........................... ....3567. CONSIDERAÇÕES FINAIS ............................................................................358REFERÊNCIAS ....................................................................................................363ANEXOS .............................................................................................................374


22INTRODUÇÃOOs anos entre 2007-2009 foram consi<strong>de</strong>rados como Ano Internacional daTerra, sendo que o ano <strong>de</strong> 2008 é o que t<strong>em</strong> uma ênfase maior <strong>em</strong> suas ativida<strong>de</strong>s.São diversos os objetivos do triênio, e entre eles d<strong>em</strong>onstrar o gran<strong>de</strong> potencial dasCiências da Terra na construção <strong>de</strong> uma socieda<strong>de</strong> mais segura e sustentável,encorajar a socieda<strong>de</strong> a aplicar este potencial mais eficient<strong>em</strong>ente, <strong>em</strong> seu própriobenefício e <strong>de</strong>scobrir novos recursos naturais e utilizá-los <strong>de</strong> maneira sustentável.Entretanto, apesar <strong>de</strong> a geodiversida<strong>de</strong> ser consi<strong>de</strong>rada a base para abiodiversida<strong>de</strong>, o que se observa é que <strong>em</strong> muitos anos a biodiversida<strong>de</strong> v<strong>em</strong> sendomuito mais cont<strong>em</strong>plada e divulgada <strong>em</strong> <strong>de</strong>trimento à geodiversida<strong>de</strong>. Deste modo,pesquisas realizadas sobre as Ciências da Terra estão sendo cada vez maisestimuladas, principalmente fora das fronteiras das geociências, com o intuito <strong>de</strong>aumentar o interesse pelo Planeta.As Unida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> Conservação (UCs), entre outros objetivos, foram criadasprincipalmente para conservar a natureza. Uma das razões para a criação <strong>de</strong> umParque Nacional, por ex<strong>em</strong>plo, é a existência <strong>de</strong> atrativos naturais que possibilit<strong>em</strong> aintegração <strong>de</strong> ativida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> lazer com a educação e sensibilização ambiental dapopulação. Mas, o que foi observado <strong>em</strong> visitas realizadas <strong>em</strong> Unida<strong>de</strong>s <strong>de</strong>Conservação brasileiras, é que a maior parte dos meios interpretativos centra-se nosaspectos bióticos, <strong>de</strong>ixando <strong>em</strong> segundo plano os aspectos <strong>geológico</strong>s, que muitasvezes n<strong>em</strong> chegam a ser abordados. As UCs estão mais voltadas para a<strong>conservação</strong> propriamente dita e não para a realização <strong>de</strong> ativida<strong>de</strong>s interpretativas,também integrante <strong>de</strong> seus objetivos. Gran<strong>de</strong> parte das UCs não possui meiosinterpretativos, n<strong>em</strong> treinamentos específicos (para condutores, funcionários etambém professores) que abranjam os aspectos <strong>geológico</strong>s e geomorfológicos.Além disso o resultado das pesquisas cientificas realizadas não são adaptadas parauma linguag<strong>em</strong> acessível ao público visitante.Deste modo, a possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> trabalhar com t<strong>em</strong>áticas voltadas para oTurismo e as Geociências, aliada a geo<strong>conservação</strong> e interpretação dos ambientesnaturais, serviu como estímulo para a formulação <strong>de</strong>ssa pesquisa, visto que um


23maior entendimento sobre o nosso <strong>patrimônio</strong> <strong>geológico</strong> po<strong>de</strong> ser facilitado atravésdo repasse a<strong>de</strong>quado <strong>de</strong> informações relativas à interpretação ambiental.Portanto nesta tese, o probl<strong>em</strong>a <strong>de</strong> pesquisa esteve relacionado ao<strong>patrimônio</strong> <strong>geológico</strong>, no sentido <strong>de</strong> respon<strong>de</strong>r a seguinte questão: Tendo por base ofato <strong>de</strong> que os aspectos geocientíficos <strong>de</strong> certas Unida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> Conservação não sãomuitas vezes aproveitados como recurso educativo, turístico e interpretativo, sendoassim, como utilizar os aspectos <strong>geológico</strong>s e geomorfológicos <strong>de</strong> Unida<strong>de</strong>s <strong>de</strong>Conservação <strong>em</strong> ativida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> interpretação ambiental?Logo, o objetivo geral <strong>de</strong>sta tese foi o <strong>de</strong> justificar a importância dadivulgação das geociências à visitantes <strong>de</strong> Unida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> Conservação, comunida<strong>de</strong>e geoturistas, utilizando para tanto meios interpretativos relativos à geologia egeomorfologia, viabilizando uma melhor compreensão do <strong>patrimônio</strong> <strong>geológico</strong> e oincentivo ao geoturismo.Os objetivos específicos foram:- Nas UCs escolhidas, <strong>de</strong>finir os principais atrativos relacionados a aspectos<strong>geológico</strong>s e geomorfológicos que pod<strong>em</strong> integrar ativida<strong>de</strong>s educativas,interpretativas e roteiros geoturísticos;- Favorecer a divulgação do <strong>patrimônio</strong> <strong>geológico</strong>, produzindo meiosinterpretativos relacionados a esses aspectos, no sentido <strong>de</strong> contribuir para umarelação mais intima dos visitantes e da comunida<strong>de</strong> com as geociências;- Verificar a viabilida<strong>de</strong> da implantação <strong>de</strong> Geoparques nessas áreas, no quediz respeito aos aspectos ligados ao geoturismo, interpretação e educaçãoambiental;- Aprofundar conhecimentos relativos ao Geoturismo, propondo aspectosligados ao planejamento da ativida<strong>de</strong> aplicada à realida<strong>de</strong> brasileira;- Coletar dados no sentido <strong>de</strong> verificar o interesse dos visitantes, condutores ea comunida<strong>de</strong> <strong>em</strong> relação aos aspectos <strong>geológico</strong>s e geomorfológicos <strong>em</strong> Unida<strong>de</strong>s<strong>de</strong> Conservação.


24Deste modo verificou-se a gran<strong>de</strong> necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> fazer esse trabalho <strong>em</strong>virtu<strong>de</strong> da falta <strong>de</strong> divulgação e incentivo à visitantes, estudantes e à comunida<strong>de</strong>para que possam aprofundar seus conhecimentos e beneficiar-se da paisag<strong>em</strong>geológica e geomorfológica.A metodologia a<strong>de</strong>quada permite atingir os objetivos propostos para aprobl<strong>em</strong>ática levantada e a escolha apropriada do método <strong>de</strong> análise convergiu parao entendimento da realida<strong>de</strong>, suas especificida<strong>de</strong>s, sua probl<strong>em</strong>ática e,concomitant<strong>em</strong>ente, possibilitando conclusões que se tornaram propostas esugestões. Portanto, optou-se por uma metodologia que possibilitasse uma análisedas Unida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> Conservação escolhidas, b<strong>em</strong> como a utilização <strong>de</strong> instrumentos<strong>de</strong> coleta <strong>de</strong> dados que buscass<strong>em</strong> avaliar o nível <strong>de</strong> conhecimento e interesse dosvisitantes, comunida<strong>de</strong> e condutores <strong>em</strong> relação às informações relativas aoPatrimônio Geológico e ao geoturismo.Buscando aten<strong>de</strong>r a probl<strong>em</strong>ática levantada, procurou-se compreen<strong>de</strong>ralgumas questões teórico-metodológicas que <strong>em</strong>basaram esta pesquisa. Sendoassim, este estudo insere-se <strong>em</strong> uma pesquisa <strong>de</strong> cunho quali-quantitativa 1 , poisabordou estes dois aspectos. Em se tratando <strong>de</strong> uma investigação <strong>de</strong> abordag<strong>em</strong>qualitativa, Minayo (2000) caracteriza-a por trabalhar com o universo <strong>de</strong> significados,motivos, aspirações, crenças, valores e atitu<strong>de</strong>s, enquanto que a abordag<strong>em</strong>quantitativa é utilizada nas ciências sociais <strong>de</strong> tipo mat<strong>em</strong>ático para a compreensãoda realida<strong>de</strong> on<strong>de</strong> os conjuntos <strong>de</strong> dados quantitativos e qualitativos não se opõ<strong>em</strong>.“Ao contrário, se compl<strong>em</strong>entam, pois a realida<strong>de</strong> abrangida por eles interagedinamicamente, excluindo qualquer dicotomia” (MINAYO, 2000, p. 22).Após a observação acerca da integração da pesquisa qualitativa equantitativa 2 a pesquisa foi classificada quanto aos seus objetivos, ou seja, umapesquisa exploratória 3 . Nesta perspectiva, a pesquisa exploratória possibilitou1 A abordag<strong>em</strong> quali-quantitativa não é oposta ou contraditória <strong>em</strong> relação à pesquisa quantitativa, oua pesquisa qualitativa, mas consi<strong>de</strong>ra-se que a relação entre a realida<strong>de</strong>, os sujeitos e o objeto dapesquisa, possam gerar questões para ser<strong>em</strong> aprofundadas qualitativamente, e vice-versa (MINAYO,2000).2 Segundo Gol<strong>de</strong>nberg (1997, p.62), “É o conjunto <strong>de</strong> diferentes pontos <strong>de</strong> vista, e diferentesmaneiras <strong>de</strong> coletar e analisar os dados (qualitativa e quantitativamente), que permite uma idéia maisampla e inteligível da complexida<strong>de</strong> <strong>de</strong> um probl<strong>em</strong>a”.3 Pesquisas que têm como objetivo proporcionar maior familiarida<strong>de</strong> com o probl<strong>em</strong>a e torná-lo maisclaro, on<strong>de</strong> a principal finalida<strong>de</strong> é <strong>de</strong>senvolver, esclarecer e/ou modificar conceitos e idéias


25confrontar a visão teórica do t<strong>em</strong>a com os dados da realida<strong>de</strong> obtidos a partir dasentrevistas realizadas, on<strong>de</strong> buscou-se uma concordância entre os tipos dos dadoscoletados, as técnicas <strong>de</strong> coleta, a forma <strong>de</strong> análise e o objetivo. Pela naturezaexploratória da pesquisa, a sua classificação <strong>em</strong> relação ao meio <strong>de</strong> investigaçãoque apresenta maior relação com as características do t<strong>em</strong>a é o <strong>de</strong> estudo <strong>de</strong> caso.Gil (1991) reforça <strong>de</strong>finindo que a maior utilida<strong>de</strong> do estudo <strong>de</strong> caso é verificada naspesquisas exploratórias 4 . Portanto, levando <strong>em</strong> consi<strong>de</strong>ração os objetivos propostose a probl<strong>em</strong>ática levantada <strong>de</strong>finiu-se a pesquisa bibliográfica e o estudo <strong>de</strong> caso 5como meios para a busca dos resultados fi<strong>de</strong>dignos conforme a realida<strong>de</strong>encontrada.Enten<strong>de</strong>-se como pesquisa bibliográfica o exame da literatura científica, paralevantamento e análise do que já se produziu sobre <strong>de</strong>terminado t<strong>em</strong>a. Na fasepreparatória o estudo englobou aspectos gerais dos seguintes assuntos: o turismo<strong>em</strong> áreas naturais e o geoturismo, geologia e geomorfologia, Unida<strong>de</strong>s <strong>de</strong>Conservação e geoparques, geo<strong>conservação</strong>, e por fim a educação e interpretaçãoambiental.Após o estudo inicial proce<strong>de</strong>u-se o levantamento bibliográfico, por meio da consultaàs fontes <strong>de</strong> pesquisa selecionadas. Foram feitos os levantamentos dos t<strong>em</strong>aspertinentes <strong>em</strong> fontes primárias 6 e a obtenção dos documentos para análise se <strong>de</strong>upor meio <strong>de</strong> consultas à Bibliotecas Públicas e particulares, periódicos eletrônicos ea re<strong>de</strong> mundial <strong>de</strong> computadores. A intenção <strong>de</strong>sta etapa do estudo foi criar umrespaldo intelectual que consolidasse conceitos, vislumbrando novos enfoques sobre4 Quanto aos meios <strong>de</strong> investigação, tomando como base a pesquisa exploratória, Gil (1996) sugere aexistência <strong>de</strong> dois gran<strong>de</strong>s grupos <strong>de</strong> <strong>de</strong>lineamentos <strong>de</strong> pesquisa <strong>em</strong> relação aos procedimentosadotados para a coleta <strong>de</strong> dados. No primeiro grupo encontram-se pesquisas que se val<strong>em</strong> dasfontes <strong>de</strong> papel, on<strong>de</strong> estão a pesquisa bibliográfica e a pesquisa documental. No segundo grupoencontram-se aquelas cujos dados são fornecidos por pessoas ou pelo meio on<strong>de</strong> a pesquisa estásendo realizada, situando-se nesta modalida<strong>de</strong> o estudo <strong>de</strong> caso. Além disso, Gil (1999, p. 43também afirma que “a pesquisa exploratória, habitualmente envolve levantamentos bibliográfico edocumental, entrevistas não-padronizadas e estudos <strong>de</strong> caso” .5 Para Gil (1991), o estudo <strong>de</strong> caso é caracterizado pelo estudo profundo e exaustivo <strong>de</strong> um ou <strong>de</strong>poucos objetos, <strong>de</strong> maneira que permita o seu amplo e <strong>de</strong>talhado conhecimento. Yin (2001) <strong>de</strong>fineestudo <strong>de</strong> caso como um estudo <strong>em</strong>pírico que investiga um fenômeno atual <strong>de</strong>ntro do seu contexto<strong>de</strong> realida<strong>de</strong>, quando as fronteiras entre o fenômeno e o contexto não são claramente <strong>de</strong>finidas e noqual são utilizadas várias fontes <strong>de</strong> evidência.6 Essas fontes primárias, <strong>de</strong> acordo com DENCKER (1998, p.43) “são constituídas pelo material maisrecente e original que não possua distribuição por esqu<strong>em</strong>as pre<strong>de</strong>terminados e que possa serencontrado <strong>em</strong> revistas científicas (periódicos, revistas, anuários, m<strong>em</strong>órias, etc..), informes <strong>de</strong>investigação, atas <strong>de</strong> congressos, produção acadêmica e livros”.


26o t<strong>em</strong>a, utilizando livros, teses, dissertações e artigos <strong>de</strong> revistas internacionais enacionais <strong>de</strong> interesse. Serviram <strong>de</strong> consulta ainda, as informações e dados daEMBRATUR (Instituto Brasileiro <strong>de</strong> Turismo), WTO (Organização Mundial doTurismo), IBAMA (Instituto Brasileiro <strong>de</strong> Meio Ambiente e Recursos NaturaisRenováveis), IAP (Instituto Ambiental do Paraná), WWF, Serviço GeológicoBrasileiro, UNESCO, Mineropar, Concessionária Cataratas S.A, ONG´s, entre outrosórgãos públicos municipais, estaduais e fe<strong>de</strong>rais.Deste modo este estudo <strong>de</strong> caso teve como objeto <strong>de</strong> estudo as Unida<strong>de</strong>s <strong>de</strong>Conservação. Para <strong>em</strong>basar e justificar a escolha das três UCs integrantes <strong>de</strong>statese (Parque Nacional do Iguaçu, Parque Estadual <strong>de</strong> Vila Velha e Parque NacionalMarinho <strong>de</strong> Fernando <strong>de</strong> Noronha) foram <strong>de</strong>finidos por esta pesquisadora <strong>de</strong>zcritérios, dos quais a UC teria que aten<strong>de</strong>r ao menos sete, para que assim pu<strong>de</strong>sseter justificada a sua participação e as condições básicas para ser incluída napesquisa. Os critérios utilizados foram:1- Fluxo Turístico: Pelo fato <strong>de</strong>sta tese basear-se na ativida<strong>de</strong> turística e ainterpretação do ambiente para os visitantes, o fluxo turístico reveste-se <strong>de</strong>importância. Optou-se pelo valor médio <strong>de</strong> 50 mil turistas/ano, como um valormínimo na consi<strong>de</strong>ração da UC como possuidora ou não <strong>de</strong> um fluxo turísticorepresentativo.2- Sitio da SIGEP: A SIGEP (Comissão Brasileira dos Sítios Geológicos ePaleobiológicos do Brasil 7 ) foi criada para evitar a perda <strong>de</strong> nosso <strong>patrimônio</strong><strong>geológico</strong>. Promove a catalogação, levantamento, organização e <strong>de</strong>scrição dosSítios Geológicos e Paleobiológicos do Brasil 8 . Se a UC <strong>em</strong> questão é um Sítio daSIGEP, isso d<strong>em</strong>onstra o seu reconhecimento e a sua importância como parteintegrante do <strong>patrimônio</strong> <strong>geológico</strong> nacional.7 A Comissão foi criada <strong>em</strong> 1997 e é representada por nove entida<strong>de</strong>s: Acad<strong>em</strong>ia Brasileira <strong>de</strong>Ciências-ABC, Associação Brasileira para Estudos do Quaternário-ABEQUA, Departamento Nacional<strong>de</strong> Produção Mineral-DNPM, IBAMA, Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional-IPHAN,Serviço Geológico do Brasil-CPRM, Socieda<strong>de</strong> Brasileira <strong>de</strong> Espeleologia-SBE, Socieda<strong>de</strong> Brasileira<strong>de</strong> Geologia-SBG e Socieda<strong>de</strong> Brasileira <strong>de</strong> Paleontologia-SBP. Em 2002 foi publicado o primeirovolume dos Sítios Geológicos e Paleontológicos do Brasil, contando com 58 sítios.8 Para ser um sítio reconhecido é realizado um processo seletivo que abrange os seguintes critérios:i) singularida<strong>de</strong> na representação <strong>de</strong> sua tipologia ou categoria; ii) importância na caracterização <strong>de</strong>processos <strong>geológico</strong>s-chave regionais ou globais, períodos <strong>geológico</strong>s e registros expressivos nahistória evolutiva da Terra; iii) expressão cênica; iv) estado <strong>de</strong> <strong>conservação</strong>;v)acesso viável; e vi)existência <strong>de</strong> mecanismos ou possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> criação <strong>de</strong> mecanismos que lhe assegur<strong>em</strong><strong>conservação</strong>.


273- Projeto Geoparques do Brasil: Este projeto, elaborado pelo CPRM (ServiçoGeológico do Brasil) <strong>em</strong> 2006 <strong>de</strong>finiu áreas prioritárias para o estabelecimento <strong>de</strong>Geoparques no Brasil, baseando-se na relevância <strong>de</strong> seu <strong>patrimônio</strong> <strong>geológico</strong>. Se aUC integra o Projeto <strong>de</strong> Geoparques isso confirma a sua relevância <strong>em</strong> termos <strong>de</strong>geodiversida<strong>de</strong> e corrobora seu potencial para o geoturismo frente ao órgão nacional<strong>geológico</strong> brasileiro.4- Possui painéis interpretativos: A infra-estrutura <strong>de</strong> Uso Público da UC voltadaaos aspectos <strong>geológico</strong>s e neste caso meios interpretativos como os painéisd<strong>em</strong>onstram o grau <strong>de</strong> impl<strong>em</strong>entação e o enfoque da UC no que se refere àinterpretação do ambiente voltado para a sua geodiversida<strong>de</strong>.5- Possui potencial para a prática do geoturismo: Não basta possuir aspectos<strong>geológico</strong>s e geomorfológicos <strong>de</strong> caráter significativo, a UC <strong>de</strong>ve também possuirpotencial para a prática do geoturismo, contando com a possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> <strong>de</strong>finição<strong>de</strong> áreas que pod<strong>em</strong> integrar roteiros e infra-estrutura turística 9 já estabelecida nointerior da UC ou no seu entorno, facilitando as ações <strong>de</strong> planejamento ligadas aogeoturismo.6-Possui Plano <strong>de</strong> Manejo: Como tal instrumento <strong>de</strong>fine e organiza ofuncionamento <strong>de</strong> uma UC, consi<strong>de</strong>ra-se que aquelas Unida<strong>de</strong>s que o dispõ<strong>em</strong>estão melhor organizadas para uma futura impl<strong>em</strong>entação <strong>de</strong> novos projetos <strong>de</strong>ntrodo Programa <strong>de</strong> Uso Público.7-Integra roteiros ecoturísticos divulgados nacionalmente: No Brasil o potencialpara a prática do ecoturismo é gran<strong>de</strong>, sendo uma das modalida<strong>de</strong>s dasegmentação turística trabalhada e incentivada pelo Ministério do Turismo. Sãodiversos os roteiros ecoturísticos comercializados <strong>em</strong> todo o país e este critérioapresenta relevância no sentido <strong>de</strong> que se a UC integra esses roteiros é porquepossui potencial para o turismo realizado <strong>em</strong> áreas naturais, infra-estrutura edivulgação a nível nacional, fatores que pod<strong>em</strong> ser aproveitados na implantação dogeoturismo e dos Geoparques.9 Meios <strong>de</strong> hospedag<strong>em</strong>, alimentação, agências turísticas receptivas, meios <strong>de</strong> transporte, vias <strong>de</strong>acesso, entre outros.


288-Patrimônio Mundial tombado pela UNESCO: Se uma UC integra a Lista <strong>de</strong>Patrimônio Mundial Natural da UNESCO, isso d<strong>em</strong>onstra que há o incentivo napreservação <strong>de</strong> seus bens naturais, pois são consi<strong>de</strong>rados significativos para ahumanida<strong>de</strong>. Desta forma, o estabelecimento <strong>de</strong> ativida<strong>de</strong>s ligadas ao geoturismo ea implantação <strong>de</strong> Geoparques só v<strong>em</strong> a somar ainda mais no que diz respeito àdivulgação e reconhecimento <strong>de</strong> sua geodiversida<strong>de</strong>.9- Integra roteiros ecoturísticos divulgados internacionalmente pelaEMBRATUR: A EMBRATUR é responsável pela divulgação dos principais atrativosturísticos nacionais no exterior e trabalha com diversos segmentos. Se um atrativoturístico integra os roteiros divulgados internacionalmente pela EMBRATUR, éporque está entre os melhores e mais b<strong>em</strong> estruturados turisticamente no Brasil,fator este que po<strong>de</strong> auxiliar ainda mais no seu reconhecimento como um Geoparquee facilitar as ativida<strong>de</strong>s voltadas a um novo público-alvo estrangeiro, os geoturistas.10-Possui trilhas que são obrigatoriamente conduzidas: O fato <strong>de</strong> possuir aobrigatorieda<strong>de</strong> <strong>de</strong> um condutor d<strong>em</strong>onstra que o meio interpretativo das trilhasguiadas é utilizado na UC. Esse critério foi inserido no sentido <strong>de</strong> justificar anecessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> capacitação dos condutores.Logo, baseando-se nesses critérios <strong>de</strong> acordo com as três Unida<strong>de</strong>s <strong>de</strong>Conservação aqui trabalhadas, t<strong>em</strong>-se o seguinte quadro comparativo:QUADRO 01- Critérios <strong>de</strong> escolha das UCs integrantes <strong>de</strong>sta tese.CritériosPEVV PNI PNMFN1- A UC possui fluxo turístico, com mais <strong>de</strong> 50.000 visitantes por ano Sim Sim Sim2- Sitio do SIGEP Sim Sim Sim3-Integra o projeto <strong>de</strong> geoparques do CPRM Sim Sim Sim4-Possui painéis interpretativos Sim Sim Sim5-Possui potencial para a prática do geoturismo Sim Sim Sim6-Possui plano <strong>de</strong> Manejo Sim Sim Sim7-Integra roteiros ecoturisticos divulgados nacionalmente Sim Sim Sim8-Patrimônio Mundial tombado pela UNESCO Não Sim Sim9- Integra roteiros ecoturisticos divulgados internacionalmente pela Embratur Não Sim Sim10-Possui trilhas que são obrigatoriamente conduzidas Sim Sim Sim


29Portanto, tanto o Parque Nacional do Iguaçu (PNI), quanto o Parque NacionalMarinho <strong>de</strong> Fernando <strong>de</strong> Noronha (PNMFN) a<strong>de</strong>quam-se a todos esses critérios. Nocaso do Parque Estadual <strong>de</strong> Vila Velha, somente dois critérios não são atendidos,mas que pod<strong>em</strong> vir a ser atendidos futuramente 10 .Por outro lado, conforme os objetivos aqui propostos <strong>de</strong>finiu-se comouniverso <strong>de</strong> pesquisa os visitantes (PNI e PEVV), os condutores que realizaram ocurso <strong>de</strong> Condutor <strong>de</strong> Geoturismo (PNMFN e PNI), a comunida<strong>de</strong> (PNMFN) eprofessores da Re<strong>de</strong> Municipal <strong>de</strong> Ensino <strong>de</strong> Ponta Grossa (que realizaram visitasao PEVV e PNI). O mo<strong>de</strong>lo <strong>de</strong> amostrag<strong>em</strong> utilizado foi a amostra aleatória simples,on<strong>de</strong> cada el<strong>em</strong>ento da população (universo da pesquisa) teve a mesmaprobabilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> ser entrevistado. O momento <strong>de</strong> aplicação do questionário no casodo PEVV e do PNI foi após a realização da visita, <strong>em</strong> local próximo aos painéisinterpretativos relativos a geologia e geomorfologia. Aos participantes do curso <strong>de</strong>Condutor <strong>de</strong> Geoturismo o questionário foi preenchido após a realização do curso, acomunida<strong>de</strong> do PNMFN foi entrevistada nas ruas e <strong>em</strong>presas do Arquipélago e osprofessores <strong>de</strong> Ponta Grossa após a realização da saída <strong>de</strong> campo e <strong>de</strong> umapalestra sobre o geoturismo.Para <strong>de</strong>finir o tamanho da amostra foram <strong>de</strong>terminados alguns critériosestatísticos. O cálculo do dimensionamento da amostra baseou-se <strong>em</strong> dados sobreo fluxo <strong>de</strong> visitantes no PNI e PEVV e o número <strong>de</strong> moradores no PNMFN, conformeo quadro a seguir:QUADRO 02: Amostra e marg<strong>em</strong> <strong>de</strong> erro.UC Universo - 2005 Universo - 2006 EntrevistasfeitasMarg<strong>em</strong><strong>de</strong> erroFernando <strong>de</strong> 3500 moradores 3500 moradores 300 11 5,4%NoronhaIguaçu 1.084.205 turistas 867.367 turistas 300 5,7%Vila Velha 61.443 turistas 56.472 turistas 150 5,6%10 A área não faz parte da Lista <strong>de</strong> Patrimônio da Humanida<strong>de</strong>, sendo que a sua candidatura po<strong>de</strong>-sedar somente após o seu reconhecimento a nível nacional. Ou seja, após a criação do ParqueNacional dos Campos Gerais no seu entorno, tal candidatura abrangendo toda a região, po<strong>de</strong> vir aser proposta. E assim, por não ter também esse reconhecimento, o PEVV não integra as ações <strong>de</strong>divulgação internacionais da Embratur, o que po<strong>de</strong> vir a ocorrer se a área obtiver o reconhecimentopor parte da UNESCO.11 Em Fernando <strong>de</strong> Noronha o número <strong>de</strong> entrevistados foi maior <strong>de</strong>vido ao fato <strong>de</strong> que osquestionários aplicados serviram tanto para a elaboração <strong>de</strong>sta tese quanto para a elaboração doDiagnóstico Social da Comunida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Fernando <strong>de</strong> Noronha, realizado <strong>em</strong> parceria com o Centro doGolfinho Rotador.


30Já a aplicação dos questionários com perguntas abertas, fechadas e d<strong>em</strong>últiplas escolhas foi feita a partir <strong>de</strong> amostrag<strong>em</strong> não-probabilística, para que sepu<strong>de</strong>sse compreen<strong>de</strong>r, entre outras questões, qual a percepção dos atoresenvolvidos <strong>em</strong> relação aos aspectos <strong>geológico</strong>s e suas motivações turísticas. Oquestionário foi estruturado com perguntas abertas, fechadas e <strong>de</strong> múltipla escolha,e aplicados <strong>em</strong> português, francês e inglês 12 .Tais questionários foram elaborados levando-se <strong>em</strong> consi<strong>de</strong>ração eaten<strong>de</strong>ndo as necessida<strong>de</strong>s que estão previstas nas Diretrizes para os ÓrgãosGestores <strong>de</strong> Unida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> Conservação (MMA, 2006 p.15), on<strong>de</strong> se <strong>de</strong>ve:1.9 Estabelecer um sist<strong>em</strong>a <strong>de</strong> registro <strong>de</strong> visitantes e realizar pesquisasperiódicas para i<strong>de</strong>ntificar o perfil, a opinião e a satisfação dos visitantes comrelação ás oport<strong>unida<strong>de</strong>s</strong> <strong>de</strong> visitação oferecidas nas Unida<strong>de</strong>s <strong>de</strong>Conservação;[...] 1.20 Compreen<strong>de</strong>r a diversida<strong>de</strong> <strong>de</strong> expectativas dos visitantes,procurando atendê-las com um amplo leque <strong>de</strong> estratégias <strong>de</strong> manejo qu<strong>em</strong>aximiz<strong>em</strong> a varieda<strong>de</strong> <strong>de</strong> oport<strong>unida<strong>de</strong>s</strong> oferecidas.1.21 Disponibilizar informações para o visitante antes e durante a visita àUnida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Conservação, para que os mesmos possam prevenir aci<strong>de</strong>ntes,minimizar impactos ambientais naturais e culturais e maximizar a qualida<strong>de</strong><strong>de</strong> sua experiência.Foram consi<strong>de</strong>rados também os objetivos do SNUC, entre eles ofavorecimento das condições e a promoção da educação e interpretação ambiental,a recreação <strong>em</strong> contato com a natureza e o turismo, e a promoção do<strong>de</strong>senvolvimento sustentável a partir dos recursos naturais. Assim, os resultadosapresentados foram propostos <strong>em</strong> conformida<strong>de</strong> com as Diretrizes 13 para visitação<strong>em</strong> Unida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> Conservação, (MMA, 2006).Desta forma os resultados obtidos serviram para i<strong>de</strong>ntificar o perfil e a opiniãodos visitantes <strong>em</strong> relação aos painéis interpretativos, o interesse na prática do12Os questionários foram realizados <strong>em</strong> tais línguas <strong>de</strong>vido ao gran<strong>de</strong> numero <strong>de</strong> turistasestrangeiros. No caso da língua espanhola, o questionário aplicado foi traduzido simultaneamente doquestionário <strong>em</strong> português.13 De acordo com a Portaria nº 120, <strong>de</strong> 12 <strong>de</strong> Abril <strong>de</strong> 2006.


31geoturismo, a necessida<strong>de</strong> da disponibilização <strong>de</strong> informações interpretativas e acompreensão das expectativas dos visitantes.No PNMFN, foram realizadas quatro visitas. Na primeira entre 20 e 27 d<strong>em</strong>aio <strong>de</strong> 2006, foram feitos reconhecimentos à campo e iniciaram-se os contatos.Entre 18 <strong>de</strong> junho e 18 <strong>de</strong> agosto <strong>de</strong> 2006 foram aplicados trezentos questionárioscom a comunida<strong>de</strong> (<strong>em</strong>presários e funcionários do tra<strong>de</strong> turístico) do Arquipélago,<strong>em</strong> parceria com o Centro do Golfinho Rotador. Após a tabulação dos questionáriose a verificação do interesse na participação <strong>em</strong> cursos voltados para os aspectos<strong>geológico</strong>s, o Centro do Golfinho Rotador proporcionou o Curso <strong>de</strong> Condutor <strong>de</strong>Geoturismo, a estudantes e condutores, moradores permanentes do Arquipélago.Tal curso foi realizado durante o mês <strong>de</strong> Agosto <strong>de</strong> 2007, e foi patrocinado peloMinistério do Turismo, Fundação Banco do Brasil e Petrobrás. E entre janeiro e abril<strong>de</strong> 2008, <strong>em</strong> parceria com o Projeto Tamar, a coleta <strong>de</strong> dados foi finalizada.No PNI a coleta <strong>de</strong> dados a campo foi realizada <strong>em</strong> três momentos.Primeiramente <strong>em</strong> junho <strong>de</strong> 2006, para a aplicação <strong>de</strong> questionários com trezentosvisitantes do PNI, e a realização <strong>de</strong> contatos com a direção da UC e <strong>em</strong>presasconcessionárias. Após a verificação da inexistência <strong>de</strong> capacitação voltada para osaspectos <strong>geológico</strong>s, foi proposta a realização <strong>de</strong> um curso para condutores,enfocando a geodiversida<strong>de</strong> da UC. Com o patrocínio das <strong>em</strong>presas Macuco Safári,Macuco Ecoaventura e Canyon Iguaçu – Campo <strong>de</strong> Desafios, o curso foi realizado<strong>em</strong> Set<strong>em</strong>bro <strong>de</strong> 2006. Neste mesmo período, como o PNI faz divisa com o ParqueNacional <strong>de</strong>l Iguazu, este parque também foi visitado para po<strong>de</strong>r<strong>em</strong> ser observadosos aspectos ligados a interpretação do ambiente voltada aos aspectos <strong>geológico</strong>s. E<strong>em</strong> abril <strong>de</strong> 2008 foi realizada a última visita ao PNI, para a coleta dos últimos dadose a entrega das apostilas aos participantes do curso.No PEVV a coleta <strong>de</strong> dados foi realizada <strong>em</strong> diversos períodos. Em Julho <strong>de</strong>2005, saídas a campo foram efetuadas juntamente com o orientador, no sentido <strong>de</strong>iniciar o esclarecimento das dúvidas surgidas na leitura da bibliografia pertinente aoassunto. Entre 04 <strong>de</strong> Outubro e 12 <strong>de</strong> Outubro <strong>de</strong> 2006, foi utilizado o alojamento<strong>de</strong>stinado a pesquisadores <strong>de</strong>ntro da UC. Neste período os trabalhos <strong>de</strong> campoincluíram a procura do local on<strong>de</strong> se encontra o varvito, peça chave na interpretaçãogeológica do Parque. Em <strong>de</strong>z<strong>em</strong>bro <strong>de</strong> 2006 o alojamento foi novamente utilizado


32pelo orientador e esta pesquisadora, durante seis dias, no sentido <strong>de</strong> darcontinuida<strong>de</strong> aos trabalhos <strong>de</strong> campo já iniciados e a revisão da literatura. Nestaocasião, al<strong>em</strong> dos trabalhos realizados nos Arenitos (principalmente no Platô),Furnas e Lagoa Dourada, também foi realizada uma trilha <strong>de</strong> aproximadamentequatro horas até o local <strong>de</strong>nominado Toquinhas, localizada <strong>em</strong> área recent<strong>em</strong>enteincorporada ao parque. Um curso <strong>de</strong> condutores como o oferecido no PNI e PNMFNnão foi realizado nesta UC pelo fato dos aspectos <strong>geológico</strong>s já ter<strong>em</strong> sidorepassados no Curso organizado por esta pesquisadora no ano <strong>de</strong> 2003. Em 2007as pesquisas continuaram, entretanto, não foi obtida a permissão da continuida<strong>de</strong>dos trabalhos <strong>de</strong>vido a probl<strong>em</strong>as burocráticos 14 . De qualquer maneira, gran<strong>de</strong> partedos dados já haviam sido coletados e <strong>em</strong> 2008 os trabalhos <strong>de</strong> campos restringiramseao acompanhamento do orientador <strong>em</strong> uma visita realizada pelos alunos <strong>de</strong>graduação <strong>em</strong> geografia da UFSC e visitas às instalações do Museu <strong>de</strong> Geologia ePaleontologia <strong>de</strong> Vila Velha.Em relação à análise dos dados coletados, foi feita uma análise <strong>de</strong>scritivaseguida <strong>de</strong> uma análise dos dados cruzados 15 . Tal análise dos dados foi realizadaqualitativamente, através da análise do discurso dos entrevistados, e dainterpretação das informações coletadas.O primeiro capítulo t<strong>em</strong> o intuito <strong>de</strong> introduzir aspectos referentes à geologiae geomorfologia, a história da Terra e d<strong>em</strong>onstrar a relação entre o espaço, apaisag<strong>em</strong> e o turismo, visando um rápido <strong>em</strong>basamento referente a estas questões,para que o entendimento a respeito da geologia e geomorfologia das UCs tratadasnos próximos capítulos seja facilitada.O segundo capítulo trata do turismo propriamente dito, apresenta dados daativida<strong>de</strong> turística no Paraná e <strong>em</strong> Pernambuco e os segmentos que pod<strong>em</strong> serrealizados <strong>em</strong> áreas naturais e que utilizam o <strong>patrimônio</strong> <strong>geológico</strong> <strong>em</strong> suas14 O IAP, responsável pelas autorizações, não conce<strong>de</strong>u a permissão por alegar que o relatórioentregue sobre a pesquisa não continha os resultados das entrevistas realizadas, b<strong>em</strong> como aanálise dos mesmos. Entretanto, esses dados até a publicação da tese são inéditos e não pod<strong>em</strong>constar <strong>em</strong> relatórios, somente após a <strong>de</strong>fesa. Deste modo, funcionários não liberaram acontinuida<strong>de</strong> da pesquisa, por não consi<strong>de</strong>rar<strong>em</strong> a mesma “relevante” para o Parque. Isso d<strong>em</strong>onstraque infelizmente o que <strong>de</strong>veria ser incentivado, como as pesquisas a nível <strong>de</strong> pós graduação, são naverda<strong>de</strong> <strong>de</strong>sestimuladas <strong>de</strong>vido a burocracia muitas vezes <strong>de</strong>snecessária.15 Permite perceber as relações entre as varias categorias da informação e da análise interpretativa,que efetua uma leitura dos dados a partir <strong>de</strong> conceitos teóricos.


33ativida<strong>de</strong>s. Com o aprofundamento e amadurecimento <strong>de</strong>sta pesquisa, verificou-seque o geoturismo seria a modalida<strong>de</strong> i<strong>de</strong>al <strong>de</strong> turismo a ser abordada, e não mais oecoturismo. Tal mudança <strong>de</strong> abordag<strong>em</strong> ocorreu pelo fato <strong>de</strong> que se verificou que ogeoturismo não po<strong>de</strong>ria ser encarado como uma forma <strong>de</strong> ecoturismo, e sim comouma nova modalida<strong>de</strong> <strong>de</strong> turismo praticado <strong>em</strong> áreas naturais e específico <strong>em</strong> suasmotivações.No terceiro capítulo são tratados aspectos referentes à geo<strong>conservação</strong> noque diz respeito ao Patrimônio Geológico e às Unida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> Conservação <strong>de</strong>s<strong>de</strong> oseu surgimento até o cenário atual tanto no Paraná quanto <strong>em</strong> Pernambuco. Oenfoque na <strong>conservação</strong> do Patrimônio Geológico é abordado na relação entre aUNESCO e os seus programas <strong>de</strong> Conservação da Natureza: a Lista do PatrimônioMundial e a Re<strong>de</strong> Mundial <strong>de</strong> Geoparques. Com o potencial que t<strong>em</strong>os <strong>em</strong> nossopaís pod<strong>em</strong>os e <strong>de</strong>v<strong>em</strong>os utilizar ainda mais nossa geodiversida<strong>de</strong>, tanto no que dizrespeito à criação <strong>de</strong> Geoparques no Brasil como <strong>em</strong> programas <strong>de</strong> interpretaçãoambiental nas Unida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> Conservação já existentes.Para caracterizar as três Unida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> Conservação abordadas nesta tese, oquarto capítulo trata do Parque Estadual <strong>de</strong> Vila Velha, Parque Nacional do Iguaçue Parque Nacional Marinho <strong>de</strong> Fernando <strong>de</strong> Noronha. São d<strong>em</strong>onstradascaracterísticas gerais da UC, principais atrativos, e o <strong>de</strong>staque para os aspectos<strong>geológico</strong>s e geomorfológicos, que servirão <strong>de</strong> base para a elaboração dos meiosinterpretativos, ativida<strong>de</strong>s geoturisticas e educativas que pod<strong>em</strong> envolver o<strong>patrimônio</strong> <strong>geológico</strong>.O quinto capítulo trata da educação ambiental e interpretação ambientalenfocando os aspectos <strong>geológico</strong>s e a sua interpretação <strong>em</strong> Unida<strong>de</strong>s <strong>de</strong>Conservação. A análise <strong>de</strong>sses meios nas três UCs pesquisadas é realizada nestecapítulo, levando-se <strong>em</strong> consi<strong>de</strong>ração ex<strong>em</strong>plos conhecidos <strong>em</strong> outras UCs a nívelmundial. Foi verificado que <strong>em</strong> todos os meios interpretativos propostos, as três UCsapresentam <strong>de</strong>ficiências e/ ou carências <strong>em</strong> relação à interpretação voltada para osaspectos <strong>geológico</strong>s e geomorfológicos. Tal avaliação, baseada <strong>em</strong> observações inloco, foi utilizada como referência para a elaboração dos resultados.


34Concluindo, o sexto e último capítulo traz os resultados compostos pelasanálises dos questionários aplicados, observações realizadas a campo e aspropostas <strong>de</strong> meios interpretativos (cursos para condutores, excursões geológicas,palestras, material impresso, painéis interpretativos, material áudio-visual, website,jogos e ativida<strong>de</strong>s lúdicas), ativida<strong>de</strong>s pedagógicas, ações para o <strong>de</strong>senvolvimentodo geoturismo e a candidatura à Re<strong>de</strong> Mundial <strong>de</strong> Geoparques, e a proposta daRe<strong>de</strong> Brasileira <strong>de</strong> Geoparques.De qualquer maneira, as três UCs aqui tratadas, tornando-se ou nãofuturamente Geoparques, <strong>de</strong>v<strong>em</strong> ter entre seus objetivos preservar e conservar o<strong>patrimônio</strong> <strong>geológico</strong> para futuras gerações, educar e ensinar o público (moradores evisitantes) sobre t<strong>em</strong>as relativos a paisagens geológicas e educação ambiental,prover meios <strong>de</strong> pesquisas para as geociências e assegurar o <strong>de</strong>senvolvimentosustentável através do turismo. Portanto, o <strong>patrimônio</strong> <strong>geológico</strong> precisa <strong>de</strong>ixar <strong>de</strong>ser esquecido pelas políticas públicas, educativas e <strong>de</strong> proteção do meio ambiente.Conscientizar a socieda<strong>de</strong> sobre nossa rica geodiversida<strong>de</strong> é importante para queassim ela possa ser utilizada com fins não somente científicos, e também educativose turísticos.


351. GEOLOGIA E GEOMORFOLOGIA: ABORDAGEM HISTÓRICA,ASPECTOS PRINCIPAIS E A RELAÇÃO COM A GEOGRAFIA E OTURISMO.1.1 GEOLOGIAA geologia é a ciência que estuda a Terra, sua composição, estrutura,proprieda<strong>de</strong>s físicas, história e processos que lhe dão forma. A palavra v<strong>em</strong> dogrego γη- (ge-, "a terra") e λογος (logos, "palavra", "razão").Sendo uma dasCiências da Terra, reconstitui a história do planeta <strong>de</strong>s<strong>de</strong> o seu aparecimento,utilizando as rochas e fósseis como provas para essa reconstituição.A geologia progrediu muito <strong>de</strong>s<strong>de</strong> as suas primeiras <strong>de</strong>scobertas, possuindohoje <strong>em</strong> dia diversos ramos, como a Geomorfologia, Oceanografia, Hidrologia,Metereologia, Petrografia, Petrologia, Mineralogia, Paleogeografia, Estratigrafia,Vulcanologia, Geologia Histórica, entre outros.Três perguntas fundamentais procuram ser respondidas pelos geólogos: Oque aconteceu aqui, como aconteceu e há quanto t<strong>em</strong>po atrás. Entretanto, ageologia é como um quebra-cabeça, um mistério para ser resolvido, on<strong>de</strong> cada peçaé fundamental e muitas estão faltando <strong>de</strong>vido aos processos que mo<strong>de</strong>laram apaisag<strong>em</strong>. No que concerne ao passado <strong>geológico</strong>, pesquisadores que já v<strong>em</strong>trabalhando há séculos 16conseguiram concentrar <strong>em</strong> poucas linhas, milhões <strong>de</strong>anos <strong>de</strong> história geológica. Assim, cada vez mais, cidadãos comuns começaram atomar conhecimento dos segredos do passado da Terra.Horace Benedict <strong>de</strong> Saussure, foi o primeiro a utilizar os termos geologia egeólogo. De acordo com Evans (1970, p. 62) “De certa maneira, os alpinistas,esquiadores, jovens hoteleiros, andarilhos e outros aficionados das alturas segu<strong>em</strong>16 Um <strong>de</strong>sses pesquisadores, no século XVI, Leonardo da Vinci, sugeriu explicações para diversosfenômenos naturais, entre eles a orig<strong>em</strong> <strong>de</strong> fósseis. Estudando as conchas do mar encontradas <strong>em</strong>rochas italianas, chegou à conclusão <strong>de</strong> que elas tinham realmente vivido no fundo do mar e haviamsido soterradas por sedimentos arrastados pelos rios. Já no século XVIII, a geologia começou a se<strong>de</strong>finir e a firmar seus próprios rumos. Cada vez mais viagens mais longas começaram a serrealizadas, propiciando maiores conhecimentos aos naturalistas que assim podiam ter uma visãomais geral da Terra, po<strong>de</strong>ndo interpretar seu passado. Começaram a surgir os primeiros esboços d<strong>em</strong>apas <strong>geológico</strong>s, entretanto, nessa época a Geologia ainda não possuía o status <strong>de</strong> ciência, apesardos estudiosos já concordar<strong>em</strong> que a Terra era muito mais antiga do que antes se pensava, e que oseu <strong>de</strong>senvolvimento havia sido muito mais complexo


36hoje o caminho indicado por Saussure – o primeiro a ser glorificado com o nome <strong>de</strong>geólogo”. Já James Hutton, no século XVIII, concluiu que as rochas estratificadas,calcários e arenitos, entre outras, eram sedimentos solidificados, <strong>de</strong>positados nofundo do mar. Assim a ele foi atribuída a paternida<strong>de</strong> do que hoje se chama “VelhaGeologia”, pois tinha a habilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> por meio da imaginação e intuição, reverterprocessos físicos e assim “ver a paisag<strong>em</strong> às avessas” 17 .E à medida que o interesse pela geologia aumentava, começaram a surgirassociações 18 para o seu estudo. Outro pesquisador, Charles Lyell, foi o primeiro a<strong>de</strong>sejar escrever um livro para o público leigo <strong>em</strong> geologia, visto que todas aspublicações feitas até então eram dirigidas aos cientistas e eram livros técnicos.Mas, Lyell viu que era uma tarefa muito difícil, pois era mais fácil escrever para omundo cientifico. De qualquer forma, Lyell foi consi<strong>de</strong>rado o “pai da geologiamo<strong>de</strong>rna” graças as suas claras exposições sobre os seus resultados, fazendo comque a geologia <strong>de</strong>ixasse <strong>de</strong> ser uma mera coletânea <strong>de</strong> fatos e teorias imaginosas,tornando-se enfim uma ciência. Sua obra “Princípios da Geologia” abriu os olhos doséculo XIX para o dramático e recôndito passado da Terra. (EVANS, 1970;MACFARLANE, 2005.)Na América as pesquisas envolviam gran<strong>de</strong>s dificulda<strong>de</strong>s e sérios riscos 19 .No Brasil, Pero Vaz <strong>de</strong> Caminha, <strong>em</strong> 1500, <strong>em</strong> sua carta ao Rei <strong>de</strong> Portugal fez asprimeiras <strong>de</strong>scrições geológicas das barreiras terciárias da costa. Após, viajantes doséculo XVIII <strong>de</strong>ixaram algumas notas sobre minas, rochas e minerais <strong>de</strong> diversospontos do país. Em 1805, Martin Francisco Ribeiro <strong>de</strong> Andrada 20 escreveu “Diário <strong>de</strong>uma viag<strong>em</strong> mineralógica pela província <strong>de</strong> São Paulo” firmando-o como um bom17 Em seu livro “Teoria da Terra”, estudou a formação do relevo e <strong>em</strong> suas teorias, na ótica <strong>de</strong>Macfarlane (2005, p.41) Hutton propunha que a Terra que hoje habitamos não passa <strong>de</strong> uminstantâneo <strong>em</strong> uma série <strong>de</strong> incontáveis ciclos. A aparente paternida<strong>de</strong> das montanhas e dos litoraisé, <strong>de</strong> fato, uma ilusão produzida por nossos diminutos ciclos e vida. Ou seja, a história do planetar<strong>em</strong>ontava, in<strong>de</strong>finidamente, ao passado e estendia-se, in<strong>de</strong>finidamente ao futuro. E, esseaprofundamento inexprimível da história da Terra configura a contribuição vital da geologia àimaginação coletiva, pois perante as escalas geológicas, a mente per<strong>de</strong> a noção do t<strong>em</strong>po (op. Cit,2005).18 Como a Socieda<strong>de</strong> Geológica, criada na Inglaterra <strong>em</strong> 1807, com a intenção <strong>de</strong> investigar aestrutura mineral da Terra. Com o crescimento do numero <strong>de</strong> sócios, transformou-se num centro <strong>de</strong>pesquisas e <strong>de</strong>bates <strong>geológico</strong>s, e foi regulamentada como instituição <strong>em</strong> 182519 Nos Estados Unidos, um dos maiores pesquisadores foi o Major John Wesley Powell, que <strong>em</strong> 1869,<strong>em</strong>bora inválido, chefiou uma gran<strong>de</strong> expedição pelo Grand Canyon, on<strong>de</strong> três dos cientistas forammortos pelos índios peles-vermelhas.20 Inspetor <strong>de</strong> Minas e Matas da Capitania <strong>de</strong> São Paulo e irmão <strong>de</strong> José Bonifácio <strong>de</strong> Andrada eSilva, patriarca da In<strong>de</strong>pendência do Brasil.


37observador do Vale do Ribeira. (OLIVEIRA E LEONARDOS, 1943). Charles Darwin,<strong>em</strong> 1831, com o navio inglês Beagle fez diversas observações geológicas,<strong>de</strong>screvendo os recifes <strong>de</strong> Pernambuco e também as Ilhas <strong>de</strong> Fernando <strong>de</strong>Noronha. E, <strong>em</strong> 1907, no governo <strong>de</strong> Rodrigues Alves, foi criado o ServiçoGeológico e Mineralógico do Brasil 21 .No Paraná, traços gerais da pesquisa geológica indicam que as primeirasnotícias foram dadas por Neumann <strong>em</strong> 1860, Verecker <strong>em</strong> 1862, Keller <strong>em</strong> 1866 eWagoner <strong>em</strong> 1878. Trabalhos básicos são representados pelas publicações <strong>de</strong>Derby <strong>em</strong> 1879, Si<strong>em</strong>iradski <strong>em</strong> 1898, White <strong>em</strong> 1908 e Woodworth <strong>em</strong> 1912. Após,Euzébio Paulo <strong>de</strong> Oliveira realizou diversos trabalhos <strong>em</strong> 1916 e <strong>em</strong> 1927 a primeirarepresentação total da geologia do Paraná. (MAACK, 1947) Reinhard Maackrealizou diversos trabalhos no Paraná, publicando o livro Geografia Física do Estadodo Paraná, <strong>em</strong> 1969. Neste estudo ele conclui ser<strong>em</strong> cinco períodos 22 <strong>em</strong> relação ainvestigação geográfica e geológica do Estado. Deste modo, no quinto período,autores como S. Petri, F. F. M. <strong>de</strong> Almeida (que realizou diversos trabalhosimportantes <strong>em</strong> Fernando <strong>de</strong> Noronha) e J. J. Bigarella também realizaramcontribuições para a geologia do Paraná e do Brasil. Para Ab’saber (2002, p. 35)“Maack seria o sucessor <strong>de</strong> Euzébio, da mesma forma que mais tar<strong>de</strong> Bigarella osuce<strong>de</strong>ria no comando dos conhecimentos <strong>geológico</strong>s sobre o Paraná”. Atualmente,no que pod<strong>em</strong>os chamar <strong>de</strong> um novo período 23 , novos trabalhos vêm sendorealizados, principalmente por alunos <strong>de</strong> cursos <strong>de</strong> pós-graduação e pesquisadoresuniversitários.21 Orville Derby, (apelidado <strong>de</strong> pai da geologia brasileira), foi seu primeiro diretor e <strong>em</strong> 1933, o ServiçoGeológico passou a chamar-se Departamento Nacional <strong>de</strong> Produção Mineral (DNPM), conservandoeste nome até hoje.22 Primeiro período: A história dos conhecimentos geográficos durante a época do <strong>de</strong>scobrimento, noséculo XV, até a <strong>de</strong>struição das missões jesuíticas espanholas, entre 1628 e 1636; Segundo período:As ban<strong>de</strong>iras para o reconhecimento e penetração do hinterland do Paraná, <strong>de</strong> 1637 a 1760. Terceiroperíodo: A época das expedições militares, <strong>de</strong> 1761 a 1780, e das primeiras explorações científicasaté 1853; Quarto período: As investigações geográficas e geológicas <strong>de</strong>s<strong>de</strong> a autonomia do Paraná,<strong>em</strong> 1853 até o ano <strong>de</strong> 1941. E Quinto período: A época das viagens <strong>de</strong> estudo, <strong>de</strong> 1942 a 1963.(MAACK, 2002, p.44)23 Entretanto, percebeu-se na bibliografia consultada <strong>em</strong> relação à geologia e geomorfologia, queautores mais recentes reproduz<strong>em</strong> as idéias <strong>de</strong> autores antigos e muitas vezes não os citam. Assim,quando esses trabalhos mais novos são citados, a referência é feita <strong>de</strong> maneira incorreta, pois sãoeles que são citados (os mais novos), e não os mais antigos, que foram os que <strong>de</strong>senvolveram asidéias.


38Neste trabalho serão utilizadas entre outros autores, as idéias <strong>de</strong> Maack, queretrata que cinco gran<strong>de</strong>s paisagens e subzonas naturais pod<strong>em</strong> ser observadas noParaná (MAACK, 2002, p. 111)1- A zona litorânea:a. Orla marinhab. Orla da serra2- A serra do Mar3- O primeiro planaltoa. O planalto <strong>de</strong> Curitibab. A região montanhosa <strong>de</strong> Açunguic. O planalto <strong>de</strong> Maracanã4- O segundo planalto ou planalto <strong>de</strong> Ponta Grossaa. A região ondulada do paleozóicob. A região das mesetas do mesozóico5- O terceiro planalto ou planalto do trapp do Paranáa. Os blocos planálticos <strong>de</strong> Cambará e São Jeronimo da Serrab. O bloco do planalto <strong>de</strong> Apucaranac. O bloco do planalto <strong>de</strong> Campo Mourãod. O bloco do planalto <strong>de</strong> Guarapuavae. O <strong>de</strong>clive do planalto <strong>de</strong> PalmasLevando-se <strong>em</strong> consi<strong>de</strong>ração essa divisão feita por Maack, nesta pesquisaserão trabalhadas Unida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> Conservação <strong>de</strong> duas <strong>de</strong>ssas subzonas. Uma <strong>de</strong>las,o Parque Estadual <strong>de</strong> Vila Velha, integra a região ondulada do paleozóico (SegundoPlanalto) e outra, o Parque Nacional do Iguaçu, integra o bloco do planalto <strong>de</strong>Guarapuava (Terceiro Planalto).No caso da terceira Unida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Conservação aqui tratada, o Parque NacionalMarinho <strong>de</strong> Fernando <strong>de</strong> Noronha, o mesmo atualmente integra o Estado <strong>de</strong>Pernambuco sendo um distrito estadual, mas, durante muitos anos (entre 1942 e1988) foi um território fe<strong>de</strong>ral. Pelo fato <strong>de</strong> que seus aspectos <strong>geológico</strong>s egeomorfológicos são singulares e únicos <strong>em</strong> termos nacionais e não apresentar<strong>em</strong>relação com a paisag<strong>em</strong> e relevo do Estado <strong>de</strong> Pernambuco, é que o mesmo não écitado aqui com o mesmo <strong>de</strong>staque do Estado do Paraná. Desta forma, essesaspectos serão tratados no capitulo correspon<strong>de</strong>nte.Assim, estudos sobre a geologia e geomorfologia <strong>de</strong> um país (e neste caso <strong>de</strong>suas Unida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> Conservação) são importantes para que seja realizado o manejoa<strong>de</strong>quado, e para que se possa conhecer a sua evolução geológica, característicasfísicas, naturais e também as suas potencialida<strong>de</strong>s turísticas. Sob este enfoque, aseguir são introduzidos conceitos relativos a historia geológica da Terra, s<strong>em</strong> o seu


39aprofundamento, e <strong>em</strong> seguida consi<strong>de</strong>rações a respeito do espaço, geografia epaisag<strong>em</strong>.1.1.1 História Geológica da TerraA história da Terra é muito longa, retroce<strong>de</strong> bilhões <strong>de</strong> anos, e são as rochasque nos ajudam a contar essa história. Ozima explica que (1991, p. 3)Há um milhão <strong>de</strong> anos, a Terra <strong>de</strong>ve ter sido completamente diferente daTerra que conhec<strong>em</strong>os hoje. Há três ou quatro bilhões <strong>de</strong> anos, <strong>de</strong>ve ter sidotão diferente que talvez seja mais apropriado consi<strong>de</strong>rá-la como virtualmenteoutro planeta. Para enten<strong>de</strong>r a Terra, portanto, não basta investigá-la <strong>em</strong> seuestado atual – é preciso compreen<strong>de</strong>r como ela foi <strong>de</strong>s<strong>de</strong> seu nascimento atéo presente... Contudo, é impossível o acompanhamento <strong>de</strong> fenômenosatravés <strong>de</strong> bilhões <strong>de</strong> anos e assim são requeridos métodos especiais.Deste modo, alguns aspectos referentes a geologia são aqui tratados, visandouma introdução à ciência geológica. De qualquer maneira, a verda<strong>de</strong>iracompreensão não é atingida até que a Terra seja vista como <strong>em</strong> constante processo<strong>de</strong> mutação.Assim, a estrutura atual da crosta terrestre e o relevo atual são resultados <strong>de</strong>um <strong>de</strong>senvolvimento histórico e gradual do globo terrestre. Compreen<strong>de</strong>r e conhecera situação atual <strong>de</strong>ssa crosta significa estudar e analisar este <strong>de</strong>senvolvimentohistórico. Os documentos e as test<strong>em</strong>unhas dos processos e dos acontecimentospelos quais se realizou a história24 da Terra, são as rochas e os sedimentos quecompõe a crosta terrestre (BEURLEN, 1964).24 Na década <strong>de</strong> 50 começaram os estudos <strong>de</strong> datação radiométrica, e os geocronólogos <strong>de</strong>dicaramsea <strong>de</strong>terminar a data <strong>de</strong> rochas antigas para tentar chegar a ida<strong>de</strong> da Terra. No oeste da Austrália,foram encontrados alguns grãos <strong>de</strong> zircão, com ida<strong>de</strong> aproximada <strong>de</strong> 4,2 bilhões <strong>de</strong> anos. E, <strong>em</strong>conjunto com outros estudos realizados po<strong>de</strong>-se consi<strong>de</strong>rar a ida<strong>de</strong> <strong>de</strong> 4,55 bilhões <strong>de</strong> anos como aIda<strong>de</strong> <strong>de</strong> formação da Terra (OZIMA, 1991).


40Pré-CambrianoEon Era Período Época Milhoes <strong>de</strong> anosCenozoico Quaternário Recente De 11.477 anos(Holoceno) atrás até hoje <strong>em</strong>diaPleistoceno 1.806 Ma até11.477 anos atrásTerciário Plioceno De 5.332 Ma àFanerozóicoMioceno1.806 MaDe 23,03 Ma à5.332 MaOligoceno De 33,9 Ma ± 0,1Ma à 23,03 MaEoceno De 55,8 Ma ± 0,2Ma à 33,9 ± 0,1MaPaleoceno De 65,5 Ma ± 0,3Ma à 55,8 ± 0,2MaMesozóico Cretáceo De 145,5 Ma ± 4,0Ma à 65,5 ± 0,3 MaJurássico De 199,6 Ma ± 0,6Ma à 145,5 ± 4, MaTriássico De 251,0 Ma ± 0,4Ma à 199,6 ± 0,6MaPaleozóico Permiano De 299,0 Ma ± 0,8Ma à 251,0 ± 0,4MaCarbonífero De 359,2 Ma ± 2,5Ma à 299,0 ± 0,8MaDevoniano De 416,0 Ma ± 2,8Ma à 359,2 ± 2,5MaSiluriano De 443,7 Ma ± 1,5Ma à 416,0 ± 2,8MaOrdoviciano De 488,3 Ma ± 1,7Ma à 443,7 ± 1,5MaCambriano De 542 Ma ± 1,0Ma à 488,3 ± 1,7MaProterozóico Neoproterozóico De 1.000 Ga à 542MaMesoproterozóicoDe 1.600 Ga à1.000 GaPaleoproterozóicoDe 2.500 Ga à1.600 GaArqueano Neoarqueano De 2.800 Ga àHa<strong>de</strong>anoMesoarqueanoPaleoarqueanoEoarqueano2.500 GaDe 3.200 Ga à2.800 GaDe 3.600 Ga à3.200 GaDe ~3.850 Ga à3.600 GaDe 4.560 Ga à~3.850 Ga


41QUADRO 03: Escala do T<strong>em</strong>po GeológicoSiglas: Ma – Milhões <strong>de</strong> anos. Ga – bilhão <strong>de</strong> anosFonte: Baseado <strong>em</strong> Carneiro e Toniolo (2007)A história física da Terra é muito longa, e foi subdividida <strong>em</strong> eras (divisãobásica do t<strong>em</strong>po <strong>geológico</strong>), que por sua vez são divididas <strong>em</strong> períodos e épocas. Aprecisão na correta datação <strong>de</strong>ssa escala ainda é t<strong>em</strong>a <strong>de</strong> discussão entre algunsautores e, portanto, a título <strong>de</strong> ilustração, o quadro apresentado foi baseado <strong>em</strong>Carneiro e Toniolo (2007).A Era Arqueozóica é a mais antiga e foi a mais d<strong>em</strong>orada <strong>de</strong> todas as eras.As rochas <strong>de</strong>ssa era são <strong>em</strong> sua maioria metamórficas e poucos fósseis foramencontrados. Correntes <strong>de</strong> lava estavam por toda a superfície, e ao se resfriar<strong>em</strong>começaram a dar forma aos primeiros núcleos continentais. A vida somente po<strong>de</strong>riaexistir e evoluir nas águas marinhas, pois a atmosfera era ainda irrespirável,composta por dióxido <strong>de</strong> carbono e s<strong>em</strong> oxigênio, além da po<strong>de</strong>rosa radiaçãoultravioleta <strong>em</strong>anada pelo Sol.Há 2,5 bilhões <strong>de</strong> anos atrás, os continentes já estavam maiores, agrupadosnuma gran<strong>de</strong> massa terrestre, on<strong>de</strong> algas azuis começavam a realizar a fotossíntesee o oxigênio começava a aparecer nas águas.A Era Paleozóica, teve duração <strong>de</strong> aproximadamente 291 milhões <strong>de</strong> anos, eé característica como sendo da “vida antiga” pelo fato da vida animal e vegetal estar<strong>em</strong> estado ainda inferior. Ocorreram gran<strong>de</strong>s movimentos da crosta, propiciando aformação <strong>de</strong> montanhas e <strong>de</strong> rochas sedimentares. Os períodos foram: Cambriano,Ordoviciano, Siluriano, Devoniano, Carbonífero e Permiano. A Era Mesozóica, teveduração aproximada <strong>de</strong> 186 milhões <strong>de</strong> anos. Nesta Era, apareceram os primeirosmamíferos, aves e os répteis gigantes e as forças <strong>de</strong> erosão atuaram intensamente,dando orig<strong>em</strong> a formas sedimentares amplas. Na Era Cenozóica, formaram-se asgran<strong>de</strong>s ca<strong>de</strong>ias <strong>de</strong> montanhas (Alpes, Himalaia, Rochosas e Atlas), <strong>de</strong>sapareceramos gran<strong>de</strong>s répteis e os continentes adquiriram a forma atual. Possui os períodosEoceno, Oligoceno, Mioceno e Plioceno. E por fim, no Quaternário, ocorreram asúltimas glaciações e a formação dos atuais contornos dos oceanos e continentes.1.1.2 Deriva Continental


42Notando a gran<strong>de</strong> s<strong>em</strong>elhança existente entre a costa oeste da África e acosta leste da América do Sul, <strong>em</strong> 1912, o cientista al<strong>em</strong>ão Alfred Wegener sugeriuuma explicação para essa s<strong>em</strong>elhança. Macfarlane (2005, p.63) explica queWegener apresentou-se perante uma platéia <strong>de</strong> geólogos <strong>em</strong> Frankfurt e disse-lhesque os continentes se moviam 25 , e que po<strong>de</strong>riam ter constituído um único continenteque <strong>de</strong>pois teria se dividido. Na época, poucas idéias foram tão audaciosas, masapós mais explicações essa idéia começou a ser cada vez mais aceita. Para isso,Wegener recorreu à geologia e paleontologia elaborando a teoria conhecida como“Deriva Continental”, publicada <strong>em</strong> 1915. Nesta teoria, o autor procurou mostrarcomo <strong>de</strong>veria ser a superfície terrestre no final do Carbonífero (há aproximadamente300 milhões <strong>de</strong> anos atrás), no meio do Terciário (há aproximadamente 50 milhões<strong>de</strong> anos) e no começo do Quaternário (há cerca <strong>de</strong> 1 milhão <strong>de</strong> anos) 26 .Para confirmar essa idéia foi importante a indicação das concordânciasgeológicas e essas coincidências foram verificadas <strong>em</strong> diversos locais. No Atlântico,Índia, Madagascar e África Oriental, os platôs <strong>de</strong> gnaisses se ajustam <strong>em</strong> suasdireções <strong>de</strong> dobramento, confirmando-a. Em relação a essas coincidências, paraWegener era como r<strong>em</strong>ontar os fragmentos <strong>de</strong> uma folha <strong>de</strong> jornal rasgada,encaixando os pedaços, um a um verificando se as linhas <strong>de</strong> texto se completavam<strong>de</strong>vidamente. Se o fizess<strong>em</strong>, a conclusão que restava era <strong>de</strong> que os fragmentos, <strong>de</strong>fato, estiveram unidos. (MACFARLANE, 2005, apud WEGENER, 1924)Essa teoria sugeria que tanto os Continentes quanto os pólos, também<strong>de</strong>rivaram. Mas, por muito t<strong>em</strong>po, foi uma gran<strong>de</strong> controvérsia entre os geólogos.Foram realizados diversos estudos: paleomagnéticos, no fundo dos oceanos,25 Especificamente, ele explicou que os continentes, cuja composição básica é a rocha granítica,“flutuam” sobre o basalto <strong>de</strong>nso que constitui o fundo do oceano, como se foss<strong>em</strong> manchas <strong>de</strong> óleona água. Com efeito, 300 milhões <strong>de</strong> anos atrás, Wegener informou que as massas <strong>de</strong> terra do globoencontravam-se reunidas <strong>em</strong> um só supercontinente, massa terrestre primordial, por ele <strong>de</strong>nominadaPangea, que significa “todas as terras” (MACFARLANE,2005)26 No fim do Carbonífero a América do Norte estaria ligada ao continente eurásico, e a América do Sulao continente africano. Os continentes do H<strong>em</strong>isfério Sul, Austrália e Antártica também estavamunidos nesta gran<strong>de</strong> massa e a Península da Índia, maior que a atual, encaixava-se entre a África e aAustrália. Este seria o continente hipotético <strong>de</strong> Wegener, a Pangeia. Entre os períodos Jurássico eTerciário, a Pangeia começou a se dividir e os continentes moveram-se <strong>em</strong> direção a oeste e aoEquador. Durante o Cretáceo, a América do Sul e a África começaram a se <strong>de</strong>slocar, abrindo espaçopara o Oceano Atlântico. A Groenlândia e a Noruega permaneceram ligadas até o Quaternário e aPenínsula da Índia quando Pangeia se fragmentou, migrou até a Ásia e formou a cordilheira doHimalaia. As duas Américas <strong>de</strong>rivaram para oeste, formando <strong>em</strong> suas costas oci<strong>de</strong>ntais asCordilheiras da América do Norte e os An<strong>de</strong>s, na América do Sul, que vão do Alasca até a Antártica.(TAKEUCHI et al, 1974 apud WEGENER, 1924).


43geofísicos, e sedimentológicos. E, um dos trabalhos que confirmou a Deriva dosContinentes, foi o realizado por Bigarella, <strong>em</strong> 1973 27 . Assim como Wegener <strong>em</strong> suateoria, durante muitos anos outros antigos pensadores <strong>geológico</strong>s sofrerampreconceito ao expor<strong>em</strong> suas idéias, que na época pareciam ridículas e po<strong>de</strong>riamcausar perseguições. Hoje <strong>em</strong> dia perceb<strong>em</strong>os que os turistas estão ávidos porinformações, d<strong>em</strong>onstrando que o conhecimento científico relacionado à geologia egeomorfologia po<strong>de</strong> sim ser utilizado como ferramenta <strong>de</strong> educação ambientalatravés da interpretação ambiental.1.2 GEOMORFOLOGIAMuitos visitantes <strong>de</strong> Unida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> Conservação, ao ver<strong>em</strong> a superfície daTerra como ela é não imaginam quantos processos ocorreram para que ela s<strong>em</strong>ostre <strong>de</strong> tal maneira, pois como as mudanças <strong>em</strong> gran<strong>de</strong> escala são realizadas <strong>em</strong>longos períodos <strong>de</strong> t<strong>em</strong>po, t<strong>em</strong>os a impressão <strong>de</strong> que o relevo é estático.Assim, para compreendê-la há a Geomorfologia, a ciência responsável poranalisar as formas do relevo e seus processos <strong>de</strong> formação e transformação. Nestecaso, foram muitos pesquisadores, muitas teorias e conceitos até a estruturação daciência. Nesta tese utiliza-se a <strong>de</strong>finição <strong>de</strong> Casetti (2001, p.11) on<strong>de</strong> aGeomorfologia é aCiência que t<strong>em</strong> por objetivo analisar as formas do relevo, buscandocompreen<strong>de</strong>r as relações processuais pretéritas e atuais. Seu objeto <strong>de</strong>estudo é a superfície da crosta terrestre, a qual, no entanto, não se restringeà ciência geomorfológica, que possui sua forma específica <strong>de</strong> análise dorelevo.27 Para comprová-la, a teoria foi examinada do ponto <strong>de</strong> vista da análise das paleocorrentes. Foramfeitas medições <strong>de</strong> estratos cruzados <strong>em</strong> arenitos marinhos do Ordoviciano ao Devoniano, realizadasna África e na América do Sul que indicaram um padrão <strong>de</strong> transporte periférico-radial, que confirmauma justaposição pretérita entre ambos os continentes. Assim, no final do Permiano e inicio doTriassico, Pangéia começa a se <strong>de</strong>slocar para o Norte e o clima fica mais ameno e quente. O clima<strong>de</strong>sértico prevalece, favorecendo a expansão dos répteis. Na Bacia do Paraná começa um gran<strong>de</strong>processo <strong>de</strong> <strong>de</strong>sertificação, <strong>de</strong>saparecendo gradualmente a água da região. Esse <strong>de</strong>serto secorecoberto por gran<strong>de</strong>s dunas, foi chamado <strong>de</strong> <strong>de</strong>serto <strong>de</strong> Botucatu, que <strong>de</strong>u orig<strong>em</strong> ao atual AqüíferoGuarani. E no Cretáceo (140-120 milhões <strong>de</strong> anos) o antigo Mar <strong>de</strong> Tétis dividiu o antigo continente<strong>em</strong> duas partes, Laurásia ao norte e Gonduana ao Sul.


44A palavra po<strong>de</strong> ser <strong>de</strong>composta <strong>em</strong> Geo (Terra), Morfo (Forma) e Logos(estudos). É um ramo das geociências relativamente novo 28 e com o passar dosanos e a evolução da ciência geomorfológica, princípios básicos, leis e objetospróprios foram criados, além da utilização <strong>de</strong> métodos e técnicas específicas.Penteado explica que (1983, p. 2),O campo <strong>de</strong> estudo da geomorfologia é a superfície <strong>de</strong> contato que une aparte sólida do globo, a litosfera. Essa superfície é o reflexo <strong>de</strong> um equilíbriomóvel entre forças <strong>de</strong> natureza diferentes. Essas forças têm sua orig<strong>em</strong> nointerior da Terra: processos endógenos e no exterior, processos exógenos,referentes à atmosfera, hidrosfera e biosfera. Esse campo é dinâmico porqueas forças ag<strong>em</strong> e reag<strong>em</strong>, gerando um sist<strong>em</strong>a <strong>de</strong> interferências.Portanto (Id.), o estudo dos fenômenos é feito <strong>em</strong> dois aspectos, o estático eo dinâmico, para que o duplo objetivo 29 da geomorfologia seja entendido. Entretanto,não se <strong>de</strong>ve comparar uma força geológica, como o vulcanismo, com uma forçaclimática, como a chuva, pois são forças <strong>de</strong>siguais, e por ser<strong>em</strong> <strong>de</strong>siguais é que háa evolução das formas <strong>de</strong> relevo. A geomorfologia t<strong>em</strong> um caráter interdisciplinar,englobando <strong>em</strong> seus estudos aspectos <strong>geológico</strong>s e também climatológicos <strong>de</strong>ssasformas <strong>de</strong> relevo. Para Casseti (2001), o estudo da Geomorfologia é importante nacompreensão do relevo, pois para se enten<strong>de</strong>r o relevo na atualida<strong>de</strong> éimprescindível compreen<strong>de</strong>r o seu processo evolutivo <strong>em</strong> seus diferentesmomentos. E, o estudo do relevo para os diferentes campos do conhecimento éessencial, sendo evi<strong>de</strong>nciada a sua relação com a Geografia.28 Seus estudos iniciaram aproximadamente no final do século XIV, num momento <strong>de</strong> mudança <strong>de</strong>atitu<strong>de</strong>s por parte dos homens <strong>em</strong> relação as coisas e aos fatos que nos cercam. Antes <strong>de</strong> ser<strong>em</strong>explicadas, as formas <strong>de</strong> relevo eram <strong>de</strong>scritas, nas fases <strong>de</strong> fisiografia e orografia. James Hutton,(1726-1797), foi consi<strong>de</strong>rado também o pai da geomorfologia, pois <strong>de</strong>finiu suas bases e explicava queeram as ações observáveis na superfície do globo que reduziriam o relevo e permitiria o arrasamentodas montanhas. Assim fundamentou a teoria do Atualismo, on<strong>de</strong> o presente é a chave do passado,mais tar<strong>de</strong> divulgada por Charles Lyell, que <strong>de</strong>fendia o fato <strong>de</strong> que os processos que atuam hoje jáatuaram no passado na superfície da Terra. Outro pesquisador pioneiro, William Morris Davis (1850-1934), influenciou a geomorfologia, pois contribuiu lecionando, realizando diversas viagens, eprincipalmente, integrando, sist<strong>em</strong>atizando e <strong>de</strong>finindo a seqüência <strong>de</strong> acontecimentos num ciclo <strong>de</strong>erosão, procurando uma terminologia que classificasse as formas <strong>de</strong> relevo terrestre, para apoiarsuas <strong>de</strong>scrições.29 O primeiro objetivo é o <strong>de</strong> fornecer <strong>de</strong>scrições explicativas e um inventário <strong>de</strong>talhado das formas(aspecto estático da paisag<strong>em</strong>, sua anatomia) e o segundo diz respeito à análise dos processos queoperam na superfície terrestre (aspecto dinâmico, sua fisiologia). (PENTEADO, 1983)


45Deste modo, Guerra explica que (2003 p.315) “A geomorfologia, cujo estudo eprogresso constitu<strong>em</strong> geralmente o objetivo dos geógrafos, foi consi<strong>de</strong>rada <strong>de</strong>s<strong>de</strong> oinício como a ciência da ação e da eficácia das forças da natureza inanimada,mo<strong>de</strong>lando a multiplicida<strong>de</strong> das formas da superfície da Terra”. No Brasil, estudosvoltados a novas tendências da geomorfologia vêm se tornando cada vez maispopulares, como é o caso da geomorfologia ambiental 30 . Sobre este t<strong>em</strong>a, Guerra eMarçal (2006) procuraram abordar t<strong>em</strong>áticas relacionadas às questões urbanas,rurais e ao planejamento, <strong>de</strong>stacando diversas aplicações <strong>de</strong>sse conhecimentogeomorfológico, entre elas o turismo e Unida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> Conservação, on<strong>de</strong> ageomorfologia através <strong>de</strong>ssa abordag<strong>em</strong> ambiental é privilegiada (p.15) “ tendo <strong>em</strong>vista possuir metodologias e ferramentas <strong>de</strong> gran<strong>de</strong> importância para as pesquisasambientais que pod<strong>em</strong> <strong>de</strong>finir e especializar as interações entre os diferentescomponentes do meio natural”.Como a geomorfologia é parte da base física da paisag<strong>em</strong>, já que a paisag<strong>em</strong>é o resultado <strong>de</strong> processos geomorfológicos, são as paisagens também que<strong>de</strong>spertam a curiosida<strong>de</strong> <strong>de</strong> muitos turistas. Ultimamente, observamos que cada vezmais as pessoas <strong>de</strong>sejam estar perto da natureza e t<strong>em</strong> como motivação a vonta<strong>de</strong><strong>de</strong> estar visitando diversos tipos diferentes <strong>de</strong> paisagens.Portanto, cab<strong>em</strong> aqui algumas consi<strong>de</strong>rações a respeito da paisag<strong>em</strong>, doespaço e a relação com o turismo e a geografia.1.3 CONSIDERAÇÕES A RESPEITO DO ESPAÇO, GEOGRAFIA EPAISAGEM: O TURISMO NESTE CONTEXTOO espaço <strong>em</strong> que viv<strong>em</strong>os e nos <strong>de</strong>slocamos é diversificado e constituído pordiversos el<strong>em</strong>entos. Santos afirma que esses el<strong>em</strong>entos são indissociáveis (2004, p.22)30A geomorfologia ambiental refere-se à aplicação dos conhecimentos geomorfológicos, aoplanejamento e manejo ambiental, sendo que se ocupa entre outros fatores, dos levantamentos dosrecursos naturais, análise do terreno, avaliação das formas <strong>de</strong> relevo e monitoramento dos processosgeomorfológicos. (GUERRA, 2003)


46A partir da noção <strong>de</strong> espaço como um conjunto indissociável <strong>de</strong> sist<strong>em</strong>as <strong>de</strong>objetos e sist<strong>em</strong>as <strong>de</strong> ações pod<strong>em</strong>os reconhecer suas categorias analíticasinternas. Entre elas, estão a paisag<strong>em</strong>, a configuração territorial do trabalho,o espaço produzido ou produtivo, as rugosida<strong>de</strong>s e as formas conteúdo.O mesmo autor sugere <strong>em</strong> uma proposta atual <strong>de</strong> <strong>de</strong>finição da geografia, queà mesma cabe estudar o conjunto indissociável <strong>de</strong> sist<strong>em</strong>as <strong>de</strong> objetos e sist<strong>em</strong>as<strong>de</strong> ações que formaram o espaço. E a respeito <strong>de</strong>sses objetos (id. p. 72)Os objetos que interessam a geografia não são apenas objetos móveis, mastambém imóveis, tal uma cida<strong>de</strong>, uma barrag<strong>em</strong>, uma estrada <strong>de</strong> rodag<strong>em</strong>,um porto, uma floresta, uma plantação, um lago, uma montanha. Tudo issosão objetos geográficos. Esses objetos geográficos são do domínio tanto doque se chama Geografia Física como do domínio do que se chama GeografiaHumana ...Ou seja, as Unida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> Conservação aqui estudadas, e seus atrativosturísticos são objetos que interessam à geografia. Assim, o espaço geográfico éentendido aqui como um conjunto <strong>de</strong> paisagens naturais e culturais e a relação doespaço geográfico com o turismo é b<strong>em</strong> próxima, uma vez que a Geografia é aciência que analisa o espaço, e o turismo é uma ativida<strong>de</strong> cujo <strong>de</strong>senvolvimento seprocessa basicamente nesse espaço. (SILVA & ARAUJO, 1987) Desta forma, o usoque se faz do espaço geográfico é o principal fator que o caracteriza e segundoSchneeberger e Farago pelo fato do espaço geográfico ser um todo que (2003, p.292) “ é justamente prestando atenção ao todo que torna possível enten<strong>de</strong>r melhoras suas partes. Nenhum el<strong>em</strong>ento do espaço po<strong>de</strong> ser entendido se for<strong>em</strong> <strong>de</strong>ixado<strong>de</strong> lado os d<strong>em</strong>ais”.Assim, a rigor, a paisag<strong>em</strong> é apenas a porção da configuração territorial que épossível abarcar com a visão. Contudo, paisag<strong>em</strong> e espaço não são sinônimos.Santos (2004), <strong>em</strong> uma necessida<strong>de</strong> epist<strong>em</strong>ológica <strong>em</strong> distinguir espaço <strong>de</strong>paisag<strong>em</strong> explica que a paisag<strong>em</strong> é o conjunto <strong>de</strong> formas que <strong>em</strong> um dadomomento exprim<strong>em</strong> as heranças que representam as sucessivas relaçõeslocalizadas entre hom<strong>em</strong> e natureza, e o espaço são essas formas, mais a vida queas anima.


47Estudiosos sab<strong>em</strong> que há uma infinida<strong>de</strong> <strong>de</strong> paisagens no espaço e not<strong>em</strong>po, mutáveis, porque as configurações geográficas mudam com a história e coma própria dinâmica da natureza (YAZIGI, 2002). Para Hart (1986 apud GUERRA &MARÇAL, 2006) muitas das características que faz<strong>em</strong> <strong>de</strong> uma paisag<strong>em</strong> um localatrativo são geomorfológicas e a aplicação da geomorfologia ao turismo po<strong>de</strong> ser <strong>de</strong>gran<strong>de</strong> relevância, na medida <strong>em</strong> que o meio físico passa a ser mais b<strong>em</strong>aproveitado.Mas, pouco ainda v<strong>em</strong> sendo escrito sobre a promoção da paisag<strong>em</strong> comoum produto turístico, com ênfase específica <strong>em</strong> geo-objetos e seus contextos sócioculturais,econômicos e ecológicos (PFORR e MEGERLE, 2006). Nos séculos XVII einicio <strong>de</strong> XVIII a paisag<strong>em</strong> era apreciada na medida <strong>de</strong> sua fertilida<strong>de</strong> agrícola.Prados, pomares, terras cultivadas eram os componentes i<strong>de</strong>ais da paisag<strong>em</strong>. Em1791, as montanhas eram citadas como produtos selvagens da natureza,indomáveis do ponto <strong>de</strong> vista agrícola e consi<strong>de</strong>radas repulsivas, pois seu relevo econtorno perturbavam o equilíbrio espiritual da mente. Mas, <strong>em</strong> três séculos, ocorreuno Oci<strong>de</strong>nte uma gran<strong>de</strong> mudança <strong>de</strong> percepção, fazendo com que ascaracterísticas que antes a tornavam <strong>de</strong>sprezíveis passass<strong>em</strong> a ser os aspectosmais apreciados (MACFARLANE, 2005).O mesmo autor (2005, p. 49), no caso da cont<strong>em</strong>plação <strong>de</strong> paisagens on<strong>de</strong>os aspectos <strong>geológico</strong>s são evi<strong>de</strong>ntes, afirma que tal ativida<strong>de</strong>,[...] nos permite voltar no t<strong>em</strong>po, e visualizar mundos on<strong>de</strong> rochas seliquidificam e mares se petrificam, on<strong>de</strong> granito escorre qual mingau, basaltoborbulha qual um cozido e camadas <strong>de</strong> calcário se dobram qual mantas...Acima <strong>de</strong> tudo, a geologia propõe <strong>de</strong>safios explícitos à compreensão quet<strong>em</strong>os do t<strong>em</strong>po... Constatamos que somos apenas uma faísca no gran<strong>de</strong>projeto do universo, mas somos também gratificados pela percepção <strong>de</strong> queexistimos.Penteado (1983) afirma que todos os estágios <strong>de</strong> evolução das paisagenspod<strong>em</strong> ser observados no globo, e César et al (2007) asseveram que ao olharpaisagens segundo uma visão sistêmica, procura-se enten<strong>de</strong>r não somente asformas, mas também a estrutura, dinâmica e evolução <strong>de</strong> uma paisag<strong>em</strong>, sendouma atitu<strong>de</strong> fundamental na construção do conhecimento sobre as relações entre a


48natureza e a socieda<strong>de</strong> humana. E a UNESCO (2007) relaciona a paisag<strong>em</strong> com ageologia, informando que as mesmas influenciaram profundamente nossasocieda<strong>de</strong>, as civilizações e a diversida<strong>de</strong> cultural <strong>de</strong> nosso planeta.O campo do estudo do geógrafo é a paisag<strong>em</strong>, já afirmava Pierre Monbeig nadécada <strong>de</strong> 1930 (apud MENEZES, 2002). E Cruz (2002) afirma que o conceito <strong>de</strong>paisag<strong>em</strong> é controverso e polêmico, mas ao mesmo t<strong>em</strong>po fundamental paraanálises espaciais da prática turística. A paisag<strong>em</strong> é, portanto, um el<strong>em</strong>ento chavedo turismo, que v<strong>em</strong> sendo popularizada pelos meios <strong>de</strong> comunicação (MESPLIER eBLOC-DURAFFOUR, 2000). Assis (2001, p. 43) esclarece ainda que “é através dacomercialização da paisag<strong>em</strong>, da venda da imag<strong>em</strong>, que se fundamenta o consumodo espaço, envolvendo <strong>de</strong>slocamentos <strong>de</strong> bens e indivíduos”.Para o turista, a paisag<strong>em</strong> torna-se um indicador privilegiado <strong>de</strong> que ele estárealmente mudando <strong>de</strong> lugar, uma janela aberta para uma nova cultura (PIRES,2000). E, ao abordar o turismo como uma prática social, Cruz (2002) enfatiza que éa única prática que consome, fundamentalmente, espaço, sendo este consumoefetivado por meio das formas <strong>de</strong> consumo (serviços oferecidos aos turistas e oconsumo da paisag<strong>em</strong>) que são estabelecidos entre turista e lugar visitado.O turismo também figura como um dos fenômenos mais marcantes do mundocont<strong>em</strong>porâneo e sua relação com a Geografia é tratada por Rodrigues (1996, p. 09)Sua expressivida<strong>de</strong> não se limita ao fato econômico. É, também eprincipalmente como fato social, que se configura materialmente, criando erecriando formas espaciais diversificadas. A Geografia não po<strong>de</strong> furtar-se daanálise e interpretação <strong>de</strong>ssas formas, buscando compreen<strong>de</strong>r suaestruturação e os processos que o engendram.Castro (2006) comenta que data <strong>de</strong> 1841 o primeiro registro do interesseepistêmico do geógrafo pela força transformadora <strong>de</strong> turistas <strong>em</strong> movimento sobreterritórios, numa interação com lugares, culturas e populações visitadas (p. 11):Daquele t<strong>em</strong>po até os nossos dias, olhares epistêmicos <strong>de</strong> geógrafos se<strong>de</strong>bruçam sobre processos <strong>de</strong> <strong>de</strong>senvolvimento, organização espacial, fluxose efeitos geográficos do turismo, constro<strong>em</strong> mo<strong>de</strong>los <strong>de</strong> análise espacial do


49fenômeno, amealham referências e oferec<strong>em</strong> subsídios äs políticas <strong>de</strong>or<strong>de</strong>namento, planejamento e gestão <strong>de</strong>ssa ativida<strong>de</strong>.Portanto, o enfoque geográfico é <strong>de</strong> importância fundamental, pois nummundo globalizado o turismo v<strong>em</strong> se expandindo <strong>em</strong> nível planetário, não poupandonenhum tipo <strong>de</strong> território: cida<strong>de</strong>, campo, montanha, praia, savana, <strong>de</strong>serto, oceano,entre outros.Para Lacoste (1989) a geografia se tornou um espetáculo, pois arepresentação das paisagens é hoje uma inesgotável fonte <strong>de</strong> inspiração para umgran<strong>de</strong> número <strong>de</strong> pessoas, on<strong>de</strong> a i<strong>de</strong>ologia do turismo faz da geografia uma dasformas <strong>de</strong> consumo <strong>de</strong> massa, on<strong>de</strong> multidões cada vez mais numerosas sãotomadas por uma verda<strong>de</strong>ira vertig<strong>em</strong> faminta <strong>de</strong> paisagens, fontes <strong>de</strong> <strong>em</strong>oçõesestéticas.Observou-se então que apesar da relação entre a Geografia e o turismo serb<strong>em</strong> próxima, ainda é motivo para <strong>de</strong>bates e discussões. Lins (2005, p.08) afirmaque o turismo “é uma ativida<strong>de</strong> essencialmente geográfica porque se trata d<strong>em</strong>ovimento t<strong>em</strong>porário <strong>de</strong> população <strong>de</strong> um lugar para o outro”. São ascaracterísticas ou atributos dos lugares que constitu<strong>em</strong> fatores e condicionantes dasativida<strong>de</strong>s turísticas. Silva e Araújo (1987) comentam que a Geografia está entre osprincipais produtos explorados pelo turismo, sendo objeto <strong>de</strong> estudo sist<strong>em</strong>ático econstituindo (para alguns geógrafos) um ramo distinto, <strong>de</strong>nominado GeografiaTurística, que trata do <strong>de</strong>slocamento t<strong>em</strong>porário das populações, dos probl<strong>em</strong>as <strong>de</strong>interação, dos aspectos físicos, ecológicos, econômicos, e culturais como forma <strong>de</strong>atração dos fluxos humanos. E (p.15)A <strong>de</strong>speito da profundida<strong>de</strong> dos estudos que vêm sendo realizados, não seobserva ainda, quanto a isso, uma aceitação unânime dos especialistas. Háduas correntes <strong>de</strong> <strong>de</strong>bates permanentes: uma, concordando com o <strong>de</strong>staquee a autonomia da Geografia Turística; outra contrária, admitindo a Geografiaapenas como produto turístico.De qualquer forma, n<strong>em</strong> mesmo a corrente favorável chegou a umaconclusão quanto à compreensão e abrangência da <strong>de</strong>nominada Geografia


50Turística. Castro (2006) distingue a geografia turística da geografia do turismo, on<strong>de</strong>a segunda toma a dimensão espacial do fenômeno turístico como objeto <strong>de</strong> reflexão,on<strong>de</strong> o turismo enriquece e “irriga” as reflexões geográficas. Entretanto, a geografiado turismo continua a carecer <strong>de</strong> uma forte base conceitual e teórica, on<strong>de</strong>diferentes motivações influenciam escolhas <strong>de</strong> <strong>de</strong>stino e geram padrões distintos <strong>de</strong>viag<strong>em</strong> (PEARCE, 2003).A relação do Turismo com a geografia também po<strong>de</strong> ser percebida nosconstrastes (id<strong>em</strong> p.23).O Turismo utiliza o exótico, o diferente, a sensação <strong>de</strong> <strong>de</strong>scoberta comoforma <strong>de</strong> atração das correntes humanas. Ninguém sai da sua residênciapara ver as mesmas coisas que o ro<strong>de</strong>ia cotidianamente. A Geografia ofereceo contraste, representado pelas paisagens naturais e culturais e pelo clima.E para Ab’Saber (2002) as viagens foram e continuam sendo estímulo propulsorpara potencializar a capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> comparação sist<strong>em</strong>ática <strong>de</strong> quadros territoriaispor parte <strong>de</strong> pesquisadores e cidadãos sensíveis, voltados para as ciências da terra,da vida e do hom<strong>em</strong>. Assim sendo, (id. p.30)Conhecer outras terras e lugares, ambientes sociais diversos daqueles doseu cotidiano habitual, viajar pelo interior <strong>de</strong> seu continente ou por distantesparagens <strong>de</strong> além-mar, aprimora o espírito <strong>de</strong> observação do hom<strong>em</strong>. Asviagens foram – e continuam sendo- oport<strong>unida<strong>de</strong>s</strong> ímpares para compararmundos diferentes.Portanto, quando viajamos t<strong>em</strong>os a oportunida<strong>de</strong> <strong>de</strong> conhecer novaspaisagens e é o relevo que muitas vezes torna a paisag<strong>em</strong> atrativa ao turismo. Orelevo, importante como <strong>patrimônio</strong> social no processo <strong>de</strong> organização do espaçogeográfico, está também intrinsecamente relacionado com as rochas que o sustenta,com o clima que o esculpe e com os solos que o recobre 31 . São esses el<strong>em</strong>entos31 Formas diferenciadas do relevo <strong>de</strong>corr<strong>em</strong> da atuação simultânea, porém <strong>de</strong>sigual, das ativida<strong>de</strong>sclimáticas <strong>de</strong> um lado e da estrutura da litosfera <strong>de</strong> outro (ROSS, 1998). Ou seja, tanto o climaquanto a estrutura não se comportam s<strong>em</strong>pre da mesma forma, e ao longo do t<strong>em</strong>po e no espaçoambos se modificam continuamente


51que d<strong>em</strong>onstram que o relevo é dinâmico e está <strong>em</strong> constante evolução. E o relevo,por ser também objeto <strong>de</strong> estudo da Geografia, para Vitte (2006, p. 10)Na melhor tradição Goethe-Schelling-Humboldt, a forma do relevo <strong>em</strong>ergecomo veículo material <strong>de</strong> integração da geoesfera, agora socialmentequalificada e ressignificada, permitindo um amplo diálogo da ciênciageográfica com os d<strong>em</strong>ais campos disciplinares.E esse diálogo po<strong>de</strong> dar-se por intermédio do turismo. Mas, apesar <strong>de</strong>convivermos todo o t<strong>em</strong>po com paisagens geradas por processos <strong>geológico</strong>s, écomum que as pessoas não estejam familiarizadas com os eventos que mov<strong>em</strong> eesculp<strong>em</strong> a morfologia da superfície do planeta. Montanhas, vulcões, canyons,cachoeiras entre outros recursos naturais, v<strong>em</strong> sendo utilizados pela população jáhá muitos anos, mas é a partir da sua utilização como recurso turístico 32 que v<strong>em</strong>ganhando importância cada vez maior.32 Recurso turístico são todos os bens e serviços que por intermédio da ativida<strong>de</strong> humana e dosmeios a sua disposição, tornam possível a ativida<strong>de</strong> turística e satisfaz<strong>em</strong> as necessida<strong>de</strong>s dad<strong>em</strong>anda (CERRO, 1993 apud PIRES, 2000)


522. O TURISMO NO BRASIL: TURISMO EM ÁREAS NATURAIS E OGEOTURISMO COMO NOVA PROPOSTAA <strong>de</strong>finição <strong>de</strong> turismo utilizada nesta tese é a da OMT (2003) sendo aativida<strong>de</strong> <strong>de</strong> pessoas que viajam para lugares afastados <strong>de</strong> seu ambiente usual, ouque neles permaneça por não mais que um ano consecutivo, a lazer, a negócios oupor outros motivos. Caracteriza-se por ser um fenômeno sócio-econômico e cultural,pois envolve o contato com pessoas e com culturas diferentes. (OMT, 2003)Por ser uma das ativida<strong>de</strong>s que mais se <strong>de</strong>senvolve atualmente no mundo,v<strong>em</strong> adquirindo importância no crescimento da economia mundial, além <strong>de</strong> ser umaalternativa que po<strong>de</strong> ser utilizada para envolver as com<strong>unida<strong>de</strong>s</strong> 33 . Para algunsautores, o turismo chega a ser uma ativida<strong>de</strong> imprescindível (FERNANDES eCOELHO, 2002, p. 03)Não há duvida <strong>de</strong> que o mundo inteiro está vivendo uma nova época, na qualo turismo se faz imprescindível. Há um forte crescimento no turismo qu<strong>em</strong>otiva as pessoas. Um movimento difícil <strong>de</strong> estancar, que aumenta a cadaano, <strong>em</strong> todas as modalida<strong>de</strong>s, tipos e formas <strong>de</strong> turismo.Fennel (2002) explica que muitas vezes os estudos sobre o turismo estão <strong>em</strong>extr<strong>em</strong>os opostos <strong>em</strong> termos <strong>de</strong> enfoque filosófico, orientação metodológica, ouobjetivos <strong>de</strong> investigação. De qualquer forma, é uma ativida<strong>de</strong> que envolve diversossetores, não t<strong>em</strong> limites claros n<strong>em</strong> produtos tangíveis, pois envolve a prestação <strong>de</strong>serviços. Concorda-se com Silva e Araújo (1987), que explicam que o Turismo éuma ativida<strong>de</strong> importante para as regiões sub<strong>de</strong>senvolvidas tanto quanto plantar,colher e manufaturar, pois quando se ampliam os fluxos turísticos, a d<strong>em</strong>anda porprodutos agrícolas, industriais e pelos serviços também se amplia.33 Para Rodrigues (1997), essa alternativa é <strong>de</strong> “maior relevância ainda nos países do mundo tropical,dadas suas paisagens diversificadas e <strong>de</strong> rara beleza cênica, aliadas a um clima <strong>de</strong> poucasmudanças sazonais”.


53O Turismo é também uma ativida<strong>de</strong> que d<strong>em</strong>anda pouco investimento para ageração <strong>de</strong> <strong>em</strong>pregos 34 . Em 2003 foram realizadas no mundo todo 649 milhões <strong>de</strong>viagens, e a América do Sul v<strong>em</strong> tendo significativa procura, principalmente pelo fato<strong>de</strong> estar situada longe <strong>de</strong> áreas <strong>de</strong> conflitos. Nesse mesmo ano, o turismomovimentou U$ 4,54 trilhões, ou seja, 10 % do PIB Mundial. Pelo fato d<strong>em</strong>ovimentar tantos recursos financeiros (diretos e indiretos), contribui para oaumento do PIB e para a melhoria da qualida<strong>de</strong> <strong>de</strong> vida da população. Fernan<strong>de</strong>s eCoelho (2002), tratando sobre os aspectos econômicos do turismo comentam que(p. 13)A crescente ativida<strong>de</strong> turística d<strong>em</strong>onstra possuir sua própria dinâmica ejustificativa social, por isto não po<strong>de</strong> ser concebida como um fato meramenteconjuntural ou simplesmente passageiro. O turismo t<strong>em</strong> evoluídosubstancialmente ao longo do t<strong>em</strong>po, especialmente a partir da segundameta<strong>de</strong> do século XX, e é consi<strong>de</strong>rado nos dias <strong>de</strong> hoje o segmento queexibe as maiores taxas <strong>de</strong> crescimento no mundo dos negócios.Mas, <strong>de</strong> qualquer forma, a ativida<strong>de</strong> necessita <strong>de</strong> planejamento a<strong>de</strong>quado,para que seus impactos positivos (econômicos, sociais, ambientais, e culturais)sejam ainda maiores e os impactos negativos minimizados. Este é um <strong>de</strong>safio, quepara Lins (2005, p.12) é colocado aos profissionais do turismo e geografia, “para queaprofund<strong>em</strong> os estudos teóricos e <strong>em</strong>píricos que possam subsidiar o corretoplanejamento das ativida<strong>de</strong>s turísticas e a sua eficaz gestão”.Para tanto, concorda-se com o pensamento <strong>de</strong> Ruschmann (1999) queressalta que é imprescindível estimular o <strong>de</strong>senvolvimento harmonioso ecoor<strong>de</strong>nado do turismo, pois se não houver equilíbrio com o meio ambiente, aativida<strong>de</strong> turística comprometerá sua própria sobrevivência. Para tanto, é importanteque sejam adotadas medidas eficientes no sentido do planejar e utilizarracionalmente os recursos naturais, respeitando-se o equilíbrio do meio ambiente. ECruz (2005) afirma que o turismo envolve na sua realização sujeitos sociais(comunida<strong>de</strong>, turistas, po<strong>de</strong>r público) com expectativas diferentes, não raras vezes34 Segundo a OMT, a ativida<strong>de</strong> é responsável por um <strong>em</strong> cada nove <strong>em</strong>pregos gerados no mundo, Seb<strong>em</strong> gerida, a ativida<strong>de</strong> possibilita a efetiva <strong>de</strong>scentralização do <strong>de</strong>senvolvimento do país,contribuindo para a redução das <strong>de</strong>sigualda<strong>de</strong>s sociais, para a geração e distribuição <strong>de</strong> renda, paraa criação <strong>de</strong> postos <strong>de</strong> trabalhos, ocupação e também para a entrada <strong>de</strong> divisas no país.


54divergentes. Portanto, conciliar esses interesses <strong>de</strong> or<strong>de</strong>namento <strong>de</strong> território pelo epara o turismo <strong>de</strong>ve ser um paradigma orientador do planejamento.De qualquer modo, para que um local seja consi<strong>de</strong>rado atrativoturisticamente, <strong>de</strong>ve possuir as condições básicas 35 para satisfazer as necessida<strong>de</strong>sdos turistas. Desta forma, aliando o potencial com a infra-estrutura, o Brasil é um dospaíses da América do Sul que v<strong>em</strong> recebendo incr<strong>em</strong>ento no número <strong>de</strong> turistas.No principal relatório nacional sobre meio ambiente brasileiro, Geo Brasil 36 , oturismo é tratado como um po<strong>de</strong>roso fator <strong>de</strong> <strong>de</strong>senvolvimento para algumasregiões, on<strong>de</strong>, (2002, p.276)Ao priorizar a indústria do Turismo, o Brasil estará seguindo duas tendênciasno plano global: o crescimento das viagens e o turismo internacional, e aexpansão pelo turismo especializado, tendo <strong>em</strong> vista o interesse crescentepela natureza e a preferência pelos ambientes mais preservados.E isso v<strong>em</strong> sendo feito. Há 10 anos o país não possuía tantos projetos, infraestruturasa<strong>de</strong>quadas e profissionais capacitados. A profissionalização do setor,representada principalmente pelo aumento do número <strong>de</strong> bacharéis <strong>em</strong> turismoatuantes, também v<strong>em</strong> incr<strong>em</strong>entando cada vez mais as ativida<strong>de</strong>s turísticas noBrasil. Além disso, <strong>em</strong> 2003 foi criado o Ministério do Turismo - MTur 37 , que<strong>de</strong>senvolveu o Plano Nacional <strong>de</strong> Turismo – PNT 2003/2007, e hoje o turismo já é oquinto produto na geração <strong>de</strong> divisas <strong>em</strong> moeda estrangeira para o Brasil. Com ointuito <strong>de</strong> divulgar ainda mais o País, uma das estratégias adotadas pelo Mtur (2006)foi ampliar a participação <strong>em</strong> feiras e eventos internacionais 38 .Já no PNT 2007/2010, um dos objetivos é fazer do turismo um indutor do<strong>de</strong>senvolvimento e da inclusão social, e ao alcance <strong>de</strong> suas metas <strong>de</strong>pen<strong>de</strong> do35 Essas condições baseiam-se na infra-estrutura necessária para aten<strong>de</strong>r os turistas, composta36 Relatório elaborado pelo IBAMA <strong>em</strong> parceria com diversas instituições, ONGs e universida<strong>de</strong>s.37 O Ministério atua <strong>de</strong> forma estratégica para o <strong>de</strong>senvolvimento do turismo nacional através daconstrução e impl<strong>em</strong>entação <strong>de</strong> políticas públicas próprias para o setor. (MINISTÈRIO DO TURISMO,2006).38 Somente <strong>em</strong> 2005, a EMBRATUR (responsável pela divulgação turística do Brasil no exterior),participou <strong>de</strong> 39 feiras internacionais <strong>de</strong> turismo e <strong>em</strong> 10 feiras comerciais


55sucesso do Programa <strong>de</strong> Aceleração do Crescimento – PAC. 39 (SOUZA et al, 2008).On<strong>de</strong> (id., p.07) ao analisar dados estatísticos publicados por órgãos nacionais 40 einternacionais responsáveis pelo setor revelam “a necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> ações maiseficazes, tanto dos órgaos governamentais como das <strong>em</strong>presas privadas ligadas aosetor, no sentido <strong>de</strong> promover o país como um <strong>de</strong>stino turístico <strong>de</strong>sejável”Mas apesar dos esforços que vêm sendo realizados pelo Governo, muitoainda <strong>de</strong>ve ser feito para que possamos oferecer produtos turísticos com qualida<strong>de</strong>,que aliados a uma infra-estrutura apropriada, atrairão ainda mais turistas. Para tanto,com o planejamento a<strong>de</strong>quado, po<strong>de</strong>r<strong>em</strong>os aproveitar ainda mais o potencialgeoturístico que possuímos <strong>em</strong> nosso País.Desta forma, no sentido <strong>de</strong> caracterizar turisticamente os Estados queabrigam as UCs aqui tratadas, a seguir são apresentados alguns dados breves.2.1 O PARANÁ, PERNAMBUCO E O TURISMOA oferta turística no Paraná e <strong>em</strong> Pernambuco é diversificada, <strong>de</strong>vido as suasparticularida<strong>de</strong>s culturais e naturais. Para planejar e realizar a gestão do turismo, oParaná conta com um órgão oficial exclusivo, <strong>de</strong>nominado Paraná Turismo. Omesmo acontece <strong>em</strong> Pernambuco, que possui a EMPETUR (Empresa <strong>de</strong> Turismo<strong>de</strong> Pernambuco).39 Depen<strong>de</strong> <strong>de</strong> condições sócio-econômicas favoráveis e <strong>de</strong> infra-estrutura básica, que levam t<strong>em</strong>poconsi<strong>de</strong>rável para ser<strong>em</strong> concretizadas, como construção <strong>de</strong> estradas, aeroportos, saneamento, etc...que somente serão alcançadas se o PAC cumprir suas metas.40 Essas análises revelaram a falta <strong>de</strong> uniformida<strong>de</strong> dos dados, pois foram contabilizadas diferentesvariáveis e apresentadas <strong>de</strong> modos diferentes, conforme o órgão responsável pela pesquisa,dificultando a comparação entre os mesmos (SOUZA et al, 2008).


56QUADRO 04: Dados sobre o Turismo no ParanáVARIÁVEIS ANOS2002 2003 2004 2005 2006Fluxo Turistas 5 552 244 6 210 930 6 708 641 7 350 912 7 319 475Estadual (%) 48,0 48,0 45,0 47,0 41,1Interestadual 35,0 32,0 35,0 39,0 46,2(%)Internacional 17,0 20,0 20,0 14,0 12,7(%)Permanência 3,6 3,8 3,3 3,7 3,8Média (dias)Gasto Médio 45,0 47,8 47,5 60,0 61,60Per Capita/Dia(US$)Receita Gerada(US$ por mil)899.463,47 1.124.000,29 1.067.915,40 1.462.828,46 1.508.961,80Fonte: CONSELHO CONSULTIVO DO TURISMO DO PARANA (2007).No caso do Paraná, o fluxo <strong>de</strong> turistas cresceu 29% <strong>de</strong> 2002 a 2006,totalizando 7,3 milhões <strong>de</strong> pessoas e a receita gerada atingiu U$ 1,5 bilhão. A ofertaturística foi ampliada <strong>em</strong> 50 % e atualmente o mercado turístico do Estadocomercializa mais <strong>de</strong> 90 roteiros. (CONSELHO CONSULTIVO DE TURISMO DOPARANA, 2007). E o Estado possui o Plano <strong>de</strong> Desenvolvimento do Turismo noParaná 2008-2011 41 .Em estudos realizados pelo GTITAN – Paraná (Grupo <strong>de</strong> TrabalhoInterinstitucional <strong>de</strong> Turismo <strong>em</strong> Áreas Naturais) <strong>em</strong> 2001, foram <strong>de</strong>finidas ereconhecidas âncoras turísticas a nível estadual, responsáveis pela formação daimag<strong>em</strong> do turismo no Paraná. Foz do Iguaçu é a principal âncora turística 42 doParaná, e pólo turístico <strong>de</strong> projeção internacional, recebendo mais <strong>de</strong> um milhão <strong>de</strong>turistas somente no Parque Nacional, figurando como segundo <strong>de</strong>stino internacionalmais visitado do Brasil. Ponta Grossa, on<strong>de</strong> está localizado o Parque Estadual <strong>de</strong>Vila Velha, não é citada como âncora e sim somente “Vila Velha”. Apesar <strong>de</strong> o41 Ferramenta para o <strong>de</strong>senvolvimento econômico, sustentável e <strong>de</strong>scentralizado do turismo. Uma dasáreas estratégicas do Plano é a do <strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong> <strong>de</strong>stinos turísticos, on<strong>de</strong> são utilizadosinstrumentos para a valorização do <strong>patrimônio</strong> natural, incr<strong>em</strong>ento e qualificação <strong>de</strong> equipamentos eserviços turísticos no sentido do <strong>de</strong>senvolvimento sustentável dos <strong>de</strong>stinos turísticos.42 A cida<strong>de</strong> se beneficia também do turismo <strong>de</strong> compras e conta com a maior hidrelétrica do mundo, aItaipu, que oferece visitas guiadas e um ecomuseu, aten<strong>de</strong>ndo uma média <strong>de</strong> 1500 visitantesdiariamente. E a partir <strong>de</strong>ste cenário vislumbra-se a oportunida<strong>de</strong> do crescimento do fluxointernacional neste e <strong>em</strong> outros <strong>de</strong>stinos paranaenses.


