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análise numérica de estruturas de aço, concreto e mistas ... - capes

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ANÁLISE NUMÉRICA DE ESTRUTURAS DE AÇO, CONCRETO EMISTAS EM SITUAÇÃO DE INCÊNDIORodrigo Barreto Caldas


UNIVERSIDADE FEDERAL DE MINAS GERAISESCOLA DE ENGENHARIAPROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ENGENHARIA DE ESTRUTURAS"ANÁLISE NUMÉRICA DE ESTRUTURAS DE AÇO, CONCRETO E MISTAS EMSITUAÇÃO DE INCÊNDIO"Rodrigo Barreto CaldasTese apresentada ao Programa <strong>de</strong> Pós-Graduação emEngenharia <strong>de</strong> Estruturas da Escola <strong>de</strong> Engenharia daUniversida<strong>de</strong> Fe<strong>de</strong>ral <strong>de</strong> Minas Gerais, como partedos requisitos necessários à obtenção do título <strong>de</strong>"Doutor em Engenharia <strong>de</strong> Estruturas".Comissão Examinadora:____________________________________Prof. Dr. Ricardo Hallal FakuryDEES - UFMG - (Orientador)____________________________________Prof. Dr. João Batista Marques <strong>de</strong> Sousa JúniorUFOP (Co-orientador)____________________________________Prof. Dr. Armando Cesar Campos LavallDEES - UFMG____________________________________Prof. Dr. Francisco Carlos RodriguesDEES - UFMG____________________________________Prof. Dr. Eduardo <strong>de</strong> Miranda BatistaCOPPE - UFRJ____________________________________Prof. Dr. Luiz Carlos Pinto da Silva FilhoUFRGSBelo Horizonte, 09 <strong>de</strong> <strong>de</strong>zembro <strong>de</strong> 2008


“Ainda que eu fale as línguas dos homens e dos anjos,se não tiver amor,serei como o sino que ressoa ou como o prato que retine.Ainda que eu tenha o dom <strong>de</strong> profeciae saiba todos os mistérios e todo o conhecimento,e tenha uma fé capaz <strong>de</strong> mover montanhas,se não tiver amor, nada serei...O amor é paciente, o amor é bondoso.Não inveja, não se vangloria, não se orgulha.Não maltrata, não procura seus interesses,não se ira facilmente, não guarda rancor.O amor não se alegra com a injustiça,mas se alegra com a verda<strong>de</strong>.Tudo sofre, tudo crê, tudo espera, tudo suporta...”1 Coríntios 13À minha esposa amada, Lucimar,sempre presente em todos os momentos,<strong>de</strong>dico este trabalho.iii


AGRADECIMENTOS“Como posso retribuir ao Senhor toda a sua bonda<strong>de</strong> para comigo?”Salmo 116:12Aos meus queridos pais, Wellington e Lucia, que sempre me conduziram nos caminhosdo amor e da justiça.Às minhas irmãs Sielen e Juliana, pelo apoio e amiza<strong>de</strong>.À Vallourec & Mannesmann Tubes, pelo apoio financeiro, sem o qual seria impossívelrealizar este trabalho. Especialmente, ao engenheiro Afonso Henrique Mascarenhas <strong>de</strong>Araújo que tem realizado um valioso trabalho <strong>de</strong> incentivo à pesquisa e<strong>de</strong>senvolvimento do <strong>aço</strong> junto às universida<strong>de</strong>s.Aos professores Ricardo Hallal Fakury e João Batista Marques <strong>de</strong> Sousa Jr., pelaorientação segura e luci<strong>de</strong>z com que conduziram este trabalho e, principalmente, pelaamiza<strong>de</strong>, confiança e apoio constantes.Aos professores do Programa <strong>de</strong> Pós-graduação em Engenharia <strong>de</strong> Estruturas daUFMG: Edgar Carrasco, Estevam Las Casas, Fernando Amorim, Francisco Rodrigues,Gilson Queiroz, José Calixto, Ney Amorim e Roque PitangueiraAo pessoal do Departamento e do Programa <strong>de</strong> Pós-graduação em Engenharia <strong>de</strong>Estruturas da UFMG, especialmente à Fátima e Maria Inês.iv


SUMÁRIOLISTA DE FIGURASLISTA DE TABELASLISTA DE SÍMBOLOSRESUMOABSTRACTxxvixviiixxiixxiiiCAPÍTULO 1 INTRODUÇÃO1.1 Motivação1.2 Objetivos <strong>de</strong>ste Trabalho1.3 Justificativa da Escolha do Tema1.4 Organização <strong>de</strong>ste Trabalho1334CAPÍTULO 2 CONCEITOS BÁSICOS E REVISÃO BIBLIOGRÁFICA2.1 Introdução2.2 Fogo, Incêndio e Segurança2.3 Características dos Incêndios2.3.1 Descrição Geral e Mo<strong>de</strong>lagem do Comportamento<strong>de</strong> Incêndios em Compartimentos2.3.2 Incêndio Localizado ou Pré-Flashover2.3.3 Incêndio Pós-Flashover2.3.3.1 Curvas Paramétricas2.3.3.2 Curvas Nominais, TRRF e Tempo Equivalente2.4 Ensaios Experimentais e o Comportamento <strong>de</strong> Estruturas Mistas emSituação <strong>de</strong> Incêndio6611121818192023v


2.5 Projeto <strong>de</strong> Estruturas em Situação <strong>de</strong> Incêndio2.6 Comportamento dos Materiais à Temperatura Elevada2.6.1 Proprieda<strong>de</strong>s Termomecâncias do Aço Segundo o Euroco<strong>de</strong>2.6.2 Proprieda<strong>de</strong>s Termomecânicas do Concreto Segundo o Euroco<strong>de</strong>2.6.3 Proprieda<strong>de</strong>s Termomecânicas do Concreto <strong>de</strong> Baixa Densida<strong>de</strong>Segundo o Euroco<strong>de</strong>2.6.4 Resistência à Tração do Concreto2.6.5 Mo<strong>de</strong>lo <strong>de</strong> Han para a Relação Tensão-Deformação do Concreto emSeções Tubulares <strong>de</strong> Aço2.6.6 Proprieda<strong>de</strong>s Termomecânicas do Concreto <strong>de</strong> Alta ResistênciaSegundo o Euroco<strong>de</strong>2.6.7 Mo<strong>de</strong>lo <strong>de</strong> Schaumann para a Relação Tensão-Deformação <strong>de</strong>Concretos <strong>de</strong> Alta Resistência2.6.8 Spalling do Concreto2.6.9 Métodos e Materiais <strong>de</strong> Proteção contra Incêndio2.7 Mo<strong>de</strong>los Numéricos Desenvolvidos2.7.1 Segurança Contra Incêndio e Mo<strong>de</strong>los Numéricos no Brasil29333540464749515253586267CAPÍTULO 3 PLATAFORMA COMPUTACIONAL E METODOLOGIA3.1 Introdução3.2 Programa CSTM3.2.1 Obtenção <strong>de</strong> Esforços em Seções Transversais Mistas <strong>de</strong> Aço eConcreto3.2.2 Obtenção <strong>de</strong> Superfícies <strong>de</strong> Interação em Seções Transversais3.3 Aspectos Relevantes do Programa FEMOOP3.3.1 Mo<strong>de</strong>lo <strong>de</strong> Elementos Finitos para Análise <strong>de</strong> Pilares Mistos3.4 Metodologia <strong>de</strong> Desenvolvimento do Mo<strong>de</strong>los Numéricos para Análise emSituação <strong>de</strong> Incêndio71727375767683vi


CAPÍTULO 4 MODELOS PARA TRANSFERÊNCIA DE CALOR4.1 Introdução4.2 Condução <strong>de</strong> Calor e Suas Condições <strong>de</strong> Contorno4.3 Mo<strong>de</strong>lo Numérico para Condução <strong>de</strong> Calor com Base no Método dasDiferenças Finitas4.4 Mo<strong>de</strong>lo Numérico para Condução <strong>de</strong> Calor com Base no Método dosElementos Finitos4.5 Mo<strong>de</strong>lo Numérico para Radiação <strong>de</strong> Calor4.6 Programa ANTRAC4.7 Exemplos4.7.1 Perfil Laminado com Proteção Tipo Contorno4.7.2 Viga <strong>de</strong> Concreto4.7.3 Pilar Misto Quadrado Preenchido com Concreto4.7.4 Pilar Misto Circular Preenchido com Concreto4.7.5 Pilar Misto Totalmente Envolvido com Concreto4.7.6 Proteção tipo Caixa4.7.7 Seção <strong>de</strong> Aço Tubular Circular4.8 Conclusões85909296101102103103107109111112114115116CAPÍTULO 5 MODELOS PARA SEÇÕES TRANSVERSAIS EMSITUAÇÃO DE INCÊNDIO5.1 Consi<strong>de</strong>rações Iniciais e Introdução5.2 Proprieda<strong>de</strong>s dos Materiais5.3 Diagrama <strong>de</strong> Interação dos Esforços5.4 Análise <strong>de</strong> Pilares5.5 Exemplos5.5.1 Seção Transversal Exposta ao Incêndio117121123130131131vii


5.5.2 Seção Transversal Parcialmente Exposta ao Incêndio5.5.3 Seção Mista <strong>de</strong> Aço e Concreto5.5.4 Pilar Aquecido em 4 Faces5.5.5 Pilar Aquecido em 3 Faces5.6 Conclusões133136138140141CAPÍTULO 6 MODELO DE ELEMENTO DE VIGA TRIDIMENSIONAL6.1 Introdução6.2 Elemento <strong>de</strong> Viga Tridimensional6.2.1 Gran<strong>de</strong>s Rotações6.2.2 Formulação Corrotacional6.2.3 Matriz <strong>de</strong> Rigi<strong>de</strong>z Local6.3 Exemplos6.3.1 Pilar <strong>de</strong> Aço6.3.2 Viga <strong>de</strong> Aço6.3.3 Viga <strong>de</strong> Concreto6.3.4 Viga Mista <strong>de</strong> Aço e Concreto6.3.5 Pórtico <strong>de</strong> Aço 3D6.3.6 Pilar Misto Totalmente Envolvido por Concreto6.3.7 Pilar Misto Preenchido com Concreto6.3.8 Pilares Mistos Preenchidos com Concreto <strong>de</strong> Alta Resistência6.4 Conclusões143148148150157158159161162164166167168171173CAPÍTULO 7 MODELO DE ELEMENTO DE CASCA7.1 Introdução7.2 Desenvolvimento do Mo<strong>de</strong>lo <strong>de</strong> Dano7.3 Mo<strong>de</strong>lo <strong>de</strong> Dano7.4 Formulação do Elemento Finito173175176179viii


7.5 Exemplos7.5.1 Lajes <strong>de</strong> Concreto em Temperatura Ambiente7.5.2 Lajes em Temperatura Elevada7.5.3 Ensaios em Pequena Escala7.5.4 Laje Restringida7.6 Conclusões181181183185186188CAPÍTULO 8 MODELO DE ELEMENTO DE MOLA8.1 Introdução8.2 Elemento <strong>de</strong> Mola8.3 Exemplos8.3.1 Viga <strong>de</strong> Aço com Ligações Semi-Rígidas8.3.2 Pórtico com Ligações Semi-Rígidas8.4 Conclusões189193195195198200CAPÍTULO 9 CONSIDERAÇÕES FINAIS9.1 Síntese do Trabalho9.2 Conclusões9.3 Trabalhos Futuros201203204REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS205ix


LISTA DE FIGURASCAPÍTULO 2 CONCEITOS BÁSICOS E REVISÃO BIBLIOGRÁFICAFigura 2.2.1 Triângulo e quadrilátero do fogo. 7Figura 2.3.1 Relação temperatura-tempo <strong>de</strong> um incêndio em umcompartimento e taxa <strong>de</strong> calor liberado em um compartimento segundo oEN 1992-1-2:2004. 15Figura 2.3.2 Comportamento do incêndio em um compartimento: (a), (b) e (c)são diferentes estágios da fase pré-flashover; (d) e (e) fase pós-flashover. 15Figura 2.3.3 Mo<strong>de</strong>lagem CFD usando o programa SmartFire(http://fseg.gre.ac.uk): (a) discretização do compartimento em volumes <strong>de</strong>controle, apenas o fechamento do compartimento é apresentado; (b) escala<strong>de</strong> temperaturas em °K. 17Figura 2.3.4 Curva paramétrica segundo o EN 1991-1-2:2002. 20Figura 2.3.5 Curvas nominais (EN 1991-1-2:2002). 21Figura 2.3.6 Conceito do tempo equivalente. 23Figura 2.4.1 Edifício com elementos estruturais <strong>de</strong> <strong>aço</strong> e mistos ensaiado emCardington, UK (Lawson, 2001). 25Figura 2.4.2 Piso misto típico: caminho das cargas para a estrutura emtemperatura ambiente. 26Figura 2.4.3 Piso misto típico: comportamento <strong>de</strong> membrana para gran<strong>de</strong>s<strong>de</strong>slocamentos. 27Figura 2.4.4 Piso misto típico: comportamento <strong>de</strong> catenária para gran<strong>de</strong>s<strong>de</strong>slocamentos. 28Figura 2.5.1 Procedimentos <strong>de</strong> projeto (EN 1994-1-2:2005). 30Figura 2.5.2 Deslocamento lateral das colunas externas observado em umensaio <strong>de</strong> uma estrutura <strong>de</strong> <strong>concreto</strong> em Cardington, UK (Bailey, 2002). 32Figura 2.6.1 Relação tensão-<strong>de</strong>formação do <strong>aço</strong> em temperaturas elevadas(EN 1993-1-2:2005). 36Figura 2.6.2 Fatores <strong>de</strong> redução da relação tensão-<strong>de</strong>formação dos <strong>aço</strong>slaminados (EN 1993-1-2:2005). 37x


Figura 2.6.3 Alongamento do <strong>aço</strong> em função da temperatura (EN 1993-1-2:2005). 39Figura 2.6.4 Calor específico do <strong>aço</strong> em função da temperatura (EN 1993-1-2:2005). 39Figura 2.6.5 Condutivida<strong>de</strong> térmica do <strong>aço</strong> (EN 1993-1-2:2005). 40Figura 2.6.6 Mo<strong>de</strong>lo matemático para representação da relação tensão<strong>de</strong>formaçãodo <strong>concreto</strong> à temperatura elevada (EN 1992-1-2:2004). 42Figura 2.6.7 Alongamento do <strong>concreto</strong> à base <strong>de</strong> agregados calcários ousilicoso em função da temperatura (EN 1992-1-2:2004). 43Figura 2.6.8 Calor específico em função da temperatura, para três conteúdos<strong>de</strong> umida<strong>de</strong> diferentes (EN 1992-1-2:2004). 45Figura 2.6.9 Limite superior e inferior da condutivida<strong>de</strong> térmica do <strong>concreto</strong>(EN 1992-1-2:2004). 46Figura 2.6.10 Fatores <strong>de</strong> redução da resistência a tração do <strong>concreto</strong> segundo oEN 1992-1-2:2004 e a aproximação proposta. 48Figura 2.6.11 Relação tensão <strong>de</strong>formação do <strong>concreto</strong> a tração (Huang et al.,2003). 48Figura 2.6.12. Relações tensão-<strong>de</strong>formação segundo o mo<strong>de</strong>lo <strong>de</strong> Han. 51Figura 2.6.13 Relação tensão-<strong>de</strong>formação típica segundo o mo<strong>de</strong>lo <strong>de</strong>Schaumann para perfis tubulares <strong>de</strong> <strong>aço</strong> preenchidos com <strong>concreto</strong> <strong>de</strong> altaresistência. 53Figura 2.6.14 Fenômenos associados ao spalling (Breunese e Fellinger, 2004). 54Figura 2.6.15 Spalling após a exposição ao incêndio <strong>de</strong> um pilar com <strong>concreto</strong>normal (a) e um pilar com <strong>concreto</strong> <strong>de</strong> alta resistência (b) (Kodur eHarmathy, 2002). 57Figura 2.6.16 Efeito do incêndio em uma estrutura <strong>de</strong> <strong>concreto</strong> (Cánovas,1988): pilar rompido por compressão <strong>de</strong>vido à diminuição da resistência;<strong>concreto</strong> <strong>de</strong>sagregado e armadura exposta na face inferior da laje. 57Figura 2.6.17 Proteções com alvenaria (a) e <strong>concreto</strong> (b) (Ribeiro, 2004). 58Figura 2.6.18 Pilares mistos <strong>de</strong> <strong>aço</strong> revestidos com <strong>concreto</strong>. 59Figura 2.6.19 Proteções térmicas do tipo contorno e do tipo caixa (Ribeiro,2004): (a) em pilares; (b) em vigas. 60Figura 2.6.20 Material isolante pulverizado (a) e material isolante aplicadocom o auxílio <strong>de</strong> uma tela metálica (b) (Milke, 2002). 61xi


CAPÍTULO 3 PLATAFORMA COMPUTACIONAL E METODOLOGIAFigura 3.2.1 Definição da seção transversal, sistemas global e locais(seccionais). 73Figura 3.2.2 Representação dos domínios <strong>de</strong> <strong>de</strong>formação correspon<strong>de</strong>ntes aoestado limite último <strong>de</strong> uma seção (ABNT NBR 6118:2003). 76Figura 3.3.1 Sistema <strong>de</strong> coor<strong>de</strong>nadas <strong>de</strong> referência: (a) sistema global; (b)sistema local ou seccional. 77Figura 3.3.2 Eixos <strong>de</strong> referência e graus <strong>de</strong> liberda<strong>de</strong> locais. 80CAPÍTULO 4 MODELOS PARA TRANSFERÊNCIA DE CALORFigura 4.1.1 Condições <strong>de</strong> contorno em um problema <strong>de</strong> condução <strong>de</strong> calorem meio sólido. 86Figura 4.3.1 Índices dos elementos na malha. 93Figura 4.3.2 Condutâncias térmicas entre o elemento ( , j)i e os elementosadjacentes. 93Figura 4.3.3 Fluxos <strong>de</strong> calor no elemento ( , j)i . 94Figura 4.3.4 Fluxo <strong>de</strong> calorq para um elemento no contorno.1,2j95Figura 4.5.1. Fator <strong>de</strong> vista para um área infinitesimal e relações diferenciais. 101Figura 4.7.1 (a) dimensões em mm do perfil IPE 400 e pontos on<strong>de</strong> astemperaturas foram analisadas; (b) temperaturas a 30 min para o perfildiscretizado com elementos finitos retangulares; (c) temperaturas a 60 minpara o perfil discretizado com elementos finitos retangulares; (d) escala <strong>de</strong>temperaturas. 105Figura 4.7.2 Viga <strong>de</strong> <strong>concreto</strong> 160x2302mm analisada. 107Figura 4.7.3 Pontos on<strong>de</strong> as temperaturas foram medidas. 110Figura 4.7.4 Temperaturas em °C para o tempo <strong>de</strong> 60 min. 111Figura 4.7.5 Comparação das temperaturas. 112Figura 4.7.6 Temperaturas em °C para o tempo <strong>de</strong> 420min. 113Figura 4.7.7 Temperaturas dos gases e temperaturas obtidasexperimentalmente por Huang et al. (2007) e segundo o presente trabalho,xii


no centro geométrico do perfil <strong>de</strong> <strong>aço</strong>. 113Figura 4.7.8 Dimensões em mm da seção analisada. 114Figura 4.7.9 Temperaturas para o tempo <strong>de</strong> exposição <strong>de</strong> 90 min. 115Figura 4.7.10 Relação temperatura-tempo em pontos da seção. 115Figura 4.7.11 Temperaturas na seção tubular circular. 116CAPÍTULO 5 MODELOS PARA SEÇÕES TRANSVERSAIS EMSITUAÇÃO DE INCÊNDIOFigura 5.2.1 Relações tensão-<strong>de</strong>formação do <strong>concreto</strong> a temperatura elevada(EN 1992-1-2:2004). 122Figure 5.3.1 Seção transversal e sistemas <strong>de</strong> coor<strong>de</strong>nadas (NA é a linhaneutra). 123Figura 5.3.2 Sistema <strong>de</strong> coor<strong>de</strong>nadas xyz, ξηζ e variação da temperatura. 125Figura 5.3.3 Domínio D 1 . 126Figura 5.3.4 Domínio D 2 . 126Figura 5.3.5 Domínio D 3 . 127Figura 5.3.6 Domínio D 4 . 128Figura 5.3.7 Superfície <strong>de</strong> interação completa para uma dada seção. 129Figura 5.3.8 Diagrama <strong>de</strong> interação NM, para temperatura ambiente etemperatura elevada. 129Figura 5.5.1 Comparação dos diagramas <strong>de</strong> interação NM para vários tempos<strong>de</strong> exposição ao incêndio-padrão. 132Figura 5.5.2 Temperaturas para 300 min <strong>de</strong> exposição: (a) uma face exposta;(b) duas faces expostas; (c) três faces expostas; (d) escala <strong>de</strong> temperatura em°C. 133Figura 5.5.3 Diagrama para uma face exposta, α = 0 ° . 134Figura 5.5.4 Diagrama para uma face exposta, α = 90 ° . 134Figura 5.5.5 Diagrama para duas faces expostas, α = 0 ° . 135Figura 5.5.6 Diagrama para duas faces expostas, α = 90 ° . 135xiii


Figura 5.5.7 Diagrama para três faces expostas, α = 0 ° . 136Figura 5.5.8 Diagrama para duas faces expostas, α = 90 ° . 136Figura 5.5.9 Seção transversal mista: (a) dimensões in mm; (b) Temperaturaspara 300 minutos <strong>de</strong> exposição ao incêndio. 137Figura 5.5.10 Diagramas <strong>de</strong> interação para vários tempos <strong>de</strong> exposição. 138Figura 5.5.11 Pilar analisado por Dotrepped et al. (1999): (a) diagrama <strong>de</strong>interação N z M x ; (b) distribuição das temperaturas (°C) para o tempo <strong>de</strong> 40min <strong>de</strong> exposição ao incêndio. 139Figura 5.5.12 Pilar analisado por Tan e Yao (2004): (a) diagrama <strong>de</strong> interaçãoN z M x ; (b) distribuição das temperaturas (°C) para o tempo <strong>de</strong> 75 min <strong>de</strong>exposição ao incêndio. 140CAPÍTULO 6 MODELO DE ELEMENTO DE VIGA TRIDIMENSIONALFigura 6.1.1 Método <strong>de</strong> Newton Raphson com controle do tempo: (a)incrementos <strong>de</strong> tempo e processo iterativo; (b) falha da estrutura. 147Figura 6.2.1 Algoritmo <strong>de</strong> Spurrier para obtenção do quaternion unitário apartir da matriz <strong>de</strong> rotação. Observação: o símbolo = indica atribuição e osímbolo == indica igualda<strong>de</strong>. 150Figura 6.2.2 Configuração inicial do elemento no esp<strong>aço</strong>. 151Figura 6.2.3 Triedros nodais para a configuração <strong>de</strong>formada. 152Figura 6.2.4 Graus <strong>de</strong> liberda<strong>de</strong> locais (o símbolo “*” indica os graus <strong>de</strong>liberda<strong>de</strong> consi<strong>de</strong>rados na formulação corrotacional). 154Figura 6.3.1 Resultados para os pilares analisados. 160Figura 6.3.2 Resultados para a viga com o momento aplicado variando <strong>de</strong> 0,1a 0,9 do momento <strong>de</strong> plastificação da seção IPE 360. 162Figura 6.3.3 Viga <strong>de</strong> <strong>concreto</strong> (Cai et al., 2003) 163Figura 6.3.4 Deslocamentos máximos da Viga 3 no vão exposto ao incêndio. 163Figura 6.3.5 Deslocamentos máximos da Viga 6 no vão exposto ao incêndio. 164Figura 6.3.6 Análise <strong>de</strong> vigas <strong>mistas</strong> em situação <strong>de</strong> incêndio. 165Figura 6.3.7 Estrutura <strong>de</strong> <strong>aço</strong> tridimensional analisada (Souza Jr. e Creus,2006). 166Figura 6.3.8 Relação <strong>de</strong>slocamento-temperatura para a estruturatridimensional. 166xiv