57Parque ser o principal e mais visitado atrativo atualmente na região, outras belezasnaturais pod<strong>em</strong> ser encontradas no seu entorno, que atualmente integram o ParqueNacional dos Campos Gerais. No futuro, após a <strong>de</strong>sapropriação <strong>de</strong>ssas áreas e aimplantação <strong>de</strong> seu Plano <strong>de</strong> Manejo, esta UC po<strong>de</strong>rá atrair ainda mais turistas paraa região.De qualquer maneira, o Paraná t<strong>em</strong> um enorme potencial para se fortalecerenquanto um dos principais <strong>de</strong>stinos do sul do País, pela sua posição estratégica,atrativida<strong>de</strong> e disponibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> bens e serviços. Para tanto é necessária uma maiordiversificação da sua oferta, a partir da criação <strong>de</strong> novos produtos (CONSELHOCONSULTIVO DO TURISMO DO PARANA, 2007).No caso do Estado nor<strong>de</strong>stino <strong>de</strong> Pernambuco, o mesmo é atrativoprincipalmente pelas suas praias tropicais e seus quase 300 dias <strong>de</strong> sol no ano.Fernando <strong>de</strong> Noronha integra o Pólo Integrado <strong>de</strong> Turismo Costa dos Arrecifes,sendo consi<strong>de</strong>rada uma das âncoras turísticas do Estado.Dados oficiais da Administração do Distrito Estadual <strong>de</strong> Fernando <strong>de</strong> Noronha(ADEFN) mostram que nos últimos <strong>de</strong>z anos o Arquipélago recebeu por via aérea444.488 visitantes, sendo o turismo o gran<strong>de</strong> motivador da chegada <strong>de</strong> pessoas <strong>em</strong>Fernando <strong>de</strong> Noronha.QUADRO 05: Número <strong>de</strong> visitantes no Arquipélago <strong>de</strong> Fernando <strong>de</strong> Noronhaentre os anos <strong>de</strong> 1996 e 2005.Ano Total <strong>de</strong> Visitantes no Arquipélago1996 15.7581997 22.2891998 28.8171999 49.5122000 47.4502001 57.5682002 62.5512003 51.4362004 54.8662005 54.241Total 444.488Fonte: ADEFN (2006)


58As diretrizes que norteiam o turismo no Estado são realizadas <strong>de</strong> formaintegrada, sendo que o Pólo (composto por 15 municípios e o Distrito) está sendoconsolidado por iniciativa do Banco do Nor<strong>de</strong>ste e beneficiará uma populaçãoestimada <strong>em</strong> 1,1 milhões <strong>de</strong> habitantes. Por integrar este Pólo, Fernando <strong>de</strong>Noronha está incluído no PRODETUR/NE II (Programa <strong>de</strong> Desenvolvimento doTurismo no Nor<strong>de</strong>ste), que t<strong>em</strong> como principal objetivo melhorar a qualida<strong>de</strong> <strong>de</strong> vidadas com<strong>unida<strong>de</strong>s</strong> locais, geração <strong>de</strong> <strong>em</strong>prego, disponibilida<strong>de</strong> e qualida<strong>de</strong> dosserviços urbanos e melhor qualida<strong>de</strong> do meio ambiente.Deste modo, a pesquisa aqui apresentada foi realizada <strong>em</strong> conformida<strong>de</strong> como Plano <strong>de</strong> Desenvolvimento do Turismo do Paraná e com o PRODETUR/NE II, nosentido <strong>de</strong> que preten<strong>de</strong> estimular ainda mais a valorização do <strong>patrimônio</strong> natural,neste caso através das ativida<strong>de</strong>s ligadas ao geoturismo e à interpretação doambiente.2.2 SEGMENTAÇÕES DO TURISMO E O TURISMO EM ÁREAS NATURAISO turismo acontece porque as pessoas viajam por diferentes motivações,como buscar locais para <strong>de</strong>scansar, realizar ativida<strong>de</strong>s esportivas, conhecer culturasdiferentes, distrair-se, fugir da rotina, entre outros motivos. Logo, os turistas buscamno turismo uma forma <strong>de</strong> satisfazer essas necessida<strong>de</strong>s, <strong>de</strong>ixando um pouco <strong>de</strong>lado o que faz<strong>em</strong> habitualmente. Gontijo e Rego (2001) alegam inclusive que todosnós, enquanto seres humanos, somos turistas <strong>em</strong> potencial e o que nos resta éresgatar <strong>em</strong> nós aquelas motivações que nos levam a conhecer e vivenciar novoshorizontes, novas paisagens.Com a especificida<strong>de</strong> nas ativida<strong>de</strong>s turísticas, é cada vez maior asegmentação no turismo. Muitas são as motivações e assim novas terminologias sãocriadas. Além dos turistas que pod<strong>em</strong> se beneficiar realizando as ativida<strong>de</strong>sturísticas que mais lhe atra<strong>em</strong>, para a EMBRATUR essas motivações são utilizadastambém pelas <strong>em</strong>presas <strong>de</strong> turismo, (1994, p.11)


59O turismo, como uma ativida<strong>de</strong> econômica sofre, também, inovaçõesconstantes, <strong>em</strong> face da competitivida<strong>de</strong> dos mercados e das exigências dad<strong>em</strong>anda. Em vista disso, as <strong>em</strong>presas <strong>de</strong> turismo estão a caminho daespecialização, <strong>de</strong>ixando <strong>de</strong> ser generalistas, e passam a oferecer produtossegmentados, <strong>de</strong>stinados a uma clientela específica.Com essa crescente segmentação, foi observado que in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>nt<strong>em</strong>ente damotivação, o turismo utiliza <strong>em</strong> diversos dos seus segmentos e roteiros, atrativos<strong>geológico</strong>s e geomorfológicos. Assim, pensando na utilização <strong>de</strong>sse <strong>patrimônio</strong> pordiferentes segmentações turísticas, a tabela a seguir foi elaborada, apresentandosegmentos que pod<strong>em</strong> ser realizados <strong>em</strong> áreas naturais e suas principaismotivações.QUADRO 6- Segmentos turísticos que utilizam o <strong>patrimônio</strong> <strong>geológico</strong> egeomorfológico.Segmento doTurismoLazerSaú<strong>de</strong>HistóricoculturalDesportivoTécnicocientificoEcológicoTurismo <strong>de</strong>aventuraEcoturismoTurismo RuralCaracterísticas e/ou motivaçãoFugir da rotina e conhecer novos lugaresMelhorar a saú<strong>de</strong>Visitar locais históricos, museus, monumentos, etc...Pessoas que vão assistir ou participar <strong>de</strong> eventos esportivosInteresse ou necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> realização <strong>de</strong> pesquisasPessoas que apreciam o contato com a natureza, respirar ar puro,fotografar paisagensBusca por experiências que tragam <strong>em</strong>oção e ” adrenalina”Realizar ativida<strong>de</strong>s junto à natureza, que envolvam aspectos <strong>de</strong>educação e interpretação ambiental. Enfoque principal nanatureza.Descanso, contato com tradições do campo. Enfoque no ambienteruralDesta forma, analisando bibliograficamente o turismo realizado na natureza,percebe-se que continuamente existe uma crescente d<strong>em</strong>anda por novasalternativas <strong>de</strong> turismo, e que atra<strong>em</strong> cada vez mais a<strong>de</strong>ptos. Pires (2000) afirmaque a ampla marg<strong>em</strong> <strong>de</strong> abordagens e enfoques centrados na idéia <strong>de</strong> “alternativo”


60resultou no surgimento <strong>de</strong> uma gran<strong>de</strong> varieda<strong>de</strong> <strong>de</strong> modalida<strong>de</strong>s turísticas 43 ,buscando i<strong>de</strong>ntificar ativida<strong>de</strong>s, atitu<strong>de</strong>s, ações e posturas alternativas.McKercher (2002), engloba no turismo <strong>em</strong> áreas naturais o ecoturismo, oturismo <strong>de</strong> aventura, turismo educacional e uma profusão <strong>de</strong> outros tipos <strong>de</strong>experiências proporcionados pelo turismo ao ar livre e alternativo. Mas, cada vez émais comum todas essas ativida<strong>de</strong>s ser<strong>em</strong> erroneamente rotuladas <strong>de</strong> ecoturismo.Além disso, o turismo <strong>de</strong> natureza v<strong>em</strong> crescendo cada vez mais, sendo estecrescimento estimado entre 10 e 30 %, <strong>de</strong>vido principalmente ao crescente interesseglobal por t<strong>em</strong>as ambientais.Afirmativa parecida também consta no documento “Diretrizes para visitação<strong>em</strong> Unida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> Conservação” (MMA, 2006. p. 09) que assegura que “nos últimos10 anos, diversos fatores indicam um crescimento expressivo da visitação <strong>em</strong> áreasnaturais no Brasil e no mundo”. Essa busca pela natureza também é ressaltada porPires que afirma que é, (2000, p.12)... profundo o interesse que a socieda<strong>de</strong> cont<strong>em</strong>porânea t<strong>em</strong> pelo mundonatural, interesse esse que permeia o imaginário coletivo com o aceno doparaíso, particularmente nos países centrais do capitalismo ou <strong>em</strong> regiõesintensamente urbanizadas <strong>de</strong> paises periféricos, on<strong>de</strong> a ciência, a técnica e ainformação <strong>de</strong>fin<strong>em</strong> espaços cotidianos altamente artificializadosDe qualquer modo, César et al (2007) afirmam que o turismo <strong>em</strong> áreasnaturais v<strong>em</strong> sendo <strong>de</strong>senvolvido <strong>de</strong> forma bastante restrita e com ações isoladas,sendo que o gran<strong>de</strong> potencial natural e cultural do país ainda não é plenamenteaproveitado como alternativa <strong>de</strong> <strong>de</strong>senvolvimento econômico e social para ascom<strong>unida<strong>de</strong>s</strong> e propulsor da <strong>conservação</strong> e da proteção do ambiente natural.A partir da década <strong>de</strong> 80 começaram a ser feitas as primeiras abordagensconceituais e tentativas <strong>de</strong> <strong>de</strong>finição <strong>de</strong> novos segmentos turísticos ligados a áreasnaturais. A princípio “Turismo Ecológico“ era a expressão mais fluente. Mais tar<strong>de</strong>,43 Em suas pesquisas realizadas entre 1995 e 1998 foram i<strong>de</strong>ntificados mais <strong>de</strong> 25 tipos <strong>de</strong> turismorealizados <strong>em</strong> áreas naturais, estando entre eles o turismo <strong>de</strong> aventura, ecoturismo, turismo rural,agroturismo e outros não tão conhecidos no Brasil, como o turismo suave (soft tourism), turismo ver<strong>de</strong>(green tourism), turismo <strong>de</strong> baixo impacto (low impact tourism), turismo <strong>de</strong> risco (risk tourism), entreoutros.


61com o início dos anos 90, esta expressão <strong>de</strong>u lugar à outra, ecoturismo (PIRES,2000). No Brasil, <strong>em</strong> 1994, a EMBRATUR elaborou a seguinte <strong>de</strong>finição (p. 5):Turismo <strong>de</strong>senvolvido <strong>em</strong> localida<strong>de</strong>s com potencial ecológico, <strong>de</strong> formaconservacionista, procurando conciliar a exploração turística com o meioambiente, harmonizando as ações com a natureza, b<strong>em</strong> como oferecer aosturistas um contato íntimo com os recursos naturais e culturais da região,buscando a formação <strong>de</strong> uma consciência ecológica.O ecoturismo t<strong>em</strong> d<strong>em</strong>onstrado ser um dos mais eficientes instrumentoseconômicos adotados por governos e setores comprometidos com o meio ambiente,para financiar e garantir a proteção <strong>de</strong> ecossist<strong>em</strong>as. A essência do produtoecoturístico é a interpretação do ambiente, baseada <strong>em</strong> informações <strong>de</strong> qualida<strong>de</strong>,on<strong>de</strong> se privilegia o interesse do turista pela natureza (HILLEL & OLIVEIRA, 2000).Mas, além <strong>de</strong> tudo, requer planejamento, administração, equipamentos, serviços einfra-estrutura a<strong>de</strong>quados, visando a <strong>conservação</strong> da natureza (MOREIRA, 2006).O ecoturismo é apoiado pelo Governo Brasileiro, através do Ministério doTurismo e da EMBRATUR, mas, fica b<strong>em</strong> clara a relação do ecoturismo com osaspectos da biodiversida<strong>de</strong> e não da geodiversida<strong>de</strong>. A principal motivação <strong>de</strong> qu<strong>em</strong>pratica o ecoturismo é a observação, apreciação da natureza (<strong>de</strong> uma forma <strong>em</strong>geral) e culturas tradicionais, ou seja, os aspectos relacionados à geologia egeomorfologia não são o foco nessa modalida<strong>de</strong>.Outro segmento popular praticado <strong>em</strong> áreas naturais é o turismo <strong>de</strong> aventura,on<strong>de</strong> a principal motivação é a busca por experiências que tragam <strong>em</strong>oção e“adrenalina”. É <strong>de</strong>finido como ativida<strong>de</strong>s turísticas <strong>de</strong>correntes da prática <strong>de</strong>ativida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> aventura <strong>de</strong> caráter não competitivo, oferecidas comercialmente e queenvolv<strong>em</strong> riscos avaliados, controlados e assumidos (MINIST. DO TURISMO, 2005).O Brasil surge com todas as condições <strong>de</strong> se estabelecer no cenário mundialcomo um <strong>de</strong>stino <strong>de</strong> turismo <strong>de</strong> aventura, por suas áreas naturais, <strong>em</strong>presasestabelecidas, somadas a vonta<strong>de</strong> do po<strong>de</strong>r público. Des<strong>de</strong> o final <strong>de</strong> 2005, aativida<strong>de</strong> v<strong>em</strong> sendo or<strong>de</strong>nada e normatizada no Brasil com o apoio da ABETA –


62Associação Bras. <strong>de</strong> Empresários <strong>de</strong> Turismo <strong>de</strong> Aventura, através <strong>de</strong> seus Grupos<strong>de</strong> Trabalho – GT, certificando as <strong>em</strong>presas do segmento <strong>de</strong> aventura no país 44 .Além disso, é um segmento que apresenta importância estratégica para o<strong>de</strong>senvolvimento do turismo no Brasil, como fator <strong>de</strong> <strong>de</strong>senvolvimento social local ediferencial para estratégias <strong>de</strong> marketing <strong>em</strong> nível internacional. (MTUR, 2005)Desta forma, o turismo <strong>de</strong> aventura é consi<strong>de</strong>rado fator <strong>de</strong> atração <strong>de</strong> turistasestrangeiros, especialmente <strong>em</strong> alguns <strong>de</strong>stinos, entre eles duas das Ucs aquitratadas, o PNI e PNMFN. De qualquer forma, as ativida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> turismo <strong>de</strong> aventuramuitas vezes chegam a confundir-se com as ativida<strong>de</strong>s ecoturísticas, como é o casodo arborismo, caminhadas longas (trekking) e caminhadas curtas (hiking). Mas, se opaís preten<strong>de</strong> utilizar o turismo <strong>de</strong> aventura como uma estratégia <strong>de</strong> marketinginternacional, é importante que além da segurança e responsabilida<strong>de</strong> que envolv<strong>em</strong>o segmento, que ativida<strong>de</strong>s educativas e a a<strong>de</strong>quada interpretação geológica dosatrativos sejam favorecidos.Portanto, no sentido <strong>de</strong> ilustrar o potencial <strong>em</strong> relação às ativida<strong>de</strong>s <strong>de</strong>turismo <strong>de</strong> aventura que são ou pod<strong>em</strong> ser praticadas nas três UCs aqui tratadas,baseando-se nas modalida<strong>de</strong>s já conhecidas e nos Grupos <strong>de</strong> Trabalho da ABETA,t<strong>em</strong>-se o seguinte quadro:44 A primeira no país a ser certificada foi a Campo <strong>de</strong> Desafios Canyon Iguaçu, localizada no ParqueNacional do Iguaçu, que implantou a Norma Técnica <strong>de</strong> Sist<strong>em</strong>as <strong>de</strong> Gestão <strong>de</strong> Segurança(NBR15331).


63QUADRO 7- Modalida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> Turismo <strong>de</strong> aventura e potencial nas três UCsModalida<strong>de</strong> Definição PEVV PNI PNFNArborismo Ativida<strong>de</strong> praticada no topodas árvores, com o auxilio <strong>de</strong>cordas e equipamentos <strong>de</strong>escalada;Modalida<strong>de</strong> sugeridano Plano <strong>de</strong> ManejoJá é realizada(Cânion Iguaçu)BalonismoCanionismoCaiakingCachoeirismoEscaladaRaftingDukeMountain BikeRapelAtivida<strong>de</strong>s praticadas combalões;Exploração <strong>de</strong> canyons,engloba ativida<strong>de</strong>s como orapel, cascading, escalada,entre outras;Utilização <strong>de</strong> caiaques <strong>em</strong>mares, rios e represas;Descida <strong>de</strong> cachoeirasutilizando técnicas <strong>de</strong> rapel;Subir paredões <strong>de</strong> rochasutilizando técnicas verticais;Descida <strong>de</strong> corre<strong>de</strong>irasusando botes infláveis paragrupos;Descida <strong>de</strong> corre<strong>de</strong>irasusando botes infláveisindividuais;Esporte que utiliza a bicicleta<strong>em</strong> terrenos <strong>de</strong> diversostipos;Técnica <strong>de</strong> <strong>de</strong>scida <strong>em</strong> meioà natureza, utilizando cordase ca<strong>de</strong>irinha;Não hápotencial.Há potencial Há potencial Não hápotencial.Há potencial (RioQuebra-perna).A Lagoa Dourada émuito frágil para estamodalida<strong>de</strong>.Há potencial, (na áreado Rio Quebraperna).Po<strong>de</strong> ser realizada naárea que possui oArenito Furnas.Não há potencial naárea da UC.Não há potencial naárea da UC.Há potencial.Sugerida no Plano <strong>de</strong>ManejoRochas muito friáveis.Potencial no entorno(Arenito Furnas)Passeio <strong>de</strong> bote(Macuco Safári), secombinada comoutra modalida<strong>de</strong>oferecida na UC.Já é realizada(MacucoEcoaventura)Realizado somentepor profissionais enão turisticamente.Já é realizada(Canyon Iguaçu)Já é realizada(Canyon Iguaçu)Já é realizada(MacucoEcoaventura)Já é realizada naUC.Já é realizada naUC (Canyon Iguaçu)Tirolesa Travessia por cabos aéreos; Rochas muito friáveis. Já é realizada(Canyon Iguaçu)Hikking Caminhadas curtas, com a Já é realizada na UC. Já é realizada naduração <strong>de</strong> algumas horas,UC.s<strong>em</strong> pernoite;TrekkingCaminhadas longas, com aduração <strong>de</strong> mais <strong>de</strong> um dia,há um pernoite durante opercurso;Há potencial.Já v<strong>em</strong> sendoplanejada na UC(Volta ao parque)Cavalgadas Passeios a cavalo Realizada no entorno. Já v<strong>em</strong> sendoplanejada na UC(Volta ao Parque)MergulhoLegenda:Não hápotencialAutônomo: com equipam.que viabilizam a respiração<strong>em</strong>baixo dágua;Livre: com mascara e snorkelJá érealizadaNão hápotencial.Já é realizada.Não hácachoeiras naUC.Há potencial,mas não érealizada.Não hápotencial naárea da UC.Não hápotencial naárea da UC.Há potencial.Há potencial.Não hápotencialJá é realizadana UC.Acampamentossão proibidos eas trilhas durammenos <strong>de</strong> umdia.Já é realizadana UC.Não há potencial. Não há potencial. Uma dasprincipaisativida<strong>de</strong>srealizadas UC.HápotencialHá o planejamento para aimplantação


64De qualquer forma, percebe-se que a relação entre o turismo <strong>de</strong> aventura e o<strong>patrimônio</strong> <strong>geológico</strong> também é muito próxima, pois ativida<strong>de</strong>s como rapel,canionismo, cachoeirismo, entre outras, são realizadas baseando-se no relevo.Portanto, são necessários meios interpretativos voltados para a interpretação do<strong>patrimônio</strong> <strong>geológico</strong>, meios que também po<strong>de</strong>rão ser utilizados <strong>em</strong> ativida<strong>de</strong>svoltadas para o ecoturismo e para o geoturismo.Mas, in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>nt<strong>em</strong>ente da segmentação, o turismo <strong>de</strong>ve ser sustentável.Sisto (2003) afirma que a sustentabilida<strong>de</strong>, pr<strong>em</strong>issa do final do século XX e iníciodo século XXI foi convertida <strong>em</strong> um enunciado usual <strong>de</strong> políticos e pensadores,sendo que o turismo cobra um valor adicional, que é o <strong>de</strong> resguardar os seusatrativos, que propiciam a execução da ativida<strong>de</strong>. Portanto, a sustentabilida<strong>de</strong> noturismo é fundamental. Segundo a OMT (2003, p.24)O <strong>de</strong>senvolvimento do turismo sustentável aten<strong>de</strong> as necessida<strong>de</strong>s dosturistas <strong>de</strong> hoje e das regiões receptoras, ao mesmo t<strong>em</strong>po <strong>em</strong> que protege eamplia as oport<strong>unida<strong>de</strong>s</strong> para o futuro. É visto como um condutor aogerenciamento <strong>de</strong> todos os recursos, <strong>de</strong> tal forma que as necessida<strong>de</strong>seconômicas, sociais e estéticas possam ser satisfeitas s<strong>em</strong> <strong>de</strong>sprezar amanutenção da integrida<strong>de</strong> cultural, dos processos ecológicos essenciais, dadiversida<strong>de</strong> biológica e dos sist<strong>em</strong>as que garant<strong>em</strong> a vida.Desta forma, para o a<strong>de</strong>quado planejamento <strong>de</strong>sse tipo <strong>de</strong> turismo, <strong>de</strong>ve-sepriorizar seu <strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong> forma sustentável, estabelecendo o zoneamento<strong>de</strong>talhado e <strong>de</strong>terminando a capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> carga dos recursos naturais. Além disso,é imprescindível educar ambientalmente os turistas e as com<strong>unida<strong>de</strong>s</strong> receptoras.(MOREIRA, 2006) Só assim po<strong>de</strong>r<strong>em</strong>os atingir as metas do turismo sustentável(FENNEL, 2002), ou seja, <strong>de</strong>senvolver maior consciência e compreensão dascontribuições significativas que o turismo po<strong>de</strong> trazer ao meio ambiente e aeconomia, promover a equida<strong>de</strong> e o <strong>de</strong>senvolvimento, melhorar a qualida<strong>de</strong> <strong>de</strong> vidadas com<strong>unida<strong>de</strong>s</strong>, oferecer experiências <strong>de</strong> alta qualida<strong>de</strong> para o visitante,mantendo a qualida<strong>de</strong> do meio ambiente do qual <strong>de</strong>pend<strong>em</strong> os objetivos anteriores.Assim, a prática do turismo realizada a<strong>de</strong>quadamente: (id. p. 105)Auxilia a justificar e pagar a <strong>conservação</strong> <strong>de</strong> áreas naturais importantes e davida selvag<strong>em</strong>, incluindo os ambientes marinhos, pois esses representamatrativos para os turistas...


65Ajuda a melhorar a qualida<strong>de</strong> ambiental da área, pois os turistas gostam <strong>de</strong>visitar lugares que sejam atrativos, limpos e não poluídos. A melhoria dainfra-estrutura também contribui para uma melhor qualida<strong>de</strong> ambiental.Aumenta a conscientização ambiental local no momento <strong>em</strong> que osresi<strong>de</strong>ntes observam o interesse dos turistas <strong>em</strong> relação a <strong>conservação</strong> eperceb<strong>em</strong> a importância <strong>de</strong> proteger o meio ambiente.Mas, para que qualquer uma das segmentações turísticas possam surgir esejam realizadas, são os recursos turísticos que são indispensáveis. E o MTur(2006), <strong>em</strong> relação aos recursos turísticos do País (p. 26)Tradicionalmente, os recursos turísticos do País colocados no mercado serestringiam, com raras exceções, aos recursos e atrativos relacionados aosegmento do sol e praia, o que explica a gran<strong>de</strong> concentração do<strong>de</strong>senvolvimento da ativida<strong>de</strong> ao longo do litoral. Aumentar o número <strong>de</strong>produtos turísticos <strong>de</strong> qualida<strong>de</strong>, diversificar os produtos turísticoscont<strong>em</strong>plando a pluralida<strong>de</strong> cultural, a riqueza natural e consi<strong>de</strong>rando asdiferenças regionais, incentivar a estratégia <strong>de</strong> segmentação, promover aestruturação <strong>de</strong> roteiros, integrar e apoiar a promoção e a comercialização epromover a competitivida<strong>de</strong> e a inclusão, são objetivos que <strong>de</strong>v<strong>em</strong> serperseguidos na estruturação e diversificação da oferta turística do País.Portanto, para o Ministério a diversificação da oferta faz-se necessária e paratanto a estratégia da segmentação, novos roteiros e a diversificação dos produtosturísticos são objetivos a ser<strong>em</strong> perseguidos. Entretanto, o geoturismo ainda não ésequer reconhecido como uma segmentação turística pela EMBRATUR 45 .Deste modo, é importante e cada vez maior a necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> utilizar melhoro potencial que possuímos no País, e para tanto o geoturismo surge como uma novaoportunida<strong>de</strong> ao turismo realizado <strong>em</strong> áreas naturais.45 No sentido <strong>de</strong> realizar entrevistas com técnicos para verificar quais os <strong>de</strong>stinos divulgadosinternacionalmente e se o geoturismo é um segmento reconhecido pela EMBRATUR, <strong>em</strong> abril <strong>de</strong>2007 foi realizada uma visita <strong>em</strong> sua se<strong>de</strong> <strong>em</strong> Brasília, on<strong>de</strong> foi observado que <strong>em</strong> toda a folhetariapromocional as Cataratas do Iguaçu e Fernando <strong>de</strong> Noronha são <strong>de</strong>stinos <strong>de</strong>staques <strong>em</strong> termos <strong>de</strong>ecoturismo. Entretanto, <strong>de</strong> acordo com Gleidson Diniz Ferreira, da Coor<strong>de</strong>nação Geral <strong>de</strong>Segmentação, o Ministério do Turismo consi<strong>de</strong>ra apenas os segmentos indicados nos planosAquarela – Marketing Turístico Internacional do Brasil da EMBRATUR e Cores – da Coor<strong>de</strong>naçãoGeral <strong>de</strong> Regionalização. Portanto, ainda não há uma abordag<strong>em</strong> mais específica para o segmentodo geoturismo.


662.3 GEOTURISMOCom o aprofundamento e amadurecimento <strong>de</strong>sta pesquisa, verificou-se que ogeoturismo, (ainda pouco comentado <strong>em</strong> 2004,quando se iniciaram os trabalhos)seria a modalida<strong>de</strong> i<strong>de</strong>al <strong>de</strong> turismo a ser abordada, e não mais o ecoturismo. Talmudança <strong>de</strong> abordag<strong>em</strong> ocorreu pelo fato <strong>de</strong> que se verificou que o geoturismo nãopo<strong>de</strong>ria ser encarado como uma forma <strong>de</strong> ecoturismo, e sim como uma novamodalida<strong>de</strong> <strong>de</strong> turismo praticado <strong>em</strong> áreas naturais, contando com a aprovação eincentivos por parte da UNESCO, sendo específica <strong>em</strong> suas potencialida<strong>de</strong>s eobjetivos.Assim, aprofundar conhecimentos relativos ao Geoturismo, propondoaspectos ligados ao planejamento da ativida<strong>de</strong> aplicada à realida<strong>de</strong> brasileira foi umdos objetivos específicos <strong>de</strong>sta tese.Deste modo, foi observado que por mais que as <strong>de</strong>finições <strong>de</strong> ecoturismocontenham o <strong>patrimônio</strong> natural, nenhuma <strong>de</strong>las abrange a geodiversida<strong>de</strong> comoparte do produto turístico, citando muitas vezes unicamente a biodiversida<strong>de</strong>. O quediferencia o ecoturismo do turismo convencional é o fato <strong>de</strong>le ser consi<strong>de</strong>rada umasegmentação turística responsável, que cumpre critérios e princípios básicos <strong>de</strong>sustentabilida<strong>de</strong>, e o geoturismo também segue esses critérios, cont<strong>em</strong>plando osaspectos <strong>geológico</strong>s e geomorfológicos como os principais atrativos turísticos, sendouma nova modalida<strong>de</strong> <strong>de</strong> turismo. Para alguns autores o geoturismo, <strong>de</strong>vido as suascaracterísticas chega a ser mais ”eco-friendly” que o próprio ecoturismo (ROBINSONe ROOTS,2008).De qualquer forma, o ecoturismo, turismo <strong>de</strong> aventura, turismo técnicocientifico, geoturismo, entre outros, pod<strong>em</strong> estar vinculados, visto que os meiosinterpretativos voltados aos aspectos <strong>geológico</strong>s pod<strong>em</strong> ser utilizados por qualqueruma das modalida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> turismo praticadas <strong>em</strong> áreas naturais. Observa-se que ogeoturismo po<strong>de</strong> compartilhar experiências realizadas <strong>em</strong> outras modalida<strong>de</strong>s <strong>de</strong>turismo <strong>em</strong> áreas naturais e mesmo assim permanecer distinto <strong>em</strong> seus objetivos.Assim, <strong>em</strong> combinação com outras formas <strong>de</strong> turismo, po<strong>de</strong> adicionar outradimensão e diversida<strong>de</strong> ao produto turístico oferecido.


67Mas, mais importante que isso, é o reconhecimento <strong>de</strong> que as paisagensnaturais, monumentos <strong>geológico</strong>s, rochas, fósseis, entre outros aspectos <strong>geológico</strong>sprecisam ser preservados antes que se percam. Concorda-se aqui com opensamento <strong>de</strong> Newsome e Dowling (2006), <strong>de</strong> que somente conseguir<strong>em</strong>os tal feitoatravés do reconhecimento e a valoração <strong>de</strong>sses recursos, planejando o turismo eas ações voltadas ao manejo da área.Em se tratando dos aspectos históricos, não se sabe ao certo quando foi oinício do interesse <strong>de</strong> turistas por paisagens especialmente ligadas a geologia egeomorfologia, mas estudos d<strong>em</strong>onstram que a geologia, <strong>de</strong>vido à popularida<strong>de</strong> daciência geológica, já era uma motivação turística <strong>de</strong>s<strong>de</strong> o século XIX. Macfarlane(2005, p. 53) cita inclusive que na Inglaterra,O turismo <strong>geológico</strong> tornou-se ativida<strong>de</strong> crescente na década <strong>de</strong> 1860, osinteressados <strong>em</strong> participar <strong>de</strong> excursões geológicas tinham a chance <strong>de</strong>escolher entre vários cursos que ofereciam instrução sobre rochas... OProfessor William Turl oferecia (<strong>de</strong> acordo com anuncio por ele veiculado)“aulas particulares a turistas, que lhes proporcionarão conhecimentosuficiente para i<strong>de</strong>ntificar todos os componentes <strong>de</strong> rochas cristalinas evulcânicas encontradas nas montanhas européias”.De qualquer modo, não é novida<strong>de</strong> que roteiros voltados para a observação<strong>de</strong> locais on<strong>de</strong> a geologia e a geomorfologia são singulares já são realizados hámuitos anos, entretanto, <strong>em</strong> sua maioria, restringiam-se a saídas técnicas e aulas <strong>de</strong>campo.No Brasil o termo geoturistico aparece <strong>em</strong> 1987 sendo citado por Silva eAraújo (p.179)...é elaborado um mapa inventario, contendo todos os recursos potenciais,naturais e culturais, b<strong>em</strong> como as variáveis geofisicas e sócio-culturais queatuam na área, a saber: clima, regime <strong>de</strong> ventos, existência <strong>de</strong> end<strong>em</strong>ias,erosão, ação do hom<strong>em</strong>, etc. Esse mapa, <strong>de</strong>nominado geoturistico ambiental,difere dos mapas <strong>geológico</strong>s, geofísicos clássicos e é <strong>de</strong> fácil elaboração,por<strong>em</strong> não dispensa os conhecimentos técnicos tradicionais.


68Mas, neste caso, o termo estava relacionado a um mapa, utilizado naimplantação <strong>de</strong> um Distrito Ecoturístico, e não propriamente com a <strong>de</strong>signação <strong>de</strong>uma nova modalida<strong>de</strong> turística.A primeira citação cientifica publicada utilizando o termo geoturismo foiproposta por Hose, <strong>em</strong> 1995 on<strong>de</strong> o geoturismo é a (p.17)Provisão <strong>de</strong> serviços e facilida<strong>de</strong>s interpretativas no sentido <strong>de</strong> possibilitaraos turistas a compreensão e aquisição <strong>de</strong> conhecimentos <strong>de</strong> um sítio<strong>geológico</strong> e geomorfológico ao invés da simples apreciação estética.Em outra citação <strong>de</strong> Hose (2000), já revista, o geoturismo é a disponibilização<strong>de</strong> serviços e meios interpretativos que promov<strong>em</strong> o valor e os benefícios sociais <strong>de</strong>lugares com atrativos <strong>geológico</strong>s e geomorfológicos, assegurando sua <strong>conservação</strong>,para o uso <strong>de</strong> estudantes, turistas e outras pessoas com interesses recreativos e <strong>de</strong>ócio. Liccardo e Liccardo (2006) consi<strong>de</strong>ram o geoturismo uma nova vertente dasciências geológicas que procura divulgar o conhecimento sobre a Terra, e na<strong>de</strong>finição <strong>de</strong> Newsome e Dowling (2006) a geologia e a geomorfologia são oscomponentes centrais e o enfoque principal <strong>de</strong> interesse <strong>de</strong>sta modalida<strong>de</strong> turística.Frey et al (2006) consi<strong>de</strong>ram o geoturismo como sendo um novo setorocupacional e <strong>de</strong> negócios, com a característica principal <strong>de</strong> transferir e comunicar oconhecimento geocientifico ao público <strong>em</strong> geral, baseando-se na interação entrepolíticas, geociências, universida<strong>de</strong>s e o turismo. E, o princípio fundamental <strong>de</strong> suasativida<strong>de</strong>s está na proteção sustentável e preservação do <strong>patrimônio</strong> <strong>geológico</strong>.Mas, o seu caráter complexo e multidimensional é abordado por Pforr e Megerle(2006), que informam não haver aceitação sobre o seu conceito e limites práticos,sendo que o estabelecimento <strong>de</strong> uma <strong>de</strong>finição parece ser probl<strong>em</strong>ático.Tanto quanto o ecoturismo não t<strong>em</strong> o mesmo significado que turismoecológico, o geoturismo também não é somente turismo <strong>geológico</strong>. O termo v<strong>em</strong> dajunção das palavras geologia e turismo e não geografia e turismo, como parece sero caso para Stueve et al (2002), que tratam o geoturismo como uma combinaçãoentre os atributos naturais e culturais que faz<strong>em</strong> com que um <strong>de</strong>terminado local seja


69distinto do outro, enfocando as características geográficas do <strong>de</strong>stino. Hose (2008)critica tal <strong>de</strong>finição, pelo fato <strong>de</strong> que a National Geographic ao criá-la não levou <strong>em</strong>consi<strong>de</strong>ração os trabalhos que já haviam sido publicados sobre o t<strong>em</strong>a, tomandopara si a “criação” do termo. Também acerca da <strong>de</strong>finição <strong>de</strong> Stueve et al, Brilha(2005) informa que a mesma apresenta o sentido do <strong>de</strong>senvolvimento turístico,envolvendo as características geográficas <strong>de</strong> um lugar, on<strong>de</strong> estariam incluídos osaspectos ligados ao meio ambiente, cultura, <strong>patrimônio</strong> arquitetônico e b<strong>em</strong> estar <strong>de</strong>seus habitantes. De qualquer maneira, para Gates (2006, p. 157), o geoturismo “ éum novo termo para uma idéia relativamente antiga, e, como tal, apresenta<strong>de</strong>finições conflitantes”.A intenção nesta pesquisa foi a <strong>de</strong> compreen<strong>de</strong>r e estudar o novo fenômenoque ele realmente é. Portanto, aqui o geoturismo é tratado como uma segmentaçãoturística sustentável, realizada por pessoas que têm o interesse <strong>em</strong> conhecer maisos aspectos <strong>geológico</strong>s e geomorfológicos <strong>de</strong> um <strong>de</strong>terminado local, sendo esta asua principal motivação na viag<strong>em</strong>. Mas, apesar <strong>de</strong> ser um novo segmento, nãochega a ser um modismo, pois se fosse um termo passageiro, não integrariadiversos documentos oficiais da UNESCO e não estaria sendo tão comentado epesquisado a nível mundial.Desta forma, o geoturismo v<strong>em</strong> crescendo a cada ano, apresentando-secomo uma nova tendência <strong>em</strong> termos <strong>de</strong> turismo <strong>em</strong> áreas naturais. Com umaênfase particular na <strong>conservação</strong>, educação e atrativos turísticos <strong>em</strong> relação aosaspectos <strong>geológico</strong>s e geomorfológicos, interpretar o ambiente <strong>em</strong> relação aosprocessos que o mo<strong>de</strong>laram po<strong>de</strong> ser uma ferramenta <strong>de</strong> educação ambiental,proporcionando um melhor aproveitamento dos recursos que a natureza nosoferece. Mc Keever et al (2006) afirmam que o geoturismo se comparado com outrasmodalida<strong>de</strong>s turísticas, ainda está na infância, mas que é através do suporte para ageo<strong>conservação</strong> que se assegura o recurso para as suas ativida<strong>de</strong>s.Concorda-se com Buckley (2006), que afirma que mais provavelmente aspessoas viajam para ver belezas cênicas (vulcões, montanhas, cachoeiras,cavernas, gêiseres, glaciares, formações rochosas, canyons, entre outros), que sãoessencialmente geológicas, do que para ver plantas e animais <strong>em</strong> particular.Entretanto, para muitas pessoas, as rochas não <strong>de</strong>spertam a mesma atenção do


70que uma floresta ou animais, <strong>em</strong> virtu<strong>de</strong> do movimento, coloração, sons e interação.Isso faz com que o <strong>de</strong>safio <strong>de</strong> tornar as rochas um el<strong>em</strong>ento que <strong>de</strong>sperte a atençãodo visitante seja ainda mais crítico no geoturismo. (NEWSOME e DOWLING, 2006).Muitos turistas que não possu<strong>em</strong> conhecimentos sobre a geologia vê<strong>em</strong>esses aspectos como um componente curioso e interessante da paisag<strong>em</strong>, sendoque no geoturismo se enten<strong>de</strong> que não há somente a apreciação da paisag<strong>em</strong>, esim também sua compreensão, realizada com o auxílio dos meios interpretativos.Para Silva (2004) tornar esses atrativos visíveis e passíveis <strong>de</strong> interesse eentendimento é fundamental para <strong>de</strong>spertar o turista e trazê-lo a esses locais. S<strong>em</strong>dúvida, essa é uma árdua missão, consi<strong>de</strong>rando-se a grandiosida<strong>de</strong> e diversida<strong>de</strong>do acervo <strong>geológico</strong> disponível e a necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> uma ampla tradução dausualmente “árida” e <strong>de</strong>nsa terminologia geológica, entendida por muitos comoinacessível ao cidadão comum.Em relação ao público que pratica o geoturismo, Hose (2000) cita que hágeoturistas <strong>de</strong>dicados (aqueles que visitam sítios <strong>geológico</strong>s e geomorfologicos eexibições com propósitos educativos, crescimento intelectual e apreciação) egeoturistas casuais (indivíduos que visitam sítios <strong>geológico</strong>s e geomorfologicos eexibições primeiramente por prazer e alguma estimulação intelectual). De qualquermaneira, para este autor, os visitantes <strong>de</strong> áreas geológicas <strong>em</strong> sua maioria realizama visita casualmente, ou seja, são visitas que não são planejadas, ocorr<strong>em</strong>aci<strong>de</strong>ntalmente.O geoturismo possui alguns fatores condicionantes que favorec<strong>em</strong> ou limitamo seu <strong>de</strong>senvolvimento. Pod<strong>em</strong> ser resumidos <strong>em</strong> três gran<strong>de</strong>s grupos: 1- Os <strong>de</strong>caráter científico, próprios da comunida<strong>de</strong> geológica, referentes a limitação e<strong>de</strong>scrição do <strong>patrimônio</strong> <strong>geológico</strong>; 2- Os <strong>de</strong> caráter político, como a administração,legislação e promoção dos atrativos; 3- Os <strong>de</strong> caráter social e turístico, que inclu<strong>em</strong>o “Tra<strong>de</strong>” turístico, on<strong>de</strong> estão a iniciativa privada, agências <strong>de</strong> turismo, operadoras,setor hoteleiro, transporte, marketing, souvenirs, etc... Os três grupos intervêm porigual no <strong>de</strong>senvolvimento do Geoturismo (flechas grossas) e a relação entre os trêsgrupos não é somente <strong>de</strong> proximida<strong>de</strong>, e sim também <strong>de</strong> interação dinâmica <strong>em</strong>útua (flechas simples <strong>de</strong> duplo sentido) (FIGURA 01).


71FIGURA 01- Fatores condicionantes do geoturismo.Fonte: Melen<strong>de</strong>z et al, 2007.Para Hose (2006), os el<strong>em</strong>entos-chave do geoturismo são os aspectos dageo<strong>conservação</strong> <strong>em</strong> combinação com a promoção turística. Aspectos da promoçãoe divulgação também são abordados por Pforr e Megerle (2006), que acreditam queo estabelecimento <strong>de</strong> re<strong>de</strong>s <strong>de</strong> comunicação e a troca a<strong>de</strong>quada <strong>de</strong> informações sãoimportantes para impl<strong>em</strong>entar com sucesso o geoturismo <strong>em</strong> uma região.Essa divulgação cada vez maior v<strong>em</strong> fazendo com que o geoturismo se<strong>de</strong>senvolva rapidamente <strong>em</strong> diversos países do mundo, que vêm implantandoprojetos baseando-se no seu potencial <strong>geológico</strong> para fins científicos, interpretativose educacionais. Entre eles estão a Finlândia (ÉDEN e KANANOJA, 2005), Inglaterra(PAGE, 1999), Irlanda (MC KEEVER et al, 2006) a Austrália (JAMES et al, 2006;DOWLING e NEWSOME, 2006) Kazaquistão (FISHMAN e NUSIPOV, 1999), aRússia (SKOVITINA et al, 2005), a Ilha <strong>de</strong> Lesbos, na Grécia (ZOUROS e LABAKI,2005), Malásia (TONGKUL, 2006), Eslováquia (KONECNÝ et al, 2005), Lituânia(SKRIDLAITE et al, 2005), Islândia (DOWLING, 2008) Irã (AMRIKAZEMI eMEHRPOOYA, 2006) as portuguesas Ilha da Ma<strong>de</strong>ira (SILVA e GOMES, 2005) eIlha <strong>de</strong> Santiago (Cabo Ver<strong>de</strong>) (PEREIRA E BRILHA, 2005), a Coréia do Sul (HUH


72et al, 2008) a África do Sul (SCHUTTE, 2004; REIMOLD et al, 2006), e a China(JIANJUN et al, 2006).No Brasil muitos são os locais que possu<strong>em</strong> potencial para a prática dogeoturismo, sendo que alguns Estados já vêm trabalhando <strong>em</strong> projetos voltados aoplanejamento e divulgação <strong>de</strong>sse potencial. É o caso do Rio <strong>de</strong> Janeiro, através doProjeto Caminhos Geológicos, realizado pelo Serviço Geológico do Rio <strong>de</strong> Janeiro(DRM – RJ) <strong>de</strong>s<strong>de</strong> 2001, pioneiro no Brasil. Voltado para a sinalização dosmonumentos <strong>geológico</strong>s do Estado, t<strong>em</strong> como objetivos a divulgação e apreservação <strong>de</strong>sses monumentos, <strong>de</strong>nominados PIG’s – Pontos <strong>de</strong> InteresseGeológico. Em 2007 o projeto já cont<strong>em</strong>plava 59 PIG’s. (MANSUR e NASCIMENTO,2007). Na região do agreste e sertão <strong>de</strong> Pernambuco, Seabra (2004) criou o circuitoturístico “Caminho das Pedras”, on<strong>de</strong> foram selecionados sítios <strong>geológico</strong>s egeomorfológicos <strong>de</strong> cinco cida<strong>de</strong>s para integrar o circuito. Ações no Rio Gran<strong>de</strong> doNorte inclu<strong>em</strong> o Projeto Monumentos Geológicos, que utiliza painéis <strong>de</strong> sinalizaçãoturística com o objetivo <strong>de</strong> divulgar seus monumentos <strong>geológico</strong>s (CUNHA et al,2006).Cabe aqui ressaltar que o Paraná foi um Estado pioneiro na divulgação e<strong>de</strong>senvolvimento do Geoturismo no Brasil. Em 2002 foi realizado o 1º Simpósio <strong>de</strong>Roteiros Geológicos do Paraná, <strong>em</strong> Ponta Grossa on<strong>de</strong> foram discutidos aspectosrelativos a interpretação ambiental dos aspectos <strong>geológico</strong>s <strong>em</strong> Unida<strong>de</strong>s <strong>de</strong>Conservação. Alguns meses mais tar<strong>de</strong>, a MINEROPAR criou o Projeto SítiosGeológicos e Paleontológicos do Paraná, que com o auxílio <strong>de</strong> diversas parcerias 46 ,<strong>de</strong>senvolveu e instalou painéis explicativos sobre a geologia e t<strong>em</strong>as correlatos <strong>em</strong>sítios Geológicos e Paleontológicos do Estado do Paraná.Mas, in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>nt<strong>em</strong>ente do Estado ou país <strong>em</strong> que é realizado, o geoturismopo<strong>de</strong> proporcionar diversos impactos, tanto positivos, quanto negativos. Sabe-seque qualquer ativida<strong>de</strong> humana produz impactos no ambiente <strong>em</strong> que é realizada. Oturismo não foge a essa regra, causando impactos que pod<strong>em</strong> abranger efeitoseconômicos, ambientais e sócio-culturais. Baseando-se <strong>em</strong> autores como Lage e46 Ecoparaná, Paraná Turismo, Secretaria <strong>de</strong> Estado da Cultura, UFPR, UEPG, Associação dosMunicípios dos Campos Gerais, IAP e outros órgãos e instituições.


73Milone (2001), Lins (2005), César et al (2007) e a OMT (2003) t<strong>em</strong>-se os seguintesimpactos do turismo, aqui adaptados ao geoturismo:Impactos positivos do Geoturismo‣ Propicia meios para a <strong>conservação</strong> do <strong>patrimônio</strong> <strong>geológico</strong>;‣ Geração <strong>de</strong> <strong>em</strong>pregos diretos e indiretos;‣ Diversificação e incr<strong>em</strong>ento na economia local;‣ Educação geológica e ambiental dos visitantes, pois favorece acompreensão do ambiente;‣ Proteção e reconhecimento do <strong>patrimônio</strong> <strong>geológico</strong>;‣ Criação <strong>de</strong> fontes alternativas <strong>de</strong> arrecadação para as UCs;‣ Auxilio no <strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong> regiões e municípios, sendo uma estratégiapara <strong>de</strong>senvolver economicamente uma região;‣ Geração <strong>de</strong> fundos;‣ Melhoria da qualida<strong>de</strong> <strong>de</strong> vida da população;‣ Valorização da área, através do incentivo ao senso <strong>de</strong> i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong> cultural;‣ Estímulo ao estabelecimento <strong>de</strong> <strong>em</strong>preen<strong>de</strong>dores turísticos locais e novosmercados para produtos locais, como itens <strong>de</strong> agricultura, artesanato,pesca, etc...;‣ Contribuições aos rendimentos do governo <strong>em</strong> nível local, estadual enacional;‣ Ganhos <strong>em</strong> câmbio estrangeiro a nível nacional;‣ Fixação da população no local, evitando o êxodo rural;‣ Aumento da consciência da população local e turistas a respeito do<strong>patrimônio</strong> <strong>geológico</strong>;‣ Atribuição <strong>de</strong> novos valores e significados aos pontos <strong>de</strong> interesse;Impactos negativos do Geoturismo‣ Congestionamentos <strong>de</strong> trânsito ou <strong>de</strong> pe<strong>de</strong>stres nos pontos <strong>de</strong> iteresse;‣ Poluição da água, resultante do gerenciamento ina<strong>de</strong>quado do esgoto e<strong>de</strong> sist<strong>em</strong>as <strong>de</strong> resíduos sólidos;‣ Poluição do ar, resultante do uso excessivo <strong>de</strong> veículos;‣ Poluição sonora resultante das ativida<strong>de</strong>s turísticas;


74‣ Danos aos sítios <strong>geológico</strong>s e geomorfológicos, <strong>de</strong>correntes da utilizaçãoexcessiva e/ou incorreta;‣ Design ina<strong>de</strong>quado <strong>de</strong> instalações turísticas;‣ Aumento <strong>de</strong> preços;‣ Aumento <strong>de</strong> probl<strong>em</strong>as sociais, como o uso <strong>de</strong> drogas, prostituição eviolência;‣ Especulação imobiliária;‣ Lixo <strong>em</strong> local ina<strong>de</strong>quado;‣ Falta <strong>de</strong> controle na visitação <strong>em</strong> Unida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> Conservação po<strong>de</strong> levarcertos locais ao <strong>de</strong>terioração;‣ Coleta <strong>de</strong> souvenirs, vandalismo e r<strong>em</strong>oção ilegal <strong>de</strong> itens como fósseis;‣ Geração <strong>de</strong> benefícios econômicos po<strong>de</strong> ser limitada se a maioria daspessoas <strong>em</strong>pregadas não for da comunida<strong>de</strong> local.Capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> carga dos pontos <strong>de</strong> interesse, monitoramento constante eações <strong>de</strong> manejo a<strong>de</strong>quadas pod<strong>em</strong> evitar a maioria dos impactos negativos. Césaret al (2007) consi<strong>de</strong>ram que os impactos, tanto positivos quanto negativos sãopotenciais, ou seja, <strong>de</strong>pend<strong>em</strong> fundamentalmente do modo como seu planejamento,implantação e monitoramento for<strong>em</strong> organizados e realizados. De qualquer maneira,cabe ressaltar que como este segmento é muito novo, seus impactos ainda não sãototalmente compreendidos (DOWLING e NEWSOME, 2006).Portanto, concorda-se com Brilha (2005) que afirma que o geoturismo precisaser implantado <strong>de</strong>pois <strong>de</strong> estar montada uma coerente e sólida estratégia <strong>de</strong>geo<strong>conservação</strong>, <strong>de</strong> modo a assegurar a manutenção do interesse do <strong>patrimônio</strong><strong>geológico</strong> que justifica o próprio geoturismo. Pois, apesar dos diferentes graus <strong>de</strong>abrangência do termo geoturismo, se trata <strong>de</strong> uma ativida<strong>de</strong> que estáintrinsecamente ligada á geodiversida<strong>de</strong> e a geo<strong>conservação</strong>.Concluindo, o geoturismo po<strong>de</strong> chegar a assumir um grau <strong>de</strong> importânciaestratégica para o futuro do <strong>de</strong>senvolvimento turístico do Brasil, como fator <strong>de</strong><strong>de</strong>senvolvimento social, educação e valorização do potencial das com<strong>unida<strong>de</strong>s</strong>envolvidas, além do marketing a nível nacional e internacional. As com<strong>unida<strong>de</strong>s</strong> sãopeça-chave no <strong>de</strong>senvolvimento do geoturismo, no sentido <strong>de</strong> que a comunida<strong>de</strong>po<strong>de</strong> ser <strong>em</strong>preen<strong>de</strong>dora, conhecendo e mantendo o seu <strong>patrimônio</strong> natural.


75De qualquer forma, o geoturismo <strong>de</strong>ve ser um turismo sustentável no sentido<strong>de</strong> permitir um <strong>de</strong>senvolvimento turístico s<strong>em</strong> <strong>de</strong>gradar ou esgotar os recursos queestão sendo utilizados na ativida<strong>de</strong>. Somente assim nós po<strong>de</strong>r<strong>em</strong>os conhecer eaproveitar ainda mais nosso <strong>patrimônio</strong> <strong>geológico</strong>, proporcionando que as futurasgerações também possam conhecê-lo.


763. A GEOCONSERVAÇÃO E AS ÁREAS PROTEGIDASNesta tese enten<strong>de</strong>-se por Patrimônio Geológico o conjunto <strong>de</strong> geosítios <strong>de</strong>um local, <strong>de</strong>limitado geograficamente, on<strong>de</strong> ocorr<strong>em</strong> el<strong>em</strong>entos <strong>de</strong> geodiversida<strong>de</strong>,com valores singulares do ponto <strong>de</strong> vista científico, pedagógico, cultural ou turístico.É constituído por todos os recursos naturais não-renováveis, quer sejam formaçõesgeológicas ou geomorfológicas, paisagens, afloramentos mineralógicos epaleontológicos. (BRILHA, 2005)E foi o interesse na <strong>conservação</strong> do Patrimônio Geológico econseqüent<strong>em</strong>ente dos processos <strong>geológico</strong>s ativos no Parque Nacional <strong>de</strong>Yellowstone 47 (EUA) que foram importantes na sua <strong>de</strong>claração como primeiraUnida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Conservação mundial, <strong>em</strong> 1872.No inicio do movimento conservacionista mundial e <strong>em</strong> suas bases doutrinaise normativas, o Patrimônio Geológico esteve mais presente que no momento atual,<strong>em</strong> que os aspectos bióticos do meio, são predominantes 48 . Entretanto, caberessaltar como algumas singularida<strong>de</strong>s geológicas vêm <strong>de</strong>terminando a organizaçãosocial e boa parte do <strong>de</strong>senvolvimento econômico. As lhas Canárias são umex<strong>em</strong>plo, cuja paisag<strong>em</strong> geológica condiciona <strong>de</strong> maneira fundamental a vidaeconômica do arquipélago. (GALLEGO e GARCIA, 1996)Desta forma, os mesmos autores (id, 1996) indicam como objetivos e razõespara a proteção e <strong>conservação</strong> do Patrimônio Geológico o fato <strong>de</strong> que o mesmo: Éum componente importante do Patrimônio Natural; Representa uma importanteherança cultural, <strong>de</strong> um caráter que não se repete; Constitui uma baseimprescindível para a formação <strong>de</strong> cientistas e profissionais; Constitui um el<strong>em</strong>ento<strong>de</strong> proteção dos recursos estéticos e recreativos; Serve para estabelecer uma47 Este Parque possui mais <strong>de</strong> duzentos gêiseres, os maiores do mundo. É resultado da fracaespessura (cinco quilômetros), da crosta terrestre, que <strong>em</strong> outras regiões do mundo atinge cinqüentaquilômetros. Possui mais <strong>de</strong> 800 km <strong>de</strong> estradas internas e 1600 km <strong>de</strong> trilhas.48 Gascón (2006) relata que durante muito t<strong>em</strong>po, diversos estudos científicos consi<strong>de</strong>raram s<strong>em</strong>pre acrença errônea <strong>de</strong> que o <strong>patrimônio</strong> biológico é s<strong>em</strong>pre mais vulnerável a mudanças e ameaças queos lugares <strong>de</strong> interesse <strong>geológico</strong>. S<strong>em</strong> dúvida, a biodiversida<strong>de</strong> t<strong>em</strong> quase s<strong>em</strong>pre certa capacida<strong>de</strong><strong>de</strong> ajustar-se a mudanças, entretanto, são muitos os el<strong>em</strong>entos da geodiversida<strong>de</strong> que possu<strong>em</strong> umaextensão finita e não são renováveis.


77ligação entre a história da Terra e a história dos homens e sua evolução biológica.Neste sentido, a história natural e humana é impossível <strong>de</strong> ser reconstruída s<strong>em</strong>uma base geológica; e representa um recurso <strong>de</strong> alto potencial educativo e <strong>de</strong>formação intelectual. Deste modo, sua proteção constitui responsabilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> cadaEstado perante a Comunida<strong>de</strong> Internacional.Além <strong>de</strong>ssas razões, a <strong>conservação</strong> do Patrimônio Geológico <strong>em</strong> todo omundo também se faz necessária porque a evolução da História da Terra estágravada <strong>em</strong> um gran<strong>de</strong> numero <strong>de</strong> peças, como num quebra-cabeça, on<strong>de</strong> as peçassomente têm coerência quando vistas <strong>em</strong> conjunto. Mas infelizmente, os danoscausados pelos homens na superfície da Terra vêm ocasionando aceleradamente a<strong>de</strong>struição <strong>de</strong> muitas peças-chave <strong>de</strong> nosso passado <strong>geológico</strong>. Portanto, aeficiência na geo<strong>conservação</strong> <strong>de</strong>pen<strong>de</strong> urgent<strong>em</strong>ente da mudança <strong>de</strong> estratégiasrelacionadas ao Patrimônio Geológico, sendo que essas mudanças passam por trêspontos principais: a educação, o uso a<strong>de</strong>quado dos recursos e ações coor<strong>de</strong>nadaspor pessoas e instituições envolvidas na geo<strong>conservação</strong> (CARRERAS &DRUGUET, 2000).Sharples (2002), <strong>em</strong> relação à geo<strong>conservação</strong> a classifica como “a meta<strong>de</strong>esquecida” da <strong>conservação</strong> da natureza, pois o foco principal s<strong>em</strong>pre esteve nosel<strong>em</strong>entos vivos, ou seja, na biodiversida<strong>de</strong>. Este autor afirma também que é umcampo novo e que está <strong>de</strong>senvolvendo-se muito rapidamente e a <strong>de</strong>fine como sendo“a <strong>conservação</strong> da geodiversida<strong>de</strong> pelos seus valores intrínsecos, ecológicos e (geo)patrimoniais”. E para Brilha (2005) a geo<strong>conservação</strong> t<strong>em</strong> como objetivo acaracterização, <strong>conservação</strong>, gestão e divulgação do <strong>patrimônio</strong> <strong>geológico</strong> eprocessos naturais associados e preten<strong>de</strong> manter os geosítios 49 <strong>de</strong> modo a permitirseu uso.O termo geo<strong>conservação</strong> v<strong>em</strong> sendo utilizado com mais freqüência somentenos últimos anos 50 e tornou-se mais popular principalmente após a criação da Re<strong>de</strong>49 Geosítios são locais, b<strong>em</strong> <strong>de</strong>limitados geograficamente, on<strong>de</strong> ocorr<strong>em</strong> um ou mais el<strong>em</strong>entos dageodiversida<strong>de</strong> com singular valor do ponto <strong>de</strong> vista científico, pedagógico, cultural ou turístico.(BRILHA, 2006)50 Começou a ser tratada no 1º Simpósio Internacional <strong>de</strong> Digne, na França <strong>em</strong> 1991, 30º CongressoInternacional <strong>de</strong> Geologia <strong>em</strong> 1996, e <strong>em</strong> grupos <strong>de</strong> trabalho, como o “Geosites working group”, daInternational Union of Geological Science - IUGS (entre 1996 - 2004), o GeoSEE, também da IUGS(2004 - 2005), o Geomorphosites working group”, do Institute of Applied Geology- IAG (2001 -).


78Mundial <strong>de</strong> Geoparques <strong>em</strong> 2004. Seus <strong>de</strong>safios englobam o envolvimento dacomunida<strong>de</strong>, o esclarecimento da relação geo<strong>conservação</strong>/exploração <strong>de</strong> recursos<strong>geológico</strong>s, a <strong>de</strong>finição <strong>de</strong> uma estratégia nacional <strong>de</strong> geo<strong>conservação</strong> integrandotodas as vertentes (científica, divulgação e geoturismo), a integração nas políticasnacionais <strong>de</strong> <strong>conservação</strong> da natureza, or<strong>de</strong>namento do território e educação e oenvolvimento <strong>de</strong> <strong>em</strong>presas, políticos locais, associações <strong>de</strong> <strong>de</strong>fesa do ambiente, <strong>de</strong>educação ambiental e <strong>de</strong> ecoturismo (BRILHA, 2006).Outro conceito atrelado ao da geo<strong>conservação</strong> é o da geodiversida<strong>de</strong>. Stanley(2001 apud NIETO, 2004) a <strong>de</strong>fine como sendo a varieda<strong>de</strong> <strong>de</strong> ambientes<strong>geológico</strong>s, fenômenos e processos ativos que dão lugar a paisagens, rochas,minerais, fósseis, solos e outros <strong>de</strong>pósitos superficiais que constitu<strong>em</strong> a estruturapara a vida na Terra. Concorda-se com este autor, que afirma que a geodiversida<strong>de</strong><strong>de</strong>ve ser o ponto <strong>de</strong> união entre os homens, a paisag<strong>em</strong> e a sua cultura.Mas observou-se que a questão da geodiversida<strong>de</strong> é ainda muito poucoexplorada e divulgada. Num ex<strong>em</strong>plo apresentado por Brilha <strong>em</strong> 2005, quando sedigitava a palavra geodiversida<strong>de</strong> <strong>em</strong> ferramentas <strong>de</strong> busca, apareciam por volta <strong>de</strong>600 ocorrências. Por outro lado, quando se digitava a palavra biodiversida<strong>de</strong>,apareciam cerca <strong>de</strong> 3,3 milhões <strong>de</strong> ocorrências. Atualmente, no Brasil, tal panoramanão é tão diferente. A palavra biodiversida<strong>de</strong> aparece <strong>em</strong> aproximadamente 2milhões <strong>de</strong> websites, enquanto a palavra geodiversida<strong>de</strong> <strong>em</strong> apenas 25 milwebsites. Em outros sites, como o do WWF e o da IUCN, os aspectos biológicos sãomuito mais evi<strong>de</strong>nciados que os <strong>geológico</strong>s. Conforme Nieto (2004), isso d<strong>em</strong>onstraque a evolução <strong>de</strong>sses conceitos foi <strong>de</strong>sigual, principalmente porque o conceito <strong>de</strong>biodiversida<strong>de</strong> foi enfocado <strong>em</strong> diversos trabalhos <strong>de</strong> gran<strong>de</strong> difusão internacionalapós a Eco 92 e o <strong>de</strong> geodiversida<strong>de</strong> possui pouca divulgação <strong>de</strong> seus conceitos.Mon<strong>de</strong>jar e R<strong>em</strong>o (2004b) afirmam que a pouca divulgação também é<strong>de</strong>corrente do fato <strong>de</strong> que os termos <strong>geológico</strong>s não estão presentes na linguag<strong>em</strong>cotidiana e são pouco utilizados por outros profissionais, por isso é necessárioadaptar o vocabulário <strong>geológico</strong>, conservando o rigor cientifico, à divulgação,<strong>conservação</strong> e conscientização. Trata-se <strong>de</strong> tentar criar uma cultura geológica nasocieda<strong>de</strong> <strong>de</strong> uma forma <strong>em</strong> geral, fazendo com que os termos <strong>geológico</strong>s maiscomuns comec<strong>em</strong> a fazer parte do vocabulário cotidiano dos cidadãos. Desta forma,


79a palavra geodiversida<strong>de</strong> é apropriada, pois possui conotação similar abiodiversida<strong>de</strong>.De qualquer modo, é importante que a Terra seja entendida e interpretadacomo um todo, tanto pelos seus aspectos <strong>de</strong> biodiversida<strong>de</strong>, quanto <strong>de</strong>geodiversida<strong>de</strong>. Além disso, o Patrimônio Geológico e a geodiversida<strong>de</strong> <strong>de</strong>v<strong>em</strong> serlevados <strong>em</strong> consi<strong>de</strong>ração nas estratégias políticas regionais, estaduais e nacionaisvisando à <strong>conservação</strong> e o uso sustentável dos Recursos Naturais e o seuplanejamento e gestão <strong>de</strong>v<strong>em</strong> levar <strong>em</strong> consi<strong>de</strong>ração o <strong>de</strong>senvolvimentosustentável.Segundo Gray (2003), a geodiversida<strong>de</strong> possui diversos valores: Valoresintrínsecos; culturais (folclore, valores arqueológicos, históricos, e valor espiritual);estéticos (paisagens locais, inspirações artísticas, ativida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> lazer e geoturismo);econômicos (combustíveis minerais, minerais metálicos e preciosos, mineraisutilizados <strong>em</strong> construções e fósseis); funcionais (funções <strong>de</strong> utilida<strong>de</strong>, funções noecossist<strong>em</strong>a e geossist<strong>em</strong>a); e <strong>de</strong> pesquisa e educacionais (<strong>de</strong>scobertas científicas,história da Terra, monitoramento ambiental, educação e treinamento).Entretanto, apesar <strong>de</strong>sses valores, exist<strong>em</strong> também muitas ameaças ageodiversida<strong>de</strong>. Entre elas está o turismo, quando realizado s<strong>em</strong> planejamentoa<strong>de</strong>quado. O <strong>de</strong>safio está no fato <strong>de</strong> transformar uma ameaça <strong>em</strong> potencial <strong>em</strong> umaestratégia <strong>de</strong> <strong>conservação</strong>.Brilha (2005) sugere algumas estratégias para que a geo<strong>conservação</strong> sejaefetuada a<strong>de</strong>quadamente: Inventariação; Caracterização e quantificação;Classificação; Conservação; Valorização e divulgação; Monitorização. Assim, aindasegundo Brilha (id.) uma das implicações da geo<strong>conservação</strong> po<strong>de</strong> ser representadapor um triângulo, on<strong>de</strong> estariam o geoturismo, a ciência e educação e o<strong>de</strong>senvolvimento sustentável. Entretanto, a geo<strong>conservação</strong> <strong>de</strong>ve ser prioritária aogeoturismo, sendo que o geoturismo e a geoeducação <strong>de</strong>v<strong>em</strong> estar subordinados eprecedidos do conhecimento e mecanismos <strong>de</strong> controle efetivo do uso e<strong>conservação</strong> dos geoparques.Mas, <strong>de</strong> qualquer modo, o Patrimônio Geológico e a geo<strong>conservação</strong>necessitam ainda <strong>de</strong> mais pessoas (principalmente jovens) com i<strong>de</strong>ais, habilida<strong>de</strong>s,


80novas qualificações e qualida<strong>de</strong>s, pesquisadores e cidadãos, que através <strong>de</strong> seusconhecimentos po<strong>de</strong>rão contribuir para a melhoria da qualida<strong>de</strong> <strong>de</strong> vida e para acompreensão da Terra e da orig<strong>em</strong> do hom<strong>em</strong>. (DRANDAKI, 2000) É a difusão <strong>de</strong>conhecimentos sobre o Patrimônio Geológico que po<strong>de</strong> ser uma ferramenta para asua <strong>conservação</strong> e entretanto, os profissionais <strong>de</strong> Geologia durante muito t<strong>em</strong>poestiveram mais <strong>de</strong>dicados a pesquisa ou exploração dos recursos <strong>geológico</strong>s, aoinvés da divulgação, proteção e <strong>conservação</strong> do Patrimônio Geológico. Felizmente,foi observado que nos últimos cinco anos que este panorama começou a mudar.Publicações sobre o t<strong>em</strong>a geoturismo e geo<strong>conservação</strong> começaram a surgir pelomundo, o t<strong>em</strong>a entrou <strong>em</strong> <strong>de</strong>bate <strong>em</strong> diversos congressos, conferências e encontrosa nível mundial 51 e nacional 52 e cada vez mais iniciativas v<strong>em</strong> sendo tomadasvisando a geo<strong>conservação</strong>, a divulgação e a utilização <strong>de</strong> forma consciente <strong>de</strong>sse<strong>patrimônio</strong>.É necessário humanizar ainda mais a Geologia, utilizando para isso aspotentes ferramentas <strong>de</strong> comunicação que exist<strong>em</strong> atualmente, visando à a<strong>de</strong>quadatransmissão do conhecimento e dos valores patrimoniais (MONDEJAR e REMO,2004). Indo <strong>de</strong> encontro a esta pr<strong>em</strong>issa, os anos entre 2007-2009 foramconsi<strong>de</strong>rados como Ano Internacional da Terra, um triênio, sendo que o ano <strong>de</strong> 2008é o que terá uma ênfase maior <strong>em</strong> suas ativida<strong>de</strong>s, organizadas por mais <strong>de</strong> 40instituições cientificas internacionais, UNESCO, IUGS, entre outras. São diversos osobjetivos do triênio, e <strong>de</strong> uma forma <strong>em</strong> geral, mais pesquisas sobre as Ciências daTerra estão sendo estimuladas, com o intuito <strong>de</strong> aumentar o interesse pelo Planeta,e neste caso, o geoturismo se torna um aliado da geo<strong>conservação</strong>, pois auxilia nadivulgação e no reconhecimento ainda maior por parte do público, do potencial<strong>geológico</strong> e geomorfológico <strong>de</strong> diversos países.Nosso Patrimônio Geológico <strong>de</strong>ve ser conservado. É nossa m<strong>em</strong>ória daorig<strong>em</strong> e da história da Terra e da vida, sendo também parte <strong>de</strong> nossa cultura. Paratanto, <strong>em</strong> termos mundiais exist<strong>em</strong> os Geoparques e a Lista do Patrimônio Mundial e<strong>em</strong> termos nacionais exist<strong>em</strong> as Unida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> Conservação, tratadas as seguir.51 A Conferência Global <strong>de</strong> Geoturismo na Austrália <strong>em</strong> 2008, Conferências Mundiais sobreGeoparques, realizadas com o apoio da UNESCO, entre outros eventos.52 Simpósio <strong>de</strong> Geo<strong>conservação</strong> e Geoturismo no 43º Congresso Brasileiro <strong>de</strong> Geologia que ocorreu<strong>em</strong> 2006 <strong>em</strong> Aracaju-SE, Palestras sobre Geoparques nos Congressos <strong>de</strong> Geologia, Mini-cursosobre Geoturismo no Congresso Nacional <strong>de</strong> Ecoturismo, <strong>em</strong> 2007 <strong>em</strong> Itatiaia-RJ, entre outros.


813.1 ÁREAS PROTEGIDAS NO BRASIL E A PROTEÇÂO DO PATRIMÔNIOGEOLOGICOAtualmente a proteção real e formal foi conseguida <strong>em</strong> cerca <strong>de</strong> 5% dasuperfície terrestre do planeta, coberta por reservas, parques nacionais, paisagensprotegidas e outros tipos <strong>de</strong> Unida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> Conservação (UCs), criadas para protegero <strong>patrimônio</strong> natural <strong>de</strong> uma região. (JACOBS, 1997).Primeira UC no Brasil, o Parque Nacional <strong>de</strong> Itatiaia, que possui muito <strong>de</strong> suapaisag<strong>em</strong> ligada aos aspectos <strong>geológico</strong>s, foi criado <strong>em</strong> 1937 no estado do Rio <strong>de</strong>Janeiro, seguido <strong>em</strong> 1939 pelos Parques do Iguaçu e Sete Quedas no Paraná eSerra dos Órgãos no Rio <strong>de</strong> Janeiro, todos também com notáveis aspectos <strong>de</strong>natureza geológica e geomorfológica. A criação <strong>de</strong>stas <strong>unida<strong>de</strong>s</strong> foi fundamentadano conceito <strong>de</strong> parque, então predominante, para proteção <strong>de</strong> paisagens <strong>de</strong>excepcional beleza cênica, <strong>em</strong>pregado na maioria das áreas protegidas criadas noplaneta <strong>de</strong>s<strong>de</strong> o surgimento do Yellowstone National Park <strong>em</strong> 1872 nos EUA.No Brasil a preocupação com a <strong>conservação</strong> <strong>de</strong> sua megadiversida<strong>de</strong> foiincipiente até a meta<strong>de</strong> do século XX. Entretanto, nas últimas décadas foi maisefetivo o <strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong> políticas, ações e capacida<strong>de</strong> técnica para a<strong>conservação</strong> e, neste período, o país test<strong>em</strong>unhou um significativo aumento nonúmero <strong>de</strong> UCs e na superfície coberta por áreas protegidas (MITTERMEIR et al.2005). O que auxiliou nesse processo foi uma ampla revisão do Sist<strong>em</strong>a Nacional<strong>de</strong> áreas protegidas, que começou <strong>em</strong> 1988 e, após 12 anos <strong>de</strong> discussões,<strong>de</strong>liberações e refinamentos, foi aprovada pelo Congresso Nacional <strong>em</strong> 2000, a leique instituiu o Sist<strong>em</strong>a Nacional <strong>de</strong> Unida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> Conservação (SNUC). Essa Lei,segundo Barros et al. (2000, p. 522),... é uma das mais b<strong>em</strong> elaboradas dos últimos t<strong>em</strong>pos, sobretudo no queconcerne ao meio ambiente. Os avanços, talvez consi<strong>de</strong>rados ousadosd<strong>em</strong>ais, pod<strong>em</strong> com o t<strong>em</strong>po, mostrar que esta Lei, <strong>em</strong>bora chegando tar<strong>de</strong>,trará sinais <strong>de</strong> que o Brasil avança e que a proteção do nosso imenso<strong>patrimônio</strong> natural está, muito mais nas mãos do povo, do que dos Po<strong>de</strong>resinstituídos.


82Assim, o SNUC introduziu modificações importantes na política <strong>de</strong> criação egestão <strong>de</strong> UCs, no sentido <strong>de</strong> assegurar uma maior e efetiva participação dasocieda<strong>de</strong> nesses processos 53 . Deste modo, o estabelecimento <strong>de</strong> áreas protegidasno Brasil t<strong>em</strong> por objetivo a manutenção <strong>de</strong> condições naturais a<strong>de</strong>quadas para aproteção da diversida<strong>de</strong> <strong>de</strong> ecossist<strong>em</strong>as, incluindo a proteção da diversida<strong>de</strong>genética, biológica, espécies ameaçadas, proteção <strong>de</strong> paisagens <strong>de</strong> notável belezacênica, características relevantes geológicas, geomorfológica, espeleológica,arqueológica, paleontológica e cultural, além da proteção <strong>de</strong> recursos hídricos eedáficos. As UCs são também consi<strong>de</strong>radas como importantes instrumentos parapesquisa, educação ambiental e na geração <strong>de</strong> mo<strong>de</strong>los sustentáveis para o<strong>de</strong>senvolvimento econômico regional. Ou seja, a proteção da geodiversida<strong>de</strong> faz-sepresente entre os objetivos <strong>de</strong> criação das UCs, b<strong>em</strong> como a interpretaçãoambiental, através <strong>de</strong> ativida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> educação ambiental e o turismo, pelo fato <strong>de</strong>staativida<strong>de</strong> po<strong>de</strong>r propiciar o <strong>de</strong>senvolvimento econômico regional.Devido aos múltiplos objetivos do SNUC, exist<strong>em</strong> tipos distintos <strong>de</strong> UCs,<strong>de</strong>nominadas categorias <strong>de</strong> manejo, aten<strong>de</strong>ndo prioritariamente objetivosespecíficos. Assim, dois grupos com características específicas foram instituídosatravés do SNUC: as <strong>unida<strong>de</strong>s</strong> <strong>de</strong> Proteção Integral (uso indireto) e as <strong>de</strong> UsoSustentável (uso direto).As Unida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> Conservação <strong>de</strong> Proteção Integral são aquelas on<strong>de</strong> aexploração ou o aproveitamento dos recursos naturais são totalmente restringidos,admitindo-se apenas o aproveitamento indireto dos seus benefícios. O principalobjetivo <strong>de</strong>stas <strong>unida<strong>de</strong>s</strong> é a <strong>conservação</strong> da natureza, através da preservação dabiodiversida<strong>de</strong> com o mínimo <strong>de</strong> interferência antrópica. Entretanto, a preservaçãoda geodiversida<strong>de</strong> também <strong>de</strong>veria estar entre seus objetivos maiores. Sãocategorias <strong>de</strong> manejo neste grupo: Parque Nacional (PARNA), Reserva Biológica(REBIO), Estação Ecológica (EE), Monumento Natural (MN) e Refúgio da VidaSilvestre (RVS). Os atributos naturais <strong>de</strong>stas áreas <strong>de</strong>v<strong>em</strong> ser integralmenteprotegidos, com o mínimo indispensável <strong>de</strong> alterações, proporcionando espaço parao <strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong> ativida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> pesquisa, monitoramento, educação e53 Entre estas, duas inovações merec<strong>em</strong> <strong>de</strong>staque, a consulta pública para a criação <strong>de</strong> novas<strong>unida<strong>de</strong>s</strong>, e a necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> conselhos <strong>de</strong> gestão das <strong>unida<strong>de</strong>s</strong>, <strong>de</strong> caráter consultivo ou<strong>de</strong>liberativo, sendo compostos por representantes governamentais e da socieda<strong>de</strong>.


83interpretação ambiental e, no caso dos parques, recreação <strong>em</strong> contato com anatureza e turismo.Já as Unida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> Conservação <strong>de</strong> Uso Sustentável são aquelas na qual aexploração e o aproveitamento econômico direto são permitidos, mas <strong>de</strong> formaplanejada e regulamentada. O objetivo básico é compatibilizar a <strong>conservação</strong> com ouso sustentável <strong>de</strong> parte <strong>de</strong> seus recursos naturais. Inclu<strong>em</strong>-se neste grupo asseguintes categorias: Área <strong>de</strong> Proteção Ambiental (APA), Floresta Nacional (Flona),Reserva Extrativista (Resex), Área <strong>de</strong> Relevante Interesse Ecológico (ARIE),Reserva <strong>de</strong> Fauna (RF), Reserva <strong>de</strong> Desenvolvimento Sustentável (RDS) e asReservas Particulares do Patrimônio Natural (RPPN).Deste modo, esta pesquisa restringe-se a Unida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> Conservação <strong>de</strong>Proteção Integral (Parques Nacionais do Iguaçu e Fernando <strong>de</strong> Noronha e ParqueEstadual <strong>de</strong> Vila Velha), mas aborda também aspectos <strong>de</strong> uma Unida<strong>de</strong> <strong>de</strong>Conservação <strong>de</strong> Uso Sustentável, a APA <strong>de</strong> Fernando <strong>de</strong> Noronha, pelo fato <strong>de</strong>alguns monumentos <strong>geológico</strong>s do Arquipélago encontrar<strong>em</strong>-se nesta UC.3.1.2 Unida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> Conservação Fe<strong>de</strong>rais e os Parques NacionaisO Brasil, com a biodiversida<strong>de</strong> e geodiversida<strong>de</strong> que possui t<strong>em</strong> um gran<strong>de</strong>potencial para o <strong>de</strong>senvolvimento econômico e <strong>de</strong> melhoria <strong>de</strong> qualida<strong>de</strong> <strong>de</strong> vida doseu povo.De acordo com informações do Ministério do Meio Ambiente (2005), o Brasilpossui atualmente um extenso quadro <strong>de</strong> UCs 54 e apesar <strong>de</strong> 2,61% do territórionacional ser constituído <strong>de</strong> Unida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> Proteção Integral (<strong>de</strong> uso indireto) e 5,52%<strong>de</strong> Unida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> Uso Sustentável (<strong>de</strong> uso direto), gran<strong>de</strong>s esforços têm sido feitoscom a finalida<strong>de</strong> <strong>de</strong> ampliar as áreas protegidas.Os Parques (tanto Nacionais, quanto Estaduais ou Municipais), são áreassujeitas a um uso ou ocupação especial, normalmente protegendo ecossist<strong>em</strong>as54 De acordo com o IBAMA, as UCs fe<strong>de</strong>rais que são administradas pelo IBAMA e somamaproximadamente 45 milhões <strong>de</strong> hectares, totalizando 256 Unida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> Conservação <strong>de</strong> uso direto eindireto, sendo Áreas <strong>de</strong> Proteção Ambiental- APAs (29), Reservas Extrativistas – RESEX (34),Reservas Biológicas – REBIO (26), Estações Ecológicas – EE (30), Florestas Nacionais – FLONA(64), Áreas <strong>de</strong> Relevante Interesse Ecológico – ARIE (19), Parques Nacionais – PN (53) , Refúgio daVida Silvestre – RVS (01) e as RPPN´s, Reservas Particulares do Patrimônio Natural fiscalizadas peloIBAMA são atualmente 364.


84únicos e recursos ambientais <strong>de</strong> valor paisagístico. Destinam-se à preservaçãointegral <strong>de</strong> áreas naturais com características <strong>de</strong> gran<strong>de</strong> relevância sob os aspectosecológico, cênico, científico, cultural, educativo e recreativo, vedadas asmodificações ambientais e a interferência humana direta. Segundo a Lei do SNUC(2000), apresentam como objetivo básico a preservação <strong>de</strong> ecossist<strong>em</strong>as naturais<strong>de</strong> gran<strong>de</strong> relevância ecológica e beleza cênica, possibilitando a realização <strong>de</strong>pesquisas científicas e o <strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong> ativida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> educação einterpretação ambiental, <strong>de</strong> recreação <strong>em</strong> contato com a natureza e <strong>de</strong> turismo“ecológico”. Outro objetivo é proteger as características <strong>de</strong> natureza geológica,geomorfológica, espeleológica, arqueológica, paleontológica e cultural.Portanto, esta pesquisa foi realizada levando-se <strong>em</strong> consi<strong>de</strong>ração essesobjetivos, no sentido <strong>de</strong> seu cumprimento <strong>em</strong> alguns aspectos, como propondomeios interpretativos que favoreçam a educação e interpretação ambiental, arealização <strong>de</strong> ativida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> turismo (neste caso o geoturismo), todas visando aproteção e divulgação dos aspectos <strong>geológico</strong>s e geomorfológicos.E, no sentido <strong>de</strong> uma contextualização do panorama atual das UCs no Paranáe <strong>em</strong> Pernambuco, são apresentados os dados a seguir.3.1.2 Unida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> Conservação no ParanáExcetuando-se as Reservas Particulares do Patrimônio Natural (RPPNs), oParaná <strong>em</strong> 2006 contava com 75 Unida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> Conservação 55 . As UCs fe<strong>de</strong>rais noestado totalizam 10.027 km 2 , sendo nove <strong>de</strong> Proteção Integral 56 e cinco <strong>de</strong> usosustentável 57 . Destas UCs, as que apresentam notável potencial para o geoturismosão o Parque Nacional do Iguaçu e o Parque Nacional dos Campos Gerais. E <strong>em</strong>55 São 14 administradas pelo Governo Fe<strong>de</strong>ral, através do IBAMA e 61 pelo Estado, através doInstituto Ambiental do Paraná (IAP). Estas áreas somam, assim, 21.613 km 2 , sendo 4.481 km 2 <strong>de</strong>Proteção Integral e 17.132 km 2 <strong>de</strong> Uso Sustentável, <strong>em</strong>bora haja sobreposições <strong>de</strong>stes números pelasobreposição <strong>de</strong> superfícies, principalmente entre as APAs e outras UCs <strong>de</strong> Proteção Integral (IAP2005; MMA 2006).56 Os Parques Nacionais do Iguaçu, Ilha Gran<strong>de</strong>, Superagui, Saint-Hilaire/Lange, a Estação Ecológica<strong>de</strong> Guaraqueçaba, e as recém criadas (2006) Reservas Biológicas das Araucárias e das Perobas, oParque Nacional dos Campos Gerais, e o Refúgio <strong>de</strong> Vida Silvestre dos Campos <strong>de</strong> Palmas.57 As Áreas <strong>de</strong> Proteção Ambiental das Ilhas e Várzeas do Rio Paraná, <strong>de</strong> Guaraqueçaba, e asFlorestas Nacionais <strong>de</strong> Irati, Piraí do Sul e Açungui.


85âmbito estadual o IAP administra atualmente 11.860 km 2 <strong>de</strong> UCs 58 . Númeroselevados, no entanto, não são suficientes, e o Sist<strong>em</strong>a Estadual <strong>de</strong> ÁreasProtegidas, da mesma maneira que no âmbito fe<strong>de</strong>ral (RYLANDS E BRANDON,2005), está muito aquém do <strong>de</strong>sejável para a efetiva <strong>conservação</strong> da natureza.Embora muitas <strong>unida<strong>de</strong>s</strong> tenham sido criadas os <strong>de</strong>safios persist<strong>em</strong>, não somente<strong>em</strong> relação à administração e ao manejo das UCs, mas principalmente <strong>em</strong> relação àefetivida<strong>de</strong> <strong>de</strong>stas UCs. No Paraná as Unida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> Conservação <strong>de</strong> ProteçãoIntegral pod<strong>em</strong> ser consi<strong>de</strong>radas muito pequenas para garantir a persistência <strong>de</strong>espécies e com<strong>unida<strong>de</strong>s</strong> biológicas no longo prazo; as <strong>de</strong> uso sustentável, queseriam compl<strong>em</strong>entares às <strong>de</strong> Proteção Integral, exist<strong>em</strong> apenas como “UCs <strong>de</strong>papel”, <strong>em</strong>bora haja exceções. (MOREIRA e ROCHA, 2007)Kruguer (1998) afirma que o Governo do Paraná v<strong>em</strong> <strong>de</strong>dicando atençãoespecial ás suas UCs, implantando nelas infra-estruturas <strong>de</strong>stinadas a incentivar edisciplinar o uso público. E também (p. 13)Finalmente, o governo do Estado está re<strong>de</strong>finindo a política responsável peloatual sist<strong>em</strong>a, <strong>de</strong> <strong>unida<strong>de</strong>s</strong> dispersas e pouco representativas dosecossist<strong>em</strong>as paranaenses. Com base no Programa Re<strong>de</strong> <strong>de</strong> Biodiversida<strong>de</strong>,as ações passam a ser direcionadas para a criação <strong>de</strong> novas <strong>unida<strong>de</strong>s</strong> <strong>de</strong><strong>conservação</strong> <strong>em</strong> áreas prioritárias á proteção da diversida<strong>de</strong> biológica.Mas, apesar <strong>de</strong> todo o potencial <strong>geológico</strong> e geomorfológico das Ucsestaduais, a geodiversida<strong>de</strong> n<strong>em</strong> mesmo é tratada pelo governo como um fatorprioritário para a criação <strong>de</strong> novas Unida<strong>de</strong>s e sim somente a biodiversida<strong>de</strong>. Nestecaso, o geoturismo surge como uma forma <strong>de</strong> divulgação <strong>de</strong>sse <strong>patrimônio</strong> e dageodiversida<strong>de</strong> encontrada no Estado, tão importante quanto à biodiversida<strong>de</strong>.O Paraná possui atualmente 28 Parques Estaduais, que se <strong>de</strong>stinam àpreservação integral <strong>de</strong> áreas naturais com características <strong>de</strong> gran<strong>de</strong> relevância.Uma gran<strong>de</strong> parcela <strong>de</strong>sses Parques está localizada no litoral e no primeiro planaltoparanaense. Entre eles está o Parque Estadual da Ilha do Mel (local que também58 Deste total, são <strong>de</strong> Proteção Integral 695 km 2 (6% do total) e os 11.165 km 2 (94%) restantes sãoUnida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> Uso Sustentável, principalmente as APAs (Áreas <strong>de</strong> Proteção Ambiental) da EscarpaDevoniana, Serra da Esperança, Guaraqueçaba e Guaratuba, e a AEIT (Área Especial <strong>de</strong> InteresseTurístico) do Marumbi.


86abriga painéis interpretativos do Projeto da Mineropar), e o Parque Estadual <strong>de</strong>Campinhos (grutas). Na região próxima ao Parque Nacional do Iguaçu não háUnida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> Conservação administradas pelo IAP, sendo a mais próxima o ParqueEstadual do Rio Guarani, <strong>em</strong> Três Barras do Paraná. Na região dos Campos Gerais,o Parque Estadual <strong>de</strong> Vila Velha é a UC mais visitada.Outros Parques da região dos Campos Gerais, e que possu<strong>em</strong> atrativosligados à geologia e geomorfologia são:- Parque Estadual do Guartelá:possui superfícies escarpadas que formam aspare<strong>de</strong>s do Cânion do Guartelá. Seus afloramentos rochosos são constituídos porarenitos da Formação Furnas. Localiza-se <strong>em</strong> Tibagi.- Parque Estadual do Monge: Agrega <strong>em</strong> um único espaço diversosambientes (florestas com diferentes níveis <strong>de</strong> alteração, afloramentos rochosos,reflorestamentos), interesses (religioso, ambiental e sócio-cultural) e usuários(romeiros, turistas e esportistas). A Gruta do Monge é o seu principal atrativo.- Parque Estadual do Cerrado: Conserva representantes da flora e da fauna<strong>de</strong> um dos ecossist<strong>em</strong>as mais ricos do país, o cerrado, e apresenta <strong>de</strong>nsa florestaciliar, cachoeiras e afloramentos <strong>de</strong> arenitos.- Parque Nacional dos Campos Gerais: A criação <strong>de</strong>sta UC foi motivo <strong>de</strong> amplo<strong>de</strong>bate, conflitos e disputas judiciais durante 2005, finalmente sendo <strong>de</strong>cretada <strong>em</strong>março <strong>de</strong> 2006 59 . Este parque abrange áreas nos municípios <strong>de</strong> Ponta Grossa(65%), Castro (27%) e Carambeí (8%) e combina áreas florestais com os últimosr<strong>em</strong>anescentes <strong>de</strong> campos e afloramentos <strong>de</strong> rochas ao longo da Escarpa“Devoniana”. Nele são encontradas formações geomorfológicas singulares como oBuraco do Padre, as Furnas Gêmeas, a “Dolina Gran<strong>de</strong>”, o canyon do rio São Jorgee a Cachoeira da Mariquinha, com elevado potencial para o turismo <strong>em</strong> áreasnaturais.59 Em março <strong>de</strong> 2003, foi criado pelo Ministério do Meio Ambiente o Grupo <strong>de</strong> Trabalho Araucária Sul,com o objetivo <strong>de</strong> discutir a <strong>conservação</strong> dos últimos r<strong>em</strong>anescentes da Floresta com Araucárias e acriação <strong>de</strong> corredores ecológicos. Para cont<strong>em</strong>plar estes objetivos <strong>em</strong> 2005 foi proposta a criação <strong>de</strong>novas Unida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> Conservação Fe<strong>de</strong>rais no Paraná, sendo o Parque Nacional dos Campos Geraisuma <strong>de</strong>las.


87Esta UC, por ser um Parque Nacional, t<strong>em</strong> a probabilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> alavancar aindamais o turismo na região, que <strong>em</strong> conjunto com o Parque Estadual <strong>de</strong> Vila Velha(PEVV) e os outros parques estaduais da região pod<strong>em</strong> integrar um roteirogeoturístico. Entretanto, concorda-se com Melo et al (2007) que afirma que autilização do <strong>patrimônio</strong> natural no caso dos Campos Gerais não é organizada,atualmente é pouco estudado, não há documentação a<strong>de</strong>quada, os visitantesdispõ<strong>em</strong> <strong>de</strong> orientação insuficiente e não existe planejamento n<strong>em</strong> avaliação doimpacto da maioria das ativida<strong>de</strong>s <strong>de</strong>senvolvidas. A gestão <strong>de</strong>sse <strong>patrimônio</strong> aindaestá baseada <strong>em</strong> esforços isolados e há a necessida<strong>de</strong> do a<strong>de</strong>quado conhecimentodas singularida<strong>de</strong>s e planos <strong>de</strong> manejo <strong>de</strong>ntro <strong>de</strong> uma concepção <strong>de</strong> gestãosustentável.Desta forma, para reverter parte das afirmativas citadas anteriormente, umainiciativa que já se iniciou é a proposta para a criação <strong>de</strong> um Geoparque(provisoriamente chamado <strong>de</strong> Geoparque dos Campos Gerais) que abranja diversosgeosítios com interesse cientifico e turístico da região. A UEPG está à frente <strong>de</strong>staproposta, tendo como parceiros a Mineropar e a Associação dos Municípios dosCampos Gerais.Concluindo, tanto na região dos Campos Gerais (abrangendo o PEVV), comono Parque Nacional do Iguaçu, foi verificado que há potencial para a realização dogeoturismo (e futuramente para a criação <strong>de</strong> Geoparques) <strong>de</strong>vido a suageodiversida<strong>de</strong>, aspectos singulares da paisag<strong>em</strong>, infra-estrutura e o fluxo turísticoque já v<strong>em</strong> ocorrendo ao longo <strong>de</strong> muitos anos.3.1.3 Unida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> Conservação <strong>de</strong> PernambucoO Estado <strong>de</strong> Pernambuco abriga diversas UCs a nível municipal, estadual efe<strong>de</strong>ral, entretanto, poucas <strong>de</strong>ssas UCs possu<strong>em</strong> o uso turístico. São ReservasBiológicas (02), Áreas <strong>de</strong> Proteção Ambiental (16), Estações Ecológicas (01),Reservas Particulares do Patrimônio Natural (09), Reservas Ecológicas (23),Reserva da Biosfera da Mata Atlântica (01), somente um Parque Estadual e osParques Nacionais Marinho <strong>de</strong> Fernando <strong>de</strong> Noronha e do Catimbau, na RegiãoAgreste.


88O órgão responsável pela administração e gestão ambiental das Unida<strong>de</strong>s <strong>de</strong>Conservação estaduais e públicas é a Agência Estadual <strong>de</strong> Meio Ambiente eRecursos Hídricos – CPRH e o Ibama- ICMBIo pela gestão das UCs fe<strong>de</strong>rais.Pelo fato do Parque Nacional Marinho <strong>de</strong> Fernando <strong>de</strong> Noronha e a Área <strong>de</strong>Preservação Ambiental <strong>de</strong> Fernando <strong>de</strong> Noronha encontrar<strong>em</strong>-se <strong>em</strong> ambienteinsular, não há a possibilida<strong>de</strong> da realização <strong>de</strong> roteiros geoturisticos integrandooutras UCs, como o que po<strong>de</strong> ser feito nos Campos Gerais. Mas <strong>de</strong> qualquer forma,o Parque juntamente com a APA apresentam potencial para tornar<strong>em</strong>-se umGeoparque e para a realização do geoturismo.3.1.4 Planos <strong>de</strong> manejo e o Uso PúblicoO Plano <strong>de</strong> Manejo é uma ferramenta imprescindível <strong>em</strong> UCs, sendo quetodas <strong>de</strong>v<strong>em</strong> possuí-lo. Trata-se <strong>de</strong> um documento técnico fundamentado nosobjetivos gerais da UC, que estabelece o seu zoneamento e as normas que <strong>de</strong>v<strong>em</strong>presidir o uso da área e o manejo dos recursos naturais, inclusive a implantação dasestruturas físicas necessárias à gestão da unida<strong>de</strong>. Os Planos <strong>de</strong>v<strong>em</strong> abranger aárea da UC, sua zona <strong>de</strong> amortecimento e os corredores ecológicos, incluindomedidas com o fim <strong>de</strong> promover sua integração à vida econômica e social dascom<strong>unida<strong>de</strong>s</strong> vizinhas. Portanto, uma <strong>de</strong>ssas medidas que pod<strong>em</strong> vir a ser utilizadasé o turismo <strong>em</strong> áreas naturais e neste caso especificamente o geoturismo.Segundo um mo<strong>de</strong>lo oficial proposto pelo IBAMA (1999), um Plano écomposto por diversos Programas (Programa <strong>de</strong> Conhecimento, Programa <strong>de</strong> UsoPúblico, Programa <strong>de</strong> Integração com a Área <strong>de</strong> Influência, Programa <strong>de</strong> Manejo doMeio Ambiente e o Programa <strong>de</strong> Operacionalização). Neste trabalho, o Programaabordado no capítulo correspon<strong>de</strong>nte a Interpretação Ambiental é o Programa <strong>de</strong>Uso Público, voltado para o <strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong> ativida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> educação einterpretação ambiental, recreação e lazer do visitante, ou seja, seu uso pelo público<strong>de</strong> uma forma <strong>em</strong> geral.No caso das áreas <strong>de</strong> uso público <strong>de</strong> uma UC, a mesma se caracteriza porser o local que o visitante t<strong>em</strong> acesso. O primeiro contato muitas vezes é através do


89Centro <strong>de</strong> visitantes, on<strong>de</strong> pod<strong>em</strong> ser encontrados meios interpretativos comopalestras, áudio-visuais, exposições, materiais informativos, entre outros.Assim, <strong>em</strong> relação à visitação <strong>em</strong> Unida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> Conservação, o MMA (2006)recomenda que a mesma <strong>de</strong>ve ser cuidadosamente planejada para que possacumprir os objetivos <strong>de</strong> sua criação, al<strong>em</strong> <strong>de</strong> funcionar como uma ferramenta <strong>de</strong>sensibilização da socieda<strong>de</strong> sobre a importância da <strong>conservação</strong> da biodiversida<strong>de</strong>e como um vetor <strong>de</strong> <strong>de</strong>senvolvimento local e regional. Entretanto, mais uma vezobserva-se que os aspectos ligados a geodiversida<strong>de</strong> e sua <strong>conservação</strong> não sãon<strong>em</strong> mesmo citados pelo Ministério.O mesmo acontece no “Plano <strong>de</strong> Ação para o Ecoturismo <strong>em</strong> Unida<strong>de</strong>s <strong>de</strong>Conservação”, (MMA / IBAMA, 2001) que afirma que as UCs foram criadas comoestratégia <strong>de</strong> <strong>conservação</strong> da biodiversida<strong>de</strong>, on<strong>de</strong> os parques nacionais e outrasUCs constitu<strong>em</strong> atualmente uma das melhores oport<strong>unida<strong>de</strong>s</strong> <strong>de</strong> <strong>de</strong>senvolvimento.Quando comparados às ativida<strong>de</strong>s clássicas <strong>de</strong> <strong>de</strong>senvolvimento (mineração,agricultura, manufatura <strong>de</strong> matéria-prima, estradas, hidrelétricas, etc.), o ecoturismoe outros serviços provenientes do uso público nas UC apresentam baixíssimoimpacto ambiental negativo sobre os recursos. De qualquer maneira, a visitação <strong>em</strong>um parque nacional é entendida aqui como o conjunto <strong>de</strong> ativida<strong>de</strong>s educativas,recreativas e <strong>de</strong> interpretação ambiental, realizadas <strong>em</strong> contato com a natureza, <strong>de</strong>acordo com o especificado nos planos <strong>de</strong> manejo, on<strong>de</strong> o principal objetivo épropiciar ao visitante a oportunida<strong>de</strong> <strong>de</strong> conhecer, <strong>de</strong> forma lúdica, os atributos evalores ambientais protegidos por uma UC.De um modo geral, or<strong>de</strong>nar a visitação <strong>em</strong> áreas protegidas é um gran<strong>de</strong><strong>de</strong>safio. Reforçando essa afirmativa, a OMT (1995) diz inclusive que no caso doturismo realizado <strong>em</strong> Unida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> Conservação os benefícios pod<strong>em</strong> serconsi<strong>de</strong>ráveis, mas os efeitos negativos <strong>de</strong>v<strong>em</strong> ser minimizados através doplanejamento cuidadoso e <strong>de</strong> uma gestão eficaz. (OMT, 1995)As mudanças são necessárias e fundamental é a elaboração <strong>de</strong> programas eprojetos integrados <strong>de</strong> manejo <strong>de</strong> áreas protegidas e <strong>de</strong> seu entorno, tendo porescopo benefícios sociais, culturais e econômicos às com<strong>unida<strong>de</strong>s</strong> on<strong>de</strong> estãoinseridas as UCs, para um efetivo suporte à <strong>conservação</strong> e a seus objetivos. Assim,


90<strong>em</strong> relação ao turismo, o <strong>de</strong>safio consiste <strong>em</strong> fazer com que o mesmo seja realizado<strong>de</strong> maneira integrada e harmônica, para que não seja prejudicial à diversida<strong>de</strong> e à<strong>conservação</strong>.As UCs, portanto, para a viabilida<strong>de</strong> dos objetivos que motivaram a sua criaçaorequer<strong>em</strong> um entendimento mais amplo <strong>de</strong>ntro das estratégias conservacionistas epolíticas <strong>de</strong> <strong>de</strong>senvolvimento socio-econômico. As rápidas transformações dost<strong>em</strong>pos atuais apresentam riscos e oport<strong>unida<strong>de</strong>s</strong> para mudanças na forma <strong>de</strong>encarar as áreas protegidas, e estas <strong>de</strong>v<strong>em</strong> estar integradas a estratégias <strong>de</strong><strong>de</strong>senvolvimento com bases holísticas, para o manejo sustentável dos recursos.(MOREIRA E ROCHA, 2007)Desta forma, no que diz respeito às UCs, concordamos com o Ministério doMeio Ambiente (2005), pois o meio ambiente não po<strong>de</strong> ser visto como uma restriçãoao <strong>de</strong>senvolvimento, mas como um mosaico <strong>de</strong> oport<strong>unida<strong>de</strong>s</strong> <strong>de</strong> negóciossustentáveis visando harmonizar o crescimento econômico, a geração <strong>de</strong> <strong>em</strong>prego erenda e a proteção <strong>de</strong> recursos naturais. Desta forma, as UCs <strong>de</strong>v<strong>em</strong> ser pensadas<strong>em</strong> conformida<strong>de</strong> com dois objetivos principais, o <strong>de</strong> proteger as áreas naturais comforte significado e representativida<strong>de</strong> e o <strong>de</strong> encorajar a compreensão, apreciação eo prazer na cont<strong>em</strong>plação.Para tanto, baseando-se na afirmativa anterior verifica-se que apesar doEstado do Paraná possuir uma política ambiental voltada para a <strong>conservação</strong> dabiodiversida<strong>de</strong> com a participação dos cidadãos, <strong>em</strong> relação a geodiversida<strong>de</strong> e oencorajamento na compreensão dos aspectos <strong>geológico</strong>s das UCs somente aMineropar v<strong>em</strong> realizando ações, como a implantação dos painéis interpretativosrelacionados a geologia e geomorfologia. No Estado <strong>de</strong> Pernambuco, restringindo-seao Parque Nacional Marinho <strong>de</strong> Fernando <strong>de</strong> Noronha, as ações ainda sãoincipientes, mas já foram iniciadas durante a realização <strong>de</strong>sta pesquisa, (como é ocaso do Curso <strong>de</strong> Condutor <strong>de</strong> Geoturismo).De qualquer maneira, <strong>em</strong> âmbito nacional as Unida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> Conservação sãovistas como o gran<strong>de</strong> potencial que o país possui para fortalecer o turismo.Entretanto, apesar <strong>de</strong> muitas UCs ter<strong>em</strong> sido criadas principalmente <strong>de</strong>vido à sua


91paisag<strong>em</strong> dominada por aspectos ligados a geologia e geomorfologia, o Ministérionão encara ainda a geodiversida<strong>de</strong> como um atrativo turístico (MMA, 2006, p.09)O Brasil apresenta um vasto conjunto <strong>de</strong> áreas naturais protegidas comgran<strong>de</strong> potencial para fortalecer o turismo no país, muitas <strong>de</strong>stas protegidas<strong>em</strong> Unida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> Conservação – UC. A riqueza dos biomas brasileiros e adiversida<strong>de</strong> cultural do país são atrativos singulares para a oferta <strong>de</strong> produtosturísticos diversificados e <strong>de</strong> qualida<strong>de</strong>.Portanto, faz-se urgente a mudança da mentalida<strong>de</strong> do Ministério, que <strong>de</strong>veencarar também a geodiversida<strong>de</strong> como um atrativo a mais para a diversificação equalida<strong>de</strong> dos produtos turísticos oferecidos, pois a ativida<strong>de</strong> turística, ao mesmot<strong>em</strong>po <strong>em</strong> que fortalece a apropriação das UCs pela socieda<strong>de</strong>, incr<strong>em</strong>enta aeconomia e auxilia na geração <strong>de</strong> <strong>em</strong>pregos e renda para as com<strong>unida<strong>de</strong>s</strong> locais.3.2 A UNESCO E A CONSERVAÇÃO DO PATRIMÔNIO: LISTA DOPATRIMÔNIO MUNDIAL E A REDE MUNDIAL DE GEOPARQUESEm âmbito internacional são quatro os programas <strong>de</strong> <strong>conservação</strong> danatureza que cont<strong>em</strong>plam e propiciam a <strong>conservação</strong> do <strong>patrimônio</strong> <strong>geológico</strong>: oConvênio para a Proteção do Patrimônio Mundial Cultural e Natural 60 , as Reservasda Biosfera (<strong>de</strong>ntro do Programa Hom<strong>em</strong> e Biosfera da UNESCO), o ConvênioRamsar e o Tratado Antártico. Aqui nos restringir<strong>em</strong>os ao Patrimônio MundialNatural (pelo fato do PNMFN e PNI estar<strong>em</strong> <strong>em</strong> sua lista) e ao ProgramaGeoparques <strong>de</strong>vido à proposta da sua criação nas três UCs pesquisadas.Segundo a CPRM (2006)60 O Convênio foi criado <strong>em</strong> 1972 e aprovado na Convenção do Patrimônio Mundial, no sentido <strong>de</strong>incentivar a preservação dos bens culturais e naturais consi<strong>de</strong>rados significativos para a humanida<strong>de</strong>.Os países signatários <strong>de</strong>ssa Convenção pod<strong>em</strong> indicar bens a ser<strong>em</strong> inscritos na Lista do PatrimônioMundial, e a proteção e <strong>conservação</strong> dos bens <strong>de</strong>clarados é compromisso do país on<strong>de</strong> se localizam.Pod<strong>em</strong> ser <strong>de</strong> duas categorias, cultural e natural. Os culturais englobam monumentos, grupos <strong>de</strong>edifícios e sítios que tenham valor histórico, estético, arqueológico, científico, etnológico ouantropológico e os naturais englobam as formações físicas, biológicas ou geológicas consi<strong>de</strong>radasexcepcionais, habitats animais e vegetais ameaçados, e áreas que tenham valor científico, <strong>de</strong><strong>conservação</strong> ou estético.


92Há alguns anos e, particularmente, <strong>de</strong>s<strong>de</strong> a Conferência das Nações Unidaspara o Meio Ambiente e o Desenvolvimento, realizada no Rio <strong>de</strong> Janeiro, <strong>em</strong>1992, on<strong>de</strong> a Agenda 21, a Agenda da Ciência para Meio Ambiente eDesenvolvimento para o Século 21 foi adotada, a proteção e o manejo domeio ambiente t<strong>em</strong> sido amplamente reconhecidos como <strong>de</strong> alta priorida<strong>de</strong>. AUNESCO contribui para essa priorida<strong>de</strong> promovendo a proteção e<strong>de</strong>senvolvimento sustentável do <strong>patrimônio</strong> <strong>geológico</strong> geralmente através <strong>de</strong>duas estruturas <strong>de</strong> programas in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ntes, (i) a Convenção do PatrimônioMundial e (ii) a cooperação bilateral <strong>em</strong> questões <strong>de</strong> <strong>patrimônio</strong> <strong>geológico</strong>através <strong>de</strong> sua Divisão <strong>de</strong> Ciências da Terra.O Brasil é um dos 145 países do mundo que possu<strong>em</strong> Patrimônio Mundialreconhecido pela UNESCO. De acordo com Telles (2002) a UNESCO enfatiza que acompetência e responsabilida<strong>de</strong> na preservação dos bens cab<strong>em</strong> ao país on<strong>de</strong> sesituam, mas o apoio financeiro, técnico, científico e cultural diz respeito ao concertodas nações, quando houver impossibilida<strong>de</strong> ou <strong>de</strong>ficiências no país para arealização <strong>de</strong> inventários, projetos e obras. Desta forma, a UNESCO participaapoiando as ações <strong>de</strong> proteção, divulgação e pesquisa com recursos técnicos efinanceiros do Fundo do Patrimônio Mundial.Para ingressar na lista <strong>de</strong> Patrimônio da Humanida<strong>de</strong>, um b<strong>em</strong> natural oucultural <strong>de</strong>ve aten<strong>de</strong>r a alguns critérios. Estes critérios são regularmente revistospelo Comitê do Patrimônio Mundial, <strong>de</strong> forma a refletir<strong>em</strong> a evolução do próprioconceito <strong>de</strong> Patrimônio Mundial. Até ao final <strong>de</strong> 2004, os bens eram selecionadoscom base <strong>em</strong> seis critérios culturais e quatro critérios naturais, atualmente existeuma única série <strong>de</strong> <strong>de</strong>z critérios, e a inclusão <strong>de</strong> um sítio na lista do PatrimônioMundial, <strong>de</strong>ve aten<strong>de</strong>r a pelo menos um <strong>de</strong>sses critérios 61 62 (UNESCO, 2006;61 (i) [Cultural i] Representar uma obra-prima do gênio criador humano; (ii) [Cultural ii] Test<strong>em</strong>unharuma troca <strong>de</strong> influências consi<strong>de</strong>rável durante um dado período ou numa área cultural <strong>de</strong>terminada,sobre o <strong>de</strong>senvolvimento da arquitetura, ou da tecnologia das artes monumentais, da planificação dascida<strong>de</strong>s ou da criação <strong>de</strong> paisagens. (iii) [Cultural iii] Fornecer um test<strong>em</strong>unho único ou excepcionalsobre uma tradição cultural ou uma civilização viva ou <strong>de</strong>saparecida. - (iv) [Cultural iv] Oferecer umex<strong>em</strong>plo excepcional <strong>de</strong> um tipo <strong>de</strong> construção ou <strong>de</strong> conjunto arquitetônico ou tecnológico ou <strong>de</strong>paisag<strong>em</strong> ilustrando um ou vários períodos significativos da história humana. - (v) [Cultural v]Constituir um ex<strong>em</strong>plo excepcional <strong>de</strong> fixação humana ou <strong>de</strong> ocupação do território tradicionaisrepresentativos <strong>de</strong> uma cultura, sobretudo quando o mesmo se torna vulnerável sob o efeito d<strong>em</strong>utações irreversíveis. - (vi) [Cultural vi] Estar direta ou materialmente associado a acontecimentosou a tradições vivas, a idéias, a crenças, ou a obras artísticas e literárias com um significado universalexcepcional. - (vii) [Natural i] Ser<strong>em</strong> ex<strong>em</strong>plos excepcionais representativos dos gran<strong>de</strong>s estágios dahistória da terra, incluindo o test<strong>em</strong>unho da vida, <strong>de</strong> processos <strong>geológico</strong>s <strong>em</strong> curso no<strong>de</strong>senvolvimento das formas terrestres ou <strong>de</strong> el<strong>em</strong>entos geomórficos ou fisiográficos <strong>de</strong> gran<strong>de</strong>significado. -(viii) [Natural ii] Ser<strong>em</strong> ex<strong>em</strong>plos excepcionais representativos <strong>de</strong> processos ecológicos e


93UNESCO, 2007). Com base nesses critérios, um sítio <strong>geológico</strong> ou geomorfológicopara integrar-se a lista do Patrimônio Mundial <strong>de</strong>ve aten<strong>de</strong>r ao critério VII, ou seja,“ser um ex<strong>em</strong>plo excepcional representativo <strong>de</strong> diferentes estágios da história daTerra, incluindo o registro da vida e dos processos <strong>geológico</strong>s no <strong>de</strong>senvolvimentodas formas terrestres ou <strong>de</strong> el<strong>em</strong>entos geomórficos ou fisiográficos importantes”.Dingwall et al (2005) analisaram mais profundamente estes critérios,relacionando os seguintes aspectos:1- História da Terra: Fenômenos que representam eventos importantes queregistraram o passado do planeta, como: dinâmicas da crosta, tectonismo,gênese e <strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong> montanhas, vulcões, movimentos <strong>de</strong> placas,movimentos continentais e <strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong> vales, registro <strong>de</strong> impactos<strong>de</strong> meteoritos e registros <strong>de</strong> glaciações do passado <strong>geológico</strong>.2- Registro da vida: Aspectos paleontológicos.3- Processos <strong>geológico</strong>s no <strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong> formas terrestres:Processos ativos que v<strong>em</strong> mo<strong>de</strong>lando a paisag<strong>em</strong> ou que já mo<strong>de</strong>laram asuperfície da Terra. Ex<strong>em</strong>plos: <strong>de</strong>sertos, glaciação, vulcanismo,movimentos <strong>de</strong> massa terrestres e submarinos, rios e processos <strong>de</strong>ltaicos,processos da costa e marinhos.4- El<strong>em</strong>entos geomórficos ou fisiográficos importantes: Representa osprodutos ativos ou passados das paisagens. Possu<strong>em</strong> valor cientifico eestético. São ex<strong>em</strong>plos: paisagens <strong>de</strong> <strong>de</strong>serto, glaciares e calotas polares,vulcões e sist<strong>em</strong>as vulcânicos (mesmo extintos), montanhas, paisagensfluviais e vales <strong>de</strong> rio, aspectos da costa, recifes, atóis e ilhas oceânicas,paisagens glaciais e periglaciais, incluindo paisagens relictas, cavernas epaisagens cársticas.biológicos <strong>em</strong> curso na evolução e no <strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong> ecossist<strong>em</strong>as e <strong>de</strong> com<strong>unida<strong>de</strong>s</strong> <strong>de</strong>plantas e <strong>de</strong> animais terrestres, aquáticos, costeiros e marinhos.- (ix) [Natural iii] Representar<strong>em</strong> fenômenos naturais ou áreas <strong>de</strong> beleza natural e <strong>de</strong> importânciaestética excepcional. - (x) [Natural iv] Conter os habitats naturais mais representativos e maisimportantes para a <strong>conservação</strong> in situ da diversida<strong>de</strong> biológica, incluindo aqueles on<strong>de</strong> sobreviv<strong>em</strong>espécies ameaçadas que tenham um valor universal excepcional do ponto <strong>de</strong> vista da ciência ou da<strong>conservação</strong>.


94Em 2008 a Lista do Patrimônio Mundial conta com 878 locais inscritos 63 , mas,<strong>de</strong>sse total, somente 8,5 % dos sítios possu<strong>em</strong> interesse <strong>geológico</strong> como primário(a<strong>de</strong>quando-se ao critério VII), sendo que muitos dos sítios naturais e mistospossu<strong>em</strong> um significativo interesse <strong>geológico</strong>.No Brasil, os sítios do Patrimônio Mundial 64 são áreas fundamentaisrepresentando a diversida<strong>de</strong> cultural e natural brasileira e mundial, além <strong>de</strong> ser<strong>em</strong>instrumento <strong>de</strong> promoção e b<strong>em</strong>-estar social, cidadania e incr<strong>em</strong>ento do turismo. Ainclusão do Parque Nacional do Iguaçu <strong>de</strong>u-se com base nos critérios IX e X e oParque Nacional Marinho <strong>de</strong> Fernando <strong>de</strong> Noronha nos critérios VIII, IX e X, ou seja,apesar <strong>de</strong> possuír<strong>em</strong> aspectos <strong>geológico</strong>s singulares e relevantes, não ingressaramna Lista por a<strong>de</strong>quar<strong>em</strong>-se ao critério voltado aos aspectos <strong>geológico</strong>s. Não sóessas, mas nenhuma das UCs brasileiras integrantes da lista do Patrimônio Mundialforam reconhecidas por aten<strong>de</strong>r o Critério VII, e sim pelos outros critérios.Já o PEVV não integra a lista <strong>de</strong> Patrimônio da Humanida<strong>de</strong>, principalmentepelo fato <strong>de</strong> que não t<strong>em</strong> o reconhecimento por parte do Governo Fe<strong>de</strong>ral, ou seja,não é uma UC fe<strong>de</strong>ral, requisito obrigatório para a candidatura. Entretanto, possuiaspectos que corroboram para o seu reconhecimento como um sítio <strong>geológico</strong> egeomorfológico <strong>de</strong>ntro da lista <strong>de</strong> Patrimônio da Humanida<strong>de</strong>. É o caso dosregistros <strong>geológico</strong>s das antigas glaciações que pod<strong>em</strong> ser observados na UC, osregistros paleontológicos que pod<strong>em</strong> ser observados na Formação Ponta Grossa e abeleza cênica <strong>em</strong>oldurada pelas formações rochosas. Mas, apesar <strong>de</strong> não serintegrante da Lista <strong>de</strong> Patrimônio, o Parque possui o reconhecimento por parte doGoverno Estadual. Segundo dados do GTITAN – Paraná (2001, p.4), “o Estado doParaná localiza-se na região sul do Brasil on<strong>de</strong> a natureza se encarregou d<strong>em</strong>o<strong>de</strong>lar duas obras consi<strong>de</strong>radas Patrimônio da Humanida<strong>de</strong>: as Cataratas doIguaçu e Vila Velha”. Entretanto apesar <strong>de</strong> atualmente não ser reconhecido comoPatrimônio da Humanida<strong>de</strong> <strong>em</strong> conjunto com outras UCs da região, como o Parque63 Desse total, 679 são <strong>de</strong> interesse cultural, 174 <strong>de</strong> interesse natural e 25 <strong>de</strong> interesse misto (Acesso<strong>em</strong> outubro <strong>de</strong> 2008).64 Parque Nacional do Jaú (AM), Parque Nacional da Serra da Capivara (PI), Parque NacionalMarinho <strong>de</strong> Fernando <strong>de</strong> Noronha e Reserva Biológica do Atol das Rocas (PE/RN) Parque Nacionalda Chapada dos Vea<strong>de</strong>iros (GO), Parque Nacional das Emas (GO), Parque Nacional do Iguaçu (PR),Complexo <strong>de</strong> Conservação do Pantanal (8 UCs, MT), Reservas <strong>de</strong> Mata Atlântica do Su<strong>de</strong>ste (25UCs, PR/SP) e Reservas <strong>de</strong> Floresta Atlântica da Costa do Descobrimento (8 UCs, BA/ES).


95Nacional dos Campos Gerais, po<strong>de</strong> vir a ser nomeado para a lista do Patrimônio oucandidatar-se à Re<strong>de</strong> Mundial <strong>de</strong> Geoparques.Por outro lado, no documento “Geological World Heritage: a global framework”preparado pela UNESCO, IUCN e WCPA sob a coor<strong>de</strong>nação <strong>de</strong> Dingwall et al(2005), são apresentados 13 t<strong>em</strong>as <strong>geológico</strong>s e geomorfológicos propostos comobase para assessorar os locais que possu<strong>em</strong> potencial como Patrimônio Mundial,organismos internacionais e pesquisadores para i<strong>de</strong>ntificar sist<strong>em</strong>aticamente essessítios. Esses critérios também foram criados para auxiliar o Comitê do PatrimônioMundial para i<strong>de</strong>ntificar possíveis lacunas na preservação do <strong>patrimônio</strong> e paraauxiliar na avaliação <strong>de</strong> novas propostas. São eles:1- Aspectos tectônicos e estruturais2- Vulcões e sist<strong>em</strong>as vulcânicos3- Ca<strong>de</strong>ias <strong>de</strong> montanhas4- Sítios Estratigráficos5- Sítios fossilíferos6- Sist<strong>em</strong>as fluviais, lacustres e <strong>de</strong>ltaicos7- Cavernas e sist<strong>em</strong>as cársticos8- Sist<strong>em</strong>as costeiros9- Recifes, atóis e ilhas oceânicas10- Glaciares e calotas polares11- Ida<strong>de</strong> do gelo12- Sist<strong>em</strong>as <strong>de</strong> <strong>de</strong>sertos áridos e s<strong>em</strong>i-áridos13- Impacto <strong>de</strong> meteoritos (Astrobl<strong>em</strong>as)


96Baseando-se nesses critérios, o PNFN enquadra-se no it<strong>em</strong> que trata dasilhas oceânicas e sist<strong>em</strong>as vulcânicos, o PNI nos sist<strong>em</strong>as fluviais, e o PEVV no it<strong>em</strong>da ida<strong>de</strong> do gelo.Deste modo, reconhecendo a importância dos sítios <strong>geológico</strong>s, e pelo fato dageodiversida<strong>de</strong> a nível global não haver sido cont<strong>em</strong>plada tanto quanto abiodiversida<strong>de</strong>, a UNESCO criou a Re<strong>de</strong> Mundial <strong>de</strong> Geoparques, tratada a seguir.3.2.1 GeoparquesUm Geoparque, segundo a <strong>de</strong>finição da UNESCO (2006) é um território <strong>de</strong>limites b<strong>em</strong> <strong>de</strong>finidos, com uma área suficient<strong>em</strong>ente gran<strong>de</strong> para servir <strong>de</strong> apoio ao<strong>de</strong>senvolvimento sócio-econômico local. Deve abranger um <strong>de</strong>terminado numero <strong>de</strong>sítios <strong>geológico</strong>s relevantes ou um mosaico <strong>de</strong> aspectos <strong>geológico</strong>s <strong>de</strong> especialimportância cientifica, rarida<strong>de</strong> e beleza, que seja representativo <strong>de</strong> uma região e dasua historia geológica, eventos e processos. Além do significado <strong>geológico</strong>, <strong>de</strong>vetambém possuir outros significados, ligados à ecologia, arqueologia, história ecultura. O “selo” Geoparque (FIGURA 02) e a participação na Re<strong>de</strong> Mundial <strong>de</strong>Geoparques são atribuídos pela UNESCO a áreas on<strong>de</strong> o <strong>patrimônio</strong> <strong>geológico</strong> éparte <strong>de</strong> um conceito holístico <strong>de</strong> proteção, educação e <strong>de</strong>senvolvimentosustentável.FIGURA 02 Selo concedido pela UNESCO aos Geoparques integrantes da Re<strong>de</strong>Mundial <strong>de</strong> Geoparques.Seu conceito está baseado no fornecimento <strong>de</strong> informações, educação,turismo e a pesquisa geocientífica. Paralelo a esses objetivos está o fato <strong>de</strong> que osgeólogos pod<strong>em</strong> mostrar ao público o valor e significado da importância da


97realização das pesquisas, usando para tanto os resultados dos estudos efetuados.(FREY et al, 2006). Assim, são áreas <strong>em</strong> que se conjuga a geo<strong>conservação</strong> e o<strong>de</strong>senvolvimento econômico sustentável das populações que a habitam, on<strong>de</strong> seprocura estimular a criação <strong>de</strong> ativida<strong>de</strong>s econômicas suportadas na geodiversida<strong>de</strong>da região, com o envolvimento <strong>em</strong>penhado das com<strong>unida<strong>de</strong>s</strong> locais. Desta formasua criação po<strong>de</strong> constituir um importante instrumento na concretização do<strong>de</strong>senvolvimento sustentável (BRILHA 2005).A idéia da criação <strong>de</strong> um Programa <strong>de</strong> Geoparques por parte da UNESCOsurgiu na França, <strong>em</strong> Digne <strong>em</strong> 1991, no evento que instituiu a DeclaraçãoInternacional dos Direitos da M<strong>em</strong>ória da Terra, entretanto a Re<strong>de</strong> foi criadasomente 13 anos <strong>de</strong>pois, <strong>em</strong> 2004. Contudo, quatro anos antes da criação da Re<strong>de</strong>Mundial <strong>de</strong> Geoparques quatro países que já contavam com Geoparques, aAl<strong>em</strong>anha (Geoparque Gerolstein / Vulkaneifel), Espanha (Maesztrasgo CulturalPark, figura 03), França (Reserve Geologique <strong>de</strong> Haute-Provence) e Grécia (ThePetrified Forest os Lesvos) reuniram-se, assinaram um protocolo e criaram uma re<strong>de</strong>voluntária <strong>de</strong> cooperação, a Re<strong>de</strong> Européia <strong>de</strong> Geoparques (European GeoparksNetwork).FIGURA 03: Geoparque <strong>de</strong> Maesztrasgo (Espanha) (a) e o Selo da Re<strong>de</strong>Européia <strong>de</strong> Geoparks (b).Essa re<strong>de</strong> possui atualmente forte apoio da UNESCO, através da convençãoassinada <strong>em</strong> 2004, que aceitou e reconheceu automaticamente <strong>em</strong> sua Re<strong>de</strong> Globaltodos os Geoparques da Re<strong>de</strong> Européia. Os Parques que integram a Re<strong>de</strong> pod<strong>em</strong>utilizar o selo “European Geopark” (figura 03) como um selo <strong>de</strong> qualida<strong>de</strong> e seus


98m<strong>em</strong>bros pod<strong>em</strong> se beneficiar <strong>de</strong> material promocional <strong>em</strong> comum, como o websitee fol<strong>de</strong>rs, encontrar novos parceiros <strong>de</strong> cooperação internacional e financiamentoatravés do Fórum e principalmente trocar experiências e técnicas. O principalobjetivo com a criação da Re<strong>de</strong> foi promover o <strong>de</strong>senvolvimento territorialsustentável baseado <strong>em</strong> áreas protegidas e <strong>patrimônio</strong> <strong>geológico</strong>, no intuito <strong>de</strong>construir uma forte estrutura européia, apta a auxiliar os m<strong>em</strong>bros <strong>em</strong> suasativida<strong>de</strong>s, encorajar a criação <strong>de</strong> novos Geoparques e assim <strong>de</strong>senvolver oGeoturismo <strong>em</strong> nível europeu.Baseando-se na Re<strong>de</strong> Européia <strong>de</strong> Geoparques, a UNESCO criou <strong>em</strong> 2004 aRe<strong>de</strong> Mundial <strong>de</strong> Geoparques, <strong>em</strong> parceria com a União Internacional <strong>de</strong> CiênciasGeológicas. A Re<strong>de</strong> conta atualmente com 57 Geoparques <strong>em</strong> todo o mundo, comopo<strong>de</strong> ser observada no quadro 08.QUADRO 08: Geoparques integrantes da Re<strong>de</strong> Mundial <strong>de</strong> GeoparquesNo Nome do Geoparque País Criação01 Huangshan China 200402 Lushan China 200403 Yuntaishan China 200404 Floresta <strong>de</strong> Pedra <strong>de</strong> Shilin China 200405 Danxiashan China 200406 Floresta do Pico <strong>de</strong> Arenito Zhangjiajie China 200407 Wudalianchi China 200408 Songshan China 200409 Yandangshan China 200510 Hexigten China 200511 Taining China 200512 Xingwen China 200513 Wangwushan-Daimeshian China 200614 Funuiushan China 200615 Leiqiong China 200616 Fangshan China 200617 Taishan China 200618 Jingpohu China 200619 Bergstrasse-O<strong>de</strong>nwald Al<strong>em</strong>anha 200420 Vulkaneifel Al<strong>em</strong>anha 200421 Terravita Floresta <strong>de</strong> Teutobursgo Al<strong>em</strong>anha 200422 Swabian Alb Al<strong>em</strong>anha 200523 Harz braunschweiger land ostfalen Al<strong>em</strong>anha 200524 Parque da Ida<strong>de</strong> do Gelo <strong>de</strong> Mecklenburg Al<strong>em</strong>anha 200525 Kamptal-Schonenberg Austria 200426 Parque Natural Eisenwurzen Austria 200427 Reserve Geologica <strong>de</strong> Alta Provença França 200428 Luberon França 200529 Parque Natural <strong>de</strong> Psiloritis Grécia 200430 Floresta Petrificada <strong>de</strong> Lesbos Grécia 200431 Coper Coast Irlanda 2004


9932 Parque Del Beigua Italia 200533 Parque Natural Madonie Itália 200434 Parque Cultural Rocca di Cerere Itália 200435 Parque Cultural Maestrazgo Espanha 200436 Cabo <strong>de</strong> Gata-Nijar Espanha 200637 Serras Sub-Béticas Espanha 200638 Sobrarbe Espanha 200639 Cavernas <strong>de</strong> Marble Arch e Parque da Montanha <strong>de</strong> Cuilcagh Reino Unido 200440 North Pennines AONB (Zona <strong>de</strong> Extraordinaria Beleza Natural) Reino Unido 200441 Colinas <strong>de</strong> Abberley e Malvern Reino Unido 200442 North West Highlands Reino Unido 200543 FForest Fawr Reino Unido 200544 Geo-Norvegica Noruega 200645 Lochaber Reino Unido 200646 Naturtejo Meseta Meridional Portugal 200647 Qeshm Iran 200748 Iskar-Panega Bulgaria 200749 Papuk Croácia 200750 Boh<strong>em</strong>ian Paradise Rep. Tcheca 200751 Langkawi Malásia 200752 Dinossauros da Região <strong>de</strong> Hateg Romênia 200553 Araripe Brasil 200654 Kanawinka Austrália 200855 Longshuan China 200856 Zigong China 200857 Sardínia Itália 2008Fonte: Re<strong>de</strong> Mundial <strong>de</strong> Geoparques. Disponível <strong>em</strong> www.globalgeopark.org 2008.Os Geoparques <strong>de</strong>v<strong>em</strong> estar <strong>em</strong> harmonia com os objetivos das Reservas daBiosfera e são consi<strong>de</strong>rados compl<strong>em</strong>entares a Lista do Patrimônio Mundial, nosentido <strong>de</strong> reconhecer internacionalmente sítios importantes i<strong>de</strong>ntificados <strong>em</strong>inventários <strong>geológico</strong>s nacionais e internacionais. Para o seu reconhecimento foram<strong>de</strong>finidos seis princípios específicos, relacionados ao seu tamanho, composição,objetivos socioeconômicos, objetivos <strong>de</strong> <strong>conservação</strong>, objetivos <strong>de</strong> pesquisa eeducação e os seus aspectos legais. (DINGWALL et al, 2005). Al<strong>em</strong> disso, aproteção e o <strong>de</strong>senvolvimento sustentável do <strong>patrimônio</strong> <strong>geológico</strong> e dageodiversida<strong>de</strong>, através da iniciativa dos Geoparques, contribui para os objetivos daAgenda 21. (UNESCO, 2007)Portanto, baseando-se nos Programas já existentes da UNESCO, exist<strong>em</strong>três maneiras que visam o reconhecimento e proteção <strong>de</strong> sítios <strong>geológico</strong>s: oreconhecimento nacional, como um Geoparque ou como um sítio do PatrimônioMundial. Mas, <strong>de</strong> qualquer maneira, esta hierarquia oferece menos oport<strong>unida<strong>de</strong>s</strong>para a <strong>conservação</strong> dos aspectos <strong>geológico</strong>s e geomorfológicos do que a<strong>conservação</strong> dos aspectos biológicos. Felizmente, o Programa <strong>de</strong> Geoparques v<strong>em</strong>


100se expandindo e se <strong>de</strong>senvolvendo mundialmente (figura 06) e agora compl<strong>em</strong>entaa Lista <strong>de</strong> Patrimônio Mundial (apesar dos objetivos <strong>de</strong> proteção dos Geoparquesser<strong>em</strong> diferentes dos da Lista <strong>de</strong> Patrimônio Mundial). Desta forma, essa alternativa<strong>de</strong>ve ser ainda mais reconhecida e promovida, pois como propicia o envolvimentodas com<strong>unida<strong>de</strong>s</strong> e o <strong>de</strong>senvolvimento dos recursos econômicos é inovadora nosentido <strong>de</strong> reconhecer o valor dos Geoparques como el<strong>em</strong>ento <strong>de</strong> <strong>de</strong>senvolvimentosocial e econômico, além do seu papel na investigação cientifica e na educação.(DINGWALL et al, 2005)FIGURA 04 Mapa da Re<strong>de</strong> Mundial <strong>de</strong> Geoparques.Legenda: Violeta = 01 Geoparque; Azul= 02 Geoparques; Ver<strong>de</strong>= 3-4 Geoparques;Amarelo= 5-6 Geoparques; Laranja= 7 Geoparques; Vermelho= 18 Geoparques na região.Fonte: http://en.wikipedia.org/wiki/Image:Geoparks.PNG. Observação: Neste mapa não estárepresentado o Geopark localizado na Austrália.Percebe-se na figura acima que a China é o país que atualmente mais possuiGeoparques, sendo que inclusive a se<strong>de</strong> da Re<strong>de</strong> Mundial <strong>de</strong> Geoparques encontrase<strong>em</strong> Pequim. O interesse <strong>de</strong>ste país <strong>em</strong> proteger e divulgar ainda mais seu<strong>patrimônio</strong> <strong>geológico</strong> v<strong>em</strong> <strong>de</strong>s<strong>de</strong> 1985 65 , e <strong>em</strong> 2000 uma re<strong>de</strong> <strong>de</strong> proteção do<strong>patrimônio</strong> <strong>geológico</strong> começou a ser estabelecida e os Geoparques começaram a setornar locais on<strong>de</strong> o crescimento econômico foi visivelmente percebido, propiciandotambém a criação <strong>de</strong> novos postos <strong>de</strong> <strong>em</strong>prego.Desta forma, na China, aimplantação do Programa <strong>de</strong> Geoparques t<strong>em</strong> o forte apoio do governo e das65 Nesta ocasião os geólogos chineses propuseram o estabelecimento <strong>de</strong> Geoparques, sendopromulgado <strong>em</strong> 1995 o Regulamento <strong>de</strong> Proteção e Gestão do Patrimônio Geológico e <strong>em</strong> 2000 oestabelecimento dos Geoparques Nacionais.


101com<strong>unida<strong>de</strong>s</strong> locais.(JIANJUN et al, 2006). E <strong>em</strong> 2007, visando um fortalecimentoainda maior entre os Geoparques da Ásia e Pacífico, foi criada uma Re<strong>de</strong> <strong>de</strong>Geoparques integrando os participantes <strong>de</strong>stas duas regioes.O mapa da Re<strong>de</strong> Mundial mostra também que não há ainda Geoparques naÁfrica, América Central e América do Norte. Ou seja, gran<strong>de</strong> parte dos países,apesar <strong>de</strong> possuir<strong>em</strong> potencial, ainda não integra a Re<strong>de</strong> Mundial. É o caso dosEstados Unidos, on<strong>de</strong> muitas UCs possu<strong>em</strong> seus principais atrativos ligados aosaspectos <strong>geológico</strong>s e geomorfológicos, como os Parques Nacionais Yellowstone,Yos<strong>em</strong>ite, Bryce Canyon, Grand Canyon, (figura 05) entre outros. Gates (2006)afirma que o estabelecimento <strong>de</strong> uma Re<strong>de</strong>, como a Re<strong>de</strong> Européia <strong>de</strong> Geoparquesé verda<strong>de</strong>iramente o próximo passo para o <strong>de</strong>senvolvimento do geoturismo no país.No Brasil, concorda-se também com tal afirmativa.FIGURA 05- Parque Nacional Bryce Canyon e Parque Nacional Grand Canyon(EUA).Segundo Gray (2003), a nível mundial <strong>em</strong> média 20 parques serão aprovadospor ano, pela Unesco, até atingir a meta <strong>de</strong> 500 parques <strong>em</strong> 2025. Todavia, algumas<strong>de</strong>ssas áreas já são reconhecidas como Patrimônio Mundial (7% do total da Listaatual foram inscritos <strong>de</strong>vido aos seus aspectos <strong>geológico</strong>s como principal critério eoutros 7% como segundo critério). Mas, in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>nt<strong>em</strong>ente <strong>de</strong> fazer parte da Listado Patrimônio Mundial, para que uma Unida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Conservação integre umGeoparque e a Re<strong>de</strong> Mundial <strong>de</strong> Geoparques, <strong>de</strong>ve seguir as recomendações dodocumento “Gui<strong>de</strong>lines and Criteria for National Geoparks seeking UNESCO’Sassistance to join the Global Geoparks Network” (UNESCO, 2007; UNESCO, 2008).Entre essas recomendações <strong>de</strong>stacamos que:


102- O sucesso somente po<strong>de</strong> ser alcançado se a comunida<strong>de</strong> estiver fort<strong>em</strong>enteenvolvida, sendo que a iniciativa da criação <strong>de</strong> um Geoparque <strong>de</strong>ve partir dascom<strong>unida<strong>de</strong>s</strong> e autorida<strong>de</strong>s locais;- Na fase preparatória é muito importante que os órgãos responsáveis pelaspesquisas geológicas, universida<strong>de</strong>s, grupos <strong>de</strong> pesquisa, comunida<strong>de</strong> e órgãosoficiais <strong>de</strong> turismo componham um grupo para a realização do Projeto <strong>de</strong>Candidatura;- O estabelecimento <strong>de</strong> um Geoparque <strong>de</strong>ve estimular a criação <strong>de</strong> novas<strong>em</strong>presas locais, pequenos negócios, pequenas indústrias familiares, cursos <strong>de</strong>capacitação e a criação <strong>de</strong> novos postos <strong>de</strong> trabalho propiciados por novas fontes,como o geoturismo e geoprodutos;- Um Geoparque <strong>de</strong>ve fornecer e organizar as ferramentas e ativida<strong>de</strong>s paradivulgar o conhecimento geocientifico e conceitos ambientais ao público (museus,trilhas, excursões guiadas, literatura, mapas, website, etc). Deve também permitir epromover o conhecimento científico e a cooperação com universida<strong>de</strong>s e entre osgeocientistas e a comunida<strong>de</strong> local;- O sucesso das ativida<strong>de</strong>s educativas <strong>de</strong> um Geoparque <strong>de</strong>pen<strong>de</strong> nãosomente do conteúdo turístico dos programas, equipe competente e suportelogístico aos visitantes, mas também do contato pessoal com a comunida<strong>de</strong> local eos meios interpretativos. Assim, a participação da comunida<strong>de</strong>, principalmente <strong>em</strong>cursos <strong>de</strong> capacitação <strong>de</strong> condutores e a transmissão do conhecimento científicopara a comunida<strong>de</strong>, auxilia ainda mais na aceitação da filosofia dos Geoparques.Um Geoparque <strong>de</strong>ve contribuir para a <strong>conservação</strong> <strong>de</strong> aspectos <strong>de</strong> gran<strong>de</strong>significado <strong>geológico</strong>, tais como: rochas representativas, recursos minerais, fósseis,paisagens e formas <strong>de</strong> relevo, que evi<strong>de</strong>nciam informações <strong>de</strong> várias disciplinasgeocientíficas. Algumas das disciplinas citadas são: Geomorfologia, Engenhariageológica, Hidrologia, Mineralogia, Paleontologia, Petrologia, Sedimentologia,Espeleologia, Ciências do Solo, Estratigrafia, Vulcanologia, Geologia Estrutural,Geografia Física, entre outras. Assim, não importando qual o ramo da Geologia queo Geoparque evi<strong>de</strong>ncia, o mesmo <strong>de</strong>ve d<strong>em</strong>onstrar as melhores práticas para a sua<strong>conservação</strong>.


103Desta forma, o documento elaborado pela UNESCO possui um formulário aser preenchido pelo proponente, sendo dividido <strong>em</strong> duas seções. Na primeira érealizada a <strong>de</strong>scrição da área <strong>em</strong> suas questões administrativas e i<strong>de</strong>ntificação doterritório, on<strong>de</strong> cinco conjuntos <strong>de</strong> perguntas <strong>de</strong>v<strong>em</strong> ser preenchidos: A) Geologia ePaisag<strong>em</strong>; B) Estrutura <strong>de</strong> Manejo; C) Interpretação e Educação Ambiental; D)Geoturismo; e E) Sustentabilida<strong>de</strong> Econômica Regional. Na segunda seção é feitauma avaliação do progresso <strong>em</strong> relação ao Geoparque, são avaliadas as relaçõescom outros Geoparques, estrutura <strong>de</strong> manejo, status financeiro, estratégias <strong>de</strong>geoconservacao, parceiros estratégicos, marketing e o <strong>de</strong>senvolvimento econômicosustentável.Entre outros benefícios, integrar a Re<strong>de</strong> Mundial <strong>de</strong> Geoparques é importantepelo fato <strong>de</strong> que a Re<strong>de</strong> proporciona meios <strong>de</strong> cooperação e troca <strong>de</strong> experiênciasentre especialistas das áreas pertinentes. Além disso, a parceria internacional com aUNESCO traz vantagens aos m<strong>em</strong>bros no sentido <strong>de</strong> que os mesmos faz<strong>em</strong> parte<strong>de</strong> uma Re<strong>de</strong>, comparando-se a iniciativas isoladas, e a cada quatro anos, é feitauma reavaliação para verificar as condições <strong>em</strong> que o Geoparque se encontra e se omesmo po<strong>de</strong> continuar como m<strong>em</strong>bro ativo na Re<strong>de</strong>.Desta forma, <strong>de</strong>vido às vantagens e o potencial observado, sugere-se acandidatura <strong>de</strong> Geoparques nas três UCs aqui trabalhadas. Para auxiliar nesseprocesso, os formulários a respeito das seções relativas à Interpretação ambiental eeducação ambiental e ao geoturismo foram aqui traduzidos e preenchidos e sãocomentados nos Resultados.3.2.1.1. Geoparques no BrasilNo Brasil, apesar do gran<strong>de</strong> potencial <strong>em</strong> termos <strong>de</strong> geodiversida<strong>de</strong>, as açõesrelativas à criação <strong>de</strong> Geoparques ainda são incipientes. Na ocasião do inicio daelaboração <strong>de</strong>sta tese, <strong>em</strong> 2004, a UNESCO não havia sequer reconhecido a Re<strong>de</strong>Européia <strong>de</strong> Geoparques e o CPRM ainda não havia proposto o Projeto Geoparquesdo Brasil.Apesar disso, atualmente o país já possui um Geoparque reconhecido pelaUNESCO. Criado <strong>em</strong> 2006 no Ceará, o Geoparque do Araripe foi o primeiro do


104H<strong>em</strong>isfério Sul e das Américas. É integrado por nove Unida<strong>de</strong>s 66 e foi proposta paraser um Geoparque, pois é <strong>de</strong> gran<strong>de</strong> interesse para a humanida<strong>de</strong>, já que entreseus atrativos apresenta vestígios <strong>de</strong> vida <strong>de</strong> 110 milhões <strong>de</strong> anos atrás. Essesvestígios 67 ajudam a contar parte da história evolutiva da Terra, visto que a área éum dos mais importantes <strong>de</strong>pósitos fossilíferos do mundo.Além das três UCs aqui propostas para integrar<strong>em</strong> a Re<strong>de</strong> Mundial <strong>de</strong>Geoparques, outras áreas já d<strong>em</strong>onstram interesse público <strong>em</strong> se candidatar. É ocaso da Serra da Bodoquena (MS), PETAR (SP) e Quadrilátero Ferrífero (MG),sendo que as mesmas já vêm realizando ações no intuito <strong>de</strong> apresentar futuramentecandidatura.Outra iniciativa tomada no sentido <strong>de</strong> valorizar ainda mais a geodiversida<strong>de</strong>brasileira e aproveitar esse potencial para o geoturismo foi a criação do ProjetoGeoparques do Brasil. O CPRM (Serviço Geológico do Brasil) criou <strong>em</strong> 2006 esseProjeto, com o objetivo <strong>de</strong> i<strong>de</strong>ntificar, classificar, <strong>de</strong>screver, catalogar,georreferenciar e divulgar os parques <strong>geológico</strong>s do Brasil, além <strong>de</strong> <strong>de</strong>finir diretrizespara seu <strong>de</strong>senvolvimento sustentável. O CPRM preten<strong>de</strong>, juntamente com ascom<strong>unida<strong>de</strong>s</strong> locais, universida<strong>de</strong>s e outros órgãos que tenham interesse, implantareste projeto, mas, <strong>de</strong>s<strong>de</strong> 2006 que o Projeto encontra-se <strong>em</strong> processo <strong>de</strong> concepçãoe implantação, sendo que as áreas reconhecidas como <strong>de</strong> maior potencial já foramselecionadas e são apresentadas no quadro 09.66 Denominadas geotopos, situados <strong>em</strong> Santana do Cariri, Nova Olinda, Crato, Barbalha, Juazeiro doNorte, Missão Velha, Abaiara e Milagres, no Ceará. A candidatura foi feita pela Secretaria <strong>de</strong> Ciênciae Tecnologia do Ceará (Secitece) e a Urca (Universida<strong>de</strong> Regional do Cariri), contando com apoio doGoverno Al<strong>em</strong>ão, através do Ministério Al<strong>em</strong>ão da Cooperação e Desenvolvimento.67 Os fósseis da Formação Santana estão muito b<strong>em</strong> preservados, exib<strong>em</strong> uma rica fauna e flora<strong>de</strong>sses antigos ambientes, com el<strong>em</strong>entos aquáticos e terrestres A riqueza biológica da bacia doAraripe inclui ainda registros fósseis <strong>de</strong> insetos conservados íntegros. Para Vicelmo (2005), com oselo da Unesco, a região ganha visibilida<strong>de</strong> internacional e abre caminho para a captação <strong>de</strong>recursos no Brasil e <strong>em</strong> outros países.


105QUADRO 09: Sugestão dos Geoparques a ser<strong>em</strong> criados no Brasil segundo aCPRMLocal / UC Estado Categoria do SitioMinas do Camaquã RS História da MineraçãoAmetistas RS Mineralógico, Ígneo, GeomorfológicoAparados da Serra RS/SC Geomorfológico, Ígneo, Beleza CênicaFloresta Petrificada RS PaleontológicoJurássicoSP Paleontológico, Paleoambiental(Araraquara)Vila Velha PR Geomorfológico, Paleoambiental, Beleza CênicaIguaçu PR Geomorfológico, Ígneo, Beleza CênicaAlto Ribeira SP Espeleológico, PaleoambientalItu SP PaleoambientalVulcão <strong>de</strong> Nova RJ ÌgneoIguaçuSerra da Canastra MG Geomorfológico, Paleoambiental, Beleza CênicaQuadrilátero Ferrífero MG Paleoambiental, História da Mineração, Histórico-CulturalDiamantina MG Geomorfológico, História da MineraçãoChapada Diamantina BA Geomorfológico, Paleoambiental, Beleza Cênica, Histórico-CulturalCabo <strong>de</strong> Santo PE Ígneo, Histórico-Cultural, Beleza CênicaAgostinhoVale do Catimbó PE Ambiental, GeomorfológicoFernando <strong>de</strong> PE Ígneo, Beleza CênicaNoronhaChapada do Araripe PE/CE PaleontológicoRio do Peixe (Sousa) PB PaleontológicoSerra do Martins RN EspeleológicoChapada do Apodí RN EspeleológicoSete Cida<strong>de</strong>s PI Geomorfológico, Paleoambiental, Beleza CênicaSerra da Capivara PI Paleontológico, ArqueológicoLençóisMA Sedimentológico, Ambiental, Beleza CênicaMaranhensesRoraima RR Geomorfológico, Paleoambiental, Beleza CênicaChapada dos MT Geomorfológico,Paleontológico, Espeleológico, BelezaGuimarãesCênicaSerra da Bodoquena MS Espeleológico, PaleoambientalChapada dos GO Geomorfológico, Paleoambiental, Beleza CênicaVea<strong>de</strong>irosAraguainha GO/MT Astrobl<strong>em</strong>aPresi<strong>de</strong>nteAM Estratigráfico, espeleológico, histórico-cultural, arqueológicoFigueiredoFonte: CPRM, 2006.Destacadas <strong>em</strong> negrito no quadro acima estão as UCs tratadas nesta tesesendo que as três são UCs que entre outras características são reconhecidas peloseu potencial <strong>de</strong> beleza cênica. Esse quadro mostra que os principais atrativos do<strong>patrimônio</strong> <strong>geológico</strong> brasileiro estão cont<strong>em</strong>plados no Projeto Geoparques, e alguns


106<strong>de</strong>les já são Unida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> Conservação reconhecidas a nível nacional, estadual oumunicipal. Apesar <strong>de</strong>ssa sugestão, a CPRM (2006) afirma que todas essaspropostas precisam ser <strong>de</strong>vidamente avaliadas e é necessária a i<strong>de</strong>ntificação<strong>de</strong>ssas áreas com potencial para tornar<strong>em</strong>-se geoparques.De qualquer maneira, alguns pressupostos são importantes para que umaregião possa ser consi<strong>de</strong>rada futuramente um Geoparque no Brasil. Baseando-se naRe<strong>de</strong> Mundial <strong>de</strong> Geoparques, Theodorovicz (2006) cita que <strong>em</strong> termos ambientais:A) o t<strong>em</strong>a geologia é essencial, mas aspectos históricos e culturais também sãocomponentes importantes; B) a região <strong>de</strong>ve envolver um número <strong>de</strong> pequenos sítiosque <strong>em</strong> conjunto mostr<strong>em</strong> feições <strong>de</strong> especial importância e rarida<strong>de</strong> cientifica epaisagística; C) os limites <strong>de</strong>v<strong>em</strong> ser b<strong>em</strong> <strong>de</strong>finidos e a área suficient<strong>em</strong>ente gran<strong>de</strong>para gerar ativida<strong>de</strong>s econômicas sustentáveis, como o turismo com ênfase noecoturismo 68 ; D) o acesso <strong>de</strong>ve ser fácil e os limites não precisam coincidir comoutras Unida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> Conservação.Em relação à gestão <strong>de</strong>ssas áreas, o mesmo autor (id.,2006) cita que osprojetos <strong>de</strong>v<strong>em</strong> preservar e melhorar as condições do meio ambiente e condições <strong>de</strong>vida dos habitantes, promovendo a educação ambiental. Ou seja, os pressupostostanto <strong>de</strong> criação quanto <strong>de</strong> gestão dos Geoparques no Brasil são similares ao daRe<strong>de</strong> Mundial <strong>de</strong> Geoparques, o que po<strong>de</strong> facilitar no futuro a candidatura <strong>de</strong>ssesGeoparques junto a UNESCO. Entretanto, a questão dos Geoparques no Brasilainda é incerta, pois o CPRM sugere as áreas, mas não auxilia no processo dacandidatura. Assim, seguindo-se o ex<strong>em</strong>plo do Geoparque do Araripe, Instituições<strong>de</strong> Educação com o apoio do Governo Estadual e outros parceiros, pod<strong>em</strong> estarsubmetendo candidaturas.Algumas ativida<strong>de</strong>s estão previstas pelo Programa Geoparques do CPRM. Asfases são três e as ativida<strong>de</strong>s iniciais estão ligadas à <strong>de</strong>limitação do polígono doGeoparque, preparação <strong>de</strong> base digital georreferenciada, estruturação <strong>de</strong> banco <strong>de</strong>dados, i<strong>de</strong>ntificação <strong>de</strong> locais com potencial turístico, contatos com técnicos qu<strong>em</strong>apearam a área e divulgação da proposta pela Internet para críticas e sugestões68 Aqui cabe uma ressalva <strong>em</strong> relação à terminologia do turismo, pois nesta pesquisa, consi<strong>de</strong>ra-seque o principal tipo <strong>de</strong> turismo a ser realizado num Geoparque é o geoturismo, tal como nosformulários <strong>de</strong> candidatura <strong>de</strong> Geoparques da UNESCO. Mas, para os próprios técnicos do CPRMparece que ainda há duvidas, pois neste caso foi citado o turismo com “ênfase“ no ecoturismo.


107da comunida<strong>de</strong> especializada. A segunda fase engloba a reavaliação dos mapas<strong>geológico</strong>s, novos estudos e <strong>de</strong>scrição dos sítios <strong>geológico</strong>s, novas fotos digitais econtatos com a comunida<strong>de</strong> local. E na terceira fase as ativida<strong>de</strong>s pós-campo,englobando a elaboração <strong>de</strong> mapa <strong>geológico</strong> com indicação <strong>de</strong> roteiros e sítios <strong>de</strong>interesse, estruturado <strong>em</strong> um SIG, elaboração <strong>de</strong> Mo<strong>de</strong>lo Digital <strong>de</strong> Terreno,preparação e organização dos dados digitais, elaboração <strong>de</strong> banco <strong>de</strong> dados, epropostas para o <strong>de</strong>senvolvimento do Geoturismo, com a participação dascom<strong>unida<strong>de</strong>s</strong> locais, elaboração <strong>de</strong> fol<strong>de</strong>rs e placas ilustrativas e por fim asrecomendações. (THEODOROVICZ,2006)Ou seja, são diversas as ativida<strong>de</strong>s que necessitam ser realizadas visando acriação <strong>de</strong> um Geoparque. Todo o levantamento e análise <strong>de</strong> dados <strong>de</strong>v<strong>em</strong> serrealizados por profissionais das áreas <strong>de</strong> geologia e geografia, e o profissional ligadoao turismo entra <strong>em</strong> campo no inicio do Programa, com o intuito <strong>de</strong> i<strong>de</strong>ntificar locaiscom potencial turístico, e no final, no sentido <strong>de</strong> planejar as ativida<strong>de</strong>s ligadas aoGeoturismo. Entretanto, apesar da pouca participação <strong>em</strong> todas as etapas, oprofissional <strong>de</strong> turismo possui papel fundamental, pois são as ativida<strong>de</strong>s ligadas aogeoturismo, realizadas com o auxilio dos meios <strong>de</strong> interpretação ambiental, quepo<strong>de</strong>rão ser o elo <strong>de</strong> ligação entre a UC e o público visitante. Utilizando meiosinterpretativos planejados a<strong>de</strong>quadamente pod<strong>em</strong>os difundir ainda mais oconhecimento <strong>geológico</strong> para a socieda<strong>de</strong>.Portanto, o <strong>patrimônio</strong> <strong>geológico</strong> precisa <strong>de</strong>ixar <strong>de</strong> ser esquecido pelaspolíticas públicas, educativas e <strong>de</strong> proteção do meio ambiente. Conscientizar asocieda<strong>de</strong> sobre nossa rica geodiversida<strong>de</strong> é importante para que assim ela possaser utilizada com fins não somente científicos, e também educativos e turísticos.Desta forma, pod<strong>em</strong>os e <strong>de</strong>v<strong>em</strong>os utilizar ainda mais nossa geodiversida<strong>de</strong>, tanto noque diz respeito à criação <strong>de</strong> Geoparques no Brasil como <strong>em</strong> programas <strong>de</strong>interpretação ambiental nas Unida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> Conservação já existentes, voltados nãosomente para os visitantes, mas também direcionados para grupos <strong>de</strong> estudantes.Seguindo este raciocínio, a interpretação e a educação ambiental voltadapara os aspectos <strong>geológico</strong>s são t<strong>em</strong>as do 5º capitulo.


1084. UNIDADES DE CONSERVAÇÃO4.1 PARQUE ESTADUAL DE VILA VELHA – PEVVO PEVV possui relevo ruiniforme, sendo uma área que há muito t<strong>em</strong>po évisitada por turistas. É Parque Estadual <strong>de</strong>s<strong>de</strong> 1953 (o primeiro do Paraná), erecebia antes do seu fechamento para revitalização <strong>em</strong> janeiro <strong>de</strong> 2002, mais <strong>de</strong>120.000 turistas por ano, sendo a segunda UC mais visitada do Estado. Além disso,a região on<strong>de</strong> está a UC <strong>de</strong>staca-se como um centro <strong>de</strong> visitação <strong>de</strong> escolassuperiores <strong>de</strong> geologia, geografia e biologia <strong>de</strong> todo Brasil, que aqui encontramcoexistência <strong>de</strong> ecossist<strong>em</strong>as diferentes (campos, floresta com araucária, refúgiosdo cerrado), relevos <strong>de</strong> exceção (Arenitos e Furnas) e excelentes exposições <strong>de</strong><strong>unida<strong>de</strong>s</strong> geológicas sedimentares siluro-<strong>de</strong>vonianas da Bacia do Paraná, comjazigos fossilíferos únicos e afloramentos-tipo consagrados na literatura (MELO et al,2000).Em projetos realizados pelo MMA 69 a região dos Campos Gerais (on<strong>de</strong> está oPEVV) foi catalogada como uma região <strong>de</strong> Extr<strong>em</strong>a Importância para a<strong>conservação</strong> 70 , on<strong>de</strong> estão associadas ás confluências <strong>de</strong> condições climáticas egeomorfológicas díspares, que pod<strong>em</strong> ocorrer <strong>em</strong> áreas <strong>de</strong> contato entre formaçõesgeológicas.Mas <strong>em</strong> relação ao turismo, apesar do potencial e <strong>de</strong> ser consi<strong>de</strong>rada aâncora do turismo na região, o Parque não integra ações turísticas <strong>de</strong>senvolvidaspelo município <strong>de</strong> Ponta Grossa. De acordo com seu Plano Diretor <strong>de</strong> Turismo(PEREIRA, 2002 p. II-2)O Parque Vila Velha, que concentra referencialmente a imag<strong>em</strong> turística <strong>de</strong>Ponta Grossa, não é envolvido diretamente nas ações <strong>de</strong> turismo domunicípio e a relação entre a prefeitura municipal e o governo do Estado,administrador do Parque, no tocante ao turismo, são apenas incipientes.69 Diante do estado <strong>de</strong> <strong>de</strong>gradação do bioma Mata atlântica, o MMA <strong>de</strong>senvolveu o subprojetoAvaliação e Ações Prioritárias para a Conservação da Biodiversida<strong>de</strong> nos Biomas Floresta Atlântica eCampos Sulinos, no âmbito do PROBIO (Projeto <strong>de</strong> Conservação e Utilização Sustentável daDiversida<strong>de</strong> Biológica Brasileira).70 Por ser uma região que, <strong>em</strong> relação aos fatores abióticos possui fatores que potencializam umabiodiversida<strong>de</strong> local, por oferecer<strong>em</strong> ä biota condições energéticas amplamente diferenciadas <strong>em</strong>pequeno espaço relativo. (MMA, 2000 p.28)


109Ações anteriores <strong>de</strong> planejamento da UC foram fragmentadas. Em 1975foi <strong>de</strong>senvolvido o “Plano Diretor <strong>de</strong> Vila Velha” 71 , on<strong>de</strong> após a realização <strong>de</strong>algumas ações <strong>de</strong>sse Plano, <strong>em</strong> 1978, capitaneada por René Dotti, foi realizadauma ação popular por um grupo <strong>de</strong> pessoas, sendo a primeira ação popular no paíscontra o governo <strong>de</strong> um Estado. Essa ação foi motivada <strong>de</strong>vido as modificaçõesina<strong>de</strong>quadas 72 que ocorreram no Parque, visando o incr<strong>em</strong>ento das ativida<strong>de</strong>sturísticas. A ação foi b<strong>em</strong> sucedida e se tornou um paradigma <strong>de</strong> referencia nacionalpor ter sido a primeira ação popular vitoriosa <strong>em</strong> <strong>de</strong>fesa do meio ambiente, 25 anos<strong>de</strong>pois <strong>de</strong> sua proposição (HORROCKS, 2006).Depois da ação o Parque continuou aberto por diversos anos, sendo fechadopara a sua revitalização somente <strong>em</strong> 2002. Foram realizadas diversas modificaçõesestruturais e administrativas, com a finalida<strong>de</strong> <strong>de</strong> restabelecer o equilíbrio ecológico,promover projetos <strong>de</strong> pesquisas com propósitos <strong>de</strong> preservação e controle ambientaldo Parque e entorno, ações para a recuperação da área, propiciar ao visitante maiorconforto durante seu passeio, dotando o Parque <strong>de</strong> infra-estrutura a<strong>de</strong>quada 73 .Entretanto, o <strong>patrimônio</strong> <strong>geológico</strong> po<strong>de</strong>ria ser mais b<strong>em</strong> utilizado <strong>em</strong> ativida<strong>de</strong>seducativas, interpretativas e geoturisticas. Desta forma, para subsidiar a elaboração<strong>de</strong>ssas ativida<strong>de</strong>s, são apresentados os dados a seguir, que não tiveram comoobjetivo esgotar o assunto e sim apresentar as características principais do Parque.4.1.1 LOCALIZAÇÃO, ÁREA E ACESSOSO PEVV localiza-se na região Sul do País, no segundo planalto do Estado doParaná, <strong>de</strong>nominado Campos Gerais, e localizado entre as seguintes coor<strong>de</strong>nadasgeográficas: 25º 12’ 34” e 25º15’35” <strong>de</strong> latitu<strong>de</strong> Sul e 49º 58’04” e 50º03’37” <strong>de</strong>longitu<strong>de</strong> Oeste (Figura 06).71 Elaborado pela Paranaturismo que <strong>de</strong>finiu a infra-estrutura antiga com base <strong>em</strong> um plano físicoterritorial,uma analise <strong>de</strong> viabilida<strong>de</strong>s e priorida<strong>de</strong>s, um plano gerencial, um plano mercadológicopromocional e um resumo final72 Entre essas modificações estava a implantação <strong>de</strong> um sist<strong>em</strong>a <strong>de</strong> iluminação dos arenitos, aconstrução <strong>de</strong> uma piscina e outras construções utilizando até mesmo os arenitos como pare<strong>de</strong>.73 Com recursos vindos do Fundo Estadual <strong>de</strong> Meio Ambiente (FEMA), foi realizada a a<strong>de</strong>quação dosist<strong>em</strong>a viário, estruturação do setor administrativo, portal <strong>de</strong> entrada, novo estacionamento, novasáreas <strong>de</strong> lazer, novo sist<strong>em</strong>a <strong>de</strong> transporte interno e obras <strong>de</strong> saneamento.


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111A altitu<strong>de</strong> máxima é <strong>de</strong> 1068m, na área <strong>de</strong>nominada Fortaleza, e a sualocalização geográfica e as altitu<strong>de</strong>s entre 800 m e 1000 m condicionam umasituação climática distinta 74 (IAP, 2004).O acesso é feito pela BR-376, rodovia pedagiada 75 que liga ao Litoral,estando aproximadamente a vinte quilômetros <strong>de</strong> Ponta Grossa e oitentaquilômetros da capital, Curitiba. Possui perímetro <strong>de</strong> 30.800,30 metros e seuslimites ao Norte são com proprieda<strong>de</strong>s particulares, ao Sul com a BR 376 eproprieda<strong>de</strong>s particulares, a Leste também com proprieda<strong>de</strong>s particulares e a Oestecom o bairro <strong>de</strong>nominado Jardim Novo Vila Velha.4.1.2 CARACTERÍSTICAS GERAISDe acordo com o Plano <strong>de</strong> Manejo do PEVV (IAP, 2004), existiam na regiãodo Parque Estadual <strong>de</strong> Vila Velha, índios, primeiro <strong>em</strong> bandos, <strong>de</strong>pois <strong>em</strong> tribos,como a dos caingangues, que habitavam a região na época do <strong>de</strong>scobrimento doBrasil. A arte rupestre 76 que se encontra na região, também d<strong>em</strong>onstra a presençahumana já há muito t<strong>em</strong>po, e a lenda repassada aos turistas possui aspectos ligadosa cultura indígena 77 .Em 1541, o espanhol Don Alvar Nunez Cabeza <strong>de</strong> Vaca que esteve nasCataratas do Iguaçu, percorreu a região, saindo da Ilha <strong>de</strong> Santa Catarina <strong>em</strong>direção a Assunção. No século XVII já havia um povoamento na região e no séculopassado, a área on<strong>de</strong> hoje está situado o PEVV, pertencia às antigas fazendas doCapão Gran<strong>de</strong>, Cambiju, Nasce o Dia e Lagoa Dourada. Na literatura brasileira aprimeira vez <strong>em</strong> que Vila Velha foi citada foi <strong>em</strong> 1886, por Viscon<strong>de</strong> <strong>de</strong> Taunay,74 Classificada <strong>em</strong> Cfb com as características <strong>de</strong> não possuir uma estação seca <strong>de</strong>finida, t<strong>em</strong>peraturamédia do mês mais frio inferior a 18 graus e t<strong>em</strong>peratura do mês mais quente inferior a 22 graus.75 A <strong>em</strong>presa concessionária da rodovia é a Rodonorte. A faixa <strong>de</strong> domínio da <strong>em</strong>presa no PEVV é <strong>de</strong>11,5 km e correspon<strong>de</strong> a 60 metros laterais a partir do eixo da pista antiga76 O sítio arqueológico Abrigo-sob-rocha do Cambiju d<strong>em</strong>onstra que a área on<strong>de</strong> se situa o PEVV foi à3.000 anos habitada por índios da cultura pré-guarani. Apesar <strong>de</strong> não ter<strong>em</strong> sido encontradaspinturas rupestres <strong>de</strong>ntro dos limites da UC, <strong>de</strong> acordo com o Plano <strong>de</strong> Integração do Parque <strong>de</strong> VilaVelha – Rio São Jorge, (ROCHA et al., 1989), quatro sítios <strong>de</strong> pintura rupestre foram localizados noentorno.77 Não se sabe ao certo quando surgiu, sendo que a mais conhecida é a criada por Protásio <strong>de</strong>Carvalho (LIMA, 1975), on<strong>de</strong> as rochas do Parque seriam uma antiga cida<strong>de</strong> que foi transformada <strong>em</strong>cida<strong>de</strong> <strong>de</strong> pedra <strong>de</strong>vido a fúria <strong>de</strong> Tupã. O principal símbolo do Parque, a Taça <strong>de</strong> Vila Velha, seria ataça utilizada pelos amantes indígenas Dhui e Arace Poranga para se <strong>em</strong>briagar<strong>em</strong> com licor <strong>de</strong>butiá, as Furnas o solo rasgado por Tupã e a Lagoa Dourada seria o tesouro <strong>de</strong>rretido.


112então Presi<strong>de</strong>nte da Província do Paraná (IAP, 2004). E o naturalista francêsAuguste <strong>de</strong> Saint Hilaire, que percorreu os Campos Gerais e a área on<strong>de</strong> atualmenteé o Parque, chegou a afirmar que o local era o paraíso terrestre do Brasil78.Em 1942 a área foi <strong>de</strong>sapropriada 79 pelo Governo do Estado do Paraná paraa criação <strong>de</strong> um Parque Florestal. Onze anos <strong>de</strong>pois, o Parque Estadual <strong>de</strong> VilaVelha foi criado pela lei Estadual nº 1.292, <strong>em</strong> 12 <strong>de</strong> Outubro <strong>de</strong> 1953, sendo que acriação do Parque foi motivada, principalmente pelas peculiarida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> suasformações ruiniformes, que tornaram Vila Velha conhecida mundialmente e <strong>em</strong>particular no meio científico. O Parque possui atualmente área <strong>de</strong> 3.803,28 ha, e <strong>em</strong>18 <strong>de</strong> janeiro <strong>de</strong> 1966, foi tombado pelo <strong>patrimônio</strong> histórico e artístico do Estado doParaná, como conjunto <strong>de</strong> Vila Velha: Arenitos, Furnas e Lagoa Dourada 80 . Para oIAP (2000), o tombamento da área tornou oficial o que já era consenso entre oshabitantes da região: preservar essas belezas para que outras gerações também as<strong>de</strong>sfrutass<strong>em</strong>.A vegetação natural do Parque é basicamente composta por Capões <strong>de</strong> Mata,Matas <strong>de</strong> galeria, <strong>de</strong>pressões brejosas, plantas rupícolas e, na sua maioria, campolimpo e seco. De acordo com a UEPG (2003) a área do Parque po<strong>de</strong> ser classificadacomo pertencente ao Bioma Floresta Ombrófila Mista (Floresta <strong>de</strong> Araucárias) eEcossist<strong>em</strong>as Associados.Segundo Moro (2003), as florestas no PEVV são secundárias 81 , e a maiorparte do Parque, no entanto é composta por campos limpos (estepe), existindotambém áreas <strong>de</strong> formações pioneiras com influências fluviais (RODERJAN 1994,apud IAP 2000). Segundo Maack (2002) os Campos Gerais constitu<strong>em</strong> umaformação vegetal relíquia <strong>de</strong> um clima mais seco.78 “Estes campos constitu<strong>em</strong> inegavelmente uma das mais belas regiões que já percorri <strong>de</strong>s<strong>de</strong> quecheguei à América”. (SAINT-HILAIRE, 1978).79 Lei nº 63, <strong>de</strong> 04 <strong>de</strong> set<strong>em</strong>bro <strong>de</strong> 1942. Nessa época, foram <strong>de</strong>sapropriados somente treze alqueires<strong>de</strong> terra (SOARES, 1989).80 Sob o processo nº 5, inscrição nº 5, Livro do Tombo Arqueológico, Etnográfico e Paisagístico. Apósesse tombamento, foi feito o pedido da inclusão <strong>de</strong> Vila Velha na lista <strong>de</strong> Patrimônio Mundial, títuloque não foi concedido porque para integrar essa lista da UNESCO é necessário que a área sejareconhecida nacionalmente, portanto seja Parque Nacional.81 Antes da criação do Parque, a ma<strong>de</strong>ira foi extraída, especialmente o pinheiro, imbuia e peroba.


113Os capões <strong>de</strong> mata encontrados na área do Parque integram uma formaçãoflorestal adaptada a condições <strong>de</strong> clima t<strong>em</strong>perado, úmido e <strong>de</strong> altitu<strong>de</strong>. São árvores<strong>de</strong> elevado porte 82 , e <strong>de</strong> menor porte 83 , um sub-bosque formado por arbustos earvoretas, epífitas 84 , e são muito abundantes liquens, hepáticas e musgos.Em relação aos campos 85 , é a vegetação que ocupa o maior espaço doParque e é caracterizada por espécies <strong>de</strong> pequeno porte, principalmentexilopodíferas. (ROCHA et al, 1989). As <strong>de</strong>pressões brejosas apresentam soloturfoso e alto índice <strong>de</strong> umida<strong>de</strong>. A vegetação predominante é <strong>de</strong> pequeno porte,principalmente herbáceas, sendo comum a presença <strong>de</strong> musgo e <strong>de</strong> s<strong>em</strong>pre-vivas(MORO, 2003).Em relação aos campos rupestres, nos afloramentos freqüentes do ArenitoFurnas, <strong>de</strong>vido à escassez <strong>de</strong> água e alta insolação há um microambientediferenciado, on<strong>de</strong> se <strong>de</strong>senvolv<strong>em</strong> amarilidáceas, bromeliáceas 86 e iridáceas. Nasfendas ocorr<strong>em</strong> ericáceas, melastomáceas e euforbiáceas. (UEPG, 2003). No casodos aspectos relacionados à geologia e geomorfologia, é importante <strong>de</strong>stacar avegetação dos paredões areníticos, on<strong>de</strong> são encontradas espécies endêmicas daregião, como a bromélia Tillandsia crocata, o notocacto Parodia ottoni var. villavelhensise a pteridófita Ctenitis bigarellae (SCHWARTSBURD, P. B; LABIAK, P. H;2007 e SCHWARTSBURD et al, 2007). No lado Sul, junto ao Bosque <strong>de</strong> Vila Velha,os estratos são mais ricos e <strong>de</strong>senvolvidos, e nos <strong>de</strong>svãos e grutas, observa-se umacobertura ver<strong>de</strong> <strong>de</strong>licada <strong>de</strong> briófitas (hepáticas e musgos), e selaginelas. (IAP,2000).82 Como o Pinheiro do Paraná (Araucaria angustifolia), Cedro (Cedrella fissilis), Imbuia (Ocoteaporosa) e o Monjoleiro (Ana<strong>de</strong>nanthera colubrina).83 Como a Guabirobeira (Campomanesia xanthocarpa), Covatã (Matayba elaeagnoi<strong>de</strong>s), entre outras.84 São encontradas Bromeliáceas, Cactáceas, Orquidáceas, e Gesneriáceas.85 Predominam os campos andropogônicos e espécies h<strong>em</strong>icriptófitas ou geófitas são privilegiadas noque diz respeito aos incêndios naturais que ocorr<strong>em</strong> na região, pois seus rebrotos ficam protegidospor touceiras, ou abaixo do solo. Além das gramíneas, observam-se também leguminosas,verbenáceas, rubiáceas e mirtáceas. (IAP, 2000) Nos campos úmidos ocorr<strong>em</strong> ciperáceas,eriocauláceas, poligaláceas e xiridáceas. Arvoretas pioneiras pod<strong>em</strong> ocorrer nas áreas <strong>de</strong> contatoentre campo e capões. Além disso, o Parque abriga espécies que atualmente só pod<strong>em</strong> serencontradas nas poucas áreas <strong>de</strong> campo nativo preservadas, como é o caso do local <strong>de</strong>nominadoFortaleza, on<strong>de</strong> se encontra a apirina-do-campo (Cayaponia espelina) e a Gomphrena macrocephala.(MORO, 2001).86 A bromélia mais presente é a Aechmea distichanta e nas gretas encontra-se a rainha-do-abismo,(Sinningia canescens) (IAP, 2000).


114E <strong>em</strong> relação à fauna, o PEVV encontra-se inserido biograficamente na regiãoNeotropical, domínio amazônico, na província paranaense (IAP, 2000). Forami<strong>de</strong>ntificadas 19 espécies <strong>de</strong> anfíbios, 323 <strong>de</strong> lepidópteros, 25 <strong>de</strong> mamíferos, 60 <strong>de</strong>répteis 87 e 233 espécies da avifauna (IAP, 2004). Além disso, são poucas asespécies endêmicas 88 .Desta forma, como o PEVV é constituído por campos nativos com manchasnaturais <strong>de</strong> Floresta <strong>de</strong> Araucária, a UC possui gran<strong>de</strong> importância também para a<strong>conservação</strong> da biodiversida<strong>de</strong> estadual e nacional 89 .4.1.3 PLANO DE MANEJO, ATRATIVOS E OUTRAS INFORMAÇÕESNo que diz respeito aos aspectos turísticos, o Plano <strong>de</strong> Manejo do PEVVpossui o Programa <strong>de</strong> Uso Público, composto por subprogramas <strong>de</strong> Recreação eInterpretação Ambiental, <strong>de</strong> Educação Ambiental e <strong>de</strong> Divulgação, tal como Planos<strong>de</strong> Manejo <strong>de</strong> Parques Nacionais. Neste Plano, a partir <strong>de</strong> critérios, como a criação,características e objetivos <strong>de</strong> manejo, foram <strong>de</strong>finidos os objetivos que a unida<strong>de</strong><strong>de</strong>ve cumprir, ou seja, conservar um dos mais significativos r<strong>em</strong>anescentes dasformações vegetais da região dos Campos Gerais do Paraná e assegurar a proteçãodas formações geológicas (Arenitos) que compõe a paisag<strong>em</strong> do PEVV. (IAP, 2004)Portanto, observamos que a UC <strong>em</strong> um <strong>de</strong> seus objetivos trata das formaçõesgeológicas, sendo uma das razões da sua criação. Deste modo, tais aspectos<strong>de</strong>v<strong>em</strong> ser transmitidos corretamente para os visitantes.87 Duas são <strong>de</strong> quelônios, treze <strong>de</strong> lagartos e quarenta e cinco <strong>de</strong> serpentes.88 Entre elas, na Furna Dois há uma espécie <strong>de</strong> lambari, endêmico no local e com alto risco <strong>de</strong>extinção. Pelo fato do local ser único no mundo, é um laboratório natural para o estudo <strong>de</strong> genética<strong>de</strong> populações e evolução. Mas um dos riscos para a integrida<strong>de</strong> da fauna aquática do PEVV é acontaminação promovida pelo uso <strong>de</strong> agrotóxicos largamente difundidos nas regiões limítrofes doPEVV. (ARTONI E ALMEIDA, 2001).89 Segundo o Ministério do Meio Ambiente (2000), <strong>de</strong>vido à sua composição faunística, os CamposGerais da região <strong>de</strong> Ponta Grossa foram consi<strong>de</strong>rados <strong>de</strong> muito alta importância biológica para aAvaliação e Ações Prioritárias para a Conservação da Biodiversida<strong>de</strong> da Mata Atlântica e CamposSulinos. Portanto, se as medidas indicadas no Plano <strong>de</strong> Manejo não for<strong>em</strong> tomadas, os impactos e aspressões externas serão cada vez maiores e muitas vezes irreversíveis.


115As áreas das trilhas disponíveis, centro <strong>de</strong> visitantes e estradas <strong>de</strong> acessointegram a Zona <strong>de</strong> Uso Intensivo da UC, totalizando 1,15% da superfície, sendoque os objetivos indicados para esta Zona compreend<strong>em</strong> (IAP, 2004, p. 6).Propiciar ao visitante ativida<strong>de</strong>s educativas e recreativas <strong>em</strong> ambientenatural, compatíveis com a preservação ambiental;Receber, orientar e propiciar informações e interpretação ambientalao visitante;Entretanto, as trilhas muitas vezes não são n<strong>em</strong> mesmo conduzidas por umcondutor da UC. Atualmente o número <strong>de</strong> condutores e monitores é insuficiente esomente alguns grupos dispõ<strong>em</strong> <strong>de</strong>sse serviço. De qualquer modo, o Plano indicaque os condutores <strong>de</strong>verão estar capacitados para oferecer informações corretas eprecisas sobre o ambiente. Além disso, os visitantes precisam ver um ví<strong>de</strong>o antesda realização da visita, mas este ví<strong>de</strong>o repassa informações superficiais. Portanto, aproposição <strong>de</strong> novos e mais a<strong>de</strong>quados meios interpretativos faz-se necessária <strong>em</strong>face aos objetivos da UC e a qualida<strong>de</strong> da experiência do visitante.Deste modo, a seguir são apresentadas características das três áreasdistintas que receb<strong>em</strong> visitantes, os Arenitos, as Furnas e a Lagoa Dourada.4.1.3.1 ArenitosOs Arenitos são o mais importante atrativo do PEVV, rochas esculpidas pelaação das chuvas e do int<strong>em</strong>perismo. Segundo Maack (1946, p.3) “Vila Velhaconstitui um ponto <strong>de</strong> mágica atração para todos os amigos do belo grandioso e dosque se <strong>de</strong>leitam <strong>em</strong> observar as expressões caprichosas da natureza”.Esta área do PEVV possui uma trilha <strong>de</strong> aproximadamente 2.400 metros <strong>de</strong>extensão, estacionamento, lanchonete, loja <strong>de</strong> souvenirs, Centro <strong>de</strong> Visitantes, euma sala <strong>de</strong>stinada à Educação Ambiental 90 .De acordo com o Plano <strong>de</strong> Manejo da Unida<strong>de</strong> (IAP, 2004), os Arenitospossu<strong>em</strong> gran<strong>de</strong> potencial para estudos, turismo científico e ativida<strong>de</strong>s escolares.“Para tanto <strong>de</strong>v<strong>em</strong> estar dotados <strong>de</strong> toda a estrutura necessária para o atendimento90 Durante dois anos o Parque possuiu <strong>em</strong> seu quadro <strong>de</strong> funcionários uma educadora ambiental,responsável pela realização <strong>de</strong> ativida<strong>de</strong>s educativas com visitantes, estudantes e comunida<strong>de</strong> doentorno. Entretanto, o cargo foi extinto e atualmente não há ativida<strong>de</strong>s <strong>de</strong>sse gênero na UC.


116ao visitante, com o objetivo <strong>de</strong> minimizar os impactos negativos sobre o <strong>patrimônio</strong><strong>geológico</strong> mais representativo do Paraná”. Mas, cabe aqui ressaltar <strong>em</strong> relação aosestudos na área, os mesmos não são incentivados, e <strong>em</strong> relação as ativida<strong>de</strong>sescolares a UC carece <strong>de</strong> funcionários. Portanto, para suprir a UC da estruturanecessária para o atendimento do visitante e a interpretação do ambiente espera-seque com a inauguração do Museu Geológico e Paleontológico <strong>de</strong> Vila Velha essepanorama mu<strong>de</strong> 91 .4.1.3.2 FurnasAs Furnas do PEVV estão localizadas a três quilômetros dos Arenitos e são formas<strong>de</strong> <strong>de</strong>sabamento, também chamadas feições <strong>de</strong> abatimento (MELO, 2006) ou<strong>de</strong>pressões doliniformes.São atrações que se <strong>de</strong>stacam pela sua peculiarida<strong>de</strong> natural, apresentandooutros potenciais ambientais para o <strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong> ativida<strong>de</strong>s integradas ànatureza. O local possui uma trilha pavimentada 92 permitindo acesso ao mirante 01(Furna 01) e mirante 02 (Furna 02) (Quadro 10).QUADRO 10 – Localização das principais Furnas no PEVVDenominação Latitu<strong>de</strong> Longitu<strong>de</strong> Altitu<strong>de</strong> Diâmetro Profundida<strong>de</strong>Furna VV 01 25º 13´30” 50º02´30” 848 m 80 m 107 m / 53 m com águaFurna VV 02 25º13´31” 50º02`35” 842 m 90 e 150 m 70 m / 30 m com águaFonte: SOARES, 1989, p.19.A área possui uma lanchonete <strong>de</strong>sativada, sanitários e <strong>de</strong>pósito. Oestacionamento é utilizado pelos ônibus do transporte interno e outros ônibusautorizados.Como a trilha até a Furna três está interditada para recuperação e na Furnaquatro a visita é proibida, para incr<strong>em</strong>entar a visita neste Núcleo o Plano <strong>de</strong> Manejo91 As obras civis iniciaram no começo <strong>de</strong> 2007 e a abertura ao publico está prevista para 2009. Serão3 ambientes <strong>de</strong> exposição, um auditório para a exibição <strong>de</strong> filmes, biblioteca, uma trilha interpretativae um mirante, totalizando 3.700 m². A idéia <strong>de</strong> sua concepção v<strong>em</strong> <strong>de</strong>s<strong>de</strong> o ano <strong>de</strong> 2003, no sentido<strong>de</strong> ser um espaço educacional e cultural para agregar ainda mais conhecimentos as pessoas quevisitam o Parque.92 Com paralelepípedos, <strong>em</strong> formato circular e <strong>de</strong> curta distancia (560 metros), possui capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong>carga diária <strong>de</strong> 318 visitantes. (IAP, 2004)


117sugere a criação <strong>de</strong> ativida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> arborismo 93 , entretanto, <strong>em</strong> relação aos aspectos<strong>geológico</strong>s não há sugestões e n<strong>em</strong> painéis interpretativos como os encontrados nosArenitos.4.1.3.3 Lagoa DouradaLocalizada a três quilômetros das Furnas, a Lagoa Dourada é a única Lagoaque po<strong>de</strong> ser visitada na UC (Quadro 09). A área possui infra-estrutura <strong>de</strong> banheirose seu acesso é feito somente pelos ônibus autorizados e os que circulam <strong>de</strong>ntro doParque.A Lagoa, uma antiga furna, possui ao seu redor vegetação <strong>de</strong>nsa e <strong>de</strong> gran<strong>de</strong>porte e a facilida<strong>de</strong> na observação dos peixes é um dos seus gran<strong>de</strong>s atrativos. Paraa observação das atuais características da Lagoa, uma trilha 94 permite o acesso <strong>de</strong>50 visitantes simultaneamente, s<strong>em</strong> a compactação <strong>de</strong> suas margens, como ocorriaantigamente. Para o controle do fluxo <strong>de</strong> visitantes, o Plano <strong>de</strong> Manejo (IAP, 2004)sugere no mínimo dois monitores <strong>em</strong> dias úteis e quatro nos feriados e finais <strong>de</strong>s<strong>em</strong>ana.Entretanto, nas saídas a campo realizadas com o orientador, verificou-se quenão havia monitores <strong>em</strong> dias úteis na Lagoa Dourada. Faz-se necessário omonitoramento da área por pelo menos uma pessoa, durante todos os dias <strong>em</strong> queo parque encontra-se aberto, para que o mesmo possa repassar informaçõesrelativas a interpretação ambiental e comportamento a<strong>de</strong>quado, visto que não hánenhum tipo <strong>de</strong> painel interpretativo na área.QUADRO 11 – Localização da Lagoa DouradaDenominação Latitu<strong>de</strong> Longitu<strong>de</strong> Altitu<strong>de</strong> Diâmetro Profundida<strong>de</strong>Lagoa Dourada 25º14`36” 50º13`25” 812 m 150 e 200 m 5,4 mFonte: SOARES, 1989, p.19.93 Essas ativida<strong>de</strong>s <strong>de</strong>v<strong>em</strong> ser terceirizadas, e realizadas <strong>de</strong> acordo com especificações técnicas paraa impl<strong>em</strong>entação da ativida<strong>de</strong> com a segurança necessária. Entretanto, acreditamos aqui que talsugestão não é a<strong>de</strong>quada pelo fato <strong>de</strong> que a ativida<strong>de</strong> po<strong>de</strong> causar danos à biodiversida<strong>de</strong>,principalmente a perturbação da fauna.94 Possui aproximadamente 150 metros <strong>de</strong> extensão e está elevada a 30 cm do solo, A capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong>carga máxima diária é <strong>de</strong> 507 pessoas.


118O Plano <strong>de</strong> Manejo também indica que <strong>de</strong>ve ser realizado o prolongamentoda trilha <strong>em</strong> uma plataforma panorâmica no sist<strong>em</strong>a <strong>de</strong> palafita e a instalação <strong>de</strong> umCampo <strong>de</strong> Desafios 95 nas proximida<strong>de</strong>s. Felizmente, nada ainda foi feito, poisativida<strong>de</strong>s como essas não estão <strong>de</strong> acordo com os principais objetivos da UC e vão<strong>em</strong> <strong>de</strong>sencontro com o aspecto da proteção da paisag<strong>em</strong>, fundamental <strong>em</strong> Unida<strong>de</strong>s<strong>de</strong> Conservação. Desta forma, essa e outras ativida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> turismo <strong>de</strong> aventurasugeridas para o PEVV teriam outra conotação se foss<strong>em</strong> realizadas no entorno daUC, diversificando a renda <strong>de</strong> produtores rurais e agregando valor à região.4.1.3.4 Outras informações sobre a UCO Parque funciona durante a s<strong>em</strong>ana das 8:30 ás 17:30 horas <strong>de</strong> quarta à segunda.O t<strong>em</strong>po médio para a visita somente aos Arenitos é <strong>de</strong> aproximadamente uma horae meia a duas horas. Se as Furnas e a Lagoa Dourada for<strong>em</strong> visitadas esse t<strong>em</strong>posobe para três horas e meia a quatro horas, visto que o visitante precisa se a<strong>de</strong>quaraos horários do ônibus que faz esse transporte 96 .O valor do ingresso para adultos é <strong>de</strong> R$ 10,00 por pessoa, para visitação somentedos Arenitos e mais R$ 8,00 por pessoa para visitar também Furnas e LagoaDourada 97 . Mas apesar <strong>de</strong> sua localização privilegiada <strong>em</strong> relação a outras UCsparanaenses, o Parque não v<strong>em</strong> sendo muito visitado, ao contrário do que seesperava após sua revitalização, como po<strong>de</strong> ser observado no quadro 12. Dequalquer modo, <strong>em</strong> 2007 foi a UC estadual que mais recebeu visitação <strong>em</strong> todo oEstado.QUADRO 12 Número anual <strong>de</strong> turistas no Parque Estadual <strong>de</strong> Vila VelhaUC 2001 2002 2003 2004 2005 2006PEVV 114.334 fechado fechado 69.882 61.443 56.472Fonte: Paraná Turismo, 2007.95 Esse Campo <strong>de</strong>ve ser terceirizado, sendo obrigatório o seguro pessoal e <strong>de</strong>ve ser constituído porequipamentos dispostos <strong>em</strong> forma <strong>de</strong> circuito, a uma altura média <strong>de</strong> 2m a 4m, com obstáculos quetestam o equilíbrio e a autoconfiança.96 Ou seja, às 9 horas, 11, 13: 30 e 15:30 saindo dos Arenitos. Nos finais <strong>de</strong> s<strong>em</strong>ana o ônibus faz otrajeto ininterruptamente entre as 9 e 11 horas e após o almoço, entre as 13:30 e 17 horas.97 Crianças até seis anos, <strong>de</strong>ficientes, e idosos a partir <strong>de</strong> 60 anos não pagam, estrangeiros <strong>de</strong>v<strong>em</strong>pagar R$ 25,00. Moradores <strong>de</strong> Ponta Grossa pagam meia entrada, <strong>de</strong>s<strong>de</strong> que comprov<strong>em</strong> a suaresidência na cida<strong>de</strong>.


119Entretanto, <strong>em</strong> 2007 esse número aumentou ainda mais, segundo dados doIAP, que assegura que o Parque recebeu 89.152 visitantes 98 , sendo a UC estadualque mais recebeu visitação <strong>em</strong> todo o Estado.O alto valor do ingresso, o <strong>de</strong>sconhecimento do fato <strong>de</strong> que moradorespagam meia entrada e o <strong>de</strong>sinteresse da população pod<strong>em</strong> ser os principais fatoresque influenciam na visitação turística <strong>de</strong>sta UC. Portanto, novos produtos como oMuseu Geológico e Paleontológico, a divulgação do geoturismo na região e oenfoque educativo e interpretativo ainda maior dos aspectos <strong>geológico</strong>s egeomorfológicos da UC pod<strong>em</strong> vir a mudar esse panorama.4.1.4 ASPECTOS GEOLÓGICOS E GEOMORFOLÓGICOSEste sub-capítulo trata das questões relativas a geologia e geomorfologia doPEVV, e possui especial importância pelo fato <strong>de</strong> ser tratada por esta pesquisadorae pelo orientador como o núcleo fundamental do trabalho, no sentido <strong>de</strong> que essasinformações são as que pod<strong>em</strong> ser utilizadas <strong>em</strong> ativida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> interpretaçãoambiental b<strong>em</strong> como na educação ambiental e <strong>em</strong> ativida<strong>de</strong>s geoturísticas.Observa-se que o mapa <strong>geológico</strong> da região on<strong>de</strong> está inserida a UC (Figura07), que está situada próximo ao flanco leste da Bacia do Paraná, cerca <strong>de</strong> <strong>de</strong>zquilômetros a oeste do contato erosivo (discordância angular) entre as <strong>unida<strong>de</strong>s</strong>sedimentares paleozóicas e o Embasamento Proterozóico. Neste setor da Bacia doParaná ocorr<strong>em</strong> as formações Furnas e Ponta Grossa, sobre as quais assentam-se<strong>em</strong> incorfomida<strong>de</strong> erosiva as rochas sedimentares do Grupo Itararé.98 Tal dado é muito superior aos dados apresentados <strong>em</strong> 2007 pela Paraná Turismo, o que po<strong>de</strong> terser dado <strong>de</strong>vido ao fato <strong>de</strong> que o IAP <strong>em</strong> suas estatísticas conta também todas as cortesias.


120FIGURA 07 Mapa <strong>geológico</strong> do Estado do Paraná entre Ponta Grossa e Lapa.Legenda: 1: <strong>em</strong>basamento proterozóico; 2: Formação Furnas; 3: Formação Ponta Grossa ; 4: GrupoItararé ; 5: Formação Rio Bonito ; 6: diques <strong>de</strong> diabásio; 7: principais falhas; 8: Parque Estadual <strong>de</strong>Vila Velha; 9: rodovias; 10: áreas urbanas.Fonte: MINEROPAR, 1989 modificado por Melo (2002).As <strong>unida<strong>de</strong>s</strong> que aparec<strong>em</strong> no Parque Estadual <strong>de</strong> Vila Velha (PEVV) são:Formação Furnas (Ordo-siluriano), Ponta Grossa (Devoniano), Grupo Itararé(Carbonífero-superior), diques <strong>de</strong> diabásio (Mesozóico) e sedimentos aluviais ecoluviais quaternários (FIGURA 08).


121FIGURA 08 Seção geológica esqu<strong>em</strong>ática passando pela Lagoa Dourada e VilaVelha.Fonte: Melo (B) (2002)UC.Assim sendo, a seguir são tratadas as <strong>unida<strong>de</strong>s</strong> geológicas que integram a4.1.4.1 Grupo ParanáO Grupo Paraná abrange duas formações paleozóicas: a Formação Furnasna base e a Formação Ponta Grossa no topo. Este grupo aflora nos Estados doMato Grosso, Goiás, São Paulo e Paraná e <strong>em</strong> Santa Catarina encontra-se <strong>em</strong>subsuperíficie.4.1.4.1.1Formação FurnasOs primeiros sedimentos <strong>de</strong>positados na Bacia do Paraná são consi<strong>de</strong>radoscomo <strong>de</strong> ida<strong>de</strong> ordo-siluriana por Bigarela (1973) <strong>em</strong>bora ainda hoje sejam referidoscomo sendo Devoniano ou Devoniano Superior, representado pelos arenitos daFormação Furnas. Durante a época <strong>de</strong> sua formação, o mar, transgrediugradativamente para leste.Em 1878, Derby, foi o primeiro a <strong>de</strong>screver o Arenito Furnas 99 . Para Oliveira eLeonardo (1943) essa formação integra o Grupo Faxina – Furnas sendo que maistar<strong>de</strong>, Petri (1948) propôs sua integração ao Grupo Paraná. De acordo com Maack(1946), a <strong>de</strong>signação <strong>de</strong> Arenito Furnas, originou-se <strong>de</strong> sua tendência <strong>em</strong> formar99 Derby já havia <strong>de</strong>signado o nome <strong>de</strong> Formação Serrinha, sendo que este nome foi mantido poroutros geólogos, como Cícero <strong>de</strong> Campos. Entretanto, Euzébio <strong>de</strong> Oliveira, <strong>em</strong> 1927 realizou umareforma na nomenclatura geológica do Estado e introduziu o nome Arenito das Furnas. Apesar <strong>de</strong> oantigo nome ter que prevalecer, o novo nome (inspirado na Serra das Furnas, prolongamento daSerrinha) já estava na época muito conhecido e divulgado.


122grutas e cavernas verticais. Desenvolve-se <strong>em</strong> sua base a partir <strong>de</strong> umconglomerado basal <strong>de</strong> nítida estratificação 100 paralela. A seqüência sedimentarcompreen<strong>de</strong> <strong>de</strong>pósitos <strong>de</strong> arenito fino quartzoso, com três a quatro centímetros <strong>de</strong>espessura com abundantes palhetas <strong>de</strong> moscovita. O cimento é silico-argiloso e ocascalho <strong>de</strong> quartzo apresenta-se arredondado a oval. O espaço entre os seixosgrosseiros é preenchido por cascalho fino e por areias quartzosas e moscovita <strong>de</strong>brilho esver<strong>de</strong>ado, além <strong>de</strong> uma <strong>de</strong>lgada camada basal <strong>de</strong> caolim branco.O aspecto principal do Arenito Furnas é a <strong>de</strong> um <strong>de</strong>pósito <strong>de</strong> mar raso e <strong>de</strong>praia ou <strong>de</strong> formação <strong>de</strong> <strong>de</strong>lta. A estratificação entrecruzada foi atribuída por Maack(1946) a fortes correntes e movimentação <strong>de</strong> ondas <strong>em</strong> água rasa nas regiõespróxima a praia. Como o “mar Devoniano” transgrediu <strong>de</strong> oeste e sudoeste sobre o<strong>em</strong>basamento cristalino, os primeiros <strong>de</strong>pósitos das areias do Arenito Furnas eramprogressivamente recobertas <strong>em</strong> direção leste pelas águas do mar, <strong>de</strong> modo que alinha <strong>de</strong> praia durante a transgressão era <strong>de</strong>slocada mais para leste.Quando <strong>em</strong> <strong>de</strong>composição, o Arenito Furnas se <strong>de</strong>sfaz <strong>em</strong> areia branca que éespalhada sobre o terreno pelas águas correntes. A camada <strong>de</strong> solo sobre o arenitoé muito tênue e quase s<strong>em</strong>pre <strong>de</strong> coloração cinzenta. O solo possui um pH baixo,causado pela ação <strong>de</strong> ácidos húmicos, <strong>de</strong>sse modo o revestimento florístico éconstituído por uma vegetação <strong>de</strong> gramíneas escassa, sendo que as faixas <strong>de</strong> mataquase s<strong>em</strong>pre se <strong>de</strong>senvolv<strong>em</strong> sobre os diques <strong>de</strong> diabásio.Maack (1946) afirma também que o Arenito Furnas é pobre <strong>em</strong> fósseis, porrepresentar um sedimento originado num mar frio da zona subpolar. Este autorincluiu o grupo Faxina – Furnas que possui o Arenito Furnas e conglomerado basalna Série dos Campos Gerais 101 .Schobbenhaus e Campos (1984) explicam que a Formação Furnas possuiuma espessura nunca superior a 200 metros, e abrange os estados do Paraná eSão Paulo, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul e Goiás, <strong>em</strong>bora dados <strong>de</strong>100 Estratificação é um dos aspectos mais característicos das rochas sedimentares, sendo suadisposição <strong>em</strong> estratos ou camadas.101 White (1908) apud Maack (1946) reuniu as camadas gondwânicas do Brasil meriodional sob a<strong>de</strong>nominação <strong>de</strong> Sist<strong>em</strong>a Santa Catarina, a qual sofreu varias modificações com os trabalhos <strong>de</strong>Euzébio Paulo <strong>de</strong> Oliveira, tendo sido mantida até hoje, não sendo muito mencionado, mas sendoclássica.


123perfurações da Petrobras realizadas antes <strong>de</strong> 1966 indiqu<strong>em</strong> espessuras <strong>de</strong> até 300metros.Bigarella (1968) cita a Formação Furnas como sendo constituídadominant<strong>em</strong>ente por arenitos <strong>de</strong> granulação média a grosseira, com estratificaçãocruzada (figura 09) do tipo plano tabular, às vezes acanalada. E também para esseautor, tais arenitos são friáveis apresentando textura variável, o cimento é <strong>de</strong>natureza caolínica ocorrendo <strong>em</strong> pequena proporção. Os arenitos são compostosdominant<strong>em</strong>ente por quartzo e às vezes apresentam-se feldspáticos. Neste caso ofeldspato encontra-se s<strong>em</strong>pre caolinizado e a coloração dos arenitos épredominant<strong>em</strong>ente branca sendo a coloração amarela rara.Desta forma, para o mesmo autor o ambiente <strong>de</strong> <strong>de</strong>posição é consi<strong>de</strong>radocomo marinho, próximo à costa. As areias foram transportadas por duas correntes,uma <strong>de</strong> leste para oeste (<strong>em</strong> direção ao mar) e outra <strong>de</strong> nor<strong>de</strong>ste para sudoeste(paralela à linha <strong>de</strong> praia). Sendo assim, o Arenito Furnas constitui o <strong>de</strong>pósitoresultante da transgressão marinha para leste, ocorrida no Ordo-Siluriano.FIGURA 09 As linhas amarelas d<strong>em</strong>onstram a estratificação cruzada quepo<strong>de</strong> ser observada no Arenito Furnas.Entretanto, <strong>de</strong> acordo com o Melo et al (2004) “Para alguns autores, Sanford& Lange (1960) Bigarella (1966) e Lange & Petri (1967) a formação é <strong>de</strong> orig<strong>em</strong>marinha e para outros como Northfleet et al (1969) e Schnei<strong>de</strong>r et al (1974) <strong>de</strong>orig<strong>em</strong> fluvial”. Desta forma, no folheto distribuído no Parque e nas placas instaladas


124pela Mineropar, a formação foi consi<strong>de</strong>rada como uma interação marinho/fluvial. Dequalquer modo, é importante que a interpretação do ambiente não suscite dúvidasao visitante.Em outro trabalho, Fuck e Bigarella (1967) explicam que a Formação Furnasencontra-se sobre uma superfície aplainada, referida na literatura clássica comopeneplano, por<strong>em</strong> atualmente é consi<strong>de</strong>rado um extenso pediplano. A Formação jazsub-horizontalmente sobre o <strong>em</strong>basamento cristalino inclinando-se menos <strong>de</strong> umgrau para sudoeste, ela jaz também com discordância angular sobre os filitos doGrupo Açungui e os conglomerados da Formação Camarinha. A estratificaçãocruzada caracteriza a formação <strong>de</strong>s<strong>de</strong> sua base até o topo e é observadapraticamente <strong>em</strong> todos os afloramentos, entretanto, às vezes ocorr<strong>em</strong> arenitos comestratificação plano-paralela.Na figura 10, pod<strong>em</strong>os observar o contato discordante (discordância angular)entre o <strong>em</strong>basamento cristalino e o Arenito Furnas, localizado na Serrinha, nomunicípio <strong>de</strong> Balsa Nova. Este tipo <strong>de</strong> contato, na área do PEVV não po<strong>de</strong> serobservado, pois se encontra <strong>em</strong> sub-superficie.FIGURA 10 Superfície <strong>de</strong> contato entre o <strong>em</strong>basamento cristalino (filitosdo Grupo Açungui) e o Arenito Furnas representando um extensopediplano sobre o qual o mar transgrediu.Legenda: A linha amarela assinala o contato entre as duas seqüências.


125Contudo, para uma melhor compreensão a respeito <strong>de</strong>ssa Formação, énecessário retomar alguns conceitos, como o da Deriva Continental 102 . Assim sendo,a geologia do Estado do Paraná é “irmã gêmea” da geologia da África do Sul.Segundo Bigarella (1973B) há estruturas similares entre o Grupo Table Mountain, naÁfrica do Sul, e as formações Serra Gran<strong>de</strong> e Furnas no Brasil e Caacupé noParaguai. As formações Serra Gran<strong>de</strong>, Furnas e Península (do Grupo TableMountain) também foram interpretadas como marinhas entretanto alguns autorespassaram a consi<strong>de</strong>rá-la como fluvial.No <strong>de</strong>serto do Saara, o Instituto Argeliano <strong>de</strong> Petróleo consi<strong>de</strong>rava osArenitos da Unida<strong>de</strong> II (equivalente ao Furnas) como fluvial. Numa expedição ao<strong>de</strong>serto patrocinada por esse Instituto, Seilacher encontrou algumas pistas fósseis 103<strong>de</strong> trilobitas (cruziana) <strong>de</strong> ida<strong>de</strong> ordoviciana <strong>de</strong>ntro dos estratos cruzados daUnida<strong>de</strong> II que, comprovaram o ambiente marinho raso para essa formação, umavez que os trilobitas eram animais exclusivamente marinhos. (BIGARELLA, 1973)A Formação Furnas é praticamente afossilifera, ou seja, poucos fósseis sãoachados. Não há até o momento macro-fósseis animais (BOSSETI, 2007).Entretanto, os icnofósseis são abundantes 104 . Ao mesmo t<strong>em</strong>po, na FormaçãoPenínsula na África do Sul, (equivalente á Formação Furnas) há referências <strong>de</strong> umbraquiópo<strong>de</strong> ordoviciano, o que leva a crer que o Furnas não possui ida<strong>de</strong><strong>de</strong>voniana, po<strong>de</strong>ndo ser ordo-siluriana (BIGARELLA, 1973) ou siluriana inferior(Seilacher, 105 ) .102 Assim, <strong>de</strong> acordo com a teoria das Placas Tectônicas, a América do Sul e a África pertenceram aoantigo continente <strong>de</strong> Gondwana e ao super-continente Pangéia.103 Como é principio básico nas ciências geológicas que a presença <strong>de</strong> fósseis <strong>de</strong> <strong>de</strong>terminadasespécies (plantas ou animais) nos estratos e horizontes <strong>de</strong> uma formação geológica revelam que elasviveram no ambiente <strong>de</strong> sedimentação naquele momento, po<strong>de</strong>ndo <strong>de</strong>terminar a ida<strong>de</strong> geológica daseqüência sedimentar, assim, se fósseis da mesma espécie são encontrados <strong>em</strong> dois lugaresdiferentes, os estratos que os contém <strong>de</strong>v<strong>em</strong> ser da mesma ida<strong>de</strong>. Essa é a lei das ass<strong>em</strong>bléias dafauna, estabelecida por William Smith, no século XVIII.104 Lange (1942) <strong>de</strong>screveu traços <strong>de</strong> vermes e o Prof. Giuseppi Leonardi encontrou as primeiraspistas <strong>de</strong> trilobitas nos afloramentos do Rio dos Papagaios na Rodovia que liga São Luis do Purunã aPalmeira. Seilacher encontrou pistas <strong>de</strong> trilobitas a qual atribuiu Ida<strong>de</strong> Siluriana. Entretanto, surgiramevidências <strong>de</strong> pistas fósseis <strong>de</strong> animais como trilobitas inicialmente reconhecidas no Saara e <strong>de</strong>poisno Paraná.105 Comunicação pessoal <strong>em</strong> 2005.


126Tanto na África do Sul quanto no nor<strong>de</strong>ste do Brasil, na Formação SerraGran<strong>de</strong> 106 (Piauí), exist<strong>em</strong> nítidas evidências da glaciação ordo-siluriana, on<strong>de</strong> sãoencontradas superfícies estriadas. Deste modo, Bigarella et al (1966) e Bigarella(1973), para a compreensão da paleogeografia Furnas, Serra Gran<strong>de</strong>, Caacupérealizou medições <strong>em</strong> estratos cruzados para <strong>de</strong>terminar a direção do transporte eposteriormente uma campanha <strong>de</strong> medições também foi executada na África, com oaproveitamento <strong>de</strong> trabalhos <strong>em</strong> que constavam campanhas sist<strong>em</strong>áticas d<strong>em</strong>edições <strong>de</strong> estratos cruzados na Argélia (Saara). Todo esse quadro <strong>de</strong>paleocorrentes mostrou que no antigo continente <strong>de</strong> Gondwana a área fonte dossedimentos procedia <strong>de</strong> uma área epirogeneticamente levantada, situada entre oNorte da Namíbia e o Congo, <strong>de</strong> on<strong>de</strong> procediam <strong>de</strong> forma radial todos ossedimentos. Isto é, para o Norte no Sahara, para noroeste no Nor<strong>de</strong>ste do Brasil,para oeste na Região do Paraná, para o sul na Argentina e na África do Sul.FIGURA 11 Setas indicando as direções médias das paleocorrentes<strong>de</strong>duzidas das seqüências ordovicianas e/ou silurianas da África eAmérica do Sul.Fonte: Bigarella (1973)106 Na Formação Serra Gran<strong>de</strong>, Malzhan (1957), encontrou evi<strong>de</strong>ncias <strong>de</strong> glaciação como estriasglaciais e alguns <strong>de</strong>pósitos, como os varvitos, interpretados por ele como formados durante umaglaciação supostamente <strong>de</strong>voniana.


127Como po<strong>de</strong> ser observado na figura número 11, um padrão periférico radial ésugestivo, indicando como procedência dos sedimentos uma área comum localizadano Brasil Oriental e na África Oci<strong>de</strong>ntal. As setas indicam as tendências dotransporte das seguintes formações: Unida<strong>de</strong> II (Sahara Central), Formação SerraGran<strong>de</strong> e M<strong>em</strong>bro Itaim, Formação Furnas, Formações Provi<strong>de</strong>ncia e La Tinta eGrupo Table Mountain (BIGARELLA, 1973). Portanto, po<strong>de</strong> ser visualizado que oArenito Furnas fazia parte <strong>de</strong> um sist<strong>em</strong>a peri-radial, cuja área fonte situava-se naÁfrica, passava pelo Paraná, seguindo para Oeste, até o Paraguay (Caacupé),sendo parte do continente gonduânico. A área fonte, <strong>de</strong> on<strong>de</strong> veio o material estáentre o norte da Namíbia e Congo.E, conforme a figura 12, po<strong>de</strong>-se ver a representação dos afloramentos doArenito Furnas no Brasil e Caacupé no Paraguai, on<strong>de</strong> foram realizadas<strong>de</strong>terminações <strong>de</strong> paleocorrentes, <strong>de</strong>terminando o fluxo das correntes marinhaspretéritas, responsáveis pela <strong>de</strong>posição dos sedimentos arenosos no ambient<strong>em</strong>arinho raso próximo á costa. As setas “1”, “3” e “4” refer<strong>em</strong>-se a correntesperpendiculares a linha <strong>de</strong> costa, <strong>em</strong> direção ao mar. Já a seta “2” representapaleocorrentes que fluíram paralelamente às linhas isópacas sendo interpretadascomo correndo paralelas à linha <strong>de</strong> costa pretérita.


128FIGURA 12. Paleocorrentes dos arenitos das Formações Furnas e Caacupé, naBacia do Paraná.Legenda: 1- Direção das paleocorrentes obtida na seção inferior da Formação Furnas (PR). 2-Direção das paleocorrentes dos afloramentos da seção média e superior da Formação Furnas. (PR).3- Direção das paleocorrentes dos afloramentos da Formação Furnas na parte norte da Bacia doParaná (MT e GO). 4- Direção das paleocorrentes da Formação Caacupé no Paraguay.Fonte: Bigarella, Salamuni e Marques Filho, 1966.Em continuida<strong>de</strong>, as linhas isópacas (espessuras iguais), e sua distribuiçãopretérita suger<strong>em</strong> que a transgressão marinha possivelmente avançou para leste noantigo continente Gonduana no máximo cerca <strong>de</strong> 300 quilômetros além do meridiano<strong>de</strong> Curitiba. Entretanto, anteriormente à formação da Bacia do Paraná o limite datransgressão po<strong>de</strong>ria ser maior do que o pressuposto (BIGARELLA, 2006 107 ).Deste modo, a figura 13 mostra o avanço e as áreas on<strong>de</strong> já foram erodidas,ou seja, no primeiro planalto e próximo à Serra do Mar, não é encontrada nenhumadas duas formações do Grupo Paraná, (Formação Furnas e Formação PontaGrossa). Assim, <strong>em</strong> relação à Formação Ponta Grossa, as linhas iniciam-se próximoao município <strong>de</strong> Ponta Grossa, também sofreram erosão, e o intervalo entre aslinhas é menor e a espessura po<strong>de</strong> chegar a quinhentos metros no centro da Bacia.107 Comunicação pessoal.


129FIGURA 13 – Mapa d<strong>em</strong>onstrando isópacas nas Formações Furnas e PontaGrossaLegenda: A- Mapa d<strong>em</strong>onstrando isópacas nas Formações Furnas, <strong>de</strong> acordo com dados fornecidospela Petrobrás. As linhas tracejadas indicam áreas on<strong>de</strong> as formações já foram erodidas. B- Mapad<strong>em</strong>onstrando isópacas na Formação Ponta Grossa, <strong>de</strong> acordo com dados fornecidos pela Petrobrás.As linhas tracejadas indicam áreas on<strong>de</strong> as formações já foram erodidas.Fonte:BIGARELLA, SALAMUNI & MARQUES FILHO 1966Desta forma, a Formação Furnas, com ida<strong>de</strong> <strong>de</strong> aproximadamente 450milhões <strong>de</strong> anos, é recoberta na maior parte da bacia, pela formação Ponta Grossa,abordada a seguir.4.1.4.1.2 Formação Ponta GrossaSeu nome <strong>de</strong>riva da cida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Ponta Grossa, on<strong>de</strong> afloram os folhelhos 108fossilíferos <strong>de</strong>scritos inicialmente por Derby, <strong>em</strong> 1878, possuindo entre c<strong>em</strong> eduzentos metros <strong>de</strong> espessura (OLIVEIRA e LEONARDOS, 1943). Como umaunida<strong>de</strong> foi proposta por Petri, <strong>em</strong> 1948. São camadas argilosas abundant<strong>em</strong>entefossilíferas dos terrenos <strong>de</strong>vonianos, próximos à cida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Ponta Grossa, e suaestrutura sedimentar predominante é a plano-paralela.De acordo com vários autores e entre eles Santos et. al, (1984) a FormaçãoPonta Grossa é constituída por folhelhos, folhelhos siltícos e siltitos cinza escuros e108 Um folhelho é uma rocha sedimentar finamente laminada, constituída <strong>de</strong> material muito fino(GUERRA, 2003).


130pretos, localmente carbonosos, fossiliferos, micáceos, com intercalações <strong>de</strong> arenitoscinza-claro, finos e muito finos, grãos angulares e subangulares, argilosos,micáceos, fossiliferos, localmente formando bancos <strong>de</strong> até cinco metros <strong>de</strong>espessura. Quando alterada, esta formação apresenta cores variadas,predominando as cores amarela, roxo e castanho.Nesse folhelho são encontradas diversas espécies <strong>de</strong> fósseis representativosda paleofauna do Devoniano 109 . Para Guimarães (2001, p.430)É graças ao papel <strong>de</strong> megac<strong>em</strong>itério exercido por rochas encontradas <strong>em</strong>Ponta Grossa, Tibagi ou Jaguariaiva que se reconhece aquela queprovavelmente é a mais notória das características geológicas da região:“Ponta Grossa já foi fundo <strong>de</strong> mar”.Maack (1947) instituiu o nome <strong>de</strong> Grupo Santa Rosa para os folhelhos <strong>de</strong> SãoDomingos, Arenito <strong>de</strong> Tibagi e folhelhos <strong>de</strong> Ponta Grossa. Lange & Petri (1975),transformaram as idéias <strong>de</strong> Maack, dando o status <strong>de</strong> m<strong>em</strong>bros: Jaguariaíva, Tibagie São Domingos, todos <strong>de</strong>positados <strong>em</strong> ambiente marinho relativamente raso. Dequalquer maneira, o conteúdo fossilifero incluiu-se na Província Malvinocáfrica 110 , eo caráter peculiar da fauna <strong>de</strong>ssa Província tornou-se mais evi<strong>de</strong>nte <strong>de</strong>pois dotrabalho <strong>de</strong> Boucot e Gill (1956), o que a diferencia da fauna <strong>de</strong>voniana Boreal(LANGE e PETRI, 1967).Schobbenhaus e Campos (1984, apud Petri e Men<strong>de</strong>s, 1977) referindo-sesobre a Formação Ponta Grossa explicam que, o mar <strong>de</strong>voniano 111 parece ter sidoraso, <strong>em</strong> vista da extensa <strong>de</strong>posição <strong>de</strong> arenitos, tendo avançado sobre umasuperfície <strong>de</strong> aplainamento, trabalhada durante gran<strong>de</strong> parte do Siluriano. Apresença <strong>de</strong> restos <strong>de</strong> plantas terrestres sugere proximida<strong>de</strong> da costa. Durante o109 Os <strong>de</strong>scritos por Clarke <strong>em</strong> 1913 e citados por Oliveira e Leonardos (1943) são: anelí<strong>de</strong>os,crustáceos, cefalópo<strong>de</strong>s, conularí<strong>de</strong>os, gastrópo<strong>de</strong>s, pelecípo<strong>de</strong>s, braquiópo<strong>de</strong>s, equino<strong>de</strong>rmas eespongiários.110 O termo Malvinocáfrico provém da reunião dos nomes das duas regiões <strong>de</strong> ocorrência da faunaaustral <strong>de</strong> Clarke (1913): as Ilhas Malvinas e a província do Cabo na África do Sul. Este termo foicriado para <strong>de</strong>finir e caracterizar a fauna <strong>de</strong> invertebrados marinhos ocorrentes nas formações<strong>de</strong>vonianas <strong>de</strong> gran<strong>de</strong> parte do h<strong>em</strong>isfério sul (BOSSETI, 2007)111 Tal mar era aceito pelos vários autores da época, entretanto, pesquisas mais recentes consi<strong>de</strong>ramque esta transgressão marinha foi realizada <strong>em</strong> período anterior, ou seja, Ordo-Siluriano ou Siluriano.


131neo<strong>de</strong>voniano, houve t<strong>em</strong>pos <strong>em</strong> que o mar foi tão raso que as vagas afetaram ossedimentos do fundo, a julgar pela presença <strong>de</strong> inúmeras irregularida<strong>de</strong>s: diast<strong>em</strong>as,marcas <strong>de</strong> ondas e estruturas provavelmente originadas por metazoáriosvermiformes.A Formação Ponta Grossa constitui a Unida<strong>de</strong> superior do Grupo Paraná,situada acima das rochas da Formação Furnas, e é capeada pelas rochas do GrupoItararé. O contacto entre o Grupo Paraná e Grupo Itararé é normalmenterepresentado por uma inconformida<strong>de</strong> erosiva, porém <strong>em</strong> certos locais éaparent<strong>em</strong>ente concordante. A inconformida<strong>de</strong> erosiva representa um gran<strong>de</strong> hiato<strong>de</strong> t<strong>em</strong>po <strong>de</strong> não <strong>de</strong>posição e/ou erosão, sendo que a ida<strong>de</strong> da formação estácompreendida entre 408 e 362 milhões <strong>de</strong> anos, <strong>de</strong>ntro do Período Devoniano(Bigarella, comunicação pessoal).4.1.4.2 Grupo ItararéEste grupo representa a unida<strong>de</strong> basal do Subgrupo Tubarão, que possuiida<strong>de</strong> permo-carbonífera. Maack enfatiza a ida<strong>de</strong> Carbonífero superior para oSubgrupo Itararé, o qual é formado por uma associação <strong>de</strong> litotipos, como os tilitos,diamictitos, arenitos, varvitos e folhelhos, que foram <strong>de</strong>positados sob diversascondições tais como glaciais, peri-glaciais (fluvio-glaciais), glacio-marinhas einterglaciais. Essas <strong>de</strong>posições ocorreram <strong>em</strong> virtu<strong>de</strong> do avanço e recuo(<strong>de</strong>rretimento) das geleiras existentes no Continente Gondwana.A divisão estratigráfica do Grupo Itararé é relativamente imprecisa e confusa,<strong>de</strong>vido a sua natureza heterogênea. Diversos autores criaram sua própria divisão, oque até hoje suscita duvidas.Maack (1947, p. 115) <strong>em</strong> suas pesquisas cita que:A glaciação no Brasil Meriodional iniciou-se possivelmente no Namuriano,prolongando-se para aquém do andar Moscoviano do Carbonifero Superior.Estas camadas jaz<strong>em</strong> sobre os <strong>de</strong>pósitos <strong>de</strong>vonianos <strong>em</strong> leve discordânciaangular <strong>de</strong> 15-18 minutos <strong>de</strong> arco. Os sedimentos continental-glaciais eglacial-lacustres, argilas glaciais (varvitos e peloditos), tilitos, conglomeradosglaciais lavados e por arenitos eólicos e loess.


132No final do Carbonífero e início do Permiano houve uma gran<strong>de</strong> glaciação(Permo-carbonifera) entre cerca <strong>de</strong> 320 e 280 milhões <strong>de</strong> anos atrás. SegundoBeurlen 1964 (apud Schobenhauss e Campos, 1984), o centro da glaciaçãogondwânica estava situado no su<strong>de</strong>ste da bacia do Paraná e o gelo esten<strong>de</strong>u-separa oeste, noroeste e norte.FIGURA 14 Esqu<strong>em</strong>a d<strong>em</strong>onstrativo do avanço da geleira na região dosCampos Gerais.Legenda: Amarelo – Formações Furnas e Ponta Grossa, sobre a qual avança o gelo. Branco:Glaciação Gondwanica (avanço da geleira para o norte). Vermelho ++++: Intrusões graníticas noEmbasamento Cristalino. Vermelho e preto (línguas): Grupo Açungui.Fonte: Bigarella, 1954.As geleiras que avançaram para o norte provocaram erosão sobre as rochas,incorporando enorme quantida<strong>de</strong> <strong>de</strong> <strong>de</strong>tritos, <strong>de</strong> tamanhos variados até enormesmatacões. Durante o avanço, o material incorporado na geleira movia-se porgravida<strong>de</strong> <strong>em</strong> direção a base da geleira originando um <strong>de</strong>posito <strong>de</strong>trítico contendopartículas <strong>de</strong>s<strong>de</strong> silte até matacões e pequena quantida<strong>de</strong> <strong>de</strong> argila, originando otilito (morena basal). Evidências <strong>de</strong>sse avanço pod<strong>em</strong> ser observadas <strong>em</strong>Witmarsum, no Paraná, no primeiro Sitio Geológico do Estado a receber um painelinterpretativo, realizado pela Mineropar. (Figura 14)


133FIGURA 15 Estrias glaciais <strong>em</strong> Witmarsum (Palmeira – PR)Legenda: As linhas amarelas indicam os sulcos e a direção do movimento da geleira.Segundo Bigarella (1968) essas estrias glaciais, representadas por sulcos quepod<strong>em</strong> ser observadas na figura 15, d<strong>em</strong>onstram que, (p. 24),As geleiras <strong>em</strong> ambas as glaciações (Rio do Salto e Cancela) provieram dosul avançando para o norte. Em ambos os casos o avanço do gelo sobre osubstrato <strong>de</strong>ixou profundos sulcos e ranhuras na superfície das rochassubjacentes...Trata-se <strong>de</strong> rara ocorrência geológica documentativa dapassag<strong>em</strong> das geleiras durante o Carbonífero Superior brasileiro.Assim, juntamente com a figura 16 pod<strong>em</strong>os concluir que as geleirasavançaram sobre a região on<strong>de</strong> hoje afloram os arenitos do Parque Estadual <strong>de</strong> VilaVelha, d<strong>em</strong>onstrando assim através <strong>de</strong>sses sinais a passag<strong>em</strong> do gelo pela região.Pela proximida<strong>de</strong> e pelo fato <strong>de</strong> encontrarmos varvitos abaixo dos Arenitos <strong>de</strong> VilaVelha, pod<strong>em</strong>os sugerir com mais precisão que o conjunto rochoso <strong>de</strong> Vila Velha é<strong>de</strong> orig<strong>em</strong> predominant<strong>em</strong>ente glacial e não marinha.


134FIGURA 16- Localização e orientação das estrias produzidas pelasglaciações do Carbonífero Superior no Segundo Planalto do Paraná.Legenda: O diagrama superior <strong>de</strong>staca no Paraná, a área <strong>de</strong> ocorrência dos <strong>de</strong>pósitos doSub-Grupo Itararé, b<strong>em</strong> como indica a resultante das diversas medições efetuadas. 1- Médiada direção das estrias glaciais (N02o W-S02oE). 2a- Sentido médio do sentido das geleiras<strong>de</strong>duzido do petrofabrico dos tilitos (N20ºW); 2b- Sentido médio da imbricação dos seixoslongos nos tilitos (S20ºE); 2d-Direção média do eixo maior dos eixos alongados nos tilitos(N36ºW – S36ºE); 3- Sentido médio das paleocorrentes <strong>de</strong>duzidas dos estratos cruzados dosarenitos peri-iglaciais.Fonte: Bigarella, 1973. (baseado <strong>em</strong> Bigarella et al, 1967)E também, a água do <strong>de</strong>gelo <strong>de</strong>ssas geleiras formava pequenos cursosd’agua, selecionando os <strong>de</strong>tritos que a compunham, originando os atuaisconglomerados, diamictitos, arenitos, siltitos e varvitos. (SOARES, 2003). Ou seja,formaram-se <strong>de</strong>pósitos aluviais representados por corridas <strong>de</strong> areia, pontes fluviaisdos canais anastomosados que permitiram <strong>de</strong>terminar a direção <strong>de</strong> transporte dossedimentos. Além disso, <strong>em</strong> <strong>de</strong>terminados locais formaram-se lagos peri-glaciais,on<strong>de</strong> originaram-se as camadas <strong>de</strong> varvitos, que confirmam a orig<strong>em</strong> fluvio-glacialdos Arenitos <strong>de</strong> Vila Velha.


135FIGURA 17- Sentido das paleocorrentes.Legenda: A seta maior refere-se à média das localida<strong>de</strong>s estudadas.Fonte: Bigarela, (1973b).Na figura 17, po<strong>de</strong>-se observar o sentido das paleocorrentes <strong>de</strong>duzidos apartir <strong>de</strong> estratos cruzados dos arenitos periglaciais do Grupo Itararé. A seta maiorindica a média da direção das localida<strong>de</strong>s estudadas (BIGARELLA, 1973 b).Assim, esta caracterização do Grupo Itararé foi feita, pois o mesmo éimportante por englobar o Arenito Vila Velha, principal arenito que po<strong>de</strong> ser utilizado<strong>em</strong> ativida<strong>de</strong>s interpretativas na UC.4.1.4.2.1 Arenito Vila VelhaEste arenito é parte do pacote sedimentar paleozóico, Formação Campo doTenente, incluído no Grupo Itararé, originada <strong>de</strong> <strong>de</strong>pósitos flúvio-glaciais e compostopor arenitos avermelhados, siltitos, ritmitos (varvitos) e diamictitos.Em contraste com o Arenito Furnas, o Arenito Vila Velha possui tons quevariam entre o vermelho-claro e o vermelho-pardo muito escuro com salpicosbrancos <strong>de</strong> caolim. Apresenta uma esfoliação imbricada com escamas salientessobrepostas umas as outras, há uma diáclase vertical muito regular e paralela, comorientação nas direções N 33º E e N 60º E.De acordo com Passos et al (inédito) os Arenitos <strong>de</strong> Vila Velha <strong>de</strong>stacam-secom o aplainamento generalizado do segundo planalto, on<strong>de</strong> as superfícies mais


136recentes <strong>de</strong>senvolveram suaves colinas ou patamares amplos nas encostas suaves<strong>de</strong>senvolvidas sobre os <strong>de</strong>pósitos paleozóicos consolidados, com suas feiçõespeculiares como pequenas escarpas rochosas, fortalezas e outras feiçõesruiniformes. E ainda,Mo<strong>de</strong>lados sob o <strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong> antigas superfícies <strong>de</strong> aplainamento,as rupturas <strong>de</strong> <strong>de</strong>clive i<strong>de</strong>ntificadas <strong>em</strong> seções topográficas <strong>de</strong>stacam o fronterosional residual <strong>de</strong>stas superfícies nas linhas <strong>de</strong> interfluvios comor<strong>em</strong>anescentes residuais preservados pelas suas características estruturais.Deste modo, enquanto o Arenito Furnas se apresenta <strong>em</strong> bancos ou lages, oArenito Vila Velha apresenta uma pronunciada esfoliação imbricada ao lado <strong>de</strong> uma<strong>de</strong>composição <strong>em</strong> blocos paralelepípedos ou quadrados ao longo das linhasestruturais. Penteado (1983) <strong>em</strong> relação aos arenitos <strong>de</strong> uma forma <strong>em</strong> geral afirmaque os mesmos pod<strong>em</strong> se ass<strong>em</strong>elhar aos granitos <strong>em</strong> certos traços, mas comorochas sedimentares, apresentam, além dos planos <strong>de</strong> diaclasamento, planos <strong>de</strong>estratificação. Essas estruturas são observadas no Arenito Vila Velha, <strong>em</strong>bora aestratificação não seja pro<strong>em</strong>inente, <strong>de</strong>stacando-se a superposição <strong>de</strong> camadas <strong>em</strong>bancos, s<strong>em</strong> estratificação visível.Para Maack (1946) não existe a menor dúvida sobre o caráter fluvio-glacial<strong>de</strong>ste arenito e sua participação na Série “Itararé”, confirmada pela presença <strong>de</strong>fenoclastos e uma camada <strong>de</strong> varvitos na base do Arenito Vila Velha. Mas paraoutros autores, as opiniões sobre a orig<strong>em</strong> do Arenito Vila Velha ainda suscitamduvidas 112 . Mas <strong>de</strong> qualquer forma, apesar <strong>de</strong> todas essas opiniões, após omapeamento da área, continuava-se com a idéia <strong>de</strong> que Vila Velha é resultado <strong>de</strong>112Em 1967, foi realizado o “I International Symposium on the Gondwana Stratigraphy andPaleontology”, <strong>em</strong> Mar <strong>de</strong>l Plata (Argentina). Esse simpósio contou com uma excursão <strong>de</strong> campo queatravessou Estados do Sul do Brasil e Uruguai, on<strong>de</strong> a cada parada eram observados assuntos <strong>de</strong>interesse do grupo, previamente citados e comentados no Gui<strong>de</strong> Book n. 3, organizado por Bigarellaet al. Ao comentar sobre os Arenitos, os autores citam Carvalho, que num trabalho <strong>de</strong> 1941 classificaVila Velha como marinha e Maack que <strong>em</strong> 1946, 1947 e 1956 consi<strong>de</strong>ra sua orig<strong>em</strong> como sendofluvio-glacial. Essa opinião não é aceita por Rich, que <strong>em</strong> 1953 cita que o material parece que foiretrabalhado pelas ondas <strong>de</strong> um corpo consi<strong>de</strong>rável <strong>de</strong> água. Por outro lado, Beurlen, <strong>em</strong> 1955aceitava <strong>em</strong> parte as idéias <strong>de</strong> Rich, acreditando que o Arenito Vila Velha equivale ao primeiro tilitoencontrado na área, idéia baseada na posição estratigráfica dos arenitos e pela observação dosprimeiros tilitos nas vizinhanças da cida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Ponta Grossa, <strong>em</strong> quase todas as suas ocorrências,cont<strong>em</strong> fácies arenosas que podia ter <strong>de</strong>rivado do retrabalhamento do Arenito Furnas. (BIGARELLAet al, 1967).