Figura 6.3.9 Deslocamento axial no topo do pilar. 168Figura 6.3.10 Deslocamento no topo da coluna do Teste 1 da tabela 6.3.10(Kodur, 1998; 2006). 170CAPÍTULO 7 MODELO DE ELEMENTO DE CASCAFigura 7.4.1 Notação utilizada para o elemento <strong>de</strong> casca. 181Figura 7.5.1 Detalhes das lajes analisadas (adaptado <strong>de</strong> Huang et al., 2003b),dimensões em mm. (a) Teste B1; (b) Teste C1. 183Figura 7.5.2 Comparação dos <strong>de</strong>slocamentos centrais. 184Figura 7.5.3 Geometria e discretização da laje. Dimensões em mm. 185Figura 7.5.4 Deslocamentos centrais. 186Figura 7.5.5 Deslocamento central do Teste MF4. 187Figura 7.5.6 Detalhes do teste S56. Dimensões em mm. 188Figura 7.5.7 Deslocamentos centrais. 189CAPÍTULO 8 MODELO DE ELEMENTO DE MOLAFigura 8.1.1 Método das componentes (Block et al., 2004): (a) componentes<strong>de</strong> uma ligação viga-coluna; (b) mo<strong>de</strong>lo com base no conceito dascomponentes apresentado pelo EN 1993-1-8:2005). 192Figura 8.2.1 Graus <strong>de</strong> liberda<strong>de</strong> do elemento <strong>de</strong> mola. 195Figura 8.2.2 Curvas cargas-<strong>de</strong>slocamento típicas, variando em função datemperatura. 195Figura 8.3.1 Viga <strong>de</strong> <strong>aço</strong> com ligações semi-rígidas, dimensões em mm(Bailey, 1998). 196Figura 8.3.2 Relação momento-rotação para várias temperaturas. 197Figura 8.3.3 Comportamento <strong>de</strong> uma viga aquecida com diferentescaracterísticas das ligações. 198Figura 8.3.4 Pórtico com ligações semi-rígidas, dimensões em mm. 199Figura 8.3.5 Comparações entre o mo<strong>de</strong>lo proposto e os resultadospresentados por Bailey (1998). 200xv


LISTA DE TABELASCAPÍTULO 2 CONCEITOS BÁSICOS E REVISÃO BIBLIOGRÁFICATabela 2.2.1 Fatores e suas influências na severida<strong>de</strong> do incêndio e segurança davida e do patrimônio (Vargas e Silva, 2005).Tabela 2.3.1 Tempos requeridos <strong>de</strong> resistência ao fogo, TRRF, em minuto(ABNT NBR 14432:1999).1022Tabela 2.6.1 Influência da temperatura na coloração do <strong>concreto</strong>. 35Tabela 2.6.2 Valores dos parâmetros do mo<strong>de</strong>lo matemático apresentado nafigura 2.6.1 (EN 1993-1-2:2005).Tabela 2.6.3 Fatores <strong>de</strong> redução da relação tensão-<strong>de</strong>formação dos <strong>aço</strong>strabalhados a frio.Tabela 2.6.4 Valores dos principais parâmetros da relação tensão-<strong>de</strong>formaçãodos <strong>concreto</strong> com agregados silicosos ou calcários à temperatura elevada (EN1992-1-2:2004).Tabela 2.6.5 Valores dos principais parâmetros da relação tensão-<strong>de</strong>formação do<strong>concreto</strong> <strong>de</strong> baixa <strong>de</strong>nsida<strong>de</strong> (EN 1994-1-2:2005).37384147Tabela 2.6.6 Fatores <strong>de</strong> redução da resistência <strong>de</strong> <strong>concreto</strong>s <strong>de</strong> alta resistência. 51Tabela 2.6.7 Proprieda<strong>de</strong>s térmicas <strong>de</strong> alguns materiais <strong>de</strong> proteção isolantes. 59CAPÍTULO 4 MODELOS PARA TRANSFERÊNCIA DE CALORTabela 4.7.1 Calor específico do Blaze Shield II em função da temperatura. 104Tabela 4.7.2 Condutivida<strong>de</strong> térmica do Blaze Shield II em função datemperatura.104Tabela 4.7.3 Temperaturas em °C. 106Tabela 4.7.4 Temperaturas obtidas via MDF com e sem discretização do material<strong>de</strong> proteção.107Tabela 4.7.5 Temperaturas em °C. 108Tabela 4.7.6 Comparação das temperaturas obtidas, para a seção da vigadiscretizada em 4512 elementos e umida<strong>de</strong> do <strong>concreto</strong> igual a 2% e 4%.109xvi


Tabela 4.7.7 Comparação dos resultados obtidos no CSTMI com o ECCS-TC3(2001). 110Tabela 4.7.8 Proprieda<strong>de</strong>s térmicas das placas <strong>de</strong> vermiculita. 114CAPÍTULO 6 MODELO DE ELEMENTO DE VIGA TRIDIMENSIONALTabela 6.3.1 Resumo dos parâmetros das <strong>análise</strong>s. 169Tabela 6.3.2 Tempos <strong>de</strong> resistência ao fogo calculados e medidos. 171Tabela 6.3.3 Resumo dos parâmetros das <strong>análise</strong>s. 172CAPÍTULO 8 MODELO DE ELEMENTO DE MOLATabela 8.3.1 Valores da rigi<strong>de</strong>z inicial, momento fletor resistente e rigi<strong>de</strong>z dosegundo trecho linear.197xvii


LISTA DE SÍMBOLOSMAIÚSCULOSA = área;ABNT = Associação Brasileira <strong>de</strong> Normas Técnicas;A v = área das aberturas verticais;A t = área total <strong>de</strong> fechamento (pare<strong>de</strong>s, piso e teto, incluindo as aberturas);B = matriz que relaciona <strong>de</strong>slocamentos e <strong>de</strong>formação ( ε = Bq);C = matriz <strong>de</strong> calor específico, matriz constitutiva;C = graus Celsius, carbono, ;CBMESP = Corpo <strong>de</strong> Bombeiros Militar do Estado <strong>de</strong> São Paulo;CBMMG = Corpo <strong>de</strong> Bombeiros Militar do Estado <strong>de</strong> Minas Gerais;CFD = mo<strong>de</strong>lagem computacional utilizando dinâmica dos fluídos;CO = monóxido <strong>de</strong> carbono;CO 2 = gás carbônico;D = matriz <strong>de</strong> compliância;E = módulo <strong>de</strong> elasticida<strong>de</strong>;F = vetor <strong>de</strong> forças internas;F = fator <strong>de</strong> vista;G = módulo <strong>de</strong> elasticida<strong>de</strong> transversal;H = hidrogênio;HCN = gás cianídrico;H 2 O = água;I = matriz i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong>;I = inércia;IT = instrução técnica;xviii


K = Kelvin;K = matriz <strong>de</strong> condutivida<strong>de</strong> térmica, matriz <strong>de</strong> rigi<strong>de</strong>z;M = momento fletor;MEF = método dos elementos finitos;MDF = método das diferenças finitas;N = esforço axial;O = oxigênio, fator <strong>de</strong> ventilação ou fator <strong>de</strong> abertura;O 2 = gás oxigênio;P = vetor <strong>de</strong> forças;Q & = taxa <strong>de</strong> calor;R = matriz <strong>de</strong> rotação;S = matriz skew (tensor spin);T = matriz <strong>de</strong> transformação;TRRF = tempo requerido <strong>de</strong> resistência ao fogo;V = volume;W = Watts, trabalho;MINÚSCULOSb = fator térmico, largura;d = infinitesimal;f = vetor <strong>de</strong> força interna;f c = resistência a compressão do <strong>concreto</strong>;f y = resistência ao escoamento do <strong>aço</strong>;f p = limite <strong>de</strong> proporcionalida<strong>de</strong>;f t = resistência a tração do <strong>concreto</strong>;h = altura;h v = altura média das aberturas verticais;xix


k = fator <strong>de</strong> redução, curvatura, condutância;k = matriz <strong>de</strong> rigi<strong>de</strong>z;q = fluxo <strong>de</strong> calor;q = <strong>de</strong>slocamentos generalizados;q = quaternion unitário;r = vetor <strong>de</strong> força externa;s = distância;T = tempo, espessura;U = <strong>de</strong>slocamento na direção do eixo x, perímetro;V = <strong>de</strong>slocamento na direção do eixo y;w = <strong>de</strong>slocamento na direção do eixo z;OUTROSα = ângulo, coeficiente <strong>de</strong> transmissão <strong>de</strong> calor;β = parâmetro <strong>de</strong> <strong>de</strong>formação;σ = vetor tensão;σ = tensão;ε = vetor <strong>de</strong>formação;ε = <strong>de</strong>formação, emissivida<strong>de</strong>;ρ = massa específica;c = calor específico;λ = condutivida<strong>de</strong> térmica, esbeltez relativa (realação do comprimento efetivocom o raio <strong>de</strong> giração), fator <strong>de</strong> carga;ν = coeficiente <strong>de</strong> Poisson;θ = pseudo vetor rotação;θ = temperatura, rotação;δ = variação, fator <strong>de</strong> amplificação dos momentos;φ = funções <strong>de</strong> interpolação;xx


ϕ = fluxo <strong>de</strong> calor por unida<strong>de</strong> <strong>de</strong> área;l = comprimento;∂ = <strong>de</strong>rivação;Ω = domínio;Γ = contorno;∆ = variação;Ψ = vetor <strong>de</strong> forças <strong>de</strong>siquilibradas;∆ l / l= alongamento;SUBSCRITOSa = <strong>aço</strong> dos perfis estruturais;b = <strong>concreto</strong> <strong>de</strong> baixa <strong>de</strong>nsida<strong>de</strong>;c = <strong>concreto</strong>;g = gases;s = <strong>aço</strong> das armaduras;x = eixo x;y = eixo y;z = eixo z;xxi