137<strong>de</strong>pósito <strong>de</strong> um lago periglacial da glaciação Rio do Salto, correspon<strong>de</strong>ndo aoprimeiro episódio glacial <strong>de</strong> gran<strong>de</strong> extensão na região.Na superfície superior <strong>de</strong> Vila Velha po<strong>de</strong>-se observar uma re<strong>de</strong> <strong>de</strong> fendas,diáclases e linhas estruturais que se entrecruzam. As duas direções principais <strong>de</strong>diáclases foram seguidas <strong>em</strong> perfeito paralelismo pelo retalhamento dos paredões,dos blocos quadrados ou poligonais, colunas e corredores. Essas direções pod<strong>em</strong>ser observadas na figura 18.Figura 18- Direções principais <strong>de</strong> diáclases.Legenda: As direções orientam-se <strong>de</strong> N 60 o para 240 o W e <strong>em</strong> duas direções transversais <strong>de</strong>N 120 O para 300 o W e N100 o E para 280 o W, e mais uma secundária, <strong>de</strong> N 42 o E para 222 o WFonte: Maack (1946)Essas direções pod<strong>em</strong> ser constatadas claramente durante as caminhadaspelos corredores, fendas e diáclases, na <strong>de</strong>nominada Trilha do Bosque.4.1.4.2.1.1 Varvito:No Parque Estadual <strong>de</strong> Vila Velha, os varvitos são avermelhados e estão localizadosna base do arenito flúvio-glacial. Também integram o Grupo Itararé, que paraMaack (1947) abrang<strong>em</strong> <strong>de</strong>pósitos continental-glaciais e glacial-marinhos daglaciação gondwânica.


138Bigarella et al, (1985), afirmam que o varvito do Grupo Itararé (Carbonífero Superior)foi <strong>de</strong>positado num lago periglacial durante o recuo das geleiras da glaciação Rio doSalto (Figura 19).FIGURA 19- Desenho representando o avanço e recuo das geleiras,respectivamente.Legenda: No recuo das geleiras observa-se a formação <strong>de</strong> um lago periglacial, e no fundo<strong>de</strong>ste lago foram <strong>de</strong>positados os varvitos.Nas décadas <strong>de</strong> 60 e 70 o local on<strong>de</strong> se encontravam os varvitos era utilizado<strong>em</strong> saídas <strong>de</strong> campo por professores da área <strong>de</strong> geologia, pois propiciavam ummelhor entendimento da orig<strong>em</strong> da região 113 . Mas, com a construção da estradapavimentada que liga o centro <strong>de</strong> visitantes à antiga piscina (figura 20), esse local seper<strong>de</strong>u.113 Já o Boletim Paranaense <strong>de</strong> geociências, n. 33, editado por Bigarella e Becker, <strong>em</strong> 1975, trouxe,entre outras contribuições e t<strong>em</strong>as para discussão, o itinerário da excursão realizada por ocasião doSimpósio Internacional do Quaternário, <strong>em</strong> Julho do mesmo ano. Essa excursão contou com apresença <strong>de</strong> geólogos, geógrafos e pedólogos <strong>de</strong> <strong>de</strong>zenove países. Partiu <strong>de</strong> Curitiba com <strong>de</strong>stino aSão Leopoldo, no Rio Gran<strong>de</strong> do Sul. Na área do Parque Estadual <strong>de</strong> Vila Velha, foi realizada umaparada, para observar as formas características do Arenito Vila Velha e também a camada <strong>de</strong>varvitos.


139FIGURA 20- Construção da estrada interna; Abertura <strong>de</strong> trincheiras,acompanhadas pelo orientador.Fonte: J.J Bigarella (arquivo pessoal)Deste modo, como os varvitos são <strong>de</strong> suma importância no conhecimento dahistória geológica da UC e peça fundamental na interpretação do ambiente, foramfeitas saídas a campo para a realização <strong>de</strong> sondagens com trado com o intuito <strong>de</strong>localizar novamente essas camadas <strong>de</strong> varvito. Com o auxílio <strong>de</strong> uma equipeoperacional do Parque, e munidos somente <strong>de</strong> fotos <strong>de</strong> livros do Prof. Maack, dadécada <strong>de</strong> 40, após diversas tentativas <strong>de</strong> sondagens na data <strong>de</strong> 10 <strong>de</strong> outubro <strong>de</strong>2006, <strong>em</strong> 25º 15’ 05” <strong>de</strong> latitu<strong>de</strong> Sul e 50º 00’10” <strong>de</strong> longitu<strong>de</strong> Oeste, foramreencontrados os afloramentos <strong>de</strong> varvitos, a aproximadamente um metro abaixo dasuperfície.O propósito da busca do afloramento foi a <strong>de</strong> encontrar um sitio que possa serutilizado no futuro <strong>em</strong> ativida<strong>de</strong>s interpretativas, educativas e geoturisticas. Paratanto, faz-se necessária a abertura <strong>de</strong> uma trilha com os <strong>de</strong>vidos cuidados <strong>de</strong>segurança e <strong>de</strong> proteção contra ofídios. De qualquer forma, amostras do varvitoserão visualizadas no Museu Geológico e Paleontológico <strong>de</strong> Vila Velha.


140FIGURA 21- Varvito recém encontrado e a d<strong>em</strong>onstração da seqüência <strong>de</strong>estratosLegenda: O <strong>de</strong>senho apresenta a seqüência <strong>de</strong> estratos <strong>em</strong> três anos consecutivos. Os sedimentosmais grossos e mais escuros correspond<strong>em</strong> a um período mais quente e os sedimentos mais finos <strong>em</strong>ais claros a um período mais frio.Nas amostras coletadas, como a da figura 21, pod<strong>em</strong> ser vistos seixospingados (caídos) <strong>de</strong> pequenos “icebergs”. A seqüência <strong>de</strong> estratos, um mais grossoe mais escuro e outro mais fino e mais claro, representam a <strong>de</strong>posição durante umperíodo mais quente e outro mais frio, respectivamente.O varvito é um ritmito 114 , que neste caso foi formado num lago periglacial, eseus estratos são rítmicos. Contando-se o numero <strong>de</strong> varves, sabe-se <strong>em</strong> quantosanos se <strong>de</strong>positou toda a seqüência. Ou seja, os varvitos, por apresentar<strong>em</strong> essascaracterísticas, pod<strong>em</strong> ser consi<strong>de</strong>rados papel chave na interpretação <strong>de</strong> todo oconjunto do Parque Estadual <strong>de</strong> Vila Velha, d<strong>em</strong>onstrando que a área s<strong>em</strong> duvida foicoberta por geleiras.114 O termo Ritmito é usado <strong>em</strong> qualquer tipo <strong>de</strong> sedimentação cíclica e o termo Varvito é restrito apares <strong>de</strong> <strong>de</strong>posição anuais.Assim, todas os varvitos são ritmitos mas n<strong>em</strong> todos os ritmitos sãovarvitos (DE GEER, 1912 apud EASTERBROOK, 1999)


141FIGURA 22- Esqu<strong>em</strong>a representativo <strong>de</strong> um lago periglacial on<strong>de</strong> foram<strong>de</strong>positados varvitos.Legenda: A presença dos clastos <strong>em</strong> meio as varves são <strong>de</strong>correntes da liberação <strong>de</strong>ssesfragmentos a partir <strong>de</strong> massas <strong>de</strong> gelo, como os icebergs.Baseado <strong>em</strong>: Cosmocaixa Barcelona, 2007.No Brasil, os varvitos não ocorr<strong>em</strong> somente nessa área. A figura 22, baseada<strong>em</strong> um painel eletrônico apresentado no Museu Cosmocaixa, <strong>em</strong> Barcelona naEspanha, retrata os varvitos do Parque do Varvito 115 , <strong>em</strong> Itu - São Paulo, documentoclássico da glaciação neopaleozóica e consi<strong>de</strong>rada a melhor exposição <strong>de</strong> ritmitoglacial conhecida na Bacia do Paraná (ROCHA-CAMPOS, 2002).Já os varvitos localizados no Parque Estadual <strong>de</strong> Vila Velha apresentampequenos fenoclastos (granulação grosseira), indicando um importante registro qued<strong>em</strong>onstra o episodio do recuo das geleiras.115 O Parque foi criado com a intenção <strong>de</strong> integrar a proteção e valorização <strong>de</strong>sse important<strong>em</strong>onumento <strong>geológico</strong>, representado pela pedreira <strong>de</strong> varvito, com o aproveitamento planejado daárea para ativida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> lazer e educação ambiental. O Parque, é o sitio <strong>geológico</strong> número 62,reconhecido pelo SIGEP. O Varvito <strong>de</strong> Itu é um ritmito constituído por sucessão regular <strong>de</strong> pares <strong>de</strong>litologias incluindo camada/lamina inferior, mais grossa, clara, <strong>de</strong> arenito fino-siltito, encimada porlâmina mais fina, escura, <strong>de</strong> siltito/argilito. O contato é discordante entre os pares e brusco entre osestratos claro e escuro <strong>de</strong> cada par. A espessura das camadas / lâminas claras varia verticalmente,mas a das lâminas escuras mant<strong>em</strong>-se constante. São também notáveis, <strong>em</strong>bora relativamente raros,dispersos no varvito, clastos caídos <strong>de</strong> tamanho e composição diversos e montículos <strong>de</strong> <strong>de</strong>tritosglaciogenicos liberados <strong>de</strong> gelo flutuante (icebergs). (ROCHA-CAMPOS, 2002)


142FIGURA 23- Arqueamento da superfície sugere a compactação dascamadas argilosas do varvito e <strong>em</strong>baciamento do Arenito.Outro fator envolvido com a camada dos varvitos <strong>de</strong>positadas no lagoperiglacial é o arqueamento que po<strong>de</strong> ser observado na figura 23. Este arqueamento(uma sinclinal muito suave), provavelmente foi originado pela compactação dosestratos argilosos das camadas <strong>de</strong> varvito, po<strong>de</strong>ndo ser causado pela perda da águado sedimento argiloso.Assim sendo, o local on<strong>de</strong> foram encontradas as camadas <strong>de</strong> varvitos serãoimportantes na composição <strong>de</strong> um roteiro geoturistico, nos dioramas que serãoapresentados no museu e principalmente na interpretação ambiental dageodiversida<strong>de</strong> do Parque.4.1.4.3 O Arco <strong>de</strong> Ponta Grossa:O Arco <strong>de</strong> Ponta Grossa foi o responsável pela atual configuração topográficada impropriamente <strong>de</strong>nominada Escarpa Devoniana 116 . Representa um dobramento<strong>de</strong> fundo, que aqui foi elevado e <strong>em</strong> contra-partida na região <strong>de</strong> Torres (RS) o<strong>em</strong>basamento sofreu uma <strong>de</strong>pressão.Resumidamente, o Arco <strong>de</strong> Ponta Grossa originou-se <strong>de</strong> um gran<strong>de</strong>arqueamento, levantando parte das seqüências sedimentares. Na região do Arco <strong>de</strong>Ponta Grossa, a espessura das camadas paleozóicas e mesozóicas é menor do queaquelas localizadas ao sul e ao norte do Arco.116 Impropriamente, pois a Escarpa não possui rochas <strong>de</strong>vonianas e não foi formada durante estePeríodo (Bigarella, comunicação pessoal).


143Segundo o Relatório <strong>de</strong> Caracterização do Patrimônio Natural dos CamposGerais (UEPG, 2003, p.42), o Arco <strong>de</strong> Ponta Grossa marcou profundamente ageologia e geomorfologia impares do Estado do Paraná, s<strong>em</strong> paralelo no Brasil. Éresponsável por:a) fraturas, falhas e enxames <strong>de</strong> diques, predominant<strong>em</strong>ente <strong>de</strong> diabásio,<strong>de</strong> direção NW-SE, os quais controlam o relevo e a hidrografia locais,como é o caso do Canyon do Guartelá;b) concavida<strong>de</strong> do contato dos sedimentos paleozóicos da Bacia do Paranásobre o <strong>em</strong>basamento e exposição <strong>de</strong> <strong>unida<strong>de</strong>s</strong> inferiores (FormaçõesFurnas e Ponta Grossa) não aflorantes <strong>em</strong> muitos locais da bacia; estareentrância correspon<strong>de</strong> a r<strong>em</strong>oção erosiva dos sedimentos paleozóicosnas porções mais soerguidas do arqueamento;c) escalonamento do relevo <strong>em</strong> planaltos <strong>de</strong> orig<strong>em</strong> erosiva no Estado doParaná, resultantes da conjugação do efeito do levantamento tectônicono Arco <strong>de</strong> Ponta Grossa com a erosão diferencial agindo sobre asrochas da Bacia do Paraná e <strong>em</strong>basamento proterozóico a ordoviciano.Com o levantamento do arco <strong>de</strong> Ponta Grossa, a inclinação regional doarenito Furnas inclina perifericamente ao Arco para SW, para oeste e para NW,numa inclinação <strong>de</strong> cerca <strong>de</strong> um grau. De acordo com Sahr e Pereira (2002), ospacotes sotopostos no <strong>em</strong>basamento não agüentaram esta elevação forçada e porcausa da pouca elasticida<strong>de</strong> quebraram, abrindo fissuras, pelas quais entravamaterial magmático para a superfície. Hoje esses diques <strong>de</strong> diabásio pod<strong>em</strong> serobservados <strong>em</strong> várias regiões do município.Entretanto, no PEVV o arco não po<strong>de</strong> ser observado pois sua inclinação émuito suave, <strong>de</strong>ste modo, foi caracterizado aqui somente pelo fato <strong>de</strong> integrar ageologia da região.4.1.5 Aspectos GeomorfológicosDes<strong>de</strong> o final do Cenozóico e durante o Quaternário, o sul do Brasil sofreudiversas mudanças climáticas entre condições e climas s<strong>em</strong>i-áridos e úmidos,circunstâncias que <strong>de</strong>terminaram muitos dos aspectos morfo-climáticos que tantomarcam a paisag<strong>em</strong> do Brasil meridional (BIGARELLA e SALAMUNI, 1961).


144Assim, a paisag<strong>em</strong> que v<strong>em</strong>os atualmente no PEVV t<strong>em</strong> como característicaum relevo ondulado com escarpas e platôs. Este planalto constitui um doscompartimentos do relevo escalonado do Paraná, com topos nivelados <strong>em</strong> níveissituados entre 1100 e 800 metros com suave caimento para oeste. (MELO, 2003).Sendo que essa paisag<strong>em</strong> atrai turistas e estudiosos pela sua diversida<strong>de</strong> e seusaspectos paisagísticos.Devido a sua situação geológica e geomorfológica no reverso da EscarpaDevoniana (limite natural entre o 1º e 2º Planaltos do Paraná) propiciou condiçõespara o aparecimento <strong>de</strong> diversas feições singulares, muito belas e interessantes,colocando a região no mesmo nível <strong>de</strong> importância <strong>de</strong> Parques Nacionais como o daChapada dos Guimarães (MT), Chapada Diamantina (BA) e Sete Cida<strong>de</strong>s (PI), entreoutros. Essas feições geomorfológicas que integram o <strong>patrimônio</strong> natural dosCampos Gerais, são representadas por macro feições da paisag<strong>em</strong>, meso e microfeições <strong>de</strong>rivadas <strong>de</strong> processos erosivos presentes na Formação Furnas e GrupoItararé. (UEPG, 2003)Em relação à geomorfologia do Arenito Vila Velha, constata-se que suasformas resultam da ação das águas pluviais, da energia solar, das mudanças ealterações <strong>de</strong> t<strong>em</strong>peratura e <strong>de</strong> ativida<strong>de</strong>s orgânicas sobre as rochas. A açãoerosiva nas rochas <strong>de</strong>senvolve-se através <strong>de</strong> <strong>de</strong>scontinuida<strong>de</strong>s e <strong>de</strong> zonas <strong>de</strong>fraquezas naturais, como fraturas, falhas, estruturas sedimentares, textura ecimentação.Segundo Ab´Saber (apud IAP, 2000):O platô <strong>de</strong> Vila Velha apresenta-se como um morro test<strong>em</strong>unho <strong>em</strong> ruínas,sustentado por arenitos muito <strong>de</strong>sfeitos pela erosão, contrastando com outrosplatôs areníticos próximos, menos dissecados. Aparent<strong>em</strong>ente esta diferençareflete, sobretudo o estado erosivo mais avançado <strong>em</strong> que se encontra VilaVelha, constituindo uma paisag<strong>em</strong> <strong>de</strong> exceção, marcada pela bizarria <strong>de</strong> suasformas topográficas, os relevos ditos ruiniformes.Portanto, esse relevo ruiniforme surge <strong>de</strong>vido à erosão e o int<strong>em</strong>perismo,causado por diversos fatores. Um <strong>de</strong>les é o escoamento superficial, que propiciaformas como as que pod<strong>em</strong> ser observadas na figura 24.


145FIGURA 24- Aspecto do escoamento superficial nas pare<strong>de</strong>s do ArenitoVila VelhaOutro fator é a crosta superficial enriquecida com óxido <strong>de</strong> ferro que propicia aevolução <strong>de</strong> muitas formas superficiais observadas no PEVV.FIGURA 25 Esboço mostrando um bloco <strong>de</strong> arenitoLegenda: O Esboço mostra um bloco com o sist<strong>em</strong>a <strong>de</strong> diaclasamento enriquecido pela<strong>de</strong>posição <strong>de</strong> oxido hidratado <strong>de</strong> ferro, que torna esses planos mais resistentes a erosão.Fonte: Baseado <strong>em</strong> Bigarella et al, 1994.Na figura 25 po<strong>de</strong> ser observado uma relação esqu<strong>em</strong>ática do enriquecimentomineral ferruginoso ao longo das diáclases e <strong>de</strong> outras eventuais fraturas ou<strong>de</strong>scontinuida<strong>de</strong>s. Assim sendo, os centros das estruturas limitadas por essasdiáclases possu<strong>em</strong> menor quantida<strong>de</strong> <strong>de</strong> mineral ferruginoso e por isso é maissuscetível as ações <strong>de</strong> int<strong>em</strong>perismo. É o caso da figura 26, que mostra um


146faveolamento e a impregnação pelo óxido <strong>de</strong> ferro nas suas bordas. A tendência é a<strong>de</strong> que o interior da forma seja erodido ainda mais e sofra mais com o int<strong>em</strong>perismo,pois possui menor teor do que as bordas.FIGURA 26- Aspecto aproximado da forma <strong>de</strong>nominada faveolamento.Legenda: Observa-se o óxido <strong>de</strong> ferro nas bordas do faveolamento, ou seja, a parte maisescura que se observa no arenito.Concorda-se assim com Penteado (1983) que explica que as característicasmais importantes dos relevos <strong>de</strong> arenitos são a niti<strong>de</strong>z das formas, a <strong>de</strong>nsida<strong>de</strong> <strong>de</strong>drenag<strong>em</strong> fraca, rios longos e retilíneos acompanhando o padrão do diaclasamentoe fraturas e as formas curiosas <strong>de</strong> <strong>de</strong>talhes, como peões, agulhas e cogumelos, ouseja, o relevo ruiniforme.Portanto, a seguir serão retratadas essas feições <strong>em</strong> particular, b<strong>em</strong> como oint<strong>em</strong>perismo e a orig<strong>em</strong> das formas.4.1.5.1 Int<strong>em</strong>perismo nas rochas do PEVV: químico, mecânico e biológicoO int<strong>em</strong>perismo é um conjunto <strong>de</strong> processos que pod<strong>em</strong> ser mecânicos,químicos e biológicos, e que resultam na <strong>de</strong>sintegração e <strong>de</strong>composição das rochas.Esses processos estão ligados diretamente ou indiretamente à atmosfera e ascondições climáticas ambientais, sendo que a maior ou menor resistência aoint<strong>em</strong>perismo <strong>de</strong>pen<strong>de</strong> da composição mineral da rocha. Compreen<strong>de</strong>r esses


147aspectos é importante para conhecermos os mecanismos que atuaram naesculturação das várias formas do relevo.Penteado (1983) afirma que o int<strong>em</strong>perismo é o processo <strong>geológico</strong> maisimportante e chegado ao hom<strong>em</strong>, pois a vida do hom<strong>em</strong> e sua energia biológica sãopossíveis somente por causa da int<strong>em</strong>perização das rochas e dos minerais.Contudo, a intensida<strong>de</strong> do int<strong>em</strong>perismo <strong>de</strong>pen<strong>de</strong> <strong>de</strong> vários fatores (Penteado, 1983,p.66)... tamanho das partículas da rocha, permeabilida<strong>de</strong> do manto rochoso,posição do nível hidrostático, relevo, t<strong>em</strong>peratura, composição e quantida<strong>de</strong><strong>de</strong> água subterrânea, oxigênio e outros gazes no sist<strong>em</strong>a, macro e micro florapresentes, superfície exposta da rocha e sua modificação pelo int<strong>em</strong>perismomecânico, solubilida<strong>de</strong> relativa das rochas originais e dos materiaisint<strong>em</strong>perizados.No PEVV foi observado que as rochas vêm sofrendo ao longo dos anos oint<strong>em</strong>perismo biológico, <strong>de</strong>composição química e a <strong>de</strong>sagregação mecânica. Emsaídas a campo, esses três fatores foram verificados in loco.Para Bigarella et al (1996), o int<strong>em</strong>perismo biológico representa umacombinação dos efeitos conjugados <strong>de</strong> processos químicos e físicos atuando sobreum substrato, caracterizando-se:- pela fragmentação <strong>de</strong> partículas causada pelo crescimento <strong>de</strong> raízes;- pela transferência ou mistura <strong>de</strong> materiais;- pelo efeito químico <strong>de</strong> dissolução provocado pelo CO² produzido através darespiração dos seres vivos;- pelo efeito <strong>de</strong> umidificação do solo (retenção <strong>de</strong> água pelas raízes, pelohúmus e <strong>em</strong> parte pelo sombreamento);Assim sendo, foi verificado no PEVV que os principais colonizadores dosafloramentos das rochas nuas são organismos inferiores (bactérias e fungos)seguidas <strong>de</strong> algas inferiores, liquens e musgos, além <strong>de</strong> outros vegetais queconsegu<strong>em</strong> retirar seus nutrientes diretamente dos minerais do substrato rochoso.


148Desta forma, contribu<strong>em</strong> para sua <strong>de</strong>composição. É o caso das muscíneas, quepod<strong>em</strong> ser observadas na figura 27.FIGURA 27- Muscíneas e pequenos líquens crustáceos e bromeliácea, nasuperfície do Arenito Vila Velha.Os liquens são muito abundantes 117 nas rochas do Arenito Vila Velha, e comosão plantas perenes, <strong>de</strong>senvolv<strong>em</strong>-se <strong>em</strong> qualquer superfície que se mantenhaestável para propiciar o seu lento crescimento.Os liquens estão entre os primeiros organismos a colonizar uma superfície rochosa,sendo que há evidências <strong>de</strong> que os liquens ou os microorganismos com elesassociados participam no int<strong>em</strong>perismo químico e físico das rochas sobre as quaiseles cresc<strong>em</strong>. Como os liquens são vegetais criptogâmicos e resultam <strong>de</strong> umasimbiose on<strong>de</strong> os simbiontes (alga ver<strong>de</strong> ou azul e um fungo) possu<strong>em</strong> vantagensmútuas. Bigarella et al confirmam que (1996, p. 435)Os liquens pod<strong>em</strong> viver na superfície da rocha nua, on<strong>de</strong> mantêm umapelícula <strong>de</strong> água, extraindo conseqüent<strong>em</strong>ente nutrientes dos minerais dasrochas por trocas iônicas. Afetam os minerais tanto mecânica quantoquimicamente. Expand<strong>em</strong>-se quando úmidos e contra<strong>em</strong>-se quando secospo<strong>de</strong>ndo retirar pequenos fragmentos minerais que são absorvidos no tecidodo líquen. A hifa do fungo penetra nos planos <strong>de</strong> clivag<strong>em</strong> das micas,feldspatos ou qualquer outro mineral clivável, estabelecendo <strong>de</strong>nsa re<strong>de</strong> <strong>de</strong>filamentos que facilita a fragmentação mineral <strong>em</strong> pequenas partículas.117 Pelo fato <strong>de</strong> multiplicar<strong>em</strong>-se por sorédios ou por pequenos fragmentos <strong>de</strong> liquens com gonídias ehifas que se <strong>de</strong>sprend<strong>em</strong> com facilida<strong>de</strong> e são transportadas pelo vento.


149Entretanto, a ativida<strong>de</strong> dos primeiros liquens cessa após a <strong>de</strong>sagregação dasprimeiras frações <strong>de</strong> milímetros da rocha e <strong>de</strong>senvolve-se a seguir um segundo ciclo<strong>de</strong> liquens com filamentos que pod<strong>em</strong> atingir vários centímetros no interior da rocha.Nesta fase surg<strong>em</strong> os musgos que encontram ambiente apropriado no microssolo<strong>de</strong>sprovido <strong>de</strong> bases pelos liquens. (BIROT, 1965 apud BIGARELLA et al. 1996).Nas saídas a campo foram raspados alguns liquens 118 e foi observado que seupapel na <strong>de</strong>sagregação das rochas é pequeno atualmente.Outra forma <strong>de</strong> superfície que necessita <strong>de</strong> mais estudos visando a suainterpretação são as que pod<strong>em</strong> ser observadas na figura 28.FIGURA 28 -Formas s<strong>em</strong>elhantes a pequenos vulcões.Essa pequena estrutura suscita muitos questionamentos sobre a suaformação, similar a um pequeno “vulcão”. Melo (2006) sugere que são perfurações<strong>de</strong> cupins (p. 116)Não raro observam-se perfurações nos arenitos, cuja geometria (calibre,orientação, comunicação e continuida<strong>de</strong>) permite atribuí-las a ação <strong>de</strong> cupins,<strong>em</strong>bora não sejam observados cupinzeiros próximos, o que indicaria que se118Estudos realizados sobre a ação dos liquens na int<strong>em</strong>perização das rochas ainda sãocontraditórios e objeto <strong>de</strong> muitos questionamentos <strong>em</strong> relação a sua importância na <strong>de</strong>sintegração e<strong>de</strong>composição das rochas ou na formação dos solos.


150trata <strong>de</strong> feições relativamente antigas... Em Vila Velha localmente observa-seo concrecionamento <strong>de</strong> perfurações atribuídas a cupins.Assim sendo, neste local foram realizadas diversas raspagens. Foi observadoque <strong>de</strong>ntro <strong>de</strong>ssas estruturas, logo abaixo do musgo até alguns centímetros <strong>de</strong>profundida<strong>de</strong>, a rocha, int<strong>em</strong>perizada, foi transformada <strong>em</strong> um micro-solo incipiente.Com uma faca foi retirado todo esse material interno, e foi observado que as suasbordas são endurecidas com óxido <strong>de</strong> ferro. Portanto, não foram observadasevidências <strong>de</strong> cupins e sim somente do musgo como agente transformador, comopo<strong>de</strong> ser observado na figura 29.FIGURA 29- Forma s<strong>em</strong>elhante a um pequeno vulcão (inteiro e apósraspag<strong>em</strong>)Legenda: A primeira forma com cobertura <strong>de</strong> musgos, e a mesma forma após raspagens paraa verificação <strong>de</strong> seu interior.E observou-se que essas formas, quando abertas e raspadas para arealização da verificação do seu interior, as mesmas encontram-se int<strong>em</strong>perizadas,sendo que abaixo do musgo é possível encontrar a rocha transformada <strong>em</strong> terra.Desta forma, percebeu-se que os musgos contribu<strong>em</strong> indiretamente noataque à rocha, pois armazenam gran<strong>de</strong> quantida<strong>de</strong> <strong>de</strong> água que pod<strong>em</strong> atuar nosprocessos físico-químicos do int<strong>em</strong>perismo. Ao se <strong>de</strong>compor<strong>em</strong> lentamente,produz<strong>em</strong> gás carbônico e ácidos húmicos, o que acelera ainda mais a alteraçãoquímica iniciada pelas plantas.Assim sendo (BIGARELLA et al,1996, p. 442)


151Os liquens instalam-se sobre as rochas, geralmente <strong>de</strong> forma circulargrosseira. Os musgos que os suced<strong>em</strong> ocupam o centro. De sua ativida<strong>de</strong>,origina-se uma cavida<strong>de</strong> <strong>de</strong> poucos centímetros <strong>de</strong> diâmetro. O húmusresultante da <strong>de</strong>composição dos musgos, associados a <strong>de</strong>tritos minerais, dáorig<strong>em</strong> a uma mancha <strong>de</strong> solo incipiente que permite que as plantasvasculares com raízes possam crescer. Estas por sua vez, dão continuida<strong>de</strong>a alteração da rocha, diretamente pela sua ativida<strong>de</strong> vital e indiretamente pela<strong>de</strong>composição <strong>de</strong> seus tecidos.Ou seja, os <strong>de</strong>tritos orgânicos dão orig<strong>em</strong> aos compostos húmicos, os quaisao percolar<strong>em</strong> através das rochas ag<strong>em</strong> como reagentes muito ativos nas reações<strong>de</strong> transformação dos minerais. Desta forma, sob um tufo <strong>de</strong> musgos po<strong>de</strong><strong>de</strong>senvolver-se uma pequena <strong>de</strong>pressão na rocha. Com o t<strong>em</strong>po, cada vez mais vãose acumulando <strong>de</strong>tritos minerais e vegetais, favorecendo o crescimento <strong>de</strong> plantasmaiores e também o alargamento <strong>de</strong>ssas <strong>de</strong>pressões.As bactérias também <strong>de</strong>s<strong>em</strong>penham papel importante no int<strong>em</strong>perismo, poispenetram nas fissuras e até mesmo nos poros das rochas. Há alguns animais quecontribu<strong>em</strong> para o int<strong>em</strong>perismo químico, como as formigas e térmitas (ou cupins)que contribu<strong>em</strong> para que as partículas do solo sofram alteração <strong>de</strong> agentesquímicos, orgânicos ou <strong>de</strong> ácidos por elas secretados. Outros animais que pod<strong>em</strong>ser citados são as minhocas, aranhas, besouros, vespas, roedores, entre outros.Outros agentes que contribu<strong>em</strong> para o int<strong>em</strong>perismo são as plantas. Nestecaso, a sua participação <strong>de</strong>pen<strong>de</strong> das condições climáticas e do caráter dos solos.Fendas pod<strong>em</strong> ser alargadas pela pressão das raízes <strong>de</strong> plantas <strong>de</strong> maior porte nosplanos <strong>de</strong> diaclasamento, nas fraturas e fissuras e ao longo dos planos <strong>de</strong>estratificação, propiciando mais rapidamente a <strong>de</strong>sagregação mecânica, como sefosse uma “alavanca”. Tal processo po<strong>de</strong> ser observado na figura 30.


152FIGURA 30- Plantas na superfície do Arenito Vila VelhaLegenda: A Seta amarela indica plantas na superfície do Arenito Vila Velha, ocasionando oalargamento <strong>de</strong> fendas e a tendência <strong>em</strong> isolar os blocos.Já na <strong>de</strong>composição química as características principais são as reaçõesquímicas entre a rocha e a água. Deste modo, resulta da percolação das águas quecont<strong>em</strong> <strong>em</strong> solução diluída varias substancias àcidas <strong>de</strong> orig<strong>em</strong> orgânica einorgânica. Essa solução penetra na rocha, atacando <strong>de</strong> diversas maneiras os seusconstituintes minerais.A intensida<strong>de</strong> <strong>de</strong>sse int<strong>em</strong>perismo <strong>de</strong>pen<strong>de</strong> <strong>de</strong> diversos fatores, entre eles ot<strong>em</strong>po <strong>de</strong> ação, o tipo <strong>de</strong> rocha, clima (regiões mais quentes e úmidas facilitam asreações químicas), relevo e vegetação. Essas alterações produz<strong>em</strong> substânciassolúveis 119 , resíduos insolúveis 120 e minerais inalteráveis 121 : (BIGARELLA et al 1985)Penteado (1983) afirma que o comportamento dos arenitos face à erosãofísico-química explica algumas características do relevo. Sendo assim, o arenito épermeável <strong>de</strong>vido à porosida<strong>de</strong> e a re<strong>de</strong> <strong>de</strong> diáclases, isso faz com que oescoamento superficial seja reduzido e o ataque às rochas se faça através dasfissuras a partir da base dos conjuntos rochosos (solapamento basal), e a medidaque a base das rochas é solapada, os flancos <strong>de</strong>smoronam, segundo planosverticais <strong>de</strong> diáclases.119 Sais <strong>de</strong> potássio, sódio, cálcio, magnésio, ferro;120 Silicatos hidratados <strong>de</strong> alumínio e óxidos hidratados <strong>de</strong> ferro;121 Quartzo, zircão e ilmenita, entre outros, que formam os grãos <strong>de</strong> areia;


153Já a <strong>de</strong>sagregação mecânica (ou int<strong>em</strong>perismo mecânico), originafragmentos angulares <strong>de</strong> diversos tamanhos. Pela ação da gravida<strong>de</strong>, esses <strong>de</strong>tritosacumulam-se junto às encostas. Esse int<strong>em</strong>perismo consiste na <strong>de</strong>gradação ouperda da coerência do material rochoso, que o faz separar <strong>em</strong> múltiplos fragmentos,<strong>de</strong> diversos tamanhos.Para Penteado (1983) o int<strong>em</strong>perismo mecânico é a <strong>de</strong>sagregação da rochain situ e <strong>de</strong>sorganização da estrutura dos constituintes minerais, s<strong>em</strong> maioresmudanças químicas. Um dos resultados é o aumento da superfície especifica domaterial, tornando-o mais suscetível ao ataque químico. Assim, os processos maisimportantes pelos quais as rochas são quebradas mecanicamente são a expansãodiferencial por alivio <strong>de</strong> pressão (na superfície); o crescimento <strong>de</strong> cristais estranhos(sais ou gelo) nos poros ou nos interstícios das rochas; contração e expansãodiferencial, durante processos <strong>de</strong> aquecimento e resfriamento; e a ação biológica.Portanto, para que os principais agentes do int<strong>em</strong>perismo mecânico atu<strong>em</strong>,são <strong>de</strong> gran<strong>de</strong> importância as fendas, fissuras e diáclases já existentes na rocha. Éatravés <strong>de</strong>ssas aberturas que o processo <strong>de</strong> <strong>de</strong>sagregação da rocha sólida <strong>em</strong>fragmentos começa a ocorrer.Os efeitos das mudanças térmicas também pod<strong>em</strong> influenciar. Como asrochas são más condutoras <strong>de</strong> calor, as mudanças <strong>de</strong> t<strong>em</strong>peratura faz<strong>em</strong> com que asuperfície exposta se expanda e se contraia mais rapidamente que as partessubsuperficiais. Assim, os processos chamados <strong>de</strong> dilatação e contração contribu<strong>em</strong>para diminuir a coesão da rocha junto à superfície, facilitando a penetração daumida<strong>de</strong>, o que faz com que seja favorecida a sua fragmentação pela expansão<strong>de</strong>vido às reações químicas. (BIGARELLA et al, 1994)Entretanto, Penck (1972, apud BIGARELLA et al, 1994) retrata que o principalfator <strong>de</strong> <strong>de</strong>sagregação mecânica da rocha não é a magnitu<strong>de</strong> das diferenças <strong>de</strong>t<strong>em</strong>peratura e sim a rapi<strong>de</strong>z na sua variação, pois quanto mais rápido for<strong>em</strong> ossucessivos processos <strong>de</strong> expansão e contração, maior será a tensão na rocha. Já asflutuações lentas <strong>de</strong> t<strong>em</strong>peratura proporcionam t<strong>em</strong>po para adaptação e as tensõesserão pequenas e serão insuficientes para romper a rocha.


154A ação abrasiva das areias transportadas pelo vento ou pela água tambémcontribui para o <strong>de</strong>sgaste mecânico das rochas. No caso do PEVV, durante muitosanos foi divulgado <strong>em</strong> livros escolares que a ação do vento era o principal agent<strong>em</strong>odificador das rochas, o que não é verda<strong>de</strong>. Melo et al (2004) inclusive cita queeste é um dos mais consagrados equívocos da literatura geológica e geomorfológicabrasileira. Assim, também segundo Melo et al (2002, p. 276)Não foram encontradas evidências da atuação significativa <strong>de</strong> processoseólicos na elaboração das esculturas naturais <strong>de</strong> Vila Velha, <strong>em</strong>bora elessejam aventados por alguns autores (Soares, 1975 e Ab Saber, 1977). Asbases côncavas <strong>de</strong> várias das formas são atribuídas à erosão diferencial <strong>de</strong>estratos menos resistentes, sobretudo por diferenças <strong>de</strong> textura e cimentaçãopor óxidos <strong>de</strong> ferro e pela ressurgência <strong>de</strong> águas <strong>de</strong> infiltração e água capilarascen<strong>de</strong>nte do solo saturado.Outra evidência <strong>de</strong>sse erro, sugerida por Melo (2006) é a <strong>de</strong> que tenha sido<strong>de</strong>s<strong>de</strong> o trabalho <strong>de</strong> Euzébio <strong>de</strong> Oliveira, publicado <strong>em</strong> 1911, que afirmava que aação dos ventos arredondou as colunas <strong>de</strong> Vila Velha. Entretanto, outros trabalhos<strong>de</strong> Maack (1946 e 1956) <strong>de</strong>sfizeram esse equívoco, negando que o vento pu<strong>de</strong>sseser o fator importante na orig<strong>em</strong> das formas. Deste modo, concorda-se com Meloque também conclui que (2006, p. 74)Algumas formas típicas <strong>de</strong> Vila Velha supostamente <strong>de</strong>rivadas da açãoerosiva dos ventos na verda<strong>de</strong> resultam da combinação <strong>de</strong> outros fatores eprocessos, principalmente a ação das águas pluviais, o r<strong>em</strong>onte capilar daágua do solo e a erosão diferencial favorecida por diferenças texturais e <strong>de</strong>cimentação dos arenitos. Esses fatores e processos, aliados à inexistência <strong>de</strong>feições típicas <strong>de</strong> <strong>de</strong>sertos, tais como pavimentos <strong>de</strong>triticos, dunas e outrossedimentos, conduz<strong>em</strong> a conclusão <strong>de</strong> que a ação eólica inexistiu ou foilimitada a um papel insignificante na elaboração do relevo <strong>de</strong> Vila Velha.Assim sendo, continuar a divulgar que foram os ventos que realizaram asmudanças visíveis atualmente no conjunto rochoso do PEVV, é um erro que não<strong>de</strong>ve mais ser cometido.


1554.1.5.2 Orig<strong>em</strong> das Formas <strong>de</strong> RelevoA orig<strong>em</strong> das intrigantes formas encontradas no Parque Estadual <strong>de</strong> VilaVelha é um dos t<strong>em</strong>as aqui tratados por ser um el<strong>em</strong>ento imprescindível a serutilizado na interpretação do ambiente para escolares <strong>de</strong> todos os níveis e para osvisitantes. Assim, levando-se <strong>em</strong> consi<strong>de</strong>ração a geodiversida<strong>de</strong> encontrada na áreada UC, são feitas <strong>de</strong>scrições baseadas <strong>em</strong> bibliografia pertinente e observações acampo realizadas juntamente com o orientador. Desta forma, para facilitar oentendimento dos processos que v<strong>em</strong> originando essas formas, algumas <strong>de</strong>lasestão acompanhadas <strong>de</strong> <strong>de</strong>senhos que d<strong>em</strong>onstram aspectos da sua evolução.FIGURA 31- Interpretação da evolução das Formas do Parque Estadual<strong>de</strong> Vila Velha.Para o a<strong>de</strong>quado entendimento <strong>de</strong>sta evolução é necessária a compreensãoa respeito da orig<strong>em</strong> <strong>de</strong>stas formas. O int<strong>em</strong>perismo (tratado anteriormente) possuipapel prepon<strong>de</strong>rante. Penteado (1983) afirma que os agentes <strong>de</strong> esculturação dorelevo que produz<strong>em</strong> formas seqüenciais são as águas correntes, o gelo e o vento e


156que esses agentes <strong>de</strong> erosão, auxiliados por processos <strong>de</strong> meteorização das rochasatacam as massas rochosas continentais. Assim, nenhuma região do globo estáimune a este ataque e tão logo as rochas sejam expostas ao ar e as águas, inicia-seo seu processo <strong>de</strong> <strong>de</strong>struição. Contudo, o comportamento <strong>de</strong> uma estrutura <strong>em</strong>relação à erosão <strong>de</strong>pen<strong>de</strong> da natureza das rochas (suas proprieda<strong>de</strong> físicas equímicas) sob a ação dos diferentes meios morfo-climáticos.No caso do PEVV, <strong>de</strong> acordo com análises químicas 122 , a sílica é o principalmineral que compõe o Arenito Vila Velha. Os resultados são:QUADRO 13 - Análise química do Arenito Vila Velha.Arenito <strong>de</strong> Vila Velha (nabase acima dos varvitos)Arenito <strong>de</strong> Vila Velha( parte média) .SiO 2 – Sílica 63,68% 89,12% 92,22%Al 2 O 3 – Oxido <strong>de</strong> 6,28% 0,8% 1.38%AluminioFe 2 O 3 Oxido <strong>de</strong> 18,69% 2,31% 1,22%Ferro férricoFeO0,13% 0,09% 0,07%Oxido <strong>de</strong> ferroferrosoMnO – Oxido <strong>de</strong> 0,25% 0,53% 0,34%ManganêsFonte: Baseado <strong>em</strong> Maack (1946).Arenito <strong>de</strong> Vila Velha(parte superior)Foi observado que apesar da sílica ser o principal el<strong>em</strong>ento e por mais que apresença do óxido <strong>de</strong> manganês seja muito pequena, formas peculiares pod<strong>em</strong> serobservadas, como no diaclasamento da figura 32, preenchido com óxido <strong>de</strong> ferro <strong>em</strong>anganês.Além dos diaclasamentos, outras linhas <strong>de</strong> irregularida<strong>de</strong> tambémpod<strong>em</strong> ser preenchidas com esses materiais.122 Realizadas por Weber e Leprevost, publicadas <strong>em</strong> 1946 por Maack.


157FIGURA 32- Diaclasamento preenchido com óxido <strong>de</strong> ferro e óxidomanganês.Bigarella et. al (1994) tratam da questão da formação das crostas superficiais,<strong>de</strong>screvendo o papel <strong>de</strong>s<strong>em</strong>penhado pelo int<strong>em</strong>perismo químico nas rochas. Essepapel envolve principalmente a solubilização seletiva <strong>de</strong> material e a r<strong>em</strong>oção dosíons mobilizados. Assim sendo (id<strong>em</strong>, p. 158)Com o aquecimento da superfície <strong>de</strong> uma rocha exposta, por ex<strong>em</strong>plo, oarenito, a água contida <strong>em</strong> seus poros próximos à superfície evapora-se<strong>de</strong>positando ai os componentes nela dissolvidos. À medida que a água seevapora, nova quantida<strong>de</strong> aflui do interior por capilarida<strong>de</strong> com <strong>de</strong>composição<strong>de</strong> maiores quantida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> compostos minerais nos poros da zona periféricada rocha. Desta forma origina-se uma crosta protetora, rica <strong>em</strong> materialtrazido do interior da rocha.Essas crostas são encontradas na superfície <strong>de</strong> afloramentos rochosos,principalmente areníticos. Em Vila Velha são visíveis crostas protetoras constituídas<strong>de</strong> oxido <strong>de</strong> ferro, com espessura <strong>de</strong> poucos milímetros até uma <strong>de</strong>zena <strong>de</strong>centímetros. Maack (1956) afirma que o <strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong>ssas formasminúsculas é s<strong>em</strong>elhante ao “carste” no arenito flúvio-glacial <strong>de</strong> Vila Velha.Desta forma, a crosta superficial enriquecida com óxido <strong>de</strong> ferro mantém essaformas pseudocársticas características, pois segundo Bigarella et. al (1994, p.159/160) na região on<strong>de</strong> está localizado o PEVV,


158[...] encontram-se formas bizarras e exóticas, l<strong>em</strong>brando algumas feiçõescársticas próprias das formações calcárias. O Arenito <strong>de</strong> Vila Velha é<strong>de</strong>corado com aspectos superficiais do tipo lapiás (pseudolapiás), entreoutras formas <strong>de</strong> superfície, <strong>em</strong> virtu<strong>de</strong> da formação <strong>de</strong> uma crostaenriquecida com óxidos <strong>de</strong> ferro [...]Assim, as formas pseudocársticas encontram-se na superfície, na crostaenriquecida com oxido <strong>de</strong> ferro, formadas através <strong>de</strong> soluções que migraram dointerior da rocha para fora, possivelmente durante uma fase climática mais seca.Contudo, como carste refere-se aos fenômenos que ocorr<strong>em</strong> somente <strong>em</strong> rochascalcárias, mas como essas feições são s<strong>em</strong>elhantes no Arenito Vila Velha, ésugerido o nome pseudocarste 123 .Outras formas abauladas e imbricadas 124 são também características. Essasformas pod<strong>em</strong> ser observadas na figura 33.FIGURA 33 - Representação e Imbricamento no Arenito Vila Velha123 Esse termo, segundo Guerra (2003) é utilizado para caracterizar formas <strong>de</strong> relevo <strong>de</strong>senvolvidas<strong>em</strong> rochas não carbonatadas, mas que possu<strong>em</strong> as formas s<strong>em</strong>elhantes àquelas produzidas <strong>em</strong>rochas calcárias.124 Imbricado significa que as partes <strong>de</strong> um agregado se sobrepõ<strong>em</strong> parcialmente umas as outras,como as telhas <strong>de</strong> um telhado ou as escamas <strong>de</strong> um peixe. (LAROUSSE, 2004) No caso do PEVV,esse termo foi usado pela primeira vez por Maack.


159Já no caso <strong>de</strong> estruturas inclinadas (Figura 34), as mesmas pod<strong>em</strong> ter sidocausadas por <strong>de</strong>scompressão. Assim, é importante tentar traçar as linhas principaisda estrutura, pois algumas linhas são puramente tectônicas, (po<strong>de</strong>ndo inclusive sercurvadas), sendo linhas principais na geração da forma.FIGURA 34-Estruturas que pod<strong>em</strong> ser observadas nos ArenitosQuanto às formas no Arenito, como é o caso da figura 35, observa-se que as linhas<strong>de</strong> fratura são b<strong>em</strong> visíveis, algumas se cruzam, outras são b<strong>em</strong> planas, outrasinclinadas e outras são curvas. A tendência <strong>de</strong>sse bloco é ser erodido eint<strong>em</strong>perizado cada vez mais, até formar outros blocos menores, pois o conjunto <strong>de</strong>diáclases ou fissuras estruturam a rocha <strong>em</strong> múltiplos compartimentos poliédricos.Na parte <strong>de</strong> cima observa-se que a rocha é mais resistente, mantendo os cabeços<strong>de</strong>ssa forma. Com a ação cada vez maior dos liquens e <strong>de</strong> outros agentes <strong>de</strong>erosão, a parte <strong>de</strong> cima também começa a ser int<strong>em</strong>perizada.Esta figura também mostra a complicação estrutural da rocha, on<strong>de</strong> seobserva que há uma crosta protetora, mais resistente. Entretanto, como surg<strong>em</strong>algumas fendas na rocha, a água penetra, favorecendo a erosão.Outras formas que merec<strong>em</strong> <strong>de</strong>staque são as arredondadas, como a forma<strong>de</strong>nominada <strong>de</strong>vido a sua s<strong>em</strong>elhança <strong>de</strong> “Bota “ (Figura 35) e o “Leão” (Figura 36).Esse arredondamento das formas é marcante e advém da erosão, pois próximo aeste local observa-se que os blocos estão mais afastados uns dos outros, mostrandoque já foram erodidos. Nesta região a <strong>de</strong>composição contribuiu para que a


160quantida<strong>de</strong> <strong>de</strong> areia encontrada próximo à trilha seja b<strong>em</strong> maior. Entretanto, apesardo Arenito Vila Velha possuir coloração predominant<strong>em</strong>ente avermelhada, a areia ébranca, pois já não possui mais o óxido <strong>de</strong> ferro.FIGURA 35- Representação e forma conhecida como “Bota“.FIGURA 36- Representação e forma conhecida como “Leão“.Desta forma, estas e outras informações e <strong>de</strong>talhes pod<strong>em</strong> ser mostrados aosestudantes e visitantes interessados <strong>em</strong> apren<strong>de</strong>r mais sobre os aspectos<strong>geológico</strong>s e geomorfológicos da UC, utilizando-se para isso os meiosinterpretativos. Assim, a evolução das formas representada por algumas formas <strong>de</strong>relevo selecionadas <strong>em</strong> saídas a campo será comentada a seguir.4.1.5.3 As principais formas <strong>de</strong> Relevo do PEVV


161Para Melo (2003) o PEVV possui diversas feições <strong>de</strong> relevo particulares, queconstitu<strong>em</strong> a razão <strong>de</strong> ser da UC, sendo referência para os antigos habitantes eviajantes da região. Outros autores (BIGARELLA et al, 1994; PASSOS et al, inédito)também concordam com essa afirmativa, <strong>de</strong>stacando entre essas feições osescarpamentos, torres, fendas, <strong>de</strong>pressões úmidas e secas, cachoeiras, lapas,caneluras, bacias <strong>de</strong> dissolução, alvéolos, pseudolapiás, juntas poligonais entreoutros.Em visitas realizadas na Trilha dos Arenitos e no Platô dos Arenitos(atualmente fechado para visitação turística), foram verificadas in loco algumas<strong>de</strong>ssas estruturas citadas acima e po<strong>de</strong> ser comprovado que a superfície do arenitoé impregnada com óxidos <strong>de</strong> ferro <strong>de</strong>positados pela exsudação <strong>de</strong> soluções quev<strong>em</strong> do interior da rocha, sob condições climáticas mais secas.Desta forma, essas feições são importantes no que diz respeito ainterpretação do ambiente referindo-se aos aspectos <strong>geológico</strong>s e geomorfológicosda UC, sendo tratadas a seguir:4.1.5.3.1 Relevos RuiniformesO relevo ruiniforme 125 é uma das formas <strong>de</strong> relevo mais marcantes do PEVV,que pelo fato <strong>de</strong> possuir essa peculiarida<strong>de</strong> atrai diversos visitantes.Segundo Melo (2006) essas são rochas <strong>de</strong>sfeitas por processos erosivos queassum<strong>em</strong> aspectos <strong>de</strong> ruínas, dando orig<strong>em</strong> a esses relevos ruiniformes,apresentando diferentes ornamentações, esculturas e entalhes, <strong>em</strong> escalas quevariam <strong>de</strong> milímetros até <strong>de</strong>zenas <strong>de</strong> metros.Esse relevo inclui feições como as caneluras, faveolamento, torres, bacias oupanelas, pilares, entre outros, tratadas com mais <strong>de</strong>talhes adiante.125 Guerra (2003, p. 540) <strong>de</strong>fine esse relevo como “ Formas <strong>de</strong> relevo que ocorr<strong>em</strong> <strong>em</strong> conseqüênciada erosão diferencial (trabalho <strong>de</strong>sigual dos agentes erosivos ao <strong>de</strong>vastar<strong>em</strong> a superfície do relevo).”


162FIGURA 37- Representação e aspecto das feições ruiniformesA figura 37 mostra aspectos <strong>de</strong>sse relevo, que pod<strong>em</strong> ser observados duranteas caminhadas nos Arenitos. Na realização da interpretação do ambiente esse é umdos aspectos que <strong>de</strong>ve ser tratado no inicio da ativida<strong>de</strong> visando à compreensão dosaspectos <strong>geológico</strong>s e g<strong>em</strong>orfológicos.4.1.5.3.2 EscarpamentosEscarpamentos são pare<strong>de</strong>s rochosas verticais, formando penhascos que noPEVV chegam a mais <strong>de</strong> 30 metros <strong>de</strong> altura (MELO, 2006). Na Trilha do Bosque,po<strong>de</strong>-se encontrar uma escarpa (ou cuesta) na área voltada para a Rodovia, comopo<strong>de</strong> ser observado na figura 38 e na Trilha dos Arenitos a escarpa (ou cuesta) estámais festonada.FIGURA 38 - Esboço esqu<strong>em</strong>ático das Formas erosivas <strong>de</strong> Vila Velha e opadrão do sist<strong>em</strong>a <strong>de</strong> diaclasamento. Foto aérea.Fonte: Baseado <strong>em</strong> Bigarela et al, 1967.Para leste (à direita no esboço), provavelmente houve maior ação doint<strong>em</strong>perismo e erosão, os blocos estão mais isolados, o escarpamento se <strong>de</strong>sfaz<strong>em</strong> torres e pináculos e também há formas mais arredondadas. Este isolamento


163também favoreceu o crescimento <strong>de</strong> vegetação. Para leste (à esquerda no esboço),observam-se as linhas <strong>de</strong> estrutura poligonais que segu<strong>em</strong> uma <strong>de</strong>terminadaorientação.4.1.5.3.3 TorresA bizarria das formas encontradas no PEVV po<strong>de</strong> ser observada na figura 39que mostra a Taça, atrativo mais conhecido do Parque.De acordo com os tipos <strong>de</strong> formações existentes na região do Parque, a Taçapo<strong>de</strong> ser <strong>de</strong>finida como uma torre, ou seja, altas colunas <strong>de</strong> rocha, às vezes comuma seção basal relativamente estreita, geradas pelo progressivo aprofundamentoda erosão ao seu redor, até ocasionar o isolamento <strong>de</strong> um bloco <strong>de</strong> maciçocircundante. As fraturas e o escoamento superficial <strong>de</strong> águas auxiliam na formação<strong>de</strong>ssas torres. (MELO, 2006)FIGURA 39- Representação e forma conhecida como Taça: aspectoruiniforme <strong>em</strong> forma <strong>de</strong> torre.Infelizmente, <strong>de</strong>vido aos inúmeros anos <strong>de</strong> exploração turística ina<strong>de</strong>quada,toda a área ao redor da Taça foi <strong>de</strong>gradada, tanto pelo pisoteamento dos turistas noArenito que é extr<strong>em</strong>amente frágil, quanto pela inscrição nas rochas. Desta forma,


164atualmente a Taça po<strong>de</strong> ser observada somente <strong>em</strong> um pequeno local especifico,não sendo mais permitida a realização <strong>de</strong> fotos <strong>em</strong> sua base. Pelo fato da Taça sero símbolo do Parque, muitos realizam a Trilha dos Arenitos para observá-la,entretanto, não há n<strong>em</strong> mesmo um banco para que os visitantes possam cont<strong>em</strong>plálae <strong>de</strong>scansar.FIGURA 40- Representação e forma conhecida como “Camelo”Além da Taça, outras torres pod<strong>em</strong> ser observadas durante a realização dascaminhadas. É o caso da figura conhecida como camelo, também alta coluna <strong>de</strong>rocha, entretanto, sua seção basal não é tão estreita como a “Taça”. (Figura 40)4.1.5.3.4 Juntas poligonaisJuntas, conforme Guerra (2003) é outro termo que <strong>de</strong>signa fendas, fraturas oudiáclases. Essas juntas são observadas <strong>em</strong> todos os blocos rochosos dos arenitosencontrados <strong>em</strong> Vila Velha, sendo fendas <strong>de</strong> contração.Na superfície endurecida exposta do Arenito, evi<strong>de</strong>ncia-se a presença <strong>de</strong>estruturas <strong>em</strong> forma <strong>de</strong> escamas, referidas por Maack (1956) como típicas <strong>de</strong>ambiente glacial ou flúvio-glacial. O padrão poligonal <strong>de</strong>senvolveu-se<strong>em</strong>brionariamente durante a <strong>de</strong>posição pela perda <strong>de</strong> água, fazendo com que todaessa massa arenosa sofresse uma ligeira compactação diferencial. Isso contribuiupara que houvesse o <strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong> um sist<strong>em</strong>a poligonal <strong>de</strong> minúsculasfendas <strong>de</strong> contração que ficam evi<strong>de</strong>ntes com a ação do int<strong>em</strong>perismo.


165FIGURA 41- Juntas poligonais.Legenda: as linhas amarelas indicam as juntas poligonaisPercebe-se que com a infiltração <strong>de</strong> água, cada vez maior, vão se abrindocada vez mais sulcos mais profundos. Esses sulcos é que vão fazer surgir outrasfeições superficiais e <strong>em</strong> conseqüência, a dissolução cada vez maior do materialintersticial e a infiltração <strong>de</strong> água nessas diáclases contribu<strong>em</strong> para que essasformas fiqu<strong>em</strong> cada vez mais nítidas e salientes (BIGARELLA et al, 1994). Ou seja,o Arenito <strong>de</strong> Vila Velha, por ser <strong>em</strong> sua maior parte aparent<strong>em</strong>ente <strong>de</strong>sprovido <strong>de</strong>estratificação, apresenta-se maciço, <strong>em</strong> bancos <strong>de</strong> espessuras variáveis, resultantesda <strong>de</strong>posição <strong>de</strong> fluxos arenosos <strong>de</strong>nsos. Na superfície endurecida exposta háevidências da presença <strong>de</strong> estruturas <strong>em</strong> forma <strong>de</strong> escamas ou poligonais (Figura41). Essas estruturas poligonais tornam-se cada vez mais nítidas <strong>de</strong>vido à infiltração<strong>de</strong> água nas diáclases, fissuras e poros das rochas, sendo que com o avanço doprocesso os sulcos se aprofundam formando colunas <strong>de</strong>nteadas e torres queating<strong>em</strong> <strong>de</strong> trinta cm a um metro <strong>de</strong> altura. Desta forma, o padrão poligonal,prismático ou poliédrico <strong>de</strong>senvolveu-se <strong>em</strong>brionariamente durante a <strong>de</strong>posição pelaperda <strong>de</strong> água, fazendo com que a massa arenosa sofresse uma ligeiracompactação diferencial. Isso contribuiu para o <strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong> um sist<strong>em</strong>a <strong>de</strong>fendas poliédricas minúsculas. E, <strong>de</strong>vido ao int<strong>em</strong>perismo, essa estrutura torna-seevi<strong>de</strong>nciada através do padrão poligonal grosseiro 126 visível na superfície da rocha.(PASSOS et al, inédito)126 Assim, a estrutura interna da rocha é poligonal, sendo resultado também <strong>de</strong> estruturas <strong>de</strong> orig<strong>em</strong>tectônica. O arenito quando foi <strong>de</strong>positado, o foi com gran<strong>de</strong> quantida<strong>de</strong> <strong>de</strong> água, na hora que elecomeçou a secar a água saiu e o arenito se contraiu e na hora <strong>de</strong>ssa contração <strong>em</strong> toda a massa do


166Essas formas são visíveis no Platô dos Arenitos (não sendo acessíveis aosvisitantes que realizam as caminhadas pela Trilha dos Arenitos) e também sãoencontradas atrás do Museu.4.1.5.3.5 Erosão Alveolar* Alvéolos – (Faveolamento)Feições <strong>de</strong> int<strong>em</strong>perismo <strong>de</strong> pequeno porte, são pequenas reentrâncias,po<strong>de</strong>ndo ter entre alguns milímetros até alguns centímetros <strong>de</strong> diâmetro eprofundida<strong>de</strong>. Segundo Bigarella (1994), os alvéolos estão relacionados à açãosolvente das águas. Também chamados <strong>de</strong> faveolamento pela sua aparência comfavos, são freqüent<strong>em</strong>ente utilizadas como abrigo <strong>de</strong> aracní<strong>de</strong>os e outros insetos.Pod<strong>em</strong> ser observados na figura 42.FIGURA 42- FaveolamentoEm gran<strong>de</strong> numero na área da UC, resultam da combinação da dissolução docimento dos arenitos com a erosão mecânica que r<strong>em</strong>ove os grãos liberados. Emalguns locais observa-se que o controle estratigráfico <strong>de</strong>sse tipo <strong>de</strong> erosão éfavorecido ao longo <strong>de</strong> camadas menos resistentes. (MELO, 2006)arenito começaram a haver estruturas poligonais. Surgiram gretas <strong>de</strong> contração, que <strong>de</strong>ram orig<strong>em</strong> aesse sist<strong>em</strong>a poligonal.


167As margens dos chamados favos possu<strong>em</strong> uma concentração <strong>de</strong> óxidohidratado <strong>de</strong> ferro. Essas formas pod<strong>em</strong> ser vistas na Trilha dos Arenitos, naspare<strong>de</strong>s do Arenito Vila Velha.* Tafoni:Outra forma superficial que po<strong>de</strong> ser observada na região do Parque são ostafoni 127 . São formas <strong>de</strong> int<strong>em</strong>perismo cavernoso, que afetam principalmente rochascristalinas (acidas ou intermediárias) <strong>de</strong> granulação média a grosseira, po<strong>de</strong>ndoocorrer também <strong>em</strong> arenitos. Neste caso são formados pelo esvaziamentolocalizado <strong>de</strong> material <strong>de</strong>sagregado, formando uma cavida<strong>de</strong> <strong>de</strong> tamanhosirregulares. Ocorr<strong>em</strong> <strong>em</strong> vertentes íngr<strong>em</strong>es, verticais ou pen<strong>de</strong>ntes (negativas), esão características do endurecimento superficial da rocha, seja por <strong>de</strong>posição <strong>de</strong>sílica ou <strong>de</strong> óxidos hidratados <strong>de</strong> ferro, o que faz com que apresent<strong>em</strong> maiorresistência a erosão. Além disso, a presença <strong>de</strong> cátions solúveis nos <strong>de</strong>tritosencontrados nos tafoni e a abundância <strong>de</strong> minerais solúveis nas pare<strong>de</strong>s dascavida<strong>de</strong>s suger<strong>em</strong> a influência <strong>de</strong> int<strong>em</strong>perismo na formação da cavida<strong>de</strong>(BIGARELLA et al, 1994).FIGURA 43-TafoneAssim, após o inicio da formação do tafone (Figura 43), a tendência é a <strong>de</strong>que ele aumente cada vez mais, pois a ação da água começa a atuar, b<strong>em</strong> como a127 Tafoni é o plural <strong>de</strong> tafone, significa perfuração, janela. (Romani & Twidale, 1998 apud Melo,2006). Guerra (2003), cita a mesma palavra como sendo grafada com dois “f”, ou seja, taffoni.


168ação da matéria orgânica. Bigarella et al (1994) afirmam que o int<strong>em</strong>perismocavernoso ocorre <strong>em</strong> locais on<strong>de</strong> os sais solúveis se acumulam, seja pelaconcentração a partir da extração salina <strong>de</strong> gran<strong>de</strong> volume <strong>de</strong> sedimentosadjacentes, ou pela adição <strong>de</strong> sais a partir <strong>de</strong> fontes externas.Na trilha dos Arenitos alguns tafoni pod<strong>em</strong> ser observados.4.1.5.3.6 Panelas ou bacias <strong>de</strong> dissolução:Estas são feições <strong>de</strong> int<strong>em</strong>perismo <strong>de</strong> pequeno porte, encontradas nasuperfície da rocha e estão relacionadas à ação solvente das águas paradas, sendoque suas margens normalmente apresentam-se enegrecidas por uma camada <strong>de</strong>algas mortas. Via <strong>de</strong> regra, seu <strong>de</strong>senvolvimento é promovido pela ocorrência <strong>de</strong>agregados minerais facilmente solúveis. (BIGARELLA et al, 1994)A etapa inicial, um pequeno orifício, sofre com a ativida<strong>de</strong> orgânica que corróia rocha, formando-se o inicio <strong>de</strong> uma “pequena panelinha”, que após vira umapequena “gamela”, que po<strong>de</strong> conforme as condições <strong>de</strong> int<strong>em</strong>perismo transformarse<strong>em</strong> uma cacimba. Algumas vezes essas panelas encontram saídas, sendo que oimpacto da chuva torrencial faz espirrar o material solto para fora, transportando-opelo escoamento difuso superficial.FIGURA 44- Bacia <strong>de</strong> Dissolução


169Nessas bacias (Figura 44) há muita matéria orgânica que se acumula e pelofato do húmus ser muito ácido, formam-se os ácidos húmicos que lixiviam 128 a rocha.Isso é proveniente principalmente <strong>de</strong> água parada com o material que v<strong>em</strong>associado (folhas e matéria orgânica, por ex<strong>em</strong>plo), fazendo com que surja essamatéria escura que produz esses ácidos húmicos.A água com gás carbônico dissolvido e ácidos húmicos não t<strong>em</strong> capacida<strong>de</strong>para a dissolução do quartzo das areias, pois esse mineral é muito resistente, sendonecessário um ph altamente alcalino para que esse mineral possa ser corroído peloprocesso <strong>de</strong> dissolução. Nesta área, o ph ácido, situa-se entre 4 e 5, portanto écapaz <strong>de</strong> dissolver o ferro que se encontra na forma <strong>de</strong> óxidos hidratados, assimfacilitando a erosão.Assim, bacias cada vez maiores vão sendo formadas, começando a surgir ospseudo-lapiás (comentados abaixo), que caracterizam um estágio mais avançado.Entretanto, essas formas encontram-se no topo do platô dos Arenitos, não sendoacessível aos visitantes que realizam caminhadas na Trilha dos Arenitos. Po<strong>de</strong> servisitado próximo ao Museu.4.1.5.3.7 Formações Pseudo-cársticas na superficieO termo pseudo-carste é utilizado para <strong>de</strong>screver feições parecidas as formascársticas, <strong>em</strong> rochas não calcárias. (Bigarella et. al, 1994). Na superfície dosarenitos começa a haver formações <strong>de</strong> pequenas cavida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> panelas queevolu<strong>em</strong> (bacias <strong>de</strong> dissolução), abrindo passagens para a saída das águas pluviais.Essas formas progrid<strong>em</strong> também com ativida<strong>de</strong>s biológicas dos liquens favorecendoa alteração e aprofundamento <strong>de</strong>sses mini vales, dando orig<strong>em</strong> aos pseudo-carstes.128 Lixiviar é o processo que sofr<strong>em</strong> as rochas e solos ao ser<strong>em</strong> lavados pelas aguas das chuvas(GUERRA, 2003)


170FIGURA 45- Pseudo-lapiésEssas formas pod<strong>em</strong> ser comparadas a uma Vila Velha <strong>em</strong> miniatura, noprocesso <strong>de</strong> formação <strong>de</strong> formas maiores, que com a maior ação da chuva, musgose liquens, vão enfraquecendo a rocha (Figura 45).A parte exterior da rocha é que possui o ferro e é a que dá a resistência, poiss<strong>em</strong> o ferro a rocha começa a se <strong>de</strong>sagregar mais facilmente. Maack (1956)inclusive conclui que a formação <strong>de</strong> crosta endurecida no Arenito Vila Velha seria<strong>de</strong>vido a vigência pretérita <strong>de</strong> um clima <strong>de</strong> estepe periodicamente seco, comalternância <strong>de</strong> estações secas e úmidas, on<strong>de</strong> nas primeiras haveria a ascensão daágua a superfície por capilarida<strong>de</strong>, seguida <strong>de</strong> evaporação e <strong>de</strong>posição <strong>de</strong>compostos minerais (óxidos hidratados <strong>de</strong> ferro) favorecida pela insolação.FIGURA 46- Evolução das formas dos pseudo-lapiés.Fonte: Bigarella et al, 1994.


171FIGURA 47- Representação da evolução das formas dos pseudo-lapiésAs duas figuras anteriores (46 e 47) representam formas pseudocarsticasoriginadas da transformação <strong>de</strong> uma crosta superficial poligonal, enriquecida comóxido <strong>de</strong> ferro, <strong>em</strong> minúsculas mesas e miniatura <strong>de</strong> cones.FIGURA 48- Representação e foto da figura conhecida como “Noiva”


172Essas formas pod<strong>em</strong> ser observadas <strong>de</strong> longe (como no topo da formaconhecida como “Noiva”, figura 48), ao longo da trilha dos Arenitos, no topo do platô,não po<strong>de</strong>ndo mais ser possível chegar próximo a elas a não ser na trilha localizadaatrás do Museu.4.1.5.3.8 Caneluras:São sulcos <strong>de</strong> corrosão e dissolução, que se formam nas vertentes dasrochas cristalinas nuas, por on<strong>de</strong> escorr<strong>em</strong> as águas. Segu<strong>em</strong> a linha <strong>de</strong> maior<strong>de</strong>clivida<strong>de</strong> e <strong>de</strong> menor distância entre partes altas e baixas <strong>de</strong> vertentes íngr<strong>em</strong>es.Constitu<strong>em</strong> também até certo ponto, formas pseudo-cársticas (Figura 49)(BIGARELLA, et al, 1994).Melo (2006) também <strong>de</strong>fine as caneluras como canaletas e explica que oprocesso erosivo envolvido na sua escavação associa al<strong>em</strong> da dissolução a erosãomecânica, on<strong>de</strong> os sulcos iniciam-se <strong>em</strong> fraturas preexistentes nas rochas, sendoaprofundadas pela ação <strong>de</strong> ácidos orgânicos diluídos na água.FIGURA 49- Caneluras <strong>em</strong> avançado estado erosivo, na borda do platô.A evolução <strong>de</strong>sses sulcos po<strong>de</strong> se dar até a borda do platô, assim a evolução<strong>de</strong>ssas formas continuam até o chão (Figura 50). Entretanto, nas pare<strong>de</strong>s do arenito,inicia-se a orig<strong>em</strong> <strong>de</strong> outra forma, conhecida como “forma <strong>de</strong> garrafa” (Figura 51).


173FIGURA 50- Representação <strong>de</strong> bacias <strong>de</strong> dissolução com caneluras queevolu<strong>em</strong> na pare<strong>de</strong> do arenito.FIGURA 51- Representação e forma conhecida como “Garrafa”No PEVV encontramos caneluras no Platô dos Arenitos e outros bonsex<strong>em</strong>plos a nível nacional são encontrados na parte alta do Parque Nacional <strong>de</strong>Itatiaia (RJ), no local <strong>de</strong>nominado Prateleiras.4.1.5.3.9 Anéis <strong>de</strong> Liesegang:


174Apesar <strong>de</strong> não constituír<strong>em</strong> uma forma <strong>de</strong> relevo, pois aparec<strong>em</strong> na superfícieda rocha, os Anéis <strong>de</strong> Liesegang 129 são faixas coloridas concêntricas associadas ao<strong>de</strong>senvolvimento do núcleo rochoso. Esses Anéis <strong>de</strong> Liesegang (Figura 52) resultamda precipitação rítmica a partir da difusão <strong>de</strong> soluções supersaturadas através <strong>de</strong>espaços intergranulares da rocha. As faixas castanhas (mais escuras) estãoenriquecidas por ferro e cálcio e <strong>em</strong>pobrecidas <strong>de</strong> outros el<strong>em</strong>entos, possuindoquatro vezes mais ferro do que as faixas claras. A formação <strong>de</strong>ssas faixas <strong>de</strong>ve-se aumidificações e ressecamentos periódicos. (BIGARELLA et al 1994 apud THOMAS,1974).FIGURA 52- Faixas coloridas no Arenito, <strong>de</strong>nominadas Anéis <strong>de</strong>LiesegangNas linhas <strong>de</strong> enriquecimento diferencial, formado <strong>em</strong> parte pelo processo <strong>de</strong>Liesegang, a tendência do arenito é a <strong>de</strong> ser <strong>de</strong> coloração mais amarelada. O termoé internacional e não há correspon<strong>de</strong>nte <strong>em</strong> português.do Navio”.Essas formações pod<strong>em</strong> ser observadas próximas ao local <strong>de</strong>nominado “Proa4.1.5.3.10 Fendas:129 Segundo o IBGE (2004) essas feições são caracterizadas pela difusão <strong>de</strong> bandas coloridas(principalmente <strong>em</strong> tons amarelos e vermelhos), <strong>de</strong>vido a um fluxo oxidante que atua <strong>de</strong> fora para<strong>de</strong>ntro, ocorrendo <strong>em</strong> planos <strong>de</strong> acamamento e superfície <strong>de</strong> juntas. Contudo, <strong>em</strong> PEVV ele não estarelacionado a estas estruturas.


175Fendas constitu<strong>em</strong> qualquer tipo <strong>de</strong> abertura linear, gran<strong>de</strong> ou pequena(GUERRA, 2003). Juntamente com os corredores e labirintos, são feiçõess<strong>em</strong>elhantes e associadas que <strong>de</strong>rivam do aprofundamento erosivo <strong>de</strong> fraturas doterreno, pela ação das águas das chuvas, que por ela escoam na forma <strong>de</strong>enxurradas. No caso do PEVV, os corredores são fendas <strong>em</strong> estagio mais avançado<strong>de</strong> erosão, com largura e altura maiores (MELO, 2006).FIGURA 53 - Fendas e Corredores na Trilha dos Arenitos.De acordo com a organização interna da rocha, as linhas <strong>de</strong> estrutura darocha começam a sofrer uma alteração, e essa alteração vai se intensificando, até oponto <strong>em</strong> que partes da rocha começam a <strong>de</strong>sagregar. Em muitos casos, a umida<strong>de</strong>e a perda <strong>de</strong> cimento superficial também favorec<strong>em</strong> essa <strong>de</strong>sagregação, b<strong>em</strong> comoa ação das plantas (liquens e musgos) (Figura 54).Essas formas pod<strong>em</strong> ser observadas na trilha dos Arenitos, principalmentepróximo ao local <strong>de</strong>nominado “Pedra Suspensa”4.1.5.3.11 Fraturas e diáclases


176As diáclases são resultado <strong>de</strong> esforços tectônicos muito antigos, <strong>de</strong>compressão ou tensão. Nos planos <strong>de</strong> fratura pod<strong>em</strong> ocorrer fraturas com<strong>de</strong>slocamentos chamados falhas, as quais pod<strong>em</strong> ser preenchidas (BIGARELLA etal, 1994).FIGURA 54 - Representação <strong>de</strong> um sist<strong>em</strong>a <strong>de</strong> diáclases enriquecidascom óxido hidratado <strong>de</strong> ferro observadas no Platô dos Arenitos.Fonte: Bigarella et al, 1994.A figura 54 mostra um sist<strong>em</strong>a <strong>de</strong> diáclases (ou fraturas), endurecidas poróxido <strong>de</strong> ferro, o que faz com que elas sejam mais resistentes à erosão e origin<strong>em</strong>compartimentos que terão pare<strong>de</strong>s salientes ou que po<strong>de</strong>rão ser faveoladas.Assim, ao observar as fraturas da figura 55, verifica-se que as mesmas secruzam, algumas são b<strong>em</strong> planas, outras são curvas e a tendência é a geração <strong>de</strong>novos blocos. O topo do platô geralmente é mais plano e resistente, mantendo aforma mais do que nas pare<strong>de</strong>s, que começam a sofrer com o int<strong>em</strong>perismo.


177FIGURA 55- Diáclases e fraturas <strong>em</strong> um bloco do Arenito Vila Velha.Legenda: As linhas amarelas ressaltam as diáclases que pod<strong>em</strong> ser observadas.Constitu<strong>em</strong> pontos fracos <strong>de</strong> ataque, por parte da erosão, po<strong>de</strong>ndo serverticais, horizontais e inclinadas. (GUERRA, 2003) No caso <strong>de</strong> Vila Velha, <strong>de</strong>acordo com Melo (2006, p. 85) são resultantes dos seguintes processos:Movimentos da crosta <strong>em</strong> gran<strong>de</strong>s extensões, como foi o caso dosoerguimento na área do Arco <strong>de</strong> Ponta Grossa...Tensões aplicadas aos blocos <strong>de</strong> rocha pela ação da força peso, ligadascom a evolução do relevo...Fadiga da rocha, que se expan<strong>de</strong> e contrai sucessivamente no ciclo diário<strong>de</strong> aquecimento sob a radiação solar e resfriamento noturno.Essas fraturas e diáclases pod<strong>em</strong> ser observadas durante toda a caminhadana Trilha dos Arenitos.4.1.5.3.12 FurnasSua orig<strong>em</strong> está ligada à estrutura geológica, herança da tectônica antiga,representada por diaclasamentos e fraturas no arenito orientando e facultando acirculação das águas subterrâneas através <strong>de</strong> fendas que são ampliadas pela<strong>de</strong>sagregação e também provocando o <strong>de</strong>sabamento do terreno <strong>em</strong> forma <strong>de</strong>pseudo-dolinas.Nas primeiras pesquisas científicas realizadas as Furnas ainda tinham suaorig<strong>em</strong> incerta. Taunay (1889 apud Soares 1989) registrou-as na literatura com “a<strong>de</strong>nominação genérica vaga <strong>de</strong> Buracos, são conhecidas três profundas perfurações


178naturais do solo” e Silva Muricy (1896 apud Soares 1989) refere-as como “Buracos,produzidos pela infiltração das águas <strong>em</strong> um solo <strong>de</strong> estratificação heterogênea,<strong>de</strong>sagregado pela ero<strong>de</strong>nte dinâmica das torrentes do sub-solo. Três vertiginososabismos...”.Mais tar<strong>de</strong> foram pesquisadas pormenorizadamente por Maack (<strong>em</strong> 1946 e1956), o primeiro a fazer um perfil das Furnas e <strong>de</strong>finir o seu nível hidrostático <strong>em</strong>788,4 metros <strong>de</strong> altitu<strong>de</strong>, verificando a comunicação subterrânea entre as<strong>de</strong>pressões da área. Nesta época também Maack (1956) passou a <strong>de</strong>nominar Furnaesses poços <strong>de</strong> <strong>de</strong>sabamento, consi<strong>de</strong>rando este termo sinônimo <strong>de</strong> orifíciocrateriforme.Entretanto, para alguns autores o termo furna não está <strong>em</strong>pregadocorretamente na região (SOARES, 1989). Guerra (2003, p. 290) <strong>de</strong>fine furna como“cavida<strong>de</strong> que aparece na encosta dos barrancos formada geralmente pelo acumulo<strong>de</strong> blocos <strong>de</strong> orig<strong>em</strong> glaciária (morainas), ou <strong>de</strong> <strong>de</strong>smoronamento ou ainda pordissolução” e <strong>em</strong> dicionários como o Larousse (2004) o termo <strong>de</strong>signa “ caverna,gruta, antro”. Maack (1970, apud Soares 1989) mudou a <strong>de</strong>nominação para poço,termo a seu ver mais correto do que furnas, pois as <strong>de</strong>pressões são gran<strong>de</strong>s poços<strong>de</strong> <strong>de</strong>sabamento 130 Mas mesmo com essas modificações, o termo furnas, apesar <strong>de</strong><strong>em</strong>pregado incorretamente, já era conhecido entre os paranaenses e os visitantesdo Parque.Para SOARES (1989, p. 1.)A orig<strong>em</strong> das furnas é s<strong>em</strong>elhante à <strong>de</strong> poços <strong>de</strong> <strong>de</strong>sabamento do relevocalcário, não se admitindo, no entanto, a presença <strong>de</strong> grutas calcárias <strong>em</strong>profundida<strong>de</strong> para a sua formação. Como a maioria das furnas apresentavegetação <strong>de</strong>nsa <strong>em</strong> seu fundo, com a formação <strong>de</strong> solo orgânico profundo,admite-se pequena dissolução química concentrada da sílicaEntretanto, não fica excluída a possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> haver uma influencia dasformações calcárias que do primeiro planalto dirig<strong>em</strong>-se para sudoeste sob o ArenitoFurnas. Po<strong>de</strong> ter havido uma contribuição <strong>de</strong>ssas formações para acentuar o<strong>de</strong>sabamento. De qualquer forma, mais estudos são necessários.130 Em inglês o termo para furnas é sinkhole e <strong>em</strong> espanhol sima.


179Segundo Melo (2006 b), as Furnas 1 e 2 são lagos profundos, fechados,muito abaixo da superfície do terreno, que receb<strong>em</strong> pouca quantida<strong>de</strong> <strong>de</strong> águaspluviais e se <strong>de</strong>stacam por apresentar<strong>em</strong>-se inundadas por águas do lençol freático.Além disso, favorec<strong>em</strong> o isolamento e o end<strong>em</strong>ismo <strong>de</strong> espécies <strong>de</strong> peixes que alihabitam (ARTONI, SHIBATA, 2006).Na área do Parque foram i<strong>de</strong>ntificadas 12 feições <strong>de</strong> abatimento que pod<strong>em</strong>ser classificadas como furnas. De acordo com a forma atual são classificadas <strong>em</strong>(MELO, 2006): inundadas: quando aflora o lençol freático, como nas chamadasFurnas 1 e 2; secas: que ainda não atingiram o nível do lençol freático, como achamada Furna 3 e assoreadas: entulhadas <strong>de</strong> sedimento, como a Lagoa Dourada ea Lagoa Tarumã.Entretanto, somente a Furna 01 e 02 pod<strong>em</strong> ser visitadas. A Furna Um é aque recebe maior fluxo turístico, b<strong>em</strong> circular, suas pare<strong>de</strong>s abruptas mostram asucessão <strong>de</strong> bancos horizontais <strong>de</strong> arenitos (Figura 56). A <strong>de</strong>scida <strong>de</strong>aproximadamente 50 metros pelo elevador panorâmico até o interior da Furna Um,um dos maiores atrativos do Parque, continua interrompida para a manutenção doelevador e realização <strong>de</strong> estudos <strong>de</strong> impacto. Essa Furna possui mais <strong>de</strong> c<strong>em</strong>metros <strong>de</strong> profundida<strong>de</strong>, com um volume <strong>de</strong> água que atinge aproximadamente ameta<strong>de</strong> <strong>de</strong>sta profundida<strong>de</strong> (53 metros).FIGURA 56- Furna Um e o elevadorA Furna Dois, 150 metros SW da primeira, apresenta diâmetro irregular,resultado do <strong>de</strong>sabamento parcial <strong>de</strong> uma <strong>de</strong> suas pare<strong>de</strong>s. A parte su<strong>de</strong>ste t<strong>em</strong>


180um cone <strong>de</strong> <strong>de</strong>tritos recoberto por <strong>de</strong>nsa vegetação. Essa Furna apresenta umatrilha circular que a margeia <strong>em</strong> toda a sua extensão, com um mirante panorâmicona área que apresenta menor <strong>de</strong>nsida<strong>de</strong> <strong>de</strong> vegetação.A Furna Três, localizada mais ao sul, está completamente mascarada por<strong>de</strong>nsa vegetação. Nesta furna, a <strong>de</strong>pressão ainda não <strong>de</strong>sabou até o nível da águainferior e a Paraná Turismo, <strong>em</strong> 1997, fechou o caminho até essa furna para arecuperação ambiental da trilha. Outra Furna, a <strong>de</strong>nominada Furna quatro,apresenta potencial turístico, entretanto, não é possível visitá-la <strong>de</strong>vido a restriçõesimpostas pelo IAP. Em épocas chuvosas, há a ocorrência <strong>de</strong> um riacho que seprecipita da borda para <strong>de</strong>ntro, formando uma pequena cachoeira. (IAP,2004).4.1.5.3.13 Depressões úmidas e secas e lagoasMelo (2006) indica que várias <strong>de</strong>pressões úmidas e secas no terreno, àsvezes associadas às furnas, às vezes isoladas e menores, correspond<strong>em</strong> a estágiosevolutivos precoces do <strong>de</strong>senvolvimento das furnas ou mesmo a formasdiferenciadas <strong>de</strong> abatimento nas quais não chegaram a se <strong>de</strong>senvolver as cavida<strong>de</strong>ssubterrâneas.Já as lagoas, são <strong>de</strong>finidas como <strong>de</strong>pressões <strong>de</strong> formas variadas, masprincipalmente circulares, <strong>de</strong> profundida<strong>de</strong> pequena e cheia <strong>de</strong> água doce ousalgada (GUERRA, 2003).FIGURA 57- Lagoa Dourada.


181Na área do PEVV encontramos a Lagoa Dourada (Figura 57) e a LagoaTarumã, ambas consi<strong>de</strong>radas furnas assoreadas. A Lagoa Dourada (única que po<strong>de</strong>ser visitada 131 ) t<strong>em</strong> a mesma orig<strong>em</strong> e o mesmo nível <strong>de</strong> água das Furnas, havendouma ligação subterrânea entre elas através do lençol freático, <strong>de</strong>saguando através<strong>de</strong> um canal no Rio Guabiroba. A Lagoa po<strong>de</strong> ser consi<strong>de</strong>rada uma furna senil, pois,com o gran<strong>de</strong> assoreamento que recebe, segundo estudiosos, está <strong>em</strong> fase daextinção.4.1.5.3.14 Cachoeiras e corre<strong>de</strong>iras:Cachoeiras são quedas d’água no curso <strong>de</strong> um rio, ocasionadas pelaexistência <strong>de</strong> um <strong>de</strong>grau no perfil longitudinal do mesmo. As causas da existência<strong>de</strong>ssas diferenças são diversas, po<strong>de</strong>ndo estar ligadas à falhas, dobras, erosãodiferencial, diques, entre outros. (GUERRA, 2003). Corre<strong>de</strong>iras são áreas <strong>em</strong> riosque apresentam <strong>de</strong>clivida<strong>de</strong> acentuada e um escoamento veloz e turbulento (IBGE,2004).FIGURA 58- Cachoeira e corre<strong>de</strong>iras na área do PEVV, no Rio Quebra-PernaO PEVV é banhado pelo Rio Quebra-Perna (Figura 58), sendo que na áreaon<strong>de</strong> pod<strong>em</strong> ser observadas as cachoeiras e corre<strong>de</strong>iras, o mesmo encontra-se131 Outras <strong>de</strong>pressões úmidas e secas não pod<strong>em</strong> ser acessadas pelos visitantes, pois se localizam<strong>em</strong> áreas on<strong>de</strong> a visitação não é permitida.


182sobre o Arenito Furnas. Entretanto, estas formas não pod<strong>em</strong> ser observadas pelosvisitantes do PEVV, pois estão localizadas <strong>em</strong> uma área restrita á visitação turística.4.1.5.3.15 Blocos SuspensosProcessos erosivos escavaram e isolaram progressivamente blocos <strong>de</strong>arenito, os quais sob ação da força imposta pela gravida<strong>de</strong>, pod<strong>em</strong> assumirposições <strong>de</strong> equilíbrio instável. Alguns estão sujeitos a quedas e <strong>de</strong>smoronamento,po<strong>de</strong>ndo inclusive <strong>de</strong>terminar situações <strong>de</strong> risco (MELO, 2006).Assim, foram as linhas estruturais principais e as fraturas do Arenito quefavoreceram a queda <strong>de</strong> gran<strong>de</strong>s blocos, auxiliando na sua <strong>de</strong>sagregação e<strong>de</strong>smoronamento.FIGURA 59 - Pedra SuspensaFonte:www.lami.pucpr.br~daltonwebsites2000s<strong>em</strong>estre1Juliana%20e%20Maria%20Dparque.Estadual%20<strong>de</strong>%20Vila%20Velahtm.htmO local <strong>de</strong>nominado “Pedra Suspensa” atualmente não po<strong>de</strong> mais servisitado, pois a trilha até o interior do corredor, <strong>de</strong> on<strong>de</strong> se podia visualizar o blocorochoso suspenso (Figura 59), está fechada para recuperação ambiental erealização <strong>de</strong> mais pesquisas sobre a ave da espécie <strong>de</strong>nominada popularmente <strong>de</strong>“andorinhão”.


1834.1.5.3.16. Formas cilíndricas parecidas com o faveolamentoFIGURA 60- Formas s<strong>em</strong>elhantes ao faveolamento.Formas intrigantes e que ainda não estão claras são as localizadas ao lado dolocal conhecido como Proa do Navio (Figura 60). Parecidas com o faveolamento, aspare<strong>de</strong>s estão perfuradas cilindricamente, <strong>em</strong> diversas direções, sugerindo diversasinterpretações, até mesmo a <strong>de</strong> cupins. Para Melo (2006, p. 116),Não raro, observam-se perfurações nos arenitos cuja geometria (calibre,orientação, comunicação, continuida<strong>de</strong>) permite atribuí-las a ação <strong>de</strong> cupins,<strong>em</strong>bora não sejam observados cupinzeiros próximos, o que indicaria que setrata <strong>de</strong> feições relativamente antigas.Entretanto, a dureza da rocha sugere que a mesma não po<strong>de</strong>ria ser perfuradapor algum tipo <strong>de</strong> animal. Pequenas raízes pod<strong>em</strong> ter auxiliado neste processo, poisalgumas consegu<strong>em</strong> penetrar <strong>em</strong> sulcos na rocha e com a produção <strong>de</strong> ácidoshúmicos após a sua morte pod<strong>em</strong> <strong>de</strong>positar-se na periferia óxidos hidratados <strong>de</strong>ferro, auxiliando na formação <strong>de</strong>ssas cavida<strong>de</strong>s.Em relação a fósseis, nenhum foi encontrado neste local. Outra hipótese po<strong>de</strong>ser atribuída à época <strong>de</strong> <strong>de</strong>posição do arenito, que assim po<strong>de</strong> ter contribuído paraessa formação. De qualquer forma, mais investigações <strong>de</strong>v<strong>em</strong> ser feitas para queessas formações sejam a<strong>de</strong>quadamente <strong>de</strong>finidas, para que assim os visitantestenham acesso à interpretação correta.


1844.1.5.3.17 Marcas <strong>de</strong> ondulaçãoFIGURA 61 - Marca <strong>de</strong> ondulação no arenito periglacial <strong>de</strong>positadodurante o recuo das geleiras no Carbonífero Superior.Essas marcas (ripple marks) que pod<strong>em</strong> ser observadas no topo do platô dosarenitos foram produzidas por fluidos <strong>em</strong> movimentos e mostram a direção do fluxo<strong>de</strong> água que ocorreu durante a <strong>de</strong>posição do Arenito Vila Velha (não um rio, mas umsist<strong>em</strong>a anastomosado <strong>de</strong> fluxo) (Figura 61). São marcas raras, pois <strong>em</strong> muitosepisódios como esse os rios acabavam sendo r<strong>em</strong>exidos pelo fluxo <strong>de</strong> areia, o queacabava <strong>de</strong>struindo as marcas formadas.São encontradas principalmente <strong>em</strong> sedimentos arenosos e essas formasestão condicionadas a diversos fatores, como velocida<strong>de</strong> das correntes, movimentosdas ondas, suprimento e granulação dos sedimentos e profundida<strong>de</strong> da água, al<strong>em</strong><strong>de</strong> servir<strong>em</strong> na <strong>de</strong>terminação da direção da corrente (BIGARELLA et al, 1985).Atualmente não pod<strong>em</strong> mais ser visitadas, pois estão localizadas no topo doplatô dos Arenitos e no Platô da Fortaleza, áreas restritas a visitação turística.Portanto, após todos esses aspectos apresentados, este capítulo procuroumostrar como as formas <strong>de</strong> superfície encontradas no PEVV se originam, quais osprocessos envolvidos, e como elas pod<strong>em</strong> ser compreendidas, com o auxilio <strong>de</strong>fotos e <strong>de</strong>senhos como meio facilitador da interpretação do ambiente.


185Deste modo, essas formas <strong>de</strong> superfície, <strong>de</strong>vido a sua presença permanente eseu impacto no cotidiano das ativida<strong>de</strong>s humanas, são as que mais chamam aatenção e envolv<strong>em</strong> a curiosida<strong>de</strong> (SALAMUNI, 1989). E <strong>de</strong> fato, o principal atrativodo PEVV são as formas dos arenitos, que pod<strong>em</strong> ser observadas nas caminhadaspelas trilhas disponíveis. A taça, principal símbolo do Parque é inclusive um dosmelhores ex<strong>em</strong>plos que pod<strong>em</strong> ser utilizados para explicar a orig<strong>em</strong> das formas,pois gran<strong>de</strong> parte dos turistas que a observa possui o interesse <strong>em</strong> saber como anatureza esculpiu-a com tal “precisão”.


1864.2 PARQUE NACIONAL DO IGUAÇU - PNIO PNI possui uma das maiores e mais impressionantes quedas d água domundo, sendo uma UC conhecida mundialmente por possuir esses aspectos. Paraalguns autores, o Parque Nacional do Iguaçu é consi<strong>de</strong>rado a maior atração turísticanatural do país (PADUA, 1983). E para outros, o PNI é importante pelabiodiversida<strong>de</strong> que protege, paisag<strong>em</strong> <strong>de</strong> rara beleza cênica que abriga, ativida<strong>de</strong> erenda que promove, representativida<strong>de</strong> <strong>de</strong> ambientes e ecossist<strong>em</strong>as que mantém,sendo um dos mais valiosos bens da nação. (CASALE et al., s.d, B)4.2.1 LOCALIZAÇÃO, ÁREA E ACESSOS:O PNI localiza-se na região Sul do País, no oeste do Estado do Paraná, naporção meridional do terceiro planalto. Po<strong>de</strong>-se chegar à cida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Foz do Iguaçu(localizada a 680 km da capital, Curitiba) por via aérea e terrestre, e o acesso é feitopela BR-469, até o parque. Possui área total <strong>de</strong> 185.265 ha, 400 km <strong>de</strong> perímetro,sendo que a área <strong>de</strong>stinada á visitação totaliza 5.600 ha.A UC está localizada entre as coor<strong>de</strong>nadas geográficas 25º 05´ e 25º 40´latitu<strong>de</strong> sul e 54º 30´ e 54º 40´ <strong>de</strong> longitu<strong>de</strong> oeste. A t<strong>em</strong>peratura média máxima é<strong>de</strong> cerca <strong>de</strong> 26º C e a mínima <strong>de</strong> 15º C, o clima é t<strong>em</strong>perado chuvoso, s<strong>em</strong> estaçãoseca <strong>de</strong>finida (SALAMUNI et al, 2002). O acesso ao Parque é realizado pelo Centro<strong>de</strong> Visitantes, ao lado do estacionamento 132 .FIGURA 62– Localização do Parque Nacional do Iguaçu132 Tal estacionamento é cobrado e comporta 170 ônibus, 20 vans e 676 veículos pequenos.


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1884.2.2 CARACTERÍSTICAS GERAISInicialmente, a região foi habitada por índios. Em 1542, o capitão espanholNunez Cabeza <strong>de</strong> Vaca, foi o primeiro europeu a chegar até as Cataratas, batizandoum dos saltos <strong>de</strong> Santa Maria. Após essa expedição, o caminho foi aberto para aocupação branca iniciando com as missões jesuíticas. Após, os índios forampraticamente exterminados com a chegada dos ban<strong>de</strong>irantes paulistas, e asreduções viraram alvo <strong>de</strong> perseguições. Já a partir <strong>de</strong> 1888, uma onda <strong>de</strong> imigraçãotomou conta do oeste do Paraná, introduzindo a erva-mate na região eintensificando a extração da ma<strong>de</strong>ira, colocando <strong>em</strong> risco a preservação dabiodiversida<strong>de</strong> na região.As Cataratas já eram famosas <strong>de</strong>s<strong>de</strong> o inicio do século passado, atraindovisitantes como Santos Dumont <strong>em</strong> 1916. Nessa mesma década começaram asdiscussões para a criação <strong>de</strong> uma Unida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Conservação no local, o que só veioocorrer <strong>em</strong> 1939 133 .O PNI divi<strong>de</strong> o título <strong>de</strong> Patrimônio Mundial com o Parque Nacional Iguazu, 134localizado na outra marg<strong>em</strong> do rio, na Argentina. Inscrito como B<strong>em</strong> Natural <strong>em</strong>1986 na Lista <strong>de</strong> Patrimônio Mundial, <strong>em</strong> conjunto os dois parques abrigam atotalida<strong>de</strong> das quedas d’água e formam uma das maiores áreas <strong>de</strong> florestasubtropical preservadas no mundo, cobrindo 225 mil hectares, dos quais 75 % estão<strong>em</strong> território brasileiro (UNESCO, 2002).O Parque protege espécies representativas da biodiversida<strong>de</strong>, sendo algumas<strong>em</strong> extinção, como a onça-pintada, puma, jacaré <strong>de</strong> papo amarelo, gavião real, além<strong>de</strong> espécies da flora como o pinheiro e a peroba rosa. De acordo com Vega (2003),foram registrados no Parque 200 espécies <strong>de</strong> arvores, 448 <strong>de</strong> aves 135 , 71 d<strong>em</strong>amíferos, 36 <strong>de</strong> répteis, 20 <strong>de</strong> anfíbios e 250 espécies <strong>de</strong> borboletas. Os aspectos133 Bigarella (1986) indica que o parque foi criado somente porque na década <strong>de</strong> 30, uma dascondições impostas ao Brasil para que ele pu<strong>de</strong>sse pertencer a União Pan Americana era que elepossuísse pelo menos três Parques Nacionais, e o único que existia na época era o Parque Nacional<strong>de</strong> Itatiaia (RJ).134 Na Argentina o Parque Nacional Iguazu foi criado antes, <strong>em</strong> 1934. Até 1990 esta era a única áreaprotegida nacionalmente que preservava a selva paranaense (sic) ou missioneira. (ROLON eCHEBEZ, 1998)135 Devido a toda essa diversida<strong>de</strong> <strong>de</strong> aves, o Parque no lado argentino é consi<strong>de</strong>rado meca dosornitólogos e observadores <strong>de</strong> aves do país e <strong>de</strong> estrangeiros. (ROLON e CHEBEZ, 1998).


189histórico-culturais são comentados por guias e condutores, sendo que a lenda 136 <strong>de</strong>formação das Cataratas é a mais conhecida e difundida.4.2.3-PLANO DE MANEJO, ATRATIVOS E OUTRAS INFORMAÇÕESO Plano <strong>de</strong> Manejo do Parque Nacional do Iguaçu foi elaborado <strong>em</strong> 1981 erevisado <strong>em</strong> 1999. Em 1997, o Parque iniciou uma gran<strong>de</strong> revitalização, através daconcessão <strong>de</strong> uso <strong>de</strong> áreas e serviços localizados na zona <strong>de</strong> uso intensivo, atuandocomo uma ferramenta <strong>de</strong> manejo e melhoria da Unida<strong>de</strong>. Mueller et al (2003)consi<strong>de</strong>ram inclusive que o sist<strong>em</strong>a <strong>de</strong> concessão auxilia os órgãos gestores aa<strong>de</strong>quar<strong>em</strong> a visitação quando permitido o uso público para fins educacionais erecreativos. E também, sobre a concessão (p. 251)É benéfica ao prover facilida<strong>de</strong>s e a<strong>de</strong>quar a visitação através <strong>de</strong>investimentos privados, gerando <strong>em</strong>pregos para as com<strong>unida<strong>de</strong>s</strong> locais,aproveitando melhor o potencial <strong>de</strong> visitação das Unida<strong>de</strong>s e permitindo queos órgãos ambientais responsáveis <strong>de</strong>diqu<strong>em</strong>-se com mais intensida<strong>de</strong> apesquisa e a <strong>conservação</strong> do ecossist<strong>em</strong>a, entre outras atribuições legais.Desta forma, as ativida<strong>de</strong>s realizadas <strong>de</strong>ntro da UC se expandiram e sediversificaram, com o objetivo <strong>de</strong> proporcionar ainda mais opções turísticas aosvisitantes. Com a revitalização das áreas <strong>de</strong> Uso Público da Unida<strong>de</strong>, o Parquepassou a contar com um centro <strong>de</strong> visitantes, transporte interno exclusivo, o EspaçoNaipi e o Espaço Porto Canoas, áreas impl<strong>em</strong>entadas e estruturadas através <strong>de</strong><strong>em</strong>préstimos privados. Assim, a administração geral do Parque continua sendorealizada pelo ICM-Bio, que atua <strong>em</strong> favor da <strong>conservação</strong> e a administração136 Greca (1997) <strong>em</strong> sua interpretação da lenda, conta que os Caigangues chamam o <strong>de</strong>us do rio <strong>de</strong>M’boi, e ele é uma serpente. Este Deus dava peixe para os índios e <strong>em</strong> troca eles davam uma moça,todos os anos, <strong>de</strong> presente. Naipi então se apaixonou pelo bravo guerreiro Tarobá e M’boi se zangou,pois queria Naipi e se não a tivesse, não daria mais peixes. T<strong>em</strong>erosos, os índios levaram Naipi ànoite, escondidos. Tarobá, esperto, acordou e como o amor que tinha por Naipi era tão gran<strong>de</strong> aponto <strong>de</strong> <strong>de</strong>safiar os <strong>de</strong>uses, salvou Naipi das águas <strong>de</strong> M’boi. Na perseguição ao casal, M’boiserpenteava, fazia ágeis curvas, <strong>de</strong>scia penhascos e os dois s<strong>em</strong>pre escapavam. Por ultimo M’Boifez um <strong>de</strong>spenha<strong>de</strong>iro tão gran<strong>de</strong> que ali fez tombar os apaixonados. Desta forma, transformouTarobá <strong>em</strong> arvore e Naipi <strong>em</strong> penhascos, sendo que seus cabelos são as espumas do rio quebanham a árvore para s<strong>em</strong>pre.


190turística é feita pela <strong>em</strong>presa concessionária, a Cataratas S/A., sendo estaconcessão a pioneira nos parques nacionais brasileiros.O maior atrativo do PNI são s<strong>em</strong> dúvida as Cataratas. Três quartos das 275quedas que integram o conjunto estão do lado argentino, o que faz com que o ladobrasileiro seja mais a<strong>de</strong>quado para a observação. Do Centro <strong>de</strong> Visitantes part<strong>em</strong> osônibus até o inicio da Trilha das Cataratas, que possui 1200 metros, é pavimentadae possui escadas que inviabilizam seu acesso por portadores <strong>de</strong> <strong>de</strong>ficiências.Durante o percurso há pontos <strong>de</strong> parada para <strong>de</strong>scanso e mirantes e o término datrilha é na passarela que dá acesso ao mirante on<strong>de</strong> se po<strong>de</strong> observar a Gargantado Diabo.Outros atrativos são os concessionados:Macuco Safári: Localizado na primeira parada do ônibus <strong>de</strong>ntro do Parque.Grupos <strong>de</strong> até 25 pessoas realizam um passeio <strong>de</strong> três quilômetros conduzido porjipes elétricos. Os guias repassam informações sobre fauna e flora, até chegar aoponto da caminhada opcional, <strong>de</strong> 600 metros. Após, é realizado o passeio <strong>em</strong> botesinfláveis, on<strong>de</strong> é percorrido um trecho <strong>de</strong> aproximadamente cinco quilômetros pelorio Iguaçu, até chegar próximo ao mirante das Cataratas.Macuco Ecoaventura: Oferece um percurso pela Trilha do Poço Preto, queinclui uma trilha suspensa curta e um passeio <strong>de</strong> bicicleta por nove quilômetros.Chega-se a um mirante on<strong>de</strong> é possível observar a fauna da Lagoa do Jacaré e <strong>em</strong>seguida é feito um passeio <strong>de</strong> barco a motor até as Ilhas da Taquara, on<strong>de</strong> se po<strong>de</strong>r<strong>em</strong>ar <strong>em</strong> pequenos barcos infláveis até a Trilha das Bananeiras.Canyon Iguaçu Aventuras: Oferece ativida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> arborismo, rafting, rapel,escaladas <strong>em</strong> rocha e escaladas indoor. O rapel é realizado a partir <strong>de</strong> umaplataforma suspensa no canyon e possui 55 metros <strong>de</strong> altura. A escalada <strong>em</strong> rochaé realizada <strong>em</strong> uma das mais <strong>de</strong> vinte vias abertas no cânion do Rio Iguaçu, e quepossu<strong>em</strong> diferentes níveis <strong>de</strong> dificulda<strong>de</strong>.Sobrevôo <strong>de</strong> Helicóptero: O local <strong>de</strong> partida para o sobrevôo <strong>em</strong> helicópteroestá fora dos limites do Parque, <strong>em</strong> frente ao Parque das Aves. O sobrevôo t<strong>em</strong>


191duração média <strong>de</strong> <strong>de</strong>z minutos, voam somente do lado brasileiro e os helicópteroscomportam até quatro pessoas.O Parque funciona <strong>de</strong> segunda a segunda das 9 ás 17 horas e o valor doingresso para brasileiros é <strong>de</strong> R$ 11,85 por pessoa 137 . O t<strong>em</strong>po médio para a visitasomente às Cataratas é <strong>de</strong> aproximadamente duas horas, sendo que se outrospasseios opcionais for<strong>em</strong> realizados esse t<strong>em</strong>po sobe para pelo menos três horas <strong>em</strong>eia. Após adquirir o ingresso na bilheteria, o visitante <strong>em</strong>barca <strong>em</strong> ônibus 138 quecirculam a cada quinze minutos e conduz<strong>em</strong> até os pontos <strong>de</strong> parada.A infra-estrutura disponível é composta por praça <strong>de</strong> alimentação comlanchonetes, restaurante e cafeteria, acesso a internet, quiosques com sorvetes <strong>em</strong>aterial fotográfico, banheiros, acesso para <strong>de</strong>ficientes, dois elevadorespanorâmicos e três lojas <strong>de</strong> recordações (souvenirs) que vend<strong>em</strong> confecções,artesanato, geodos e pedras preciosas, material informativo, entre outros. Alémdisso, o Parque abriga o Hotel das Cataratas, primeiro hotel da América do Sul areceber a certificação ISO 14001 139 .O PNI possui na se<strong>de</strong> administrativa do ICM-Bio, um auditório, sala parapalestras e pequenas exposições. Dentro da UC há laboratório para pesquisas, doisalojamentos para pesquisadores e a Escola Parque, <strong>de</strong>stinada à educaçãoambiental.Já o Parque Nacional <strong>de</strong>l Iguazu, no lado argentino 140 , recebe anualmenteainda mais visitantes que o Parque brasileiro e possui diversas trilhas. Há um tr<strong>em</strong>137 Crianças até 6 anos e idosos a partir <strong>de</strong> 60 anos pagam R$ 4,35 (somente o transporte), sendoque esses valores são diferentes para resi<strong>de</strong>ntes dos municípios do entorno, resi<strong>de</strong>ntes do Mercosule outros estrangeiros.138 Esse sist<strong>em</strong>a <strong>de</strong> transporte interno foi criado com o objetivo <strong>de</strong> diminuir os veículos na estrada,para reduzir os atropelamentos <strong>de</strong> animais e cair a <strong>em</strong>issão <strong>de</strong> gases poluentes no interior da UC.139 A ISO 14001 é uma norma internacionalmente aceita que <strong>de</strong>fine requisitos para estabelecer eoperar um Sist<strong>em</strong>a <strong>de</strong> Gestao Ambiental.140 Com a <strong>de</strong>vida autorização da Administração do Parque e da Guarda Florestal Argentina, foirealizada <strong>em</strong> set<strong>em</strong>bro <strong>de</strong> 2006 uma visita acompanhada pela Eng. Mirta Garciarena (daAdministração dos Parques Nacionais Argentinos), ao CIES (Centro <strong>de</strong> Investigaciones EcológicasSubtropicales), que não possuía nenhum trabalho realizado até o momento sobre geoturismo ousobre a interpretação ambiental relacionada ao <strong>patrimônio</strong> <strong>geológico</strong>. O CIES, até então, <strong>de</strong>sconheciaos formulários da UNESCO <strong>em</strong> relação aos Geoparques e não sabia da existência da Re<strong>de</strong> Mundial<strong>de</strong> Geoparques. Verificou-se que não é dada importância aos aspectos <strong>geológico</strong>s e geomorfológicosda área, já que não há nenhum tipo <strong>de</strong> informação sobre esses assuntos, seja na forma <strong>de</strong> painéis,sinalização, folhetos, ví<strong>de</strong>os, palestras ou outros meios interpretativos. No Centro Interpretativo não éfeita nenhuma referencia a história geológica ou à geomorfologia da UC. Já <strong>em</strong> outro fol<strong>de</strong>r, também


192que realiza o percurso entre o Centro <strong>de</strong> Visitantes, a Estação Cataratas e a EstaçãoGarganta. Na Estação Cataratas é possível fazer o percurso superior, composto por750 metros <strong>de</strong> passarelas suspensas que margeiam os saltos Ramirez, Bossetti,Eva, Adan, Bernabe e Men<strong>de</strong>z. Na estação Garganta está o percurso mais visitadodo Parque, que conduz o visitante até a Garganta Del Diablo. E há o percursoinferior, que dá acesso aos passeios <strong>de</strong> barco oferecidos opcionalmente e àtravessia gratuita até a Ilha San Martin.Para Cury (2003, p.05), o Parque na Argentina aproveita mais os seusatrativos. Visto que “A diferença relativa ao aproveitamento dos recursos turísticos éconsi<strong>de</strong>rável na Argentina, <strong>de</strong>vido à maior extensão <strong>de</strong> trilhas a ser<strong>em</strong> percorridasna área das Cataratas. Embora o PNI-BR apresente uma reserva maior secomparado com o PNI-AR, a qualida<strong>de</strong> no atendimento parece ser melhor naArgentina”.Realmente o Brasil oferece b<strong>em</strong> menos opções <strong>de</strong> trilhas aos visitantes, poishá somente a Trilha das Cataratas e trilhas opcionais, comercializadas pelo MacucoSafári e Macuco Ecoaventura. Mas <strong>em</strong> relação a interpretação do ambiente nosseus aspectos <strong>geológico</strong>s e geomorfológicos o lado brasileiro está melhorpreparado, pois o PNI possui os painéis interpretativos implantados pela Mineropar eos condutores tiveram a oportunida<strong>de</strong> <strong>de</strong> realizar o Curso <strong>de</strong> Condutor <strong>de</strong>Geoturismo, um dos resultados <strong>de</strong>sta tese.4.2.3 ASPECTOS GEOLÓGICOSGeologicamente, o Parque Nacional do Iguaçu está localizado no terceiroplanalto paranaense, na <strong>de</strong>nominada Bacia do Paraná, região fisiográfica muitosimples pelas suas formas e estruturas (IBDF, 1981).distribuído aos visitantes, sobre os serviços disponíveis no Parque e sobre o Centro <strong>de</strong> Visitantes,são abordados aspectos da biodiversida<strong>de</strong> e das culturas que habitaram a “Selva Paranaense”.(APN, 2006). Ou seja, tanto no material informativo distribuído, quanto nos painéis do Centro <strong>de</strong>Visitantes é dada ênfase aos aspectos da flora, fauna, histórico <strong>de</strong> ocupação humana e <strong>conservação</strong>da natureza. Nenhum <strong>de</strong>sses painéis comenta sobre a formação das Cataratas.