RESUMOCALDAS, R. B., Análise Numérica <strong>de</strong> Estruturas <strong>de</strong> Aço, Concreto e Mistas emSituação <strong>de</strong> Incêndio, Belo Horizonte, 2008, 226p. Tese <strong>de</strong> Doutorado, Programa<strong>de</strong> Pós-Graduação em Engenharia <strong>de</strong> Estruturas, Escola <strong>de</strong> Engenharia,Universida<strong>de</strong> Fe<strong>de</strong>ral <strong>de</strong> Minas Gerais.Este trabalho apresenta o <strong>de</strong>senvolvimento e implementação <strong>de</strong> mo<strong>de</strong>los numéricos nãolineares,para a <strong>análise</strong> térmica e mecânica <strong>de</strong> <strong>estruturas</strong> <strong>de</strong> <strong>aço</strong>, <strong>concreto</strong> e <strong>mistas</strong> <strong>de</strong><strong>aço</strong> e <strong>concreto</strong> em situação <strong>de</strong> incêndio. Procedimentos para <strong>análise</strong> <strong>de</strong> transferência <strong>de</strong>calor, com base no método das diferenças finitas e elementos finitos, ao nível da seçãotransversal, fornecem a distribuição <strong>de</strong> temperatura da qual se po<strong>de</strong> obter a <strong>de</strong>gradaçãodas proprieda<strong>de</strong>s dos materiais submetidos ao incêndio. Um novo procedimento para<strong>análise</strong> da resistência <strong>de</strong> seções arbitrárias <strong>de</strong> vigas, colunas e lajes em situação <strong>de</strong>incêndio é apresentado. Um elemento <strong>de</strong> viga tridimensional, capaz <strong>de</strong> simular<strong>estruturas</strong> submetidas ao incêndio é implementado e testado. Para simular lajes <strong>de</strong><strong>concreto</strong> em altas temperaturas, um elemento <strong>de</strong> casca composto por camadas com ummo<strong>de</strong>lo constitutivo <strong>de</strong> dano é introduzido. Finalmente, um elemento <strong>de</strong> mola paraligações semi-rígidas em situação <strong>de</strong> incêndio é <strong>de</strong>senvolvido e acoplado aos elementos<strong>de</strong> viga. Os mo<strong>de</strong>los numéricos são validados por comparações com resultadosnuméricos e experimentais encontrados na literatura.Palavras-chave: <strong>aço</strong>, <strong>concreto</strong>, estrutura mista, incêndio, mo<strong>de</strong>los numéricos, <strong>análise</strong>térmica, <strong>análise</strong> estrutural.xxii


ABSTRACTCALDAS, R. B., Numerical Analysis of Steel, Concrete and Composite StructuresSubjected to Fire, Belo Horizonte, 2008, 226p. Tese <strong>de</strong> Doutorado, Programa <strong>de</strong>Pós-Graduação em Engenharia <strong>de</strong> Estruturas, Escola <strong>de</strong> Engenharia, Universida<strong>de</strong>Fe<strong>de</strong>ral <strong>de</strong> Minas Gerais.This work presents the <strong>de</strong>velopment and implementation of nonlinear numerical mo<strong>de</strong>lsfor the thermal and mechanical analyses of steel, reinforced concrete and compositestructures of steel and concrete subjected to fire. Heat transfer procedures, based onfinite differences and finite elements at the cross section level, provi<strong>de</strong> the temperaturedistribution from which the material <strong>de</strong>gradation un<strong>de</strong>r fire may be assessed. A newprocedure for the strength analysis of arbitrary cross sections of beam, columns andslabs un<strong>de</strong>r fire is presented. Three-dimensional beam-column element, able to simulateframed structures un<strong>de</strong>r fire action, are implemented and tested. To simulate reinforcedconcrete slabs un<strong>de</strong>r high temperatures, a layered shell finite element with a damageconstitutive mo<strong>de</strong>l is introduced. Finally, a spring element for semi-rigid connectionsun<strong>de</strong>r fire action is <strong>de</strong>veloped and coupled to the beam-column elements. Thenumerical schemes are validated by comparison with numerical and experimentalresults found in the literature.Key words: steel, concrete, composite structures, fire, numerical mo<strong>de</strong>ls, thermalanalyses, structural analyses.xxiii


1INTRODUÇÃOEste capítulo contém uma apresentação <strong>de</strong>ste trabalho, os objetivos e a motivaçãopara o seu <strong>de</strong>senvolvimento.1.1 MOTIVAÇÃOO fogo sempre esteve presente na vida dos homens. Seu conhecimento e domínioinfluenciaram o <strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong> vários povos. O homem primitivo conhecia o fogoapenas em incêndios florestais, consi<strong>de</strong>rando-o um segredo dos <strong>de</strong>uses. Aos poucos foiapren<strong>de</strong>ndo a produzir e dominar o fogo, <strong>de</strong>scobrindo sua utilida<strong>de</strong> para iluminar,cozinhar, afugentar animais e o frio. Porém, houve um dia em que o fogo tornou-seincontrolável, causando ferimentos e <strong>de</strong>struição. Surgia então o primeiro incêndio e anecessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> controlá-lo.O fogo continua sendo uma necessida<strong>de</strong> da vida humana, seja nas indústrias oumoradias, <strong>de</strong> vez em quando fugindo do controle do homem e dando origem aosincêndios, responsáveis por prejuízos materiais e pela perda <strong>de</strong> vidas.Nos edifícios on<strong>de</strong> se mora ou se trabalha, ou nos lugares <strong>de</strong> lazer e diversão, apreocupação com a segurança contra incêndio e pânico (por vezes associado aoincêndio) está sempre presente. Po<strong>de</strong>-se notar nas sinalizações e iluminações <strong>de</strong>emergência dos cinemas ou nos hidrantes nas ruas que esta preocupação ro<strong>de</strong>ia o serhumano a todo instante.Os objetivos da segurança contra incêndio são minimizar o risco à vida e a perdapatrimonial. O risco à vida surge <strong>de</strong>vido à exposição à fumaça, calor e <strong>de</strong>sabamento <strong>de</strong>


2elementos construtivos sobre usuários e equipes <strong>de</strong> combate ao fogo. A perdapatrimonial se refere à <strong>de</strong>struição parcial ou total da edificação e adjacências,equipamentos, documentos e estoques.Um sistema <strong>de</strong> segurança contra incêndio é formado por um conjunto <strong>de</strong> meios <strong>de</strong>proteção ativos e passivos que possa garantir a <strong>de</strong>socupação dos usuários da edificação,possibilitar as operações <strong>de</strong> combate ao incêndio e minimizar danos à edificação e suasadjacências (por questões econômicas é necessário i<strong>de</strong>ntificar a extensão do dano quepo<strong>de</strong> ser consi<strong>de</strong>rado admissível). Entre os meios <strong>de</strong> proteção ativos, têm-se os<strong>de</strong>tectores <strong>de</strong> calor ou fumaça, chuveiros automáticos, extintores, hidrantes, sistemas <strong>de</strong>iluminação <strong>de</strong> emergência, sistemas <strong>de</strong> controle e exaustão <strong>de</strong> fumaça, brigadas contraincêndio e outros que precisam ser acionados manual ou automaticamente. Entre osmeios <strong>de</strong> proteção passivos po<strong>de</strong>m-se citar a capacida<strong>de</strong> resistente em situação <strong>de</strong>incêndio das <strong>estruturas</strong>, compartimentação, saídas <strong>de</strong> emergência, isolamento <strong>de</strong> risco,rotas <strong>de</strong> fuga, controle dos materiais <strong>de</strong> acabamento e outros incorporados à construçãoda edificação que não requerem nenhum tipo <strong>de</strong> acionamento para o seu funcionamento.O <strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong> mo<strong>de</strong>los numéricos para o estudo do comportamento <strong>de</strong><strong>estruturas</strong> em situação <strong>de</strong> incêndio é o objetivo <strong>de</strong>ste trabalho, assunto em relação aoqual, recentemente, observam-se intensivas pesquisas e avanços. Inicialmente, oconceito <strong>de</strong> temperatura crítica, pelo qual as <strong>estruturas</strong> <strong>de</strong> <strong>aço</strong> eram protegidas limitandoa temperatura do <strong>aço</strong>, e o uso <strong>de</strong> tabelas para a verificação <strong>de</strong> <strong>estruturas</strong> <strong>de</strong> <strong>concreto</strong>,juntamente com ensaios experimentais, foram os principais procedimentos <strong>de</strong>verificação da capacida<strong>de</strong> resistente das <strong>estruturas</strong> em situação <strong>de</strong> incêndio. Atualmente,mo<strong>de</strong>los analíticos, numéricos e experimentais cada vez mais sofisticados permitem ummelhor conhecimento e entendimento do comportamento estrutural e dos materiaisconstrutivos em situação <strong>de</strong> incêndio.Os procedimentos <strong>de</strong> projeto <strong>de</strong>vem levar em conta o comportamento da estruturaem temperatura elevada, a exposição ao calor e os benefícios dos meios <strong>de</strong> proteçãoativa e passiva, juntamente com as incertezas associadas e a importância relativa daestrutura. No momento, é possível <strong>de</strong>terminar <strong>de</strong> forma a<strong>de</strong>quada o <strong>de</strong>sempenho <strong>de</strong> umaestrutura ou <strong>de</strong> seus componentes em um incêndio real, incorporando os parâmetroscitados. Esses procedimentos são chamados <strong>de</strong> aproximações com base em<strong>de</strong>sempenho. Todavia, on<strong>de</strong> os procedimentos têm por base um incêndio nominal


3(incêndio-padrão) com períodos <strong>de</strong> resistência ao incêndio, os parâmetros citados sãoconsi<strong>de</strong>rados (não explicitamente), e recebem o nome <strong>de</strong> aproximações prescritivas.Mo<strong>de</strong>los avançados <strong>de</strong> cálculo po<strong>de</strong>m ser utilizados tanto em uma aproximaçãoprescritiva ou com base em <strong>de</strong>sempenho. Os mo<strong>de</strong>los <strong>de</strong>senvolvidos neste trabalhopo<strong>de</strong>m ser utilizados em <strong>análise</strong>s avançadas, tanto com o objetivo <strong>de</strong> estudar soluções<strong>de</strong> projeto ou no estudo do comportamento <strong>de</strong> <strong>estruturas</strong>.1.2 OBJETIVOSO presente trabalho tem como objetivo o <strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong> mo<strong>de</strong>los numéricosavançados capazes <strong>de</strong> simular <strong>de</strong> forma a<strong>de</strong>quada o comportamento <strong>de</strong> <strong>estruturas</strong> <strong>de</strong><strong>aço</strong>, <strong>concreto</strong> e <strong>mistas</strong> <strong>de</strong> <strong>aço</strong> e <strong>concreto</strong> em temperatura elevada, possibilitando averificação e o estudo <strong>de</strong> <strong>estruturas</strong> sob essas condições.Na busca por esse objetivo, foram <strong>de</strong>senvolvidos mo<strong>de</strong>los numéricos queabrangem <strong>de</strong>s<strong>de</strong> o estudo do comportamento das seções transversais dos elementosestruturais como vigas, pilares e lajes, ao <strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong> elementos finitos nãolineares<strong>de</strong> viga, casca e mola para a mo<strong>de</strong>lagem das <strong>estruturas</strong> sob altas temperaturas.Com esses mo<strong>de</strong>los, as possibilida<strong>de</strong>s futuras <strong>de</strong> <strong>análise</strong>s e estudos são inúmeras e,portanto, trabalhos específicos po<strong>de</strong>rão ser levados adiante.1.3 JUSTIFICATIVA DA ESCOLHA DO TEMADois pontos importantes contribuem para que a capacida<strong>de</strong> resistente das<strong>estruturas</strong> em situação <strong>de</strong> incêndio seja maior do que a prescrita nos métodossimplificados <strong>de</strong> cálculo: as condições reais <strong>de</strong> incêndio ao qual a estrutura estásubmetida e o comportamento da estrutura como um todo. O único caminho <strong>de</strong> seprever como um edifício se comporta em incêndio é por meio <strong>de</strong> mo<strong>de</strong>los numéricosque incluam as mudanças no comportamento do material em altas temperaturas, asdistribuições <strong>de</strong> temperaturas nas diversas partes da estrutura e a habilida<strong>de</strong> paratrabalhar a<strong>de</strong>quadamente em gran<strong>de</strong>s <strong>de</strong>slocamentos (Burgess, 2005).