193FIGURA 63 - Esboço do Perfil Geológico do Estado do Paraná.Fonte: Baseado <strong>em</strong> Maack. Bigarella, 1954 B.4.2.3.1 Grupo São BentoEste Grupo recebeu este nome <strong>de</strong> White, <strong>em</strong> 1908. Faz<strong>em</strong> parte <strong>de</strong>ste grupoas Formações Botucatu (abaixo) e Serra Geral (acima). Salamuni et al comentamque (2002, p.318),A região, compreendida pelo Parque, está inserida <strong>em</strong> uma das maiores <strong>em</strong>ais importantes reservas mundiais <strong>de</strong> água subterrânea que é o Grupo SãoBento, principalmente no que concerne à Formação Botucatu (AqüíferoGuarany). Os <strong>de</strong>rrames basálticos constitu<strong>em</strong> um bom aqüífero fraturado,representados pelas tramas estruturais, configuradas pelos sist<strong>em</strong>as <strong>de</strong>fraturas tanto tectônicas como atectônicas.Entretanto, na área das Cataratas afloram rochas somente da FormaçãoSerra Geral.4.2.3.1.1 Formação Serra GeralA Formação Serra Geral é composta por <strong>de</strong>rrames <strong>de</strong> lavas basálticas(basalto), que abrang<strong>em</strong> a Bacia do Paraná. O vulcanismo que ocorreu na Bacia doParaná é consi<strong>de</strong>rado um dos maiores eventos vulcânicos da Terra (cobre1.200.000 km²), que além da porção oeste do Paraná, inclui ainda parte dos Estadosdo Rio Gran<strong>de</strong> do Sul, Santa Catarina, São Paulo e Mato Grosso, além <strong>de</strong> parte doUruguai, Argentina e Paraguai na América do Sul. Foi um vulcanismo <strong>de</strong> fissura, ouseja, o magma era extravasado por meio <strong>de</strong> fendas. (Figura 64.)


194FIGURA 64 - A Bacia do Paraná e a extensão <strong>de</strong> seus <strong>de</strong>rrames no Brasil(<strong>em</strong> ver<strong>de</strong>)Fonte: Bigarella et al (1985)No Estado do Paraná esses <strong>de</strong>rrames, ocupam aproximadamente 2/3 doterritório (MAACK, 1947) e pod<strong>em</strong> ser observados no PNI. Em outros Estados,Caravaca (2004) cita também o Parque Nacional dos Aparados da Serra, o litoral <strong>de</strong>Torres (RS), e as diversas estradas que percorr<strong>em</strong> as escarpas da serra gaúcha ecatarinense. Salamuni et al (2002, p. 314) afirmam que ao longo <strong>de</strong>ssas fraturas, omaterial vulcânico se <strong>de</strong>rramava e espalhava por gran<strong>de</strong>s áreas, facilitada pelaflui<strong>de</strong>z das lavas básicas, sendo “imediatamente anterior à abertura sul-atlantiana,posicionando-se entre o Jurássico superior e o Cretáceo Inferior (entre 145 e 120Ma.)”.Em alguns pontos, os <strong>de</strong>rrames pod<strong>em</strong> chegar a 1500 m (MAACK, 1968).Eram compostos <strong>de</strong> material fundido formado <strong>em</strong> altas t<strong>em</strong>peraturas. Na época<strong>de</strong>sses <strong>de</strong>rrames existia muito calor no subsolo por causa da ativida<strong>de</strong> vulcânica e oclima era muito seco. Em algumas rochas pod<strong>em</strong> ser observados vários <strong>de</strong>rrames, ecerta diferenciação entre eles, ou seja, o <strong>de</strong>rrame <strong>de</strong>ve ser da mesma época, mascom um pequeno intervalo <strong>de</strong> t<strong>em</strong>po entre eles. Salamuni et al (2002, p. 314)afirmam que no Parque os <strong>de</strong>rrames possu<strong>em</strong> entre 750 e 800 metros, e que sobessa capa são encontradas as seqüências sedimentares da Bacia do Paraná.


195Imediatamente abaixo e <strong>em</strong> parte intercalados nos <strong>de</strong>rrames, posiciona-se aFomação Botucatu, também do Grupo São Bento. Sotopostas a este conjuntoocorr<strong>em</strong> as <strong>unida<strong>de</strong>s</strong> do Grupo Passa Dois, respectivamente, formações Riodo Rasto, Teresina, Serra Alta e Irati, cujas ida<strong>de</strong>s são variáveis entre oPermiano e o Triássico inferior.No PNI Maack (1968) afirma que pod<strong>em</strong> ser reconhecidos oito <strong>de</strong>rrames <strong>de</strong>trapp 141 (figura 65).FIGURA 65- Derrames observados nas Cataratas.Legenda: Atualizar diabásio para basalto.Fonte: Maack (1968).E esses <strong>de</strong>rrames propiciaram a formação <strong>de</strong> patamares, também chamados<strong>de</strong> <strong>de</strong>graus ou plataformas. Assim, catarata, segundo Guerra (2003, p. 131) é um“<strong>de</strong>grau no perfil longitudinal <strong>de</strong> um rio, produzindo gran<strong>de</strong> queda d’água”. Maack(1981) explica que a retro-erosão linear do Rio Iguaçu acompanha as inúmerasdiáclase dos diversos saltos. Consequent<strong>em</strong>ente originou-se uma plataforma entre a141 Salamuni et al (2002, p. 315) comentam que uma das características marcantes das efusivasbasálticas é o seu modo <strong>de</strong> ocorrência, constituindo <strong>em</strong>pilhamentos sucessivos <strong>de</strong> lavas <strong>em</strong> <strong>unida<strong>de</strong>s</strong>tabulares b<strong>em</strong> <strong>de</strong>finidas, “ e que a essa particularida<strong>de</strong> <strong>de</strong>ve-se, provavelmente, a <strong>de</strong>signação al<strong>em</strong>ãtrapp <strong>em</strong> alusão à sua disposição escalonada” .


196parte superior dos saltos e uma camada inferior mais antiga <strong>de</strong> <strong>de</strong>rrames <strong>de</strong> lava,<strong>de</strong>limitada por uma diáclase rumo N 320 o W para N 140 o E. Atualmente pod<strong>em</strong> serobservados três patamares: Um que está no nível do canyon, outro no nível <strong>de</strong> basedo Salto Floriano (que já esteve um dia no local on<strong>de</strong> está a passarela e continuaregredindo) e quando a vazão das Cataratas é baixa, po<strong>de</strong>-se observar que um novopatamar, ainda <strong>em</strong>brionário, está se formando, po<strong>de</strong>ndo ser observado tambémpróximo á Garganta do Diabo (Figura 66).FIGURA 66 - Patamares antigos e indicação <strong>de</strong> patamar <strong>em</strong>brionáriopróximo a Garganta do Diabo.O basalto que compõe esses <strong>de</strong>rrames é uma rocha vulcânica extrusiva. Ébásica e apresenta aproximadamente 48% <strong>de</strong> minerais ferro-magnesianos Na áreado PNI encontramos o basalto vesicular, essa estrutura contém cavida<strong>de</strong>sproduzidas pela expansão e escape <strong>de</strong> gases, sendo que essas vesículas pod<strong>em</strong>ser esféricas, elípticas ou tubulares, muito comuns nas lavas.Meláfiro é um termo antigo e para Guerra (2003) é a <strong>de</strong>nominação dada poralguns geólogos aos basaltos vacuolares (ou vesiculares).


197FIGURA 67 - Meláfiros com amígdalas preenchidas por minerais.Em algumas áreas no PNI os meláfiros (Figura 67) estão b<strong>em</strong> visíveis, comonas proximida<strong>de</strong>s do Salto Macuco e na base da plataforma <strong>de</strong> rapel da <strong>em</strong>presaCampo <strong>de</strong> Desafios. São rochas que possu<strong>em</strong> as chamadas amígdalas. Parafacilitar a sua explicação pod<strong>em</strong>os usar a comparação com uma garrafa <strong>de</strong> águamineral com gás. Assim, quando a rocha estava fundida e veio do interior da terraaté a superfície para <strong>de</strong>rramar, é como se na hora se abrisse uma imaginária garrafaque continha o magma sob pressão. Quando abriu, foi como na garrafa <strong>de</strong> água,on<strong>de</strong> observamos as bolhas subindo. Essas bolhas se solidificaram, juntamente comos minerais <strong>em</strong> seu interior (zeólitas, quartzo, ágata, calcita, calcedônia, entreoutros) formando essas amígdalas.4.2.4 ASPECTOS GEOMORFOLÓGICOSNo <strong>de</strong>senvolvimento das formas topográficas <strong>de</strong> relevo, intervieramprincipalmente a estrutura geológica, o tipo climático vigente e a cobertura florística.As formas da paisag<strong>em</strong> foram originadas pela alternância <strong>de</strong> dois grupos <strong>de</strong>diferentes processos (um durante a vigência <strong>de</strong> climas s<strong>em</strong>i-áridos, com chuvasconcentradas e outro durante épocas climáticas úmidas). Assim, durante a gran<strong>de</strong>instabilida<strong>de</strong> climática do Quaternário, a paisag<strong>em</strong> atual não representa um único


198processo <strong>de</strong> morfogênese, sendo que os processos que operaram no passado ou<strong>em</strong> épocas sub-atuais foram diferentes dos <strong>de</strong> hoje (BIGARELLA, 1974).Deste modo, no PNI, no caso da interpretação do ambiente relacionado aosaspectos geomorfológicos, foram selecionados os seguintes assuntos:4.2.4.1 Int<strong>em</strong>perismo químico, mecânico e biológico;A <strong>de</strong>composição da rocha constitui um processo muito lento, complexo evariado. Depen<strong>de</strong> <strong>de</strong> composição mineralógica e química da rocha, da forma eestrutura <strong>de</strong> jazimento, e das condições climáticas. Além disso, resulta da ação dapercolação das águas contendo <strong>em</strong> solução diluída várias substâncias ácidas <strong>de</strong>orig<strong>em</strong> inorgânica ou orgânica, que penetram nas rochas e atacam <strong>de</strong> maneiradiversa os seus constituintes minerais. (BIGARELLA et al 1985)As alterações nas rochas são distintas conforme o tipo <strong>de</strong> ambiente (úmido,s<strong>em</strong>i-árido, árido, tropical, t<strong>em</strong>perado ou glacial), que faz<strong>em</strong> com que as rochassofram um processo <strong>de</strong> <strong>de</strong>composição, que po<strong>de</strong> ser alteração química, mecânica ebiológica.A alteração química das rochas processa-se através da ação das águas daschuvas que levam para o solo pequenas quantida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> CO². Este gás, dissolvidona água, dá orig<strong>em</strong> ao “ácido carbônico”. Assim, a água que penetra nos interstícios,diáclases e fendas da rocha atua como um ácido fraco e sua ação é reforçada pelapresença <strong>de</strong> vegetação que contribui com a formação <strong>de</strong> ácidos húmicos. Reaçõesacontec<strong>em</strong> nas fraturas on<strong>de</strong> há percolação da água, po<strong>de</strong>ndo resultar <strong>em</strong><strong>de</strong>composição esferoidal da rocha.Tal fato po<strong>de</strong> ser observado nas rochas localizadas na base do Canyon(principalmente próximas ao cais <strong>de</strong> <strong>em</strong>barque do Macuco Safári, figura 68) quepossu<strong>em</strong> um notável arredondamento, ocasionado pela <strong>de</strong>composição esferoidal darocha que ocorre porque <strong>em</strong> suas diáclases concentram-se mais água com ácidoshúmicos e gás carbônico, atacando os minerais, favorecendo o inicio da alteração.Desta forma essa alteração vai progressivamente avançando pelas fendas,proporcionando o arredondamento.


199FIGURA 68 - Decomposição Esferoidal observada próximo ao Cais doMacuco Safári.O aspecto geral <strong>de</strong> uma rocha ígnea <strong>de</strong>pen<strong>de</strong> dos seus constituintes <strong>em</strong>ateriais predominantes. No canyon observamos que há algumas rochas maisavermelhadas que outras e essa coloração é resultado <strong>de</strong> int<strong>em</strong>perização química.O que favorece a aparição <strong>de</strong>ssa cor avermelhada é o óxido <strong>de</strong> ferro que t<strong>em</strong> poucaágua na sua constituição mineral (ou seja, quanto mais água ele t<strong>em</strong>, mais ele ficaamarelado). Deste modo, a popularmente chamada terra roxa, comum no terceiroplanalto paranaense, é <strong>de</strong>corrente da alteração das rochas do <strong>de</strong>rrame basáltico,originando solos famosos por sua fertilida<strong>de</strong>.Em certos locais do Parque, a superfície da rocha possui vegetação iniciadacom os liquens, e que evolu<strong>em</strong> para muscíneas e outras plantas. Essa vegetaçãocomeça a se apoiar, enraizando-se. Essas raízes penetram na rocha e com aprodução <strong>de</strong> ácidos húmicos inicia a sua alteração e a <strong>de</strong>composição química quevai levar a formação do solo, permitindo o crescimento <strong>de</strong> vegetação <strong>de</strong> porte maior.


200FIGURA 69 - Desagregação das rochas e o papel da vegetação.Assim, o diaclasamento mais frágil <strong>de</strong> muitas rochas, juntamente com aalteração, o crescimento <strong>de</strong> plantas e as raízes que faz<strong>em</strong> pressão nosdiaclasamentos favorec<strong>em</strong> a instabilida<strong>de</strong> dos blocos, propiciando a sua<strong>de</strong>sagregação no canyon (Figura 69).De acordo com Bigarella et al (2003, p. 1027) “ O int<strong>em</strong>perismo é mais rápidoe mais profundo on<strong>de</strong> o sist<strong>em</strong>a <strong>de</strong> diáclases é mais concentrado ou on<strong>de</strong> a rocha émenos resistente”. Portanto as rochas ricas <strong>em</strong> planos <strong>de</strong> diaclasamento tend<strong>em</strong> aapresentar uma intensificação das reações químicas pela presença <strong>de</strong> maior número<strong>de</strong> planos <strong>de</strong> ataque.FIGURA 70 - As linhas amarelas indicam diáclases verticais ehorizontais.


201Deste modo, alguns diaclasamentos pod<strong>em</strong> estar relacionados a padrõesestruturais herdados dos eventos tectônicos antigos, copiados pelas formaçõessobrejacentes. São planos <strong>de</strong> fraqueza que surg<strong>em</strong> nas rochas, pois o magmaquando resfria e se solidifica, diminui <strong>de</strong> volume. Elas tend<strong>em</strong> a ser paralelas àslinhas <strong>de</strong> igual resfriamento. Outras diáclases resultam <strong>de</strong> esforços tectônicos <strong>de</strong>compressão ou <strong>de</strong> tensão. No Canyon do Rio Iguaçu perceb<strong>em</strong>os diaclasamentosverticais e horizontais (Figura 70).4.2.4.2 As Cataratas e sua orig<strong>em</strong>A água corrente t<strong>em</strong> a habilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> realizar duas modificações na paisag<strong>em</strong>:genericamente carregar sedimentos e especificamente escavar um canyon na rocha.A intensida<strong>de</strong> <strong>de</strong>sses processos <strong>de</strong>pen<strong>de</strong> <strong>de</strong> alguns fatores, como a velocida<strong>de</strong> daágua, a quantia <strong>de</strong> água e a periodicida<strong>de</strong> <strong>de</strong>ste fluxo. Penteado (1983) afirma que aágua <strong>em</strong> seu percurso para o mar é o agente mais efetivo da esculturação daspaisagens. E a carga sólida dos rios é a ferramenta <strong>de</strong> erosão, sendo fornecidaatravés do int<strong>em</strong>perismo e dos processos <strong>de</strong> <strong>de</strong>nudação sobre as vertentes dosvales.Entretanto, o Rio Iguaçu não corre para o mar. Tal fato acontece porque esteé um rio antece<strong>de</strong>nte, ou seja, possui ainda a drenag<strong>em</strong> antiga. Todos os rios daregião on<strong>de</strong> estava a América do Sul antes da separação dos continentes corriampara o Oceano Pacifico, antes da existência da Cordilheira dos An<strong>de</strong>s. Depois daruptura do Gondwana e com o surgimento <strong>de</strong>ssa Cordilheira, esses rios nãopu<strong>de</strong>ram mais seguir seu antigo curso, sendo <strong>de</strong>sviados para o sul, <strong>de</strong>s<strong>em</strong>bocandono rio da Prata.A Mineropar (2005) afirma que “há alguns milhões <strong>de</strong> anos atrás, no fim doPlioceno e no início do Pleistoceno, as Cataratas situavam-se na foz do Rio Iguaçu,junto ao Rio Paraná” assim, <strong>de</strong>vido à erosão, Maack (2002, p. 363) explica que oRio Iguaçu “ acompanha neste lugar uma linha tectônica (diáclase) entalhada rioacima pela erosão retroce<strong>de</strong>nte, s<strong>em</strong>elhante ao Rio Paraná no salto das SeteQuedas 142 ”.142 O canyon escavado pelo Rio Paraná foi inundado pela represa <strong>de</strong> Itaipu, alagando toda a áreaon<strong>de</strong> antes existia o Parque Nacional Sete Quedas.


202Sabe-se que quando estava ocorrendo o vulcanismo as Cataratas ainda nãoexistiam. Foi somente após a separação dos continentes e a formação do OceanoAtlântico que a borda leste do Brasil passou a subir lentamente (durante o Cretáceoe o Terciário) e o Rio Iguaçu iniciou a sua erosão regressiva. Portanto, as Cataratasque v<strong>em</strong>os hoje <strong>em</strong> dia no PNI têm alguns milhões <strong>de</strong> anos, po<strong>de</strong>ndo-se estimar nasua superfície mais alta aproximadamente a ida<strong>de</strong> <strong>de</strong> 3 a 5 milhões <strong>de</strong> anos.Porém, infelizmente não se sabe qual a taxa <strong>de</strong> regressão anual dasCataratas, pois não foram feitas medições até hoje, não sendo possível ainda dataro momento que as Cataratas estavam próximas ao Rio Paraná. Se soubéss<strong>em</strong>osseria possível saber a quanto t<strong>em</strong>po ela v<strong>em</strong> regredindo, calculando uma taxa anual<strong>de</strong> recuo 143 .FIGURA 71 - As Cataratas e canyon do Rio Iguaçu, que se precipitalateralmente numa fenda tectônica.O canyon do Rio Iguaçu é estreito, com largura entre 65 e 100 metros. (Figura72) Conforme Bigarella (2003) “o Rio Iguaçu sofre um <strong>de</strong>snível <strong>de</strong> cerca <strong>de</strong> 70metros, originando um conjunto <strong>de</strong> saltos dos mais belos e famosos do mundo”,sendo esses aspectos que atra<strong>em</strong> tantos visitantes à essa UC. Em sua vazãonormal observam-se 272 quedas isoladas (todas as faixas e fios d’água possu<strong>em</strong><strong>de</strong>signações) , sendo a largura dos saltos no território brasileiro <strong>de</strong> 800m e no ladoargentino <strong>de</strong> 1.900m, num total <strong>de</strong> 2.700m. (MAACK, 1968) Estudos mais recentes143 Que provavelmente traria resultados dúbios <strong>de</strong>vido ao posicionamento dos marcos e curtointervalo <strong>de</strong> t<strong>em</strong>po.


203realizados por Salamuni et al (2002) indicam a quantia <strong>de</strong> 275 quedas, com alturamédia <strong>de</strong> 75 m, permitindo a vazão média <strong>de</strong> 1800 m 3 /s. situadas a 15 km doencontro entre os rios Iguaçu e Paraná.Portanto, <strong>de</strong>vido a todas essas características o PNI, é tão interessante <strong>em</strong>termos <strong>geológico</strong>s e geomorfológicos, potencial este que po<strong>de</strong> ser utilizado pelogeoturismo e que <strong>de</strong>ve ser incluído nas ativida<strong>de</strong>s interpretativas a ser<strong>em</strong> realizadascom os visitantes e com a comunida<strong>de</strong>.


2044.3 ARQUIPÉLAGO DE FERNANDO DE NORONHA – PEIlhas normalmente criam uma imag<strong>em</strong> positiva no turista, pois <strong>em</strong> contrastecom muitas regiões continentais, possu<strong>em</strong> uma i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong> distinta e imediatamentereconhecível (PEARCE, 2003). Este é o caso do Arquipélago <strong>de</strong> Fernando <strong>de</strong>Noronha, on<strong>de</strong> o isolamento contribui para a sensação <strong>de</strong> quebra da rotina, e osseus atributos <strong>geológico</strong>s e geomorfológicos reforçam ainda mais a sua vocaçãopara o geoturismo.Do ponto <strong>de</strong> vista da Petrologia, o Arquipélago possui gran<strong>de</strong> valoreducacional e cientifico, on<strong>de</strong> entre outros atrativos, numa área reduzida <strong>de</strong> 1,5 km²é possível encontrar catorze tipos diferentes <strong>de</strong> rochas eruptivas, cuja composiçãovaria <strong>de</strong> ultrabásica a intermediária, sendo um dos mais belos ex<strong>em</strong>plos mundiais dofenômeno da diferenciação magmática. (SANTOS et al, 1999).E para a UNESCO(2002), do ponto <strong>de</strong> vista ambiental, sua posição geográfica, as peculiarida<strong>de</strong>s daporção <strong>em</strong>ersa e a complexa conformação subaquática que a caracteriza,associadas á recifes <strong>de</strong> coral, são alguns dos fatores que contribuíram para seureconhecimento como Patrimônio Mundial.Deste modo, no sentido <strong>de</strong> caracterizar o Arquipélago, são apresentadas suasprincipais características e <strong>em</strong> seguida seus aspectos <strong>geológico</strong>s e geomorfológicos.4.3.1 LOCALIZAÇÃO, ÁREA E ACESSOS:Fernando <strong>de</strong> Noronha é um Distrito Estadual que pertence ao Estado <strong>de</strong>Pernambuco, distando 545 km <strong>de</strong> Recife e 360 km <strong>de</strong> Natal. O acesso é feitosomente via marítima 144 ou aérea 145 , e há somente uma rodovia 146 na Ilha.O arquipélago é constituído por 21 ilhas e rochedos, e possui área total <strong>de</strong> 26km2, sendo a ilha principal (com onze quilômetros <strong>de</strong> comprimento e três144 Pelo mar há um cruzeiro da Operadora CVC que chega á ilha uma vez por s<strong>em</strong>ana durante at<strong>em</strong>porada <strong>de</strong> verão.145 Por via aérea há dois vôos diários pela <strong>em</strong>presa Trip (saindo <strong>de</strong> Recife e Natal) e um pela Varig,(saindo <strong>de</strong> São Paulo, com escala <strong>em</strong> Recife)146 A BR-363 é consi<strong>de</strong>rada a menor do Brasil, com aproximadamente sete quilômetros <strong>de</strong> extensão.


205quilômetros <strong>de</strong> largura) a única que possui ocupação humana permanente. Localizasea quatro graus ao sul da linha do Equador, entre os meridianos 32°28´- 32°23´ <strong>de</strong>longitu<strong>de</strong> W e os paralelos 3°53´ - 3°48´ <strong>de</strong> latitu<strong>de</strong> sul. (Figura 72, Localização doArquipélago <strong>de</strong> Fernando <strong>de</strong> Noronha, próxima página).É formado pela ilha principal, <strong>de</strong>nominada Fernando <strong>de</strong> Noronha, e as ilhassecundárias, Cuscuz, Rasa, São Jose, Sela Gineta, do Meio e Rata. No chamadomar <strong>de</strong> <strong>de</strong>ntro há também as ilhas Morro <strong>de</strong> Fora (também chamada Ilha daConceição), e os Dois Irmãos. No mar <strong>de</strong> fora há a Ilha do Morro do Leão, Viuvinha,Chapéu do Sueste, Cabeluda, dos Ovos e do Fra<strong>de</strong> (Figura 73).FIGURA 73- Mapa com os limites do PNMFN e a APA <strong>de</strong> Fernando <strong>de</strong>NoronhaFonte: Figura cedida pelo Projeto Golfinho Rotador / CMA / ICMBio


206


207São duas as UC’s que integram o Arquipélago <strong>de</strong> Fernando <strong>de</strong> Noronha, oParque Nacional Marinho <strong>de</strong> Fernando <strong>de</strong> Noronha (PNMFN) e a Área <strong>de</strong>Preservação Ambiental (APA) <strong>de</strong> Fernando <strong>de</strong> Noronha – Rocas - São Pedro e SãoPaulo.Em 1986, foi instituída primeiramente a APA e com a nomeação do primeirogovernador civil do arquipélago, iniciaram-se os primeiros estudos e pesquisas paraa viabilização do <strong>de</strong>senvolvimento da ilha como <strong>de</strong>stino turístico, surgindo a idéia dacriação <strong>de</strong> mais uma Unida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Conservação. Na APA (aproximadamente 30% daárea total da ilha principal), o uso sustentável <strong>de</strong> seus recursos é permitido, portantonesta UC estão localizadas as moradias, agricultura, e a infra-estrutura turística(pousadas, restaurantes, agencias <strong>de</strong> turismo, locadoras, etc...), praias como a doCachorro, do Meio, Conceição, Boldró, o Porto <strong>de</strong> Santo Antonio e o Morro do Pico.Em 1988, após a reanexação do território ao Estado <strong>de</strong> Pernambuco foicriado o Parque, através do Decreto-Lei no 96.693. Possui uma superfície total <strong>de</strong>112,7 km2, ou seja, 70% da área total do arquipélago e t<strong>em</strong> como principal objetivoproteger as amostras representativas dos ecossist<strong>em</strong>as terrestre e marinho,preservar a fauna, a flora, controlar as ativida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> visitação, lazer, educaçãoambiental e pesquisa cientifica, assim como contribuir para a preservação dos sítioshistóricos.4.3.2 CARACTERÍSTICAS GERAIS DAS UCS INTEGRANTES DOARQUIPÉLAGO DE FERNANDO DE NORONHAEm relação aos atrativos turísticos, Fernando <strong>de</strong> Noronha conta com diversaspraias, fortes e monumentos históricos, inúmeras belezas naturais e diversosmonumentos <strong>geológico</strong>s, sendo difícil estabelecer o que não é consi<strong>de</strong>rado atrativo<strong>em</strong> Noronha. O t<strong>em</strong>po médio para a visitação do Arquipélago e <strong>de</strong> seus principaisatrativos é <strong>de</strong> aproximadamente quatro dias, sendo que <strong>em</strong> todos os passeios quepod<strong>em</strong> ser realizados os aspectos <strong>geológico</strong>s s<strong>em</strong>pre estão evi<strong>de</strong>ntes na paisag<strong>em</strong>,seja na área do Parque Nacional ou na área da APA.Segundo Soares (2005), o turismo na ilha iniciou <strong>em</strong> 1974 quando aaeronáutica autorizou um vôo regular da companhia Transbrasil. Entre 1982 a 1987


208os turistas que visitavam o Arquipélago tinham somente duas opções <strong>de</strong>hospedag<strong>em</strong> 147 e havia um único vôo <strong>de</strong> Recife pela VASP, s<strong>em</strong>analmente. Por nãopossuir ainda as UCs, não existiam regras e os turistas podiam mergulhar, pescar enadar <strong>em</strong> qualquer praia, e a situação no Arquipélago era b<strong>em</strong> diferente 148 .Em relação à freqüência <strong>de</strong> visitantes, <strong>em</strong> 1992, primeiro ano <strong>em</strong> que oDepartamento <strong>de</strong> Controle Migratório da Administração do Distrito <strong>de</strong> Fernando <strong>de</strong>Noronha obteve dados precisos sobre a entrada <strong>de</strong> visitantes na ilha, foramcontabilizados 10.094. Dez anos <strong>de</strong>pois, <strong>em</strong> 2002, esse número sofreu um aumento<strong>de</strong> 520%, ou seja, 62.551. Esse aumento faz com que Noronha sofra com ocrescimento do turismo e com o fluxo <strong>de</strong> pessoas que v<strong>em</strong> ocupar os postos <strong>de</strong>serviços gerados pelo turismo. Esse crescimento só não causa maiores impactos<strong>de</strong>vido a uma das UCs ser Parque Nacional, que resguarda a maior parte doArquipélago e ao enfoque ecológico do turismo, que t<strong>em</strong> um caráter educativo,ambiental e é a principal fonte <strong>de</strong> renda dos ilhéus. (SILVA, 2003)De qualquer maneira, o crescimento econômico do distrito está diretamenterelacionado ao crescimento do turismo. Como esta é a principal ativida<strong>de</strong> econômica<strong>de</strong>senvolvida atualmente, percebe-se também que é a que mais cresce, sendonotado nos aspectos relativos ao alojamento, alimentação, transporte e prestação <strong>de</strong>serviços. Assim, o turismo fez <strong>de</strong> Fernando <strong>de</strong> Noronha um distrito privilegiado comum PIB <strong>de</strong> US$ 2.885.312,00, muito acima da média nacional. (IBGE, 2006).As ilhas integrantes do Arquipélago <strong>de</strong> Fernando <strong>de</strong> Noronha já sãoconhecidas há muito t<strong>em</strong>po, e sofreram diversas invasões estrangeiras 149 . Segundoa UNESCO (2002) a paisag<strong>em</strong> da ilha principal registra claramente o tipo <strong>de</strong>147 O Hotel Esmeralda, adaptado nas antigas instalações do exército americano, e a Pousada da DonaPituca, ao lado da Igreja Nossa Senhora dos R<strong>em</strong>édios.148 Silva (2003) l<strong>em</strong>bra que <strong>em</strong> 1998, eram três restaurantes, quatro bares e uma loja <strong>de</strong> souvenirs.Os veículos que conduziam turistas eram apenas dois jipes utilizados como táxis, dois ônibus, doisbarcos usados para passeios turísticos e outros dois, para operações <strong>de</strong> mergulho autônomo.Existiam cinco condutores <strong>de</strong> visitantes e Fernando <strong>de</strong> Noronha recebia apenas um vôo diário <strong>de</strong>passageiros, <strong>em</strong> um avião Ban<strong>de</strong>irantes com 16 lugares.149 O Arquipélago está registrado <strong>em</strong> cartas náuticas <strong>de</strong> 1500 e 1502, mas oficialmente só foi<strong>de</strong>scoberto <strong>em</strong> 1503, por Américo Vespúcio, que <strong>de</strong>vido ao naufrágio <strong>de</strong> uma <strong>de</strong> suas <strong>em</strong>barcações,procurou refugio na Ilha. Tal <strong>de</strong>scoberta foi financiada pelo fidalgo português Fernão <strong>de</strong> Loronha.Des<strong>de</strong> então, a Ilha sofreu diversas invasões, <strong>de</strong>vido a sua localização estratégica, próximo a umadas rotas <strong>de</strong> navegação da África e da Europa. Essas ocupações foram holan<strong>de</strong>sas, francesas eportuguesas e <strong>de</strong>ixaram um <strong>patrimônio</strong> arqueológico e cultural edificado bastante gran<strong>de</strong>, como umdos maiores sist<strong>em</strong>as <strong>de</strong> <strong>de</strong>fesa do século XVIII, com <strong>de</strong>z fortificações.


209ocupação que sofreu <strong>de</strong>terminada <strong>em</strong> gran<strong>de</strong> parte por sua localização 150 . Ealgumas lendas são famosas no Arquipélago, estando relacionadas aos aspectos<strong>geológico</strong>s: uma <strong>de</strong>las diz respeito ao Morro do Pico e aos Dois Irmãos, os doismonumentos <strong>geológico</strong>s mais conhecidos e fotografados pelos turistas, e outralenda é a do Capitão Kid, que teria escondido um tesouro <strong>em</strong> uma caverna.Além da exploração que sofreu no passado, a flora do arquipélago éconsi<strong>de</strong>rada pobre também pelo fato <strong>de</strong> estar distante e isolada, possuir pequenaextensão territorial, clima s<strong>em</strong>i-árido e características geológicas e geomorfológicaspeculiares. A vegetação é principalmente arbustiva e herbácea, com muitasespécies invasoras. Entretanto, na ilha há o único mangue encontrado <strong>em</strong> ilhasoceânicas no Atlântico Sul e plantas endêmicas 151 . Em relação á fauna, oArquipélago é consi<strong>de</strong>rado uma das mais importantes regiões para a reprodução <strong>de</strong>aves marinhas dos dois h<strong>em</strong>isférios do Atlântico e berçário para diversos gruposameaçados, como é o caso dos cetáceos e quelônios (IBAMA et al, 2005). Aevolução do ecossist<strong>em</strong>a terrestre foi muito lenta, <strong>de</strong>vido às explosões <strong>de</strong> magma esuas interrupções, fazendo com que essa colonização fosse processual, <strong>em</strong> umaseqüência envolvendo solo, aves, pequenas ervas, plantas maiores e <strong>em</strong> seguidaanimais terrestres 152 . (TEIXEIRA et al, 2003). O clima nesses casos também po<strong>de</strong>ter influenciado. De acordo com a classificação <strong>de</strong> Koppen é do tipo Awi com duasestações b<strong>em</strong> nítidas, coincidindo a úmida com os meses <strong>de</strong> março a maio e a seca<strong>de</strong> agosto a janeiro. (ROCHA, 1995) Em relação à fauna marinha, também estáassociada aos aspectos <strong>geológico</strong>s da Ilha. O edifício vulcânico submarino (quepo<strong>de</strong> ser consi<strong>de</strong>rado um obstáculo físico no assoalho oceânico para a passag<strong>em</strong><strong>de</strong> correntes profundas que são ricas <strong>em</strong> nutrientes) provoca a ascensão <strong>de</strong>stascorrentes. Assim a produtivida<strong>de</strong> orgânica e a quantida<strong>de</strong> <strong>de</strong> peixes é maior,ampliando a fixação <strong>de</strong>ssas espécies nesse novo ambiente insular (TEIXEIRA,2003).150Muitos <strong>de</strong>sses ocupantes estrangeiros exploravam predatoriamente os recursos naturais,principalmente cortando ma<strong>de</strong>ira. Al<strong>em</strong> disso, durante mais <strong>de</strong> duzentos anos a ilha principal abrigoua Colônia Correcional <strong>de</strong> Pernambuco, mais tar<strong>de</strong> transformada <strong>em</strong> presídio político.151 Como o Fícus noronhae, Erythina velutina e Apium escleratium152 Como lagartos (a mabuia, Mabuya atlantica) e roedores (um gran<strong>de</strong> rato já extinto, o Noronhomysvespucci)


210O Arquipélago <strong>de</strong> Fernando <strong>de</strong> Noronha por ser um Distrito Estadual, é umaregião geoeconômica, social e cultural do Estado <strong>de</strong> Pernambuco. Possui natureza<strong>de</strong> autarquia territorial 153 , e não é cobrada entrada na área do PNMFN, entretanto,todos os visitantes que chegam à ilha <strong>de</strong>v<strong>em</strong> pagar a TPA - Taxa <strong>de</strong> PreservaçãoAmbiental 154 . Com esta taxa o crescimento populacional 155 <strong>em</strong> Fernando <strong>de</strong>Noronha é <strong>de</strong> certa forma controlado e a entrada <strong>de</strong> visitantes é limitada, eprincipalmente a sua permanência 156 . Se não fosse realizado esse controlepopulacional e a cobrança da TPA, a comunida<strong>de</strong> teria ainda mais probl<strong>em</strong>as comos serviços básicos, como água 157 e luz 158 .Algumas ONGs e Projetos são b<strong>em</strong> atuantes no Arquipélago. É o caso doProjeto TAMAR/Ibama, sediado no Arquipélago <strong>de</strong>s<strong>de</strong> 1984, sendo a base <strong>de</strong>Fernando <strong>de</strong> Noronha uma das principais, tanto pelas ótimas condições parapesquisas sobre o comportamento das tartarugas marinhas, quanto pelo gran<strong>de</strong>fluxo turístico. Assim, por ser um local estratégico para a educação ambiental dos153 É regido por estatuto próprio, com personalida<strong>de</strong> jurídica <strong>de</strong> direito público interno e dotado <strong>de</strong>autonomia administrativa e financeira. (Artigo 96 da Constituição Estadual - PE), e conta com umConselho Distrital, que t<strong>em</strong> a principal função <strong>de</strong> fiscalizar o po<strong>de</strong>r executivo, sendo um fórum <strong>de</strong>representativida<strong>de</strong> dos ilhéus junto ao po<strong>de</strong>r público estadual, composto por sete pessoas, eleitaspela comunida<strong>de</strong>.154 Essa taxa, instituída através da Lei Estadual nº 10.403, <strong>em</strong> 29 <strong>de</strong> <strong>de</strong>z<strong>em</strong>bro <strong>de</strong> 1989, é “Destinadaa assegurar a manutenção das condições ambientais e ecológicas do Arquipélago <strong>de</strong> Fernando <strong>de</strong>Noronha, e inci<strong>de</strong> sobre o trânsito <strong>de</strong> pessoas na área sob jurisdição do Distrito Estadual”. Criada<strong>de</strong>vido as peculiarida<strong>de</strong>s ecológicas do Distrito e suas respectivas limitações ambientais, <strong>de</strong>superfície, operacionais, financeiras e <strong>de</strong> disponibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> serviços <strong>de</strong> infra-estrutura, o objetivoinstitucional <strong>de</strong> promover e preservar condições <strong>de</strong> segurança, qualida<strong>de</strong> e conforto no territóriodistrital, a<strong>de</strong>quadas e satisfatórias para o convívio e b<strong>em</strong>-estar da população insular, b<strong>em</strong> como <strong>de</strong>turistas e visitantes; a necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> garantir o normal abastecimento <strong>de</strong>ssa população, <strong>em</strong> facedas limitações e restrições locais <strong>de</strong> natureza geográfica e da logística <strong>de</strong> transporte; e aresponsabilida<strong>de</strong> fundamental <strong>de</strong> estabelecer mecanismos e procedimentos <strong>de</strong> controle do acesso eda permanência <strong>de</strong> pessoas no território do Distrito Estadual;155 Para Soares (2005), se por um lado à taxa serve para arrecadar e gerar benefícios, como é o casoda limpeza urbana, por outro lado ela serviu nestes 15 anos para frear a explosão populacional <strong>em</strong>Fernando <strong>de</strong> Noronha. De acordo com os dados do IBGE no Censo D<strong>em</strong>ográfico <strong>de</strong> 2000, oArquipélago contava com 2.051 habitantes, e <strong>em</strong> julho <strong>de</strong> 2005 a população estimada era <strong>de</strong> 2.280pessoas (IBGE, 2006). Atualmente, estima-se que a população já esteja por volta <strong>de</strong> 4.000 pessoas,um número consi<strong>de</strong>rado excessivo para o espaço disponível.156 Desta forma, qu<strong>em</strong> não possui a carteirinha <strong>de</strong> resi<strong>de</strong>nte permanente, é alguém que se enquadranas normas estabelecidas para a isenção da TPA (Instrução Normativa 001/2004 FN) ou é visitanteComo visitante, a taxa diária atualmente é <strong>de</strong> R$ 32,12. Quanto mais t<strong>em</strong>po na ilha, maior a taxa,po<strong>de</strong>ndo chegar a R$ 2.652,80 por um mês. Esta taxa é paga no <strong>de</strong>s<strong>em</strong>barque no Aeroporto,antecipadamente pela internet ou já é incluída no pacote no caso <strong>de</strong> alguns cruzeiros marítimos.157 Atualmente, juntando-se todas as fontes <strong>de</strong> abastecimento <strong>de</strong> água (açu<strong>de</strong>s e <strong>de</strong>ssalinizador), ovolume máximo diário capaz <strong>de</strong> ser ofertado é <strong>de</strong> aproximadamente 800.000 litros. Apesar <strong>de</strong> ser umvalor muito maior do que era oferecido nos últimos anos, a comunida<strong>de</strong> t<strong>em</strong> que se conscientizar <strong>de</strong>que o <strong>de</strong>sperdício <strong>de</strong>ve ser evitado.158 O sist<strong>em</strong>a <strong>de</strong> produção <strong>de</strong> energia elétrica <strong>de</strong> Fernando <strong>de</strong> Noronha possui geradores a óleo diesele um gerador <strong>de</strong> energia eólica, que não funciona regularmente.


211visitantes, o TAMAR/IBAMA promove gratuitamente palestras diárias t<strong>em</strong>áticas einformativas no Centro <strong>de</strong> Visitantes do Projeto Tamar – Museu Aberto da Tartaruga,inaugurado <strong>em</strong> 1996. Essas palestras são extr<strong>em</strong>amente importantes para aconscientização e sensibilização dos visitantes e da comunida<strong>de</strong>, pois abordamt<strong>em</strong>as pertinentes ao Arquipélago, como tubarões, tartarugas, golfinhos, ParqueNacional, ecoturismo, entre outros.Outra ONG que se <strong>de</strong>staca por sua atuação é o Centro do Golfinho Rotador-CGR 159 , que <strong>em</strong> âmbito social possui o Projeto Cidadão Golfinho, um dos maiorescontribuidores no que diz respeito à capacitação dos ilhéus. Nos últimos anosofereceu gratuitamente à comunida<strong>de</strong> diversos cursos 160 e por intermédio <strong>de</strong>steprojeto é que foi possível entrevistar moradores, condutores e a realização do Curso<strong>de</strong> Condutor <strong>de</strong> Geoturismo, a ser comentado nos resultados.4.3.3 PLANO DE MANEJO, ATRATIVOS E OUTRAS INFORMAÇÕES:As duas UCs que integram o Arquipélago possu<strong>em</strong> Plano <strong>de</strong> Manejo. O doParque Nacional foi elaborado <strong>em</strong> 1990 e encontra-se <strong>de</strong>fasado, sendo que o seuPlano <strong>de</strong> Uso Público estava previsto para ser elaborado <strong>em</strong> 2001, o que nãoaconteceu, sendo substituído por um Programa <strong>de</strong> Ações Emergenciais, que aindanão foi aprovado. Já o Plano <strong>de</strong> Manejo da APA foi elaborado <strong>em</strong> 2005 e v<strong>em</strong> sendogradativamente colocado <strong>em</strong> prática.Tanto o PNMFN, quanto a APA <strong>de</strong> FN contam com diversas trilhas, mirantesnaturais, postos <strong>de</strong> informação e controle. No sentido <strong>de</strong> conservar o Parque, muitassão as diretrizes que <strong>de</strong>v<strong>em</strong> ser seguidas, como a restrição <strong>de</strong> mergulhos <strong>em</strong> certasáreas, acompanhamento obrigatório <strong>de</strong> condutores <strong>em</strong> algumas trilhas, horários <strong>de</strong>visitação, e a restrição na visita a alguns monumentos <strong>geológico</strong>s.Segundo Lima (2002 apud SOARES 2005), é possível afirmar que o ParqueNacional <strong>de</strong> Fernando <strong>de</strong> Noronha se encontra <strong>em</strong> vantag<strong>em</strong> <strong>em</strong> relação às d<strong>em</strong>ais159 Por <strong>de</strong>legação do Centro Mamíferos Aquáticos/IBAMA/MMA é o responsável pela execução dasativida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> pesquisa, <strong>conservação</strong> e manejo <strong>de</strong> cetáceos na região <strong>de</strong> Fernando <strong>de</strong> Noronha.160 Informática, inglês, primeiros socorros, técnicas <strong>em</strong> ecoturismo, gestão <strong>em</strong> ecoturismo, gestão <strong>em</strong>pousadas, produção <strong>de</strong> artesanato, condutor <strong>de</strong> mergulho autônomo, condutor <strong>de</strong> observação <strong>de</strong>ecossist<strong>em</strong>as recifais, condutor <strong>de</strong> observação <strong>de</strong> aves e condutor <strong>de</strong> observação <strong>de</strong> golfinhos


212Unida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> Conservação, por possuir, particularmente, as seguintes característicase instrumentos <strong>de</strong> manejo: é pequeno, está distante do continente, possui normas <strong>de</strong>controle migratório, uso do solo, APA <strong>em</strong> seu entorno, plano <strong>de</strong> manejo ezoneamento, número consi<strong>de</strong>rado razoável <strong>de</strong> fiscais, dos quais a maior parte écomposta por nativos, competente sist<strong>em</strong>a <strong>de</strong> fiscalização e orientação e por fiminteração e apoio <strong>de</strong> boa parte da comunida<strong>de</strong> local.Entretanto, <strong>em</strong> relação à educação ambiental realizada na UC, a mesmaainda é <strong>de</strong>ficitária. Segundo o Plano <strong>de</strong> Manejo da APA (IBAMA, 2005, encarte 3, p.224)O enorme potencial ambiental <strong>de</strong> Fernando <strong>de</strong> Noronha, aliado às ameaças<strong>de</strong> perda <strong>de</strong> seus <strong>patrimônio</strong>s naturais e culturais geradas tanto pelo excesso<strong>de</strong> visitação, como pelo choque cultural e também pela <strong>de</strong>sarticulação dasiniciativas <strong>de</strong> educação ambiental existentes, justifica a necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> secriar e monitorar continuamente um programa <strong>de</strong> ação <strong>em</strong> EducaçãoAmbiental para as esferas escolares, sociais e comunitárias (formal einformal).Desta forma, são realizadas ações voltadas para a educação ambiental dacomunida<strong>de</strong>, mas há a necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> programas mais elaborados, levando <strong>em</strong>consi<strong>de</strong>ração os fatores <strong>de</strong> sustentabilida<strong>de</strong> e o envolvimento dos ilhéus. Importantetambém é que esses programas sejam contínuos, pois diversas ações educacionaisvêm sendo executadas <strong>em</strong> Fernando <strong>de</strong> Noronha pelos mais variados atores, evisando atingir públicos específicos: estudantes, professores, turistas e profissionaisligados ao turismo. No entanto, a maioria das ativida<strong>de</strong>s é pontual e informativa enão visa a formação <strong>de</strong> valores e atitu<strong>de</strong>s cidadãs voltados para a melhoria daqualida<strong>de</strong> <strong>de</strong> vida da população do arquipélago. (Id., 2005).No que diz respeito à interpretação do ambiente, o Parque conta com umCentro <strong>de</strong> Visitantes (localizado ao lado do Centro <strong>de</strong> Visitantes do Projeto Tamar –Museu Aberto da Tartaruga), mas que ainda não foi estruturado, apesar <strong>de</strong> possuir<strong>de</strong>s<strong>de</strong> 2001 um Projeto para a instalação <strong>de</strong> uma exposição interpretativa.E <strong>em</strong> relação à capacitação da comunida<strong>de</strong> relativa aos aspectos <strong>geológico</strong>se a divulgação <strong>de</strong>sses aspectos aos visitantes, tanto o Parque quanto a APAapresentam muitas <strong>de</strong>ficiências. Foi verificado que uma das iniciativas voltadas paraa capacitação da comunida<strong>de</strong>, o Programa <strong>de</strong> Uso Recreativo do Parnamar <strong>de</strong>


213Fernando <strong>de</strong> Noronha - PUR, que v<strong>em</strong> <strong>de</strong>s<strong>de</strong> 2003 capacitando condutores paraatuar no Arquipélago, nunca havia tratado dos aspectos <strong>geológico</strong>s <strong>em</strong> seuscursos 161 , o que ficou evi<strong>de</strong>nte nas capacitações realizadas, pois <strong>em</strong> todas asapostilas consultadas não são mencionados esses aspectos. Cursos ligados àgeologia nunca haviam sido ministrados pelo PUR e <strong>em</strong> seu projeto <strong>de</strong>reestruturação, o PUR n<strong>em</strong> mesmo cogitou a possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> oferecer aespecialida<strong>de</strong> ligada aos aspectos <strong>geológico</strong>s.Assim, ainda que um dos objetivos principais da UC, citado <strong>em</strong> seu Plano <strong>de</strong>Manejo, seja o <strong>de</strong> “fomentar ativida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> investigação cientifica e interpretação eeducação ambientais, compatíveis com os objetivos do Parque” (IBAMA;FUNATURA, 1990, p. 125), e uma das ações prioritárias para a <strong>conservação</strong> daszonas costeiras e marinhas (MMA, 2002, p.12) seja a <strong>de</strong> “aumentar esforços nosentido <strong>de</strong> se promover a educação ambiental <strong>em</strong> ecossist<strong>em</strong>as costeiros eoceânicos, e <strong>em</strong> particular <strong>em</strong> recifes e <strong>de</strong> ilhas que mais atra<strong>em</strong> turisticamente” oque se percebeu é que apesar da UC possuir a infra-estrutura necessária para arealização <strong>de</strong> ativida<strong>de</strong>s educativas e interpretativas, isso não v<strong>em</strong> ocorrendo <strong>em</strong>relação aos aspectos <strong>geológico</strong>s e geomorfológicos, potencial este que precisa seraproveitado.4.3.4 ASPECTOS GEOLÓGICOSO Arquipélago há muito t<strong>em</strong>po v<strong>em</strong> <strong>de</strong>spertando interesse na realização <strong>de</strong>estudos científicos <strong>de</strong>vido as suas particularida<strong>de</strong>s. Em 1832, Charles Darwin <strong>em</strong>sua expedição no navio Beagle reconheceu a orig<strong>em</strong> vulcânica das suas rochas,<strong>de</strong>stacando o Morro do Pico, citando-o como um fonólito dividido <strong>em</strong> colunasirregulares. (DARWIN, 1839 apud ALMEIDA, 1955 p.50)Almeida era e continua sendo o maior conhecedor da geologia <strong>de</strong>ssas ilhas(CORDANI, 2004) e seus trabalhos são certamente a referência essencial paraqualquer estudo <strong>geológico</strong> tanto <strong>de</strong> Fernando <strong>de</strong> Noronha quanto <strong>de</strong> Trinda<strong>de</strong>, até161 Segundo Enadja Barros, coor<strong>de</strong>nadora do PUR, 270 condutores realizaram sete módulos,intitulados: Ambiente Marinho, Flora e Fauna, Primeiros Socorros, Ecoturismo, Histórico Cultural,Técnicas <strong>de</strong> Condução <strong>de</strong> Visitantes e Unida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> Conservação. Al<strong>em</strong> <strong>de</strong>sses, também foramministrados os cursos <strong>de</strong> turismo eqüestre, associativismo, qualida<strong>de</strong> no atendimento, gestão daqualida<strong>de</strong> (<strong>em</strong> cinco módulos) e mergulho livre.


214mesmo nos dias <strong>de</strong> hoje. (ULBRICH et al, 2004). Em seus estudos efetuados <strong>em</strong>1954 realizou um levantamento <strong>geológico</strong> <strong>de</strong>talhado do arquipélago, objetivandosituar seus numerosos corpos rochosos, para <strong>de</strong>terminar suas relações no t<strong>em</strong>po eespaço e seu modo <strong>de</strong> formação. Definiu Fernando <strong>de</strong> Noronha como sendo umArquipélago vulcânico <strong>em</strong> que se expõ<strong>em</strong> rochas vulcânicas <strong>de</strong> ida<strong>de</strong>s miocênica epliocênica, constituído por um substrato <strong>de</strong> rochas piroclásticas 162 penetradas porgran<strong>de</strong> varieda<strong>de</strong> <strong>de</strong> rochas eruptivas 163 alcalinas que após conspícuo hiato foramrecobertas por <strong>de</strong>rrames <strong>de</strong> lavas basáltico-alcalinas, <strong>de</strong> dois tipos fundamentais(rochas ultrabásicas nefelinícas (ankaratritos) e seus piroclastos) 164 . Comosedimentos ocorr<strong>em</strong> nas ilhas áreas reduzidas <strong>de</strong> <strong>de</strong>pósitos litorâneos, eólicos <strong>em</strong>arinhos, pertencentes ao ciclo atual e à outros, do Quaternário (ALMEIDA, 2002)Segundo o Plano <strong>de</strong> Manejo da APA, Fernando <strong>de</strong> Noronha possui certascaracterísticas por estar localizada <strong>em</strong> uma Zona <strong>de</strong> Fratura. (IBAMA, 2005, p.4)As zonas <strong>de</strong> fratura são contínuas por toda a largura do Oceano Atlântico.Caracterizam-se por uma alternância <strong>de</strong> cristas e <strong>de</strong>pressões alinhadas segundo adireção E-W, <strong>de</strong>lineando faixas com até 400 km <strong>de</strong> largura. Estas, por sua vez,sobressa<strong>em</strong>-se do assoalho oceânico, situado a profundida<strong>de</strong>s da ord<strong>em</strong> <strong>de</strong> 4.000 m.A elas associam-se intrusões dômicas <strong>de</strong> rochas ultrabásicas do manto e epicentros<strong>de</strong> terr<strong>em</strong>otos, test<strong>em</strong>unhando ativida<strong>de</strong> tectônica ligada à movimentação <strong>de</strong> blocosdo piso oceânico ao longo das zonas <strong>de</strong> fratura.Assim sendo, a Zona <strong>de</strong> Fratura <strong>de</strong> Fernando <strong>de</strong> Noronha está <strong>de</strong>lineada apartir da marg<strong>em</strong> continental através <strong>de</strong> montes submarinos alinhados na direção E-W, até a Dorsal Meso-Atlântica 165 , localizada entre os continentes Sul-Americano eAfricano. Desta forma, o Arquipélago <strong>de</strong> Fernando <strong>de</strong> Noronha, o Atol das Rocas e o162 A palavra “piroclástico” v<strong>em</strong> do grego pyros (fogo) e klastos (fragmentos). Designa material soltoou mistura <strong>de</strong> cinzas vulcânicas, bombas e blocos ejetados pelos vulcões. São também tufos, tufobrechas,lapilli-tufos e aglomerados, constituídos <strong>de</strong> componentes provenientes dos <strong>de</strong>rrames.163 As rochas eruptivas são produzidas pelo resfriamento do material ígneo existente no interior dovulcão ao <strong>de</strong>slocar-se <strong>em</strong> direção a superfície.164 Ulbrich et al (2004) afirmam que o magmatismo é totalmente <strong>de</strong> natureza alcalina, caracterizadanas rochas pela ausência <strong>de</strong> quartzo, pela presença <strong>de</strong> feldspatói<strong>de</strong>s entre os minerais félsicos e porpossuir clinopiroxênios e/ou anfibólios alcalinos. Os tipos litológicos variam <strong>de</strong> ultrabásicos (SiO2


215Arquipélago <strong>de</strong> São Pedro e São Paulo são as ca<strong>de</strong>ias mais elevadas que <strong>em</strong>erg<strong>em</strong>das águas oceânicas.Geologicamente, situa-se ao longo <strong>de</strong> estruturas alinhadas <strong>de</strong> diversosmontes vulcânicos submarinos e altos fundos do pavimento oceânico. Deste modo,acredita-se que esses montes, pod<strong>em</strong> ter se originado pela ativida<strong>de</strong> <strong>de</strong> um hotspot 166 , e estend<strong>em</strong>-se até próximo à costa do Ceará, sendo que a parte atlântica daplaca Sul-Americana on<strong>de</strong> está localizado esse hot spot viajou lentamente paraoeste por aproximadamente 32 milhões <strong>de</strong> anos. (TEIXEIRA et al, 2003).Para Ulbrich et al (2004), a formação dos edifícios vulcânicos ainda é assunto<strong>em</strong> discussão. Duas hipóteses foram formuladas, sendo uma <strong>de</strong>las a que concordacom a ativida<strong>de</strong> dos hot spots (p. 558),[...] formulada no contexto da Tectônica <strong>de</strong> Placas, o arquipélago representaria asúltimas fases <strong>de</strong> evolução <strong>de</strong> uma pluma mantélica ou hot spot (ponto quente) domesmo nome. O <strong>de</strong>slocamento da placa Sul-Americana por essa anomalia térmicateria sido responsável pela formação da Ca<strong>de</strong>ia Submarina <strong>de</strong> Fernando <strong>de</strong> Noronhae pelo magmatismo terciário que ocorre no norte do Ceará (Mizusaki et al., 2002).Fodor et al. (1998) atribu<strong>em</strong> a essa mesma pluma o magmatismo alcalino dosestados do Rio Gran<strong>de</strong> do Norte e Pernambuco.E a outra hipótese, a primeira a ser formulada <strong>em</strong> 1955 por Almeida eretomada <strong>em</strong> 1986 e 1988, foi baseada no fato <strong>de</strong> que o Arquipélago está situado<strong>em</strong> uma área na qual há ocorrência <strong>de</strong> um gran<strong>de</strong> número <strong>de</strong> fraturas no assoalhooceânico, formando a Zona <strong>de</strong> Fratura <strong>de</strong> Fernando <strong>de</strong> Noronha. Nessa região,<strong>de</strong>senvolver-se-ia um extenso vulcanismo alcalino que, progredindo <strong>de</strong> oeste paraleste, daria orig<strong>em</strong>, no continente, a Formação Mecejana, <strong>de</strong> ida<strong>de</strong> terciária (<strong>em</strong>torno <strong>de</strong> 30 Ma), esten<strong>de</strong>ndo-se até culminar na Ilha <strong>de</strong> Fernando <strong>de</strong> Noronha. Essazona <strong>de</strong> fratura provavelmente resultou da evolução <strong>de</strong> falhas transformantes, queligam segmentos da Dorsal Meso-Atlântica. Pequenos <strong>de</strong>slocamentos nessas zonas166 Os hot spots, também conhecidos como “pontos quentes”, são colunas <strong>de</strong> material superaquecidoque ascend<strong>em</strong> lentamente à superfície a partir <strong>de</strong> profundida<strong>de</strong>s diversas a partir do limite mantonúcleo.A porção superior da coluna fun<strong>de</strong>-se parcialmente, dando orig<strong>em</strong> a uma gran<strong>de</strong> quantida<strong>de</strong><strong>de</strong> magma e se mantém estacionaria durante milhões <strong>de</strong> anos, alimentando sucessivos processosvulcânicos na superfície. Assim, à medida que a placa tectônica, <strong>em</strong> seu movimento horizontal, seafasta do hot spot, transporta o edifício vulcânico, tornando-o inativo, ao mesmo t<strong>em</strong>po <strong>em</strong> que criaum novo edifício vulcânico. Um ex<strong>em</strong>plo é o Havaí. (TEIXEIRA et al, 2003)


216<strong>de</strong> fraturas, resultantes da acomodação da litosfera oceânica constant<strong>em</strong>ente criadana dorsal, po<strong>de</strong>riam ser suficientes para, por alívio <strong>de</strong> pressão, causar fusão <strong>de</strong>baixo grau no manto, explicando assim a formação do arquipélago.Mas, in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>nt<strong>em</strong>ente da hipótese a ser levada <strong>em</strong> consi<strong>de</strong>ração, asdiversas ilhas do arquipélago possu<strong>em</strong> aspectos conforme a sua constituiçãogeológica. Segundo Almeida (2002), as ilhas fonoliticas são ilhas formadas porrochedos elevados, <strong>de</strong> pare<strong>de</strong>s abruptas, s<strong>em</strong> praias arenosas a sua volta, são asIlhas do Fra<strong>de</strong>, Ovos, Viúva, Leão, Sela Ginete e Cabeluda e apresentam-se comopicos <strong>de</strong>stacados. Já as <strong>de</strong> <strong>de</strong>rrames <strong>de</strong> lava são tabulares, como é o caso da IlhaRata e São José, Lucena, <strong>de</strong> Fora e Cuscuz, ou são rochedos escarpados, como osDois Irmãos. E por fim, as ilhas formadas por calcarenitos (Arenito Caracas) sãobaixas e <strong>de</strong> relevo tabular (ilhas do Meio, Rasa, Chapéu do Nor<strong>de</strong>ste e Chapéu doSueste).Deste modo, as <strong>unida<strong>de</strong>s</strong> litológicas <strong>de</strong> Fernando <strong>de</strong> Noronha enquadram-se<strong>em</strong> dois gran<strong>de</strong>s grupos <strong>de</strong> 1ª ord<strong>em</strong>, <strong>de</strong> acordo com sua orig<strong>em</strong>, que correspond<strong>em</strong>ao das rochas vulcânicas (Formação R<strong>em</strong>édios e Formação Quixaba) e ao dasrochas sedimentares (Arenito das Caracas). (Figura 74)


217FIGURA 74- Mapa <strong>geológico</strong> <strong>de</strong> Almeida (1955) simplificado por M.C.N. Ulbrich(1994)Observação: A Formação São José não é mais consi<strong>de</strong>rada uma formação.Fonte: Almeida (2002).4.3.4.1 Formação R<strong>em</strong>édiosEsta Formação, segundo Almeida (1955), é a mais antiga do Arquipélago,correspon<strong>de</strong> à ativida<strong>de</strong> vulcânica da época miocênica, ocorrida há mais <strong>de</strong> 12milhões <strong>de</strong> anos, on<strong>de</strong> se <strong>de</strong>stacam rochas fonolíticas, traquíticas e essexíticas. Deacordo com o Plano <strong>de</strong> Manejo da APA (2005), são rochas eruptivas alcalinas <strong>em</strong>aterial piroclástico encaixante. Esse material piroclástico é formado poraglomerados, brechas, tufo-brechas e tufos vulcânicos, contendo também lápillis,lápili-tufos e bombas vulcânicas. Muitas <strong>de</strong>ssas rochas piroclásticas atualmenteestão alteradas, ou cobertas por solo e vegetação. Na maioria das vezes possui corcinza e leve tom esver<strong>de</strong>ado e normalmente possu<strong>em</strong> estrutura granular grosseira.


218Segundo Ulbrich et al (2004), essa Formação consiste num complexo subvulcânico,formado por domos, plugs e diques subverticais compostos por uma amplavarieda<strong>de</strong> <strong>de</strong> rochas alcalinas que inclu<strong>em</strong>, entre outras, basanitos, tefritos, basaltosalcalinos, álcali latitos, traquitos e fonólitos.Os melhores ex<strong>em</strong>plos para a sua observação são os encontrados naEnseada da Caieira e Enseada do Abreu (rochas piroclásticas cortadas por umgran<strong>de</strong> dique <strong>de</strong> fonólito), praias do Boldró e Cachorro.Essa Formação apresenta também rochas intrusivas alcalinas, representadaspor fonólitos 167 porfíricos e afíricos, como por ex<strong>em</strong>plo, o Morro do Pico.4.3.4.2. Formação Quixaba:Após a Formação R<strong>em</strong>édios, houve um longo período erosivo. Só entre 4,2 e1,5 milhões <strong>de</strong> anos atrás é que ocorreu uma nova ativida<strong>de</strong> magmática, as lavasankaratríticas da Formação Quixaba (CORDANI, 2003). Como houve esse gran<strong>de</strong>período erosivo, essas lavas se assentaram <strong>em</strong> superfícies irregulares, preenchendodiversas <strong>de</strong>pressões e apresentando espessuras variadas (<strong>de</strong> poucos centímetros amais <strong>de</strong> quarenta metros). As rochas efusivas (que v<strong>em</strong> <strong>em</strong> estado <strong>de</strong> fusão até asuperficie) pertencentes à Formação Quixaba têm aparência <strong>de</strong> rocha negra, gran<strong>de</strong>uniformida<strong>de</strong> textural e mineralógica, e granulação muito fina. (IBAMA et al, 2005)Almeida (1955), <strong>de</strong>nominou essa formação com o nome <strong>de</strong> Quixaba pois nasbordas do planalto da Quixaba, principalmente nas escarpas marítimas, ela estáb<strong>em</strong> exposta e é facilmente acessível. Em seus estudos concluiu que esta formaçãoé um <strong>em</strong>pilhamento <strong>de</strong> negros <strong>de</strong>rrames <strong>de</strong> lava ankaratrítica alternados compiroclastos <strong>de</strong> componentes da própria lava. Esses ankaratritos são rochaseruptivas, <strong>de</strong>rrames, lavas que <strong>em</strong> seu estado não alterado são pretas. Suaalteração é esferoidal (figura 75a), originando um solo castanho ou partindo-se <strong>em</strong>blocos irregulares. Possui abundantes estruturas vesiculares, amigdaloidais oufluidais. Essas estruturas permit<strong>em</strong> <strong>de</strong>terminar a direção do escoamento <strong>de</strong> lava,levando a concluir sobre o seu sentido.167 Rocha ígnea efusiva intermediária (insaturada). Parte superior dos complexos tectônico-vulcânico,formada a pequenas profundida<strong>de</strong>s.


219Essa formação constitui também outras ilhas, como a ilha Rata, fechada paravisitação, mas muito utilizada nas ativida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> mergulho autônomo.FIGURA 75- Rocha da Formação Quixaba que apresenta <strong>de</strong>composiçãoesferoidal (a) e ao lado o Arenito Caracas próximo a Ilha do Meio (b).4.3.4.3 Formação Caracas:Nesta formação, os <strong>de</strong>pósitos sedimentares são produtos resultantes <strong>de</strong>processos pleistocênicos e mo<strong>de</strong>rnos, envolvendo o Arenito das Caracas (ouCalcarenito Caracas). São sedimentos <strong>de</strong> orig<strong>em</strong> predominant<strong>em</strong>ente eólica(eolianitos), com coloração bege clara ou cinzenta, com textura arenosa granularfina e estratificação cruzada. São antigas dunas móveis tangidas por ventosdominantes provindos <strong>de</strong> SE. Neste caso, os grãos <strong>de</strong> areia são constituídosinteiramente por restos <strong>de</strong> organismos marinhos, principalmente algas calcárias,moluscos, corais e também minerais essenciais das rochas vulcânicas. Entre essesgrãos encontra-se a calcita microcristalina, que serve como um cimento, dandoconsistência aos arenitos. (IBAMA et al, 2005; ALMEIDA, 2002; CORDANI et al,2003). Pod<strong>em</strong> ser encontrados na ponta das Caracas, Baia do Sueste, Ilhas Rata,do Meio e Rasa e também pequenas áreas nas ilhotas do Chapéu <strong>de</strong> Sueste,Chapéu <strong>de</strong> Nor<strong>de</strong>ste e São José. (Figura 75b)Os eolianitos caracterizam-se por ser<strong>em</strong> cimentados por carbonato <strong>de</strong> cálcio.As dunas arenosas constitu<strong>em</strong> a mais importante feição <strong>de</strong> <strong>de</strong>posição sedimentar.


220Sendo assim, os eolianitos são um tipo distinto <strong>de</strong> paleodunas 168 , comcaracterísticas peculiares, como a preservação <strong>de</strong> estruturas sedimentares e aausência <strong>de</strong> vegetação. Os eolianitos <strong>de</strong> Fernando <strong>de</strong> Noronha são distintos, poisforam <strong>de</strong>positados <strong>em</strong> um território insular pela ação do vento e não pela açãohidrodinâmica das águas. Pod<strong>em</strong> ser encontrado na Ponta das Caracas, Chapéu <strong>de</strong>Sueste e Atalaia.4.3.5 GEOMORFOLÓGICOSO arquipélago é o que resta <strong>de</strong> um gran<strong>de</strong> edifício vulcânico, com uma base aquatro mil metros <strong>de</strong> profundida<strong>de</strong> (Figura 78). Possui cerca <strong>de</strong> setenta quilômetros<strong>de</strong> diâmetro sentido NNE-SSW e é uma vez e meio maior que o Etna. (ALMEIDA,1955; CORDANI et al, 2003). Vários <strong>de</strong>sses montes tiveram seus cimos arrasadospela erosão subaérea e abrasão marinha, sendo que hoje se apresentam comoguyots 169 cobertos <strong>de</strong> calcários biogênicos, achando-se a menos <strong>de</strong> 100 m <strong>de</strong>profundida<strong>de</strong>. (ALMEIDA, 2006)FIGURA 76- Esboço <strong>de</strong> Perfil leste-oeste do edifício vulcânico <strong>de</strong>Fernando <strong>de</strong> Noronha, com base a 4.000 metros <strong>de</strong> profundida<strong>de</strong>.168 Quando o nível do mar estava mais baixo, no inicio do Holoceno, as atuais ilhas do sul e sueste doArquipélago estavam todas unidas por intermédio <strong>de</strong> dunas calcárias. Atualmente, como o nível domar subiu, as ilhas estão separadas, mas ainda pod<strong>em</strong> ser observados fragmentos do ArenitoCaracas, resquícios consolidados <strong>de</strong>ssas antigas dunas. Entretanto, os sedimentos e rochassedimentares são os que possu<strong>em</strong> menor expressivida<strong>de</strong>, pois segundo Ulbrich et al (2004) ocupamapenas 7,5% do Arquipélago169 Guyots são montes submarinos <strong>de</strong> topo truncado pela erosão. (HESS, 1946 apud ALMEIDA, 2006)


221Baseado <strong>em</strong> Teixeira et al, 2003.Essas feições <strong>de</strong> aplainamento <strong>de</strong>vido à ação da erosão marinha,principalmente na última gran<strong>de</strong> glaciação, há cerca <strong>de</strong> 18.000 anos atrás,originaram uma verda<strong>de</strong>ira plataforma marinha, que possui aproximadamente 20 km<strong>de</strong> diâmetro e circunda o arquipélago, originando elevações secundárias, como aconhecida pelo nome <strong>de</strong> “Alto Fundo Drina”, situada a 15 km da ilha principal e como topo a oitenta metros <strong>de</strong> profundida<strong>de</strong>. A base da elevação submarina t<strong>em</strong> umacircunferência com perto <strong>de</strong> duzentos quilômetros adquirindo nítida orientação E-Wa partir <strong>de</strong> 2.500 m <strong>de</strong> profundida<strong>de</strong> (IBAMA et al, 2005).O traçado da costa do Arquipélago apresenta paredões íngr<strong>em</strong>es, pontas,reentrâncias, platôs, costões rochosos e praias <strong>de</strong> seixos rolados ou areia 170 . Nochamado Mar <strong>de</strong> Fora (sul e su<strong>de</strong>ste) estão os costões rochosos e extensasbarreiras <strong>de</strong> recifes formadas por concreções <strong>de</strong> algas, dando orig<strong>em</strong> a plataformas,franjas e terraços, que <strong>de</strong>limitam piscinas e lagunas (LEITE, TS; HAIMOVICI, M.2006 apud ESTON et al 1986).De acordo com Gorini e Carvalho (1984), o Arquipélago é constituído poráreas planas <strong>de</strong> baixa altitu<strong>de</strong>, picos isolados e uma concentração <strong>de</strong> áreasmontanhosas. Falésias íngr<strong>em</strong>es, algumas constituindo flancos <strong>de</strong> montes,contrastam com faixas lineares arenosas e com seixos que são ocasionalmenteencontrados no lado protegido das ondas nos recifes <strong>de</strong> franja. Desta forma osplanaltos são constituídos pelas lavas ankaratriticas, as planícies pelas rochaspiroclasticas e os altos topográficos pelas rochas intrusivas que cortam as lavas(IBAMA E FUNATURA, 1990). Almeida (1955) reconhece que o relevo da ilhaprincipal é mo<strong>de</strong>rado e, <strong>em</strong> gran<strong>de</strong> parte, controlado pelos diferentes corposrochosos, pois não se observa o <strong>de</strong>senvolver <strong>de</strong> uma morfologia dominada porfatores climáticos, sendo a estrutura que se impõe no relevo.A respeito das erupções que ocorreram na região, Almeida (1955) tambémexplica que cada erupção se iniciava com violentas explosões que <strong>de</strong>sobstruíam o170 Este traçado <strong>de</strong>pen<strong>de</strong> <strong>de</strong> três fatores, a orientação <strong>em</strong> relação aos ventos alísios, estruturageológica e evolução pretérita. (IBAMA E FUNATURA, 1990)


222conduto vulcânico, lançando no espaço gran<strong>de</strong> quantia <strong>de</strong> blocos <strong>de</strong> rochas. Essasexplosões continuavam por algum t<strong>em</strong>po na massa <strong>de</strong> lava que então se erguia noconduto, projetando-a sob forma <strong>de</strong> bombas, lápili e cinzas, para <strong>de</strong>pois <strong>de</strong> aliviadaa tensão dos gases, começar<strong>em</strong> os <strong>de</strong>rrames <strong>de</strong> lava. Essas lavas eramextr<strong>em</strong>amente fluidas, a ponto <strong>de</strong> formar pequenos <strong>de</strong>rrames com dois a trêscentímetros <strong>de</strong> espessura.Como não há sedimentos associados às rochas vulcânicas do arquipélago,não é possível o estabelecimento da ida<strong>de</strong> exata do vulcanismo, assim, essasida<strong>de</strong>s foram estabelecidas por processos isotópicos radiométricos171.on<strong>de</strong> asrochas da Formação R<strong>em</strong>édios possu<strong>em</strong> 12 milhões <strong>de</strong> anos (Período Mioceno) eas da Formação Quixaba variam entre 4,2 Ma e 1,5 Ma (Período Pleistoceno).(Quadro 14)171 Cordani et al, (2003) utilizaram o método Ar-Ar on<strong>de</strong> foram adotadas as técnicas mo<strong>de</strong>rnas <strong>de</strong>aquecimento por etapas, <strong>em</strong> minerais isolados ou <strong>em</strong> rocha total


223QUADRO 14 – Evolução da paisag<strong>em</strong> do ArquipélagoHoloceno Nível do Mar atual Erosão das praias e tômbolos e <strong>de</strong> parte das dunas dociclo anterior. Consolidação das dunas antigas.Entalhe do alto batente litorâneo e estabelecimento <strong>de</strong>recifes a sua borda. Separação das ilhas.Pleistoceno Nível do mar a menos 6metrosNível do mar a um metroNível do mar a mais 12metrosDestruição superficial <strong>de</strong>erosão do planalto centralNível do mar a mais 40metrosErosãoExtensas praias <strong>de</strong> areia a sul e sueste doarquipélago. Dunas calcarias unindo as dunas atuaisAcumulo <strong>de</strong> grossos cascalhos e areias <strong>de</strong> praiaPraias <strong>de</strong> areia e cascalho, e areias <strong>de</strong> fundo <strong>de</strong> mar.Inundação parcial do relevoEntalhe dos principais vales atuaisEstabelecimento da superfície <strong>de</strong> erosão do planaltocentral, <strong>em</strong> clima s<strong>em</strong>i-áridoLongo ciclo erosivo, que <strong>de</strong>strói os aparelhos externosdas formações Quixaba e São José.TerciárioNeocretaceo???Formação São José 172Formação QuixabaErosãoFormação R<strong>em</strong>édiosDerrames <strong>de</strong> nefelina basanitoVulcanismo explosivo, acompanhado <strong>de</strong> <strong>de</strong>rrames <strong>de</strong>ankaratrito e intrusão <strong>de</strong> nefelinitosDestruição dos aparelhos vulcânicos externos daFormação R<strong>em</strong>édiosVulcanismo fonolitico e traquitico, com intrusão <strong>de</strong>eruptivas ultra-basicas.Fonte: Almeida (1955)Em relação aos sedimentos mo<strong>de</strong>rnos, os processos sedimentares atuais quepod<strong>em</strong> ser observados são <strong>de</strong>pósitos das praias 173 , dos talu<strong>de</strong>s 174 , dunas ativas 175 ,recifes fitógenos 176 e fosfatos zoógenos.172 Citada por Almeida <strong>em</strong> 1955, a Formação São José seria posterior a Formação Quixaba,caracterizando os <strong>de</strong>rrames <strong>de</strong> basanitos portadores <strong>de</strong> xenólitos mantélicos que formam as ilhasSão José, Cuscuz e <strong>de</strong> Fora. Entretanto, para Ulbrich et al (2004, p. 558) “consi<strong>de</strong>rando que essesbasanitos são petrograficamente s<strong>em</strong>elhantes aos que ocorr<strong>em</strong> na ilha principal, (e.g. Baía doSancho; Ulbrich & Ruberti, 1992) é provável que represent<strong>em</strong> os estágios finais do vulcanismoQuixaba (Ulbrich, 1994; Almeida, 2000)” . Ou seja, a Formação São José não é mais consi<strong>de</strong>radauma formação.173 No caso dos <strong>de</strong>pósitos <strong>de</strong> praias, um dos fatos que chama a atenção é a areia das praias, pois <strong>em</strong>nenhuma <strong>de</strong>las é possível encontrar o quartzo, sendo constituída unicamente por grãos calcários.Esses grãos são originários <strong>de</strong> algas calcárias, tubos <strong>de</strong> vermes, crustáceos, equino<strong>de</strong>rmos,moluscos, etc. E <strong>em</strong> relação aos cascalhos e matacões encontrados nas praias, estes sãoconstituídos por fragmentos <strong>de</strong> rochas <strong>de</strong> naturezas diversas, como fonólitos maciços (Praia da


224Diversos são os domos 177 que pod<strong>em</strong> ser reconhecidos no Arquipélago.Domos fonoliticos são o da Atalaia Gran<strong>de</strong> (com 223 metros <strong>de</strong> altitu<strong>de</strong>), Boa Vista(possui a maior extensão exposta) e Me<strong>de</strong>ira, além das Ilhotas da Viúva, Leão,Cabeluda e dos Ovos. No caso das Ilhotas do Fra<strong>de</strong> e Sela Gineta, as duas tambémsão domos fonoliticos, que possu<strong>em</strong> essa forma atual <strong>de</strong>vido a processos erosivos eint<strong>em</strong>péricos que atuaram na superfície <strong>de</strong> fraqueza da rocha. Já o Morro Branco,um domo traquítico, é citado por Almeida (1955) como a mais bela estrutura intrusivado Arquipélago.Outra característica <strong>em</strong> Fernando <strong>de</strong> Noronha são os diques. Almeida (1955)encontrou mais <strong>de</strong> c<strong>em</strong> diques que aparent<strong>em</strong>ente orientam-se <strong>de</strong>sor<strong>de</strong>nadamente(exist<strong>em</strong> diques <strong>em</strong> todas as direções), mas análises estatísticas mostraram umpredomínio na direção Nor<strong>de</strong>ste. Correspond<strong>em</strong> às ultimas injeções <strong>de</strong> magma, quese infiltraram <strong>em</strong> rupturas <strong>de</strong> rochas já consolidadas e possu<strong>em</strong> forma tabularvertical, l<strong>em</strong>brando uma pare<strong>de</strong>. Estão visíveis: Diques simples 178 , Diquesmúltiplos 179 Diques compostos 180 e Diques <strong>em</strong> anéis 181 . Deste modo, com base naobservação <strong>de</strong>sses diques, Almeida (1955) conseguiu <strong>de</strong>finir a ord<strong>em</strong> cronológicadas intrusões, ou seja, os fonólitos e traquitos são os mais antigos, pois neles foramvistos diques <strong>de</strong> outras rochas. E as rochas melanocráticas (que possu<strong>em</strong> na suaConceição), nefelina-basanitos e ankaratritos, que originam seixos arredondados. Traquitos, que sãorochas fort<strong>em</strong>ente fraturadas, fornec<strong>em</strong> fragmentos pequenos e poliedros (como os encontrados naPraia da Biboca), conservando indícios da forma original mesmo <strong>de</strong>pois <strong>de</strong> b<strong>em</strong> retrabalhados.174 Os <strong>de</strong>pósitos <strong>de</strong> talu<strong>de</strong> observados na Ilha principal são <strong>de</strong>pósitos acumulados nas vertentes maisou menos íngr<strong>em</strong>es, sendo que o material é <strong>de</strong>positado pela ação da gravida<strong>de</strong>. No caso <strong>de</strong> Noronhaesses <strong>de</strong>pósitos estão ligados principalmente a escarpas ankaratríticas e sua orig<strong>em</strong> encontra-se naqueda <strong>de</strong> blocos rochosos <strong>de</strong> tamanhos variados.175 Na Ilha principal dunas ativas pod<strong>em</strong> ser observadas, sendo constituídas <strong>de</strong> grãos calcários <strong>de</strong>orig<strong>em</strong> marinha (proce<strong>de</strong>ntes da Praia do Leão, Sueste e Atalaia) e <strong>em</strong> Santo Antonio <strong>de</strong>corr<strong>em</strong> da<strong>de</strong>sagregação do arenito das Caracas. Seu sentido <strong>de</strong> orientação predominante é o dos ventosalísios que sopram constant<strong>em</strong>ente na região (BIGARELLA, 1975) No caso dos calcarenitos, caberessaltar que os mesmos foram gerados a partir <strong>de</strong> dunas das últimas glaciações do Quaternário,quando extensas superfícies <strong>de</strong> praias eram expostas ao vento, <strong>de</strong>vido à <strong>de</strong>scida do nível do mar.(VALENÇA et al, 2005) Atualmente o nível médio do mar está acima do que no período <strong>em</strong> queexistiram essas paleodunas.176 A respeito dos recifes, não exist<strong>em</strong> recifes <strong>de</strong> corais no Arquipélago, mas algas calcárias, como osrecifes <strong>de</strong> algas Lithothamnium que pod<strong>em</strong> ser encontrados ao longo da Enseada da Caieira.(ALMEIDA, 1955; ALMEIDA 2000).177 Elevações acentuadas do solo que possu<strong>em</strong> a forma <strong>de</strong> meia esfera.178 São rochas lamprofíricas. Observados <strong>em</strong> vários locais da ilha.179 Injeções sucessivas do mesmo tipo <strong>de</strong> rocha numa única fratura (extr<strong>em</strong>ida<strong>de</strong> oci<strong>de</strong>ntal da Praiada Biboca)180 Associação <strong>de</strong> dois ou mais tipos <strong>de</strong> rocha no mesmo dique. (falésia vertente para a Enseada daCaieira, Praia do Cachorro)181 Dispostos concentricamente, atravessados por outros radiais (Enseada da Caieira).


225composição minerais <strong>de</strong> coloração escura) ou seja, augititos, olivina teschenitos,tambuschitos, limburgitos, são mais novas.FIGURA 77- Dique na Enseada da Caieira (a) e a Baía dos Porcos e atonalida<strong>de</strong> <strong>de</strong> suas águas durante a maior parte do ano (b).Outra característica marcante no Arquipélago diz respeito à tonalida<strong>de</strong> <strong>de</strong>suas águas, pois o mar do lado oriental da Ilha possui tonalida<strong>de</strong> azul-escura esuperfície encrespada porque ali sopram constant<strong>em</strong>ente os ventos <strong>de</strong> leste esu<strong>de</strong>ste. Já no lado oci<strong>de</strong>ntal a cor da água é azul-esmeralda e o mar é calmo namaior parte do ano. Essas características distintas fizeram com que os ilhéus<strong>de</strong>nominass<strong>em</strong> “Mar <strong>de</strong> Dentro” o lado setentrional da ilha, voltado para o Atlânticonorte e “Mar <strong>de</strong> Fora” o lado meridional da ilha, voltado para o continente africano.(TEIXEIRA et al, 2003)Assim, <strong>em</strong> relação aos aspectos <strong>geológico</strong>s e geomorfológicos doArquipélago, cabe aqui ressaltar que a intenção não foi a <strong>de</strong> esgotar o assunto, esim somente uma breve caracterização, apresentando dados <strong>geológico</strong>s egeomorfológicos <strong>de</strong> pesquisadores que v<strong>em</strong> trabalhando na região nos últimos 50anos, no sentido <strong>de</strong> favorecer a compreensão do <strong>patrimônio</strong> <strong>geológico</strong> que serátratado a seguir.4.3.5.1 Características <strong>de</strong> praias e monumentos <strong>geológico</strong>sPara o Ibama e Funatura (1990, p.110)De acordo com especialistas, Fernando <strong>de</strong> Noronha é o mais didático e únicoex<strong>em</strong>plo observável do resultado <strong>de</strong> fenômenos ligados ao vulcanismo, poisas outras áreas brasileiras sofreram evolução ou ocupação diferenciada.


226Constitui-se, o local, <strong>em</strong> um laboratório natural para o estudo da vulcanologia,com gran<strong>de</strong> riqueza <strong>de</strong> rochas produzidas pelo magma e pela movimentaçãodo fundo do Oceano Atlântico... Os diferentes tipos <strong>de</strong> rochas são importantesreferencias para os petrógrafos especialistas e os ambientes sedimentaressão, <strong>em</strong> alguns casos, únicos no Brasil, como o manguezal e as dunas <strong>em</strong>ambientes oceânicos.Assim, com base na pesquisa <strong>de</strong> campo e bibliográfica realizada naelaboração <strong>de</strong>ste capítulo, foram selecionados alguns Pontos <strong>de</strong> InteresseGeoDidático – PIGD, utilizados no Curso <strong>de</strong> Condutor <strong>de</strong> Geoturismo. Deste modo,a seguir são feitas consi<strong>de</strong>rações a respeito dos principais monumentos <strong>geológico</strong>se principais atrativos do Arquipélago, sendo que os PIGDs serão listados no capitulocorrespon<strong>de</strong>nte.4.3.5.1.1 Praias* AIr France (Formação: Quixaba): Nesta praia pod<strong>em</strong> ser observados muitosseixos rolados da Formação Quixaba, sendo o melhor ex<strong>em</strong>plo <strong>em</strong> termos didáticose facilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> acesso, do processo da <strong>de</strong>composição esferoidal (Figura 78 a).Neste local também pod<strong>em</strong> ser observadas outras ilhas secundárias, percebendo-sea importância dos ventos alísios no processo <strong>de</strong> separação das mesmas.FIGURA 78- Praia do Air France (a) e a Baia <strong>de</strong> Santo Antonio e Praia da Biboca (b).* Baía <strong>de</strong> Santo Antônio (Formação Quixaba): Em uma parte da enseada<strong>de</strong>sta praia exist<strong>em</strong> paredões ankaratríticos e calcários marinhos afloram sob aforma <strong>de</strong> pequena mancha nesta área, estes constitu<strong>em</strong> camadas <strong>de</strong>lgadasassentadas sobre uma base irregular <strong>de</strong> <strong>de</strong>rrames <strong>de</strong> lavas e rochas piroclásticas,acumulando no máximo seis metros <strong>de</strong> espessura. Sua estratificação horizontal é


227plano-paralela e está b<strong>em</strong> consolidada por forte cimento calcário. A coloração écr<strong>em</strong>e, po<strong>de</strong>ndo ser também avermelhada e correspond<strong>em</strong> a registros <strong>de</strong> <strong>de</strong>posiçãosubaquática, marinha. O fundo observado nessa área <strong>em</strong> boa parte é arenoso e osseixos encontrados são fort<strong>em</strong>ente cimentados (ALMEIDA, 1955). (Figura 78b)* Praia do Boldró (Formação R<strong>em</strong>édios e Quixaba): Nesta praia pod<strong>em</strong>-seobservar falésias <strong>de</strong> rochas piroclásticas, álcali-traquitos, rochas tufáceas e<strong>de</strong>rrames ankaratríticos e a leste o Morro do Pico (Figura 79a). T<strong>em</strong>aproximadamente 600 m <strong>de</strong> extensão e 110 m <strong>de</strong> largura. As profundida<strong>de</strong>s nestapraia variam entre um e vinte metros e segundo o mapa geomorfológico da APA osrecifes são <strong>de</strong> Lithothamniun (BATISTELLA, 1993 apud IBAMA et al,2005). Seunome possui relação com os aspectos <strong>geológico</strong>s que pod<strong>em</strong> ser observados, poispossivelmente v<strong>em</strong> da época da ocupação do Boldró pelo exercito americano, queutilizava a palavra “Boul<strong>de</strong>r” para <strong>de</strong>signar a praia com abundancia <strong>de</strong> rochas(pedregulhos, boul<strong>de</strong>r <strong>em</strong> inglês) e a sua utilização <strong>em</strong> ativida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> escalada, numclaro ex<strong>em</strong>plo <strong>de</strong> como a geologia se integrou até na nomenclatura <strong>de</strong> algunslugares do Arquipélago.FIGURA 79- Rochas da Formação R<strong>em</strong>édios, na base do Morro do Pico eesquerda da Praia do Boldró (a) e rochas na Praia do Bo<strong>de</strong> (b).* Praia do Bo<strong>de</strong> (Formação Quixaba): Localizada entre as praias doAmericano e Cacimba do Padre, nesta praia pod<strong>em</strong> ser observados um “Mar <strong>de</strong>blocos” resultantes da alteração das rochas magmáticas. As manchas arredondadasrepresentam liquens que estão colonizando a superfície dos blocos (Figura 79b).Boa praia também para a observação dos <strong>de</strong>rrames <strong>de</strong> lavas vesiculares e<strong>de</strong>pósitos <strong>de</strong> aglomerados e lava.


228FIGURA 80- Baía dos Porcos.* Baía dos Porcos (Formação: Quixaba): Nesta Baía também sãoobservadas lavas ankaratriticas da Formação Quixaba, com intercalação piroclástica(CORDANI et al, 2003). É uma baía b<strong>em</strong> fechada, com águas tranqüilas e gran<strong>de</strong>visibilida<strong>de</strong> para a prática do mergulho livre. A transparência da água mistura oreflexo do azul do céu com o amarelo da areia do fundo, dando ao mar umacoloração ver<strong>de</strong> esmeralda (TEIXEIRA et al, 2003). (Figura 80)FIGURA 81- Vista aérea da Praia do Sancho e ao lado a Baía dosGolfinhos.* Praia do Sancho (Formação Quixaba):Consi<strong>de</strong>rada uma das praias maisbonitas do Brasil, possui <strong>em</strong> toda a sua extensão um penhasco <strong>de</strong> basanito <strong>de</strong>aproximadamente 50 metros <strong>de</strong> altura. O acesso é feito somente por mar ou por


229uma pequena fenda na rocha, por on<strong>de</strong> se <strong>de</strong>sce com o auxilio <strong>de</strong> escadas <strong>de</strong> ferro.O fundo do Sancho é <strong>de</strong> areia, com dois gran<strong>de</strong>s aglomerados rochosos submersos.O aglomerado mais próximo à praia, com profundida<strong>de</strong> <strong>de</strong> até cinco metros, é omais indicado para o mergulho livre e apnéia. O segundo aglomerado, localizado naboca da baía, é conhecido como Laje do Sancho e chega a atingir vinte metros <strong>de</strong>profundida<strong>de</strong>. A baía possui uma abertura <strong>de</strong> aproximadamente 500 metros <strong>de</strong>largura e recuo <strong>de</strong> 300 metros. (TEIXEIRA et al, 2003). Figura 81.* Praia do Leão (Formação Quixaba e R<strong>em</strong>édios): A Praia do Leão tambémestá entre as tres praias mais bonitas do Brasil. Seu nome v<strong>em</strong> <strong>de</strong> uma <strong>de</strong> suasilhas, a Ilha do Morro do Leão, que se ass<strong>em</strong>elha a um leão marinho <strong>de</strong>itado (Figura82). Ao lado, encontra-se a Ilha do Morro da Viuvinha. As duas são ilhas fonolíticasda Formação R<strong>em</strong>édios (s<strong>em</strong>elhante a Ilha do Fra<strong>de</strong> e Ilha Sela Gineta) e são locaison<strong>de</strong> muitas aves faz<strong>em</strong> ninhos. Além disso, a Praia do Leão é a mais procurada <strong>em</strong>Fernando <strong>de</strong> Noronha pelas tartarugas-ver<strong>de</strong>s, para a sua <strong>de</strong>sova. Por ser área doParque Nacional, na época da <strong>de</strong>sova é proibido o acesso á praia entre as 18 horase 06 horas da manhã.FIGURA 82- Representação e figura da Ilha Morro do Leão, na Praia doLeão* Ponta das Caracas (Formação Caracas):Neste local po<strong>de</strong> ser observado operfil das antigas dunas que hoje compõ<strong>em</strong> a formação <strong>de</strong> mesmo nome,apresentando suas estratificações típicas. Entre a Ponta das Caracas e a Praia doLeão pod<strong>em</strong> ser observados paredões abruptos da Formação Quixaba. (IBAMA eFUNATURA, 1990).(Figura 83 a).


230FIGURA 83-Ponta das Caracas (a) e ao lado a Baía do Sueste vista da PousadaMaravilha (b).* Baía do Sueste (Formação R<strong>em</strong>édios, Quixaba e Caracas):Em termos<strong>geológico</strong>s e geomorfológicos, esta baía é muito interessante, pois nela estãoreunidas todas as formações do arquipélago, po<strong>de</strong>ndo-se inclusive observar ocontraste geomorfológico entre elas. A esquerda está a Formação R<strong>em</strong>édios,evi<strong>de</strong>nciada pelos morros <strong>de</strong> fonólitos e traquitos, circundada por rochaspiroclásticas int<strong>em</strong>perizadas já erodidas, a Ilha Cabeluda (fonolitica), e algunsdiques. Do lado direito (on<strong>de</strong> os mergulhos são permitidos) está a FormaçãoQuixaba, suas lavas ankaratriticas, paredões negros e colunares. Na Ilha Chapéudo Sueste (Figura 83b) pod<strong>em</strong> ser observados os calcarenitos da FormaçãoCaracas. Além disso, a areia é carbonática, seixos estão presentes no ladoesquerdo da praia, e ainda exist<strong>em</strong> as dunas e o manguezal.* Praia da Atalaia (Formação R<strong>em</strong>édios e Quixaba (contato) eCaracas):Praia que possui aproximadamente c<strong>em</strong> metros <strong>de</strong> comprimento por vint<strong>em</strong>etros <strong>de</strong> largura e com menos <strong>de</strong> 1,5 metros <strong>de</strong> profundida<strong>de</strong>, sendo que o seuacesso turístico é controlado 182 . No lado esquerdo <strong>de</strong>sta praia observa-se o contatoentre as formações R<strong>em</strong>édios e Quixaba, e na parte <strong>em</strong>ersa um pequeno trecho <strong>de</strong>areia e a predominância <strong>de</strong> muitos seixos. A formação R<strong>em</strong>édios é a que predominasendo observada na maré baixa através dos diques. Entretanto, no canto direito dapraia, pod<strong>em</strong> ser observados gran<strong>de</strong>s blocos <strong>de</strong> calcarenitos da Formação Caracas.Em frente à Praia da Atalaia encontra-se a Ilha do Fra<strong>de</strong> (Figura 84a), domo <strong>de</strong>182 Há uma capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> carga <strong>de</strong> c<strong>em</strong> pessoas por dia, que pod<strong>em</strong> entrar <strong>em</strong> suas piscinasnaturais vinte <strong>de</strong> cada vez, durante trinta minutos. Tal rigor <strong>de</strong>ve-se ao fato <strong>de</strong> que as piscinasnaturais são ambientes importantes para a vida e crescimento <strong>de</strong> peixes recifais.


231fonólito da Formação R<strong>em</strong>édios com fortes evidências <strong>de</strong> erosão, possivelmente porquedas <strong>de</strong> blocos.FIGURA 84- Praia da Atalaia, com a Ilha do Fra<strong>de</strong> ao fundo (a) e a Enseada daCaieira (b).* Enseada da Caieira (Formação R<strong>em</strong>édios e Quixaba): Esta enseada possuiespecial valor educacional e científico, pois <strong>em</strong> uma pequena área pod<strong>em</strong> serencontradas mais <strong>de</strong> catorze tipos <strong>de</strong> rochas eruptivas diferentes, entre ultrabásicase intermediárias, sendo um dos melhores ex<strong>em</strong>plos mundiais do fenômeno <strong>de</strong>fracionamento magmático. (SANTOS et al, 1999) e também da relação do clima coma geologia (IBAMA; FUNATURA, 1990). Nesta área pod<strong>em</strong> ser observados tambémblocos e seixos rolados proce<strong>de</strong>ntes da Formação Quixaba, álcali-traquitos ediversos diques da Formação R<strong>em</strong>édios, com orientações variadas, cortando rochaspiroclásticas da mesma formação. (Figura 84b)* Ilha Rata (Formação Quixaba e Caracas): A Ilha Rata é caracterizada por<strong>de</strong>rrames <strong>de</strong> lava tabulares, rochas escuras integrantes da Formação Quixaba. Éuma plataforma ankaratritica parcialmente coberta por sedimentos mo<strong>de</strong>rnos.Entretanto, esta ilha também apresenta a particularida<strong>de</strong> <strong>de</strong> possuir áreas comformações <strong>de</strong> calcarenitos e também os <strong>de</strong>pósitos <strong>de</strong> fosfatos <strong>de</strong> cálcio, que t<strong>em</strong> suaorig<strong>em</strong> nos excr<strong>em</strong>entos <strong>de</strong> aves marinhas (zoógenos) (ALMEIDA, 1955). Suaorig<strong>em</strong>, como a das Ilhas Sela Gineta, Meio e Rasa, foi favorecida pela estruturageológica e pela ação das ondas <strong>de</strong>correntes dos ventos alísios, que favoreceram asua separação da ilha principal e principalmente o controle do substrato. Nesta Ilha,a segunda maior do arquipélago, com 81 ha., a ação da corrente na encosta cavou


232grutas marinhas. A visitação é proibida, entretanto, alguns pontos são autorizadospara o mergulho autônomo, entre eles <strong>de</strong>stacam-se:- Buraco do Inferno (Figura 85): local on<strong>de</strong> há muitos fragmentos rochososrolados, e uma pequena gruta marinha, <strong>de</strong> aproximadamente sete metros <strong>de</strong>extensão e quatro <strong>de</strong> altura, originária da ação erosiva. Em seu teto forma-se umabolha <strong>de</strong> ar, sendo possível respirar s<strong>em</strong> regulador.- Ressurreta: Na área <strong>em</strong>ersa, po<strong>de</strong> ser observado que os calcarenitoscontinuam <strong>em</strong> <strong>de</strong>sagregação, alguns já caídos (observados <strong>em</strong> mergulhos) e outrosvêm sofrendo a ação do solapamento das ondas. Esses arenitos possu<strong>em</strong>estratificação cruzada <strong>de</strong> gran<strong>de</strong> porte e granulometria fina e b<strong>em</strong> selecionada,indicando características <strong>de</strong> antigas dunas.FIGURA 85- Detalhe da Ilha Rata, próximo ao ponto <strong>de</strong> mergulho<strong>de</strong>nominado Buraco do Inferno (a), e ao lado a Ilha do Meio, formada porcalcarenitos (b).* Ilha do Meio (Formação Caracas): A Ilha do Meio é inteiramente constituídapor calcarenitos (Figura 85), sendo baixa e <strong>de</strong> relevo tabular, (outras ilhotascalcarias do arquipélago, que também possu<strong>em</strong> relevo pouco acentuado, são aRasa e a Chapéu do Sueste). Sua espessura nessa área é <strong>de</strong> mais <strong>de</strong> 20 metros eapresenta inclinação para SE, com nítida estratificação cruzada <strong>de</strong> gran<strong>de</strong> porte egranulometria fina e b<strong>em</strong> selecionada, indicando características <strong>de</strong> antigas dunas.Esses grãos estão fort<strong>em</strong>ente cimentados, sendo seus interstícios preenchidos porcalcita microcristalina. (ALMEIDA, 1955) Em ativida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> mergulho autônomorealizado neste ponto, pod<strong>em</strong> ser observados esses calcarenitos e inúmeros túneis


233escavados pelo solapamento das ondas, o que favorece ainda mais o abrigo <strong>de</strong>certas espécies, como moréias, lagostas e tubarões.4.3.5.1.2 Monumentos <strong>geológico</strong>sDe acordo com o Ibama et al (2005, p.20) “Os monumentos <strong>geológico</strong>sexistentes nos domínios da APA <strong>de</strong> Fernando <strong>de</strong> Noronha são diversificados e s<strong>em</strong>igual na costa continental brasileira...”. Al<strong>em</strong> dos monumentos da APA, há algunstambém localizados na área do Parque, como o Portal da Sapata, Buraco da Raquele Caverna do Capitão Kid.A seguir são feitas consi<strong>de</strong>rações a respeito <strong>de</strong> cada um <strong>de</strong>ssesmonumentos, no sentido <strong>de</strong> caracterizá-los visando a sua a<strong>de</strong>quada interpretação.* Buraco da Raquel (Formação Quixaba): O Buraco da Raquel 183 é ummonumento <strong>geológico</strong> on<strong>de</strong> se observam as formas <strong>de</strong> erosão, resultado da açãomarinha. Esta praia também é ex<strong>em</strong>plo <strong>de</strong> uma praia <strong>de</strong> cascalho. (Figura 86 a)* Portal da Sapata (Formação: Quixaba): Esta área possui relevo aci<strong>de</strong>ntado,<strong>de</strong>senvolvido principalmente sobre <strong>de</strong>rrames <strong>de</strong> ankaratritos ou tufos e brechasvulcânicas. As escarpas chegam a atingir oitenta metros <strong>de</strong> altura. No Portal (ouportão) da Sapata há uma forma conhecida como Mapa do Brasil (Figura 86b),resultado <strong>de</strong> erosão diferencial marinha e presença <strong>de</strong> colunas verticais nos<strong>de</strong>rrames que cobr<strong>em</strong> as rochas piroclásticas. (TEIXEIRA et al, 2003). Neste local, aalternância <strong>de</strong> lavas e os <strong>de</strong>pósitos piroclásticos da Formação Quixaba favorecerama abertura do “Portal”. Observa-se também material piroclástico, como as cinzasvulcânicas. Na península da Sapata, on<strong>de</strong> se situa o Portal da Sapata, há um pontoutilizado para mergulho <strong>de</strong>nominado “Caverna da Sapata” (gruta marinha 184 quepossui fundo arenoso, localizada a quinze metros <strong>de</strong> profundida<strong>de</strong> comaproximadamente quinze metros <strong>de</strong> comprimento).183 Seu nome v<strong>em</strong> <strong>de</strong> uma historia on<strong>de</strong> a filha <strong>de</strong> um militar, chamada Raquel, utilizava o local comoescon<strong>de</strong>rijo para reflexões.184 Essas grutas marinhas são cavida<strong>de</strong>s produzidas pelo trabalho do mar que possu<strong>em</strong> gran<strong>de</strong>importância pois provam indiscutivelmente uma variação <strong>de</strong> nível entre terras e águas. São tambémprovas geomorfologicas e geológicas quando há seixos e areias <strong>de</strong>positadas pelo mar, como é ocaso da Caverna da Sapata. (GUERRA, 1997)


234FIGURA 86- Buraco da Raquel (a) e <strong>de</strong>talhe do Portal da Sapata (b).* Pedra do Pião (Formação R<strong>em</strong>édios): A Pedra do Pião é um grand<strong>em</strong>onólito 185 , bloco rochoso quadrangular cuja base foi solapada pela ação abrasivadas ondas, comprometendo seu equilíbrio natural. D<strong>em</strong>onstra também que nosúltimos milhares <strong>de</strong> anos o arquipélago apresenta estabilida<strong>de</strong> sísmica. Para alguns,o monumento ass<strong>em</strong>elha-se a um “Moai 186 ” natural. (Figura 87)FIGURA 87- Pedra do Pião, localizada entre as Praias do Meio eConceição.185 Forma constituída por uma única rocha.186 Gran<strong>de</strong>s esculturas <strong>em</strong> rocha, encontradas na Ilha <strong>de</strong> Páscoa, no Chile.


235* Morro do Pico (Formação R<strong>em</strong>édios): Ponto mais alto da Ilha, com 321metros <strong>de</strong> altura e diâmetro exposto <strong>de</strong> 950 metros. A rocha que v<strong>em</strong>os é um domo<strong>de</strong> fonólito porfirítico, o maior do arquipélago, produto <strong>de</strong> ativida<strong>de</strong>s magmáticas <strong>de</strong>9 milhões <strong>de</strong> anos atrás (ALMEIDA, 1955). Possui esta forma (plug) <strong>de</strong>corrente <strong>de</strong>processos erosivos e int<strong>em</strong>péricos que v<strong>em</strong> agindo há milhões <strong>de</strong> anos e queatuaram <strong>em</strong> superfícies <strong>de</strong> fraqueza da rocha, influenciando a queda <strong>de</strong> gran<strong>de</strong>sblocos que ainda v<strong>em</strong> ocorrendo e que pod<strong>em</strong> ser vistos próximos à praia. Osfonólitos que estão entre as praias da Conceição e do Cachorro inclusive indicamque provavelmente todas elas faziam parte do mesmo gran<strong>de</strong> fonólito do Morro doPico, já parcialmente <strong>de</strong>struído pelo mar.São muitas as interpretações visuais para o Morro do Pico. Conforme oângulo <strong>em</strong> que é observado, para alguns as rochas ass<strong>em</strong>elham-se a uma gran<strong>de</strong>sereia (Figura 88), para outros um macaco, um chefe indígena, entre outrasinterpretações..FIGURA 88 - Morro do Pico, o maior fonólito da Formação R<strong>em</strong>édios.Para muitos o Morro se ass<strong>em</strong>elha a uma sereia.* Gruta do Capitão Kid (Formação Quixaba): Entre esta Gruta e a falésia daPontinha po<strong>de</strong> ser observado um dique <strong>de</strong> granulação grosseira, composto pornefelinito (rochas <strong>de</strong> composição não ankaratritica). Este local é acessado somentepela Trilha da Caieira – Atalaia, realizada obrigatoriamente com o acompanhamento


236<strong>de</strong> condutores cre<strong>de</strong>nciados (Figura 89a). Possui uma lenda, on<strong>de</strong> piratas teriamescondido um tesouro <strong>em</strong> seu interior.FIGURA 89- Gruta do Capitão Kid (a) e a Pedra da Bigorna e ao fundoIlha São José (b)* Pedra da Bigorna (Formação Caracas): Formada por calcarenitos,d<strong>em</strong>onstra feição eólica e também erosão marinha (Figura 89b). Durante a marébaixa, a Pedra da Bigorna é acessível.FIGURA 90- Ilhas Dois Irmãos, vistas do alto da Baía dos Porcos.* Dois Irmãos (Formação Quixaba): Nessas ilhas pod<strong>em</strong> ser observadasrochas vulcânicas ankaratríticas, <strong>de</strong> cor escura, com gran<strong>de</strong>s colunas formadas<strong>de</strong>vido ao diaclasamento das rochas, e que d<strong>em</strong>onstram o resfriamento das lavas


237vulcânicas basálticas (Figura 90). Importante observar no local a disjunçãocolunar 187 , neste que é o melhor ex<strong>em</strong>plo encontrado no Arquipélago.FIGURA 91- Três estágios representando a erosão na região dos DoisIrmãosE se há uma paisag<strong>em</strong> que l<strong>em</strong>bra Fernando <strong>de</strong> Noronha, essa paisag<strong>em</strong>inclui os Morros Dois Irmãos. As ilhas, resultado da erosão (Figura 91) são um doscartões postais da ilha, muito fotografadas e divulgadas <strong>em</strong> reportagens e açõespromocionais. Pod<strong>em</strong> ser observadas <strong>de</strong> diversos pontos, sendo o mais popular<strong>de</strong>les durante o pôr do sol, no mirante do Forte do Boldró.Desta forma, <strong>de</strong>vido a todas essas características e monumentos, oArquipélago é tão interessante <strong>em</strong> termos <strong>geológico</strong>s e geomorfológicos, potencial187 Estrutura <strong>de</strong> disjunção <strong>em</strong> prismas ou colunas <strong>de</strong>senvolvida por processos atectônicos, maiscomum <strong>em</strong> rochas ígneas. O resfriamento mais lento e tranqüilo, s<strong>em</strong> novos afluxos <strong>de</strong> magma, fazcom que a contração <strong>de</strong>vida à consolidação do magma provoque disjunção (diáclases) na forma <strong>de</strong>prismas <strong>de</strong> tendência hexagonal <strong>de</strong>vido à distribuição regular das tensões segundo direçõespreferenciais relacionadas ao gradiente térmico <strong>de</strong> resfriamento. (WINGE, 2001).


238este que po<strong>de</strong> ser utilizado pelo geoturismo e que <strong>de</strong>ve ser incluído nas ativida<strong>de</strong>sinterpretativas a ser<strong>em</strong> realizadas com os visitantes e com a comunida<strong>de</strong>.


2395- EDUCAÇÃO AMBIENTAL E INTERPRETAÇÃO AMBIENTALVOLTADA AOS ASPECTOS GEOCIENTÍFICOS EM UNIDADESDE CONSERVAÇÃO: ATIVIDADES GEOEDUCATIVAS,INTERPRETATIVAS E TURÍSTICAS.5.1 EDUCAÇÃO AMBIENTALO mo<strong>de</strong>lo <strong>de</strong> <strong>de</strong>senvolvimento estabelecido a partir da Revolução Industrialgerou um aumento quantitativo e qualitativo no processo <strong>de</strong> <strong>de</strong>struição da natureza.Isso <strong>de</strong>senca<strong>de</strong>ou reações, provocando organização <strong>de</strong> uma parcela da socieda<strong>de</strong>,preocupada <strong>em</strong> conservar a natureza. Começaram a surgir os movimentosambientalistas, e na década <strong>de</strong> 70 houve um fortalecimento <strong>de</strong>sses movimentos <strong>em</strong><strong>de</strong>fesa do meio ambiente, o que po<strong>de</strong> ser notado <strong>de</strong>vido aos inúmeros encontrosinternacionais, intergovernamentais e interinstitucionais que começaram a ocorrer.(MINISTÉRIO DA EDUCAÇÂO, 2001)Durante a Rio 92, foi feito o Tratado <strong>de</strong> Educação Ambiental para Socieda<strong>de</strong>sSustentáveis e Responsabilida<strong>de</strong> Global (1993), on<strong>de</strong> foram instituídos 16 princípios<strong>de</strong> Educação Ambiental a ser<strong>em</strong> seguidos no sentido <strong>de</strong> nortear a aprendizag<strong>em</strong>que po<strong>de</strong> “gerar com urgência, mudanças na qualida<strong>de</strong> <strong>de</strong> vida e maior consciência<strong>de</strong> conduta pessoal, assim como harmonia entre os seres humanos e <strong>de</strong>stes comoutras formas <strong>de</strong> vida”. Consi<strong>de</strong>ra a educação ambiental como um processo <strong>de</strong>aprendizag<strong>em</strong> permanente, e que a preservação para as mudanças necessárias<strong>de</strong>pen<strong>de</strong> da compreensão coletiva da natureza e das crises que ameaçam o futurodo planeta 188 .Utilizando este Tratado como referência, <strong>de</strong>staca-se aqui o 15º principio on<strong>de</strong>“A educação ambiental <strong>de</strong>ve integrar conhecimentos, aptidões, valores, atitu<strong>de</strong>s eações. Deve converter cada oportunida<strong>de</strong> <strong>em</strong> experiências educativas <strong>de</strong>188 Este tratado v<strong>em</strong> sendo utilizado <strong>em</strong> diversas regiões do mundo <strong>de</strong> acordo com iniciativasregionais e locais, na educação formal e não formal, sendo um dos pilares básicos as ações a ser<strong>em</strong><strong>de</strong>senvolvidas <strong>em</strong> relação à qualida<strong>de</strong> do ambiente e qualida<strong>de</strong> <strong>de</strong> vida.


240socieda<strong>de</strong>s sustentáveis.” E neste mesmo contexto no que diz respeito a estapesquisa, <strong>de</strong>stacamos a 6ª diretriz, on<strong>de</strong> é sugerido “Promover e apoiar acapacitação <strong>de</strong> recursos humanos para preservar, conservar e gerenciar o ambiente,como parte do exercício da cidadania local e planetária”. Desta forma, esta teselevou <strong>em</strong> consi<strong>de</strong>ração esses princípios, ou seja, estimular a educação ambiental,através dos aspectos <strong>geológico</strong>s e geomorfológicos das UCs, tanto na capacitaçãodos condutores, quanto na interpretação ambiental, indo <strong>de</strong> encontro aos princípiose diretrizes do Tratado citado anteriormente.Já o conceito <strong>de</strong> Educação Ambiental teve sua orig<strong>em</strong> vinculada a idéia <strong>de</strong>natureza e <strong>de</strong> como percebê-la, mas atualmente v<strong>em</strong> incorporando as dimensõessocioeconômica, política, cultural e histórica. Desta maneira, o conceito <strong>de</strong>educação ambiental utilizado aqui é o da Lei No 9.795 189 , on<strong>de</strong> (1999, p.01)Art. 1o Entend<strong>em</strong>-se por educação ambiental os processos por meio dosquais o indivíduo e a coletivida<strong>de</strong> constro<strong>em</strong> valores sociais, conhecimentos,habilida<strong>de</strong>s, atitu<strong>de</strong>s e competências voltadas para a <strong>conservação</strong> do meioambiente, b<strong>em</strong> <strong>de</strong> uso comum do povo, essencial à sadia qualida<strong>de</strong> <strong>de</strong> vida esua sustentabilida<strong>de</strong>.Entretanto, Crivellaro (2001) <strong>de</strong>screve que o “fazer educação ambiental” é umprocesso lento e permanente. Assim, por ser um processo permanente, po<strong>de</strong>acontecer <strong>em</strong> qualquer lugar, seja na escola, <strong>em</strong> casa ou <strong>em</strong> Unida<strong>de</strong>s <strong>de</strong>Conservação. Para tanto, adaptando as suas idéias (id.) <strong>em</strong> relação à EducaçãoAmbiental, e voltando-se para os aspectos da geodiversida<strong>de</strong>, é necessário resgatare repassar ainda mais as características geológicas e geomorfológicas das UCs,compartilhando conhecimentos sobre a história geológica, sua importância, recursose fragilida<strong>de</strong> do ambiente. Favorecendo a aprendizag<strong>em</strong> <strong>em</strong> parceria e a reflexãosobre atitu<strong>de</strong>s e procedimentos diante das questões ambientais contribui-se para aadoção <strong>de</strong> práticas pedagógicas 190 e interpretativas nas UCs.189 Lei que dispõe sobre a educação ambiental e institui a Política Nacional <strong>de</strong> Educação Ambiental.190 Casale et al (s.d, C), <strong>em</strong> relação a práticas pedagógicas <strong>de</strong> educação ambiental, afirma que osprogramas <strong>de</strong> educação ambiental <strong>de</strong>v<strong>em</strong> mostrar que as ações individuais ating<strong>em</strong> s<strong>em</strong>pre ocoletivo <strong>em</strong> que todos trabalham na busca da solução <strong>de</strong> um probl<strong>em</strong>a comum.