4Com o objetivo <strong>de</strong> <strong>de</strong>senvolver mo<strong>de</strong>los numéricos para <strong>análise</strong> <strong>de</strong> <strong>estruturas</strong> emsituação <strong>de</strong> incêndio, foram utilizadas, em conjunto, várias propostas e resultados <strong>de</strong>pesquisas encontradas na literatura. Dessa forma foi possível agrupar, <strong>de</strong> forma inédita,um conjunto <strong>de</strong> hipóteses para o <strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong> mo<strong>de</strong>los numéricos para <strong>análise</strong><strong>de</strong> <strong>estruturas</strong> em situação <strong>de</strong> incêndio. Adicionalmente, ao longo do <strong>de</strong>senvolvimento<strong>de</strong>sses mo<strong>de</strong>los, novas hipóteses foram estabelecidas.Ao final, os mo<strong>de</strong>los <strong>de</strong>senvolvidos foram validados estabelecendo seus limites <strong>de</strong>aplicação, tornando-se uma opção interessante para o <strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong> pesquisas eprojetos nessa área.No Brasil, ainda são mo<strong>de</strong>stas as pesquisas sobre o comportamento <strong>de</strong> <strong>estruturas</strong>em situação <strong>de</strong> incêndio, principalmente as experimentais, <strong>de</strong>vido ao alto custo dasinstalações e equipamentos envolvidos. Assim, o <strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong> mo<strong>de</strong>losnuméricos capazes <strong>de</strong> simular o comportamento <strong>de</strong> <strong>estruturas</strong> em situação <strong>de</strong> incêndiotorna-se extremamente relevante.1.4 ORGANIZAÇÃONo capítulo 2 tem-se uma revisão bibliográfica e a apresentação dos conceitosbásicos envolvidos na engenharia <strong>de</strong> segurança contra incêndio. Ao final do capítulo,apresenta-se um resumo dos principais trabalhos voltados para o <strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong>mo<strong>de</strong>los numéricos para <strong>análise</strong> <strong>de</strong> <strong>estruturas</strong> em situação <strong>de</strong> incêndio.No capítulo 3, apresentam-se a metodologia e os programas computacionaisutilizados como plataforma para o <strong>de</strong>senvolvimento dos mo<strong>de</strong>los apresentados nestetrabalho.Nos capítulos seguintes apresentam-se o <strong>de</strong>senvolvimento dos mo<strong>de</strong>los numéricospara <strong>análise</strong> térmica via elementos finitos e diferenças finitas, mo<strong>de</strong>lo para <strong>análise</strong> <strong>de</strong>seções transversais, mo<strong>de</strong>los <strong>de</strong> elementos <strong>de</strong> viga e casca e um capítulo sobre o<strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong> um elemento <strong>de</strong> mola, respectivamente, capítulos 4, 5, 6, 7 e 8.Dentro <strong>de</strong>sses procedimentos são apresentadas as formulações e hipóteses adotadas.Po<strong>de</strong>-se <strong>de</strong>stacar que dois tipos <strong>de</strong> mo<strong>de</strong>los foram <strong>de</strong>senvolvidos: mo<strong>de</strong>los paraverificação da capacida<strong>de</strong> resistente (estado limite último) da seção transversal <strong>de</strong>


5elementos estruturais como vigas e pilares, e mo<strong>de</strong>los para <strong>análise</strong> do comportamentoglobal <strong>de</strong> <strong>estruturas</strong>, capazes <strong>de</strong> prever estados limites <strong>de</strong> serviço e último utilizandoelementos finitos <strong>de</strong> viga, casca e mola.No capítulo 9 são apresentadas as conclusões e finalmente, as referênciasbibliográficas <strong>de</strong>ste trabalho.


2CONCEITOS BÁSICOS EREVISÃO BIBLIOGRÁFICAApresentam-se os conceitos básicos da engenharia <strong>de</strong> segurança contra incêndio, ocomportamento e o projeto <strong>de</strong> <strong>estruturas</strong> em situação <strong>de</strong> incêndio, proprieda<strong>de</strong>s dosmateriais e uma revisão bibliográfica dos mo<strong>de</strong>los numéricos encontrados na literatura.2.1 INTRODUÇÃONo estudo do comportamento <strong>de</strong> <strong>estruturas</strong> em situação <strong>de</strong> incêndio, três etapassão importantes: mo<strong>de</strong>lagem do incêndio, <strong>análise</strong> térmica e <strong>análise</strong> estrutural. Amo<strong>de</strong>lagem do incêndio, do ponto <strong>de</strong> vista estrutural, tem como objetivo obter a relaçãotemperatura-tempo dos gases ou os fluxos <strong>de</strong> calor por radiação e convecção. A <strong>análise</strong>térmica visa à obtenção da elevação da temperatura nos elementos estruturais a partir darelação temperatura-tempo dos gases. A elevação da temperatura é importante paraavaliação das proprieda<strong>de</strong>s dos materiais que <strong>de</strong>verão ser utilizadas na <strong>análise</strong> estrutural.Os mo<strong>de</strong>los <strong>de</strong>senvolvidos neste trabalho são voltados para as etapas <strong>de</strong> <strong>análise</strong> térmicae estrutural.2.2 FOGO, INCÊNDIO E SEGURANÇAAo <strong>de</strong>senvolvimento simultâneo <strong>de</strong> calor e luz, produto da combustão <strong>de</strong> materiaisinflamáveis, como, por exemplo, a ma<strong>de</strong>ira, dá-se o nome <strong>de</strong> fogo, que é o exemplomais comum <strong>de</strong> oxi-redução (oxidação). Quando um material qualquer entra em


7combustão, ele reage com o oxigênio do ar (comburente), e nessa reação exotérmicaocorre oxi-redução. Do ponto <strong>de</strong> vista da estrutura da matéria, a oxi-redução é apenas atransferência <strong>de</strong> elétrons entre átomos. A expressãoCr Hs+ tO2→ uCO2+vH2O(2.2.1)on<strong>de</strong> r, s, t, u e v são variáveis que expressam a quantida<strong>de</strong> dos componentes,exemplifica a combustão completa <strong>de</strong> um elemento, formado por carbono e hidrogênio,típico em um compartimento incendiado.O chamado triângulo do fogo (figura 2.2.1a) simboliza os três elementos que<strong>de</strong>vem estar continuamente presentes para a ocorrência da combustão: combustível,calor e oxigênio. Caso algum <strong>de</strong>sses elementos seja removido, o processo <strong>de</strong> combustãonão se sustenta e o fogo é extinto.CombustívelReação em ca<strong>de</strong>iaCalorOxigênioFonte <strong>de</strong> calorOxigênioCombustível(a)(b)Figura 2.2.1 Triângulo e quadrilátero do fogo.Todavia, a combustão é uma reação que se processa em ca<strong>de</strong>ia e que, após oinício, é mantida com parte do calor produzido. Dessa forma, verifica-se que aexistência do fogo <strong>de</strong>pen<strong>de</strong> <strong>de</strong> quatro condições, como mostrado no quadrilátero dofogo, figura 2.2.1b (a mesma <strong>de</strong>finição po<strong>de</strong> ser representada por um tetraedro). Oconhecimento <strong>de</strong>sse comportamento é o princípio <strong>de</strong> vários dispositivos e formas <strong>de</strong>combate a incêndios. Por exemplo, quando a água é usada, seu efeito é o <strong>de</strong> resfriar oambiente, inibindo a reação entre o combustível e o oxigênio. Extintores a base <strong>de</strong> CO 2substituem o oxigênio nas proximida<strong>de</strong>s do foco <strong>de</strong> incêndio interrompendo acombustão.O incêndio é <strong>de</strong>finido como fogo que lavra com intensida<strong>de</strong>, em material que nãoestava a ele <strong>de</strong>stinado, <strong>de</strong>struindo e, às vezes, causando prejuízos. Po<strong>de</strong> ter origem física(raios, eletricida<strong>de</strong>, centelhas <strong>de</strong>vido à eletricida<strong>de</strong> estática, curtos-circuitos e calor


8<strong>de</strong>vido ao atrito <strong>de</strong> peças em movimento), biológica (ação <strong>de</strong> bactérias termogênicas),físico-química (hidrocarbonetos insaturados e gorduras animais e vegetais em certascondições <strong>de</strong> confinamento), aci<strong>de</strong>ntal (involuntariamente criado pelo homem),intencional (propositadamente criado pelo homem).Nos incêndios, a combustão po<strong>de</strong> ser completa gerando como produto apenasdióxido <strong>de</strong> carbono e água, ou incompleta. Na combustão incompleta não há suprimentosuficiente <strong>de</strong> oxigênio sendo evi<strong>de</strong>nciada pela geração <strong>de</strong> fumaça. Diferentemente dacombustão completa, a reação com o oxigênio gera inúmeros produtos e sub-produtos,entre eles o monóxido <strong>de</strong> carbono (CO).Existem três pontos notáveis da combustão: ponto <strong>de</strong> fulgor, ponto <strong>de</strong> combustãoe ponto <strong>de</strong> ignição. O ponto <strong>de</strong> fulgor é a temperatura mínima na qual o combustívelcomeça a <strong>de</strong>spren<strong>de</strong>r vapores, que se incen<strong>de</strong>iam em contato com uma chama oucentelha (agente ígneo), mas sem que a chama se mantenha <strong>de</strong>vido à insuficiência daquantida<strong>de</strong> <strong>de</strong> vapores. O ponto <strong>de</strong> combustão ou inflamação é a temperatura mínima naqual o corpo combustível começa a <strong>de</strong>spren<strong>de</strong>r vapores, que se incen<strong>de</strong>iam em contatocom um agente ígneo e mantém-se queimando, mesmo com a retirada do agente ígneo.O ponto <strong>de</strong> ignição é a temperatura na qual os gases <strong>de</strong>sprendidos do combustívelentram em combustão apenas pelo contato com o oxigênio do ar, in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ntemente <strong>de</strong>qualquer agente ígneo.A fumaça varia <strong>de</strong> cor conforme o tipo <strong>de</strong> combustão: branca, indicando que acombustão é mais completa, com rápido consumo <strong>de</strong> combustível e boa quantida<strong>de</strong> <strong>de</strong>comburente (oxigênio); negra, indicando altas temperaturas, porém com <strong>de</strong>ficiência <strong>de</strong>comburente; amarela, roxo ou violeta, indicando a presença <strong>de</strong> gases altamente tóxicos.A morte em incêndio é geralmente provocada pela fumaça ou pelo calor. Osefeitos fisiológicos da exposição à fumaça e calor resultam em vários graus <strong>de</strong>incapacitação. Entre estes efeitos tem-se: dificulda<strong>de</strong> <strong>de</strong> visão que resulta da opacida<strong>de</strong>da fumaça e dos efeitos irritantes da fumaça e do calor nos olhos; dor e dificulda<strong>de</strong> <strong>de</strong>respiração ou mesmo ferimentos <strong>de</strong>vido à inalação <strong>de</strong> fumaça irritante ou quente,po<strong>de</strong>ndo levar ao <strong>de</strong>smaio <strong>de</strong>vido à asfixia; asfixia <strong>de</strong>vido à inalação <strong>de</strong> gases tóxicoscomo o monóxido <strong>de</strong> carbono (CO) e o ácido cianídrico (HCN), resultando emconvulsão e perda <strong>de</strong> consciência; dor <strong>de</strong>vido à exposição da pele e partes respiratórias,seguida <strong>de</strong> queimaduras, ou hipertermia, que po<strong>de</strong> levar ao <strong>de</strong>smaio (Purser, 2002).