241De qualquer forma, nos resultados aqui apresentados espera-se <strong>de</strong>spertar esensibilizar visitantes, funcionários da UC, comunida<strong>de</strong> e professores quanto àimportância da educação ambiental como fonte <strong>de</strong> transformação. Para tanto,utilizamos a educação ambiental como nossa aliada para orientar para a<strong>conservação</strong> e utilização racional dos recursos turísticos naturais. Assim, o repassedo conhecimento <strong>de</strong>ve ser facilitado, para que cumpra a sua função e possaalavancar processos participativos que favoreçam a geo<strong>conservação</strong>.Juntamente com a Educação Ambiental, cabe aqui abordar também ageoeducação, que <strong>em</strong> seus estudos utiliza um conjunto <strong>de</strong> investigações aplicadasque abordam prioritariamente as interfaces da Geografia com questões dacomunicação, turismo e do ensino escolar. (UFC, 2007)Desta forma, as Unida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> Conservação pod<strong>em</strong> ser utilizadas para arealização <strong>de</strong> ativida<strong>de</strong>s geoeducativas, pois também segundo a UFC (2007), ageoeducação po<strong>de</strong> ser realizada fora das salas <strong>de</strong> aula. (s. p.),A GEOEDUCAÇÃO incorpora a necessida<strong>de</strong> por <strong>de</strong>senvolver projetos <strong>de</strong>intercâmbios entre práticas sócio-pedagógicas, internas e externas àeducação escolar. Parte do pressuposto <strong>de</strong> que o espaço geográfico (<strong>em</strong>suas manifestações materiais e imaginárias) também educa; até maisefetivamente do que os conhecimentos curriculares específicos.Segundo Oliveira (2008, p.01), a geoeducação é “acima <strong>de</strong> tudo consi<strong>de</strong>rarque os múltiplos processos do espaço geográfico educam e re-educam <strong>de</strong> formapermanente. A natureza educa, a cida<strong>de</strong> educa, o campo e suas paisagenseducam”. Portanto, a sua relação com o turismo reorganiza a dinâmica e apaisag<strong>em</strong> <strong>de</strong> uma localida<strong>de</strong>, exercendo esse papel educativo, pois há geoeducaçãona prática turística. É pensando procedimentos turísticos, no interior dos processos“mundanos” <strong>de</strong> ensino-aprendizag<strong>em</strong>, que se po<strong>de</strong> alcançar uma geoeducaçãoampla e profunda.Sobre o mesmo t<strong>em</strong>a, Oliveira (2006, p. 16) afirma que “a caracterização <strong>de</strong>um trabalho geoeducativo é, mesmo no ensino fundamental, a ampliação dasinterações discente com o mundo vivido e / ou estudado” on<strong>de</strong> pouco importa se o


242roteiro estabelecido fica <strong>de</strong>ntro ou fora do município on<strong>de</strong> a escola se localiza. Ofundamental é a construção <strong>de</strong>sse objeto <strong>em</strong> campo e os conteúdos que a prática<strong>de</strong>ve suscitar. Assim, concorda-se com Melen<strong>de</strong>z et al (2007 B), que informam que o<strong>patrimônio</strong> <strong>geológico</strong> oferece boas oport<strong>unida<strong>de</strong>s</strong> para ser utilizado como umaferramenta pedagógica e como uma t<strong>em</strong>ática transversal no que diz respeito ao<strong>patrimônio</strong>.Alguns ex<strong>em</strong>plos na Europa d<strong>em</strong>onstram que o <strong>patrimônio</strong> <strong>geológico</strong> v<strong>em</strong>sendo utilizado com sucesso <strong>em</strong> ativida<strong>de</strong>s geoeducativas 191 . E assim Pforr eMegerle (2006) asseguram que a geoeducação e o treinamento para uma melhorcompreensão e aceitação das mudanças necessárias para um futuro sustentável naregião. Tal afirmativa é o que se <strong>de</strong>seja também para a região das três UCs aquitratadas.E no caso da educação não formal, (BRASIL, 1999 B, p.03)Art. 13. Enten<strong>de</strong>-se por educação ambiental não-formal as ações e práticaseducativas voltadas à sensibilização da coletivida<strong>de</strong> sobre as questõesambientais e à sua organização e participação na <strong>de</strong>fesa da qualida<strong>de</strong> domeio ambiente.On<strong>de</strong> se <strong>de</strong>stacam no âmbito <strong>de</strong>sta tese, a necessida<strong>de</strong> do incentivo porparte do po<strong>de</strong>r público na ampla participação da escola e da universida<strong>de</strong> naformulação e execução <strong>de</strong> programas e ativida<strong>de</strong>s vinculadas à educação ambiental191 Em Múrcia (Espanha), trabalhos voltados para a geo-educação ambiental já são realizados hámais <strong>de</strong> uma década. São cursos, publicações, exposições, inventários, itinerários, entre outros.(MONDEJAR et al, 2004) A Eslovênia também v<strong>em</strong> aproveitando o seu <strong>patrimônio</strong> <strong>em</strong> ativida<strong>de</strong>s <strong>de</strong>Educação Ambiental, pois integra o Projeto GRECEL (Geological Heritage Research in EnvironmentalEducation and Co-operation on the European Level), projeto <strong>de</strong>stinado aos países europeus e quevisa à pesquisa do <strong>patrimônio</strong> <strong>geológico</strong> e o seu uso na Educação Ambiental. (HLAD, 1999). Outrospaíses que integram o GRECEL são a França, on<strong>de</strong> foram selecionados seis geosítios, para os quaisforam planejadas aulas <strong>de</strong> geografia, <strong>de</strong>stinadas a estudantes <strong>de</strong> grau equivalente ao ensino médiono Brasil. No Reino Unido foram selecionados geosítios no Condado <strong>de</strong> Devon, para os quais foramplanejadas ativida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> educação ambiental e visitas com enfoque educacional e interpretativo. NaHolanda a proposta oferecida engloba programas pedagógicos para ser<strong>em</strong> incorporados às aulas <strong>de</strong>geografia e na Grécia, ativida<strong>de</strong>s pedagógicas para ser<strong>em</strong> realizadas durante as aulas, <strong>em</strong> visitasinterpretativas e <strong>em</strong> programas <strong>de</strong> educação ambiental. Desta forma, o Projeto GRECEL, utilizandodiversos apelos didáticos e pedagógicos v<strong>em</strong> tentando <strong>de</strong>senvolver ainda mais as capacida<strong>de</strong>sestudantis, como a autonomia, responsabilida<strong>de</strong>, comunicação e envolvimento, pois através <strong>de</strong>ssasativida<strong>de</strong>s os estudantes estarão sendo conscientizados e po<strong>de</strong>rão se envolver ainda mais nageo<strong>conservação</strong> do Patrimônio (DRANDAKI et al, 1999).


243não-formal; a sensibilização da socieda<strong>de</strong> para a importância das <strong>unida<strong>de</strong>s</strong> <strong>de</strong><strong>conservação</strong>, e o turismo.Para tanto, a educação ambiental po<strong>de</strong> ser utilizada para incentivar ointeresse da socieda<strong>de</strong> e visitantes pela história da Terra, auxiliar na criação <strong>de</strong> umaconsciência social que sirva para a proteção do Patrimônio Geológico e promover ainclusão do <strong>patrimônio</strong> <strong>geológico</strong> <strong>em</strong> ativida<strong>de</strong>s relacionadas ao meio ambientenatural. Deste modo, a utilização <strong>de</strong> UCs é apontada na literatura como importantepelas diversas possibilida<strong>de</strong>s pedagógicas que po<strong>de</strong> propiciar, assim sendo, sãovitais para a diss<strong>em</strong>inação e concretização dos projetos <strong>de</strong> Educação Ambiental.(MOREIRA, 2006).No caso da educação ambiental voltada para os aspectos <strong>geológico</strong>s egeomorfológicos cabe aqui ressaltar o papel do geoturismo e dos geoparques.A UNESCO (2007), ao referir-se sobre os Geoparques, cita que os mesmossão gran<strong>de</strong>s ferramentas educacionais a nível local e nacional, e entre osinstrumentos disponíveis para a transferência <strong>de</strong> informações estão as excursõespara grupos <strong>de</strong> estudantes e professores, s<strong>em</strong>inários, e palestras para o públicovisitante. Assim (p.04) uma das principais ativida<strong>de</strong>s “ é ligar a geoeducaçâo com ocontexto local, on<strong>de</strong> os estudantes <strong>de</strong>v<strong>em</strong> apren<strong>de</strong>r a importância do seu <strong>patrimônio</strong><strong>geológico</strong>”. Desta forma, as ativida<strong>de</strong>s interpretativas <strong>de</strong>v<strong>em</strong> ser elaboradas usandoseas informações no sentido <strong>de</strong> favorecer o orgulho e reforçar as i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong>s locais.A UNESCO (2007) também alega que com o conceito educacional, museus,centros interpretativos e outras ferramentas <strong>de</strong>v<strong>em</strong> ser usadas para promover aproteção e interpretação do <strong>patrimônio</strong> <strong>geológico</strong>, servindo também como locaispara o <strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong> programas educativos para visitantes e a comunida<strong>de</strong> doentorno.Os propósitos educativos, para Drandaki (2000), integram inclusive a<strong>de</strong>finição <strong>de</strong> <strong>patrimônio</strong> <strong>geológico</strong>, on<strong>de</strong> os mesmos precisam ser protegidos nãosomente pelos seus valores intrínsecos, mas educativos também. E, numaabordag<strong>em</strong> mais antropocêntrica, tais aspectos educativos serão necessários paraque as futuras gerações também possam realizar tais ativida<strong>de</strong>s, não somente coma utilização <strong>de</strong> documentos, fotos e museus, e sim in loco. Desta forma, ações são


244necessárias para preencher não somente os vazios na educação ambiental, mastambém nos currículos escolares, programas <strong>de</strong> proteção e sensibilização utilizandopara tanto parâmetros relacionados a geo<strong>conservação</strong> e sustentabilida<strong>de</strong>.Deste modo, concorda-se com Barretino et al (2000), que afirmam que para osucesso no <strong>de</strong>senvolvimento das relações entre as geociências, geo<strong>conservação</strong> ea educação, a promoção da geo<strong>conservação</strong> <strong>em</strong> todos os níveis escolares e <strong>em</strong>programas <strong>de</strong> educação ambiental é essencial.5.1.2 Aspectos do Patrimônio Geológico e os Programas EducativosBrilha (2005, p. 126) afirma que “a socieda<strong>de</strong> não é ainda suficient<strong>em</strong>entesensível às questões relativas ao Patrimônio Geológico”. Tal panorama <strong>de</strong>ve mudar,e com urgência, pois os aspectos educativos <strong>de</strong> formação, capacitação einterpretação são fundamentais <strong>em</strong> todas as estratégias <strong>de</strong> <strong>conservação</strong>.Apesar disso, na Europa 192 , verificou-se que conceitos relativos ao <strong>patrimônio</strong><strong>geológico</strong> e à geo<strong>conservação</strong> estavam quase totalmente ausentes dos programasescolares e <strong>de</strong> educação ambiental (BRILHA, 2005, GASCON, 2006, MELENDEZ etal, 2007). Fermeli (1999 apud DRANDAKI, 2000) afirma que gran<strong>de</strong> parte dosprofessores não comenta ou ignora os aspectos <strong>geológico</strong>s quando <strong>em</strong> visitas acampo principalmente pelo fato <strong>de</strong> que não possu<strong>em</strong> conhecimentos específicos ounão possu<strong>em</strong> material educativo para trabalhar com seus alunos.No Brasil, tal fato também acontece. Tanto material educativo, quantoconceitos relativos ao <strong>patrimônio</strong> <strong>geológico</strong> estão ausentes ou quase totalmenteausentes dos programas escolares, talvez por ser<strong>em</strong> aspectos que começaram a sercomentados com mais intensida<strong>de</strong> somente nos últimos anos.Concorda-se com Ham (1992) quando este autor afirma que as crianças e osjovens <strong>de</strong> hoje serão os usuários e os guardiões dos recursos <strong>de</strong> amanhã, para192 Continente que já v<strong>em</strong> a uma década trabalhando com questões relativas à geoparques,geoturismo e meios interpretativos voltadas ao <strong>patrimônio</strong> <strong>geológico</strong>.


245tanto os programas escolares <strong>de</strong>v<strong>em</strong> incluir conteúdos relacionados à educação einterpretação ambiental. Assim, juntamente com esses conteúdos, no sentido <strong>de</strong>favorecer a compreensão e o reconhecimento <strong>de</strong> sua importância, o <strong>patrimônio</strong><strong>geológico</strong> também <strong>de</strong>ve ser utilizado.Deste modo, o que foi verificado nos PCNs, <strong>em</strong> relação à geografia, é que(BRASIL, 1999 B, p.30)No Ensino Fundamental, o papel da Geografia é “alfabetizar” o alunoespacialmente <strong>em</strong> suas diversas escalas e configurações, dando-lhesuficiente capacitação para manipular noções <strong>de</strong> paisag<strong>em</strong>, espaço,natureza, Estado e socieda<strong>de</strong>. No Ensino Médio, o aluno <strong>de</strong>ve construircompetências que permitam a análise do real, revelando as causas e efeitos,a intensida<strong>de</strong>, a heterogeneida<strong>de</strong> e o contexto espacial dos fenômenos queconfiguram cada socieda<strong>de</strong>.E especificamente nos PCNs para o ensino médio, a Geografia t<strong>em</strong> entresuas competências 193 e habilida<strong>de</strong>s a <strong>de</strong> investigação e compreensão, ou seja,(BRASIL, 2002, p.62)“Reconhecer os fenômenos espaciais a partir da seleção,comparação e interpretação, i<strong>de</strong>ntificando as singularida<strong>de</strong>s ou generalida<strong>de</strong>s <strong>de</strong>cada lugar, paisag<strong>em</strong> ou território”.Ou seja, tanto no Ensino Fundamental quanto no Ensino Médio estãoprevistos conteúdos relativos a paisag<strong>em</strong> e espaço, <strong>em</strong> que pod<strong>em</strong> ser trabalhadosaspectos <strong>geológico</strong>s e geomorfológicos <strong>em</strong> Unida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> Conservação.Em relação ao Ensino Fundamental, Frey et al (2006) comenta que taisativida<strong>de</strong>s educativas são necessárias pelo fato <strong>de</strong> que as crianças diss<strong>em</strong>inam osconhecimentos que receb<strong>em</strong>. Muitas gostam <strong>de</strong> brincar com as rochas e água, quejuntamente com o t<strong>em</strong>po, são t<strong>em</strong>as centrais da geologia, que dão às crianças aoportunida<strong>de</strong> <strong>de</strong> apren<strong>de</strong>r mais sobre a Terra e as belezas naturais que a compõe, o193 Em síntese, é possível reduzir as competências que compõ<strong>em</strong> os procedimentos e os objetivos daGeografia no Ensino Médio a alguns procedimentos básicos: • leitura e interpretação dos documentoscartográficos, assim como sua elaboração; • i<strong>de</strong>ntificação e interpretação das estruturas constituintesdo espaço geográfico <strong>em</strong> suas <strong>unida<strong>de</strong>s</strong> diversas; • reconhecimento e i<strong>de</strong>ntificação dos el<strong>em</strong>entosconstitutivos do espaço geográfico; • avaliação <strong>de</strong> seus impactos, tanto numa perspectiva históricaquanto <strong>em</strong> relação ao momento presente.


246que <strong>de</strong>ve ocorrer o mais cedo possível 194 . Portanto, para introduzir a t<strong>em</strong>ática, acuriosida<strong>de</strong> é o melhor argumento que os professores pod<strong>em</strong> utilizar, on<strong>de</strong> ascrianças <strong>de</strong>v<strong>em</strong> apreciar os el<strong>em</strong>entos naturais, observando e i<strong>de</strong>ntificando essesel<strong>em</strong>entos, mas tirando as suas próprias conclusões.Concorda-se com o pensamento <strong>de</strong> Bigarella (1986), on<strong>de</strong>, a respeito daEducação Ambiental (p. 176) “Educar a juventu<strong>de</strong> não é probl<strong>em</strong>a. Ela éextr<strong>em</strong>amente receptiva às mensagens que são facilmente assimiladas.” Assim, nocaso dos alunos <strong>de</strong> Ensino Médio, Honrubia et al (2004) explicam que do ponto <strong>de</strong>vista didático os principais objetivos <strong>de</strong> roteiros e saídas <strong>de</strong> campo voltadas para osaspectos <strong>geológico</strong>s e geomorfológicos, <strong>de</strong>v<strong>em</strong> ser: fomentar e promover oconhecimento do seu entorno e respeito pela natureza, acrescentar conhecimentossobre as rochas e os minerais, interpretar e analisar mapas topográficos e<strong>geológico</strong>s, elaborar croquis ou mapas do local visitado, reconhecer e valorizar aimportância do <strong>patrimônio</strong> <strong>geológico</strong>,Roteiros, excursões e saídas <strong>de</strong> campo também são convenientes eimportantes <strong>em</strong> diversos cursos universitários, principalmente <strong>em</strong> cursos ligados aoTurismo e Geociências, já que é no campo que os alunos pod<strong>em</strong> assimilar aindamais conhecimento e perceber in loco aspectos ligados às disciplinas integrantes <strong>de</strong>seus cursos.Concorda-se assim com Scortegagna e Negrão (2005), que afirmam queessas ativida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> campo são imprescindíveis e fundamentais para que os alunosobserv<strong>em</strong> e interpret<strong>em</strong> a região que estão visitando, favorecendo umposicionamento perante o saber teórico e a realida<strong>de</strong> vigente, <strong>de</strong>smistificando aciência e construindo um saber mais próximo do seu cotidiano.Contudo, <strong>em</strong> relação às ativida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> campo voltadas para o <strong>patrimônio</strong><strong>geológico</strong>, <strong>de</strong>ve-se levar <strong>em</strong> consi<strong>de</strong>ração a afirmação <strong>de</strong> Compiani (1991, p.4) queassevera que,194Barco (1999) explica que na infância a curiosida<strong>de</strong> e a receptivida<strong>de</strong> são muito mais<strong>de</strong>senvolvidas, sendo que as crianças notam que o ambiente que elas conhec<strong>em</strong> (família, escola,etc...) está inserido num outro ainda maior: o meio ambiente. Nesta época, as crianças perguntam asi mesmas se há interações entre esses ambientes, sendo este o melhor momento para iniciarassuntos relativos à importância dos processos <strong>geológico</strong>s e biológicos nas suas vidas e vice-versa.


247As ativida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> campo, <strong>em</strong>inent<strong>em</strong>ente práticas e investigativas, <strong>de</strong>v<strong>em</strong>direcionar o aluno para a aquisição <strong>de</strong> uma metodologia <strong>de</strong> campo, quepropicie um conhecimento globalizado <strong>de</strong> uma área <strong>de</strong> estudo e aquisição <strong>de</strong>uma visão abrangente da geologia, não <strong>de</strong>vendo consistir <strong>em</strong> uma meraexposição <strong>de</strong> processos e fenômenos <strong>geológico</strong>s.Deste modo, a educação ambiental é consi<strong>de</strong>rada a via para introduzir nasescolas esses conceitos e significados, que po<strong>de</strong>rão ser trabalhados com o auxiliodos meios interpretativos. Portanto, para que as Unida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> Conservaçãocumpram integralmente seu papel social, é imprescindível que as mesmas possuamseus programas educativos fortalecidos. Entretanto, o que foi observado é que osprogramas exist<strong>em</strong>, mas não sa<strong>em</strong> do papel. Se sa<strong>em</strong>, não abrang<strong>em</strong> os aspectos<strong>geológico</strong>s e geomorfológicos <strong>de</strong> maneira satisfatória.E esse potencial precisa ser utilizado. Nos Campos Gerais por ex<strong>em</strong>plo,Guimarães et al (2007, p. 31), ressaltam que <strong>em</strong> relação ao potencial <strong>geológico</strong>,Inúmeros aspectos didáticos pod<strong>em</strong> ser apresentados, exercitados ou<strong>de</strong>batidos nos Campos Gerais, in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>nte do estilo pedagógico <strong>de</strong> visitaadotado, ou seja, <strong>de</strong> treinamento, investigativo, cont<strong>em</strong>plativo. Estes locaisespeciais (ou monumentos <strong>geológico</strong>s) possu<strong>em</strong> um imenso potencialeducativo e <strong>de</strong> entretenimento , <strong>em</strong> especial quando se preten<strong>de</strong> enfocarquestões relacionadas ao uso dos recursos naturais com vistas ao<strong>de</strong>senvolvimento sustentável.E uma das alternativas no caso <strong>de</strong> Ponta Grossa v<strong>em</strong> sendo a realização <strong>de</strong>cursos para os professores, no sentido da necessida<strong>de</strong> <strong>em</strong> colocar o educando <strong>em</strong>contato com o meio <strong>em</strong> que vive e convive, observando diretamente a natureza e ohom<strong>em</strong>, possibilida<strong>de</strong> cont<strong>em</strong>plada nos Parâmetros Curriculares Nacionais –Terceiro e Quarto Ciclos do Ensino Fundamental (Geografia). Neste caso, no cursointitulado “Estudo do Meio 195 ” os professores são estimulados a realizar ativida<strong>de</strong>s<strong>em</strong> campo que permitam ao aluno estabelecer relações e produzir conhecimentos195 O estudo do meio está inserido numa “metodologia <strong>de</strong> pesquisa e <strong>de</strong> organizações <strong>de</strong> novosconhecimentos, que requer ativida<strong>de</strong>s anteriores à visita, levantamento <strong>de</strong> questões a ser<strong>em</strong>investigadas, seleções <strong>de</strong> informações, observação <strong>de</strong> campo, comparação entre os dadoslevantados e os conhecimentos já organizados por outros pesquisadores, interpretação, enfim,organização <strong>de</strong> dados e conclusão” (BRASIL, 1997, p. 62).


248pela análise da realida<strong>de</strong> circundante e pelo contato com diferentes tipos <strong>de</strong>documentos. Além <strong>de</strong>sse curso realizado pelos professores, o turismo tambémintegra o conteúdo escolar da re<strong>de</strong> municipal <strong>de</strong> ensino 196 . Tais cursos sãoimportantes, pois também preparam os professores para a realização <strong>de</strong> saídas <strong>de</strong>campo, uma vez que o PEVV não conta mais com o cargo <strong>de</strong> educador ambiental<strong>em</strong> seu quadro <strong>de</strong> funcionários.Em Foz do Iguaçu, o PNI conta com a Escola <strong>de</strong> Educação Ambiental, quet<strong>em</strong> o objetivo <strong>de</strong> estimular atitu<strong>de</strong>s <strong>em</strong> favor da <strong>conservação</strong> do meio ambiente,através <strong>de</strong> ações específicas com diferentes atores sociais. As ações dosProgramas da Escola Parque envolv<strong>em</strong> principalmente a comunida<strong>de</strong> dos quatorz<strong>em</strong>unicípios do entorno do parque, através <strong>de</strong> estudantes do ensino fundamental <strong>em</strong>édio, universitários, professores, agricultores, li<strong>de</strong>res comunitários e associações.Mas, observou-se nos programas <strong>de</strong>senvolvidos que ações voltadas para ofavorecimento do conhecimento dos aspectos <strong>geológico</strong>s do Parque não sãorealizadas. Isso foi notado no Programa do Curso <strong>de</strong> Capacitação para Formação <strong>de</strong>Monitores Ambientais 197 , Programa Conhecendo o Parque Nacional do Iguaçu 198 : eno Curso /Laboratório <strong>de</strong> Capacitação <strong>em</strong> Educação Ambiental no processoeducativo 199·.196 Em 2008, 84 escolas da Re<strong>de</strong> Municipal receberam kits com material didático sobre o t<strong>em</strong>a,composto <strong>de</strong> cartilhas para os 9,8 mil alunos das séries <strong>de</strong>terminadas, mapa e DVD com informaçõesturísticas. O material foi produzido por meio do Programa <strong>de</strong> Qualificação Profissional e Social para oSetor Turístico <strong>de</strong> Ponta Grossa, <strong>de</strong>senvolvido <strong>em</strong> parceria entre a Prefeitura e o Ministério doTurismo. Através do programa foi promovido o curso <strong>de</strong> Turismo Local e Regional, que contou com aparticipação <strong>de</strong> mil professores da re<strong>de</strong> pública, agora motivados e preparados para trabalhar<strong>em</strong> oconteúdo <strong>em</strong> sala <strong>de</strong> aula197 Neste Programa são formados anualmente 120 monitores e nas disciplinas ministradas não hánenhuma relativa a geologia e geomorfologia do Parque. São realizados também s<strong>em</strong>ináriost<strong>em</strong>áticos, Mostra <strong>de</strong> Educação ambiental e Eco Trilha (no município <strong>de</strong> Céu Azul).198 Ativida<strong>de</strong>s <strong>de</strong>senvolvidas diariamente na Escola Parque, on<strong>de</strong> os estudantes visitam a exposiçãoambiental permanente, assist<strong>em</strong> a palestra/ teatro, relacionada à fauna, flora, recursos hídricos ecomo se comportar na UC. São recebidos também grupo <strong>de</strong> professores, universitários e terceiraida<strong>de</strong>, que realizam ativida<strong>de</strong>s como “alfabeto dinâmico”, “qual é o bicho”, gincanas, teatro fantoche,peças teatrais, e oficinas <strong>de</strong> arte.199 Envolve aproximadamente 200 professores por ano, da re<strong>de</strong> pública <strong>de</strong> ensino dos 14 municípiosdo entorno da UC, e professores <strong>de</strong> dois municípios argentinos, Puerto Iguazu e Andresito. O cursopossui 120 horas e é dividido <strong>em</strong> 12 módulos, que abordam t<strong>em</strong>as como educação ambiental,legislação, resíduos sólidos, recursos hídricos, fauna, flora, turismo <strong>em</strong> áreas naturais, <strong>unida<strong>de</strong>s</strong> <strong>de</strong><strong>conservação</strong>, praticas pedagógicas e elaboração <strong>de</strong> projetos. Entretanto, <strong>em</strong> nenhum <strong>de</strong>ssesmódulos são tratados aspectos sobre a geologia e geomorfologia do parque. Os cursistas participam<strong>de</strong> aulas expositivas, visitas técnicas <strong>em</strong> trilhas, oficinas educativas e elaboram projetos <strong>de</strong> educaçãoambiental.


249E <strong>em</strong> Fernando <strong>de</strong> Noronha, apesar da educação ambiental ser tratada pormeio <strong>de</strong> ativida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> sensibilização 200 as t<strong>em</strong>áticas que vinham sendo trabalhadaspela UC e pela Escola Arquipélago não incluíam projetos e ativida<strong>de</strong>s queenfocass<strong>em</strong> mais profundamente o <strong>patrimônio</strong> <strong>geológico</strong>.Logo, as três UCs aqui tratadas po<strong>de</strong>riam aproveitar mais o seu <strong>patrimônio</strong><strong>geológico</strong> <strong>em</strong> ativida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> educação ambiental, por intermédio da interpretaçãoambiental, abordada a seguir.5.2 INTERPRETAÇAO AMBIENTAL5.2.1 CONCEITOS E CARACTERÍSTICASA idéia da interpretação ambiental nasceu nos Estados Unidos, com apublicação <strong>de</strong> um artigo <strong>em</strong> um periódico, sugerindo a publicação <strong>de</strong> algunspanfletos que auxiliass<strong>em</strong> o turista a enten<strong>de</strong>r aspectos da natureza, entre eles, umfenômeno <strong>geológico</strong> que ocorria no Parque Nacional <strong>de</strong> Yellowstone que estavasendo erroneamente interpretado pelos visitantes. Após o sucesso da idéia,apareceram outras excursões guiadas por guarda-parques e <strong>de</strong>pois foi criado oprimeiro programa <strong>de</strong> interpretação da natureza pelo Serviço <strong>de</strong> Parques NacionaisNorte-americanos (NUNES, 1991).É consi<strong>de</strong>rada como uma parte da Educação Ambiental, sendo o termo usadopara <strong>de</strong>screver as ativida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> uma comunicação realizada para a melhorcompreensão do ambiente natural <strong>em</strong> parques, museus, centros <strong>de</strong> interpretação danatureza, entre outros. Til<strong>de</strong>n foi o primeiro a <strong>de</strong>fini-la, <strong>em</strong> 1957, como sendo umaativida<strong>de</strong> educacional que t<strong>em</strong> o objetivo <strong>de</strong> revelar os significados, as relações ouos fenômenos naturais, por intermédio <strong>de</strong> experiências práticas e meiosinterpretativos, ao invés da simples comunicação <strong>de</strong> dados e fatos (TILDEN, 1957,200 É por meio <strong>de</strong> ativida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> sensibilização, que se aproxima da <strong>de</strong>sejada “consciênciaambientalista”, aquela que promove mudanças <strong>de</strong> comportamento e que é ambição, meta ou objetivoda maioria dos projetos. Ao se fazer a opção por estes públicos (escolas e turistas) e pelo formatoinformativo e t<strong>em</strong>ático, indiretamente se trabalha com os d<strong>em</strong>ais atores locais, que não sãoestudantes e que têm influência nos impactos ambientais que ocorr<strong>em</strong> no Arquipélago. (IBAMA et al,2005, p.226)


250apud SALVATI, 2001; HAM, 1992). Auxilia no incr<strong>em</strong>ento da satisfação do visitante ena sua conscientização, contribui para a obtenção dos objetivos inseridos no Plano<strong>de</strong> Manejo das Unida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> Conservação e, principalmente, t<strong>em</strong> a função <strong>de</strong>conciliar a recreação com a educação.Isso quer dizer que a Interpretação Ambiental facilita o conhecimento e aapreciação da natureza, pois é uma tradução da linguag<strong>em</strong> da natureza para alinguag<strong>em</strong> comum das pessoas, ou seja, traduz a linguag<strong>em</strong> técnica, para os termose idéias do público <strong>em</strong> geral, que não são científicos 201 . Assim, para po<strong>de</strong>r entreter,<strong>de</strong>ve estimular, transmitir, revelar e ser coerente. (VASCONCELOS, 1997; HAM,1992; MITRAUD, 2001).Portanto, a Interpretação Ambiental objetiva a <strong>conservação</strong> dos recursosnaturais, e procura aumentar a satisfação do visitante, servindo como umaferramenta <strong>de</strong> manejo. Preten<strong>de</strong> sensibilizar os visitantes para que vejam, explor<strong>em</strong>,observ<strong>em</strong>, analis<strong>em</strong>, compreendam e sintam o <strong>patrimônio</strong> natural que estãovisitando 202 . Mas, para revelar o sentido profundo <strong>de</strong> uma realida<strong>de</strong> histórica ou <strong>de</strong>uma paisag<strong>em</strong>, há um aspecto imprescindível: a necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> partir s<strong>em</strong>pre dainvestigação cientifica do <strong>patrimônio</strong> e ser fiel aos resultados <strong>de</strong>ssas investigações.Concorda-se assim com Werner (1996), que explica que <strong>de</strong>v<strong>em</strong> ser oferecidasinterpretações do <strong>patrimônio</strong>, não invenções ou <strong>de</strong>formações.5.2.2 INTERPRETAÇÃO AMBIENTAL E OS ASPECTOS GEOLÓGICOSA Interpretação Ambiental é “ uma técnica didática, flexível e moldável àsmais diversas situações”. (César et al, 2007, p.15). Desta forma, po<strong>de</strong> (e <strong>de</strong>ve!) serrealizada aproveitando os aspectos <strong>geológico</strong>s e geomorfológicos.Mas, pelo fato das rochas e paisagens não estar<strong>em</strong> vivas como animais eplantas, para atraír<strong>em</strong> <strong>de</strong>pend<strong>em</strong> e muito das explicações a respeito <strong>de</strong> suas origens201 Por ser educativa, <strong>de</strong>ve traduzir, <strong>de</strong> maneira atrativa e compreensível os significados do <strong>patrimônio</strong>natural <strong>de</strong> uma área, ou seja, é a s ua abordag<strong>em</strong> que a diferencia <strong>de</strong> outras formas <strong>de</strong> transferência<strong>de</strong> informação. É uma ativida<strong>de</strong> educacional que aspira revelar os significados e as relações por meio<strong>de</strong> objetos originais e meios ilustrativos, no lugar <strong>de</strong> simplesmente comunicar a informação literal.(VASCONCELOS, 1997).202 Jorge (1998) afirma que essa interpretação do <strong>patrimônio</strong> é a arte <strong>de</strong> revelar in situ o significado dolegado natural e cultural aos visitantes, visto que tal público t<strong>em</strong> o direito <strong>de</strong> <strong>de</strong>sfrutar do <strong>patrimônio</strong>,sentindo-o, compreen<strong>de</strong>ndo-o e conseqüent<strong>em</strong>ente apreciando-o e contribuindo para a sua<strong>conservação</strong>. Portanto, (p.03) “ as instituições públicas t<strong>em</strong> o <strong>de</strong>ver <strong>de</strong> facilitar essa proximida<strong>de</strong>,<strong>de</strong>ntro do possível <strong>de</strong> maneira gratuita e igualitária. “


251e significado <strong>geológico</strong>. E, com a a<strong>de</strong>quada interpretação, qualquer paisag<strong>em</strong>,afloramento rochoso ou forma <strong>de</strong> superfície po<strong>de</strong> se tornar tão impressionantequanto flores ou animais selvagens. (NEWSOME e DOWLING, 2006). Para CasaGran<strong>de</strong> (2004), na interpretação <strong>de</strong> espaços naturais protegidos a geologia é a basepara a sua compreensão, visto que espaços, paisagens, estruturas e texturas estãomuitas vezes condicionados pela sua composição lito-estrutural e a configuraçãogeomorfológica do território. Assim, é por intermédio da interpretação do ambiente,que a paisag<strong>em</strong> (el<strong>em</strong>ento mais perceptível e <strong>em</strong> muitos casos mais valorado <strong>de</strong>uma UC) começa a ser compreendida e a geologia apreciada.Entretanto, o que acontece muitas vezes é que muitas UCs não possu<strong>em</strong>meios interpretativos, n<strong>em</strong> treinamentos específicos (para condutores, funcionários,etc..) que abranjam os aspectos <strong>geológico</strong>s e geomorfológicos. Os projetos voltadospara os meios interpretativos (quando exist<strong>em</strong>) muitas vezes cont<strong>em</strong>plam somenteos aspectos da biodiversida<strong>de</strong> e não inclu<strong>em</strong> a geodiversida<strong>de</strong>. Pesquisas científicassão feitas, mas o resultado <strong>de</strong>ssas pesquisas não são traduzidas para umalinguag<strong>em</strong> acessível ao público visitante. Tais afirmativas foram verificadas nas trêsUcs aqui pesquisadas, ou seja, faltam meios interpretativos relacionados aosaspectos <strong>geológico</strong>s e geomorfológicos.Hose (1997) explica que a interpretação t<strong>em</strong> entre suas funções principais a<strong>de</strong> auxiliar os visitantes a perceber<strong>em</strong> o significado do local que estão visitando.Desta forma, concorda-se nesta tese com este autor, que cita o geoturismo comosendo uma das estratégias interpretativas, juntamente com estratégias <strong>de</strong> educaçãoformal (escolas e universida<strong>de</strong>s) e informal (educação <strong>de</strong> adultos e meiosinterpretativos), e a educação ambiental.A chave está na linguag<strong>em</strong> que se utiliza. Portanto, educar o olhar do turistavai além <strong>de</strong> ampliar sua visão para a complexida<strong>de</strong> da natureza, envolvendotambém uma maior conscientização sobre os entendimentos relativos à formaçãodas paisagens e a dinâmica da crosta terrestre. Assim, <strong>de</strong>ve-se conhecer o tipo <strong>de</strong>público a que se <strong>de</strong>stina a interpretação para então <strong>de</strong>finir-se a mensag<strong>em</strong> eescolher o(s) meio(s) interpretativo (s) mais convenientes aos visitantes.


252Frey et al (2006) baseando-se <strong>em</strong> pesquisas realizadas no GeoparqueGerolstein na Al<strong>em</strong>anha, explicam que os tópicos geocientíficos a ser<strong>em</strong> abordados<strong>de</strong>v<strong>em</strong> ser apresentados <strong>de</strong> uma maneira interessante e <strong>em</strong> diversos níveis, on<strong>de</strong> aintensida<strong>de</strong> na transferência <strong>de</strong> informação varia com o público-alvo. Tais níveis são:- Nível 01: Público <strong>em</strong> geral. Informação (<strong>de</strong>stinada a adultos, comunida<strong>de</strong> evisitantes <strong>em</strong> grupo) e a educação (inclui a realização <strong>de</strong> saídas <strong>de</strong> campos eexcursões para professores e estudantes, s<strong>em</strong>inários, mini-cursos, etc., <strong>de</strong>stinada atodos os interessados).- Nível 02: Ciências. Através da colaboração da Universida<strong>de</strong>, visto queestudos científicos são a base para o conhecimento <strong>geológico</strong> a ser transferido.- Nível 03: Economia. Neste nível, o turismo é o instrumento responsável,sendo o geoturismo o carro chefe. Quanto mais visitantes na região, mais divisassão geradas pelo turismo, sendo a qualida<strong>de</strong> na prestação <strong>de</strong> serviços essencial 203 .- Nível 04: Mídia. Através da televisão, rádio e mídia impressa, já que osucesso <strong>de</strong> um produto turístico <strong>de</strong>pen<strong>de</strong> não somente dos conteúdos dos roteiros,mas também da divulgação realizada através dos meios <strong>de</strong> comunicação.- Nível 05: Socieda<strong>de</strong>. Para a socieda<strong>de</strong>, o instrumento utilizado é o<strong>patrimônio</strong> <strong>geológico</strong>, on<strong>de</strong> uma nova forma <strong>de</strong> orgulho por parte da socieda<strong>de</strong> <strong>de</strong>veser estimulada, no sentido <strong>de</strong> promover e incentivar a sua i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong> com apaisag<strong>em</strong>.Portanto, nesta tese concorda-se com tais níveis e instrumentos para ser<strong>em</strong>utilizados, no sentido <strong>de</strong> atingir a qualida<strong>de</strong> na interpretação e um público aindamaior <strong>em</strong> UCs e Geoparques.203 César et al (2007) l<strong>em</strong>bram que o grau dos efeitos gerados pelos visitantes po<strong>de</strong> variar,<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ndo da sua sensibilização e grau <strong>de</strong> conhecimento, tamanho do grupo, preparo doscondutores e estruturas a<strong>de</strong>quadas para receber os turistas (sanitários, lixeiras, trilhas, etc..). Deve-seassim atentar para as várias maneiras <strong>de</strong> diminuir os efeitos negativos da ativida<strong>de</strong>.


2535.2.3 INTERPRETAÇÃO AMBIENTAL EM UNIDADES DE CONSERVAÇÃOAs Unida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> Conservação abertas ao público são os locais i<strong>de</strong>ais parapráticas recreativas educativas e interpretativas, sendo um dos diversos benefíciosque as UCs pod<strong>em</strong> proporcionar para a socieda<strong>de</strong>. Para Davenport et al (2002) afunção social mais importante dos parques é a <strong>de</strong> educar o público sobre a histórianatural e os serviços ambientais providos pelos ecossist<strong>em</strong>as naturais, on<strong>de</strong> (id, p.329) “os programas <strong>de</strong> interpretação se constitu<strong>em</strong> então <strong>em</strong> um dos maisimportantes e ainda <strong>de</strong> menor custo... Os investimentos <strong>em</strong> educação do públicopod<strong>em</strong> atrair turistas, resi<strong>de</strong>ntes locais e crianças.”Desta forma, integrando seus Planos <strong>de</strong> Manejo, <strong>de</strong>ntro do Programa <strong>de</strong> UsoPúblico 204 , há o subprograma <strong>de</strong> Interpretação e Educação Ambiental, que, <strong>de</strong>acordo com o Ibama (1999) trata da organização <strong>de</strong> serviços que transmitam aovisitante conhecimentos e valores do <strong>patrimônio</strong> natural e cultural da área,interpretando seus recursos. As ativida<strong>de</strong>s <strong>de</strong>v<strong>em</strong> estar direcionadas aoplanejamento <strong>de</strong> materiais e el<strong>em</strong>entos interpretativos e <strong>de</strong> divulgação para as áreason<strong>de</strong> a visitação será permitida, tais como interpretação <strong>em</strong> trilhas, exposições nosCentros <strong>de</strong> Visitantes e a sinalização. Seu principal objetivo é a promoção dacompreensão do meio ambiente e <strong>de</strong> suas inter-relações na Unida<strong>de</strong> <strong>de</strong>Conservação. Em relação à organização <strong>de</strong> suas ativida<strong>de</strong>s o Ibama cita que (1999,p.74)As ativida<strong>de</strong>s e normas <strong>de</strong>v<strong>em</strong> ser organizadas <strong>de</strong> acordo com ascaracterísticas dos visitantes, <strong>em</strong> termos <strong>de</strong> ida<strong>de</strong>, nível sócio-econômico etc.Serão previstos os meios interpretativos e educativos a ser<strong>em</strong> usados,especificados pelas ativida<strong>de</strong>s que, por sua vez, serão regulamentadas pornormas pertinentes. O Centro <strong>de</strong> Visitantes ou <strong>de</strong> Vivência será o centrodifusor e dispersor <strong>de</strong> todas as ativida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> Uso Público na Unida<strong>de</strong> <strong>de</strong>Conservação.Portanto, é importante ressaltar que os meios interpretativos apresentados nopróximo capítulo vão <strong>de</strong> encontro às Diretrizes para a Interpretação Ambiental,(MMA, 2006 p.18), on<strong>de</strong> se <strong>de</strong>ve,204 Programa que t<strong>em</strong> como objetivo or<strong>de</strong>nar, orientar e direcionar o uso da unida<strong>de</strong> <strong>de</strong> <strong>conservação</strong>pelo público, promovendo o conhecimento do meio ambiente como um todo e principalmente doSist<strong>em</strong>a Nacional <strong>de</strong> Unida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> Conservação, situando a Unida<strong>de</strong> e seu entorno. (IBAMA, 1996)


254- Utilizar as diversas técnicas da interpretação ambiental como forma <strong>de</strong>estimular o visitante a <strong>de</strong>senvolver a consciência, a apreciação e oentendimento dos aspectos naturais e culturais, transformando a visita numaexperiência enriquecedora e agradável;- Empregar instrumentos <strong>de</strong> interpretação ambiental como ferramenta d<strong>em</strong>inimização <strong>de</strong> impactos negativos naturais e culturais;- Desenvolver instrumentos interpretativos fundamentados <strong>em</strong> pesquisas einformações consistentes sobre os aspectos naturais e culturais do local.- Assegurar que o projeto <strong>de</strong> interpretação ambiental seja elaborado porequipe multidisciplinar e que utiliza uma linguag<strong>em</strong> acessível ao conjunto <strong>de</strong>visitantesOu seja, são propostas diversas técnicas <strong>de</strong> interpretação ambiental nosentido <strong>de</strong> estimular a compreensão do <strong>patrimônio</strong> <strong>geológico</strong> das UCs e aminimização <strong>de</strong> impactos negativos, através do esclarecimento <strong>de</strong> tais aspectos.Para tanto foram realizadas pesquisas bibliográficas e in loco, e buscou-se autilização da linguag<strong>em</strong> mais acessível possível nos diversos meios, objetivandoaten<strong>de</strong>r o maior público possível.5.2.4 MEIOS INTERPRETATIVOS E AS UCS PESQUISADASMolina (2001, p. 81) afirma que “à medida <strong>em</strong> que cresce o interesse <strong>em</strong>conhecer mais a natureza, na mesma proporção maior informação é requerida parasatisfazê-lo”. Portanto, a principal preocupação do manejo das áreas protegidas,<strong>de</strong>veria ser além da proteção, a promoção <strong>de</strong> ativida<strong>de</strong>s educativas, e recreativas(DAVENPORT ET AL, 2002).Para tanto, exist<strong>em</strong> os meios interpretativos. Para atingirmos os objetivosbásicos da interpretação ambiental, muitos são os meios que pod<strong>em</strong> ser utilizados,classificados <strong>em</strong> meios personalizados e não-personalizados (MORALES apudVASCONCELOS, 2001). Os meios não-personalizados são aqueles que não utilizamdiretamente pessoas (ou intérpretes), apenas objetos ou aparatos 205 . Já os meios205 Sinalização, placas indicativas, publicações (informações impressas, livros, folhetos, guias <strong>em</strong>apas), trilhas autoguiadas, audiovisuais e exposições são os principais.


255personalizados englobam a interação entre o público e uma pessoa que seria a“intérprete” 206 .Cesar et al (2007, p.15) explicam que são diversas as estratégias para seatingir os objetivos da interpretação ambiental.Po<strong>de</strong> ser um recurso audiovisual, um filme, placas ao longo <strong>de</strong> um trajeto –trilhas interpretativas-, a capacitação <strong>de</strong> um guia, mapas e folhetaria, entreoutras estratégias. É importante que a técnica da interpretação não fiquerestrita a apenas um meio. Ao contrario, <strong>de</strong>ve-se buscar umacompl<strong>em</strong>entação <strong>de</strong>sses meios para garantir uma melhor transmissão dainformaçãoAssim, como o i<strong>de</strong>al é não se restringir a um meio, nesta tese foramescolhidos os seguintes meios interpretativos para ser<strong>em</strong> abordados: Personalizados: Trilhas Guiadas (com o auxílio <strong>de</strong> condutorescapacitados); Excursões e roteiros <strong>geológico</strong>s e Palestras; Não-personalizadas: Trilhas autoguiadas (utilizando material interpretativoimpresso); Fol<strong>de</strong>rs; Guias <strong>de</strong> Campo (<strong>de</strong> bolso); Painéis interpretativos;Ví<strong>de</strong>os ; Website; Jogos e outras ativida<strong>de</strong>s lúdicas5.2.4.1 Meios interpretativos personalizadosPelo fato <strong>de</strong> proporcionar a interação entre o intérprete e o público, asvantagens dos meios personalizados são: possibilitar a comunicação, a presença <strong>de</strong>um intérprete <strong>de</strong>sperta maior interesse e a mensag<strong>em</strong> po<strong>de</strong> ser adaptada paradiferentes públicos. Já como <strong>de</strong>svantagens há a necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> treinamento e apresença <strong>de</strong> um intérprete e sua efetivida<strong>de</strong> <strong>de</strong>pen<strong>de</strong> da habilida<strong>de</strong> do intérprete(VASCONCELLOS, 2003).206 Neste caso são as trilhas guiadas, passeios <strong>em</strong> veículos não motorizados (bicicletas, cavalos,canoas etc.), passeios <strong>em</strong> veículos motorizados, audiovisuais com atendimento pessoal, palestras eativida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> animação passiva (representações teatrais, jogos e simulações).


2565.2.4.1.1 Trilhas interpretativasUm dos meios interpretativos mais eficientes são as trilhas interpretativasconduzidas, pois têm a finalida<strong>de</strong> <strong>de</strong> enriquecer as experiências dos visitantes,po<strong>de</strong>ndo favorecer a conscientização ambiental <strong>de</strong> todos, visto que o condutor po<strong>de</strong>realizar um trabalho educativo voltado para as questões ambientais. O condutor,fazendo o papel <strong>de</strong> intérprete, proporciona a vantag<strong>em</strong> do contato pessoal, aformulação <strong>de</strong> perguntas e um maior controle do comportamento do público. Alémdisso, as trilhas interpretativas serv<strong>em</strong> como meio <strong>de</strong> acesso para gran<strong>de</strong> parte dosatrativos naturais e pod<strong>em</strong> funcionar como instrumento para minimizar impactosnegativos.A primeira trilha estabelecida com finalida<strong>de</strong> educativa exclusiva <strong>de</strong>interpretação do <strong>patrimônio</strong> <strong>geológico</strong> citada na literatura é a Trilha Geológica daFloresta Mortimer, <strong>em</strong> Ludlow, implantada <strong>em</strong> 1977(HOSE, 2000). Outras trilhas queserv<strong>em</strong> como itinerários didáticos são as localizadas no Parque Geológico <strong>de</strong>Chera 207 e Astúrias 208 na Espanha, Sentheim 209 , na França, e São Pedro da Cova 210 ,<strong>em</strong> Portugal. E na Austrália, foi verificado que apesar <strong>de</strong> todos os meiosinterpretativos que pod<strong>em</strong> estar disponíveis aos visitantes, no caso dos aspectos<strong>geológico</strong>s, nada substitui as trilhas realizadas <strong>em</strong> campo. (NEWSOME eDOWLING, 2006)Entretanto, a efetivida<strong>de</strong> da interpretação ambiental <strong>em</strong> trilhas <strong>de</strong>pen<strong>de</strong> dacapacitação e do interesse do condutor, pois há a necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> que a pessoa quefará a interpretação tenha sido treinada, para que ao acompanhar os visitantes,possa levá-los a observar, sentir, experimentar, questionar e <strong>de</strong>scobrir os fatosrelacionados ao t<strong>em</strong>a estabelecido.207 Possui sete itinerários, com painéis interpretativos <strong>em</strong> três níveis <strong>de</strong> informação: para pessoas s<strong>em</strong>conhecimento prévio, alunos <strong>de</strong> ensino médio e universitários. (SANTISTEBAN, 2004).208 São seis os itinerários selecionados e sinalizados e que possu<strong>em</strong> painéis interpretativos no início<strong>de</strong> cada um. Esses itinerários englobam rastros <strong>de</strong> dinossauros saurópodos e terópodos, impressõesfeitas pelas mãos, pés, e caudas, algumas consi<strong>de</strong>radas as maiores do mundo. Essas trilhasjuntamente com o Museu Geológico <strong>de</strong> Astúrias são responsáveis pelo incr<strong>em</strong>ento da ativida<strong>de</strong>turística <strong>em</strong> toda a região e por uma notável repercussão entre associações culturais e centrosescolares. (GARCIA-RAMOS et al, 2004).209 Neste local a experiência que v<strong>em</strong> atraindo a atenção do público é a Casa <strong>de</strong> Geologia “Geo-Vosgos”, on<strong>de</strong> <strong>em</strong> conjunto com uma visita guiada pelo Museu, é realizada uma trilha geológica <strong>de</strong> 5km, acompanhada por condutores que receberam capacitação a<strong>de</strong>quada ao itinerário. (GEYER,2005).210 Neste município as trilhas educativas e interpretativas foram chamadas <strong>de</strong> “geo-trilhas”, <strong>de</strong>vido asua gran<strong>de</strong> geodiversida<strong>de</strong>. (COUTO, 2005).


257p.569)Corroborando tal afirmativa, t<strong>em</strong>-se as conclusões <strong>de</strong> Melo et al, on<strong>de</strong> (2004,... é necessário que o uso do parque pelos visitantes, sejam estesespecialistas ou turistas, seja orientado por pessoal com treinamentoa<strong>de</strong>quado, que só po<strong>de</strong> ser oferecido por profissionais qualificados. Osaspectos <strong>geológico</strong>s do PEVV <strong>de</strong>v<strong>em</strong> ser apresentados por qu<strong>em</strong> tenhasuficiente conhecimento sobre eles...,De qualquer modo, no PEVV um curso <strong>de</strong> formação <strong>de</strong> condutores(MOREIRA, 2003) oferecido à comunida<strong>de</strong> do entorno e funcionários do Parque <strong>em</strong>2003, abordou <strong>de</strong>talhadamente os aspectos <strong>geológico</strong>s e geomorfológicos da UC efoi ministrado por profissionais da área. Não somente no PEVV, mas <strong>em</strong> qualquerUC e município que queira aproveitar seu potencial <strong>geológico</strong> <strong>em</strong> ativida<strong>de</strong>sturísticas e interpretativas, a realização <strong>de</strong> cursos periodicamente e envolvendoprofissionais da área <strong>de</strong> geociências é fundamental.Mas, tanto no PNI, quanto no PNMFN, cursos <strong>de</strong> capacitação voltados para ogeoturismo e a interpretação do <strong>patrimônio</strong> <strong>geológico</strong>, envolvendo profissionais dasgeociências, nunca haviam ocorrido.Deste modo, evi<strong>de</strong>ncia-se aqui a necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> capacitação específica paracondutores, inclusive pelo fato <strong>de</strong> que essa é uma das pr<strong>em</strong>issas do plano <strong>de</strong> 2007-2010 do Ministério do Turismo (2006) que t<strong>em</strong> entre suas ações a <strong>de</strong> “realizarcapacitação específica <strong>de</strong> guias, condutores, multiplicadores, <strong>em</strong>preen<strong>de</strong>dores,entre outros, <strong>em</strong> <strong>de</strong>stinos referências” . E também essa capacitação t<strong>em</strong> que estar<strong>de</strong> acordo com as diretrizes do Ministério do Meio Ambiente, on<strong>de</strong> se <strong>de</strong>ve (MMA,2006, p. 24)- Consi<strong>de</strong>rar que os condutores, monitores ou guias <strong>de</strong>v<strong>em</strong> <strong>de</strong>s<strong>em</strong>penhar umimportante papel na experiência do visitante, proporcionando um incr<strong>em</strong>entoeducativo e interpretativo durante a visita;- Estimular que a capacitação <strong>de</strong> condutores, monitores e guias, seja realizadacontinuamente. O conhecimento e as técnicas <strong>de</strong> manejo da visitação <strong>de</strong>v<strong>em</strong> seratualizados e reciclados s<strong>em</strong>pre que necessário.


258Ou seja, tanto o Ministério do Turismo quanto o Ministério do Meio Ambienteconsi<strong>de</strong>ra a capacitação dos condutores como essencial para a qualida<strong>de</strong> doproduto e da experiência a ser oferecida.5.2.4.1.2 Excursões e roteiros <strong>geológico</strong>sPara promover o país turisticamente, a EMBRATUR selecionou os principaisatrativos turísticos nacionais que já possu<strong>em</strong> infra-estrutura turística e criou trêsrotas turísticas, sugeridas às operadoras internacionais <strong>de</strong> turismo e aos visitantesestrangeiros. (quadro 15)QUADRO 15: Rotas turísticas propostas pela EmbraturRota 01 Rota 02 Rota 03Dia 01 São Paulo Rio <strong>de</strong> Janeiro RecifeDia 02 Foz do Iguaçu Rio <strong>de</strong> Janeiro NatalDia 03 Campo Gran<strong>de</strong> Rio <strong>de</strong> Janeiro Fernando <strong>de</strong> NoronhaDia 04 Pantanal Foz do Iguaçu Fernando <strong>de</strong> NoronhaDia 05 Pantanal Foz do Iguaçu NatalDia 06 Pantanal Brasília BrasíliaDia 07 Brasília Pantanal AmazôniaDia 08 Amazônia Pantanal AmazôniaDia 09 Amazônia Belém AmazôniaDia 10 Amazônia Ilha <strong>de</strong> Marajó Cida<strong>de</strong>s Históricas MineirasDia 11 Fortaleza Ilha <strong>de</strong> Marajó Cida<strong>de</strong>s Históricas MineirasDia 12 Fortaleza Belém São PauloDia 13 Fortaleza São Luis Foz do IguaçuDia 14 Salvador Lençóis Maranhenses FlorianópolisDia 15 Salvador Alcântara FlorianópolisDia 16 Savador Recife FlorianópolisDia 17 Cida<strong>de</strong>s Históricas OlindaRio <strong>de</strong> JaneiroMineirasDia 18 Cida<strong>de</strong>s Históricas RecifeBúzios ou ParatiMineirasDia 19 Rio <strong>de</strong> Janeiro Salvador Búzios ou ParatiDia 20 Rio <strong>de</strong> Janeiro Salvador Rio <strong>de</strong> JaneiroSaída 21 Rio <strong>de</strong> Janeiro Salvador Rio <strong>de</strong> JaneiroFonte: Embratur, 2006.Ou seja, duas das Unida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> Conservação aqui pesquisadas integramestes roteiros (PNI e PNMFN), possuindo o reconhecimento por parte da Embratur<strong>em</strong> termos <strong>de</strong> <strong>de</strong>stinos turísticos prioritários para a divulgação a nível internacional.Apesar <strong>de</strong> não ser<strong>em</strong> rotas voltadas para o <strong>patrimônio</strong> <strong>geológico</strong>, tais atrativoscertamente os integram <strong>de</strong>vido aos seus aspectos paisagísticos. Foz do Iguaçu és<strong>em</strong> duvida um dos cartões-postais brasileiros <strong>em</strong> termos <strong>de</strong> turismo e por isso


259integra os três roteiros. De qualquer maneira, o PNI e PNMFN receb<strong>em</strong> um maiorfluxo <strong>de</strong> visitantes internacionais, <strong>em</strong> comparação ao Parque Estadual <strong>de</strong> Vila Velha,que não integra o material <strong>de</strong> divulgação da Embratur e não é consi<strong>de</strong>rado uma dasancoras turísticas nacionais.Portanto, no âmbito <strong>de</strong>sta tese, roteiros e excursões geológicas sãorecomendados, pois propiciam um impacto direto no aumento <strong>de</strong> gastos turísticos,tendo <strong>em</strong> vista um maior número <strong>de</strong> produtos disponibilizados para o consumo dad<strong>em</strong>anda. Deste modo, a diversificação <strong>de</strong> roteiros voltados para os aspectos<strong>geológico</strong>s que motiv<strong>em</strong> a d<strong>em</strong>anda po<strong>de</strong> ser uma alternativa econômica para a UCe o município, beneficiando também o tra<strong>de</strong> turístico.Em relação às ativida<strong>de</strong>s que pod<strong>em</strong> ser realizadas <strong>em</strong> roteiros e excursõesgeoturísticas, as mesmas não <strong>de</strong>v<strong>em</strong> se restringir aos limites das UCs e <strong>em</strong> trilhasinterpretativas <strong>em</strong> solo, mas também pod<strong>em</strong> incluir passeios <strong>de</strong> barco, trilhasinterpretativas submarinas, passeios <strong>em</strong> veículos motorizados, passeios a cavalo, <strong>de</strong>bicicleta, entre outros, envolvendo toda a região.FIGURA 92- Roteiros por zonas geoturistícas <strong>em</strong> Sobrarbe (Espanha) (a) eestratégias <strong>de</strong> divulgação <strong>de</strong> atrativos do entorno, <strong>em</strong> Zion (EUA) (b)No Geoparque <strong>de</strong> Sobrarbe (Espanha), por ex<strong>em</strong>plo (Figura 92) toda aComarca foi dividida <strong>em</strong> “Zonas Geoturisticas” on<strong>de</strong> diversas rotas são propostas,<strong>de</strong>nominadas “Itinerários Geológicos”. Pod<strong>em</strong> ser realizadas a pé, carro ou <strong>de</strong>


260bicicleta. Para auxiliar na interpretação, há fol<strong>de</strong>rs, guias <strong>de</strong> campo e painéisinterpretativos. Em Unida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> Conservação americanas há uma boa maneira <strong>de</strong>divulgação <strong>de</strong> seus atrativos turísticos que pod<strong>em</strong> compor um roteiro <strong>geológico</strong>. Empainéis, há informações sobre o que fazer, o que visitar e como chegar a UCs queestão a menos e a mais <strong>de</strong> 04 horas <strong>de</strong> distância do Centro Interpretativo. Taispainéis incentivam e auxiliam na <strong>de</strong>finição dos roteiros por parte dos visitantes etambém informam ainda mais sobre o <strong>patrimônio</strong> <strong>geológico</strong> da região . OGeoparque Naturtejo <strong>em</strong> Portugal foi ainda mais além, indicando às operadorasturísticas, roteiros pré-<strong>de</strong>terminados, programas <strong>de</strong> três dias e duas noites. Cada umcom uma t<strong>em</strong>ática auxiliar diferente 211 , mas todos voltados para os atributos doGeoparque. E na Espanha, um roteiro foi montado com enfoque geoturistico, paraum grupo <strong>de</strong> geólogos franceses aposentados, on<strong>de</strong> os aspectos geocientíficos doslocais visitados foram os <strong>de</strong>terminantes para que os mesmos integrass<strong>em</strong> oroteiro 212 .Assim, no caso das excursões geológicas que pod<strong>em</strong> ser realizadas com oauxílio <strong>de</strong> roteiros, as mesmas <strong>de</strong>pend<strong>em</strong> também da capacitação dos condutoresque conduzirão a ativida<strong>de</strong>, que <strong>de</strong>ve ser realizada <strong>em</strong> parceria com profissionaisdas geociências e do turismo.No Paraná, futuramente, tais excursões serão ainda mais populares, pois <strong>em</strong>conjunto com os painéis interpretativos, a Mineropar v<strong>em</strong> trabalhando <strong>em</strong> Roteiros211 Há a Rota dos Fósseis, Rota das Al<strong>de</strong>ias Históricas, Rota dos Aromas e Sabores, Rota daAventura no Ar, Rota da Arte Rupestre, Rota dos Abutres, Rota do Contrabando e a Rota <strong>em</strong> Cantos<strong>de</strong> Nisa. Inclu<strong>em</strong> hospedag<strong>em</strong>, refeições, oferta <strong>de</strong> um produto típico da região, um livro <strong>de</strong> imagense informações relacionadas aos aspectos do Geoparque e o acompanhamento <strong>de</strong> condutorescapacitados.212 Tal roteiro foi montado por esta turismóloga <strong>em</strong> conjunto com geólogos, que acompanharam toda aexcursão. Primeiramente foi <strong>de</strong>finido um pré-roteiro pela Cordilheira Ibérica, integrando atrativos dasCom<strong>unida<strong>de</strong>s</strong> Autônomas <strong>de</strong> Aragon e Castilha - La Mancha, na Espanha. Após, trabalhoscientíficos já publicados com informações pertinentes aos locais a ser<strong>em</strong> visitados, foram reunidos nosentido <strong>de</strong> elaborar um guia <strong>de</strong> campo a ser distribuído aos participantes. Em seguida, foi feita umasimulação <strong>de</strong> todo o trajeto, constatando-se o grau <strong>de</strong> dificulda<strong>de</strong> no acesso aos principais pontos <strong>de</strong>interesse, e a distância a ser percorrida. As reservas <strong>em</strong> hotéis e restaurantes foram feitaspessoalmente, com o objetivo <strong>de</strong> averiguar as condições do serviço prestado e a qualida<strong>de</strong> a ser<strong>em</strong>oferecidas. Somente após a verificação <strong>de</strong> todos esses aspectos, é que o roteiro foi proposto,envolvendo os principais atrativos relacionados a geologia, geomorfologia e paleontologia da região.(MOREIRA E MELENDEZ, 2007). Após o acompanhamento <strong>de</strong> toda a ativida<strong>de</strong> e a constatação <strong>de</strong>seu sucesso como meio interpretativo, tais etapas na elaboração <strong>de</strong> roteiros e excursõesgeoturisticas são as utilizadas nesta tese.


261Geoturísticos, sendo o Projeto Geoturismo na Rota dos Tropeiros 213 o carro chefe.Entretanto, excursões e roteiros <strong>geológico</strong>s englobando o PNI, o PEVV e também oParque Nacional dos Campos Gerais po<strong>de</strong>riam aproveitar ainda mais os atrativosgeoturísticos do Paraná. Em Fernando <strong>de</strong> Noronha, roteiros especialmente voltadospara o Patrimônio Geológico po<strong>de</strong>riam ser estimulados.5.2.4.1.3 PalestrasJá as palestras não <strong>de</strong>v<strong>em</strong> se restringir somente a aquelas com cunhocientífico, e <strong>de</strong>v<strong>em</strong> ser realizadas também o equivalente as “charlas” <strong>em</strong> espanhol e“talk” <strong>em</strong> inglês, ou seja, “conversas” sobre o t<strong>em</strong>a, num caráter mais<strong>de</strong>scerimonioso. São importantes no que diz respeito à transmissão <strong>de</strong> informaçõesdiretamente aos visitantes. Dev<strong>em</strong> transmitir o espírito <strong>de</strong> informalida<strong>de</strong> para queatinjam melhor o público e pod<strong>em</strong> ser realizadas com fins <strong>de</strong> orientação, <strong>em</strong> campo,nos centros <strong>de</strong> visitantes (como na figura 93 no Parque Nacional Grand Canyon –Arizona -EUA), juntamente com apresentações <strong>em</strong> ví<strong>de</strong>o (Geoparque <strong>de</strong>Maesztrasgo -, Geoparque <strong>de</strong> Sobrarbe e Parque Nacional Tei<strong>de</strong> – Espanha), nassalas <strong>de</strong> aula e também pod<strong>em</strong> ser noturnas ao ar livre (Parque Nacional Yos<strong>em</strong>ite –USA, figura 93b).FIGURA 93- “Talks” sobre geologia no Grand Canyon (Arizona - USA) (a) e palestrasnoturnas ao ar livre <strong>em</strong> Yos<strong>em</strong>ite (Califórnia - USA) (b)De qualquer modo, para uma boa palestra é necessário um t<strong>em</strong>a, umapreparação sólida e entusiasmo (HAM, 1992).213 Este projeto, abrangendo 16 municípios que integram a Rota dos Tropeiros (consi<strong>de</strong>rada aprincipal rota turística do Estado), t<strong>em</strong> como objetivo o levantamento do <strong>patrimônio</strong> <strong>geológico</strong> da rotacom o intuito <strong>de</strong> transformar este <strong>patrimônio</strong> <strong>em</strong> Produto Turístico, agregando valor a esta rota jáestabelecida.


262Tal meio interpretativo é um dos mais efetivos <strong>em</strong> Fernando <strong>de</strong> Noronha.Diariamente, no Centro <strong>de</strong> Visitantes do projeto Tamar – ICM Bio são apresentadaspalestras gratuitas, seguindo uma programação s<strong>em</strong>anal. Entretanto, nenhuma<strong>de</strong>las aborda especificamente os aspectos <strong>geológico</strong>s e geomorfológicos doArquipélago, sendo um assunto tratado rapidamente na palestra sobre o ParqueNacional Marinho. No PEVV e no PNI não há ativida<strong>de</strong>s como essa.5.2.4.2 Meios interpretativos não personalizadosVasconcelos (2003) cita como vantagens dos meios não personalizados ofato <strong>de</strong> ser<strong>em</strong> auto-explicativos, s<strong>em</strong>pre estar<strong>em</strong> disponíveis, garant<strong>em</strong> atransmissão da mensag<strong>em</strong> planejada e pod<strong>em</strong> aten<strong>de</strong>r a um gran<strong>de</strong> número <strong>de</strong>visitantes. Entretanto, são <strong>de</strong>svantagens a impossibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> esclarecimento <strong>de</strong>dúvidas, a dificulda<strong>de</strong> <strong>em</strong> manter o interesse e estão sujeitos ao vandalismo.Para minimizar as <strong>de</strong>svantagens, técnicas <strong>de</strong> comunicação visual pod<strong>em</strong> serutilizadas <strong>em</strong> folhetos e painéis para tornar os textos mais atraentes e interessantes,sendo que tanto os folhetos como os painéis <strong>de</strong>v<strong>em</strong> ter ênfase, equilíbrio e cor.5.2.4.2.1 Trilhas autoguiadasTrilhas autoguiadas são trilhas que pod<strong>em</strong> ser realizadas pelos visitantes s<strong>em</strong>o acompanhamento <strong>de</strong> condutores. Para tanto, pod<strong>em</strong> ter pontos <strong>de</strong> parada pré<strong>de</strong>terminados,on<strong>de</strong> juntamente com painéis, guias <strong>de</strong> campo ou fol<strong>de</strong>rs, estãodisponíveis as informações. De qualquer modo, o <strong>de</strong>senvolvimento do t<strong>em</strong>a ao longodas paradas, <strong>de</strong>ve seguir os princípios da interpretação, adotando uma linguag<strong>em</strong>amena, pertinente, organizada e t<strong>em</strong>ática. (VASCONCELLOS, 2003, HAM, 1992)Ex<strong>em</strong>plos <strong>de</strong> boas trilhas autoguiadas que aproveitam seus aspectos<strong>geológico</strong>s na interpretação estão no Monumento Nacional Sunset Crater Volcano,(EUA, figura 94) on<strong>de</strong> além dos painéis interpretativos, guias <strong>de</strong> campo estãodisponíveis aos visitantes a um baixo custo, mesmo que o Centro <strong>de</strong> Visitantesesteja fechado.


263FIGURA 94- A Lava Flow Trail – Guias <strong>de</strong> campo disponíveis todo o t<strong>em</strong>po (a) epainéis interpretativos abordando a<strong>de</strong>quadamente os aspectos <strong>geológico</strong>s (b).Desta forma, trilhas autoguiadas, para ser<strong>em</strong> eficientes <strong>de</strong>v<strong>em</strong> possuirmaterial interpretativo pertinente e suficiente. Nas três UCs aqui tratadas há trilhasautoguiadas, ou seja, que não necessitam obrigatoriamente do acompanhamento <strong>de</strong>um condutor, mas há carência <strong>de</strong> material. Somente com a disponibilização eutilização <strong>de</strong> material impresso (fol<strong>de</strong>rs e guias <strong>de</strong> campos), juntamente com ointeresse do público visitante, po<strong>de</strong>-se atingir os objetivos <strong>de</strong> interpretação doambiente relativos ao <strong>patrimônio</strong> <strong>geológico</strong>.5.2.4.2.2 Material impresso: Fol<strong>de</strong>rs e Guias <strong>de</strong> CampoOs fol<strong>de</strong>rs, apesar <strong>de</strong> não ser<strong>em</strong> tão eficientes, são um meio <strong>de</strong> baixo custo eque pod<strong>em</strong> conter os principais pontos on<strong>de</strong> é interessante realizar a interpretação.Além disso, os fol<strong>de</strong>rs pod<strong>em</strong> ter mais informações do que as disponíveis nospainéis interpretativos e ser<strong>em</strong> relacionados a diversos t<strong>em</strong>as.No caso das UCs paranaenses, ao mesmo t<strong>em</strong>po <strong>em</strong> que a Mineroparinstalou painéis interpretativos no PNI e no PEVV, tais painéis foram adaptados afol<strong>de</strong>rs, para que os visitantes pu<strong>de</strong>ss<strong>em</strong> levar as informações dos painéis para ler<strong>em</strong> casa, com mais calma. Realizados <strong>em</strong> parceria com a Paraná Turismo,infelizmente, esses folhetos foram distribuídos no inicio do projeto e atualmente nãoestão mais disponíveis nas UCs. Com a exceção <strong>de</strong> tais fol<strong>de</strong>rs, todavia o PEVV,para Melo et al (2004), é um bom ex<strong>em</strong>plo <strong>de</strong> produção <strong>de</strong> material <strong>de</strong> informação edivulgação contendo informações ina<strong>de</strong>quadas ou equivocadas. Os erros inclu<strong>em</strong>comentários <strong>de</strong> que as formas <strong>de</strong> relevo resultam <strong>de</strong> erosão eólica, a atribuição do


264nome da Lagoa Dourada ao fato <strong>de</strong> possuir mica <strong>em</strong> seu interior, e confusõesenvolvendo a ida<strong>de</strong> <strong>de</strong> formação das rochas.5.2.4.2.3 Guias <strong>de</strong> CampoBons ex<strong>em</strong>plos <strong>de</strong> Guias <strong>de</strong> Campos foram encontrados na Espanha (RIBAS,2003; MARCHANTE Y FERNANDEZ, 1999; FERNANDEZ, 2006), Escócia 214(THREADGOULD; MCKIRDY, 1999), Portugal (CARVALHO E MARTINS, 2006) eEstados Unidos (PRICE, 1999), todos relacionados aos aspectos <strong>geológico</strong>s egeomorfológicos <strong>de</strong> UCs, principalmente nas que já são Geoparques reconhecidospela UNESCO.No Brasil, tais guias são praticamente inexistentes. Apesar das iniciativasobservadas, há a necessida<strong>de</strong> da elaboração e disponibilização <strong>de</strong> mais materialimpresso (fol<strong>de</strong>rs, guias <strong>de</strong> campo, livros, etc.) <strong>de</strong>vido à carência observada (Figura95).Em Fernando <strong>de</strong> Noronha, material impresso que abor<strong>de</strong> os aspectos<strong>geológico</strong>s e geomorfológicos restring<strong>em</strong>-se a livros <strong>de</strong> fotos e guias turísticos combreve <strong>de</strong>scrição das praias e monumentos <strong>geológico</strong>s. Entretanto, apesar <strong>de</strong> não serum guia <strong>de</strong> campo, o primeiro livro da série T<strong>em</strong>pos do Brasil 215 (TEIXEIRA, et al,2003) aborda <strong>de</strong>talhadamente a geodiversida<strong>de</strong> do Arquipélago. Em sua próximaedição estará o Parque Nacional do Iguaçu, que atualmente é a UC que mais carece<strong>de</strong> material impresso, sendo que nas diversas lojas <strong>de</strong>ntro do Parque a abordag<strong>em</strong> évoltada para o comércio <strong>de</strong> artigos do vestuário, bichos <strong>de</strong> pelúcia, cartões postais eoutras recordações.214 Neste país, usando as paisagens como “gancho” e “chave” a divisão do Patrimônio NaturalEscocês com a colaboração do Serviço Geológico Britânico criou uma série <strong>de</strong> Guias <strong>de</strong> Campointitulada Landscape Fashioned by Geology.215 O segundo livro da série aborda a P.N. Chapada Diamantina e o terceiro o P. N. Itatiaia.


265FIGURA 95-Livros e Guias <strong>geológico</strong>s disponíveis no Parque NacionalZion (Utah- USA) (a) e ausência <strong>de</strong> livros e guias <strong>de</strong> campo no PNI (b).5.2.4.2.4 Painéis InterpretativosOs painéis interpretativos são os meios interpretativos mais facilmenteencontrados nos Geoparques e UCs que possu<strong>em</strong> aspectos <strong>geológico</strong>sexcepcionais.FIGURA 96- Painel Interpretativo retangular no Parque Nacional Death Valley(Califórnia – USA) (a) e no Parque Nacional Grand Canyon (Arizona – USA) (b)Entretanto, na elaboração e implantação <strong>de</strong> painéis interpretativos, algunscuidados <strong>de</strong>v<strong>em</strong> ser tomados. Miranda (1998) explica que é totalmenteimprescindível que os painéis estejam integrados ao entorno e que painéis


266retangulares na horizontal (figura 96.) são mais agradáveis que os verticais equadrados. E Hose (2000) afirma que painéis mais atrativos são ricos <strong>em</strong> figuras,pobres <strong>em</strong> textos, e com espaços <strong>em</strong> branco, numa proporção <strong>de</strong> 2:1:1. Além disso,o texto e o vocabulário <strong>de</strong>v<strong>em</strong> ser compreendidos por indivíduos <strong>de</strong> 13 anos e alocalização do painel é essencial para a sua efetivida<strong>de</strong>. Qu<strong>em</strong> escreve os textos<strong>geológico</strong>s <strong>de</strong>ve selecionar os assuntos principais e a linguag<strong>em</strong> a ser abordada,levando <strong>em</strong> consi<strong>de</strong>ração o público a que se <strong>de</strong>stina 216 .E concorda-se com Vasconcelos (2003), que atenta para o fato <strong>de</strong> que ospainéis interpretativos, para que sejam mais efetivos, não <strong>de</strong>v<strong>em</strong> possuir coresfortes, a forma e a distância das letras <strong>de</strong>v<strong>em</strong> ser b<strong>em</strong> escolhidas, já que a variaçãodo tamanho das letras facilita o reconhecimento e a m<strong>em</strong>orização das palavras <strong>em</strong>forma <strong>de</strong> textos. Além disso, o material a ser utilizado na montag<strong>em</strong> dos painéis,<strong>de</strong>ve consi<strong>de</strong>rar as relações entre a durabilida<strong>de</strong>, o custo e a estética.No Paraná, a Mineropar v<strong>em</strong> sendo fundamental no que diz respeito àimplantação <strong>de</strong> painéis interpretativos <strong>em</strong> UCs e sítios <strong>geológico</strong>s <strong>de</strong> interesseturístico. Em conjunto com a Universida<strong>de</strong> Estadual <strong>de</strong> Ponta Grossa, Universida<strong>de</strong>Fe<strong>de</strong>ral do Paraná e outras parcerias, <strong>em</strong> 2006 o Estado já contava com 26 painéisimplantados, sendo que alguns estão disponíveis também nas línguas inglesa eespanhola. No Parque Nacional do Iguaçu são três painéis interpretativos, verticais eretangulares, (Figura 97). Abordam t<strong>em</strong>as sobre como e quando se formaram asCataratas, porque o Rio Iguaçu corre para o interior do continente, os <strong>de</strong>rrames <strong>de</strong>basalto, as formas das Cataratas e as rochas do PNI. E no Parque Estadual <strong>de</strong> VilaVelha, são dois os painéis, também verticais e retangulares. Abordam t<strong>em</strong>as como aGeologia do Paraná, quando e como se formaram os arenitos, formas <strong>de</strong> superfíciee evolução das furnas 217 .216 Hose (2000) afirma que infelizmente, na Europa muitos dos painéis possu<strong>em</strong> linguag<strong>em</strong> eruditad<strong>em</strong>ais e não são “geotourist-friendly”, ou seja, não são compreensíveis para a maioria dos visitantes.Portanto, apesar <strong>de</strong> ser<strong>em</strong> meios essencialmente visuais muitos <strong>de</strong>les seriam mais b<strong>em</strong> aproveitadosse passass<strong>em</strong> por uma revisão <strong>em</strong> seus textos, no sentido <strong>de</strong> <strong>de</strong>ixá-los mais claros e atraentes. Mas,muitos painéis custam tão caro que para refazê-los fica praticamente inviável.217 De acordo com os questionários aplicados, a efetivida<strong>de</strong> <strong>de</strong> tais painéis será comentada nocapitulo referente aos Resultados.


267FIGURA 97- Painel interpretativo realizado pela Mineropar, no PNI e noPEVV respectivamente.Em Fernando <strong>de</strong> Noronha não há painéis interpretativos abordandoexclusivamente os aspectos <strong>geológico</strong>s e geomorfológicos do Arquipélago.Entretanto, <strong>em</strong> painéis implantados pela Hang Loose 218 na Praia da Cacimba doPadre, Praia do Bo<strong>de</strong> e no Porto Santo Antonio (ou seja, somente na área da APA)são abordados aspectos ligados ao vulcanismo e orig<strong>em</strong> da ilha. Já os painéispatrocinados pela Visa que estão <strong>em</strong> gran<strong>de</strong> parte do Arquipélago, tiveram a suaterceira fase 219governamental (Figura 98).<strong>de</strong> implantação interrompida <strong>de</strong>vido à mudança <strong>de</strong> equipe218 A Hang Loose é uma marca <strong>de</strong> surfwear que realiza anualmente <strong>em</strong> fevereiro na Praia da Cacimbado Padre o “Hang Loose Pro Contest 6 Stars”, campeonato <strong>de</strong> surf que atrai competidores <strong>de</strong> mais <strong>de</strong>15 países. Além dos painéis implantados, a marca também auxilia financeiramente o Viveiro <strong>de</strong>Mudas do Projeto Tamar, localizado no Sítio do Leão.219 Em sua primeira fase foram implantados placas <strong>de</strong> sinalização, na segunda, painéis interpretativosvoltados para os aspectos histórico-culturais. Em sua terceira fase estavam previstos os painéisvoltados especificamente para os aspectos naturais.


268FIGURA 98 - Painéis feitos pela Hang Loose (a) e painéis feitos <strong>em</strong>parceria com a Visa, relacionado aos aspectos históricos (b).5.2.4.2.5 Ví<strong>de</strong>osOs ví<strong>de</strong>os como meio interpretativo são interessantes pelo fato <strong>de</strong> que pod<strong>em</strong><strong>em</strong> pouco t<strong>em</strong>po, sintetizar informações e conter el<strong>em</strong>entos <strong>de</strong> computação gráficaque animados, favorec<strong>em</strong> a compreensão do <strong>patrimônio</strong> <strong>geológico</strong> e a sua evolução.Com um ví<strong>de</strong>o, <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ndo da mensag<strong>em</strong> a ser passada, o visitante po<strong>de</strong>sair para a trilha já com informações básicas relacionadas à interpretação doambiente e o comportamento correto quando <strong>em</strong> visita a UC.Em alguns parques nacionais americanos (Death Valley, Bryce Canyon eYos<strong>em</strong>ite, por ex<strong>em</strong>plo) , há salas para exibição contínua <strong>de</strong> ví<strong>de</strong>os curtos (entre 15e 20 minutos), que tratam dos aspectos gerais da UC e explicam a geologia egeomorfologia da região. Na Espanha, parques como Dinópolis possu<strong>em</strong> até mesmoví<strong>de</strong>os <strong>em</strong> 3D (3ª dimensão), que retratam <strong>de</strong>s<strong>de</strong> o Big Bang até a era dosdinossauros.


269FIGURA 99- Auditório para a exibição contínua <strong>de</strong> ví<strong>de</strong>os <strong>em</strong> Yos<strong>em</strong>ite(USA) e Auditório do Projeto Tamar ICM-Bio <strong>em</strong> Fernando <strong>de</strong> Noronha.No Brasil, tal meio interpretativo po<strong>de</strong>ria ser melhor utilizado.Em Fernando <strong>de</strong> Noronha, o Centro <strong>de</strong> Visitantes do Projeto Tamar ICM Bio éo único auditório no Arquipélago on<strong>de</strong> são passados ví<strong>de</strong>os. Antes da palestra queocorre todas as noites são passados dois, um institucional do Projeto Tamar e umque segue uma programação s<strong>em</strong>anal 220 . Nenhum <strong>de</strong>les comenta o <strong>patrimônio</strong><strong>geológico</strong> (Figura 99).Em Vila Velha, antes do início do passeio, os visitantes são convidados aassistir um ví<strong>de</strong>o <strong>de</strong> aproximadamente quinze minutos. Felizmente, tal ví<strong>de</strong>o foireelaborado há pouco t<strong>em</strong>po e agora conta com informações mais fi<strong>de</strong>dignas do queas que estavam sendo divulgadas anteriormente.No PNI na exposição localizada na entrada da UC, os el<strong>em</strong>entos dacomputação gráfica são utilizados, mas po<strong>de</strong>riam ser melhor explorados. Aapresentação dura apenas 40 segundos, não possui comentários <strong>em</strong> áudio e mostrasomente que ocorreram dois <strong>de</strong>rrames <strong>de</strong> lava, que se transformaram <strong>em</strong> <strong>de</strong>graus.Ao lado, há informações sobre o vulcanismo <strong>de</strong> fendas e esses <strong>de</strong>graus. Entretanto,<strong>em</strong> tal exposição há muito mais <strong>de</strong>staque para os aspectos culturais e relacionadosa flora e fauna.220 Os t<strong>em</strong>as são: Golfinho Rotador, Baleia Jubarte, Vidas e Vidas do Azul (imagens submarinas <strong>de</strong>diversas espécies), Tubarões e o Jornal da Tartaruga.


2705.2.4.2.6 WebsiteApesar <strong>de</strong> não ser citado na literatura como um meio interpretativo, oswebsites atualmente são ferramentas educativas utilizadas mundialmente. NosEstados Unidos, Sullivan e Dilck (1997 apud GATES, 2006) afirmam que o uso daInternet v<strong>em</strong> se tornando um meio efetivo para a introdução <strong>de</strong> el<strong>em</strong>entos <strong>de</strong>geoeducação. E, <strong>em</strong> se tratando <strong>de</strong> turismo, websites também são cada vez maispopulares, auxiliando ainda mais na <strong>de</strong>cisão, planejamento e realização <strong>de</strong> viagens.Na República Tcheca por ex<strong>em</strong>plo, o site www.geology.cz possui uma base<strong>de</strong> dados que po<strong>de</strong> ser acessada gratuitamente proporcionando ao públicoinformações sobre o Patrimônio Geológico do país, sendo utilizado por professoresna elaboração <strong>de</strong> suas saídas <strong>de</strong> campo, autorida<strong>de</strong>s locais, funcionários d<strong>em</strong>useus, turistas, entre outros. (LORENCOVA et al, 2005). Na Inglaterra, Page eChamberlain (1999) asseguram que websites abordando os aspectos <strong>geológico</strong>s <strong>de</strong>sítios que pod<strong>em</strong> ser utilizados <strong>em</strong> ativida<strong>de</strong>s educacionais são realmente eficazes,já que permit<strong>em</strong> acesso livre e gratuito através da internet para a gran<strong>de</strong> maioria <strong>de</strong>instituições educacionais e links com outros sites que abordam aspectos <strong>geológico</strong>sregionais, nacionais, internacionais e educacionais pod<strong>em</strong> estar disponíveis. E <strong>em</strong>Portugal, Brilha et al, (1999) cita o fato <strong>de</strong> que no caso do Parque Nacional <strong>de</strong>Peneda Geres a principal dificulda<strong>de</strong> foi o ajuste da linguag<strong>em</strong> cientifica ao meiodigital do website, que <strong>de</strong>ve ser conciso e facilmente compreendido, para tanto éimportante o tratamento digital das fotos com softwares específicos e que osprofissionais das geociências trabalh<strong>em</strong> <strong>em</strong> conjunto com o web<strong>de</strong>signer.Em Fernando <strong>de</strong> Noronha, o website oficial do Arquipélago(www.noronha.pe.gov.br) possui diversos links, como: flora, fauna, turismo, meioambiente, dicas ecológicas, entre outros. Entretanto, não possui um link especificosobre a geologia do Arquipélago. Há muito pouca informação sobre a geologia egeomorfologia no site, sendo que a mesma é superficial e incompleta. E no site doICMbio (http://www.ibama.gov.br/siucweb/mostraUc.php?seqUc=31) as (poucas)


271informações a respeito do PNMFN estão <strong>de</strong>satualizadas e não abordam os aspectos<strong>geológico</strong>s 221 .A respeito do Parque Nacional do Iguaçu há informações também no site doICMbio (www.ibama.gov.br/parna_iguaçu) que não inclu<strong>em</strong> e não abordam osaspectos <strong>geológico</strong>s, e no site da Cataratas S/A. Neste último, as informações estãodivididas <strong>em</strong> t<strong>em</strong>as: As cataratas, parque, cronologia do parque (somente entre osanos <strong>de</strong> 1542 e 2001), clima, Rio Iguaçu, flora, fauna e Plano <strong>de</strong> Manejo. Tais t<strong>em</strong>as<strong>em</strong> nenhum momento tratam dos aspectos da geodiversida<strong>de</strong> da UC.E o PEVV neste sentido é o que apresenta ao menos algumas informações(http://www.uc.pr.gov.br/modules/ucps/aviso.php?codigo=32&codigo_cat=2) arespeito da geodiversida<strong>de</strong> da UC. Apesar <strong>de</strong> estar<strong>em</strong> sintetizadas <strong>em</strong> apenas umapágina, essas informações foram retiradas do Plano <strong>de</strong> Manejo e são relevantes.Mas, os websites das UCs po<strong>de</strong>riam ser melhor aproveitados no que dizrespeito ao Patrimônio Geológico. Como uma ferramenta <strong>de</strong> divulgação cientificatambém se revest<strong>em</strong> <strong>de</strong> importância no sentido <strong>de</strong> que os visitantes, pesquisadores,professores e o público <strong>em</strong> geral po<strong>de</strong> ter acesso a dados sobre a geodiversida<strong>de</strong>das UCs tratadas, ativida<strong>de</strong>s educativas a ser<strong>em</strong> realizadas antes, durante ou apósa visita, além <strong>de</strong> informações sobre a prática do geoturismo.5.2.4.2.7 Jogos e ativida<strong>de</strong>s lúdicasOs jogos e ativida<strong>de</strong>s lúdicas pod<strong>em</strong> ser realizados nas UCs, <strong>em</strong> casa ou naescola. Entre as diversas atribuições que os jogos pod<strong>em</strong> ter, está o fato <strong>de</strong> queajudam a <strong>de</strong>senvolver um sentido <strong>de</strong> observação, o estímulo da criativida<strong>de</strong> e aoportunida<strong>de</strong> <strong>de</strong> apren<strong>de</strong>r brincando.221 Tais informações a respeito dos aspectos físicos resum<strong>em</strong>-se a uma linha a respeito do relevo: “Há variações <strong>de</strong> relevo que vão <strong>de</strong>s<strong>de</strong> áreas planas até picos e morros. Em algumas regiões<strong>de</strong>stacam-se os paredões e platôs”


272FIGURA 100- Jogos <strong>em</strong> Dinópolis (Espanha) (a); e jogos disponíveis utilizandoo <strong>patrimônio</strong> natural americano (<strong>em</strong> Zion – USA) (b)Em Dinópolis, parque t<strong>em</strong>ático localizado no Geoparque <strong>de</strong> Maesztrasgo naEspanha, tudo foi concebido para aumentar o interesse dos mais jovens <strong>em</strong><strong>de</strong>scobrir mais sobre a época dos dinossauros. São diversas as ativida<strong>de</strong>s lúdicasrealizadas utilizando também o t<strong>em</strong>a fóssil. Há ativida<strong>de</strong>s on<strong>de</strong> as crianças e jovensfaz<strong>em</strong> o papel <strong>de</strong> paleontólogo (figura 100.) on<strong>de</strong> no final todos receb<strong>em</strong> um“autentico Certificado <strong>de</strong> Excavador <strong>de</strong> Dinosaurios”, há a sala <strong>de</strong> jogos commaquiagens, oficina <strong>de</strong> trabalhos manuais, marionetes, os “rocajuegos” , e a“paleosenda” 222 . Desta forma, <strong>em</strong> Dinópolis, as crianças são as gran<strong>de</strong>sprotagonistas <strong>de</strong> um parque on<strong>de</strong> tudo foi pensado para que aprendam brincando.Jogos <strong>de</strong> tabuleiro e <strong>de</strong> cartas também pod<strong>em</strong> ren<strong>de</strong>r bons resultadosinterpretativos tanto <strong>em</strong> casa como <strong>em</strong> sala <strong>de</strong> aula. São várias as opçõescomercializadas <strong>em</strong> gran<strong>de</strong> parte das lojas anexas aos Centros <strong>de</strong> Visitantes <strong>de</strong>Parques americanos. Um <strong>de</strong>les é o “monopoly”, jogo similar ao Banco Imobiliário, sóque no lugar dos imóveis estão os Parques Nacionais. Há também quebra-cabeçase jogos <strong>de</strong> cartas que utilizam imagens <strong>de</strong> monumentos <strong>geológico</strong>s.No Brasil tais ativida<strong>de</strong>s e produtos são praticamente inexistentes. Porém umex<strong>em</strong>plo é o jogo da Grow intitulado “Aventura pelos Caminhos do Brasil” 223 . Dequalquer modo, po<strong>de</strong>-se usar melhor nosso <strong>patrimônio</strong> <strong>geológico</strong> <strong>em</strong> jogos222 Algo como um acampamento paleontológico da “Ida<strong>de</strong> da Pedra”.223 Em tal jogo o objetivo é passar por quinze pontos turísticos do Brasil, muitos Parques Nacionais,usando habilida<strong>de</strong>s como rafting, trekking, canyoning, rapel e escalada.


273educativos como o jogo da m<strong>em</strong>ória, jogo dos sete erros, palavras cruzadas, caçapalavras,quebra-cabeças, entre outros.5.2.4.2.8 Museu e ExposiçõesExist<strong>em</strong> museus que apresentam boas exposições relativas aos aspectos dageodiversida<strong>de</strong> mas que não estão localizados <strong>em</strong> UCs ou Geoparques, como o Hallof Planet Earth (American Museum of Natural History, EUA), Royal Tirell (Canadá),Natural History Museum (Inglaterra). Há inclusive um <strong>de</strong>les que <strong>de</strong>staca aspectos <strong>de</strong>geodiversida<strong>de</strong> do Brasil, a Cosmocaixa <strong>em</strong> Barcelona (Espanha), que além dosfósseis brasileiros que exibe, <strong>de</strong>staca <strong>em</strong> uma seção exclusiva o Parque do Varvito,<strong>em</strong> Itu- SP (Figura 101 a).FIGURA 101- Detalhe da exposição referente ao Varvito <strong>de</strong> Itu, <strong>em</strong>Barcelona (Espanha) (a) e a exposição no Geoparque do Araripe (Ceará)(b)Fonte: (b) Acervo pessoal <strong>de</strong> Carla Andra<strong>de</strong>.Em Geoparques, os museus e/ou exposições são fundamentais. Bonsex<strong>em</strong>plos relacionados aos aspectos <strong>geológico</strong>s da região <strong>em</strong> que está inserido sãoo Museu <strong>de</strong> Galve e Dinópolis <strong>em</strong> Teruel, que abriga um dos melhores museuspaleontológicos da Europa.Ambos estão localizados no Geoparque doMaesztrasgo na Espanha. No Brasil, o Geoparque do Araripe possui o Museu <strong>de</strong>


274Paleontologia da Urca (figura 101 b), que passará por reformas e ampliações. EmUnida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> Conservação brasileiras quase não há museus e exposições voltadasaos aspectos <strong>geológico</strong>s e geomorfológicos.De qualquer forma, foi observado que no caso dos Museus, as exibições maissimples são mais efetivas, visto que a mensag<strong>em</strong> a ser transmitida <strong>de</strong>ve serpassada com rapi<strong>de</strong>z. Deve-se atrair a atenção do visitante e mantê-la o t<strong>em</strong>ponecessário até que seja captada toda a mensag<strong>em</strong>. É importante também que osaspectos <strong>geológico</strong>s presentes na região abordados nas exposições, sejamrelacionados com os acontecimentos históricos <strong>geológico</strong>s, como a <strong>de</strong>rivacontinental e a separação dos continentes, eras glaciais, etc...No PNI isso acontece logo na entrada da Exposição Ambiental. O primeiropainel da Exposição é sobre as eras geológicas e a animação mostra a separaçãodos continentes. No PNMFN não há exposições relacionada a geodiversida<strong>de</strong> doArquipélago n<strong>em</strong> no Centro <strong>de</strong> Visitantes do Ibama, que possui somente umaexposição relacionada ao golfinho-rotador, n<strong>em</strong> no Centro <strong>de</strong> Visitantes do ProjetoTamar, que trata somente das tartarugas-marinhas.E, neste caso, o PEVV está <strong>em</strong> gran<strong>de</strong> vantag<strong>em</strong>, pois brev<strong>em</strong>ente possuiráseu Museu Geológico e Paleontológico. Este Museu será um dos maiores do Brasilneste t<strong>em</strong>a, contando com 3.700 m² e diversas ativida<strong>de</strong>s interpretativas que aindaestão sendo elaboradas. Entre os objetivos do Museu estão a divulgação dageologia e paleontologia, a ampliação das ativida<strong>de</strong>s educativas a satisfação dosvisitantes e a ampliação dos conhecimentos sobre o <strong>patrimônio</strong> da região. Alémdisso, o Museu certamente irá agregar valor turístico à UC, po<strong>de</strong>ndo impulsionarainda mais a criação do Geoparque dos Campos Gerais e a realização <strong>de</strong> ativida<strong>de</strong>svoltadas para o geoturismo (Figura 102).


275FIGURA 102-Projeto arquitetônico do Museu <strong>de</strong> Geologia e Paleontologia<strong>de</strong> Vila Velha.Fonte: Mineropar, 2008.Portanto, sintetizando as investigações a campo que foram realizadas, <strong>em</strong>relação à interpretação do ambiente relativo ao <strong>patrimônio</strong> <strong>geológico</strong>, chegou-se aoseguinte cenário atual:Quadro 16- Cenário atual referente aos meios interpretativos voltadospara os aspectos geocientíficos nas UCs pesquisadasTrilhasobrigatoriamenteconduzidasTreinamentopara condutoresUNESCORecomendaSim, mas nãoespecifica aobrigatorieda<strong>de</strong>SimPEVV PNI PNMFNNão há. Somente asconcessionadasMacuco Safári eMacuco EcoaventuraNo Curso paraCondutores daComunida<strong>de</strong> doEntorno,ministrado <strong>em</strong>2003, o assuntofoi tratado porgeólogos.Nunca havia sidofeito.Trilha do Capim Açu,Trilha Caieira-Atalaia,Trilha do Abreu etodas as trilhassubmarinas <strong>em</strong>pontos <strong>de</strong> mergulhoautônomo.Nunca havia sidofeito.


276Excursões e SimIntegra saídas <strong>de</strong> Não possui. Não possui.roteiroscampo <strong>de</strong> Integra excursões<strong>geológico</strong>sescolas e <strong>de</strong> escolas eUniversida<strong>de</strong>s da universida<strong>de</strong>s,região e estados mas s<strong>em</strong> odo sul, su<strong>de</strong>ste ecentro-oeste.enfoque<strong>geológico</strong>.Ainda não integraroteiros.Palestras Sim Não há Não há Disponíveis todas asnoites, mas só napalestra sobre oParque o <strong>patrimônio</strong><strong>geológico</strong> é abordadosuperficialmente.TrilhasautoguiadasSim Trilha dosArenitos, dasFurnas e daLagoa Dourada.Materialinterpretativorestringe-se aosTrilhaCataratas.Materialinterpretativorestringe-sedasTrilha dos Golfinhos,e trilhas para amaioria das praiason<strong>de</strong> o acesso éaos permitido (Sancho,painéis da Porcos, Leão, etc.).Mineropar. Painéis interpretativospainéis darestring<strong>em</strong>-se <strong>em</strong>Mineropar.gran<strong>de</strong> parte aosaspectos dabiodiversida<strong>de</strong> local.Guias <strong>de</strong> Campo Sim Não há. Não há. Não háFol<strong>de</strong>rs Sim Não há. Não há. Não há. Os do Tamar(Mineropar não (Mineropar não ICM-Bio enfocamconfecciona confecciona mais) outros aspectos.mais).PainéisSim Painéis da Painéis da Somente aspectosInterpretativosMineropar. Mineropar. tratados nos painéisimplantados pelaHang Loose.Ví<strong>de</strong>os Sim Os visitantes são Não háNão há.convidados a verum ví<strong>de</strong>o queaborda aspectosgerais da UC.Website Sim Aborda osaspectos<strong>geológico</strong>s, masJogosativida<strong>de</strong>slúdicasMuseuexposiçõeseeNão trata <strong>de</strong>sses Trata superficialmenteaspectos. e <strong>de</strong> maneiraincompleta opo<strong>de</strong>ria ser<strong>patrimônio</strong> <strong>geológico</strong>melhorexplorado.do Arquipélago.Sim Não há. Não há. Não háSim Está sendoconstruídoMuito poucoexplorado naExposiçãoAmbiental.Não háDesta forma, após as constatações feitas, verificou-se que <strong>em</strong> todos os meiosinterpretativos propostos, todas as UCs apresentam <strong>de</strong>ficiências e/ ou carências <strong>em</strong>relação à interpretação voltada para os aspectos <strong>geológico</strong>s e geomorfológicos. Tal


277avaliação, baseada <strong>em</strong> observações in loco, foi utilizada como referência para aelaboração do próximo capítulo.


2786 – RESULTADOSOs resultados aqui apresentados englobam primeiramente os Pontos <strong>de</strong>Interesse Geo-Didático e a análise dos questionários aplicados a professores doEnsino Público <strong>de</strong> Ponta Grossa. Após, são feitas consi<strong>de</strong>rações a respeito dasações visando a interpretação do ambiente <strong>em</strong> relação aos aspectos <strong>geológico</strong>s egeomorfológicos, englobando os cursos para condutores (e a análise dosquestionários aplicados aos participantes do curso), excursões e roteiros, palestras,material impresso, painéis interpretativos (e a análise dos questionários aplicadosaos visitantes do PNI e PEVV), material áudio-visual, website, jogos, e propostas <strong>de</strong>geo-educação. E, num terceiro momento, são feitas as recomendações para o<strong>de</strong>senvolvimento do Geoturismo <strong>em</strong> regiões que apresentam potencial,consi<strong>de</strong>rações a respeito do Formulário da UNESCO para integrar a Re<strong>de</strong> Mundial<strong>de</strong> Geoparques e por fim a proposta <strong>de</strong> criação <strong>de</strong> uma Re<strong>de</strong> Brasileira <strong>de</strong>Geoparques.6.1 - PONTOS DE INTERESSE GEO-DIDÁTICOBaseando-se na metodologia <strong>de</strong> Corvea et al 224 (2004), nesta pesquisa sãopropostos Pontos <strong>de</strong> Interesse Didático, a ser<strong>em</strong> utilizados sobretudo porprofessores <strong>em</strong> saídas <strong>de</strong> campo. Adaptando essa metodologia aos aspectos<strong>geológico</strong>s, propõe-se aqui o nome “Pontos <strong>de</strong> Interesse Geo-didático”, no sentido<strong>de</strong> facilitar o reconhecimento da finalida<strong>de</strong> dos pontos, relacionando-os aos aspectos<strong>geológico</strong>s.224 Esses pontos são compostos pelo conjunto <strong>de</strong> recursos naturais cuja singularida<strong>de</strong>, qualida<strong>de</strong>s eproprieda<strong>de</strong>s facilitam, com um enfoque pedagógico, o conhecimento “in situ” <strong>de</strong> seus valorescientíficos. No caso da Comunida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Madrid, a <strong>de</strong>terminação <strong>de</strong> pontos <strong>de</strong> interesse didáticopermitiu a sua classificação por áreas especificas <strong>de</strong> conhecimento, sendo uma ferramentapedagógica, flexível e eficaz, cuja eficácia <strong>de</strong>pen<strong>de</strong> <strong>de</strong> um esforço adicional por parte dosprofessores, que <strong>de</strong>v<strong>em</strong> conhecer a região e estar <strong>em</strong> constante atualização (CORVEA et al, 2004).


279Portanto, após os trabalhos <strong>de</strong> campo realizados nas três UCs aqui tratadas elevando <strong>em</strong> consi<strong>de</strong>ração a interpretação ambiental e o enfoque no planejamento dogeoturismo, verificamos que os Pontos po<strong>de</strong>rão ser utilizados também por:- Condutores <strong>de</strong> Turismo;- Pesquisadores;- Geoturistas e outros visitantes interessados <strong>em</strong> compreen<strong>de</strong>r melhor o localque estão visitando (<strong>de</strong>s<strong>de</strong> que possuam consigo algum tipo <strong>de</strong> material impressocom as informações a<strong>de</strong>quadas, como fol<strong>de</strong>rs, guias <strong>geológico</strong>s, entre outros);Assim sendo, os critérios utilizados para a escolha basearam-se naa<strong>de</strong>quação dos Pontos para a sua utilização <strong>em</strong> ativida<strong>de</strong>s educativas einterpretativas, on<strong>de</strong> foram verificadas também a sua representativida<strong>de</strong>,visibilida<strong>de</strong>, facilida<strong>de</strong> e possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> acesso, sendo locais on<strong>de</strong> ascaracterísticas geológicas pod<strong>em</strong> ser melhor explicadas e compreendidas. Portanto,para a seleção <strong>de</strong>sses pontos foram realizadas as seguintes etapas:a) Estudo prévio e inventário: Análise e revisão bibliográfica <strong>de</strong>documentos e materiais publicados sobre a UC e região. Após oinventário, foram <strong>de</strong>finidos os principais pontos potenciais.b) Descrição: A partir da localização do ponto foi realizada a sua<strong>de</strong>scrição, vias <strong>de</strong> acesso e características gerais.c) Classificação: Tipo <strong>de</strong> observação, que po<strong>de</strong> ser pontual (umaforma <strong>de</strong> superfície, uma dobra, uma cachoeira, etc..), por área(quando trata <strong>de</strong> um conjunto <strong>de</strong> fenômenos ou áreas <strong>de</strong>limitadas,como uma praia, montanha, um vale, um canyon, etc..) epanorâmicos (quando é possível uma observação mais geral ).d) Inventário cartográfico: a partir dos mapas já elaborados é realizadoum mapa com os Pontos <strong>de</strong> Interesse Geo-didático. Futuramente,esses mapas pod<strong>em</strong> ser utilizados nos meios interpretativos(fol<strong>de</strong>rs, painéis, guias <strong>de</strong> campo, etc...)