9Em relação aos riscos, <strong>de</strong>ve-se consi<strong>de</strong>rar que é importante o tempo em que osefeitos incapacitantes são prováveis <strong>de</strong> ocorrer, po<strong>de</strong>ndo atrasar ou impedir o escape,comparado com o tempo requerido para o escape do local, e ainda que qualquerexposição po<strong>de</strong> resultar em ferimentos ou morte, <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ndo do tempo. O tempo <strong>de</strong>evacuação <strong>de</strong> uma edificação incendiada é função da forma da edificação (altura, área,saídas e outros), da quantida<strong>de</strong> <strong>de</strong> pessoas e <strong>de</strong> sua mobilida<strong>de</strong> (ida<strong>de</strong>, estado <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> eoutros). Uma rota <strong>de</strong> fuga a<strong>de</strong>quada, sinalizada, <strong>de</strong>sobstruída e segura estruturalmente, éessencial na proteção da vida em um incêndio (Vargas e Silva, 2003).Os objetivos da segurança contra incêndio são minimizar o risco à vida e a perdapatrimonial. De acordo com a IT-CBMMG 02 (2006), o conceito <strong>de</strong> segurança contraincêndio é <strong>de</strong>finido como o conjunto <strong>de</strong> ações e recursos internos e externos àedificação ou área <strong>de</strong> risco, que permitem controlar a situação <strong>de</strong> incêndio e pânico eremoção das pessoas do local do sinistro em segurança. A tabela 2.2.1 apresenta oresumo <strong>de</strong> alguns fatores e suas influências na severida<strong>de</strong> do incêndio e segurança davida e do patrimônio.Requerimentos <strong>de</strong> segurança contra incêndio para edificações são ditados por lei etentam refletir os riscos que um incêndio po<strong>de</strong> acarretar aos ocupantes e equipes <strong>de</strong>combate. No Brasil po<strong>de</strong>m-se citar as Leis 684 <strong>de</strong> 1975 e 14130 <strong>de</strong> 2001 do Estado <strong>de</strong>São Paulo e Minas Gerais respectivamente (as instruções técnicas, algumas já citadas,dão suporte técnico aos engenheiros e arquitetos para o cumprimento <strong>de</strong>ssas leis) e oBuilding Regulation (2000) no Reino Unido.Os requisitos <strong>de</strong> segurança contra incêndio em edificações incluem meiosa<strong>de</strong>quados <strong>de</strong> escape para os ocupantes, meios <strong>de</strong> <strong>de</strong>tecção e controle do incêndio,juntamente com os requerimentos <strong>de</strong> resistência para a estrutura, os quais são expressospor um período <strong>de</strong> tempo (tempo requerido <strong>de</strong> resistência ao fogo, TRRF). Todos osmateriais comumente utilizados nas <strong>estruturas</strong> das edificações (<strong>concreto</strong> e <strong>aço</strong>, porexemplo) per<strong>de</strong>m resistência e rigi<strong>de</strong>z quando submetidos a altas temperaturas, daí anecessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> verificação da capacida<strong>de</strong> resistente das <strong>estruturas</strong> em situação <strong>de</strong>incêndio.


10Tabela 2.2.1 Fatores e suas influências na severida<strong>de</strong> do incêndio e segurança da vida edo patrimônio (Vargas e Silva, 2005).FatoresCarga <strong>de</strong> incêndioInfluência na Influência na Influência naseverida<strong>de</strong> do incêndio segurança da vida segurança do patrimônioA temperatura máxima <strong>de</strong> um incêndio <strong>de</strong>pen<strong>de</strong> daquantida<strong>de</strong>, tipo e distribuição do materialcombustível.O nível <strong>de</strong> enfumaçamento, toxicida<strong>de</strong> e calor<strong>de</strong>pen<strong>de</strong> da quantida<strong>de</strong>, tipo e distribuiçãodomaterial combustível.O conteúdo da edificação é consi<strong>de</strong>ravelmenteafetado por incêndios <strong>de</strong> gran<strong>de</strong>s proporções.VentilaçãoEm geral, o aumento da ventilação faz aumentar atemperatura do incêndio e diminuir sua duração.A ventilação mantém as rotas <strong>de</strong> fuga livres <strong>de</strong>níveis perigosos <strong>de</strong> enfumaçamento e toxicida<strong>de</strong>.A ventilação facilita a ativida<strong>de</strong> <strong>de</strong> combate aoincêndio por evacuação da fumaça e dissipação dosgases quentes.CompartimentaçãoQuanto mais isolantes forem os elementos <strong>de</strong>compartimentação (pisos, tetos e pare<strong>de</strong>s), menorserá a propagação do fogo para outros ambientes,porém, o incêndio será mais severo nocompartimento.A compartimentação limita a propagação doincêndio.A compartimentação limita a propagação doincêndio, restringindo as perdas.Resistência das<strong>estruturas</strong> em situação<strong>de</strong> incêndioA resistência das <strong>estruturas</strong> em situação <strong>de</strong> incêndionão afeta diretamente a severida<strong>de</strong> do incêndio.A resistência das <strong>estruturas</strong> em situação <strong>de</strong> incêndiotem pequeno efeito na segurança à vida em edifícios<strong>de</strong> pequena altura ou área, por serem <strong>de</strong> fácil<strong>de</strong>socupação. Em edifícios altos é essencial aresistência em situação <strong>de</strong> incêndio, pois garante asegurança ao escape dos ocupantes, às operações <strong>de</strong>combate e à vizinhança.O colapso estrutural po<strong>de</strong> trazer consequênciasdanosas às operações <strong>de</strong> combate ou à vizinhança.Se o risco for pequeno, a verificação <strong>de</strong> resistênciapo<strong>de</strong> ser dispensada.Rotas <strong>de</strong> fugaReserva <strong>de</strong> águaRotas <strong>de</strong> fuga bem sinalizadas, <strong>de</strong>sobstruídas eseguras estruturalmente são essenciais para garantira evacuação e <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>m do tipo <strong>de</strong> edificação.Água e disponibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> pontos <strong>de</strong> suprimento são necessários para extinção do incêndio, diminuindo os riscos <strong>de</strong> propagação e seus efeitos à vida e aopatrimônio.Detecção <strong>de</strong> calor oufumaçaA rápida <strong>de</strong>tecção do incêndio, apoiada naeficiência da brigada contra incêndio e corpo <strong>de</strong>bombeiros, reduzem o risco da propagação doincêndio.A rápida <strong>de</strong>tecção do início do incêndio, por meio<strong>de</strong> alarme, dá aos ocupantes rápido aviso daameaça, antecipando a <strong>de</strong>socupação.A rápida <strong>de</strong>tecção do início <strong>de</strong> um incêndiominimiza o risco <strong>de</strong> progação, reduzindo a regiãoafetada pelo incêndio.ChuveirosautomáticosProjeto a<strong>de</strong>quado e manutenção <strong>de</strong> chuveirosautomáticos são internacionalmente reconhecidoscomo um dos principais fatores <strong>de</strong> redução do risco<strong>de</strong> incêndio, pois contribuem, ao mesmo tempo,para a compartimentação, a <strong>de</strong>tecção e a extinção.Chuveiros automáticos limitam a propagação doincêndio e reduzem a geração <strong>de</strong> fumaça e gasestóxicos.Chuveiros automáticos reduzem o risco <strong>de</strong> incêndioe seu efeito na perda patrimonial.Hidrantes e extintoresHidrantes, extintores e treinamento dos usuários da edificação, para rápido combate, reduzem o risco <strong>de</strong> propagação do incêndio e seu efeito ao patrimônio eà vida humana.Brigada contraincêndioA presença <strong>de</strong> pessoas treinadas para prevenção ecombate reduz o risco <strong>de</strong> início e progração <strong>de</strong> umincêndio.Além <strong>de</strong> reduzir o risco <strong>de</strong> incêndio, a brigadacoor<strong>de</strong>na e agiliza a <strong>de</strong>socupação da edificação.A presença da brigada contra incêndio reduz o riscoe as consequentes perdas patrimoniais <strong>de</strong>correntes<strong>de</strong> um incêndio.Corpo <strong>de</strong> BombeirosProximida<strong>de</strong>, acessibilida<strong>de</strong> e recursos do Corpo <strong>de</strong>Bombeiros otimizam o combate ao incêndio,reduzindo o risco <strong>de</strong> propagação.Em gran<strong>de</strong>s incêndios, o risco à vida é maior nosprimeiros instantes. Dessa forma <strong>de</strong>ve havermedidas <strong>de</strong> proteção in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ntes da presença doCorpo <strong>de</strong> Bombeiros. Um rápido e eficientecombate por parte do Corpo <strong>de</strong> Bombeiros reduz orisco à vida.Proximida<strong>de</strong>, acessibilida<strong>de</strong> e recursos do Corpo <strong>de</strong>Bombeiros facilitam as operações <strong>de</strong> combate aoincêndio, reduzindo perdas estruturais e doconteúdo.Projeto <strong>de</strong> segurançacontra incêndioUm projeto <strong>de</strong> engenharia <strong>de</strong> segurança contra incêndio <strong>de</strong>ve prever um sistema a<strong>de</strong>quado ao porte e à ocupação da edificação, <strong>de</strong> forma a reduzir o risco <strong>de</strong>início e propagação <strong>de</strong> um incêndio, a facilitar a <strong>de</strong>socupação e as operações <strong>de</strong> combate. Dessa forma reduz a severida<strong>de</strong> do incêndio, as perdas <strong>de</strong> vidas epatrimoniais.Diferentes tipos <strong>de</strong> falha causam diferentes níveis <strong>de</strong> risco a uma edificação. Afalha <strong>de</strong> um pilar é potencialmente <strong>de</strong>sastrosa, pois po<strong>de</strong> levar à queda <strong>de</strong> parte daestrutura ou uma redistribuição imprevista <strong>de</strong> carga entre os <strong>de</strong>mais pilares que,


11sobrecarregados, po<strong>de</strong>m sofrer colapso progressivo. Por isso não se <strong>de</strong>ve <strong>de</strong>ixar ospilares sem a<strong>de</strong>quada resistência em situação <strong>de</strong> incêndio, pois, as conseqüências dafalha po<strong>de</strong>m ser extremas. Vigas po<strong>de</strong>m per<strong>de</strong>r resistência e rigi<strong>de</strong>z experimentandogran<strong>de</strong>s <strong>de</strong>slocamentos, mas, <strong>de</strong>s<strong>de</strong> que permaneçam ligadas nas extremida<strong>de</strong>s, e que aslajes sobrepostas não entrem em colapso, os efeitos serão somente locais. É necessárioavaliar a influência das vigas na estabilida<strong>de</strong> dos pilares, principalmente nos <strong>de</strong>extremida<strong>de</strong> que po<strong>de</strong>m ser puxados ou empurrados <strong>de</strong>vido às <strong>de</strong>formações das vigas.Se as lajes falham localmente ou apresentam fissuras como resultado <strong>de</strong> gran<strong>de</strong>s<strong>de</strong>slocamentos, o principal problema é que o incêndio po<strong>de</strong> propagar para o pavimentosuperior (a compartimentação do incêndio é um dos objetivos da engenharia <strong>de</strong>segurança contra incêndio). Se as ligações entre vigas e pilares falham, vários efeitospo<strong>de</strong>m ocorrer e o incêndio po<strong>de</strong> atingir o pavimento superior. Também, se as vigasfalham na ligação, os pisos suportados caem sobre o piso inferior po<strong>de</strong>ndo causar umcolapso progressivo. Outro efeito negativo é o aumento do comprimento <strong>de</strong>stravado dopilar, reduzindo sua capacida<strong>de</strong> resistente.2.3 CARACTERÍSTICAS DOS INCÊNDIOSExistindo materiais combustíveis e oxigênio, o fogo evolui centrifugamente apartir do ponto <strong>de</strong> origem, <strong>de</strong>ixando sinais característicos pelos caminhos on<strong>de</strong> passou.As evidências materiais, com fundamento nos princípios físico-químicos que governama propagação do fogo, irão indicar se o <strong>de</strong>senvolvimento do fogo foi natural ouartificial. O fogo se propaga <strong>de</strong>s<strong>de</strong> o foco aos combustíveis por quatro meios:convecção, condução, radiação e contato direto (não confundir meios <strong>de</strong> propagação dofogo com transferência <strong>de</strong> calor). A convecção, condução e radiação são meios <strong>de</strong>transferência <strong>de</strong> calor e sempre estão presentes no incêndio. O contato direto po<strong>de</strong> serconseqüência do tamanho das chamas que atingem vários elementos combustíveis ou daqueda (<strong>de</strong>slocamento ou projeção) <strong>de</strong> objetos em combustão provocando outros pontos<strong>de</strong> foco (exemplos são janelas em ma<strong>de</strong>ira que po<strong>de</strong>m cair <strong>de</strong> um edifício e atingir outromenor).De acordo com a IT-CBMMG 02 (2006), a compartimentação é uma medida <strong>de</strong>proteção passiva, constituída <strong>de</strong> elementos <strong>de</strong> construção resistentes ao fogo, <strong>de</strong>stinados