280Outras Unida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> Conservação e/ou municípios que queiram <strong>de</strong>senvolver ogeoturismo e utilizar ainda mais esse potencial <strong>em</strong> ativida<strong>de</strong>s educativas pod<strong>em</strong>realizar as etapas citadas anteriormente. Portanto, após a escolha <strong>de</strong>sses pontos, oplanejamento das ativida<strong>de</strong>s interpretativas e geoturisticas são facilitados.Os Pontos <strong>de</strong> Interesse Geo-didático foram <strong>de</strong>finidos <strong>em</strong> saídas <strong>de</strong> camporealizadas juntamente com o orientador e não estão aqui ilustrados por figuras, poisas mesmas encontram-se no corpo do trabalho. São apresentados os Pontos, sualocalização geográfica, como acessá-lo e uma breve <strong>de</strong>scrição, seguido <strong>de</strong> um mapageorreferenciado, por UC. Parque Estadual <strong>de</strong> Vila Velha:Os pontos foram estabelecidos <strong>em</strong> visitas realizadas no mês <strong>de</strong> <strong>de</strong>z<strong>em</strong>bro <strong>de</strong>2006, julho <strong>de</strong> 2007 e abril <strong>de</strong> 2008. Apesar <strong>de</strong> o Parque possuir outras formas <strong>de</strong>superfície que po<strong>de</strong>riam ser utilizadas <strong>em</strong> ativida<strong>de</strong>s interpretativas, algumas <strong>de</strong>lasestão <strong>em</strong> locais que não são mais acessíveis ao público <strong>em</strong> geral (como o topo doplatô por ex<strong>em</strong>plo), o que inviabiliza a sua utilização como um PIGD.QUADRO 16- Pontos <strong>de</strong> Interesse Geo-didático do PEVV1- TRILHA ATRÁS DO MUSEULocalização: :25º 14 39 S e 49 º 59 29 WAcesso: por caminho pavimentado atrás do Museu, até o final da pavimentação, on<strong>de</strong> há ummirante.Descrição: Neste local po<strong>de</strong>-se observar <strong>em</strong> uma vista panorâmica o aspecto do relevoruiniforme da Vila Velha. Logo ao lado do mirante, caminhando sobre as rochas, observam-seas juntas poligonais, panelas ou bacias <strong>de</strong> dissolução e algumas formas pseudo-cársticas.Local <strong>em</strong> que se pod<strong>em</strong> abordar aspectos da história geológica e geomorfológica do PEVV,<strong>de</strong>vido a sua vista panorâmica e on<strong>de</strong> se po<strong>de</strong> apontar o local on<strong>de</strong> está localizado o varvito.Tipo <strong>de</strong> observação: Panorâmica e pontual.2- ROCHAS EM FRENTE AO MUSEULocalização: : 25º 14 55 S e 49 º 59 32 WAcesso: Logo <strong>em</strong> frente ao Museu.Descrição: Neste ponto observa-se aspectos <strong>de</strong> liesegang, e os alvéolos.Tipo <strong>de</strong> observação: pontual.3- TRILHA DO BOSQUE BLOCOS SUSPENSOSLocalização: : 25º 14 55 S e 49 º 59 32 WAcesso: Pela trilha do bosque, até o local on<strong>de</strong> antes se acessava a trilha para a observaçãoda pedra suspensa.Descrição: Neste PIGD observa-se o escarpamento, blocos suspensos, aspectos da interaçãoentre a biodiversida<strong>de</strong> e a geodiversida<strong>de</strong> (rochas, muscíneas e liquens), e diversas fendas.Tipo <strong>de</strong> observação: Por área4- TAÇALocalização: : 25º 15 10 S e 49 º 59 49 WAcesso: Ao final da Trilha dos ArenitosDescrição: Aspectos do relevo ruiniforme na torre que é o símbolo do Parque, comentários a


espeito do equivoco <strong>em</strong> explicar que a Taça foi originada somente pela ação do vento.Tipo <strong>de</strong> observação: pontual5- TAFONESLocalização: : 25º 15 08 S e 49 º 59 48 WAcesso: Pela Trilha dos Arenitos, próximo a Taça.Descrição: Ponto on<strong>de</strong> po<strong>de</strong> ser explicado o surgimento dos tafonesTipo <strong>de</strong> observação: pontual6- CANELURASLocalização: : 25º 15 08 S e 49 º 59 48 WAcesso: Pela Trilha dos Arenitos, no inicio, após a forma similar a um Camelo.Descrição: No local conhecido como Forma <strong>de</strong> Garrafa pod<strong>em</strong> ser explicados os processosrelativos a formação <strong>de</strong> caneluras e a evolução <strong>de</strong>ssas formas.Tipo <strong>de</strong> observação: por área7- FURNASLocalização: : 25º 13 23 S e 50 º 02 22 WAcesso: Via transporte interno do Parque, a 3 km dos arenitos.Descrição: Orig<strong>em</strong> das FurnasTipo <strong>de</strong> observação: Por área.8- LAGOA DOURADALocalização: : 25º 14 36 2 S e 50 º 13 25 WAcesso: Via transporte interno do ParqueDescrição: A Lagoa Dourada e sua relação com as furnas e a orig<strong>em</strong> do nome.Tipo <strong>de</strong> observação: Panorâmica281


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283 Parque Nacional Marinho <strong>de</strong> Fernando <strong>de</strong> Noronha:A <strong>de</strong>finição dos pontos no PNMFN foi realizada na ocasião do planejamentodas ativida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> campo do Curso <strong>de</strong> Condutor <strong>de</strong> Geoturismo. Para tanto, foramfeitas saídas a campo com o orientador, no sentido <strong>de</strong> eleger os melhores pontosdidáticos para ser<strong>em</strong> utilizados nas aulas <strong>de</strong> campo. Os pontos foram utilizados <strong>em</strong>saídas realizadas com as duas turmas <strong>de</strong>ste Curso. São eles:QUADRO 17- Pontos <strong>de</strong> Interesse Geo-didático do PNMFM01 – AIR FRANCE- Localização: 03º 49 50 2 S e 32º 23 56 0 W- Acesso: Próximo ao Porto Santo Antonio, após a BR, seguir <strong>em</strong> frente pela estrada <strong>de</strong> terra.- Descrição: Decomposição esferoidal, observação das ilhas secundárias e a percepção dosventos alísios na separação das mesmas.- Tipo <strong>de</strong> observação: Por Área02 – BURACO DA RAQUEL- Localização: 03º 50 06 S e 32º 23 53 W- Acesso: Próximo ao Porto Santo Antonio, após a BR 363, seguir a direita pela estrada <strong>de</strong>terra.- Descrição: Formas visíveis <strong>de</strong> erosão e ex<strong>em</strong>plo <strong>de</strong> praia <strong>de</strong> cascalho.- Tipo <strong>de</strong> observação: Pontual03- DUNAS- Localização: 03º 50 11 S e 32º 24 01 W- Acesso: Pela BR 363, após o Posto <strong>de</strong> Gasolina, entrar à direita.- Descrição: As dunas e sua formação.- Tipo <strong>de</strong> observação: Por Área04- CAIEIRA- Localização: 03º 50 11 S e 32º 23 59 W (inicio)- Acesso: Pela BR 363, após o Posto <strong>de</strong> Gasolina, entrar à direita, e <strong>de</strong>scer ate a Praia. Porser área do Parque Nacional, a trilha po<strong>de</strong> ser feita somente com o acompanhamento <strong>de</strong> umcondutor.- Descrição: Um dos melhores pontos do Arquipélago, on<strong>de</strong> se po<strong>de</strong> observar diques eaglomerados vulcânicos, bombas e cinzas vulcânicas, al<strong>em</strong> <strong>de</strong> mais <strong>de</strong> catorze tipos <strong>de</strong>rochas eruptivas diferentes, entre ultrabásicas e intermediárias, blocos e seixos rolados daFormação Quixaba.- Tipo <strong>de</strong> observação: Panorâmica e pontual05- PRAIA DA ATALAIA- Localização: 03º 51 27 S e 32º 24 30 W- Acesso: Pela BR-363, seguir ate a Baia do Sueste e continuar pela estrada <strong>de</strong> terra à direita.O acesso a Atalaia somente é permitido durante a maré baixa, num total maximo <strong>de</strong> 100pessoas por dia.- Descrição: contato entre as formações R<strong>em</strong>édios e Quixaba, (à esquerda). Gran<strong>de</strong>s blocos<strong>de</strong> calcarenitos da Formação Caracas, com estratificação cruzada e que possu<strong>em</strong> ida<strong>de</strong> entre42.000 e 28.000 anos (á direita). Em frente à Praia da Atalaia encontra-se a Ilha do Fra<strong>de</strong>,domo <strong>de</strong> fonólito da Formação R<strong>em</strong>édios com fortes evidências <strong>de</strong> erosão, possivelmente porquedas <strong>de</strong> blocos.- Tipo <strong>de</strong> observação: Por área e pontual06- PRAIA DO SUESTE- Localização: 03º 52 00 S e 32º 25 34 W- Acesso: Final da BR-363.- Descrição: Estrutura <strong>de</strong> praias, Formação R<strong>em</strong>édios, Formação Caracas e FormaçãoQuixaba <strong>em</strong> uma única praia, Formação <strong>de</strong> dunas <strong>de</strong> retenção, Ilhas fonoliticas e ilhas <strong>de</strong>calcarenito (Ilha Cabeluda e Chapéu do Sueste)


- Tipo <strong>de</strong> observação: Por Área07- PONTA DAS CARACAS- Localização: 03º 53 00 S e 32º 26 38 W- Acesso: BR-363 sentido Baia do Sueste, um pouco antes da Baia entrar a direita na estrada<strong>de</strong> terra que leva a Praia do Leão. Seguir placas indicativas ate a Ponta das Caracas.- Descrição: Observação <strong>de</strong> Rochas da Formação Caracas.- Tipo <strong>de</strong> observação: Por Área08- PORTAL DA SAPATA- Localização:03º 52 29 S e 32º 28 04 W (A partir do mar)- Acesso: Somente por barco, pelo chamado mar <strong>de</strong> <strong>de</strong>ntro.- Descrição: Derrames <strong>de</strong> ankaratritos ou tufos e brechas vulcânicas. No Portal (ou portão) daSapata há uma forma conhecida como Mapa do Brasil, resultado <strong>de</strong> erosão diferencialmarinha e presença <strong>de</strong> colunas verticais nos <strong>de</strong>rrames que cobr<strong>em</strong> as rochas piroclásticas.Material piroclástico, como as cinzas vulcânicas.- Tipo <strong>de</strong> observação: Panorâmica e pontual09- PRAIA DO SANCHO- Localização: 03º 51 10 S e 32º 26 36 W- Acesso: Por barco ou pela BR-363, sentido Mirante dos Golfinhos.- Descrição: Derrames <strong>de</strong> lava da Formação Quixaba, consi<strong>de</strong>rada uma das praias maisbonitas do Brasil. Penhasco <strong>de</strong> basanito <strong>de</strong> aproximadamente 50 metros <strong>de</strong> altura.- Tipo <strong>de</strong> observação: Panorâmica10- DOIS IRMÃOS- Localização: 03º 50 39 S e 32º 26 28 W (a partir do mar)- Acesso: Por barco ou po<strong>de</strong> ser observado do Mirante do Forte do Boldro ou Mirante da Trilhada Baia dos Porcos.- Descrição: Rochas vulcânicas ankaratriticas; Colunas formadas <strong>de</strong>vido ao diaclasamento dasrochas (disjunção colunar).- Tipo <strong>de</strong> observação: Panorâmica e pontual11- BAÍA DOS PORCOS- Localização: 03º 51 04 3 S e 32º 26 51 5 W- Acesso: Pela BR-363, até a Praia da Cacimba do Padre, trilha à esquerda.- Descrição: Depósitos <strong>de</strong> Talu<strong>de</strong>, <strong>de</strong>pósitos <strong>de</strong> praias, lavas ankaratriticas da FormaçãoQuixaba, com intercalação piroclástica. Bom ex<strong>em</strong>plo para a pratica <strong>de</strong> mergulho livre eobservação da coloração do mar.- Tipo <strong>de</strong> observação: Área12- PRAIA DO BODE- Localização: 03º 50 51 4 S e 32º 26 01 5 W- Acesso: Pela BR-363, sentido Cacimba do Padre.- Descrição: Derrames <strong>de</strong> lavas vesiculares e <strong>de</strong>pósitos <strong>de</strong> aglomerados e lava.- Tipo <strong>de</strong> observação: Pontual13- MORRO DO PICO- Localização: 03º 50 30 S e 32º 25 28 W ( a partir do mar)- Acesso: Restrito a uma trilha que percorre a sua base. Po<strong>de</strong> ser observado a partir <strong>de</strong>diversos locais da ilha, como as praias do Mar <strong>de</strong> Dentro, Vila do Trinta, Boldro e R<strong>em</strong>édios.- Descrição: Plug vulcânico, domo <strong>de</strong> fonólito porfirítico, processos erosivos e int<strong>em</strong>péricos.- Tipo <strong>de</strong> observação: Panorâmica14- PEDRA DO PIÃO- Localização: 03º 50 19 S e 32º 24 38 W (a partir da Praia do Cachorro)- Acesso: Monumento observado a partir <strong>de</strong> passeios <strong>de</strong> barco, Praia da Conceição, Praia doMeio ou Praia do Cachorro.- Descrição: Ex<strong>em</strong>plo <strong>de</strong> erosão e estabilida<strong>de</strong> sísmica do Arquipélago.- Tipo <strong>de</strong> observação: Pontual15- ILHA RASA- Localização: 03º 49 02 S e 32º 23 32 W (a partir do mar, Ilha do Meio)- Acesso: Somente <strong>em</strong> passeios <strong>de</strong> barco.- Descrição: Eolianitos e aspectos geomorfológicos das principais Ilhas secundárias(formações R<strong>em</strong>édios, Quixaba e Caracas).- Tipo <strong>de</strong> observação: Por área.284


16- ILHA RATALocalização: 03º 48 27 S e 32º 23 21 W (Cagarras)Acesso: Somente <strong>em</strong> passeios <strong>de</strong> barco e na realização <strong>de</strong> mergulhos autônomos comoperadoras cre<strong>de</strong>nciadas.Descrição: Ex<strong>em</strong>plo <strong>de</strong> <strong>de</strong>pósitos <strong>de</strong> fosfatos zoógenos.Tipo <strong>de</strong> observação: Área285


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287 Parque Nacional do Iguaçu:A <strong>de</strong>finição dos Pontos <strong>de</strong> Interesse Geo-didático no PNI seguiu a mesmametodologia do PNMFN 225 , sendo que o número <strong>de</strong> pontos no PNI é menor que oencontrado nos outros Parques, <strong>de</strong>vido ao mesmo possuir aspectos <strong>geológico</strong>s maissimplificados e o acesso a alguns pontos não ser facilitado. Estes pontos tambémforam utilizados <strong>em</strong> saídas com as duas turmas do Curso, sendo <strong>de</strong>finidos para asua utilização <strong>em</strong> ativida<strong>de</strong>s educativas, interpretativas e geoturistícas. São eles:QUADRO 18- Pontos <strong>de</strong> Interesse Geo-didático do PNI1- SALTO DO MACUCOLocalização: 25 º 38 47 S e 54 º 27 23 WAcesso: Pela Estação Macuco Safári, transporte via carro elétrico até a primeira paradaseguida <strong>de</strong> caminhada até o Salto Macuco.Descrição: Diaclasamento vertical e horizontal. Seqüência dos <strong>de</strong>rrames sucessivos.Tipo <strong>de</strong> observação: Área2- CAIS DO MACUCO SAFÁRILocalização: 25 º 38 54 S e 54 º 27 27 WAcesso: Caminhada a partir do Salto MacucoDescrição: <strong>de</strong>composição esferoidal. Neste local po<strong>de</strong> ser explicada a orig<strong>em</strong> <strong>de</strong>sses seixos eblocos, e que esse arredondamento não é originado pelo rio, mas v<strong>em</strong> sendo produzido pelaalteração físico-química da rocha.Tipo <strong>de</strong> observação: Pontual3- CANYON DO RIO IGUAÇULocalização: 25 º 40 13 S e 54 º 26 36 WAcesso: Por botes infláveis, a partir do Cais do Macuco SafáriDescrição: <strong>de</strong>sagregação <strong>de</strong> rochas e o papel da vegetação.Tipo <strong>de</strong> observação: Panorâmica4- BASE DA PLATAFORMA DE RAPELLocalização: 25 º 40 68 S e 54 º 26 44 WAcesso: Pela Estação Trilha das Cataratas até o Campo <strong>de</strong> Desafios. Acesso pela escada oupor rapel.Descrição: Meláfiros (amigdalas nas rochas). Estado mais avançado <strong>de</strong> <strong>de</strong>composição do queno Cais do Macuco Safári, pois aqui já se percebe a produção <strong>de</strong> solo.Tipo <strong>de</strong> observação: Pontual5- TRILHA DAS CATARATASLocalização: 25 º 41 12 S e 54 º 26 23 WAcesso: Pela Estação Trilha das CataratasDescrição: Formação das Cataratas e do Canyon do Rio Iguaçu.Tipo <strong>de</strong> observação: Panorâmica6- MIRANTE DO ELEVADOR DAS CATARATASLocalização: 25 º 41 27 S e 54 º 26 13 WAcesso: Pela Trilha das Cataratas ou pela Estação Porto Canoas.Descrição: Diferentes patamares, erosão regressiva das Cataratas.Tipo <strong>de</strong> observação: Panorâmica e pontual7- RIO IGUAÇU, PRÓXIMO AO RESTAURANTE PORTO CANOASLocalização: 25 º 41 33 S e 54 º 26 03 WAcesso: Pela Estação Porto Canoas225 Ou seja, foram realizadas saídas <strong>de</strong> campo com o orientador, no sentido <strong>de</strong> <strong>de</strong>finir os melhorespontos para a realização das aulas <strong>de</strong> campo do Curso <strong>de</strong> Condutor <strong>de</strong> Geoturismo, ministrado <strong>em</strong>Set<strong>em</strong>bro <strong>de</strong> 2006.


Descrição: consi<strong>de</strong>rações a respeito do Rio Iguaçu e a formação das Cataratas.Tipo <strong>de</strong> observação: Panorâmica288


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2906.1.2 ANÀLISE DOS QUESTIONÁRIOS APLICADOS A PROFESSORES DOENSINO PÚBLICO DE PONTA GROSSADesta forma, no sentido <strong>de</strong> avaliar o interesse e a possibilida<strong>de</strong> da utilizaçãodos PIGDs pelos professores <strong>em</strong> saídas <strong>de</strong> campo a ser<strong>em</strong> realizadas com seusalunos, <strong>em</strong> junho <strong>de</strong> 2008 foi realizado o acompanhamento <strong>de</strong> um grupo <strong>de</strong> 50professores 226 da Prefeitura Municipal <strong>de</strong> Ponta Grossa, a uma saída <strong>de</strong> campo noParque Nacional do Iguaçu, on<strong>de</strong> foram utilizados alguns dos Pontos <strong>de</strong> InteresseGeo-Didático. Após a realização da visita, foi realizada uma palestra, on<strong>de</strong> foramexplicados os objetivos <strong>de</strong>sta pesquisa, maiores explanações sobre os PIGDs, oscritérios <strong>de</strong> seleção e as possibilida<strong>de</strong>s da sua utilização <strong>em</strong> ativida<strong>de</strong>sinterpretativas, tanto no PNI quanto no PEVV (também visitado pelos professores).Assim, 48 professores respon<strong>de</strong>ram a um questionário (ANEXO 3) e os dados sãoapresentados a seguir.GRAFICO 1- Séries <strong>em</strong> que são ministradas aulasO município <strong>de</strong> Ponta Grossa possui Sist<strong>em</strong>a Próprio <strong>de</strong> Ensino 227 <strong>de</strong>s<strong>de</strong> ofinal do ano <strong>de</strong> 2004, o qual é dividido <strong>em</strong> dois ciclos. O 1º ciclo é composto <strong>de</strong> trêsséries, o 2º ciclo é composto <strong>de</strong> duas séries. A gran<strong>de</strong> maioria dos professores querespon<strong>de</strong>u ao questionário ministra aulas no 1º Ciclo (67%), seguida dos professoresque ministram aulas no 2º Ciclo (28%). Na categoria “Outros” estão englobados os226 Para proporcionar uma formação contínua aos professores a Secretaria Municipal <strong>de</strong> Educação,elaborou o projeto Estudo do Meio com o intuito <strong>de</strong> favorecer aos professores a oportunida<strong>de</strong> <strong>de</strong>conhecer<strong>em</strong> e <strong>de</strong>bater<strong>em</strong> sobre o meio <strong>em</strong> que viv<strong>em</strong>. São organizadas aulas-passeio para que osprofessores diss<strong>em</strong>in<strong>em</strong> o conteúdo.227 O Ensino Fundamental <strong>de</strong> nove anos promove a consolidação do processo <strong>de</strong> aquisição do códigoescrito e <strong>de</strong>senvolve as habilida<strong>de</strong>s e competências necessárias da Língua Portuguesa, garantindoum t<strong>em</strong>po maior <strong>de</strong> aprendizag<strong>em</strong>.


291casos referentes a coor<strong>de</strong>nadoras pedagógicas, uma funcionária da SecretariaMunicipal <strong>de</strong> Educação e uma professora que também ministra aulas na Educação<strong>de</strong> Jovens e Adultos (GRÁFICO 1).GRÁFICO 2- Compreensão da geodiversida<strong>de</strong>Quando perguntados a respeito dos PIGDs, e se os mesmos auxiliaram nacompreensão da geodiversida<strong>de</strong> do PNI (Gráfico 2), somente dois professores (4%)respon<strong>de</strong>ram que não. Ou seja, a gran<strong>de</strong> maioria dos professores, com o auxílio dosPIGDs utilizados durante a saída <strong>de</strong> campo, conseguiram compreen<strong>de</strong>r melhor osaspectos <strong>geológico</strong>s e geomorfológicos da UC, sendo esta uma ferramenta didáticaque auxilia na compreensão do ambiente.Nas duas questões seguintes, 100% dos entrevistados respon<strong>de</strong>ram sim asperguntas efetuadas. Ou seja, todos os professores consi<strong>de</strong>ram a possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong>usar os PIGDs <strong>em</strong> suas saídas <strong>de</strong> campo, o que só v<strong>em</strong> a justificar ainda mais acriação dos mesmos, visto que a totalida<strong>de</strong> dos entrevistados também consi<strong>de</strong>ra quea utilização dos PIGDs irá facilitar seus trabalhos a ser<strong>em</strong> realizados <strong>em</strong> campo.Além disso, após explicações sobre o geoturismo e o potencial do PEVV ePNI, 100% dos entrevistados acreditam que o geoturismo po<strong>de</strong> ser praticado naregião.


292GRAFICO 3- Participação <strong>em</strong> outros roteirosNo caso da participação <strong>em</strong> outros roteiros enfocando aspectos <strong>geológico</strong>s egeomorfológicos que po<strong>de</strong>riam existir na região, somente uma professora nãoparticiparia (Gráfico 3). Tal avaliação po<strong>de</strong> ter se dado pelo fato <strong>de</strong> que estaprofessora consi<strong>de</strong>ra suficiente o Parque Estadual <strong>de</strong> Vila Velha como UC para arealização <strong>de</strong> saídas <strong>de</strong> campo, não se interessando por outros possíveis roteiros.Mas, a gran<strong>de</strong> maioria das entrevistadas participaria <strong>de</strong> outros roteiros, o que <strong>de</strong>notao potencial que a região possui não somente para o geoturismo e sim também paraa realização <strong>de</strong> ativida<strong>de</strong>s educativas e a interpretação do ambiente <strong>geológico</strong>.GRÀFICO 4- Meios interpretativos (professores)E, quando perguntadas a respeitos dos meios interpretativos queacreditam ser<strong>em</strong> os mais eficazes para a a<strong>de</strong>quada interpretação do ambiente


293<strong>geológico</strong> e geomorfológico, as entrevistadas tiveram opiniões muito parecidas, vistoque mais <strong>de</strong> uma alternativa po<strong>de</strong>ria ser escolhida. A maioria consi<strong>de</strong>rou que osví<strong>de</strong>os, museus e trilhas guiadas (18%) são os mais eficazes, seguidos daspalestras (17%), material impresso (16%) e mais painéis na trilha (13%).Desta forma, com a utilização dos Pontos pelos professores, condutores evisitantes com interesse especifico, como os geoturistas, as informações estarãoorganizadas, <strong>de</strong> modo que <strong>em</strong> cada ponto po<strong>de</strong>-se enfocar a atenção da audiêncianos <strong>de</strong>talhes que estão sendo interpretados, explicando o que é mais significativo,tendo assim a oportunida<strong>de</strong> <strong>de</strong> ligar a explicação ao t<strong>em</strong>a <strong>geológico</strong> egeomorfológico.


2946.2 AÇÕES VISANDO À INTERPRETAÇÃO DO AMBIENTE EM RELAÇÃO AOSASPECTOS GEOLÓGICOS E GEOMORFOLÓGICOSAs UCs são os locais i<strong>de</strong>ais para implantação <strong>de</strong> projetos <strong>de</strong> interpretaçãoambiental, já que pod<strong>em</strong> ser consi<strong>de</strong>rados verda<strong>de</strong>iros laboratórios vivos quepropiciam o aumento <strong>de</strong> conhecimento e o contato direto com o meio ambiente. Paratanto, tais projetos 228 <strong>de</strong>v<strong>em</strong> ser realizados <strong>de</strong>ntro das diretrizes estabelecidas pelosPlanos <strong>de</strong> Manejo, sendo que cada um dos meios interpretativos e ações voltadaspara a interpretação do ambiente aqui apresentadas pod<strong>em</strong> vir a se tornar projetosespecíficos tanto <strong>em</strong> UCs quanto <strong>em</strong> outros <strong>de</strong>stinos que queiram trabalhar com seupotencial geoturístico.Pelo fato <strong>de</strong> que foi constatado que nas UCs pesquisadas os aspectos<strong>geológico</strong>s po<strong>de</strong>riam ser melhor aproveitados <strong>em</strong> ativida<strong>de</strong>s interpretativas,educativas e geoturísticas, há a necessida<strong>de</strong> da realização <strong>de</strong> ações visando àutilização <strong>de</strong>ste <strong>patrimônio</strong>, conforme os objetivos estabelecidos nesta pesquisa, ouseja, justificar a importância da divulgação do <strong>patrimônio</strong> <strong>geológico</strong>, produzindomeios interpretativos relacionados a esses aspectos, no sentido <strong>de</strong> contribuir parauma relação mais próxima dos visitantes e da comunida<strong>de</strong> com as geociências.TABELA 01 – Meios InterpretativosIndicadorPEVV %relat.PNI %relat.PNMFN %relat.Cond.PNI%relat.Cond.PNMF%relat.Folhetos 42 20,6 64 14,2 81 12,3 14 14 14 14Trilhas 24 11,8 87 20,016 16 17 17125 21,0guiadasPalestra 36 17,6 31 8,018 18 20 20140 23,7sVí<strong>de</strong>os 30 14,7 94 22,1 71 10,2 17 17 11 11Museu 30 14,7 56 13,4 56 10,1 18 18 18 18Mais 42 20,6 93 22,317 17 20 20painéisna trilha131 22,7Total 204 100 425 100 604 100 100 100 100 100Nota: admite-se mais <strong>de</strong> uma resposta228 Segundo o IBAMA (1999) os projetos <strong>de</strong>v<strong>em</strong> incluir a ativida<strong>de</strong>, objetivos do projeto, justificativa,<strong>de</strong>scrição, custos, responsáveis e envolvidos, <strong>de</strong>talhando ativida<strong>de</strong>s que envolv<strong>em</strong> a participação <strong>de</strong>profissionais <strong>de</strong> outras áreas (arquitetos, engenheiros, programadores visuais, publicitários, etc..). Dequalquer maneira, os projetos pod<strong>em</strong> começar pequenos, sendo expandidos posteriormente,baseando-se na avaliação, monitoramento e os benefícios que v<strong>em</strong> gerando.


295Deste modo, a tabela 01 e o gráfico 5 apresentam as respostas coletadascom os visitantes do PEVV e PNI, comunida<strong>de</strong> do PNMFN e participantes do Curso<strong>de</strong> Condutores <strong>de</strong> Geoturismo no PNI e PNMFN (Anexo 2). Verificou-se que <strong>em</strong>relação aos meios interpretativos os resultados foram parecidos.GRAFICO 5- Meios InterpretativosNo PEVV os visitantes que respon<strong>de</strong>ram aos questionários acreditam que háa necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> mais folhetos e mais painéis na trilha (20,6%). Realmente não hánenhum folheto sobre o parque no momento disponível aos visitantes e os painéisinterpretativos são somente os da Mineropar, encontrados logo após oestacionamento (local <strong>em</strong> que muitas vezes os visitantes não param para ler) e nochamado ponto um, início da trilha. Já o meio interpretativo que menos recebeuindicação foi o das trilhas guiadas (11,8%), o que po<strong>de</strong> ter se dado ao fato <strong>de</strong> que<strong>em</strong> alguns casos as trilhas são conduzidas.No PNI a maior necessida<strong>de</strong> verificada pelos visitantes foi a <strong>de</strong> mais painéisna trilha (22,3%). Tal como o PEVV, os únicos painéis interpretativos são os daMineropar, localizados no inicio e no fim da trilha das Cataratas. Entretanto, taispainéis po<strong>de</strong>riam ser melhor aproveitados se estivess<strong>em</strong> <strong>em</strong> locais estratégicos efoss<strong>em</strong> reformulados, apresentando menos informações e mais figuras. NesteParque, o meio menos citado foi o das palestras (8%), pois tanto no Centro <strong>de</strong>


296Visitantes quanto nas estações <strong>de</strong> <strong>em</strong>barque e <strong>de</strong>s<strong>em</strong>barque não há estrutura físicapara a realização das mesmas.No PNMFN tal panorama é diferente, ou seja, as palestras foram as maiscitadas pela comunida<strong>de</strong> (23,7%). Devido ao sucesso do Centro <strong>de</strong> Visitantes doProjeto Tamar – IBAMA, as palestras são o meio interpretativo mais divulgado efreqüentado pelos visitantes da UC. Entretanto, não há palestras relacionadas ao<strong>patrimônio</strong> <strong>geológico</strong>. Já o meio interpretativo menos citado foi o museu (10,1%),pois para a comunida<strong>de</strong> a geologia po<strong>de</strong> ser facilmente observada in loco, nãonecessitando um espaço específico para a sua exibição.Os condutores que realizaram o curso no PNI respon<strong>de</strong>ram <strong>de</strong> maneirabastante uniforme as respostas. Com 18% dos resultados estão a implantação <strong>de</strong>um museu e <strong>de</strong> palestras, exatamente as respostas que obtiveram menos incidênciaentre os visitantes do Parque, ou seja, os condutores sent<strong>em</strong> mais necessida<strong>de</strong> d<strong>em</strong>eios interpretativos que para os visitantes não são tão importantes. E somente14% consi<strong>de</strong>raram a necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> folhetos interpretativos.Ao contrário do que aconteceu no PNI, no PNMFN os condutores querealizaram o curso consi<strong>de</strong>ram como <strong>de</strong> maior necessida<strong>de</strong> (20%) a implantação d<strong>em</strong>ais painéis na trilha e também a realização <strong>de</strong> palestras, exatamente as respostasque obtiveram mais incidência entre a comunida<strong>de</strong>. E como meio menos citadoestão os ví<strong>de</strong>os (11%), que no Arquipélago são passados no Centro <strong>de</strong> Visitantes doProjeto Tamar – IBAMA, mesmo local on<strong>de</strong> são realizadas as palestras. Dest<strong>em</strong>odo, se houver<strong>em</strong> palestras sobre o t<strong>em</strong>a, para os condutores não há necessida<strong>de</strong><strong>de</strong> que haja ví<strong>de</strong>os sobre tais aspectos.São diversos os meios interpretativos e ações que pod<strong>em</strong> ser realizadas nosentido <strong>de</strong> “traduzir” essa linguag<strong>em</strong> científica para uma linguag<strong>em</strong> comumacessível aos visitantes. E enten<strong>de</strong>r essas características e o interesse por parte dosvisitantes e da comunida<strong>de</strong> é um primeiro passo na realização do planejamentoa<strong>de</strong>quado <strong>de</strong>sses meios interpretativos.


2976.2.1 CURSOS PARA CONDUTORESUma das ações realizadas visando a interpretação do <strong>patrimônio</strong> <strong>geológico</strong> foium Curso para Condutores <strong>de</strong> Geoturismo, com o objetivo <strong>de</strong> capacitar oscondutores no que diz respeito aos aspectos <strong>geológico</strong>s e geomorfológicos <strong>de</strong> taisUCs, e mostrar e divulgar os Pontos <strong>de</strong> Interesse Geo-Didático e como eles pod<strong>em</strong>auxiliar as interpretações <strong>em</strong> campo. Tal ação foi i<strong>de</strong>alizada pois quando <strong>em</strong> visitaàs UCs, foi constatado que a capacitação realizada pelos condutores que trabalhamtanto no PNMFN quanto no PNI, até então não haviam incluído aspectos específicosrelativos ao <strong>patrimônio</strong> <strong>geológico</strong> <strong>de</strong>ssas UCs.Portanto, nas UCs <strong>em</strong> que foram realizados 229 , os cursos contaram com umaapostila (Anexos 5 e 6) , incluindo informações sobre a geologia e geomorfologia doParque, conceitos básicos sobre geoturismo e envolvimento com a comunida<strong>de</strong>,além <strong>de</strong> noções sobre a interpretação do ambiente <strong>em</strong> trilhas, posturas profissionaise recomendações aos condutores. As saídas <strong>de</strong> campo tiveram gran<strong>de</strong> importância,pois a geologia e geomorfologia são muito mais fáceis <strong>de</strong> ser<strong>em</strong> compreendidasquando se está no campo, observando-se diretamente a paisag<strong>em</strong> e as rochas.6.2.1.1 Curso <strong>de</strong> Condutor no PNINo PNI foi verificado que <strong>de</strong>vido à revitalização e as novas concessões, foramrealizados treinamentos para os funcionários 230 . Entretanto, os aspectos <strong>geológico</strong>se geomorfológicos da UC não integraram nenhum <strong>de</strong>sses treinamentos.Desta forma, entre os dias 31 <strong>de</strong> agosto e 02 <strong>de</strong> set<strong>em</strong>bro <strong>de</strong> 2006 foirealizado o curso <strong>de</strong> Condutor <strong>de</strong> Geoturismo no PNI. Participaram os funcionáriosdo ICMBio e <strong>de</strong> três <strong>em</strong>presas concessionárias do Parque, a Canyon Iguaçu,Macuco Safári e Macuco Ecoaventura que juntos viabilizaram a ativida<strong>de</strong>,229 No PEVV tal curso não foi realizado. Em primeiro lugar pelo fato <strong>de</strong> que <strong>em</strong> 2003 a capacitaçãooferecida aos funcionários e moradores do entorno abordou os aspectos <strong>geológico</strong>s egeomorfológicos (MOREIRA, 2003) e também porque o quadro <strong>de</strong> funcionários atual do Parque noque diz respeito aos condutores e monitores está <strong>em</strong> gran<strong>de</strong> parte preenchido por estagiários, qu<strong>em</strong>uitas vezes somente realizam a carga horária necessária, não tendo um grau <strong>de</strong> comprometimentomaior com a UC. Além disso, houve impedimentos burocráticos por parte do IAP. Entretanto, com aimplantação do Museu <strong>de</strong> Geologia e Paleontologia no Parque, um programa contínuo <strong>de</strong>capacitação <strong>de</strong>ve ser impl<strong>em</strong>entado.230 Na área <strong>de</strong> primeiros socorros, combate a incêndios florestais, qualida<strong>de</strong> no atendimento e meioambiente.


298proporcionando as condições necessárias para que o curso fosse oferecido s<strong>em</strong>nenhum custo aos seus participantes.Para a organização do curso que contou com 10 horas aula (4 h/a teóricas e 6h/a práticas), antes do seu inicio, foram realizadas as saídas <strong>de</strong> campo com oorientador, no sentido <strong>de</strong> dirimir dúvidas, <strong>de</strong>finir os Pontos <strong>de</strong> Interesse Geo-Didáticos e preparar o conteúdo a ser trabalhado.A parte teórica foi ministrada no auditório do ICM-Bio, na data <strong>de</strong> 31 <strong>de</strong>agosto, no período noturno e contou com mais <strong>de</strong> cinqüenta participantes. Osrecursos didáticos utilizados foram apresentações <strong>em</strong> Power Point, e ví<strong>de</strong>os. Ost<strong>em</strong>as tratados inicialmente foram relativos ao geoturismo especificamente, seupotencial no PNI, e a interpretação ambiental. Após, t<strong>em</strong>as específicos da geologiae geomorfologia: Tipos <strong>de</strong> Rochas, minerais formadores <strong>de</strong> rochas, diaclasamento,rochas ígneas e vulcanismo, tectônica <strong>de</strong> placas, estrutura geológica do Paraná,Eras e suas formações no Paraná, o relevo no arcabouço estrutural do Paraná,<strong>de</strong>riva continental, rompimento do super-continente <strong>de</strong> Gondwana, perfis do RioParaná e Sete Quedas e perfis esqu<strong>em</strong>áticos mostrando a estrutura das Cataratas.Para as ativida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> campo, os participantes foram divididos <strong>em</strong> doisgrupos. Em 01 <strong>de</strong> Set<strong>em</strong>bro <strong>de</strong> 2006, pela manhã, foi feita a saída com a primeiraturma e <strong>em</strong> 02 <strong>de</strong> Set<strong>em</strong>bro com a segunda (Figura 103). Assim os Pontos <strong>de</strong>Interesse Geo-didático foram visitados e as explanações foram feitas in loco (Figura103), b<strong>em</strong> como a resposta às dúvidas 231 .231 Devido às condições climáticas <strong>de</strong>sfavoráveis, não foi possível realizar o Macuco Safári com aprimeira turma e <strong>de</strong>vido ao horário adiantado, não foi possível realizar a saída até o Porto Canoascom a segunda turma. Mas, <strong>de</strong> qualquer maneira, todos os assuntos planejados foram tratados e osparticipantes pu<strong>de</strong>ram sanar suas duvidas.


299FIGURA 103-Participantes da 2ª Turma do Curso e aspectos da aula <strong>de</strong>campo ministrada para a 1ª turma.Após o término do curso, os participantes receberam um certificado <strong>de</strong>participação <strong>em</strong>itido pelo ICM-Bio. E com o intuito <strong>de</strong> verificar o aproveitamento,pontos positivos e negativos, al<strong>em</strong> da solicitação <strong>de</strong> sugestões (para melhorar aindamais o curso a ser oferecido <strong>em</strong> Fernando <strong>de</strong> Noronha), foi aplicado um questionárioque terá suas respostas analisadas neste capítulo.6.2.1.2 Curso <strong>de</strong> Condutor no PNMFNNo caso do PNMFN, muitas são as informações a respeito da flora, fauna,história, cultura, turismo e sobre as <strong>unida<strong>de</strong>s</strong> <strong>de</strong> <strong>conservação</strong>, repassadas <strong>em</strong>diversos cursos que já haviam sido oferecidos à comunida<strong>de</strong>. Entretanto, foiobservado que os condutores <strong>de</strong> turismo da ilha não possuíam conhecimentos oupossuíam muito pouco a respeito do que po<strong>de</strong> ser interpretado aos turistas, <strong>em</strong>relação aos aspectos <strong>geológico</strong>s e geomorfológicos do arquipélago.Para constatar tal afirmativa, nos meses <strong>de</strong> julho e agosto <strong>de</strong> 2006, trezentosquestionários foram aplicados a <strong>em</strong>presários e funcionários do tra<strong>de</strong> turístico dacomunida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Fernando <strong>de</strong> Noronha, caracterizando uma pesquisa <strong>de</strong> caráterexploratório. A aplicação do questionário foi realizada <strong>em</strong> toda a ilha, <strong>em</strong> pousadas,operadoras <strong>de</strong> mergulho, agências <strong>de</strong> turismo, diretamente com taxistas integrantesda NORTAX (associação <strong>de</strong> taxistas), nos museus e nos principais atrativosturísticos da ilha que concentram condutores, como a Praia do Sueste e Mirante doForte do Boldró.Deste modo, foi verificado que gran<strong>de</strong> parte dos entrevistados não conheceos aspectos <strong>geológico</strong>s <strong>em</strong> Fernando <strong>de</strong> Noronha, como po<strong>de</strong> ser observado natabela e no gráfico a seguir.TABELA 02 – Conhece os aspectos <strong>geológico</strong>s do ArquipélagoIndicador Casos % relativoNão 221 73,7Sim 79 26,3Total 300 100,0


300GRÁFICO 6- Conhece os aspectos <strong>geológico</strong>s do ArquipélagoEste fato po<strong>de</strong> estar relacionado à pouca divulgação <strong>de</strong> tais aspectos <strong>em</strong> materialimpresso e também a ausência <strong>de</strong> conteúdo específico nos cursos realizados peloPrograma <strong>de</strong> Uso Recreativo – PUR, do Ibama.Mas, <strong>de</strong> qualquer modo, é importante que o Arquipélago seja compreendido tambémno que diz respeito a sua geodiversida<strong>de</strong>. Assim, os entrevistados foram perguntados setinham o interesse <strong>em</strong> conhecer mais os aspectos <strong>geológico</strong>s e geomorfológicos das Ilhas(Tabela 03).TABELA 3- Interesse <strong>em</strong> conhecer mais os aspectos <strong>geológico</strong>sIndicador Casos % relativoNão 65 21,7Sim 235 78,3Total 300 100,0GRÁFICO 7- Interesse <strong>em</strong> conhecer mais os aspectos <strong>geológico</strong>s


301Portanto, as pesquisas d<strong>em</strong>onstraram que havia esse interesse <strong>em</strong> gran<strong>de</strong>parte dos entrevistados, ou seja, 78,3 %, já que durante muitos anos os aspectos dabiodiversida<strong>de</strong> foram os mais comentados, ensinados e explorados <strong>em</strong> cursos <strong>em</strong>eios interpretativos.Desta forma, após a i<strong>de</strong>ntificação <strong>de</strong>sta lacuna na capacitação doscondutores, e após a realização do curso no PNI, no PNMFN também foi proposta arealização <strong>de</strong> um curso para condutores, <strong>em</strong> 2006. E <strong>em</strong> agosto <strong>de</strong> 2007 o curso foirealizado no Centro <strong>de</strong> Visitantes do PNMFN, com o apoio do Centro do GolfinhoRotador e patrocínio do Ministério do Turismo, Petrobrás e Fundação Banco doBrasil. Teve uma carga horária total <strong>de</strong> 16 horas/aula (04 h/a teóricas e 12 h/apráticas) e foi oferecido a vinte condutores <strong>de</strong> turismo e vinte adolescentesmatriculados na Escola Arquipélago.FIGURA 104- Saída <strong>de</strong> campo com as duas turmas participantes doCurso no PNMFNPara esclarecer aspectos ligados a geologia e geomorfologia das praias eatrativos mais visitados e fotografados do Arquipélago, nas saídas <strong>de</strong> campo docurso foram feitas interpretações sobre os Pontos <strong>de</strong> Interesse Geo-Didáticoselecionados previamente <strong>em</strong> campo (Figura 104). Os t<strong>em</strong>as tratados no cursoforam: tipos <strong>de</strong> rochas e formações geológicas <strong>de</strong> Fernando <strong>de</strong> Noronha, a<strong>de</strong>composição esferoidal, diques e aglomerados vulcânicos, tipos <strong>de</strong> dunas e suaformação, estrutura <strong>de</strong> praias, <strong>de</strong>rrames <strong>de</strong> lavas, geomorfologia das principais Ilhassecundárias, <strong>de</strong>pósitos <strong>de</strong> fosfatos zoógenos, eolianitos, plug vulcânico, disjunção


302colunar, <strong>de</strong>pósitos <strong>de</strong> talu<strong>de</strong>, <strong>de</strong>pósitos <strong>de</strong> praias e formas visíveis <strong>de</strong> erosão. Alémdisso, noções <strong>de</strong> condução <strong>de</strong> visitantes foram repassadas.6.2.1.3 Análise dos dados coletados nos Cursos para CondutoresCom o objetivo <strong>de</strong> avaliar o aproveitamento dos condutores, após o términodo curso, foram aplicados questionários com os participantes, com a finalida<strong>de</strong> <strong>de</strong>utilizar esses dados nesta pesquisa. Assim, 30 participantes dos Cursos, tanto noPNI quanto no PNMF respon<strong>de</strong>ram as questões referentes a capacitação.TABELA 4- Ida<strong>de</strong> dos participantes do curso para condutoresIndicador Casos PNI % relativo Casos PNMF % relativoMenor <strong>de</strong> 18 0 0 10 33,418 A 24 21 70 06 2025 A 34 07 23,4 07 23,435 A 49 02 6,7 05 16,7Mais <strong>de</strong> 50 0 0 01 3,4Total 30 100 30 100


303GRÀFICO 8- Ida<strong>de</strong> dos participantes do curso para condutoresNo caso do PNI a gran<strong>de</strong> maioria dos participantes (70%) possui ida<strong>de</strong> entre18 e 24 anos, visto que todos são <strong>em</strong>pregados das <strong>em</strong>presas concessionárias.Assim, menores <strong>de</strong> 18 anos e maiores <strong>de</strong> 50 não realizaram o curso. No caso doPNMFN, <strong>em</strong> todos os indicadores houve participantes e 33,4% dos entrevistadospossu<strong>em</strong> ida<strong>de</strong> inferior a 18 anos já que uma das turmas foi formada por estudantesda Escola Arquipélago (Tabela 04 e Gráfico 08).TABELA 5- Escolarida<strong>de</strong> dos participantesIndicador Casos PNI % relativo Casos PNMF % relativoFundamental incomp. 0 0 6 20Médio incompleto 1 3,4 8 26,7Médio completo 16 53,4 10 33,3Superior incomp. 9 30 0 0Superior comp. 4 13,6 4 13,3Especialista 0 0 2 6,7Total 30 100 30 100


304GRÁFICO 9 – Escolarida<strong>de</strong> dos participantesA escolarida<strong>de</strong> no PNI está ligada principalmente ao fato <strong>de</strong> que muitasconcessionárias contratam funcionários que tenham pelo menos o ensino médio. Eno PNMFN gran<strong>de</strong> parte dos entrevistados que fizeram o curso eram da turmaoferecida exclusivamente aos estudantes da Escola Arquipélago, por isso ainda nãopossuíam o ensino médio completo.Deste modo, percebeu-se que no PNI, pelo fato da gran<strong>de</strong> maioria dosentrevistados (97%) possuír<strong>em</strong> nível secundário e superior, o nível <strong>de</strong> interesse edas perguntas foi mais alto. No PNMFN, a turma composta pelos condutoresmostrou-se mais interessada que a turma dos estudantes. Os estudantes nas aulasteóricas muitas vezes estavam <strong>em</strong> conversas paralelas e como não tiveram todo oconteúdo <strong>de</strong> geografia do ensino médio, tiveram mais dificulda<strong>de</strong>s <strong>em</strong> assimilaralguns assuntos (Tabela 05 e Gráfico 09).TABELA 6 – Maior compreensão da geodiversida<strong>de</strong> da UC após a realizaçãodo cursoIndicador Casos PNI % relativo Casos PNMF % relativoSim 25 83,4 24 80Não 0 0 0 0Ainda restam dúvidas 05 16,6 06 2030 100,0 30 100,0


305GRÁFICO 10- Maior compreensão da geodiversida<strong>de</strong> da UC após arealização do cursoNesta questão, foi observado que todos os participantes agora compreend<strong>em</strong>melhor a geodiversida<strong>de</strong> da UC, já que ninguém respon<strong>de</strong>u negativamente.Entretanto, para alguns ainda restam dúvidas (5 participantes no PNI e 06 noPNMFN), o que é normal, já que geologia não é um assunto tão facilmenteassimilado, principalmente <strong>de</strong>vido aos seus termos técnicos e <strong>de</strong>sconhecidos dovocabulário <strong>de</strong> muitas pessoas (Tabela 06 e Gráfico 10).TABELA 7 – Informações suficientes para a interpretação do ambiente <strong>em</strong>relação aos aspectos <strong>geológico</strong>s e geomorfológicos da UCIndicador Casos PNI % relativo Casos PNMF % relativoSim 16 53,4 14 46,7Não 02 6,7 05 17Ainda não se senteseguro12 40 11 36,3Total 30 100,0 30 100,0


306GRÀFICO 11- Informações suficientes para a interpretação do ambiente <strong>em</strong>relação aos aspectos <strong>geológico</strong>s e geomorfológicos da UCMas não basta compreen<strong>de</strong>r melhor a geodiversida<strong>de</strong> e a importância do<strong>patrimônio</strong> <strong>geológico</strong> da UC e sim sentir-se suficient<strong>em</strong>ente informado e capacitadopara repassar essas informações corretamente aos visitantes. Seguindo essapr<strong>em</strong>issa, verificamos que após a realização do curso gran<strong>de</strong> parte (53,4% no PNI e46,7% no PNMFN) sente-se seguro para interpretar o ambiente <strong>em</strong> relação aosaspectos <strong>geológico</strong>s e geomorfológicos. No PNMFN esse número certamente foimenor <strong>de</strong>vido ao fato dos estudantes ainda não ter<strong>em</strong> concluído o ensino médio,portanto não assimilaram completamente assuntos que ainda não estudaram. Dequalquer modo, <strong>em</strong> ambos os parques, uma pequena parcela ainda possui dúvidas,o que só corrobora o fato <strong>de</strong> que treinamentos como esse <strong>de</strong>v<strong>em</strong> ser contínuos efreqüentes (Tabela 07 e Gráfico 11).TABELA 8 – Consi<strong>de</strong>ra importante esse tipo <strong>de</strong> capacitaçãoIndicador Casos PNI % relativo Casos PNMF % relativoNão 0 0 0 0Sim 30 100 30 10030 100,0 30 100,0E verificou-se que a totalida<strong>de</strong> dos participantes, tanto do PNI, quanto doPNMFN, apreciou a iniciativa, pois a consi<strong>de</strong>rou como importante (Tabela 08).


307Entre os pontos positivos do curso no PNI os mais citados foram aqualificação dos professores envolvidos, os incentivos aos questionamentosdiretamente <strong>em</strong> campo e a possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> sanar as dúvidas diretamente comespecialistas e principalmente o favorecimento na compreensão da UC, principalferramenta <strong>de</strong> trabalho dos cursistas. No PNFMN os pontos positivos citados foramas saídas <strong>de</strong> campo, o material entregue <strong>em</strong> forma <strong>de</strong> apostila, a dinâmica utilizadae os ví<strong>de</strong>os que foram passados visando a compreensão dos aspectos vulcânicosdo arquipélago, o conhecimento dos professores, a interação e aproximação entre ogrupo e principalmente a melhor compreensão da geodiversida<strong>de</strong> da UC.Já as críticas feitas no PNI englobaram principalmente a pouca duração docurso, muito barulho no PIGD próximo ao elevador (ao lado do Salto Floriano) e alinguag<strong>em</strong> técnica muitas vezes utilizada, por mais que se tenha procurado utilizartermos mais acessíveis. No PNMFN as críticas também foram a respeito dalinguag<strong>em</strong>, pouco t<strong>em</strong>po <strong>de</strong> duração do curso e foram citadas também aheterogeneida<strong>de</strong> da turma e as conversas paralelas (mais comum entre osadolescentes).As sugestões realizadas pelos cursistas no PNI foram a <strong>de</strong> aumentar aduração do curso, usar um microfone ou megafone <strong>em</strong> alguns PIGDS e realizarcursos com outras t<strong>em</strong>áticas relacionada a áreas naturais. No PNMFN foramsugeridas ainda mais saídas a campo, a realização <strong>de</strong> uma palestra na escola paratodos os professores, aumentar a duração do curso, realizar um intercâmbio <strong>de</strong>informações com outras UCs que já <strong>de</strong>senvolv<strong>em</strong> o geoturismo e usar linguag<strong>em</strong>menos técnica. Todas as sugestões foram pertinentes e próximos cursos voltados àcapacitação <strong>de</strong> condutores po<strong>de</strong>riam utilizar tais sugestões.6.2.1.4 O papel dos Condutores <strong>em</strong> UCsO papel do condutor <strong>de</strong> visitantes <strong>em</strong> roteiros interpretativos (no sentidoturístico e educativo) é fundamental, pois eles são os principais elos entre os turistase a Unida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Conservação; assim, a ativida<strong>de</strong> que será realizada <strong>de</strong>pen<strong>de</strong> dacapacida<strong>de</strong> <strong>de</strong>ssas pessoas. Portanto, além dos conhecimentos <strong>em</strong> relação àgeologia e geomorfologia é importante que os condutores também possuam


308conhecimentos culturais gerais232 e conhecimentos práticos (incluindo técnicas <strong>de</strong>comunicação233, linguajar a<strong>de</strong>quado, dinâmicas <strong>de</strong> grupo, entre outros).De qualquer modo, os condutores <strong>de</strong>v<strong>em</strong> transmitir conhecimentospertinentes e a<strong>de</strong>quados, pois além <strong>de</strong> conduzir, <strong>de</strong>ntro da UC ele também<strong>de</strong>s<strong>em</strong>penha o papel <strong>de</strong> professor. Assim, o condutor <strong>de</strong>ve possuir osconhecimentos a<strong>de</strong>quados para respon<strong>de</strong>r as dúvidas dos visitantes, que acabamrecebendo informações como se fosse um aluno. E a partir do momento <strong>em</strong> que atransmissão da informação é realizada <strong>de</strong> maneira simples torna-se mais fácil <strong>de</strong>assimilar.Além disso, as funções e responsabilida<strong>de</strong>s do condutor inclu<strong>em</strong> conhecerb<strong>em</strong> o caminho e ter informações claras e precisas sobre ele, cuidar do grupo (tantofísica quanto psicologicamente) e principalmente cuidar da natureza, cabendo a elevigiar seu grupo quanto ao bom comportamento, educando os visitantes quanto aocorreto modo <strong>de</strong> visitar a natureza234.A ética na profissão é fundamental, portanto os condutores <strong>de</strong>v<strong>em</strong> terserieda<strong>de</strong> no trabalho, mantendo o bom humor, e jamais se omitindo <strong>em</strong> questõestécnicas ou pessoais que afet<strong>em</strong> a segurança da caminhada. Dev<strong>em</strong> tambémconduzir todos <strong>de</strong> forma igualitária, s<strong>em</strong> preferências, sendo que atenções especiais<strong>de</strong>v<strong>em</strong> ser <strong>de</strong>stinadas somente a pessoas que possuam probl<strong>em</strong>as físicos. Alémdisso, para ser um bom condutor, é importante que ele seja paciente, discreto,simpático, sociável, eficiente, pontual, saudável, lí<strong>de</strong>r, imparcial, extrovertido, flexível232 Esses conhecimentos pod<strong>em</strong> englobar aspectos da geografia, história, folclore, economia, datase festas importantes, atrativos turísticos entre outros conhecimentos gerais sobre a região.233 Em relação às técnicas na hora <strong>de</strong> falar <strong>em</strong> ambientes abertos, no caso da interpretação do<strong>patrimônio</strong> <strong>geológico</strong>, é importante que o condutor esteja posicionado <strong>de</strong> frente para o grupo e <strong>de</strong>costas para o atrativo, para que condutor e atrativo sejam vistos simultaneamente. A sinalização <strong>de</strong>veser correta (“a minha direita”, “a minha esquerda”), as informações <strong>de</strong>v<strong>em</strong> ser breves e iniciadasquando a maioria dos turistas chegar ao seu “campo <strong>de</strong> voz”.234 Para uma boa trilha, é importante que o grupo seja pequeno (grupos gran<strong>de</strong>s são probl<strong>em</strong>áticospara conduzir). O condutor <strong>de</strong>ve chegar <strong>de</strong> 10 a 15 minutos antes <strong>de</strong> iniciar a trilha e reunir o grupo<strong>em</strong> círculo para transmitir as informações iniciais. Durante a realização da trilha é importante que ogrupo an<strong>de</strong> <strong>em</strong> fila indiana, evitando o alargamento das trilhas, e que as paradas sejam feitas <strong>em</strong>pontos estratégicos para a interpretação do ambiente, ou seja, preferencialmente nos Pontos <strong>de</strong>Interesse Geo-didáticos. Essas paradas também <strong>de</strong>v<strong>em</strong> ser feitas quando o condutor sentir que ogrupo está excessivamente cansado e quando há necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> alimentação, explicações,apreciação da paisag<strong>em</strong> e transposição <strong>de</strong> obstáculos. Outras recomendações inclu<strong>em</strong> oesclarecimento sobre as ativida<strong>de</strong>s que serão <strong>de</strong>senvolvidas durante a caminhada, a necessida<strong>de</strong><strong>em</strong> trazer <strong>de</strong> volta todo o lixo gerado, alertas sobre o ato <strong>de</strong> caminhar <strong>em</strong> terrenos irregulares eescorregadios e a checag<strong>em</strong> sobre o material necessário para a realização da trilha (calçadoa<strong>de</strong>quado, chapéu ou boné, protetor solar, repelente, água etc).


309e educado. Também <strong>de</strong>ve possuir tato, capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> <strong>de</strong>cisão, facilida<strong>de</strong> para falare boa dicção.E como a comunicação é o centro, e o condutor é este elo entre o visitante eo ambiente natural, ao realizar seu trabalho, estará ajudando-o, protegendo orecurso, incentivando a conscientização ambiental, além <strong>de</strong> fomentar ativida<strong>de</strong>seducativas. Assim, através do curso foi proporcionado um incr<strong>em</strong>ento educativo einterpretativo que atingirá não só os visitantes, mas principalmente os condutores,responsáveis pela qualida<strong>de</strong> da experiência oferecida aos visitantes.Desta forma, a realização dos cursos constituiu um primeiro passo e, comessa capacitação, os condutores pu<strong>de</strong>ram conhecer ainda mais sobre o ambiente<strong>geológico</strong> das UCs, po<strong>de</strong>ndo agora interpretar e repassar ainda mais informaçõessobre o <strong>patrimônio</strong> <strong>geológico</strong>.6.2.2 EXCURSÕES E ROTEIROS VOLTADOS PARA OS ASPECTOSGEOLÓGICOSValoriza-se mais aquilo que se conhece, portanto <strong>de</strong>ve-se estimular turistas ea comunida<strong>de</strong> local, para que conheçam os atrativos geoturísticos da região, eaqueles que já visitaram as Unida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> Conservação, que a visit<strong>em</strong> novamente,aproveitando para conhecê-las sob esse novo enfoque, voltado para o <strong>patrimônio</strong><strong>geológico</strong>.No caso das saídas <strong>de</strong> campo realizadas por professores, o que se observa éque muitos <strong>de</strong>sses roteiros não possu<strong>em</strong> funções didáticas, são meros “passeios”on<strong>de</strong> não há o comprometimento <strong>em</strong> relação ao aprendizado. Muitas vezes sãosaídas realizadas no final do ano, tendo um caráter mais festivo do que educativo,on<strong>de</strong> trabalhos <strong>de</strong> campo são inexistentes ou estão <strong>em</strong> segundo plano. Contudo,tais saídas, se realizadas voltadas para os aspectos da geodiversida<strong>de</strong>, pod<strong>em</strong>servir como ativida<strong>de</strong> educativa interdisciplinar235.235 Po<strong>de</strong>-se trabalhar além <strong>de</strong> conteúdo voltado para as geociências, aspectos ligados a disciplina<strong>de</strong> biologia, mat<strong>em</strong>ática e química.


310Para corroborar o fato <strong>de</strong> que tais aspectos são atrativos <strong>em</strong> roteiros eexcursões voltadas para o <strong>patrimônio</strong> <strong>geológico</strong>, uma das questões dizia respeito àparticipação <strong>em</strong> roteiros enfocando esse <strong>patrimônio</strong>.Foi verificado que há ointeresse na participação <strong>em</strong> ativida<strong>de</strong>s como essas, e esse potencial precisa seraproveitado, tanto <strong>em</strong> ativida<strong>de</strong>s turísticas como educativas, ambas interpretativas.Tal afirmação foi confirmada na pesquisa realizada com os visitantes do PNI ePEVV, on<strong>de</strong> os mesmos foram questionados se participariam ou não <strong>de</strong> roteiros queenfocass<strong>em</strong> os aspectos <strong>geológico</strong>s e geomorfológicos no Paraná.TABELA 9 – Participação <strong>em</strong> roteiros enfocando o Patrimônio GeológicoIndicador Casos PNI % relativo Casos PNMF % relativoSim 287 95,7 112 97,4Não 13 4,3 3 2,6Total 300 100,0 115 100,0GRÁFICO 12- Participação <strong>em</strong> roteiros enfocando o Patrimônio GeológicoPortanto, os resultados mostraram que quase a totalida<strong>de</strong> dos entrevistadosparticiparia <strong>de</strong> roteiros que enfocass<strong>em</strong> os aspectos <strong>geológico</strong>s e geomorfológicos.Tal resposta d<strong>em</strong>onstra que há esse gran<strong>de</strong> potencial a ser explorado pelos <strong>de</strong>stinosturísticos que possu<strong>em</strong> aspectos notáveis da geodiversida<strong>de</strong>. No caso do PNI, aresposta negativa foi maior (4,3%) o que po<strong>de</strong> se dar ao fato <strong>de</strong> que gran<strong>de</strong> partedos entrevistados eram estrangeiros, que v<strong>em</strong> ao país com um roteiro já pré<strong>de</strong>terminado(Tabela 09 e Gráfico 12).


311Deste modo, para aproveitar esse potencial, pod<strong>em</strong> ser criados roteirosvoltados para os aspectos <strong>geológico</strong>s e realizadas excursões, <strong>de</strong>stinados adiferentes públicos, como somente professores, para professores e alunos <strong>de</strong>diversos níveis, para profissionais das geociências, visitantes e comunida<strong>de</strong> etambém para visitantes com interesse mais especifico, como são os geoturistas.Entretanto, para a elaboração <strong>de</strong> roteiros e excursões voltadas para os aspectos<strong>geológico</strong>s é extr<strong>em</strong>amente importante a parceria entre profissionais dasgeociências e do turismo. Entre as parcerias que pod<strong>em</strong> ser convidadas para esteplanejamento inclu<strong>em</strong>-se os <strong>de</strong>partamentos <strong>de</strong> geologia, geografia e turismo <strong>de</strong>Universida<strong>de</strong>s Estaduais e Fe<strong>de</strong>rais, associações <strong>de</strong> municípios, socieda<strong>de</strong>s <strong>de</strong>geologia e geomorfologia, secretarias <strong>de</strong> Estado <strong>de</strong> Meio Ambiente e Turismo,órgãos como o Serviço Geológico do Brasil (CPRM) e suas filiais estaduais.O planejamento <strong>de</strong>ve conter os seguintes passos:- Definir um pré-roteiro, baseando-se nos principais atrativos e Pontos <strong>de</strong>Interesse Geo-Didáticos previamente estabelecidos;- Coletar dados sobre os locais a ser<strong>em</strong> visitados. Tais dados pod<strong>em</strong> serencontrados <strong>em</strong> trabalhos científicos, inventários turísticos, Planos <strong>de</strong> Manejo <strong>de</strong>UCs, entre outros.- Elaborar um Guia <strong>de</strong> Campo com as informações pertinentes;- Realizar uma simulação <strong>de</strong> todo o trajeto, verificando o grau <strong>de</strong> dificulda<strong>de</strong>no acesso aos principais pontos <strong>de</strong> interesse, o t<strong>em</strong>po e a distância a ser percorrida,horário <strong>de</strong> início e término das ativida<strong>de</strong>s e o número e duração <strong>de</strong> pausas para<strong>de</strong>scanso;- Averiguar pessoalmente as condições do serviço prestado e a qualida<strong>de</strong> aser<strong>em</strong> oferecidas pelos restaurantes, hotéis e pousadas integrantes do roteiro;- Realizar uma avaliação após o <strong>de</strong>senvolvimento da ativida<strong>de</strong>, on<strong>de</strong> o feedbackdos participantes possa auxiliar na constatação dos resultados obtidos,dificulda<strong>de</strong>s enfrentadas, perspectivas <strong>de</strong> reedição e <strong>de</strong> aprofundamento dosestudos.


312Assim, após a verificação <strong>de</strong>stes aspectos, os roteiros e excursões pod<strong>em</strong> sersugeridos e implantados <strong>em</strong> parceria com agências <strong>de</strong> receptivo locais. Mas, <strong>de</strong>qualquer modo, é importante que a capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> carga dos pontos utilizados nãoseja excedida e para aqueles locais que ainda não possu<strong>em</strong> tais cálculos osmesmos <strong>de</strong>v<strong>em</strong> ser efetuados. Além disso, é necessário que as ativida<strong>de</strong>s sejams<strong>em</strong>pre acompanhadas por profissionais treinados (o que se não ocorrer, po<strong>de</strong>comprometer os resultados a ser<strong>em</strong> obtidos) a disponibilização <strong>de</strong> materialpertinente aos locais que serão visitados, juntamente com um mapa.Deste modo, é um conjunto <strong>de</strong> t<strong>em</strong>as <strong>geológico</strong>s e geomorfológicos quepod<strong>em</strong> ser trabalhados durante um roteiro e excursão que faz<strong>em</strong> com que a saídaseja melhor <strong>de</strong>sfrutada. Em alguns casos, po<strong>de</strong>-se inclusive utilizar meios <strong>de</strong>transporte não poluentes, como bicicletas e caiaques. No caso das trilhasinterpretativas a ser<strong>em</strong> feitas à pé, é necessário consi<strong>de</strong>rar as diferentesmodalida<strong>de</strong>s e categorias <strong>de</strong> caminhadas que possam ser realizadas na região, taiscomo as caminhadas curtas, caminhadas longas e também as travessias.Agências <strong>de</strong> turismo receptivo pod<strong>em</strong> ser utilizadas para a comercialização 236dos roteiros, sendo que a divulgação dos roteiros po<strong>de</strong> ser feita <strong>em</strong> conjunto comórgãos oficiais <strong>de</strong> turismo. Outra estratégia para a divulgação do PatrimônioGeológico e dos roteiros e excursões que pod<strong>em</strong> ser realizados na região são osFam-tours 237 para jornalistas <strong>de</strong> jornais e revistas <strong>de</strong> turismo e meio ambiente, b<strong>em</strong>como o envio <strong>de</strong> releases sobre o t<strong>em</strong>a aos órgãos <strong>de</strong> imprensa.Assim sendo, são sugeridos cinco roteiros, cada um com um dia <strong>de</strong> duração, equatro excursões, sendo três <strong>de</strong>nominadas “Geo-final <strong>de</strong> s<strong>em</strong>ana” e uma comduração <strong>de</strong> quatro dias, todas nas UCs aqui tratadas e também englobando atrativosda Região dos Campos Gerais (Anexo 07).6.2.3 PALESTRAS236 Para a realização <strong>de</strong>stes roteiros, no âmbito <strong>de</strong>sta tese, foi convidada a agência <strong>de</strong> TurismoReceptivo Rutas que auxiliou na elaboração do tarifário. Além disso, a Rutas mostrou-se interessada<strong>em</strong> comercializar os roteiros paranaenses, sendo importante parceira também no que diz respeito adivulgação <strong>de</strong>stes roteiros para as operadoras <strong>de</strong> turismo e instituições <strong>de</strong> ensino estimulando aindamais o fluxo geoturistico.237 “ Familiarization Tours” ou seja, roteiros oferecidos gratuitamente para profissionais.


313Como um meio interpretativo compl<strong>em</strong>entar, as palestras não <strong>de</strong>v<strong>em</strong> seresquecidas. Ativida<strong>de</strong>s como essas <strong>de</strong>v<strong>em</strong> ser disponibilizadas aos visitantes e dacomunida<strong>de</strong>, para incr<strong>em</strong>entar ainda mais a divulgação do <strong>patrimônio</strong> <strong>geológico</strong> daUC. Além das palestras propriamente ditas, pod<strong>em</strong> ser realizadas palestras maiscurtas e informais, como os “talks” norte-americanos.Outrossim, <strong>em</strong> parcerias com instituições <strong>de</strong> ensino, pod<strong>em</strong> ser criadoseventos nas UCs voltados para o <strong>patrimônio</strong> <strong>geológico</strong>, com periodicida<strong>de</strong> anual ous<strong>em</strong>estral, on<strong>de</strong> palestrantes pod<strong>em</strong> ser convidados e pesquisadores pod<strong>em</strong>apresentar seus trabalhos. Tais palestras nesse caso servirão como meio educativonão somente para visitantes e outros interessados, mas também como uma forma<strong>de</strong> divulgação do resultado das pesquisas que são realizadas na UC e entorno, tantopara a comunida<strong>de</strong> quanto para funcionários.No caso do PEVV, programações como essas po<strong>de</strong>rão ser realizadas noamplo espaço do Museu, a ser inaugurado. No PNI há a possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> utilizar oAuditório do ICMBio ou a Escola <strong>de</strong> Educação Ambiental. E no PNMFN o Auditóriodo Centro <strong>de</strong> Visitantes do Projeto Tamar-ICMBio é o local i<strong>de</strong>al, pois já abre esteespaço para a realização <strong>de</strong> palestras por pesquisadores, para que divulgu<strong>em</strong> suaspesquisas na programação especial s<strong>em</strong>anal (quintas e sábados).No âmbito <strong>de</strong>sta tese, <strong>em</strong> março <strong>de</strong> 2008 foram ministradas três palestras noCentro <strong>de</strong> Visitantes do Projeto Tamar – ICM Bio, <strong>em</strong> Fernando <strong>de</strong> Noronha, sobreos t<strong>em</strong>as Geoparques, Geoturismo e Interpretação Ambiental, juntamente com osprincipais aspectos <strong>geológico</strong>s e geomorfológicos da UC. Após a realização dasmesmas, percebeu-se que o t<strong>em</strong>a é atraente, baseando-se no feed-back dosparticipantes.Deste modo, pod<strong>em</strong> ser trabalhados os t<strong>em</strong>as conforme a especificida<strong>de</strong> daUC. Como ex<strong>em</strong>plos: Orig<strong>em</strong> das formas <strong>de</strong> superfície no PEVV; As geleiras e aspectos ligados ao varvito (PEVV); Como a paisag<strong>em</strong> atual foi originada (PEVV, PNI e PNMFN);


314 Como foi o vulcanismo que aconteceu na região (PNI e PNMFN); Rio Iguaçu e a formação das Cataratas (PNI); Orig<strong>em</strong> dos monumentos <strong>geológico</strong>s do Arquipélago (PNMFN);Além <strong>de</strong>sses t<strong>em</strong>as específicos para cada UC, outros t<strong>em</strong>as sugeridos parapalestras são sobre t<strong>em</strong>as como a Deriva Continental, os dinossauros e suaextinção, o papel do geólogo nas UCs, meios interpretativos e a geologia, entreoutros.6.2.4 MATERIAL IMPRESSOAs UCs brasileiras carec<strong>em</strong> <strong>de</strong> material impresso relativo não somente aosaspectos <strong>geológico</strong>s, e sim <strong>de</strong> um modo geral. São necessários guias <strong>de</strong> campo,fol<strong>de</strong>rs, mapas, livros <strong>de</strong> fotos, livros científicos,entre outros, voltados para o públicoleigo e interessados. Além disso, é necessária também uma maior divulgação daspesquisas cientificas que v<strong>em</strong> sendo e já foram realizadas na UC, o que po<strong>de</strong> serfeito com o auxílio <strong>de</strong> uma revista cientifica, <strong>em</strong> parceria com instituições <strong>de</strong> ensinosuperiores.Para ex<strong>em</strong>plificar alguns <strong>de</strong>sses materiais impressos que pod<strong>em</strong> serutilizados como meios interpretativos voltados aos aspectos do PatrimônioGeológico, guias <strong>de</strong> campo (Anexo 13), fol<strong>de</strong>rs (Anexo 10) e os cartões postais(Anexo 08) foram elaborados.6.2.4.1 Guias <strong>de</strong> Bolso <strong>de</strong> GeologiaOs “ Guias <strong>de</strong> bolso” aqui apresentados (Anexo 13) t<strong>em</strong> como objetivo adivulgação do <strong>patrimônio</strong> <strong>geológico</strong>, para tanto, utilizam-se <strong>de</strong> informaçõesgeológicas e geomorfológicas coletadas por geólogos e outros pesquisadores,juntamente com as informações coletadas <strong>em</strong> campo. O Guia, composto por 37cartas no tamanho <strong>de</strong> um calendário <strong>de</strong> bolso (6,5 cm X 9 cm), possui esse formato


315para ser utilizado <strong>em</strong> saídas <strong>de</strong> campo e durante a realização das trilhas, principalativida<strong>de</strong> turística realizada <strong>em</strong> gran<strong>de</strong> parte das UCs.Neste mo<strong>de</strong>lo (<strong>em</strong> anexo), o guia contém: Capa, Símbolos 238 , MapaGeológico simplificado, cartas contendo as características principais e os aspectos<strong>geológico</strong>s e geomorfológicos da UC, Referências Bibliográficas, carta sobre o queé o geoturismo, carta explicando os objetivos do Guia <strong>de</strong> Bolso e en<strong>de</strong>reço paracontato (e-mail e website) e carta contendo logomarca das instituições e alogomarca sugerida para a Re<strong>de</strong> Brasileira <strong>de</strong> Geoparques;A linguag<strong>em</strong> utilizada procurou ser a mais acessivel possivel, no intuito <strong>de</strong>atingir diversos públicos a que se <strong>de</strong>stina o guia, atraindo e divulgando asgeociências aos leigos, através <strong>de</strong> um meio interpretativo <strong>em</strong> formato inovador.Cabe aqui ressaltar que os guias nao se <strong>de</strong>stinam somente aos turistas, mastamb<strong>em</strong> aos condutores <strong>de</strong> turismo, <strong>em</strong>presários e funcionários do tra<strong>de</strong> turístico,estudantes e professores, entre outros. E a sua utilização não se restringe àssaídas <strong>de</strong> campo, po<strong>de</strong>ndo ser <strong>em</strong>pregado <strong>em</strong> ativida<strong>de</strong>s educativas e é por issoque guias como esse <strong>de</strong>v<strong>em</strong> ser elaborados com o auxilio <strong>de</strong> profissionais dasgeociências.Deste modo, a criação <strong>de</strong> um meio interpretativo como o Guia <strong>de</strong> Bolso <strong>de</strong>Geologia é importante pelo fato <strong>de</strong> que se po<strong>de</strong> divulgar ainda mais os aspectos<strong>geológico</strong>s e geomorfológicos da UC, é um meio para angariar recursos, serve comouma l<strong>em</strong>brança da visita e po<strong>de</strong> servir como estímulo para o surgimento <strong>de</strong> novospesquisadores <strong>em</strong> geociências.6.2.4.2 Fol<strong>de</strong>rs interpretativos:A elaboração <strong>de</strong> fol<strong>de</strong>rs po<strong>de</strong> ser realizada levando-se <strong>em</strong> consi<strong>de</strong>ração asinformações utilizadas nos outros meios interpretativos. Os fol<strong>de</strong>rs, neste caso,pod<strong>em</strong> servir como meio interpretativo para visitantes que não optar<strong>em</strong> pela compra<strong>de</strong> outros meios (como o guia <strong>de</strong> bolso, por ex<strong>em</strong>plo), e que mesmo assim <strong>de</strong>sejamlevar informação sobre a geologia da UC. Além disso, serv<strong>em</strong> como material <strong>de</strong>238 Os símbolos utilizados são aqueles apresentados no Guia Brasileiro <strong>de</strong> Sinalização Turistica(EMBRATUR, 2001 B), sendo a linguag<strong>em</strong> pictográfica padronizada internacionalmente, favorecendoa sua compreenssão, in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>nt<strong>em</strong>ente da orig<strong>em</strong> e do idioma do turista.


316divulgação da geodiversida<strong>de</strong> da UC, po<strong>de</strong>ndo ser enviado a instituições <strong>de</strong> ensino,jornalistas, agencias <strong>de</strong> turismo receptivo, entre outros. Deste modo, é importanteque sejam confeccionados também <strong>em</strong> outras línguas, e que s<strong>em</strong>pre estejamdisponíveis.O fol<strong>de</strong>r que acompanha esta tese (<strong>em</strong> anexo), é voltado aos aspectosinterpretativos e educacionais do Patrimônio Geológico do Parque Nacional doIguaçu. Para tanto, contém um mapa com os Pontos <strong>de</strong> Interesse Geo-Didático einformações sobre el<strong>em</strong>entos do <strong>patrimônio</strong> <strong>geológico</strong> que pod<strong>em</strong> ser observadosna UC.6.2.4.3 Cartão PostalOs cartões postais geralmente são l<strong>em</strong>branças que agradam os visitantes.Muitas vezes utilizam fotos <strong>de</strong> paisagens dominadas pelos el<strong>em</strong>entos significativosdo <strong>patrimônio</strong> <strong>geológico</strong>, e não inclu<strong>em</strong> n<strong>em</strong> mesmo uma frase sobre a UC, somenteo nome do atrativo. Neste caso os el<strong>em</strong>entos <strong>de</strong> geodiversida<strong>de</strong> também pod<strong>em</strong> sermelhor aproveitados, pois pod<strong>em</strong> ser inseridas frases sobre a geologia egeomorfologia do local.Parcerias com <strong>em</strong>presas, fundações e instituições <strong>de</strong> ensino sãorecomendadas para viabilizar o oferecimento gratuito dos cartões, <strong>em</strong> troca dacolocação <strong>de</strong> um logotipo d<strong>em</strong>onstrando a parceria. E a comunida<strong>de</strong> po<strong>de</strong> serestimulada a participar através <strong>de</strong> um concurso <strong>de</strong> fotos para escolher as fotos aintegrar<strong>em</strong> <strong>de</strong>terminada tirag<strong>em</strong>.6.2.5 PAINÉIS INTERPRETATIVOSEm gran<strong>de</strong> parte das UCs brasileiras não há painéis interpretativos voltadospara os aspectos <strong>geológico</strong>s. No Paraná, tal fato é diferente. Assim, por ser<strong>em</strong> osúnicos meios interpretativos atualmente disponíveis no PNI e PEVV, voltados para ainterpretação do ambiente <strong>geológico</strong> e para o público visitante, foram aplicadosquestionários com questões referentes aos painéis interpretativos implantados pela


317Mineropar, tanto no PNI quanto no PEVV. Deste modo, foram elaboradas questõessobre a leitura do painel, apreciação ou não do mesmo, o auxilio na compreensãosobre a UC e a importância <strong>de</strong>sse meio interpretativo, analisadas a seguir.TABELA 10- Leitura do Painel interpretativo da MineroparIndicador Casos PNI % relativo Casos PEVV % relativoSim 93 31,0 70 66,6Não 207 69,0 45 33,4Total 300 100 105 100GRÀFICO 13- Leitura do Painel interpretativo da MineroparNo caso do PNI, gran<strong>de</strong> maioria dos entrevistados (69%) não leu o painel. Jáno PEVV aconteceu o contrário, 66,6% dos entrevistados leram o painel. Tal fatopo<strong>de</strong> ter se dado <strong>de</strong>vido à localização do painel. No PEVV, um <strong>de</strong>les está localizadologo ao lado do ponto <strong>de</strong> ônibus, e como os ônibus não são tão freqüentes como noPNI, o painel po<strong>de</strong> ter <strong>de</strong>spertado a curiosida<strong>de</strong> no momento da espera (Tabela 10 eGráfico 13).Mas, <strong>de</strong> qualquer modo, tanto no caso do PNI quanto no PEVV, os painéispo<strong>de</strong>riam ser melhor aproveitados <strong>em</strong> ativida<strong>de</strong>s interpretativas e atrair mais aatenção se ao invés <strong>de</strong> conter todas as informações <strong>em</strong> somente um painel, essas


318informações estivess<strong>em</strong> divididas <strong>em</strong> painéis menores, contendo uma idéia principale figuras.TABELA 11- Porque não leu o painelIndicadorCasosPNI%relativoCasosPEVV%relativoNão viu 107 51,6 21 46,6Não teve t<strong>em</strong>po 55 26,6 15 33,3Não se interessa por essesaspectos 209,71 2,2Não gosta <strong>de</strong> ler painéis 10 4,9 1 2,2Outros 10 4,9 7 15,7Total 202 100 45 100GRÁFICO 14- Porque não leu o painelNo PNI, quando perguntados sobre o motivo por não ter lido o painel, mais dameta<strong>de</strong> dos entrevistados respon<strong>de</strong>u que não o viu. Entretanto, tal resposta no PNIé uma mera “<strong>de</strong>sculpa” pela falta <strong>de</strong> interesse <strong>em</strong> ver o painel, pois fica muito difícilnão perceber o painel na plataforma <strong>de</strong> <strong>em</strong>barque na entrada (local obrigatório <strong>de</strong>passag<strong>em</strong> para todos que entram no parque), ou o que está localizado na Trilha dasCataratas e por fim o que está próximo à Estação Porto Canoas. Em segundaopção, com mais <strong>de</strong> 20% das respostas estava a falta <strong>de</strong> t<strong>em</strong>po, compreensívelquando <strong>em</strong> visita a uma cida<strong>de</strong> que apresenta diversos atrativos e <strong>em</strong> face a umpainel gran<strong>de</strong> e com excesso <strong>de</strong> informações. Com 9,7% estiveram os visitantes que


319não t<strong>em</strong> interesse nesse tipo <strong>de</strong> painel, seguidos daqueles que não gostam <strong>de</strong> lerpainéis (4,9%) e outros, com respostas que incluíram: aula <strong>de</strong> campo, chuva, estava<strong>em</strong> serviço, ou havia muita gente <strong>em</strong> frente ao painel.Já no PEVV, o número <strong>de</strong> entrevistados que respon<strong>de</strong>u a esta questão foimuito menor (45 pessoas). Desse total, 46,6%, tanto quanto no PNI, também alegounão ter visto o painel, entretanto, um <strong>de</strong>les está localizado próximo ao Centro <strong>de</strong>Visitantes, passag<strong>em</strong> obrigatória após o estacionamento, e o outro próximo ao ponto<strong>de</strong> ônibus, como citado anteriormente. Em seguida, o motivo <strong>de</strong> não ter<strong>em</strong> lido opainel é a falta <strong>de</strong> t<strong>em</strong>po (33,3 %), o que po<strong>de</strong> estar relacionado ao fato <strong>de</strong> quecomo o PEVV encontra-se a beira <strong>de</strong> uma rodovia, muitos dos seus visitantes estão<strong>de</strong> passag<strong>em</strong> e resolv<strong>em</strong> parar para visitar o Parque, <strong>de</strong>ste modo realizamrapidamente a visita e segu<strong>em</strong> viag<strong>em</strong>, não se interessando por painéis lotados <strong>de</strong>informação. O quesito “outros” v<strong>em</strong> <strong>em</strong> terceiro lugar (15,7%), on<strong>de</strong> as respostasobtidas refer<strong>em</strong>-se a condições climáticas (a chuva, pois não há cobertura próximaao painel), e as aulas <strong>de</strong> campo (o que não <strong>de</strong>veria impossibilitar a sua leitura e simpelo contrário, os painéis <strong>de</strong>veriam ser utilizados como ferramenta educativa einterpretativa pelo professor). Somente um entrevistado respon<strong>de</strong>u que não gosta <strong>de</strong>ler painéis (2,2%) e outro que não se interessa por esses aspectos (2,2%) (Tabela11 e Gráfico 14).TABELA 12- Gostou do painelIndicador Casos PNI % relativo Casos PEVV % relativoSim 80 86 59 84,0Não 13 14 11 16,0Total 300 100 105 100


320GRÁFICO 15- Gostou do painel ?Entre aqueles que leram, gran<strong>de</strong> maioria dos entrevistados gostou do painel,num total <strong>de</strong> mais <strong>de</strong> 80% para ambas as UCS. Tal resposta d<strong>em</strong>onstra que o painelv<strong>em</strong> agradando aqueles que se interessam <strong>em</strong> lê-lo, sendo um meio interpretativoque po<strong>de</strong> ser eficaz, se presente e b<strong>em</strong> elaborado (Tabela 12 e Gráfico 15).Mas, quando um painel não atinge as suas expectativas e não é lido por partedo público, isto po<strong>de</strong> ocorrer pelo fato <strong>de</strong> que o painel está mal localizado, seu<strong>de</strong>sign não é atrativo, as letras são muito pequenas e os textos são muito extensos etécnicos. Alguns são tão complexos que geoturistas e geólogos pod<strong>em</strong> nãocompreen<strong>de</strong>r.TABELA 13- Porque não apreciou o painel?Indicador Casos PNI % relativo Casos PEVV % relativoNão enten<strong>de</strong>u 1 7,7 0 0Muito gran<strong>de</strong> o texto 4 30,7 4 36,3Texto nao é chamativo 3 23,1 3 27,3Linguag<strong>em</strong> usada é4 36,35 38,5muito técnicaTotal 13 100,0 11 100,0


321GRÁFICO 16- Porque não apreciou o painel?Apesar da pequena amostrag<strong>em</strong>, foi observado que no PNI o maior índice <strong>de</strong>rejeição ao painel se <strong>de</strong>veu ao fato <strong>de</strong> que aqueles que leram, não gostaram dotexto pelo mesmo ser muito técnico (38,60%). Em seguida, as críticas foram <strong>de</strong>vidoao fato <strong>de</strong> que o texto é muito gran<strong>de</strong> (30,70%), não é chamativo (23,10%) esomente 7,7 % não gostaram do painel porque não o enten<strong>de</strong>u. No PEVV gran<strong>de</strong>parte dos entrevistados consi<strong>de</strong>rou muito gran<strong>de</strong> o texto do painel e com linguag<strong>em</strong>muito técnica (36,30%), já 27,3% consi<strong>de</strong>raram o fato do texto não ser chamativo(Tabela 13 e Gráfico 16).TABELA 14- Painel ajudou a enten<strong>de</strong>r mais sobre o ParqueIndicador Casos PNI % relativo Casos PEVV % relativoSim 90 96,7 60 85,7Não 3 3,3 10 14,3Total 93 100,0 70 100,0


322GRÁFICO 17- Painel ajudou a enten<strong>de</strong>r mais sobre o ParqueNo caso da compreensão do Parque, por intermédio dos painéisinterpretativos, verificou-se que este meio interpretativo, para aqueles que leram,surtiu efeitos positivos. Apesar das <strong>de</strong>ficiências citadas por aqueles que nãoapreciaram o painel, quase a totalida<strong>de</strong> dos entrevistados (96,7% no PNI e 85,7% noPEVV) consi<strong>de</strong>rou que compreen<strong>de</strong>u melhor os aspectos <strong>geológico</strong>s da UC, após aleitura do painel. No PEVV tal número po<strong>de</strong> ter sido menor pelo fato <strong>de</strong> que aregião apresenta um passado <strong>geológico</strong> mais complexo do que o observado no PNI(Tabela 14 e Gráfico 17).TABELA 15- Acredita ser importante esse tipo <strong>de</strong> meio interpretativoIndicador Casos PNI % relativo Casos PEVV % relativoSim 287 99,3 115 100,0Não 2 0,7 0 0Total 289 100 115 100,0


323GRÁFICO 18- Acredita ser importante esse tipo <strong>de</strong> meio interpretativoDados acerca da importância <strong>de</strong> meios interpretativos pod<strong>em</strong> ser úteis noplanejamento <strong>de</strong>sses meios pelo fato <strong>de</strong> que tais dados d<strong>em</strong>onstram as preferênciaspor parte dos visitantes. Deste modo, cabe aqui ressaltar que quase a totalida<strong>de</strong> dosentrevistados no PNI (99,3%) e todos os entrevistados no PEVV consi<strong>de</strong>ramimportante esse tipo <strong>de</strong> meio interpretativo (Tabela 15 e Gráfico 18).Mas, visando uma análise mais aprofundada <strong>de</strong>sses dados, e seguindo umarecomendação feita pela banca <strong>de</strong> qualificação, algumas questões foraminterpretadas <strong>de</strong> acordo com uma análise cruzada <strong>de</strong> dados. A primeira <strong>de</strong>las dizrespeito a escolarida<strong>de</strong> e o motivo da visita.TABELA 16- Escolarida<strong>de</strong> X Motivo da Visita (PNI)lazer/turismo estudos outrosfundamental 14 0 8médio 63 6 19superior incompleto 9 0 1superior 149 8 8pos-graduação 15 0 0250 14 36


324GRÁFICO 19- Escolarida<strong>de</strong> X Motivo da visita (PNI)O que po<strong>de</strong> ser observado neste gráfico é que gran<strong>de</strong> parte dos visitantes doPNI v<strong>em</strong> ao Parque à turismo, e <strong>em</strong> sua maioria possu<strong>em</strong> o terceiro grau. Emsegundo lugar está o quesito “outros”, visto que algumas pessoas da comunida<strong>de</strong>que trabalham na UC foram entrevistadas, neste caso, tais entrevistados possu<strong>em</strong><strong>em</strong> gran<strong>de</strong> parte o nível fundamental e médio. Já as visitas relacionadas aosestudos foram as que menos ocorreram, restringindo-se ao nível superior e médio.No caso das respostas relacionadas ao nível superior, foram dadas por pessoas queestavam realizando pesquisas na UC e também professores que estavamacompanhando estudantes do ensino médio (Tabela 16 e Gráfico 19).TABELA 17- Escolarida<strong>de</strong> X Motivo da Visita (PEVV)lazer/turismo estudos outrosfundamental 13 2 0médio 11 11 2superior 35 9 0superior incompleto 25 3 0pos-graduação 4 0 088 25 2


325GRÁFICO 20- Escolarida<strong>de</strong> X Motivo da visita (PEVV)Tal como no PNI, a gran<strong>de</strong> maioria dos entrevistados no PEVV estiveram noparque para fazer turismo, sendo a maior parte composta por visitantes quepossu<strong>em</strong> o nível superior completo. Entretanto, levando-se <strong>em</strong> consi<strong>de</strong>ração onúmero <strong>de</strong> entrevistados, mais visitantes estavam na UC para realizar estudos(saídas <strong>de</strong> campo e pesquisas) do que no PNI. Isso confirma ainda mais a vocaçãoda UC para a realização <strong>de</strong> ativida<strong>de</strong>s educativas. E no quesito “outros” somentedois entrevistados que estavam a serviço na UC respon<strong>de</strong>ram esta questão.De qualquer modo, ambas as UCS são freqüentadas não só por visitantes,mas também pela comunida<strong>de</strong> e por estudantes. Os meios interpretativos sãoelaborados pensando-se nos turistas, mas também po<strong>de</strong>rão ser utilizados pelacomunida<strong>de</strong>, para que conheçam ainda mais seu <strong>patrimônio</strong> <strong>geológico</strong> e nasativida<strong>de</strong>s educativas que pod<strong>em</strong> ser realizadas <strong>em</strong> todos os níveis educacionais.TABELA 18- Leitura do painel e acompanhantes na visita (PEVV)SimNãoSozinho 4 0Família 47 14Amigos 8 5Excursão 9 3Estudantes 13 12


326GRAFICO 21-Leitura do painel e acompanhantes na visita (PEVV)No PEVV, percebeu-se que entre os que leram o painel, 100% dos queestavam visitando o parque sozinho o fizeram, o que po<strong>de</strong> ter-se dado pelo fato <strong>de</strong>que sozinhos, os visitantes tinham que esperar o ônibus e pod<strong>em</strong> ter aproveitadoeste t<strong>em</strong>po para ler. Os que estavam <strong>em</strong> excursões e com a família <strong>em</strong> gran<strong>de</strong> parteleram também, totalizando 76 e 78% respectivamente. Entretanto, entre os queestavam realizando ativida<strong>de</strong>s educativas na UC foram os que menos leram (55%)(Tabela 18 e Gráfico 21).TABELA 19- Leitura do painel e acompanhantes na visita (PNI)SimNãoSozinho 19 19Família 37 98Amigos 14 38Excursão 23 37Estudantes 0 15


327GRÁFICO 22- Leitura do painel e acompanhantes na visita (PNI)No PNI, o mesmo ocorreu, ou seja, a maior parte dos entrevistados que leramo painel estavam sozinhos (50%) e <strong>em</strong> excursões (38%). Entretanto, percebeu-seque dos entrevistados que estavam visitando a UC para a realização <strong>de</strong> estudos,nenhum leu o painel interpretativo (Tabela 19 e Gráfico 22).Deste modo, percebe-se que <strong>de</strong>ve ser estimulada a leitura por parte dosprofessores que realizam ativida<strong>de</strong>s educativas na UC. Tais professores <strong>de</strong>v<strong>em</strong>incentivar a leitura pelos alunos e utilizar o painel como ferramenta interpretativa eeducativa, o que não v<strong>em</strong> ocorrendo.TABELA 20- Leitura do Painel X Escolarida<strong>de</strong> (PEVV)Sim Nãofundamental 11 4médio 14 10superior 36 8superior incompleto 18 10pos-graduação 2 281 34


328GRÁFICO 23- Leitura do painel X Escolarida<strong>de</strong> (PEVV)No caso da leitura do painel, relacionada à escolarida<strong>de</strong> dos visitantes,percebeu-se que no PEVV a gran<strong>de</strong> maioria pelo menos olhou o painel e respon<strong>de</strong>uque leu. Essa foi uma <strong>de</strong>ficiência observada na pesquisa, pois os visitantes nãoforam perguntados se leram o painel por completo. Gran<strong>de</strong> parte dos que lerampossu<strong>em</strong> nível superior (82%), fundamental (72%) e superior incompleto (64%), e osque respon<strong>de</strong>ram que não leram foram <strong>em</strong> gran<strong>de</strong> parte os visitantes que possu<strong>em</strong>pós-graduação (50%), e nível médio (58%) (Tabela 20 e Gráfico 23).TABELA 21- Leitura do Painel X Escolarida<strong>de</strong> (PNI)Sim Nãofundamental 7 15médio 20 68superior 58 107superior incompleto 1 9pos-graduação 7 893 207


329GRÁFICO 24- Leitura do painel X Escolarida<strong>de</strong> (PNI)No PNI o número <strong>de</strong> pessoas que não leram o painel é b<strong>em</strong> superior que noPEVV. Desses que leram, mais <strong>de</strong> 45 % possu<strong>em</strong> pós-graduação, 35 % possu<strong>em</strong>nível superior, 32% ensino fundamental, 23% nível médio e 10% possu<strong>em</strong> nívelsuperior incompleto. Os que menos leram são os que possu<strong>em</strong> o nível superiorincompleto (90%) e nível médio (73%) (Tabela 21 e Gráfico 24).Deste modo, pod<strong>em</strong>os sugerir que a leitura dos painéis está relacionada àescolarida<strong>de</strong> (se pensava que quanto mais alto o nível <strong>de</strong> escolarida<strong>de</strong>, maior ointeresse pela leitura <strong>de</strong> painéis). Tal fato foi verificado no PEVV (o maior número <strong>de</strong>leitores possu<strong>em</strong> nível superior) e no PNI (mais leitores entre os que possu<strong>em</strong> pósgraduação).Assim, perceb<strong>em</strong>os que é necessário estimular ainda mais a leitura entre osoutros níveis <strong>de</strong> escolarida<strong>de</strong>, para tanto, po<strong>de</strong>-se seguir as recomendações <strong>de</strong>Mckeever (2008) 239 , on<strong>de</strong> tais painéis <strong>de</strong>v<strong>em</strong> ser elaborados e precisam sercompreendidos por crianças <strong>de</strong> 12 anos.239Comunicação pessoal na Global Geotourism Conference, Austrália (Agosto), <strong>de</strong> PatrickMackeever, consultor da UNESCO e vice-presi<strong>de</strong>nte da Re<strong>de</strong> Européia <strong>de</strong> Geoparques.


330TABELA 22- Motivo da não apreciação X Escolarida<strong>de</strong> (PEVV)Texto não é chamativoLinguag<strong>em</strong>técnica Texto gran<strong>de</strong>fundamental 1 1 1médio 1 2superior 2 1superior incompleto 1pos-graduação 13 4 4GRÁFICO 25- Motivo da não apreciação X Escolarida<strong>de</strong> (PEVV)Corroborando a afirmativa anterior, percebeu-se neste gráfico, que no que dizrespeito a não apreciação do painel relacionada à escolarida<strong>de</strong>, o maior número <strong>de</strong>respostas v<strong>em</strong> <strong>de</strong> visitantes que possu<strong>em</strong> nível fundamental e médio, que nãoapreciaram o painel pelo mesmo possuir texto muito gran<strong>de</strong> (33% e 67%) elinguag<strong>em</strong> técnica (33%). Além disso, o texto não foi consi<strong>de</strong>rado chamativo por33% dos visitantes <strong>de</strong> nível fundamental e 67% dos entrevistados que possu<strong>em</strong>nível superior. E confirmando ainda mais a dificulda<strong>de</strong> <strong>em</strong> compreen<strong>de</strong>r<strong>em</strong>-se asinformações que constam no painel, 100% dos entrevistados que não gostaram dopainel por achar<strong>em</strong> que ele utiliza linguag<strong>em</strong> técnica, possu<strong>em</strong> nível superiorincompleto e pós-graduação. O it<strong>em</strong> “não enten<strong>de</strong>u” não apareceu nestas respostas(Tabela 22 e Gráfico 25).


331TABELA 23- Motivo da não apreciação X Escolarida<strong>de</strong> (PNI)Texto não é chamativoLinguag<strong>em</strong>técnica Texto gran<strong>de</strong>Nãoenten<strong>de</strong>ufundamental 0 0 0 1médio 1 2 0 0superior 2 3 4 0superior incompleto 0 0 0 0pos-graduação 0 0 0 03 5 4 1GRÁFICO 26- Motivo da não apreciação X Escolarida<strong>de</strong> (PNI)No PNI visitantes que possu<strong>em</strong> nível <strong>de</strong> escolarida<strong>de</strong> superior não gostaramdo painel principalmente porque consi<strong>de</strong>raram o texto muito gran<strong>de</strong> (45%), seguidosdaquele que consi<strong>de</strong>raram o texto muito técnico (33%) e não chamativo (22%). Osvisitantes <strong>de</strong> nível médio consi<strong>de</strong>raram também a linguag<strong>em</strong> muito técnica (66%) e otexto não chamativo (33%). Já para os que possu<strong>em</strong> o nível fundamental, a críticafoi a <strong>de</strong> não enten<strong>de</strong>r o painel (100%) (Tabela 23 e Gráfico 26).Portanto, observou-se que no PNI e no PEVV:- Não há outros painéis interpretativos na trilha, somente os painéis daMineropar;- Muitas das pessoas que param <strong>em</strong> frente ao painel não o lê<strong>em</strong> por mais quealguns minutos, pois o texto é muito gran<strong>de</strong> e utiliza linguag<strong>em</strong> complexa;


332- O <strong>de</strong>talhamento dos painéis é gran<strong>de</strong>, mas realizado com linguag<strong>em</strong> muitotécnica, o que não agrada alguns visitantes; Entre os que não gostaram, mais dameta<strong>de</strong> achou que a linguag<strong>em</strong> era muito técnica e o texto muito gran<strong>de</strong>;- Gran<strong>de</strong> parte dos entrevistados nas duas UCs não leu o painel porque não oviu; Dos que leram, mais <strong>de</strong> 80% gostou;- Em conversas informais e observações in loco no PNI, foi verificado quealguns dos próprios funcionários do Parque nunca tiveram interesse <strong>em</strong> ler o painele que guias passam rápido pelo painel e muitos não param 240 .- Poucas pessoas acreditam que o painel não ajudou a enten<strong>de</strong>r mais sobre oparque (3,3% no PNI e 14,3% no PEVV). De qualquer modo, a totalida<strong>de</strong> dosentrevistados no PEVV acredita ser importante esse tipo <strong>de</strong> meio interpretativo. NoPNI somente 0,7% não concorda com tal afirmativa.- Gran<strong>de</strong> parte dos visitantes v<strong>em</strong> a UC por motivos <strong>de</strong> turismo no PNI e noPEVV. Entretanto, no PEVV há mais visitantes que v<strong>em</strong> realizar ativida<strong>de</strong>seducativas. Entretanto, conforme a leitura do painel, os que estavam realizandoativida<strong>de</strong>s educativas foram os que mais não o fizeram, tanto no PEVV quanto noPNI, o que d<strong>em</strong>onstra que os painéis não vêm sendo utilizados <strong>em</strong> ativida<strong>de</strong>seducativas por parte dos professores. Entre os que leram, os que mais o fizeramforam os que estavam visitando sozinhos a UC.- Em relação a escolarida<strong>de</strong>, se pensava que quanto mais alto o nível <strong>de</strong>escolarida<strong>de</strong>, maior o interesse pela leitura <strong>de</strong> painéis. Tal fato foi verificado noPEVV (o maior número <strong>de</strong> leitores possu<strong>em</strong> nível superior) e no PNI (mais leitoresentre os que possu<strong>em</strong> pós-graduação).Deste modo, sugere-se aqui que tais painéis apresent<strong>em</strong> a geologia egeomorfologia da UC <strong>de</strong> forma mais el<strong>em</strong>entar, facilmente compreensível eresumidamente, favorecendo com que os visitantes possam compreen<strong>de</strong>r a UC s<strong>em</strong>estar necessariamente acompanhado <strong>de</strong> um condutor. Portanto, painéisinterpretativos pod<strong>em</strong> seguir uma idéia progressiva <strong>em</strong> relação ao t<strong>em</strong>po <strong>geológico</strong>240 Sabe-se que os guias ganham por dia e também receb<strong>em</strong> comissão <strong>de</strong> vendas nas lojaslocalizadas fora da UC, então os guias faz<strong>em</strong> a trilha rapidamente (muitas vezes até cortam caminho)e não dão t<strong>em</strong>po livre para que os visitantes possam ler o painel;


333da UC, apresentando blocos diagramas e fotos para facilitar a sua compreensão.Esses painéis pod<strong>em</strong> auxiliar também os guias, condutores e professores, poisservirão <strong>de</strong> base para o fornecimento permanente <strong>de</strong> informações.Para tanto, os mo<strong>de</strong>los <strong>de</strong> painéis aqui apresentados <strong>de</strong>v<strong>em</strong> ser elaboradosjuntamente com especialistas <strong>em</strong> comunicação visual, sendo mais simples, breves,com linguag<strong>em</strong> mais acessível e menor <strong>em</strong> tamanho que os painéis da Mineropar.Para a elaboração <strong>de</strong>stes painéis pod<strong>em</strong> ser realizadas parcerias com <strong>em</strong>presasque patrocinam sinalização turística, como é o caso da Visa e Mastercard. Sãopropostos quatro painéis para o PNI e PNMFN 241 , sua localização, t<strong>em</strong>a, <strong>de</strong>senhos eum esboço com os objetivos do texto, apresentados <strong>em</strong> anexo (anexo 11).6.2.6 MATERIAL ÁUDIO-VISUALNo caso da sua utilização <strong>em</strong> ativida<strong>de</strong>s educativas, os ví<strong>de</strong>os serv<strong>em</strong> comoferramenta pedagógica, pois pod<strong>em</strong> compl<strong>em</strong>entar o assunto que foi discutido <strong>em</strong>sala <strong>de</strong> aula, utilizando as imagens para facilitar a compreensão.O DVD que acompanha a tese é resultado da aula ministrada <strong>em</strong> campo 242 ,no Curso <strong>de</strong> Condutor <strong>de</strong> Geoturismo no Parque Nacional do Iguaçu (Anexo 12). Foieditado por uma produtora <strong>de</strong> ví<strong>de</strong>o profissional, para que pu<strong>de</strong>sse ser uma ví<strong>de</strong>oaula<strong>de</strong> 35 minutos, po<strong>de</strong>ndo ser assistido por interessados, novos funcionários das<strong>em</strong>presas concessionárias que não tiveram a oportunida<strong>de</strong> <strong>de</strong> realizar o curso, <strong>em</strong>ativida<strong>de</strong>s na Escola Parque e para que esteja disponível na biblioteca do ICMBio(juntamente com a apostila do Curso).Outros ví<strong>de</strong>os também pod<strong>em</strong> ser criados, <strong>de</strong>stinados ao público <strong>em</strong> geral,interessado <strong>em</strong> conhecer a fundo os aspectos <strong>geológico</strong>s da região e adquirir umsouvenir que vai além <strong>de</strong> meras fotos e cartões postais. Outros t<strong>em</strong>as pod<strong>em</strong> serproduzidos e realizados <strong>em</strong> parcerias com ONG´s e Fundações.241 No PNMFN a <strong>em</strong>presa Visa patrocinou a primeira e segunda etapas do projeto <strong>de</strong> sinalização. Naterceira etapa seriam implantados os painéis relativos ao <strong>patrimônio</strong> natural. Para tanto, <strong>em</strong> 2006,foram sugeridos os textos para os painéis, entretanto, tais painéis ainda não foram implantados<strong>de</strong>vido à paralisação do andamento do projeto. Espera-se que futuramente o projeto seja retomado eos painéis implantados conforme sugeridos.242 As imagens foram feitas pelo pesquisador Ismael Nobre e a trilha sonora é do grupo brasileiroUAKTI.


3346.2.7 WEBSITEDevido às <strong>de</strong>ficiências observadas no que diz respeito aos websites comoferramenta interpretativa e educativa, propõe-se aqui a criação <strong>de</strong> um website, vistoque tal ferramenta po<strong>de</strong> ser utilizada na diss<strong>em</strong>inação <strong>de</strong> conteúdos relativos aUnida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> Conservação, boas práticas e ativida<strong>de</strong>s que pod<strong>em</strong> ser realizadasaproveitando-se o <strong>patrimônio</strong> <strong>geológico</strong> da região, além da divulgação do geoturismoe dos resultados <strong>de</strong>sta pesquisa, principalmente no que diz respeito às ativida<strong>de</strong>seducativas que pod<strong>em</strong> ser utilizadas pelos professores quando <strong>em</strong> visita às UCs.Nesse sentido, <strong>em</strong> março <strong>de</strong> 2006 o domínio www.geoturismo.net foiadquirido por esta pesquisadora. Nesta época, pesquisas <strong>em</strong> ferramentas <strong>de</strong> buscamostraram que não havia nenhum site brasileiro que tratasse sobre o assunto.Os dados que estarâo no website são os dados que foram coletados nestapesquisa. Sua elaboração foi feita por um web<strong>de</strong>signer, que teve o cuidado <strong>em</strong> criarum site <strong>de</strong> <strong>de</strong>sign mo<strong>de</strong>rno e atrativo, que apresentasse o conteúdo relacionado ageologia 243 , além <strong>de</strong> informações sobre o geoturismo, geoparques, ativida<strong>de</strong>sgeoeducativas e en<strong>de</strong>reço eletrônico para contato, no sentido <strong>de</strong> dirimir eventuaisdúvidas.Para divulgar ainda mais trabalhos científicos relacionados aos t<strong>em</strong>asgeoturismo, geoparques e geoeducação o site conta com um link <strong>de</strong>stinado aosdownloads, on<strong>de</strong> tais trabalhos estão disponíveis. E para estimular oaprofundamento do assunto, foram incluídos diversos outros links 244 .De qualquer forma, websites são importantes também porque po<strong>de</strong>rão serconsultados a qualquer momento e <strong>em</strong> qualquer lugar do mundo. Entretanto, paraatingir um público ainda maior, é imprescindível que o site seja traduzido para alíngua espanhola e inglesa, o que será provi<strong>de</strong>nciado <strong>em</strong> uma próximaatualização 245 .243 A respeito das UCs tratadas na tese, o website resume <strong>em</strong> um mapa os PIGDs <strong>de</strong>terminados paracada uma <strong>de</strong>las. Clicando sobre o ponto, uma nova janela se abre, contendo uma foto e uma breve<strong>de</strong>scrição do local. O site inclui também álbuns <strong>de</strong> fotos.244 Relativos à Geoparques, UNESCO, CPRM, Mineropar, Museus voltados para os aspectos<strong>geológico</strong>s, UCs brasileiras que possu<strong>em</strong> aspectos notáveis <strong>de</strong> geodiversida<strong>de</strong>, entre outros.245 Para tanto, parcerias com o Curso <strong>de</strong> Letras da UEPG po<strong>de</strong>rão ser efetuadas.


335Deste modo, com essas informações disponíveis, professores, estudantes,geoturistas e d<strong>em</strong>ais interessados terão acesso a mais informações sobre ogeoturismo e o <strong>patrimônio</strong> <strong>geológico</strong>.6.2.8 JOGOS6.2.8.1 Quebra-cabeçaUm mo<strong>de</strong>lo <strong>de</strong> quebra-cabeça utilizando uma imag<strong>em</strong> da Taça do PEVVacompanha esta tese. Este é um produto que po<strong>de</strong> ser utilizado como meiointerpretativo <strong>de</strong>s<strong>de</strong> que juntamente com suas peças seja oferecido um cartão oufol<strong>de</strong>r contendo aspectos relativos a UC e seu <strong>patrimônio</strong> <strong>geológico</strong> (Anexo 09).6.2.8.2 Jogo da M<strong>em</strong>óriaO Jogo da M<strong>em</strong>ória é um jogo tradicional e indicado para todas as ida<strong>de</strong>s,formado por cartas que possu<strong>em</strong> uma figura <strong>em</strong> um dos lados e cada figura serepete <strong>em</strong> duas peças diferentes 246 .Este jogo, que po<strong>de</strong> ser utilizado <strong>em</strong> ativida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> Educação Ambientalvoltadas para a interpretação do ambiente <strong>geológico</strong>. Foi escolhido por ser um jogoque estimula a m<strong>em</strong>ória, é facil <strong>de</strong> jogar e no caso das crianças, auxilia na suaalfabetização, uma vez que a leitura do título das cartas po<strong>de</strong> ser incentivada. Seuprincipal objetivo é fazer com que os participantes conheçam um pouco mais sobre ageodiversida<strong>de</strong> da UC, que no caso do ex<strong>em</strong>plo escolhido, Fernando <strong>de</strong> Noronha, érepresentada por suas belezas naturais, traduzidas <strong>em</strong> suas praias e monumentos<strong>geológico</strong>s 247 (<strong>em</strong> Anexo).246 Para jogar, cada participante na sua vez, <strong>de</strong>svira duas cartas e <strong>de</strong>ixa que todos as vejam, casosejam iguais, o participante <strong>de</strong>ve recolher consigo esse par. Se for<strong>em</strong> peças diferentes, estas <strong>de</strong>v<strong>em</strong>ser viradas novamente, passando a vez ao participante seguinte. Ganha o jogo qu<strong>em</strong> tiver <strong>de</strong>scobertomais pares.247 Fernando <strong>de</strong> Noronha foi aqui a UC escolhida, pelo fato <strong>de</strong> que esse meio po<strong>de</strong> ser utilizado nasativida<strong>de</strong>s didáticas realizadas pelo Centro Infantil B<strong>em</strong>-me-quer, pois foi verificado que no mesmonão há ativida<strong>de</strong>s voltadas para a valorização do <strong>patrimônio</strong> <strong>geológico</strong> do Arquipélago e sim somentedo <strong>patrimônio</strong> biológico. O Centro aten<strong>de</strong> atualmente 220 crianças, e acolhe <strong>de</strong>s<strong>de</strong> bebês com menos<strong>de</strong> um ano <strong>de</strong> ida<strong>de</strong>, até a alfabetização, aos 6 anos <strong>de</strong> ida<strong>de</strong>.


336Na elaboração dos 25 pares <strong>de</strong> cartas do Jogo da M<strong>em</strong>ória pod<strong>em</strong> serutilizadas fotos relacionadas à geologia do local <strong>em</strong> um dos lados e o outro lado,igual <strong>em</strong> todas as cartas, po<strong>de</strong> conter um mapa <strong>geológico</strong> simplificado da UC. Parafacilitar o trabalho, as fotos utilizadas pod<strong>em</strong> ser as mesmas que compõ<strong>em</strong> o Guia<strong>de</strong> Bolso <strong>de</strong> Geologia.Essa ferramenta lúdica po<strong>de</strong> ser utilizada por Unida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> Conservação <strong>em</strong>unicipios que queiram valorizar e divulgar ainda mais seu <strong>patrimônio</strong> geologico, e éimportante que a sua utilização nao se restrinja aos limites da UC, sendo tambémdisponibilizada a professores do Ensino Fundamental e Médio, creches, centros <strong>de</strong>inclusão, associações <strong>de</strong> <strong>de</strong>ficientes físicos, entre outros. Além disso, é importanteque esteja disponivel para venda no interior da UC, pois é uma maneira <strong>de</strong> trazerdivisas para a UC, divulgar o local e ser um souvenir <strong>de</strong> recordação.6.2.9 PROPOSTAS DE GEOEDUCAÇÃOO processo <strong>de</strong> ensino-aprendizag<strong>em</strong> possui papel fundamental <strong>em</strong> todos osníveis educativos, e neste caso os Pontos <strong>de</strong> Interesse Geo-Didático (PIGD) pod<strong>em</strong>auxiliar os professores na elaboração <strong>de</strong> suas saídas <strong>de</strong> campo, que b<strong>em</strong> feitaspo<strong>de</strong>rão auxiliar a transmitir conhecimentos que sejam não somente m<strong>em</strong>orizados, esim inesquecíveis.Para auxiliar numa maior aproximação entre os aspectos <strong>geológico</strong>s e asativida<strong>de</strong>s educativas, principalmente entre as crianças, po<strong>de</strong>-se utilizar um símbolocomo marca. No caso do PEVV, a Taça foi escolhida como este símbolo (figura105). Tal símbolo po<strong>de</strong> também integrar os meios interpretativos, como os painéis,fol<strong>de</strong>rs, jogos, livros para colorir, entre outros.


337FIGURA 105 -“Tacito”, símbolo sugerido para ativida<strong>de</strong>s educativas einterpretativas no PEVV.Portanto, as ativida<strong>de</strong>s para 1º e 2º Ciclos sugeridas são os livros para colorir,que pod<strong>em</strong> conter símbolos da UC, <strong>de</strong>senhos representando monumentos<strong>geológico</strong>s, blocos-diagrama, el<strong>em</strong>entos da biodiversida<strong>de</strong>, entre outros, <strong>em</strong>conjunto com a abordag<strong>em</strong> dos t<strong>em</strong>as <strong>em</strong> saídas a campo.Juntamente com os outros meios interpretativos que pod<strong>em</strong> ser utilizados <strong>em</strong>ativida<strong>de</strong>s educativas, são propostas algumas ativida<strong>de</strong>s a ser<strong>em</strong> realizadas <strong>de</strong>ntroe fora da sala <strong>de</strong> aula, para estudantes <strong>de</strong> 5ª e 8ª série e no Ensino Médio (Anexo16). Para tanto, os professores <strong>de</strong>v<strong>em</strong> planejar a saída <strong>de</strong> campo com o apoio docheck-list <strong>de</strong> Saída <strong>de</strong> Campo (anexo 15), e selecionar quais os Pontos <strong>de</strong> InteresseGeo-Didático (PIGD) que serão trabalhados. Após a seleção, as ativida<strong>de</strong>spropostas são:- Dentro da sala <strong>de</strong> aula:* Apresentação da ativida<strong>de</strong> e dos pontos selecionados, utilizandotransparências, data-show, fotos, material impresso, etc...* Realização das ativida<strong>de</strong>s pedagógicas <strong>em</strong> equipe, sobre o localselecionado; (Em anexo pod<strong>em</strong> ser observadas as seguintes ativida<strong>de</strong>s:Unida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> Conservação e o Parque Estadual <strong>de</strong> Vila Velha; Derretendogeleiras; Erosão causada pelo Rio Iguaçu; Aspectos <strong>geológico</strong>s do Parque


338Nacional do Iguaçu e a relação entre eles; e Linha do T<strong>em</strong>po Geológico doPEVV).- Ativida<strong>de</strong>s <strong>em</strong> campo: * Realização <strong>de</strong> trilhas interpretativas, roteiros ouexcursões, com o acompanhamento <strong>de</strong> pessoal qualificado; * I<strong>de</strong>ntificação <strong>de</strong>rochas, minerais ou fósseis nos locais selecionados;- Após as ativida<strong>de</strong>s <strong>em</strong> campo: * Realização <strong>de</strong> ativida<strong>de</strong>s para verificar ofeed-back e para que os alunos compreendam melhor todo o conteúdo trabalhado. *Elaborar relatório sobre a ativida<strong>de</strong> <strong>de</strong>senvolvida, contendo os resultados obtidos,dificulda<strong>de</strong>s e perspectivas <strong>de</strong> reedição, divulgando-o entre os d<strong>em</strong>ais docentesinteressados.Mas, para que as ativida<strong>de</strong>s sejam realizadas, é importante que sejamdivulgadas para as escolas, o que po<strong>de</strong> ser feito através do site, on<strong>de</strong> osprofessores pod<strong>em</strong> realizar o download dos arquivos diretamente para seuscomputadores. Além disso, essas ativida<strong>de</strong>s também pod<strong>em</strong> ser adaptadas para arealização com universitários, comunida<strong>de</strong> e visitantes <strong>em</strong> geral.Outras estratégias <strong>de</strong> geo-educação que pod<strong>em</strong> auxiliar na interpretação doambiente são os cursos e s<strong>em</strong>inários com enfoque <strong>geológico</strong>, que pod<strong>em</strong> seroferecidos aos professores, geoturistas e o público <strong>em</strong> geral, e mini-cursos sobre ageodiversida<strong>de</strong> e peculiarida<strong>de</strong>s geológicas da região. Tais ativida<strong>de</strong>s pod<strong>em</strong> ser <strong>de</strong>curta duração (uma manhã ou tar<strong>de</strong>, preferencialmente aos finais <strong>de</strong> s<strong>em</strong>ana). Alémdisso, pod<strong>em</strong> ser feitas parcerias entre as UCs e as instituições <strong>de</strong> ensino, paraincentivar ainda mais a realização <strong>de</strong> estudos <strong>de</strong> pós-graduação envolvendo ageodiversida<strong>de</strong> da região.