12a evitar ou minimizar a propagação do fogo, calor, fumaça e gases, interna ouexternamente ao edifício, no mesmo pavimento (compartimentação horizontal) ou parapavimentos elevados consecutivos (compartimentação vertical). Na compartimentaçãosão utilizados os seguintes elementos <strong>de</strong> vedação: pare<strong>de</strong>s, entrepisos ou lajes e portascorta-fogo; vedadores nas pare<strong>de</strong>s, entrepisos ou lajes; enclausuramento <strong>de</strong> dutos(shafts) e escadas por meio <strong>de</strong> pare<strong>de</strong>s corta-fogo; selagem corta-fogo nas instalaçõesprediais existentes nas pare<strong>de</strong>s <strong>de</strong> compartimentação e na altura dos pisos e/ouentrepisos e registros corta-fogo nas tubulações <strong>de</strong> ventilação e <strong>de</strong> ar condicionado queultrapassam pare<strong>de</strong>s, lajes ou entrepisos <strong>de</strong> compartimentação.O isolamento <strong>de</strong> risco também visa limitar a propagação do incêndio sendo<strong>de</strong>finido (IT-CBMMG 02, 2006) como uma característica construtiva na qual se tem aseparação física <strong>de</strong> uma edificação em relação às circunvizinhas, cuja característicabásica é a impossibilida<strong>de</strong> técnica <strong>de</strong> uma edificação ser atingida pelo calor irradiado,conduzido ou propagado pela convecção <strong>de</strong> massas gasosas aquecidas, emanadas <strong>de</strong>outra atingida por incêndio.Deve-se notar que as relações temperatura-tempo dos gases, <strong>de</strong>finidas em normas,e os procedimentos <strong>de</strong> cálculo das <strong>estruturas</strong> em situação <strong>de</strong> incêndio têm por base ocomportamento do incêndio em compartimentos.2.3.1 Descrição Geral e Mo<strong>de</strong>lagem do Incêndio em CompartimentosA intensida<strong>de</strong> e a duração dos incêndios em edificações po<strong>de</strong>m variar muito. Épossível estimar o <strong>de</strong>senvolvimento da temperatura em um incêndio em umcompartimento sob várias condições, <strong>de</strong>s<strong>de</strong> que os parâmetros envolvidos sejamconhecidos. Vários <strong>de</strong>sses parâmetros, como quantida<strong>de</strong> e área superficial dos materiaiscombustíveis, são imprevisíveis, uma vez que variam com o tempo e <strong>de</strong> umcompartimento para o outro. Portanto é impossível saber a relação temperatura-tempoque um edifício po<strong>de</strong>rá ser exposto durante sua vida útil. Porém, é possível, comrazoável probabilida<strong>de</strong>, indicar para qualquer compartimento, uma relação temperaturatempoque não será excedida durante a vida útil da edificação. Essas relações são asbases do projeto <strong>de</strong> segurança contra incêndio e facilitam o estudo dos componentes


14compartimento <strong>de</strong>finindo juntamente com as aberturas (janelas e portas) duas zonas:uma zona superior <strong>de</strong> gases quentes e uma zona inferior <strong>de</strong> ar fresco. A divisão entre aszonas superior e inferior é <strong>de</strong>nominada plano neutro, acima do qual gases fluem parafora do compartimento e abaixo do qual o ar fresco entra no compartimento. Nessa fase,em geral o incêndio é controlado pelo combustível (quantida<strong>de</strong> ou facilida<strong>de</strong> <strong>de</strong>combustão).O volume <strong>de</strong> gases torna-se estável enquanto ocorre um aumento da radiação etemperatura <strong>de</strong>vido à contínua combustão, o que leva à ignição <strong>de</strong> todos os materiaiscombustíveis no compartimento (a temperatura <strong>de</strong> ignição da ma<strong>de</strong>ira exposta a umfluxo <strong>de</strong> calor mínimo é <strong>de</strong> aproximadamente 250°C, segundo Babrauskas, 2002).Esse fenômeno, no qual todos os materiais combustíveis encontram-se envolvidos pelofogo, é conhecido como flashover (inflamação generalizada). O flashover está associadoprincipalmente ao fluxo <strong>de</strong> calor recebido pelos materiais que ainda não entraram emcombustão (Cadorim, 2003). Esse fluxo, transmitido por convecção e radiação, estáassociado às temperaturas do contorno (pare<strong>de</strong>s e teto) e, portanto, à temperatura dosgases quentes que formam a zona superior. Cadorim (2003) com base em resultados <strong>de</strong>várias pesquisas adota para o fluxo o valor <strong>de</strong>220 kW / m e para a temperatura 600° C .Após o flashover, tem-se a fase (2) ou pós-flashover, on<strong>de</strong> a temperatura aumentarapidamente. Nessa fase, a extinção do incêndio é quase sempre impossível e as equipes<strong>de</strong> combate se concentram em prevenir a propagação para outros compartimentos ouedifícios.Na fase (2), o incêndio entra em um estado estável <strong>de</strong> combustão e, portanto, ataxa <strong>de</strong> calor liberado também se torna constante (figura 2.3.1). A taxa <strong>de</strong> combustão<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>, principalmente, da quantida<strong>de</strong> <strong>de</strong> ar que entra no compartimento, ou seja, oincêndio é controlado pela ventilação. Nessa fase, a temperatura é alta e os danos àestrutura, também, atingem o máximo. Essa é a fase mais relevante para a engenhariaestrutural. Após um período <strong>de</strong> combustão, muitos materiais são consumidos e a taxa <strong>de</strong>combustão começa a diminuir. Nesse ponto, cerca <strong>de</strong> 70% dos materiais foramconsumidos (esse é o ponto em que começa o <strong>de</strong>créscimo na taxa <strong>de</strong> calor liberado,figura 2.3.1). O incêndio entra, então, na terceira fase, na qual as temperaturasdiminuem e o incêndio se extingue quando todos os materiais combustíveis sãoconsumidos.


15Temperaturados gasesAumento datemperaturaRedução datemperatura~ 600°CTempoCalor liberado70% dos combustíveisconsumidosFlashoverTempoFigura 2.3.1 Relação temperatura-tempo <strong>de</strong> um incêndio em um compartimento e taxa<strong>de</strong> calor liberado em um compartimento segundo o EN 1992-1-2:2004.Ar FrescoPlano Neutro(a) (b) (c)(d)(e)Figura 2.3.2 Comportamento do incêndio em um compartimento: (a), (b) e (c) sãodiferentes estágios da fase pré-flashover; (d) e (e) fase pós-flashover.


16A mo<strong>de</strong>lagem do comportamento <strong>de</strong> um incêndio é um processo sofisticado e tematraído a atenção <strong>de</strong> vários pesquisadores. Como resultado, muitos mo<strong>de</strong>los têm sido<strong>de</strong>senvolvidos e po<strong>de</strong>m ser divididos em três grupos: mo<strong>de</strong>los analíticos, mo<strong>de</strong>lagempor zonas e mo<strong>de</strong>lagem computacional utilizando dinâmica dos fluídos (CFD).Nos mo<strong>de</strong>los analíticos, um gran<strong>de</strong> número <strong>de</strong> ensaios é executado nos quaisdiferentes parâmetros são avaliados. Análises <strong>de</strong> regressão são realizadas estabelecendorelações entre as variáveis <strong>de</strong> saída (taxa <strong>de</strong> combustão, temperatura dos gases noincêndio, quantida<strong>de</strong> <strong>de</strong> gases quentes) e variáveis <strong>de</strong> entrada como carga <strong>de</strong> incêndio eventilação. Devido à complexida<strong>de</strong> do problema, somente em poucos casos soluçõesanalíticas po<strong>de</strong>m ser encontradas. Exemplos <strong>de</strong> mo<strong>de</strong>los analíticos são as curvas <strong>de</strong>incêndio parametrizado e incêndio localizado apresentadas pelo EN 1991-1-2:2002.Mo<strong>de</strong>los analíticos mais simples são as curvas <strong>de</strong> incêndio nominais como a doincêndio-padrão on<strong>de</strong> o TRRF (tempo requerido <strong>de</strong> resistência ao fogo) incorpora asdiversas variáveis do problema <strong>de</strong> uma maneira subjetiva.Na mo<strong>de</strong>lagem computacional utilizando dinâmica dos fluídos (CFD), equaçõessão escritas com base nas equações fundamentais da dinâmica dos fluídos,termodinâmica, mecânica e reações químicas que são resolvidas a partir da discretizaçãodo compartimento em um gran<strong>de</strong> número <strong>de</strong> volumes <strong>de</strong> controle, volumes finitos ouelementos finitos. Esse mo<strong>de</strong>lo é mais versátil e conduz a resultados mais apurados e<strong>de</strong>talhados. Um exemplo <strong>de</strong> programas computacionais que utilizam mo<strong>de</strong>lagem CFD éo SMARTFIRE (http://fseg.gre.ac.uk, acessado em julho <strong>de</strong> 2008) <strong>de</strong>senvolvido naUniversity of Greenwich. A figura 2.3.3 apresenta a <strong>análise</strong> <strong>de</strong> um compartimentoincendiado. Caldas et al. (2006) utilizaram o programa para obtenção da relaçãotemperatura-tempo dos gases em um compartimento para posterior <strong>análise</strong> da estrutura,<strong>de</strong>monstrando a possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> economia com a utilização <strong>de</strong> métodos avançados <strong>de</strong>cálculo. Pannoni et al. (2005a, b) também utilizaram o programa para simular ocomportamento do incêndio em compartimentos.