3396.3 RECOMENDACOES PARA O DESENVOLVIMENTO DO GEOTURISMO EMREGIÔES QUE APRESENTAM POTENCIALA OMT (2003, p.74) cientifica que “são os atrativos turísticos os responsáveispor atraír<strong>em</strong> os turistas a visitar<strong>em</strong> um local”. Para que impactos negativos nãointerfiram na <strong>conservação</strong> dos atrativos, é necessário que a ativida<strong>de</strong> sejacuidadosamente planejada.Desta forma, um dos objetivos propostos nesta tese foi o <strong>de</strong> aprofundarconhecimentos relativos ao Geoturismo, propondo aspectos ligados ao planejamentoda ativida<strong>de</strong> aplicada à realida<strong>de</strong> brasileira. Assim, são sugeridas ações para oplanejamento <strong>de</strong> ativida<strong>de</strong>s geoturísticas e a utilização do <strong>patrimônio</strong> <strong>geológico</strong>,tanto <strong>em</strong> Unida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> Conservação, como <strong>em</strong> municípios que queiram aproveitareste potencial. Para tanto, é importante que sejam realizadas as seguintes etapas: Inventário dos pontos <strong>de</strong> interesse;Inventários também são importantes para obter informações turísticas<strong>de</strong>talhadas acerca da oferta existente, subsidiar o planejamento através dapadronização na forma da coleta <strong>de</strong> dados auxiliando na <strong>de</strong>finição dos pontos, quetambém po<strong>de</strong>rão ser utilizados nos roteiros <strong>de</strong> interpretação ambiental.Portanto, a elaboração do inventário <strong>de</strong>ve ser feita por uma equipequalificada, envolvendo profissionais das geociências e <strong>de</strong> turismo e consulta abibliografia pertinente. Deve conter os seguintes itens (Adaptado <strong>de</strong> MONDEJAR YREMO, 2004):a) Localização e <strong>de</strong>limitação geográfica;b) I<strong>de</strong>ntificação do domínio (público ou privado);c) Contexto <strong>geológico</strong>;d) I<strong>de</strong>ntificação e <strong>de</strong>scrição minuciosa do ponto <strong>de</strong> interesse geo-didático(PIGD);e) Importância ou rarida<strong>de</strong> a nível local, regional, nacional e mundial;f) Tipos <strong>de</strong> interesses: científico, educativo, cultural e turístico;


340g) Ramos das geociências que possu<strong>em</strong> relação com o local (geomorfologia,tectônica, estratigrafia, sedimentologia, mineralogia, petrologia,paleontologia entre outros);h) Geodiversida<strong>de</strong> presente (<strong>de</strong>scrição);i) Existência na região <strong>de</strong> outros valores (biológicos, paisagísticos,históricos, etnográficos, etc..)j) Possibilida<strong>de</strong> do <strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong> ativida<strong>de</strong>s socioeconômicas naregião do PIGD e a verificação da infra-estrutura disponível;k) Aptidão para a utilização <strong>em</strong> ativida<strong>de</strong>s educativas, culturais, promocionaise turísticas;l) Recomendações para a a<strong>de</strong>quada gestão,<strong>conservação</strong> e utilização; Definições <strong>de</strong> objetivos e metas (aon<strong>de</strong> quer<strong>em</strong>os chegar);Durante a elaboração <strong>de</strong>sta etapa <strong>de</strong>v<strong>em</strong>-se estabelecer diretrizes para aorganização do geoturismo e i<strong>de</strong>ntificar as ações que são necessárias para o<strong>de</strong>senvolvimento do segmento. Para tanto, é sugerida a realização <strong>de</strong> umplanejamento turístico 248 , que po<strong>de</strong> ser um Plano <strong>de</strong> Desenvolvimento doGeoturismo, que <strong>de</strong>ve impreterivelmente envolver a comunida<strong>de</strong>. Desenvolvimento <strong>de</strong> ações (como chegar<strong>em</strong>os lá)Deste modo, baseando-se no Plano elaborado na fase anterior, algumasações a nível local são recomendadas:a) Verificar se há legislação especifica <strong>de</strong>proteção do <strong>patrimônio</strong> <strong>geológico</strong> (nacional, estadual ou municipal). Senão houver, criá-las;248 De acordo com Beni (2000) esse planejamento é um sist<strong>em</strong>a integrado, que exige também planos<strong>de</strong> longo prazo (metas e objetivos específicos e acham-se vinculados aos padrões <strong>de</strong><strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong> um futuro <strong>de</strong>terminado) e projetos estratégicos (direcionado a i<strong>de</strong>ntificação esolução <strong>de</strong> questões imediatas para mudar rapidamente situações futuras e enfrentar legal einstitucionalmente as transformações necessárias) .


341b) Em locais on<strong>de</strong> há o potencial, iniciardiscussões e incentivar a criação <strong>de</strong> Geoparques, articulando parcerias edivulgando suas características à comunida<strong>de</strong>;c) Em locais on<strong>de</strong> os recursos <strong>geológico</strong>s sãoimportantes a nível nacional e regional, instalar centros interpretativos,sinalização e meios interpretativos.d) Incentivar a inclusão <strong>de</strong> matérias econteúdos relacionados ao Patrimônio Geológico e geodiversida<strong>de</strong> <strong>em</strong>cursos universitários (como os <strong>de</strong> geografia, turismo, ciências biológicas egeologia), no ensino médio e fundamental.e) Capacitar a população do entorno para que possam atuar <strong>em</strong> ativida<strong>de</strong>scomo a condução <strong>de</strong> visitantes, confecção <strong>de</strong> artesanato, etc..f) Criar mecanismos que favoreçam a conscientização do maior númeropossível <strong>de</strong> pessoas, a respeito da <strong>conservação</strong> do Patrimônio Geológico;g) Incentivar a divulgação e o aprendizado relacionado aos aspectos doPatrimônio Geológico, para tanto pod<strong>em</strong> ser realizadas ativida<strong>de</strong>s como:Cursos, palestras, workshops, roteiros direcionados a públicos específicos,concursos <strong>de</strong> geo-fotografia, realização <strong>de</strong> website, entre outros.h) Produzir material impresso promocional para ser utilizado <strong>em</strong> ativida<strong>de</strong>sinterpretativas e <strong>de</strong> divulgação; Gerenciamento, avaliação e monitoramento (como saber se atingimosos objetivos)Entretanto, <strong>de</strong> nada adianta planejar se não for assegurada aimpl<strong>em</strong>entabilida<strong>de</strong> das medidas e diretrizes propostas nas fases anteriores. Dest<strong>em</strong>odo, a avaliação e o monitoramento <strong>de</strong>v<strong>em</strong> ser constantes.Para tanto, entre outras ações, é importante continuar envolvendo acomunida<strong>de</strong> <strong>em</strong> todas essas etapas e a realização <strong>de</strong> pesquisas <strong>de</strong> d<strong>em</strong>anda queincluam aspectos relativos a satisfação dos visitantes. Além disso, a realização <strong>de</strong>


342estudos <strong>de</strong> capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> carga e a verificação da eficiência dos mesmos éimprescindível, no sentido <strong>de</strong> monitorar e evitar os impactos ambientais negativosnos PIGDs;De qualquer modo, após alguns anos, o Plano <strong>de</strong>ve ser reexaminado erevisado, no sentido <strong>de</strong> ser atualizado e corrigido, se necessário. De acordo com aOMT (2003), tal revisão <strong>de</strong>ve obe<strong>de</strong>cer aos parâmetros da manutenção dasustentabilida<strong>de</strong> do turismo.Assim, essas etapas <strong>de</strong>v<strong>em</strong> ser realizadas <strong>em</strong> parceria, entre setorespúblicos e privados. Cabe ao setor público (<strong>em</strong> suas esferas fe<strong>de</strong>ral, estadual <strong>em</strong>unicipal) papéis como a elaboração <strong>de</strong> leis, principalmente leis <strong>de</strong> proteção ao<strong>patrimônio</strong> <strong>geológico</strong>, a infra-estrutura básica e a fiscalização. Já o setor privadopo<strong>de</strong> auxiliar na captação dos recursos humanos, infra-estrutura turística e aqualida<strong>de</strong> no atendimento. A ambos os setores cabe a educação, preservação dai<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong>, <strong>conservação</strong> dos atrativos, marketing, divulgação e investimentos.Deste modo, esta tese ao propor essas recomendações t<strong>em</strong> como pretensãoauxiliar no planejamento <strong>de</strong> um <strong>de</strong>senvolvimento harmônico e sustentável daativida<strong>de</strong> turística, <strong>de</strong> acordo com as políticas <strong>de</strong> preservação do meio ambientenatural e cultural, a qualida<strong>de</strong> na prestação <strong>de</strong> serviços, e a consciência daimportância da qualificação da mão <strong>de</strong> obra <strong>em</strong> todos os níveis.


3436. 4 CONSIDERAÇÕES A RESPEITO DO FORMULÁRIO DA UNESCO PARAINTEGRAR A REDE MUNDIAL DE GEOPARQUESPara favorecer a inclusão <strong>de</strong> UCs na Re<strong>de</strong> Mundial <strong>de</strong> Geoparques, aUNESCO elaborou um formulário auto-avaliativo a ser respondido pelas áreas que<strong>de</strong>sejam integrá-la, como po<strong>de</strong> ser observado no Apêndice 01.Deste modo, um dos objetivos <strong>de</strong>sta tese foi o <strong>de</strong> verificar a viabilida<strong>de</strong> daimplantação <strong>de</strong> Geoparques nessas áreas, no que diz respeito aos aspectos ligadosao geoturismo, interpretação e educação ambiental. Portanto, na elaboração <strong>de</strong>stapesquisa, os formulários foram traduzidos e respondidos, no que diz respeito aositens III, voltado para a Educação e Interpretação ambiental, e IV, especifico sobreGeoturismo, no sentido <strong>de</strong> realizar uma análise baseando-se nas <strong>de</strong>ficiênciasobservadas, para que futuramente, tais áreas sejam passiveis <strong>de</strong> candidatar-se.Baseando-se <strong>em</strong> entrevistas com chefes das UCs, funcionários, outrospesquisadores, pesquisas <strong>em</strong> bibliotecas na UC, e observações in loco juntamentecom o orientador, tal formulário é apresentado a seguir.QUADRO 20- Educação AmbientalIII. Educação Ambiental3.1 Pesquisas e ativida<strong>de</strong>s educativasPts249AUTO-AVALIACAOPEVV PNI PNMFNAo menos uma instituição acadêmica ou cientifica realizando40 40 40estudos na área. 40Ao menos um relatório <strong>de</strong> estudos por ano 2020 20 20Ao menos uma tese <strong>de</strong> Doutorado nos últimos três anos 4040 40 40Ao menos cinco artigos sobre t<strong>em</strong>as cientificos ou turísticos nosúltimos três anos 40 40 40 40Máximo <strong>de</strong> pontos 140 140 140 140Em relação a pesquisas e ativida<strong>de</strong>s educativas, as três UCs sãofreqüent<strong>em</strong>ente utilizadas por pesquisadores <strong>de</strong> todos os níveis e diversos artigoscientíficos são elaborados levando-se <strong>em</strong> consi<strong>de</strong>ração os aspectos <strong>de</strong>biodiversida<strong>de</strong> (principalmente) e geodiversida<strong>de</strong> (não tão freqüent<strong>em</strong>ente).249 Tais pontos são o total <strong>de</strong> pontos que pod<strong>em</strong> ser atribuídos, <strong>de</strong>finidos pela UNESCO. O mesmoocorre <strong>em</strong> todos os quadros <strong>de</strong>ste it<strong>em</strong>.


344Entretanto, o formulário não se restringe aos aspectos <strong>geológico</strong>s e geomorfológicosda área, portanto, as três UCs atend<strong>em</strong> a todos esses aspectos (Quadro 20).QUADRO 21- Programas <strong>de</strong> Educação Ambiental3.2 Programas <strong>de</strong> Educação Ambiental Pts. PEVV PNI PNMFNFuncionários permanentes e capacitados para trabalhar <strong>em</strong>Programas <strong>de</strong> Educação Ambiental? 50 -- 50 --Há pelo menos um programa <strong>de</strong> educação formal? (Indicar a----natureza do programa) 3030Há programas <strong>de</strong> educação formal <strong>de</strong>senvolvidos por outrosorganismos na área da UC ? 20 -- -- 20Programas específicos para crianças 20 -- 20 20Programas específicos para alunos do ensino fundamental? 20 -- 20 --Programas específicos para alunos do ensino médio? 20 -- 20 --Programas específicos para alunos universitários? 20 -- -- --Ha algum campus universitário ou centros educativos na área? 20 -- -- --Máximo <strong>de</strong> pontos 200 00 140 40Mas, quando se trata <strong>de</strong> programas voltados para a Educação Ambiental, sãomuitas as <strong>de</strong>ficiências encontradas. O PNMFN totalizou somente 40 pontos, poisnão possui funcionários permanentes para trabalhar com tais programas. Apesar <strong>de</strong>seu Plano <strong>de</strong> Manejo ressaltar a necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong>sses Programas 250 , são poucas asativida<strong>de</strong>s realizadas, e <strong>em</strong> gran<strong>de</strong> parte com o apoio do Centro do GolfinhoRotador, entretanto, restringe-se a colônias <strong>de</strong> férias especificas para crianças. NoPEVV a situação ainda é muito mais preocupante, pois esta UC não possui maisnenhum tipo <strong>de</strong> programa <strong>de</strong> educação ambiental e também não possui funcionários<strong>de</strong>dicando-se à estas ativida<strong>de</strong>s, como ocorria até três anos atrás. Já no PNI asituação é b<strong>em</strong> diferente, pois a UC conta com uma Escola <strong>de</strong> Educação Ambiental,a “Escola Parque”, que possui diversos funcionários permanentes e programasespecíficos não só para alunos, mas para professores também, entretanto, osaspectos <strong>geológico</strong>s e geomorfológicos não são tratados nessas ativida<strong>de</strong>s (Quadro21).QUADRO 22- Material educacional250 O Plano <strong>de</strong> Manejo da APA a respeito da Educação Ambiental, informa que (2005, p. 224) “Anecessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Programas b<strong>em</strong> elaborados <strong>de</strong> Educação Ambiental se torna questão <strong>de</strong>sustentabilida<strong>de</strong>, pois <strong>de</strong>ve almejar a valorização da formação integral e crítica dos indivíduos, asolidarieda<strong>de</strong> das pessoas com os probl<strong>em</strong>as sociais e ambientais que as cercam, e aconscientização da importância <strong>de</strong> cada indivíduo na transformação da socieda<strong>de</strong>”.


3453.3. Material educacional Pts. PEVV PNI PNMFNHa materiais educativos para escolas <strong>de</strong>senvolvidos na região? 20 -- 20 --Filmes, ví<strong>de</strong>os ou apresentação <strong>de</strong> sli<strong>de</strong>s 20 20 -- 20El<strong>em</strong>entos interativos /internet 20 -- 20 --Exposições t<strong>em</strong>porárias 20 -- -- --Materiais educativos especiais (como jogos e quebra-cabeças) 20 -- -- --Outros materiais específicos para crianças menores <strong>de</strong> 08 anos 20 -- -- --Maximo <strong>de</strong> Pontos 120 20 40 20Em relação ao material educacional, pouca coisa há disponível nas três UCs.Somente o PNMFN e o PEVV possu<strong>em</strong> ví<strong>de</strong>os que são passados aos interessados,mas não é obrigatório assisti-los. E o PNI conta com material educativo realizadopela Escola Parque (mas que não comenta sobre aspectos <strong>geológico</strong>s) e contatambém <strong>em</strong> sua exposição ambiental com alguns el<strong>em</strong>entos interativos, on<strong>de</strong> osvisitantes pod<strong>em</strong> abrir gavetas, apertar botões e assistir a pequenos ví<strong>de</strong>os (Quadro22).QUADRO 23- Informações publicadas disponíveis3.4 Que tipo <strong>de</strong> informações publicadas estãodisponíveis?Pts.PEVV PNI PNMFNProteção do <strong>patrimônio</strong> <strong>geológico</strong> 15 15 -- --História Geológica da UC 15 15 15 15Sobre comportamento ambientalmente correto na área 15 -- -- 15Outros aspectos <strong>de</strong> Flora e Fauna 15 -- 15 15Outros el<strong>em</strong>entos históricos 10 10 -- 10Maximo <strong>de</strong> Pontos 70 40 30 55Informações publicadas são <strong>de</strong> certo modo consi<strong>de</strong>radas suficientes. Hálivros 251 que abordam esses aspectos, artigos disponíveis na Internet (como os dosSítios da SIGEP), no PNMFN há fol<strong>de</strong>rs a venda sobre aspectos <strong>de</strong> flora e fauna,livros sobre lendas e fatos históricos e sobre comportamento ambiental correto naárea. No PEVV também pod<strong>em</strong> ser encontradas publicações, b<strong>em</strong> como no PNI(Quadro 23).QUADRO 24- Tipo <strong>de</strong> marketing realizado na área3.5 Que tipo <strong>de</strong> marketing é realizado na área?Pts. PEVV PNI PNMFN251 Alguns ex<strong>em</strong>plos são os <strong>de</strong> Almeida (1955; 2002); Melo (2006) ; Bigarella et al (1994; 1996;)Salamuni (2002) ; Teixeira et al (2003)


346Material impresso (revistas, fol<strong>de</strong>rs, etc...) 25 25 25 25Livros ou guias 15 15 15 15CD, ví<strong>de</strong>o ou DVD15 -- 15 15Outros tipos <strong>de</strong> material promocional 15 -- 15 15Maximo <strong>de</strong> Pontos 70 40 70 70O marketing realizado na área também po<strong>de</strong> ser consi<strong>de</strong>rado aceitável nastrês UCs. No PNI e PNMFN inclusive, a totalida<strong>de</strong> <strong>de</strong> pontos po<strong>de</strong> ser atribuída, poishá material impresso, livros, cds e outros materiais promocionais que sãodistribuídos <strong>em</strong> ativida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> divulgação <strong>em</strong> feiras <strong>de</strong> turismo 252 pelo país e noexterior e também estão disponíveis para a compra nas lojas no interior da UC.Somente no PEVV não há material áudio-visual e outros tipos <strong>de</strong> materialpromocional disponível para a realização <strong>de</strong> ativida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> marketing. Entretanto,cabe ressaltar que muito <strong>de</strong>sse material é elaborado pela EMBRATUR e órgãosoficiais estaduais <strong>de</strong> turismo, não sendo <strong>de</strong> responsabilida<strong>de</strong> dos órgãos gestoresdas UCs (Quadro 24).QUADRO 25- Material promocional e as línguas editadas3.6 O material promocional é editado <strong>em</strong> quais línguas? Pts. PEVV PNI PNMFNInglês 10 10 10 --Espanhol 10 10 10 --Outras (10 pontos para cada) 10 -- -- --Mais <strong>de</strong> uma língua na mesma publicação 10 -- -- --Máximo <strong>de</strong> Pontos 80 20 20 00O material promocional que abrange aspectos <strong>geológico</strong>s da UC é editadotambém nas línguas inglesa e espanhola, entretanto, não é s<strong>em</strong>pre que estãodisponíveis na UC. É o caso dos fol<strong>de</strong>rs elaborados pela Mineropar, que tiveramsomente uma tirag<strong>em</strong> (<strong>em</strong> português, inglês e espanhol), mas que atualmente nãov<strong>em</strong> sendo mais distribuídos na UC. No caso do PNMFN não há fol<strong>de</strong>rs específicosou que abranjam tais aspectos (Quadro 25).252 No Brasil há as feiras da ABAV, <strong>de</strong>stinadas a comercialização e divulgação <strong>de</strong> <strong>de</strong>stinos turísticos eno exterior há feiras como a FITUR <strong>de</strong> Madrid, entre outras.


347QUADRO 26- Aspectos <strong>geológico</strong>s repassados para os visitantes egrupos escolares3.7 Aspectos <strong>geológico</strong>s repassados para os visitantese grupos escolares. Pts. PEVV PNI PNMFNTours guiados por pessoal qualificado 30 -- 30 30Programas simples, oferecidos a todos os visitantes do Parque 10 10 10 10Grupos limitados <strong>em</strong> no máximo 30 pessoas 10 -- -- 10Alternativas disponíveis no caso <strong>de</strong> mau t<strong>em</strong>po 10 -- 10 --Programas disponíveis para diferentes faixas etárias 20 -- -- --Programas científicos <strong>de</strong> pesquisa 20 -- -- --Treinamento dos professores <strong>em</strong> relação aos programaseducativos oferecidos 20 -- -- --Maximo <strong>de</strong> Pontos 90 10 50 50Mas, há muitas <strong>de</strong>ficiências quando se trata dos aspectos <strong>geológico</strong>s. Faltamprogramas disponíveis para diferentes faixas etárias, falta pessoal qualificado para acondução e também há a necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> treinamento para os professores. Esse éum dos aspectos mais importantes no que diz respeito a interpretação do ambiente<strong>geológico</strong> e para tanto, precisa ser incentivado nas três UCs aqui tratadas (Quadro26).QUADRO 27-Guias e condutores3.8 Guias / Condutores Pts. PEVV PNI PNMFNPelo menos um condutor especialista <strong>em</strong> geociências 10 -- -- 10Pelo menos um condutor especialista 20 -- -- --Guias exclusivos 10 -- 10 10Condutores in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ntes (free-lance) treinados 10 -- -- 10Treinamentos 10 10 10 10Máximo <strong>de</strong> Pontos 60 10 20 40Os condutores são peça-chave na interpretação do ambiente <strong>geológico</strong> eportanto nas três UCs são realizados treinamentos <strong>de</strong> condutores. Entretanto, até aelaboração <strong>de</strong>sta tese, tais cursos no PNI e no PNMFN não haviam abordadoaspectos relativos ao <strong>patrimônio</strong> <strong>geológico</strong>, restringindo-se muitas vezes aosaspectos culturais, turísticos e ligados a biodiversida<strong>de</strong>. Há a necessida<strong>de</strong> também<strong>de</strong> condutores especialistas e com enfoque especifico nas geociências, o que ocorresomente no PNMFN 253 . E no PEVV a única forma garantida <strong>de</strong> ter um condutor nastrilhas é contratando os serviços previamente através <strong>de</strong> uma agência <strong>de</strong> receptivo,pois na UC há esporadicamente estagiários que se <strong>de</strong>stinam a fazer este serviço,mas que muitas vezes não estão b<strong>em</strong> preparados (Quadro 27).253 Márcio Dumel, um condutor autodidata que freqüent<strong>em</strong>ente acompanha geólogos e outrosinteressados nos aspectos <strong>geológico</strong>s da UC, sendo uma referência no Arquipélago quando se trata<strong>de</strong> visitas com este enfoque.


348QUADRO 28- Informações repassadas a grupos <strong>de</strong> escolares3.9 Que tipos <strong>de</strong> informações são repassadas para Pts. PEVV PNI PNMFNgrupos <strong>de</strong> escolares no intuito <strong>de</strong> encorajar as visitas?Cartas para escolas e universida<strong>de</strong>s 20 -- -- --Folhetos 20 -- -- --Divulgação na imprensa (<strong>em</strong> Radios, jornais, tv, etc.. ) 20 20 20 20Jornal ou Boletim <strong>de</strong> noticias da UC 20 -- -- --Máximo <strong>de</strong> Pontos 80 20 20 20Muito ainda há que ser feito para estimular ainda mais as visitas por grupos<strong>de</strong> escolares. São ações fáceis <strong>de</strong> ser<strong>em</strong> realizadas e que não requer<strong>em</strong> muitoinvestimento financeiro, como o envio <strong>de</strong> cartas e <strong>em</strong>ails para escolas euniversida<strong>de</strong>s, e a edição <strong>de</strong> um jornal ou boletim com as últimas noticias da UC.Neste it<strong>em</strong>, o único quesito atendido é o da divulgação na imprensa, entretantosabe-se que é a imprensa que procura a UC e não a UC que divulga através <strong>de</strong>pautas ou releases as suas novida<strong>de</strong>s (Quadro 28).QUADRO 29- Utilização da internet <strong>em</strong> programas escolares3.10 Utilização da internet <strong>em</strong> programas escolares Pts. PEVV PNI PNMFNWebsite próprio com informações gerais e sobre educaçãoambiental na área 40 -- 40 --Os responsáveis pelos programas educativos possu<strong>em</strong> e-mailspara contato, disponíveis no site. 20 -- -- --Newsletter via e-mail 15 -- -- --Calendário atualizado <strong>de</strong> ativida<strong>de</strong>s a ser<strong>em</strong> realizadas na UC 15 -- -- --Maximo <strong>de</strong> Pontos 90 00 40 00E a internet po<strong>de</strong>ria ser mais utilizada nas ativida<strong>de</strong>s ligadas a EducaçãoAmbiental. A única UC que utiliza esta ferramenta é o PNI, mas que não divulga osaspectos ligados ao <strong>patrimônio</strong> <strong>geológico</strong>, e sim somente as ações ligadas a EscolaParque. De qualquer modo, neste it<strong>em</strong>, os outros quesitos não são complicados <strong>de</strong>ser<strong>em</strong> elaborados, visto que a internet atualmente é ferramenta indispensável noque diz respeito a ativida<strong>de</strong>s educativas e interpretativas, bastando organização eparcerias para aten<strong>de</strong>r a tais quesitos (Quadro 29).Deste modo, somando-se todos os pontos <strong>de</strong>sta seção o máximo que umaUC po<strong>de</strong>ria ter são 1000 pontos. Neste caso o PEVV totalizou 300 pontos (30%), oPNI 570 (57 %) e PNMFN 435 (43,5%), estando o PEVV e o PNMFN muito aquémdo que po<strong>de</strong>riam estar <strong>em</strong> virtu<strong>de</strong> do potencial que possu<strong>em</strong>.O segundo it<strong>em</strong> aqui analisado diz respeito aos aspectos do geoturismo quepod<strong>em</strong> ser observados na UC. Um dos itens mais importantes são os centros


349interpretativos ou facilida<strong>de</strong>s similares (Quadro 29). Percebe-se que nas três UCsquase a totalida<strong>de</strong> dos quesitos são atendidos, pois esses centros exist<strong>em</strong>, sãoacessíveis para ca<strong>de</strong>irantes, há informações turísticas na área e o centro abredurante gran<strong>de</strong> parte da s<strong>em</strong>ana. Entretanto, nos três casos os Centros po<strong>de</strong>riam terum enfoque maior no que diz respeito aos aspectos interpretativos voltados para oPatrimônio Geológico.QUADRO 30- Centros Interpretativos na áreaIV. Geoturismo4.1 Centros Interpretativos ou <strong>de</strong> Visitantes na área ?Pontos AUTO-AVALIACAOPEVV PNI PNMFNPelo menos um Centro Interpretativo 30 30 30 30Não existe ainda um Centro, mas ha na área outrasfacilida<strong>de</strong>s, como museus. 10 10 -- 10Existencia <strong>de</strong> pontos informativos ou facilida<strong>de</strong>s similares 20 -- 20 20Centro interpretativo como ponto <strong>de</strong> encontro e <strong>de</strong> saída para--excursões 10 10 10O Centro Interpretativo é acessível a ca<strong>de</strong>irantes e acomodaoutros <strong>de</strong>ficientes ? 10 10 10 10Informações pessoais e individuais oferecidas aos visitantessobre as ativida<strong>de</strong>s possíveis na área. 10 10 10 10Ha informações turísticas no centro interpretativo? 10 10 10 10O Centro Interpretativo é acessível por transporte publico? 10 10 10 10O Centro abre ao publico pelo menos seis dias na s<strong>em</strong>ana,durante todo o ano? 10 10 10 10Maximo Total 120 100 110 110QUADRO 31-Informações e Interpretação Ambiental no Centro <strong>de</strong>Visitantes4.2. Como são as informações e como é realizada a Pts. PEVV PNI PNMFNinterpretação ambiental no Centro <strong>de</strong> Visitantes?Displays estáticos1010 10 --Filme, ví<strong>de</strong>os, sli<strong>de</strong>s etc. 10 10 -- 10Displays interativos 10 -- 10 --Exposições t<strong>em</strong>porárias 10 -- -- --Maximo Total 40 20 20 10Pelo fato da interpretação ambiental ser fundamental nos CentrosInterpretativos, o modo como tal informação é repassada é verificado pela UNESCO.No PEVV os displays são estáticos e há o ví<strong>de</strong>o disponível aos interessados,entretanto, com a inauguração do Museu <strong>de</strong> Geologia e Paleontologia tal panorama<strong>de</strong>ve mudar. O PNI apresenta displays estáticos e interativos, mas poucas são asinformações sobre a geodiversida<strong>de</strong> da UC. E no PNMFN há somente ví<strong>de</strong>os eapresentações (palestras s<strong>em</strong>anais), também voltadas principalmente para osaspectos da biodiversida<strong>de</strong>. Tal panorama também <strong>de</strong>ve mudar nesta UC, pois está


350<strong>em</strong> processo <strong>de</strong> implantação uma nova exposição no centro interpretativo (Quadro31).QUADRO 32- Acesso e facilida<strong>de</strong>s4.3 Acesso e facilida<strong>de</strong>s Pts. PEVV PNI PNMFNÉ possível chegar a UC com transporte público? 200 200 200 200A UC possui o seu próprio transporte <strong>de</strong> turistas? 100 100 100 --O transporte publico é integrado por vias acessíveis porbicicleta ou caminhando? 100 100 100 100Ha facilida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> estacionamento conectadas com as trilhas? 100 100 100 100Há banheiros nas áreas <strong>de</strong> estacionamento?50 50 50 50Maximo Total 550 550 550 450Um dos itens mais importantes para a UNESCO diz respeito ao acesso á UC,on<strong>de</strong> o quesito mais valorizado é a disponibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> transporte público, seguido <strong>de</strong>transporte interno, facilida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> estacionamento e banheiros. Com exceção doPNMFN que não possui seu próprio transporte interno, todos os quesitos sãoatendidos, sendo este it<strong>em</strong> responsável por gran<strong>de</strong> parte dos pontos <strong>de</strong>steformulário (quase 50 %) (Quadro 32).QUADRO 33- Transportes públicos e o incentivo no seu uso4.4 Transportes públicos e o incentivo no seu uso Pts. PEVV PNI PNMFNMaterial promocional sobre a área possui informações sobre otransporte público? 20 -- -- --Websites sobre a área e/ou sobre o turismo na regiãopossu<strong>em</strong> links para horários e informações sobre o transportena região? 20 -- 20 20Ha ofertas especiais para turistas que utiliz<strong>em</strong> transportepublico, bicicletas ou outras formas sustentáveis? 20 -- -- --Maximo Total 00 20 20Entretanto, não basta possuir acesso por transporte público, mas tambémdivulgar e incentivar o seu uso. Deste modo, há <strong>de</strong>ficiências neste it<strong>em</strong>, mas quepod<strong>em</strong> ser solucionadas facilmente (Quadro 33).


351QUADRO 34- Tipo <strong>de</strong> visitas guiadas realizadas na Unida<strong>de</strong>4.5 Que tipo <strong>de</strong> visitas guiadas são realizadas naPEVV PNI PNMFNUnida<strong>de</strong>?PtsPara grupos com interesse específico <strong>em</strong> geologia egeomorfologia 10 -- -- --Visitas regulares durante o ano 10 10 10 10Atendimento a gran<strong>de</strong>s grupos 20 20 20 20Para <strong>de</strong>ficientes 10 -- 10 --Com o acompanhamento <strong>de</strong> guias especializados 10 -- 10 10Limitação no número <strong>de</strong> pessoas por guia (até 30) 10 -- -- 10Alternativas disponíveis <strong>em</strong> dias <strong>de</strong> mau t<strong>em</strong>po 10 -- 10 10Sist<strong>em</strong>a flexível <strong>de</strong> registro <strong>de</strong> entrada (dia a dia) ou não énecessário fazer registro. 10 10 10 --Maximo Total 40 70 60As visitas guiadas realizadas na UC são um dos itens mais significativosrelacionados ao geoturismo. Mas, apesar das UCs receber<strong>em</strong> visitas regularesdurante todo o ano, aten<strong>de</strong>r a gran<strong>de</strong>s grupos, e possuir alternativas para dias d<strong>em</strong>au t<strong>em</strong>po, outras questões ainda po<strong>de</strong>riam ser melhor utilizadas, como arealização <strong>de</strong> visitas para grupos que possu<strong>em</strong> interesse especifico <strong>em</strong> geologia,alternativas para <strong>de</strong>ficientes e limitação no número <strong>de</strong> pessoas por guia (no PEVV ePNI) (Quadro 34).QUADRO 35- O que mais é usado para informar os visitantes sobre aárea4.6 O que mais é usado para informar os visitantes sobrea área?Pts.PEVV PNI PNMFNPainéis interpretativos <strong>em</strong> áreas turísticas e entrada <strong>de</strong> trilhas 50 50 50 50Ha pelo menos uma trilha com aspectos <strong>geológico</strong>s. 40 40 -- 40Painéis informativos ao longo das trilhas são regularmentechecados e limpos 10 10 10 10Maximo Total 100 100 60 100Outros meios interpretativos também <strong>de</strong>v<strong>em</strong> estar presentes. È o caso dospainéis interpretativos (disponíveis nas três UCs), <strong>de</strong> trilhas com aspectos<strong>geológico</strong>s e a checag<strong>em</strong> e limpeza dos painéis. Neste caso, somente o PNI nãopossui uma trilha voltada para os aspectos <strong>geológico</strong>s, apesar <strong>de</strong> possuir a trilha dasCataratas, que po<strong>de</strong> ser utilizada para a interpretação do <strong>patrimônio</strong> <strong>geológico</strong>(Quadro 35).


352QUADRO 36- Outros tipos <strong>de</strong> meios interpretativos4.7 Outros tipos <strong>de</strong> meios interpretativos Pts PEVV PNI PNMFNBrochuras / Fol<strong>de</strong>rs 10 -- -- --Material com informações sazonais 15 -- -- --Livros 15 15 -- 15Filmes, ví<strong>de</strong>os, CD’s, DVD’s 15 -- 15 15Jornal promocional ou newsletter via <strong>em</strong>ail 15 -- 15 --Banco <strong>de</strong> dados disponível <strong>em</strong> Website 15 -- 15 --Outras formas <strong>de</strong> interpretação 15 -- -- --Maximo Total 100 15 45 30Compl<strong>em</strong>entando o it<strong>em</strong> anterior, aqui os quesitos foram avaliados levandose<strong>em</strong> consi<strong>de</strong>ração os aspectos <strong>geológico</strong>s, assim sendo, atualmente, não hábrochuras ou fol<strong>de</strong>rs disponíveis, a sazonalida<strong>de</strong> brasileira não interfere nasativida<strong>de</strong>s que pod<strong>em</strong> ser realizadas na UC, e outras formas <strong>de</strong> interpretação aindanão estão disponíveis. O PEVV é a UC que apresenta mais <strong>de</strong>ficiências neste it<strong>em</strong>,seguido do PNMFN e PNI (Quadro 36).QUADRO 37- Utilização da internet4.8 A internet é utilizada? Que tipo <strong>de</strong> serviços estão Pts. PEVV PNI PNMFNdisponíveis?Website próprio com informações gerais sobre a área 40 -- 40 --Links para outros websites com informações turísticas, sobrea comunida<strong>de</strong>, governo local, entre outros, o qual possibilite oacesso a um gran<strong>de</strong> volume <strong>de</strong> informações sobre a área. 10 -- 10 --Gerencia do Geoparque / Parque po<strong>de</strong> ser encontrada via e-mail 5 -- 5 --Newsletter regular via e-mail 10 -- -- --Facilida<strong>de</strong>s <strong>em</strong> comprar publicações on-line 10 -- -- --Calendário atualizado <strong>de</strong> ativida<strong>de</strong>s 15 -- -- --Orientação para visitantes <strong>de</strong> prováveis excursões 10 -- 10 --Maximo Total 00 65 00Tanto quanto na Educação Ambiental, no geoturismo a internet também <strong>de</strong>veser utilizada. Mas, com exceção do PNI que possui por intermédio da Cataratas S/Aum website com informações sobre a UC, links e orientações para prováveisexcursões, as outras duas UCs não atend<strong>em</strong> nenhum <strong>de</strong>sses quesitos (Quadro 37).


353QUADRO 38- Infra-estrutura4.9 Infra-estrutura para as seguintes ativida<strong>de</strong>s: Pts. PEVV PNI PNMFMRe<strong>de</strong> <strong>de</strong> trilhas que incluam os principais pontos turísticos ecientíficos <strong>de</strong> interesse 10 10 10 10Padronização na sinalização das trilhas 10 -- -- --Manutenção regular da infra-estrutura e garantia <strong>de</strong> reparoimediato 10 10 10 10Mapas especiais para hikers, trekkers, ciclistas, etc 10 -- -- --Pelo menos uma trilha referente a um atrativo especial(mineração, arqueologia, entre outros) que não tenha sido-- -- 10referido <strong>em</strong> outros itens. 10Tours guiados a pé, <strong>de</strong> bicicleta, etc… organizados peloParque ou com o suporte <strong>de</strong> uma organização. 10 10 10 10Pacotes <strong>de</strong> mais <strong>de</strong> um dia, incluindo hotel e ativida<strong>de</strong>s(caminhadas ou com bicicletas) organizados pelo Parque oucom o suporte <strong>de</strong> uma organização. 10 10 10 --Pacotes all-inclusive (inclu<strong>em</strong> todas as <strong>de</strong>spesas e otransporte <strong>de</strong> equipamentos) organizados pelo Parque ou como suporte <strong>de</strong> uma organização. 10 -- -- --Re<strong>de</strong> <strong>de</strong> hotéis e pousadas catalogadas com base <strong>em</strong>critérios pré-<strong>de</strong>finidos e que trabalh<strong>em</strong> <strong>em</strong> parceria com oParque. 20-- -- 20Maximo Total 100 40 40 60A infra-estrutura é questão essencial <strong>em</strong> se tratando <strong>de</strong> ativida<strong>de</strong>s turísticas.No PEVV e PNI 40% <strong>de</strong>sses quesitos são atendidos e no PNMFN 60%, entretanto,entre outros aspectos, há a necessida<strong>de</strong> da padronização na sinalização das trilhas,mapas especiais, e pacotes all-inclusive, que não são tão comuns no Brasil (Quadro38).QUADRO 39- Comunicação dos objetivos do Geoturismo4.10 Como você comunica os trunfos do Geoturismo ? Pts. PEVV PNI PNMFNEncontros e eventos 10 -- -- --Esqu<strong>em</strong>a regular <strong>de</strong> pr<strong>em</strong>iação para promover boas práticas. 20 -- -- --Seleção e escolha <strong>de</strong> parceiros e patrocinadores oficiais 20 -- -- --Maximo Total 50 00 00 00Nas UCs pesquisadas, apesar do potencial, o geoturismo ainda não é tratadocomo um tipo <strong>de</strong> turismo que po<strong>de</strong> trazer benefícios para a UC e seu entorno. Dest<strong>em</strong>odo, ainda não há encontros, eventos, prêmios para boas práticas ou ativida<strong>de</strong>sespecificas para a seleção <strong>de</strong> parceiros e patrocinadores oficiais (Quadro 39).


354QUADRO 40-Outras trilhas sustentáveis4.11 Ha as seguintes trilhas sustentáveis (s<strong>em</strong> a utilizaçãoPEVV PNI PNMFN<strong>de</strong> carros) ?Pts.Trilhas geológicas 20 20 20 20Culturais 10 -- -- 10Florestais 10 -- 10Outras 10 -- -- 10Outras ativida<strong>de</strong>s não mencionadas. 10 -- -- --Maximo Total 60 20 30 40Não só trilhas voltadas para os aspectos <strong>geológico</strong>s, mas trilhas com outrasmotivações são importantes para a diversificação da oferta turística e oreconhecimento da área como um Geoparque da UNESCO. Nas três UCs, trilhasgeológicas são encontradas, entretanto, o potencial po<strong>de</strong>ria ser melhor aproveitadoe outras trilhas po<strong>de</strong>riam ser <strong>de</strong>senvolvidas com base nas trilhas que já exist<strong>em</strong>,mas enfocando esses outros aspectos (Quadro 40).QUADRO 41- Pesquisa com visitantes4.12 Pesquisa com visitantes Pts.PEVV PNI PNMFNComo são contados os visitantes ? 25Pelos tickets <strong>de</strong> entrada? 25 25Pelos participantes <strong>de</strong> saídas <strong>de</strong> campos? -- --Por estimativas ?-- -- 25Por pesquisas com os visitantes ? -- -- --Como é verificada a orig<strong>em</strong> dos visitantes? 25Pelos en<strong>de</strong>reços?Por análise <strong>de</strong> marketing / mercadológica?25 25 25Por estudos universitários?Essas avaliações são usadas no planejamento? 25 -- 25Exist<strong>em</strong> analises socioeconômicas dos visitantes (famílias,estudantes, 3a ida<strong>de</strong>, grupos <strong>de</strong> turistas, etc..) 10 -- -- 10Há questionários para verificar o nível <strong>de</strong> satisfação dosvisitantes? 15 -- -- 15Maximo Total 100 50 75 75Há a necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> se saber qu<strong>em</strong> é o público que visita a UC, para queassim possam ser <strong>de</strong>senvolvidas ações <strong>de</strong> planejamento e <strong>de</strong> marketing, enfocandoo público alvo e público <strong>em</strong> potencial que po<strong>de</strong> ser estimulado a visitar a UC. Dest<strong>em</strong>odo, são importantes as pesquisas <strong>de</strong> d<strong>em</strong>anda e a realização <strong>de</strong> pesquisas paraa verificação do nível <strong>de</strong> satisfação dos visitantes. Entretanto, sabe-se que essesdados são coletados nas três UCs, mas não são utilizados no planejamento ou <strong>em</strong>análises sobre o perfil <strong>de</strong> tais visitantes (Quadro 41).


355Portanto, após essa avaliação verificou-se que num máximo <strong>de</strong> 1400 pontos,o PEVV possui 935 (67%), o PNI 1085 (77,5%) e o PNMFN 955 pontos (69%).Deste modo, observou-se que nesta auto-avaliação, nas duas seções aquipreenchidas, o Parque Nacional do Iguaçu é o que conseguiu maior pontuação. Taldado po<strong>de</strong>-se <strong>de</strong>ver ao fato <strong>de</strong> que o PNI passou há pouco t<strong>em</strong>po por uma gran<strong>de</strong>revitalização e teve seus serviços concessionados, sendo administrado pelaCataratas S/A. Além disso, é uma das UCs mais antigas do Brasil e é um dosParques Nacionais <strong>de</strong> maior visitação, principalmente por estrangeiros, o quejustifica <strong>em</strong> parte a sua melhor estrutura voltada para o turismo, a interpretação eeducação ambiental.O PNMFN está <strong>em</strong> segundo lugar, possui potencial e gran<strong>de</strong> parte da infraestruturanecessária, entretanto, ainda não utiliza a<strong>de</strong>quadamente seu <strong>patrimônio</strong><strong>geológico</strong> <strong>em</strong> ativida<strong>de</strong>s educativas e interpretativas.Já no PEVV a situação atual é mais complicada. São várias as a<strong>de</strong>quações eações que necessitam ser feitas no sentido <strong>de</strong> propor uma candidatura à Re<strong>de</strong>Mundial e a utilização do <strong>patrimônio</strong> <strong>geológico</strong> pelos visitantes e estudantes.Todavia, quando o Museu Geológico e Paleontológico estiver funcionando, talcenário ten<strong>de</strong> a mudar para melhor.Mas, <strong>de</strong> qualquer forma, as três UCs carec<strong>em</strong> ainda <strong>de</strong> diversos aspectos,necessitando a realização <strong>de</strong> ações no sentido <strong>de</strong> facilitar uma possível candidatura.Algumas são ações fáceis <strong>de</strong> ser<strong>em</strong> realizadas, e que não necessitam tantosrecursos econômicos, e sim planejamento, iniciativa, parceria e organização.Portanto, conclui-se que no que diz respeito as seções III e IV do formulário daUNESCO, é possível que tais UCs integr<strong>em</strong> a Lista Mundial <strong>de</strong> Geoparques, paratanto, nos resultados voltados para a interpretação do ambiente, educaçãoambiental e geoturismo, algumas <strong>de</strong>ssas sugestões são realizadas, para quefuturamente a inclusão <strong>de</strong>ssas UCs seja facilitada.


3566.5 PROPOSTA DE CRIAÇÃO DA REDE BRASILEIRA DE GEOPARQUESBaseando-se nos dados apresentados anteriormente, sabe-se que o Brasilpossui gran<strong>de</strong> potencial no que diz respeito ao seu <strong>patrimônio</strong> <strong>geológico</strong> egeomorfológico, sendo que muitas <strong>de</strong>ssas áreas já são reconhecidas comoUnida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> Conservação Fe<strong>de</strong>rais, Estaduais e Municipais 254 . Além doreconhecimento na forma <strong>de</strong> UCs, há também o reconhecimento por parte da SIGEP(Comissão Brasileira <strong>de</strong> Sítios Geológicos e Paleobiológicos), e o ProjetoGeoparques do Brasil, elaborado pelo CPRM.Entretanto, no que diz respeito aos aspectos <strong>geológico</strong>s e geomorfológicos,há uma <strong>de</strong>sarticulação, pois as UCs são manejadas <strong>de</strong> acordo com diferentesobjetivos e políticas públicas, nacionais, estaduais e municipais. Assim, a criação <strong>de</strong>Re<strong>de</strong>s nacionais é uma recomendação da UNESCO (2007), pois tais Re<strong>de</strong>s pod<strong>em</strong>fortalecer os laços entre as Unida<strong>de</strong>s, favorecer a troca <strong>de</strong> experiências visando ageo<strong>conservação</strong> do <strong>patrimônio</strong> e também propiciar o planejamento turístico voltadopara ativida<strong>de</strong>s geoturísticas.Deste modo, os Parques que po<strong>de</strong>riam integrar uma Re<strong>de</strong> Brasileira <strong>de</strong>Geoparques <strong>de</strong>veriam ter como objetivos principais (além dos seus objetivos comoUnida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> Conservação já estabelecidas, se for o caso) a proteção do <strong>patrimônio</strong><strong>geológico</strong>, a realização <strong>de</strong> ativida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> educação e interpretação <strong>de</strong>sse <strong>patrimônio</strong>além da promoção e realização <strong>de</strong> ativida<strong>de</strong>s voltadas para o geoturismo.Também pelo fato <strong>de</strong> não po<strong>de</strong>r<strong>em</strong> (ainda) integrar uma Re<strong>de</strong> Mundial,principalmente <strong>de</strong>vido aos custos <strong>de</strong> impl<strong>em</strong>entação, e a<strong>de</strong>quação aos critérios daUNESCO, é que sugere-se a criação <strong>de</strong> uma Re<strong>de</strong> Brasileira <strong>de</strong> Geoparques.Baseando-se na Re<strong>de</strong> Européia e <strong>de</strong> Geoparques, <strong>de</strong>ve possuir também umaestruturação interna b<strong>em</strong> <strong>de</strong>finida, incluindo um comitê <strong>de</strong> coor<strong>de</strong>nação e um comitêconsultivo. Tal comitê <strong>de</strong> coor<strong>de</strong>nação seria responsável pelas <strong>de</strong>cisões <strong>em</strong> relaçãoá Re<strong>de</strong> e po<strong>de</strong>ria ser composto por representantes <strong>de</strong> Geoparques já integrantes da254 Unida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> Conservação Estaduais como o Parque Estadual <strong>de</strong> Vila Velha, Parque Estadual <strong>de</strong>Campinhos - PR, PETAR – SP, entre outros são bons ex<strong>em</strong>plos. Unida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> ConservaçãoMunicipais, como o Parque do Varvito <strong>em</strong> Itu – SP, Parque dos Dinossauros <strong>em</strong> Sousa – PB, ParqueAmetista – RS, entre outros.


357Re<strong>de</strong>; Ministério do Turismo ou EMBRATUR; Ministério do Meio Ambiente ouICMBio e SIGEP / CPRM. E o comitê consultivo, responsável pela análise eavaliação da entrada <strong>de</strong> novos m<strong>em</strong>bros, po<strong>de</strong>ria ser composto por representantesdo SIGEP; Ministério do Meio Ambiente e do Turismo; e um representante geral dosGeoparques já estabelecidos.Os principais objetivos com a criação <strong>de</strong> uma Re<strong>de</strong> inclu<strong>em</strong> o incentivo aoplanejamento a<strong>de</strong>quado, proteger, fortalecer e divulgar ainda mais a geodiversida<strong>de</strong>brasileira. Com uma Re<strong>de</strong> b<strong>em</strong> divulgada através <strong>de</strong> promoções <strong>de</strong> marketing e arealização <strong>de</strong> eventos, mais benefícios advindos do turismo po<strong>de</strong>rão ser verificadosnos núcleos receptores. Desta forma, a Re<strong>de</strong> indiretamente po<strong>de</strong>rá encorajar acriação <strong>de</strong> novos Geoparques, pois através da divulgação a ser realizada, novosmunicípios po<strong>de</strong>rão <strong>de</strong>scobrir o seu potencial, incentivando assim o crescimento dogeoturismo no Brasil.Um selo po<strong>de</strong> ser criado, no sentido <strong>de</strong> certificar os Geoparques integrantesda Re<strong>de</strong>, proporcionando assim maior credibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong>ntro <strong>de</strong> rigorosos critérios noprocesso <strong>de</strong> avaliação para integrar a Re<strong>de</strong>.Por outro lado, esses critérios pod<strong>em</strong> servir como referência a pesquisadorese po<strong>de</strong>r público na verificação do potencial e <strong>de</strong>finição da escolha <strong>de</strong> outras UCs esítios <strong>geológico</strong>s, facilitando o seu planejamento, tanto para ativida<strong>de</strong>s ligadas aogeoturismo quanto para uma possível candidatura a Re<strong>de</strong>.De qualquer forma, para candidatar-se a Re<strong>de</strong>, é importante que acandidatura seja efetuada através da entrega dos formulários preenchidos,juntamente com um dossiê e cópias <strong>de</strong> documentos, tal como na candidatura para aRe<strong>de</strong> Mundial. Além disso, não <strong>de</strong>v<strong>em</strong> ser vetadas candidaturas levando-se <strong>em</strong>consi<strong>de</strong>ração o tamanho da área e sim levar <strong>em</strong> consi<strong>de</strong>ração se as áreas possu<strong>em</strong>limites claros que propici<strong>em</strong> o a<strong>de</strong>quado <strong>de</strong>senvolvimento sustentável..


3587. CONSIDERAÇÕES FINAISEsta tese teve como objetivo geral justificar a importância da divulgação dasgeociências à visitantes <strong>de</strong> Unida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> Conservação, comunida<strong>de</strong> e geoturistas,utilizando para tanto meios interpretativos relativos à geologia e geomorfologia,viabilizando uma melhor compreensão do <strong>patrimônio</strong> <strong>geológico</strong> e o incentivo aogeoturismo.Deste modo, <strong>de</strong> acordo com as hipóteses formuladas, ao término <strong>de</strong>stapesquisa, foi constatado que nas três UCs pesquisadas: Há atrativos <strong>geológico</strong>s e geomorfológicos relevantes para a realização<strong>de</strong> ativida<strong>de</strong>s educativas, interpretativas e roteiros geoturisticos;Embasando-se nos trabalhos <strong>de</strong> campo realizados e levando <strong>em</strong>consi<strong>de</strong>ração a interpretação ambiental e o enfoque no planejamento do geoturismo,com base nos atrativos <strong>geológico</strong>s e geomorfológicos das UCs, nos resultadosforam apresentados “Pontos <strong>de</strong> Interesse Geo-didático”. Os critérios utilizados paraessa escolha basearam-se na a<strong>de</strong>quação dos Pontos para a sua utilização <strong>em</strong>ativida<strong>de</strong>s educativas e interpretativas, on<strong>de</strong> foram verificadas também a suarepresentativida<strong>de</strong>, visibilida<strong>de</strong>, facilida<strong>de</strong> e possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> acesso, sendo locaison<strong>de</strong> as características geológicas pod<strong>em</strong> ser melhor explicadas e compreendidas.No PEVV tais pontos englobam principalmente as formas <strong>de</strong> superfície, comoa Taça, tafones, liesegangs, alvéolos, juntas poligonais, bacias <strong>de</strong> dissolução,caneluras, furnas e lagoas. No PNI os pontos mostram bons ex<strong>em</strong>plos <strong>de</strong>diaclasamento vertical e horizontal, <strong>de</strong>rrames <strong>de</strong> lava, <strong>de</strong>composição esferoidal,<strong>de</strong>sagregação das rochas, meláfiros, canyon do Rio Iguaçu e as Cataratas. Por fim,no PNMFN os pontos indicam locais on<strong>de</strong> pod<strong>em</strong> ser observados aspectos como a<strong>de</strong>composição esferoidal, formas <strong>de</strong> erosão, diques e aglomerados vulcânicos,domos <strong>de</strong> fonólito, dunas, calcarenitos, <strong>de</strong>rrames <strong>de</strong> ankaratrito, brechas vulcânicas,disjunção colunar, plugs vulcânicos e eolianitos.Desta forma, com a utilização dos Pontos pelos professores, condutores evisitantes com interesse especifico, como os geoturistas, as informações estarão


359organizadas, <strong>de</strong> modo que <strong>em</strong> cada ponto po<strong>de</strong>-se enfocar a atenção da audiêncianos <strong>de</strong>talhes que estão sendo interpretados, explicando o que é mais significativo,tendo assim a oportunida<strong>de</strong> <strong>de</strong> amarrar a explicação ao t<strong>em</strong>a <strong>geológico</strong> egeomorfológico. O geoturismo po<strong>de</strong> ser <strong>de</strong>senvolvido nas UCs, sendo uma novaperspectiva do turismo realizado <strong>em</strong> áreas naturaisO geoturismo está crescendo cada vez mais, sendo uma nova tendência <strong>em</strong>termos mundiais. Em combinação com os outros tipos <strong>de</strong> turismo que já sãorealizados nas UCs aqui tratadas po<strong>de</strong> auxiliar no sentido <strong>de</strong> que é uma novaperspectiva para o turismo que v<strong>em</strong> sendo realizado <strong>em</strong> áreas naturais,reconhecendo os atrativos <strong>geológico</strong>s como atrativos turísticos. Assim, o geoturismopo<strong>de</strong> compartilhar experiências realizadas <strong>em</strong> outras modalida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> turismo <strong>em</strong>esmo assim permanecer distinto <strong>em</strong> seus objetivos, ou seja, <strong>em</strong> combinação comoutras formas <strong>de</strong> turismo, adiciona outra dimensão e diversida<strong>de</strong> ao produto turísticooferecido.Com o aprofundamento dos conhecimentos relativos ao geoturismo, forampropostos aspectos ligados ao planejamento sustentável 255 da ativida<strong>de</strong> aplicada àrealida<strong>de</strong> brasileira. De tal modo, o geoturismo po<strong>de</strong> chegar a assumir um grau <strong>de</strong>importância estratégica para o futuro do <strong>de</strong>senvolvimento turístico do Brasil, comofator <strong>de</strong> <strong>de</strong>senvolvimento social, educativo e valorização do potencial dascom<strong>unida<strong>de</strong>s</strong> envolvidas, visto que as com<strong>unida<strong>de</strong>s</strong> são peças-chave no<strong>de</strong>senvolvimento do geoturismo. Mas, <strong>de</strong> qualquer forma, o geoturismo <strong>de</strong>ve ser umturismo sustentável no sentido <strong>de</strong> permitir um <strong>de</strong>senvolvimento turístico s<strong>em</strong><strong>de</strong>gradar ou esgotar os recursos que estão sendo utilizados na ativida<strong>de</strong>. Somenteassim po<strong>de</strong>r<strong>em</strong>os conhecer e aproveitar ainda mais nosso <strong>patrimônio</strong> <strong>geológico</strong>,proporcionando que as futuras gerações também possam conhecê-lo.Há a viabilida<strong>de</strong> da implantação <strong>de</strong> geoparques nas UCs escolhidas255 É importante salientar, contudo, que o geoturismo trata-se <strong>de</strong> uma ativida<strong>de</strong> dinâmica, e assugestões a nível <strong>de</strong> planejamento não se esgotam com esta pesquisa, sendo incorporadasatualizações com o passar do t<strong>em</strong>po.


360Restringindo-se aos aspectos ligados ao geoturismo, interpretação eeducação ambiental, foram respondidos e comentados aqui os formulários daUnesco para uma possível candidatura à Re<strong>de</strong> Mundial <strong>de</strong> Geoparques.Assim, tanto na região dos Campos Gerais (abrangendo o PEVV), como noParque Nacional do Iguaçu, e <strong>em</strong> Fernando <strong>de</strong> Noronha, foi verificado que hápotencial para a criação <strong>de</strong> Geoparques <strong>de</strong>vido a sua geodiversida<strong>de</strong>, aspectossingulares da paisag<strong>em</strong>, fluxo turístico que já v<strong>em</strong> ocorrendo ao longo <strong>de</strong> muitosanos e a infra-estrutura disponível. Mas, <strong>de</strong> qualquer forma, as três UCs carec<strong>em</strong>ainda <strong>de</strong> diversos aspectos, necessitando a realização <strong>de</strong> ações, sendo quealgumas são fáceis <strong>de</strong> ser<strong>em</strong> realizadas, e não necessitam tantos recursoseconômicos, e sim planejamento, iniciativa, parceria e organização.Além disso, é sugerida aqui a criação <strong>de</strong> uma Re<strong>de</strong> Brasileira <strong>de</strong> Geoparques,visto que a criação <strong>de</strong> Re<strong>de</strong>s nacionais é uma recomendação da UNESCO (2007),pois tais Re<strong>de</strong>s pod<strong>em</strong> fortalecer os laços entre as Unida<strong>de</strong>s, favorecer a troca <strong>de</strong>experiências visando a geo<strong>conservação</strong> do <strong>patrimônio</strong> e também propiciar oplanejamento turístico voltado para ativida<strong>de</strong>s geoturísticas A comunida<strong>de</strong> e os visitantes têm o interesse <strong>em</strong> conhecer mais sobreos aspectos <strong>geológico</strong>sCom o objetivo <strong>de</strong> coletar dados no sentido <strong>de</strong> verificar o interesse dos visitantes,condutores e a comunida<strong>de</strong> <strong>em</strong> relação aos aspectos <strong>geológico</strong>s e geomorfológicos<strong>em</strong> Unida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> Conservação, questionários foram aplicados. Deste modo,verificou-se que é necessária a popularização dos aspectos interpretativosrelacionados à geodiversida<strong>de</strong> das UCs, visto que tanto a comunida<strong>de</strong> (moradores,professores e condutores) quanto os visitantes das UCs t<strong>em</strong> <strong>em</strong> gran<strong>de</strong> parte ointeresse <strong>em</strong> conhecer mais sobre tais aspectos. Há a necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> projetos, incentivo, capacitação e planejamentoa<strong>de</strong>quado para que as ativida<strong>de</strong>s ligadas à interpretação do <strong>patrimônio</strong><strong>geológico</strong> aos visitantes sejam realizadas <strong>de</strong> maneira satisfatória.Foi verificado que há a carência <strong>de</strong> meios interpretativos e capacitação <strong>em</strong>relação aos aspectos <strong>geológico</strong>s e geomorfológicos <strong>em</strong> UCs. Além disso, ainda falta


361incentivo e projetos relacionados à interpretação <strong>de</strong>sses aspectos, pois atualmente ainterpretação do ambiente ainda privilegia os aspectos da biodiversida<strong>de</strong>, mesmoque o principal atrativo da UC seja <strong>geológico</strong> ou geomorfológico.No sentido <strong>de</strong> contribuir para uma relação mais próxima dos visitantes e dacomunida<strong>de</strong> com as geociências e com o objetivo <strong>de</strong> favorecer a divulgação do<strong>patrimônio</strong> <strong>geológico</strong>, foram produzidos meios interpretativos para as três UCspesquisadas, tais como guias <strong>de</strong> bolso, DVD, website, jogos e ativida<strong>de</strong>s lúdicas,roteiros <strong>geológico</strong>s e propostas <strong>de</strong> geo-educação.E pelo fato dos condutores ser<strong>em</strong> <strong>de</strong> fundamental importância para o auxíliona interpretação do ambiente (são o elo entre a UC e o visitante), no caso do PNI ePNMFN foram ministrados cursos <strong>de</strong> capacitação <strong>em</strong> Geoturismo. A capacitação (ea reciclag<strong>em</strong> do conhecimento) <strong>de</strong>ssas pessoas não <strong>de</strong>ve ser <strong>de</strong>ixada <strong>em</strong> segundoplano, pois é realmente necessário preparar o profissional para o contato com opúblico, para que ele conheça e compreenda o ambiente <strong>em</strong> que vive, já que ocondutor muitas vezes faz papel <strong>de</strong> educador <strong>de</strong>ntro da UC.Há também a necessida<strong>de</strong> da a<strong>de</strong>quação <strong>de</strong> certos meios interpretativos,como os painéis interpretativos implantados pela Mineropar no PNI e PEVV, queapesar <strong>de</strong> atraír<strong>em</strong> a atenção dos visitantes, ainda <strong>de</strong>spertam dúvidas quanto a suacompreensão. Deste modo, sugere-se aqui que tais painéis apresent<strong>em</strong> os aspectos<strong>geológico</strong>s da UC <strong>de</strong> forma mais el<strong>em</strong>entar, facilmente compreensível e <strong>de</strong> maneiraresumida, utilizando blocos diagramas e fotos para facilitar a sua compreensão, vistoque esses painéis pod<strong>em</strong> auxiliar também os guias, condutores e professores, poisserv<strong>em</strong> <strong>de</strong> base para o fornecimento permanente <strong>de</strong> informações.Portanto, se as UCs estiver<strong>em</strong> preparadas <strong>em</strong> se tratando <strong>de</strong> meiosinterpretativos voltados para tais aspectos, todos os visitantes in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>nte <strong>de</strong> suamotivação 256 , po<strong>de</strong>rão ter acesso à interpretação do ambiente. Iniciativas como asaqui apresentadas <strong>de</strong>veriam ser realizadas <strong>em</strong> outras Unida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> Conservação eáreas que possu<strong>em</strong> potencial para o geoturismo, para fortalecer ainda mais o Brasilfuturamente como um dos melhores <strong>de</strong>stinos geoturísticos do mundo.256 O ecoturismo, turismo <strong>de</strong> aventura, turismo técnico cientifico, geoturismo, entre outros, pod<strong>em</strong>estar vinculados, visto que os meios interpretativos voltados aos aspectos <strong>geológico</strong>s pod<strong>em</strong> serutilizados por qualquer uma das modalida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> turismo praticadas <strong>em</strong> áreas naturais.


362De qualquer forma, com os resultados aqui apresentados espera-se <strong>de</strong>spertare sensibilizar visitantes, funcionários da UC e a comunida<strong>de</strong> quanto à importância daeducação e interpretação ambiental <strong>em</strong> UCs.Como nesta tese, o probl<strong>em</strong>a <strong>de</strong> pesquisa esteve relacionado ao fato <strong>de</strong>que os aspectos geocientíficos <strong>de</strong> certas Unida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> Conservação não são muitasvezes aproveitados como recurso educativo, turístico e interpretativo, respon<strong>de</strong>u-seà pergunta apresentando-se sugestões para a utilização dos aspectos <strong>geológico</strong>s egeomorfológicos <strong>de</strong> Unida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> Conservação <strong>em</strong> ativida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> interpretaçãoambiental.Mas, é importante <strong>de</strong>stacar que in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>nt<strong>em</strong>ente das UCs, no futuro,tornar<strong>em</strong>-se ou não Geoparques, <strong>de</strong>v<strong>em</strong> incluir entre seus objetivos preservar econservar o <strong>patrimônio</strong> <strong>geológico</strong> para futuras gerações, educar e ensinar ao públicoos t<strong>em</strong>as relativos a paisagens geológicas e educação ambiental, prover meios <strong>de</strong>pesquisas para as geociências e assegurar o <strong>de</strong>senvolvimento sustentável da regiãoatravés do turismo.Concluindo, o <strong>patrimônio</strong> <strong>geológico</strong> precisa <strong>de</strong>ixar <strong>de</strong> ser esquecido pelaspolíticas públicas, educativas e <strong>de</strong> proteção do meio ambiente, pois conscientizar asocieda<strong>de</strong> sobre nossa rica geodiversida<strong>de</strong> é importante para que assim ela possaser utilizada com fins não somente científicos, e também educativos e turísticos.Desta forma, pod<strong>em</strong>os e <strong>de</strong>v<strong>em</strong>os utilizar ainda mais nossa geodiversida<strong>de</strong>, tanto noque diz respeito à criação <strong>de</strong> Geoparques no Brasil como <strong>em</strong> ativida<strong>de</strong>s ligadas aogeoturismo, programas educativos e <strong>de</strong> interpretação ambiental nas Unida<strong>de</strong>s <strong>de</strong>Conservação já existentes, voltados não somente para os visitantes, mas tambémpara a comunida<strong>de</strong>.


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ANEXOS386


387ANEXO 01MODELO DE QUESTIONÁRIO DA PESQUISA REALIZADA COM OS VISITANTESDAS UNIDADES DE CONSERVAÇÃO(EM PORTUGUÊS)


388UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINACENTRO DE FILOSOFIA E CIÊNCIAS HUMANASPROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM GEOGRAFIA- DOUTORADOORIENTADOR: PROF. J.J.BIGARELLA PESQUISADORA:PROF. JASMINE MOREIRA(UEPG)1 . Qual a sua residência permanente ?Cida<strong>de</strong>__________________________ Estado __________________________País ____________________________2. Qual a sua ida<strong>de</strong> ?1. Menor <strong>de</strong> 18 2. 18 à 24 3. 25 à 34 4. 35 à 49 5. Mais <strong>de</strong> 50 3.Gênero? M F 4. Qual o seu nível <strong>de</strong> escolarida<strong>de</strong> ? ...............................................................................5. Se já é formado, qual a sua formação ?................................................................................6.Qual sua ocupação atual ? ................................................................................7. Qual o meio <strong>de</strong> transporte utilizado para chegar até o Parque?1. Automóvel....................................................2. Moto / Bicicleta............................................3. Ônibus <strong>de</strong> linha............................................4. Ônibus <strong>de</strong> excursão......................................5. Outro ( especifique )....................................8.Qual o motivo <strong>de</strong>sta visita ?1. Lazer / Turismo............................................2. Estudos técnicos/ Pesquisa Científica........ .3. Aula prática..................................................4. Outros(especifique)......................................9. Você está visitando o Parque:a. Sozinho...........................................................b Em grupo <strong>de</strong> estudantes :b.1 universitários....................................b.2 ensino médio....................................b.3 ensino fundamental..........................c. Com a família.................................................d. Excursão.........................................................e. Com amigos....................................................10. Você sabe o que é geomorfologia ? Sim Não 11.Você sabe o que é geoturismo ? Sim Não 12. Você leu o painel relacionada aos aspectos <strong>geológico</strong>s e geomorfológicos ?a. Sim............................................................a. Sim, antes do passeio...................b. Depois do passeio........................b. Não...........................................................13. Se não leu, porque ?a. Não viu.........................................................b. Não teve t<strong>em</strong>po.......................................... c. Não se interessa por esses aspectos ............ d. Não gosta <strong>de</strong> ler placas ou painéis ...........e. Outro (especifique).........................................................................................................................


38914. Se leu, gostou ? Sim Não 15. Se não gostou, porque ?a.Não enten<strong>de</strong>u...................................................b. Muito gran<strong>de</strong> o texto.......................................c. Texto não é chamativo....................................d. Lnguag<strong>em</strong> usada é muito técnica........ ...........16. O painel ajudou você a enten<strong>de</strong>r mais sobre o Parque ? Sim Não 17.Você acredita que é importante esse tipo <strong>de</strong> meio interpretativo ? Sim Não 18. (Responda esta questão somente se você já fez a sua visita e se ela foiacompanhada por um condutor.) Os aspectos geomorfológicos do Parque foramcomentados? Sim Não 19. Que outros tipos <strong>de</strong> meios interpretativos você acredita que seriam eficazes parauma melhor compreensão sobre a geomorfologia do Parque? (Marque quantos quiser)Folhetos.... Trilhas guiadas.... Palestras....Ví<strong>de</strong>os.. Museu... Mais painéis na trilha..20. Se existiss<strong>em</strong> outros roteiros enfocando aspectos geomorfológicos, pelo Paraná oupelo Brasil, você visitaria ? Sim Não


390ANEXO 02MODELO DE QUESTIONÁRIO PARA A PESQUISA REALIZADA COM OSPARTICIPANTES DO CURSO PARA CONDUTORES NO PNI E PNMFN


391UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINACENTRO DE FILOSOFIA E CIÊNCIAS HUMANASPROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM GEOGRAFIA- DOUTORADOORIENTADOR: PROF. J.J.BIGARELLA PESQUISADORA:PROF. JASMINEMOREIRA (UEPG)1 .Parque Nacional Marinho <strong>de</strong> Fernando <strong>de</strong> NoronhaFunção _____________________2. Qual a sua ida<strong>de</strong> ?2. Menor <strong>de</strong> 18 2. 18 à 24 3. 25 à 34 4. 35 à 49 5. Mais <strong>de</strong> 50 3.Gênero? M F 4. Qual o seu nível <strong>de</strong> escolarida<strong>de</strong> ? ........................................................................5. Se já é formado, qual a sua formação ? ........................................................................6. Para você, a paisag<strong>em</strong> é o principal atrativo do Arquipelago?a. Sim..........................................................b Não ..........................................................7. O Curso ajudou você a compreen<strong>de</strong>r melhor a geodiversida<strong>de</strong> do Arquipélago?a. Sim..........................................................b Não ..........................................................c. Ainda restam duvidas .............................8. Você acredita que após o curso você t<strong>em</strong> informações suficientes para explicar algo sobrea geologia e geomorfologia das ilhas?5. Sim........................................................6. Não .......................................................7. Ainda não se sente seguro....................9. Após as informações repassadas no curso, você acredita que o geoturismo po<strong>de</strong> ser praticadona região?1. Sim..........................................................3. Não ..................................................... .10. Você acredita que é importante esse tipo capacitação ?a. Sim..........................................................b Não ..........................................................11. Que outros tipos <strong>de</strong> meios interpretativos você acredita que seriam eficazes para umamelhor compreensão sobre a geologia e geomorfologia do Parque? (Marque quantos quiser)Folhetos.... Trilhas guiadas.. Palestras.... Ví<strong>de</strong>os.. Museu... Mais painéis natrilha..Pontos positivos do curso:Pontos negativos:Sugestões:


392ANEXO 03MODELO DE QUESTIONÁRIO PARA A PESQUISA REALIZADA COM OSPROFESSORES DA REDE MUNICIPAL DE ENSINO DE PONTA GROSSA


393UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINACENTRO DE FILOSOFIA E CIÊNCIAS HUMANASPROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM GEOGRAFIA- DOUTORADOORIENTADOR: PROF. J.J.BIGARELLA PESQUISADORA:PROF. JASMINEMOREIRA (UEPG)1. Para quais séries você ministra aulas?................................................................................................................................................2. Qual (is) Escolas ?................................................................................................................................................3. Para você, a paisag<strong>em</strong> é o principal atrativo do Parque Nacional do Iguaçu ?a. Sim..........................................................b Não ..........................................................E do Parque Estadual <strong>de</strong> Vila Velha ?a. Sim..........................................................b Não ..........................................................4. Os Pontos utilizados e as explicações repassadas ajudaram você a compreen<strong>de</strong>r melhor ageodiversida<strong>de</strong> do Parque?a. Sim..........................................................b Não ..........................................................5. Você consi<strong>de</strong>ra a possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> utilizar os Pontos <strong>de</strong> Interesse Geo-Didático quando <strong>em</strong>visita ao Parque Estadual <strong>de</strong> Vila Velha ou Parque Nacional do Iguaçu ?8. Sim........................................................9. Não .......................................................6. Você acredita que utilizando os Pontos <strong>de</strong> Interesse Geo-Didático seu trabalho seráfacilitado ?10. Sim........................................................11. Não .......................................................7. Após as informações repassadas você acredita que o geoturismo po<strong>de</strong> ser praticado naregião?a. Sim..........................................................b. Não ..................................................... .8. Se existiss<strong>em</strong> outros roteiros na região, enfocando os aspectos <strong>geológico</strong>s egeomorfológicos, você visitaria ?a. Sim..........................................................c. Não ..................................................... .9. Que outros tipos <strong>de</strong> meios interpretativos você acredita que seriam eficazes para uma melhorcompreensão sobre a geologia e geomorfologia do Parque? (Marque quantos quiser)Folhetos.... Trilhas guiadas.. Palestras.... Ví<strong>de</strong>os.. Museu... Mais painéis natrilha..Sugestões:


394ANEXO 04APOSTILA DO CURSO DE CONDUTOR DE GEOTURISMO NO PARQUENACIONAL DO IGUAÇU


395ANEXO 05MODELO DE QUESTIONÁRIO APLICADO AOS MORADORES DOARQUIPÉLAGO DE FERNANDO DE NORONHA - PR


396DIAGNÓSTICO SOCIAL DA COMUNIDADE DE FERNANDO DE NORONHA – (Adaptado para atese)Data: Pesq.:Prof. Jasmine Moreira N 0. Questionário:1. Você é <strong>em</strong>presário ou funcionário? 2. Local <strong>de</strong> Nascimento?3. Há quantos anos vive <strong>em</strong> FN? .........................4. Qual a sua ida<strong>de</strong>? ..............................................5.Gênero? M F 6. Qual o seu nível <strong>de</strong> escolarida<strong>de</strong>?7.Qual sua principal ocupação atual?8. Há quantos anos t<strong>em</strong> essa ocupação? ...........9.Qual era sua ocupação antes <strong>de</strong> vir para FN?10. Vila on<strong>de</strong> mora ?.............................................1.Titular do imóvel 2.Casa dos Pais 3.Casa <strong>de</strong> parentes 4. Imóvelalugado 5.Alojamento da <strong>em</strong>presa 11. Você acha que t<strong>em</strong> gente d<strong>em</strong>ais morando <strong>em</strong> FN? Sim Não 12.Gostaria <strong>de</strong> atuar <strong>em</strong> outros ramos <strong>em</strong> FN?Não Quais:........................................................13.Gostaria <strong>de</strong> realizar cursos <strong>de</strong> capacitação? Não Quais:.......................................................14. Você fala outros idiomas? Não Estudando Quais?.............................15. Você acredita que o turismo <strong>em</strong> FN é prejudicial ao meio ambiente? Sim Não 16. Para você qual o maior atrativo turístico <strong>de</strong> FN? ..........................................................................17.Você possui conhecimentos sobre aspectos <strong>geológico</strong>s <strong>de</strong> FN? Sim Não 18.T<strong>em</strong> o interesse <strong>de</strong> conhecer ? Sim Não 19.Você já ouviu falar <strong>em</strong> geoturismo? Sim Não 20. Para você os aspectos <strong>geológico</strong>s do arquipélago são o seu principal atrativo? Sim Não 21 Que outros tipos <strong>de</strong> meios interpretativos você acredita que seriam eficazes para uma melhorcompreensão sobre a geologia e geomorfologia <strong>de</strong> FN?Folhetos.... Trilhas guiadas.. Palestras.... Ví<strong>de</strong>os.. Museu... Mais painéis na trilha..


397ANEXO 05APOSTILA DO CURSO DE CONDUTOR DE GEOTURISMO EM FERNANDO DENORONHA


398ANEXO 07EXCURSÕES E ROTEIROS GEOLOGICOS ENGLOBANDO UNIDADES DECONSERVAÇÃO PARANAENSES


399ANEXO 08CARTÕES POSTAIS DO PARQUE NACIONAL DO IGUAÇU


400


401ANEXO 09QUEBRA-CABEÇA DO PARQUE ESTADUAL DE VILA VELHA


402


403ANEXO 10FOLDER DO PARQUE NACIONAL DO IGUAÇU


404


405


406ANEXO 11SUGESTÃO DE PAINÉIS INTERPRETATIVOS PARA O PARQUE NACIONAL DOIGUAÇU E ARQUIPÉLAGO DE FERNANDO DE NORONHA


407Parque Nacional do Iguaçu- Painel 01Localização: No mirante antigo, <strong>em</strong> frente ao hotel.T<strong>em</strong>a: Evolução da Paisag<strong>em</strong> das CataratasDesenhos: Três blocos-diagrama mostrando essa evolução.Texto: Bloco 01- Curso do antigo Rio Iguaçu; Explicar sobre o clima d<strong>em</strong>ilhões <strong>de</strong> anos atrás e a drenag<strong>em</strong>. Bloco 02- Intermediário: O Rio Iguaçu já<strong>em</strong>butido nas rochas, canyon primitivo. Bloco 03- Atual. Recuo das Cataratas <strong>em</strong>direção a localização atual na paisag<strong>em</strong>, mostrando o <strong>em</strong>butimento, o canyon, oSalto Floriano e o alargamento das quedas no lado argentino.As Cataratas são resultado da erosão fluvial, houve uma época <strong>em</strong> que elasestavam próximas ao Rio Paraná e <strong>de</strong>vido a erosão causada pela água, passaram aregredir lentamente rio acima, o que ainda v<strong>em</strong> acontecendo. Do lado brasileiro são800m <strong>de</strong> quedas e no lado argentino 1.900m, totalizando um s<strong>em</strong>i-circulo <strong>de</strong>2.700m.- Painel 02Localização: Próximo ao PIGD da Trilha das Cataratas, num dos mirantes,que possu<strong>em</strong> uma pequena entrada. A Placa estaria localizada na trilha, e não nomirante, pois quando há muitas pessoas na trilha, algumas esperam as outrastirar<strong>em</strong> fotos nesse local, favorecendo com que nesse período <strong>de</strong> t<strong>em</strong>po <strong>em</strong> queesperam, leiam a placa.T<strong>em</strong>a: Rochas do PNIDesenhos: Localização do <strong>de</strong>rrame <strong>de</strong> lavas da Bacia do Paraná.Texto: As rochas que pod<strong>em</strong> ser observadas são lavas basálticas mesozóicasda Formação Serra Geral, ou seja, os <strong>de</strong>rrames basálticos da Bacia do Paraná, omaior <strong>de</strong>rrame vulcânico conhecido na superfície da Terra e que aconteceu entre110 e 148 milhões <strong>de</strong> anos atrás. O Rio Iguaçu surgiu muito t<strong>em</strong>po <strong>de</strong>pois <strong>de</strong>sses<strong>de</strong>rrames.- Painel 03Localização: Entrada da passarela.T<strong>em</strong>a: Rio IguaçuDesenhos: Foto aérea do Rio Iguaçu e mapa do Paraná mostrando o Rio.Texto: O Rio Iguaçu não corre para o mar porque é um rio antece<strong>de</strong>nte, muitoantigo, possuindo ainda essa drenag<strong>em</strong> antiga. Todos os rios da região on<strong>de</strong> estavaa América do Sul antes da separação dos continentes corriam para o OceanoPacifico, antes da existência da cordilheira dos An<strong>de</strong>s. Depois do afastamento dosContinentes e com o surgimento da Cordilheira dos An<strong>de</strong>s esses rios não pu<strong>de</strong>rammais atravessar a cordilheira porque a subida <strong>de</strong>la foi muito rápida. Assim, os riosforam <strong>de</strong>sviados para o sul para a <strong>de</strong>s<strong>em</strong>bocadura no rio da Prata.- Painel 04Localização: Na base do elevadorT<strong>em</strong>a: Derrames <strong>de</strong> lava e as Cataratas do IguaçuDesenhos: Diagrama sobre os <strong>de</strong>rrames <strong>de</strong> lava (baseado no diagramaproposto por Maack <strong>em</strong> 1968.Texto: Os <strong>de</strong>graus que pod<strong>em</strong> ser observados nas Cataratas do Iguaçu estãorelacionados aos <strong>de</strong>rrames <strong>de</strong> lava e a estrutura da rocha nesse ponto. O contato


408entre os <strong>de</strong>rrames superior e intermediário propiciou a aparição <strong>de</strong> um patamar b<strong>em</strong><strong>de</strong>finido. E a superfície plana e alta vista no horizonte, tanto no lado brasileiro,quanto no lado argentino é uma superfície <strong>de</strong> erosão antiga, cuja ida<strong>de</strong> é pliopleistocênica(<strong>em</strong> torno <strong>de</strong> 3 a 5 milhões <strong>de</strong> anos).Parque Nacional Marinho <strong>de</strong> Fernando <strong>de</strong> NoronhaPainel 01Localização: Praia da ConceiçãoT<strong>em</strong>a: Morro do PicoDesenhos: Esqu<strong>em</strong>a representando como <strong>de</strong>veria ser antigamente o edifíciovulcânico e atualmente mostrando o plug.Texto: Este é o ponto mais alto da Ilha, com 321 metros <strong>de</strong> altura. A rochaque v<strong>em</strong>os é um fonolito, o maior do arquipélago, produto <strong>de</strong> ativida<strong>de</strong>smagmáticas <strong>de</strong> 9 milhões <strong>de</strong> anos atrás. Possui esta forma <strong>de</strong>corrente <strong>de</strong>processos erosivos que v<strong>em</strong> agindo há milhões <strong>de</strong> anos e que atuaram <strong>em</strong>superfícies <strong>de</strong> fraqueza da rocha, influenciando a queda <strong>de</strong> gran<strong>de</strong>s blocos queainda v<strong>em</strong> ocorrendo e que pod<strong>em</strong> ser vistos próximos á praia.As rochas do Morro integram a Formação R<strong>em</strong>édios, a mais antiga da Ilha,sendo rochas intrusivas alcalinas. Observe o Morro atentamente e veja que a suaimaginação po<strong>de</strong> sugerir as mais diversas formas....Painel 2Localização: Praia do CachorroT<strong>em</strong>a: Pedra do PiãoTexto: Bloco rochoso quadrangular cuja base foi solapada pela ação abrasivadas ondas, comprometendo seu equilíbrio natural. D<strong>em</strong>onstra também que nosúltimos milhares <strong>de</strong> anos o arquipélago apresenta uma estabilida<strong>de</strong> sísmica.Painel 3Localização: Praia do Bo<strong>de</strong>T<strong>em</strong>a: Rochas na Praia do Bo<strong>de</strong>Texto: “Mar <strong>de</strong> blocos” resultante da alteração das rochas magmáticas. Asmanchas arredondadas representam liquens que estão colonizando a superfície dosblocos.Painel 4Localização: Praia da Cacimba do PadreT<strong>em</strong>a: Diaclasamento e erosãoDesenhos: Esqu<strong>em</strong>a d<strong>em</strong>onstrando a erosão na regiãoTexto: Nestas pequenas ilhas encontram-se basanitos originados pelasolidificação <strong>de</strong> antigos <strong>de</strong>rrames <strong>de</strong> lava. Observe as colunas formadas pelodiaclasamento da rocha.


409ANEXO 12DVD-AULA SOBRE OS ASPECTOS GEOLÓGICOS DO PARQUE NACIONAL DOIGUAÇU


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411ANEXO 13GUIA DE BOLSO DE GEOLOGIA DE FERNANDO DE NORONHA


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413ANEXO 14JOGO DA MÉMORIA DE ASPECTOS GEOLOGICOS DO ARQUIPÉLAGO DEFERNANDO DE NORONHA


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415ANEXO 15CHECK-LIST PARA SAIDAS DE CAMPO


416CHECK-LIST DE SAÍDA DE CAMPO (PROFESSORES)Data:Local:Foi enviado ofício para o Parque solicitando a liberaçãoda taxa <strong>de</strong> entrada ?O transporte foi provi<strong>de</strong>nciado e está confirmado ?Os pais assinaram as autorizações ?Há pelo menos um adulto para cada 15 estudantes ?Os estudantes (ou a escola) provi<strong>de</strong>nciaram lanche ?Os estudantes foram previamente orientados <strong>em</strong> sala <strong>de</strong>aula a respeito dos t<strong>em</strong>as que serão abordados eativida<strong>de</strong>s que serão realizadas durante e após a saída <strong>de</strong>campo?Foram selecionados os Pontos <strong>de</strong> Interesse Geodidáticosque serão utilizados durante a saída <strong>de</strong> campo?Você e os estudantes possu<strong>em</strong> os equipamentosa<strong>de</strong>quados para realizar a visita ? (tênis, boné, protetorsolar, água, etc...)


417ANEXO 16ATIVIDADES GEO-EDUCATIVAS


418Ativida<strong>de</strong>s Geo-EducativasAtivida<strong>de</strong> 01: Unida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> Conservação e o Parque Estadual <strong>de</strong> Vila VelhaUC: Parque Estadual <strong>de</strong> Vila VelhaDuração: Entre 15 e 20 minutosLocal: Sala <strong>de</strong> aulaPalavras-chave: parque estadual, <strong>unida<strong>de</strong>s</strong> <strong>de</strong> <strong>conservação</strong>, geodiversida<strong>de</strong>Material <strong>de</strong> apoio: Mapa do Paraná e do BrasilObjetivos: Fazer com que os estudantes localiz<strong>em</strong> o Parque Estadual <strong>de</strong> Vila Velha,e saibam quais as razões da criação <strong>de</strong> Unida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> Conservação.Dados: Comentar sobre as Unida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> Conservação e os seus objetivos.O PEVV possui relevo ruiniforme, sendo uma área que há muito t<strong>em</strong>po évisitada por turistas. É Parque Estadual <strong>de</strong>s<strong>de</strong> 1953 (o primeiro do Paraná), erecebeu <strong>em</strong> 2007 quase 90 mil visitantes, sendo a segunda UC mais visitada doEstado, sendo a primeira o Parque Nacional do Iguaçu. O PEVV localiza-se naregião Sul do País, no segundo planalto do Estado do Paraná, <strong>de</strong>nominado CamposGerais, e possui atualmente área <strong>de</strong> 3.803,28 ha. Foi tombado pelo <strong>patrimônio</strong>histórico e artístico do Estado do Paraná, como conjunto <strong>de</strong> Vila Velha: Arenitos,Furnas e Lagoa Dourada,De acordo com o SNUC o estabelecimento <strong>de</strong> áreas protegidas no Brasil t<strong>em</strong>por objetivo a manutenção <strong>de</strong> condições naturais a<strong>de</strong>quadas para a proteção dadiversida<strong>de</strong> <strong>de</strong> ecossist<strong>em</strong>as, incluindo a proteção da diversida<strong>de</strong> genética,biológica, espécies ameaçadas, proteção <strong>de</strong> paisagens <strong>de</strong> notável beleza cênica,características relevantes geológicas, geomorfológica, espeleológica, arqueológica,paleontológica e cultural, além da proteção <strong>de</strong> recursos hídricos e edáficos. As UCssão também consi<strong>de</strong>rados como importantes instrumentos para pesquisa, educaçãoambiental e na geração <strong>de</strong> mo<strong>de</strong>los sustentáveis para o <strong>de</strong>senvolvimento econômicoregional.Excetuando-se as Reservas Particulares do Patrimônio Natural (RPPNs), oParaná <strong>em</strong> 2006 contava com 75 Unida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> Conservação, sendo 14administradas pelo Governo Fe<strong>de</strong>ral, através do IBAMA e 61 pelo Estado, atravésdo Instituto Ambiental do Paraná (IAP). As UCs fe<strong>de</strong>rais no estado são 9 <strong>de</strong>Proteção Integral: os Parques Nacionais do Iguaçu, Ilha Gran<strong>de</strong>, Superagui, Saint-Hilaire/Lange, a Estação Ecológica <strong>de</strong> Guaraqueçaba, e as recém criadas (2006)Reservas Biológicas das Araucárias e das Perobas, o Parque Nacional dos CamposGerais, e o Refúgio <strong>de</strong> Vida Silvestre dos Campos <strong>de</strong> Palmas. As outras cinco UCssão <strong>de</strong> uso sustentável: as Áreas <strong>de</strong> Proteção Ambiental das Ilhas e Várzeas do RioParaná, <strong>de</strong> Guaraqueçaba, e as Florestas Nacionais <strong>de</strong> Irati, Piraí do Sul e Açungui.Sendo que <strong>de</strong>stas UCs, as que apresentam notável potencial para o geoturismo sãoo Parque Nacional do Iguaçu e o Parque Nacional dos Campos Gerais.Procedimentos sugeridos: Perguntar aos estudantes: qu<strong>em</strong> já foi <strong>em</strong> parquesnacionais e estaduais, <strong>em</strong> quais foram, o que tinha <strong>de</strong> especial neles, quais osParques na região dos Campos Gerais e no Paraná, qual a imag<strong>em</strong> v<strong>em</strong> a cabeçaquando se fala no Parque Estadual <strong>de</strong> Vila Velha.Explicar a importância das Unida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> Conservação e aspectos <strong>geológico</strong>s doPEVV e mostrar no mapa do Paraná a localização <strong>de</strong> cada uma <strong>de</strong>las, enfatizandoas que estão na região dos Campos Gerais e o PEVV.Ativida<strong>de</strong> 02: Derretendo geleiras


419UC: Parque Estadual <strong>de</strong> Vila VelhaDuração: Uma aula;Local: sala <strong>de</strong> aula e pátio;Palavras-chave: geleiras, lagos <strong>em</strong> frente as geleiras, varvitos, arenitos;Material <strong>de</strong> apoio: Mapa do Paraná, copo <strong>de</strong> plástico, um elástico, areia, água,pedras pequenas, um prego, martelo, uma tábua para fazer o suporte, relógio,congelador.Objetivos: perceber como ocorreram os <strong>de</strong>rretimentos das geleiras na região.Dados:No final do Carbonífero e início do Permiano houve uma gran<strong>de</strong> glaciação(Permo-carbonifera) entre cerca <strong>de</strong> 320 e 280 milhões <strong>de</strong> anos atrás e o geloesten<strong>de</strong>u-se para oeste, noroeste e norte.As geleiras que avançaram para o norte provocaram erosão sobre as rochas,incorporando enorme quantida<strong>de</strong> <strong>de</strong> <strong>de</strong>tritos, <strong>de</strong> tamanhos variados até enormesmatacões. Durante o avanço, o material incorporado na geleira movia-se porgravida<strong>de</strong> <strong>em</strong> direção a base da geleira originando um <strong>de</strong>posito <strong>de</strong>trítico contendopartículas <strong>de</strong> tamanhos variados e pequena quantida<strong>de</strong> <strong>de</strong> argila, originando o tilito(morena basal). Evidências <strong>de</strong>sse avanço pod<strong>em</strong> ser observadas <strong>em</strong> Witmarsum, noParaná (primeiro Sitio Geológico do Estado a receber um painel interpretativo feitopela Mineropar). A superfície sulcada e estriada trata-se <strong>de</strong> rara ocorrênciageológica documentativa da passag<strong>em</strong> das geleiras durante o Carbonífero Superiorbrasileiro.Essas geleiras vinham do sul e avançavam para o norte, passando porlugares como on<strong>de</strong> é hoje o PEVV, pois no Parque pod<strong>em</strong>os observar sinais dapassag<strong>em</strong> do gelo pela região. Pela proximida<strong>de</strong> e pelo fato <strong>de</strong> encontrarmosvarvitos abaixo dos Arenitos <strong>de</strong> Vila Velha, pod<strong>em</strong>os sugerir com mais precisão queo conjunto rochoso <strong>de</strong> Vila Velha é <strong>de</strong> orig<strong>em</strong> predominant<strong>em</strong>ente glacial e nãomarinha. Com o <strong>de</strong>gelo formaram-se <strong>de</strong>pósitos que permitiram <strong>de</strong>terminar a direção<strong>de</strong> transporte dos sedimentos, e <strong>em</strong> alguns locais formaram-se lagos peri-glaciais(na beira dos glaciais), on<strong>de</strong> originaram-se as camadas <strong>de</strong> varvitos.Desenho representando o avanço e recuo das geleiras, respectivamente. No recuo dasgeleiras observa-se a formação <strong>de</strong> um lago á sua frente, e no fundo <strong>de</strong>ste lago foram <strong>de</strong>positados osvarvitos.


420Varvito recém encontrado no PEVV e a d<strong>em</strong>onstração da seqüência <strong>de</strong> estratos <strong>em</strong> três anosconsecutivos (a, b e c). Os sedimentos mais grossos e mais escuros correspond<strong>em</strong> a um períodomais quente e os sedimentos mais finos e mais claros a um período mais frio.Nas amostras coletadas, como a da figura, pod<strong>em</strong> ser vistos seixos pingados<strong>de</strong> pequenos icebergs. A seqüência <strong>de</strong> estratos, um mais grosso e mais escuro eoutro mais fino e mais claro, representam o material que se <strong>de</strong>positou durante overão e o inverno. Contando-se o numero <strong>de</strong> “varvas”, sabe-se <strong>em</strong> quantos anos se<strong>de</strong>positou toda a seqüência. Os varvitos, por apresentar<strong>em</strong> essas características,pod<strong>em</strong> ser consi<strong>de</strong>rados papel chave na interpretação <strong>de</strong> todo o conjunto do ParqueEstadual <strong>de</strong> Vila Velha, d<strong>em</strong>onstrando que a área s<strong>em</strong> duvida foi coberta porgeleiras.Esqu<strong>em</strong>a representativo <strong>de</strong> um lago <strong>em</strong> frente a geleira, on<strong>de</strong> foram <strong>de</strong>positados varvitos. Fonte:Baseado <strong>em</strong> Cosmocaixa Barcelona, 2007.Procedimentos sugeridos: Pegue o copo e coloque no fundo uma camada <strong>de</strong>areia e pequenas pedras, e sobre elas um pouco <strong>de</strong> água. Coloque no congelador.Quando congelar, repita o procedimento, coloque areia, pequenas pedras e água enovamente no congelador. Com cuidado, coloque um prego na ponta da tábua e


421coloque a tábua inclinadamente sobre um suporte. Tirar o copo do congelador e<strong>de</strong>spren<strong>de</strong>r o material, <strong>de</strong>scartando o copo. Coloque o material na ponta próxima aoprego e prenda-o com o elástico. Observe o t<strong>em</strong>po que o material <strong>de</strong>rrete e o<strong>de</strong>pósito <strong>de</strong> material que surge. Comente sobre o que ocorreu no PEVV.Ativida<strong>de</strong> 03: Erosão causada pelo Rio IguaçuUC: Parque Nacional do IguaçuDuração: Uma aula;Local: Sala <strong>de</strong> aula e pátio;Palavras-chave: rio, erosão, água corrente.Material <strong>de</strong> apoio: Mapa do Paraná, uma caixa <strong>de</strong> suco <strong>de</strong> laranja, ou similar (sãocaixas mais alongadas que as <strong>de</strong> leite), uma garrafa <strong>de</strong>scartável <strong>de</strong> dois litros,material arenoso, régua, tesoura, água,Objetivos: Mostrar como a água corrente ero<strong>de</strong> a paisag<strong>em</strong>.Dados: O PNI divi<strong>de</strong> o título <strong>de</strong> Patrimônio Mundial com o Parque Nacional Iguazu,localizado na outra marg<strong>em</strong> do rio, na Argentina. Inscrito como B<strong>em</strong> Natural <strong>em</strong>1986 na Lista <strong>de</strong> Patrimônio Mundial, <strong>em</strong> conjunto os dois parques abrigam atotalida<strong>de</strong> das quedas d’água e formam uma das maiores áreas <strong>de</strong> florestasubtropical preservadas no mundo, cobrindo 225 mil hectares, dos quais 75 % estão<strong>em</strong> território brasileiro. Além da geodiversida<strong>de</strong>, o Parque protege espéciesrepresentativas da biodiversida<strong>de</strong>, sendo algumas <strong>em</strong> extinção, como a onçapintada,puma, jacaré <strong>de</strong> papo amarelo, gavião real, além <strong>de</strong> espécies da flora comoo pinheiro e a peroba rosa.Diferent<strong>em</strong>ente da maioria dos rios do Paraná, o Rio Iguaçu não corre para omar. Tal fato acontece porque este é um rio antece<strong>de</strong>nte, ou seja, possui ainda adrenag<strong>em</strong> antiga. Todos os rios da região on<strong>de</strong> estava a América do Sul antes daseparação dos continentes corriam para o Oceano Pacifico, antes da existência daCordilheira dos An<strong>de</strong>s. Depois da ruptura do Gondwana e com o surgimento <strong>de</strong>ssaCordilheira, esses rios não pu<strong>de</strong>ram mais seguir seu antigo curso, sendo <strong>de</strong>sviadospara o sul, <strong>de</strong>s<strong>em</strong>bocando no rio da Prata.Há alguns milhões <strong>de</strong> anos atrás, no fim do Plioceno e no início doPleistoceno, as Cataratas situavam-se na foz do Rio Iguaçu, junto ao Rio Paraná.Devido a erosão, o Rio Iguaçu acompanha neste lugar uma linha tectônica (diáclase)entalhada rio acima pela erosão retroce<strong>de</strong>nte, s<strong>em</strong>elhante ao Rio Paraná no saltodas Sete Quedas 257 . A água corrente t<strong>em</strong> a habilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> realizar duas modificaçõesna paisag<strong>em</strong>: carregar sedimentos e escavar um canyon na rocha. A intensida<strong>de</strong><strong>de</strong>sses processos <strong>de</strong>pen<strong>de</strong> <strong>de</strong> alguns fatores, como a velocida<strong>de</strong> da água, a quantia<strong>de</strong> água e a periodicida<strong>de</strong> <strong>de</strong>ste fluxo. O canyon do Rio Iguaçu é estreito, comlargura entre 65 e 100 metros e sofre um <strong>de</strong>snível <strong>de</strong> cerca <strong>de</strong> 70 metros, originandoum conjunto <strong>de</strong> saltos dos mais belos e famosos do mundo. Em sua vazão normalobservam-se 272 quedas isoladas, sendo a largura dos saltos no território brasileiro<strong>de</strong> 800m e no lado argentino <strong>de</strong> 1.900m, num total <strong>de</strong> 2.700m.Assim, sabe-se que quando estava ocorrendo o vulcanismo as Cataratasainda não existiam. Foi somente após a separação dos continentes e a formação doOceano Atlântico que a borda leste do Brasil passou a subir lentamente e o Rio257 O canyon escavado pelo Rio Paraná foi inundado pela represa <strong>de</strong> Itaipu, alagando toda a áreaon<strong>de</strong> antes existia o Parque Nacional Sete Quedas. Maack. R. Geografia física do Estado doParaná. Curitiba, Imprensa Oficial, 2002. 3ª edição. 1ª edição <strong>em</strong> 1968. 350 p.


422Iguaçu iniciou a sua erosão regressiva. Portanto, as Cataratas que v<strong>em</strong>os hoje <strong>em</strong>dia no PNI t<strong>em</strong> alguns milhões <strong>de</strong> anos, po<strong>de</strong>ndo-se estimar 258 na sua superfíci<strong>em</strong>ais alta aproximadamente a ida<strong>de</strong> <strong>de</strong> 3 á 5 milhões <strong>de</strong> anos.Procedimentos sugeridos: Trate primeiramente <strong>em</strong> sala <strong>de</strong> aula os aspectosligados ao Rio Iguaçu. No mapa do Paraná, mostre que o Rio corta o Estado <strong>de</strong>leste para oeste. Fale sobre o canyon, a erosão e as Cataratas. Divida a turma <strong>em</strong>grupos, cada uma com o seu material. Cada grupo <strong>de</strong>ve cortar as caixas, retirandouma das faces, <strong>de</strong>ixando a abertura por on<strong>de</strong> sai o líquido. Coloque o materialarenoso até a borda da caixa e comprima. Para simular a erosão do rio use a garrafa<strong>de</strong> água. No lado oposto ao da abertura, <strong>de</strong>speje a água vagarosamente, mantendoum fluxo constante. Observe o que acontece, como se fosse o rio. Se o solo estáseco, boa parte da água será absorvida, mas não use mais que 2 litros <strong>de</strong> água.Repita o procedimento, abaixando 3 cm na ponta e usando novo solo. Repita maisuma vez, abaixando mais 2 cm. Compare os resultados e discuta sobre a variaçãona inclinação Comente sobre o Rio Iguaçu e a erosão regressiva das Cataratas.Ativida<strong>de</strong> 04: Aspectos <strong>geológico</strong>s do Parque Nacional do Iguaçu e a relaçãoentre eles.UC: Parque Nacional do IguaçuDuração: uma aula;Local: Sala <strong>de</strong> aula;Palavras-chave: água, t<strong>em</strong>po, basalto, paisag<strong>em</strong>.Material <strong>de</strong> apoio: Folhas com os dados a seguir impressos e ampliados, fotos daUC, quadro, fita a<strong>de</strong>siva, giz.Objetivos:. Apresentar informações sobre a geodiversida<strong>de</strong> da UC e mostrar arelação entre os el<strong>em</strong>entos. .Dados: Utilizar os dados da ativida<strong>de</strong> anterior.O basalto que compõe esses <strong>de</strong>rrames é uma rocha vulcânica extrusiva(<strong>de</strong>rramou na superfície). Na área do PNI encontramos o basalto vesicular, quepossui estrutura <strong>em</strong> forma <strong>de</strong> vesículas (pequenas bolhas). Essa estrutura vesicularcontém cavida<strong>de</strong>s produzidas pela expansão e escape <strong>de</strong> gases, sendo que essasvesículas são muito comuns nas lavas. Para facilitar a explicação <strong>de</strong>ssas vesículas,pod<strong>em</strong>os usar a comparação com uma garrafa <strong>de</strong> água mineral com gás. Assim,quando a rocha estava fundida e veio do interior da terra até a superficie para<strong>de</strong>rramar, é como se na hora se abrisse uma imaginária garrafa que continha omagma sob pressão. Quando abriu, foi como na garrafa <strong>de</strong> água, on<strong>de</strong> observamosas bolhas subindo. Essas bolhas se solidificaram, juntamente com os minerais <strong>em</strong>seu interior formando essas vesículas.A <strong>de</strong>composição da rocha constitui um processo muito lento, complexo evariado. As alterações nas rochas são distintas e faz<strong>em</strong> com que as rochas soframum processo que po<strong>de</strong> ser alteração química, mecânica e biológica. A alteraçãoquímica das rochas processa-se através da ação das águas das chuvas que levampara o solo pequenas quantida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> CO2. Este gás, dissolvido na água, dá orig<strong>em</strong>ao “ácido carbônico”. Assim, a água que penetra nas fendas da rocha atua como umácido fraco e sua ação é reforçada pela presença <strong>de</strong> vegetação. Reações258 Porém, infelizmente não se sabe qual a taxa <strong>de</strong> regressão anual das Cataratas, pois não foramfeitas medições até hoje, não sendo possível datar o momento que as Cataratas estavam próximasao Rio Paraná.


423acontec<strong>em</strong> e essa alteração vai progressivamente avançando pelas fendas,<strong>de</strong>compondo a rocha <strong>em</strong> uma forma arredondada.Em certos locais do Parque, a superfície da rocha possui vegetação primitiva,iniciada com os liquens, e que evolu<strong>em</strong> para muscíneas e outras plantas. Essavegetação começa a se apoiar, enraizando-se. Essas raízes penetram na rocha ecom a produção <strong>de</strong> ácidos húmicos inicia a sua alteração e a <strong>de</strong>composição químicaque vai levar a formação do solo, permitindo o crescimento <strong>de</strong> vegetação <strong>de</strong> port<strong>em</strong>aior. Deste modo, o basalto <strong>de</strong>composto dá orig<strong>em</strong> à chamada terra roxa.Procedimentos sugeridos: Copiar o mo<strong>de</strong>lo abaixo, ampliando e recortando todasas figuras. Iniciar o t<strong>em</strong>a falando sobre o Parque Nacional do Iguaçu. Colar noquadro todas as palavras e solicitar a ajuda dos alunos para montar o esqu<strong>em</strong>a,estimulando que os alunos sugiram quais as palavras relacionadas ao t<strong>em</strong>a, àmedida que o assunto vai sendo comentado. Iniciar com as palavras PNI, rochas,cataratas, vegetação, água e Rio Iguaçu. Após comentar sobre as rochas, falarsobre o basalto e inserir as palavras fendas, compacto, vesicular, <strong>de</strong>graus, rocha<strong>de</strong>composta, terra roxa. Ao falar sobre a água e a vegetação, comentar sobre a<strong>de</strong>composição das rochas e inserir as palavras: faz a rocha se partir <strong>em</strong> pedaços,retira o ácido das plantas mortas, superfície do rio, <strong>de</strong>compõe a rocha, possuiácidos, forma arredondada. Em relação ao t<strong>em</strong>po, inserir as palavras antes dosdinossauros e alguns milhões <strong>de</strong> anos atrás.


424 T<strong>em</strong>as principaisRochasPNICataratasBasaltoVegetaçãoRio IguaçuÁguaT<strong>em</strong>po


425Palavras relacionadas ao Basalto:FendasVesicularCompactoDegrausTerra roxaRocha<strong>de</strong>composta Palavras relacionadas a água e a vegetação:Faz a rocha separtir <strong>em</strong> pedaçosRetira o ácido <strong>de</strong>plantas mortasPossui ácidosFormaarredondadaSuperfície doRioDecompõe arocha


426 Palavras relacionadas ao t<strong>em</strong>po:Antes dosDinossaurosAlgunsmilhões <strong>de</strong>anos atrásAtivida<strong>de</strong> 05: Linha do t<strong>em</strong>po <strong>geológico</strong> do PEVVUC: Parque Estadual <strong>de</strong> Vila Velha (po<strong>de</strong> ser adaptado para outras UCs)Duração: Uma aula;Local: sala <strong>de</strong> aula;Palavras-chave:; Terra, ida<strong>de</strong>, t<strong>em</strong>po <strong>geológico</strong>, PEVVMaterial <strong>de</strong> apoio:. Cartões para escrever, canetas grossas, uma corda <strong>de</strong> 4,5metros, fita a<strong>de</strong>siva.Objetivos:. Fazer com que os participantes entendam como foi a linha do t<strong>em</strong>po<strong>geológico</strong> na UC.Dados: A história geológica da Terra é muito longa, ela foi subdividida <strong>em</strong> eras(divisão básica do t<strong>em</strong>po <strong>geológico</strong>), períodos e épocas. Os geólogos, para recriaressa história, utilizam as rochas e a paisag<strong>em</strong>, como se foss<strong>em</strong> peças <strong>de</strong> umquebra-cabeça.A Era Arqueozóica é a mais antiga e foi também a mais d<strong>em</strong>orada <strong>de</strong> todasas eras (entre os 4,6 Bilhões e 570 milhões <strong>de</strong> anos atrás). Correntes <strong>de</strong> lavaestavam por toda a superfície, e ao se resfriar<strong>em</strong> começaram a dar forma aosprimeiros núcleos continentais. A vida somente po<strong>de</strong>ria existir e evoluir nas águasmarinhas, pois a atmosfera era ainda irrespirável, composta por dióxido <strong>de</strong> carbonoe s<strong>em</strong> oxigênio, além da po<strong>de</strong>rosa radiação ultravioleta <strong>em</strong>anada pelo Sol.A Era Paleozóica, teve duração aproximada entre 570 e 245 milhões <strong>de</strong> anosatrás, e é característica como sendo da “vida antiga” pelo fato da vida animal evegetal estar <strong>em</strong> estado ainda inferior. Ocorreram gran<strong>de</strong>s movimentos da crosta,propiciando a formação <strong>de</strong> montanhas e <strong>de</strong> rochas sedimentares. Os períodosforam: Cambriano, Ordoviciano, Siluriano, Devoniano, Carbonífero e Permiano. AEra Mesozóica, teve duração aproximada <strong>de</strong> 140 milhões <strong>de</strong> anos (entre 245 e 66milhões <strong>de</strong> anos atrás). Nesta Era, apareceram os primeiros mamíferos, aves e osrépteis gigantes e as forças <strong>de</strong> erosão atuaram intensamente. Na Era Cenozóica (ouTerciária), formaram-se as gran<strong>de</strong>s ca<strong>de</strong>ias <strong>de</strong> montanhas, <strong>de</strong>sapareceram osgran<strong>de</strong>s répteis e os continentes adquiriram a forma atual. Possui os períodosEoceno, Oligoceno, Mioceno e Plioceno. E por fim, na Era Neozóica (maisconhecida como Quaternário), ocorreram as gran<strong>de</strong>s glaciações e a formação dosatuais contornos dos oceanos e continentes. Possui dois períodos: o Pleistoceno eo Holoceno, o atual. O hom<strong>em</strong> surgiu a aproximadamente 1,6 milhões <strong>de</strong> anos atrás.


427Pré-CambrianoEon Era Período Época Milhões <strong>de</strong> anosCenozoico Quaternário Recente De 11.477 anos(Holoceno) atrás até hoje <strong>em</strong>diaPleistoceno 1.806 Ma até11.477 anos atrásTerciário Plioceno De 5.332 Ma àFanerozóicoMioceno1.806 MaDe 23,03 Ma à5.332 MaOligoceno De 33,9 Ma ± 0,1Ma à 23,03 MaEoceno De 55,8 Ma ± 0,2Ma à 33,9 ± 0,1MaPaleoceno De 65,5 Ma ± 0,3Ma à 55,8 ± 0,2MaMesozóico Cretáceo De 145,5 Ma ± 4,0Ma à 65,5 ± 0,3 MaJurássico De 199,6 Ma ± 0,6Ma à 145,5 ± 4, MaTriássico De 251,0 Ma ± 0,4Ma à 199,6 ± 0,6MaPaleozóico Permiano De 299,0 Ma ± 0,8Ma à 251,0 ± 0,4MaCarbonífero De 359,2 Ma ± 2,5Ma à 299,0 ± 0,8MaDevoniano De 416,0 Ma ± 2,8Ma à 359,2 ± 2,5MaSiluriano De 443,7 Ma ± 1,5Ma à 416,0 ± 2,8MaOrdoviciano De 488,3 Ma ± 1,7Ma à 443,7 ± 1,5MaCambriano De 542 Ma ± 1,0Ma à 488,3 ± 1,7MaProterozóico Neoproterozóico De 1.000 Ga à 542MaMesoproterozóicoDe 1.600 Ga à1.000 GaPaleoproterozóicoDe 2.500 Ga à1.600 GaArqueano Neoarqueano De 2.800 Ga àHa<strong>de</strong>anoMesoarqueanoPaleoarqueanoEoarqueano2.500 GaDe 3.200 Ga à2.800 GaDe 3.600 Ga à3.200 GaDe ~3.850 Ga à3.600 GaDe 4.560 Ga à~3.850 Ga


428Escala do T<strong>em</strong>po GeológicoSiglas: Ma – Milhões <strong>de</strong> anos. Ga – bilhão <strong>de</strong> anosFonte: Baseado <strong>em</strong> Carneiro e Toniolo (2007)No caso do PEVV, o Embasamento proterozóico t<strong>em</strong> ida<strong>de</strong> entre 2,5 bilhões e570 milhões <strong>de</strong> anos, a Formação Furnas é Ordo-siluriana (entre 500 e 400 milhões<strong>de</strong> anos atrás), a Formação Ponta Grossa é do Período Devoniano (t<strong>em</strong> ida<strong>de</strong> entre400 e 360 milhões <strong>de</strong> anos atrás), o Arenito Vila Velha é do Grupo Itararé, doPeríodo Carbonífero-superior (entre 360 e 286 milhões <strong>de</strong> anos) e os diques <strong>de</strong>diabásio são do Mesozóico (entre 245 e 66 milhões <strong>de</strong> anos atrás).Seção geológica esqu<strong>em</strong>ática na direção nor<strong>de</strong>ste-su<strong>de</strong>ste, passando pelo PEVV. 1- Embasamentoproterozóico. 2- Formação Furnas; 3- Formação Ponta Grossa; 4- Grupo Itararé (on<strong>de</strong> está o ArenitoVila Velha); 5- Diques <strong>de</strong> diabasio do Magmatismo Serra Geral. P- Arco <strong>de</strong> Ponta Grossa; ED-Escarpa “ Devoniana”; VV- Vila Velha; TI- Rio Tibagi. Fonte: Melo (2006)Como proce<strong>de</strong>r: A corda, <strong>de</strong> 4,6 metros, representa a Ida<strong>de</strong> da Terra. A cada 10centímetros equivale a 100 milhões <strong>de</strong> anos. Faça os cartões <strong>de</strong> acordo com osgran<strong>de</strong>s eventos <strong>geológico</strong>s que ocorreram na região. No caso do PEVV façacartões com as palavras citadas no it<strong>em</strong> anterior (ida<strong>de</strong>s e formações).No caso dos nomes das eras e épocas, use uma cor <strong>de</strong> cartão e para os eventos eformações, use outra cor <strong>de</strong> cartão. Divida a turma <strong>em</strong> grupos e entregue cartõespara cada grupo. Entregue também folhas com as informações sobre o PEVV. Após10 minutos, peça para que cada grupo faça uma apresentação sobre o cartão e paraque o coloque na corda. Ao final, recapitule a história geológica da Terra,enfatizando os eventos que ocorreram na região do PEVV.

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