17(a)(b)Figura 2.3.3 Mo<strong>de</strong>lagem CFD usando o programa SmartFire (http://fseg.gre.ac.uk):(a) discretização do compartimento em volumes <strong>de</strong> controle, apenas o fechamento docompartimento é apresentado; (b) escala <strong>de</strong> temperaturas em °K.A mo<strong>de</strong>lagem por zonas se enquadra como uma aproximação intermediária entreos mo<strong>de</strong>los analíticos e a mo<strong>de</strong>lagem CFD. O incêndio é dividido em poucas e gran<strong>de</strong>szonas com diferentes características. Por exemplo, para a fase pré-flashover, ocompartimento incendiado po<strong>de</strong> ser dividido em duas zonas: uma zona superior <strong>de</strong>gases quentes e uma zona inferior <strong>de</strong> ar fresco, figura 2.3.2. Assume-se que cada zonapossua proprieda<strong>de</strong>s uniformes como temperatura e concentração <strong>de</strong> gases. Osresultados obtidos são menos <strong>de</strong>talhados do que os da mo<strong>de</strong>lagem CFD, todavia, paracompartimentos <strong>de</strong> geometria regular, a mo<strong>de</strong>lagem por zonas fornece um bomentendimento do comportamento do incêndio. O programa computacional OZONE,<strong>de</strong>senvolvido por Cadorin (2003), utiliza o conceito <strong>de</strong> mo<strong>de</strong>lagem por zonas e mo<strong>de</strong>losanalíticos para obtenção da relação temperatura-tempo dos gases no incêndio.Devido a incertezas sobre fatores como o local do início do incêndio, as condições<strong>de</strong> ventilação, a aleatorieda<strong>de</strong> das aberturas e a varieda<strong>de</strong> nas proprieda<strong>de</strong>s dos materiaisque formam o compartimento, necessita-se <strong>de</strong> uma aproximação probabilística paramo<strong>de</strong>lagem dos incêndios. Porém, <strong>de</strong>vido à falta <strong>de</strong> informação sobre as váriasdistribuições probabilísticas e à natureza complexa do processo, utilizam-seaproximações <strong>de</strong>terminísticas consi<strong>de</strong>rando-se os casos mais <strong>de</strong>sfavoráveis.


182.3.2 Incêndio Localizado ou Pré-FlashoverDevido ao alto risco <strong>de</strong> morte, a maior parte dos estudos em relação à dinâmica doincêndio têm sido concentrados na fase pré-flashover, com o objetivo <strong>de</strong> se obter ummaior conhecimento da produção e propagação <strong>de</strong> fumaças e gases quentes. Para aengenharia estrutural, a capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> mo<strong>de</strong>lar o comportamento do incêndio na fasepré-flashover permite investigar o comportamento estrutural sob incêndios localizadosem edificações como edifícios-garagem, estádios e aeroportos, on<strong>de</strong>, <strong>de</strong>vido às gran<strong>de</strong>sdimensões, não ocorre o flashover.Para mo<strong>de</strong>lagem da fase pré-flashover, mo<strong>de</strong>los analíticos e a mo<strong>de</strong>lagem porzonas são os mais utilizados, po<strong>de</strong>ndo-se empregar uma combinação <strong>de</strong> ambos (EN1991-1-2:2002).O EN 1991-1-2:2002 apresenta um mo<strong>de</strong>lo analítico para tratar os incêndioslocalizados. Segundo essa norma, quando o flashover não é provável <strong>de</strong> ocorrer, asações térmicas na estrutura <strong>de</strong>vido a um incêndio localizado <strong>de</strong>vem ser avaliadas.2.3.3 Incêndio Pós-FlashoverO principal objetivo do estudo da fase pós-flashover é obter a relaçãotemperatura-tempo que será utilizada na <strong>análise</strong> da estrutura. Essa relação po<strong>de</strong> serencontrada a partir do balanço <strong>de</strong> energia no compartimentoQ & = Q&+ Q&+ Q&+ Q&, (2.3.1)incscrgque indica que a taxa <strong>de</strong> calor liberado pela combustão dos materiais é igual à taxa <strong>de</strong>calor perdido pelo incêndio. Nessa expressão,<strong>de</strong>vido à combustão dos materiais,Q & incé a taxa <strong>de</strong> calor ganha pelo incêndioQ & s é a taxa <strong>de</strong> calor perdida pela saída <strong>de</strong> gasesquentes do compartimento (parte da energia que po<strong>de</strong> ser liberada como calor também éperdida pela saída <strong>de</strong> gases e partículas que não sofreram combustão <strong>de</strong>ntro docompartimento),Q & c é a taxa <strong>de</strong> calor perdida para os materiais que formam ocompartimento, como pare<strong>de</strong>s, teto e piso,Q & r é a taxa <strong>de</strong> calor perdida por radiaçãoatravés das aberturas no compartimento ea temperatura dos gases.Q & g é a taxa <strong>de</strong> calor requerida para aumentar


19Os termos da expressão 2.3.1 po<strong>de</strong>m ser <strong>de</strong>terminados a partir <strong>de</strong> observaçõesexperimentais, das quais se obtêm expressões empíricas, sendo influenciados por fatorescomo tipo e quantida<strong>de</strong> dos materiais em combustão, materiais que formam o contornodo compartimento (pare<strong>de</strong>s, teto e pisos), ventilação e outros.A taxa <strong>de</strong> calor liberado po<strong>de</strong> ser obtida experimentalmente ou em normas como oEN 1992-1-2:2004, figura 2.3.1.2.3.3.1 Curvas ParamétricasA solução da expressão 2.3.1 em geral é difícil, constituindo também umproblema a falta <strong>de</strong> informações sobre as variáveis envolvidas. Para procedimentos <strong>de</strong>projeto, relações temperatura-tempo aproximadas têm sido <strong>de</strong>senvolvidas.Com base nos resultados <strong>de</strong> Pettersson et al. (1976), o EN 1991-1-2:2002apresenta expressões para a avaliação das relações temperatura-tempo da fase pósflashover,chamadas curvas paramétricas ou incêndio parametrizado.Como mostrada na figura 2.3.4, a curva paramétrica tem um ramo ascen<strong>de</strong>nte,usado para <strong>de</strong>screver a relação durante a elevação <strong>de</strong> temperatura, e um ramo<strong>de</strong>scen<strong>de</strong>nte. O ramo ascen<strong>de</strong>nte é dado porg***−0,2t−1,7t−19t( − 0,324e − 0,204e − 0,472e)θ = 20 + 13251, (2.3.2)on<strong>de</strong> o tempo modificado * t relaciona-se com o tempo real t a partir da expressãot * = tΓ , (2.3.3)sendo o fator Γ função do fator <strong>de</strong> ventilação, O, do fator térmico b e da carga <strong>de</strong>incêndio (EN 1991-1-2:2002).O fator ou grau <strong>de</strong> ventilação ou fator <strong>de</strong> abertura,AvheqO = , (2.3.4)Até função da área das abertura verticais,A v , da altura média das aberturas verticais,e da área total <strong>de</strong> fechamento (pare<strong>de</strong>s, piso e teto, incluindo as aberturas),O fator térmico ou inércia térmica,A t .h v ,b = ρcλ, (2.3.5)é função da massa específica, ρ , do calor específico, c , e da condutivida<strong>de</strong> térmica λdos materiais que formam o contorno do compartimento.


20A máxima temperatura dos gases,θ g, max , na fase <strong>de</strong> elevação <strong>de</strong> temperatura,figura 2.3.4, é <strong>de</strong>finida em função da carga <strong>de</strong> incêndio e do fator <strong>de</strong> ventilação.Por simplicida<strong>de</strong>, o ramo <strong>de</strong>scen<strong>de</strong>nte é dado por uma linha reta, figura 2.3.4.Uma vez que o comportamento estrutural é pouco afetado pelo ramo <strong>de</strong>scen<strong>de</strong>nte, não énecessário usar expressões complexas.Temperaturaθ g,maxIncêndio parametrizadoTempoFigura 2.3.4 Curva paramétrica segundo o EN 1991-1-2:2002.As curvas paramétricas conforme apresentadas pelo EN 1991-1-2:2002 sãoválidas para compartimentos com área <strong>de</strong> piso <strong>de</strong> até 500 m 2 , sem aberturas no teto ecom altura máxima <strong>de</strong> 4 m. Para compartimentos com maiores áreas <strong>de</strong> piso ou maisaltos, o efeito da variação da temperatura no compartimento <strong>de</strong>ve ser consi<strong>de</strong>rado.2.3.3.2 Curvas Nominais, TRRF e Tempo EquivalenteEm procedimentos prescritivos <strong>de</strong> projeto e em ensaios padronizados, atemperatura é calculada segundo a curva do incêndio-padrão, figura 2.3.5, (EN 1991-1-2:2002; ABNT NBR 14432:2000; ISO 834-1:1999)( 8t1)θg = 20 + 345log + . (2.3.6)A expressão 2.3.6 é utilizada para incêndios à base <strong>de</strong> materiais celulósicos. Paraincêndios <strong>de</strong>vido à combustão <strong>de</strong> materiais formados por hidrocarbonetos, a relaçãotemperatura-tempo (EN 1991-1-2:2002)g−0,167t−2,5t( − 0,325e− 0,675e)θ = 20 + 1080 1(2.3.7)<strong>de</strong>ve ser utilizada.


21Para <strong>estruturas</strong> externas, localizadas fora do compartimento incendiado, mas que,sofrem a ação do incêndio através <strong>de</strong> aberturas, o EN 1991-1-2:2002 apresenta aexpressãog−0,32t−3,8t( − 0,687e− 0,313e)θ = 20 + 660 1. (2.3.8)Nas expressões anteriores, θgé a temperatura dos gases em graus Celsius e t é o tempoem minutos.Temperatura (°C)120011001000900800700600500400300200100Incêndio-padrão (materiais celulósicos)Incêndio à base <strong>de</strong> materiais hidrocarbonetosIncêndio externo00 15 30 45 60 75 90 105 120Tempo (min)Figura 2.3.5 Curvas nominais (EN 1991-1-2:2002).Observa-se que as curvas nominais, figura 2.3.5, apresentam um crescimentoconstante da temperatura, diferentemente do que ocorre em um incêndio real, figura2.3.1. Segundo Wang (2002), para dar alguma realida<strong>de</strong> à exposição ao incêndiopadrão,um tempo limite <strong>de</strong> exposição é especificado, sendo <strong>de</strong>nominado temporequerido <strong>de</strong> resistência ao fogo, TRRF. Em procedimentos prescritivos <strong>de</strong> projeto, aespecificação do TRRF tem por base critérios gerais como o tipo e altura da edificaçãoque estão associados à carga <strong>de</strong> incêndio e às conseqüências da exposição a altastemperaturas. Nota-se que apesar da consi<strong>de</strong>ração <strong>de</strong> critérios gerais como a carga <strong>de</strong>incêndio e as conseqüências da exposição a altas temperaturas, fatores importantes,como a ventilação e as proprieda<strong>de</strong>s dos materiais que compõem o compartimento, nãosão consi<strong>de</strong>rados. A tabela 2.3.1 apresenta alguns exemplos <strong>de</strong> TRRF.Segundo Vargas e Silva (2003), o tempo requerido <strong>de</strong> resistência ao fogo, TRRF,é um tempo mínimo <strong>de</strong> resistência ao fogo <strong>de</strong> um elemento construtivo, quando sujeitoao incêndio-padrão. A resistência ao fogo é a proprieda<strong>de</strong> <strong>de</strong> um elemento estrutural


22resistir à ação do fogo por <strong>de</strong>terminado período <strong>de</strong> tempo, mantendo sua segurançaestrutural, estanqueida<strong>de</strong> e isolamento, on<strong>de</strong> aplicável.Tabela 2.3.1 Tempos requeridos <strong>de</strong> resistência ao fogo, TRRF, em minuto(ABNT NBR 14432:1999).Ocupação/usoAltura da edificaçãoh ≤ 6m 6 < h ≤ 12m 12 < h ≤ 23m 23 < h ≤ 30m h > 30mResi<strong>de</strong>ncial 30 30 60 90 120Hotel 30 60 60 90 120Supermercado 60 60 60 90 120Escritório 30 60 60 90 120Escola 30 30 60 90 120Shopping 60 60 60 90 120Hospital 30 60 60 90 120O TRRF varia <strong>de</strong> uma especificação (norma, lei ou regulamentação) para outra,sendo fruto do consenso da socieda<strong>de</strong>, não significando a duração do incêndio ou otempo <strong>de</strong> evacuação dos ocupantes do edifício ou o tempo <strong>de</strong> chegada do corpo <strong>de</strong>bombeiros.Apesar das limitações, a utilização do incêndio-padrão tem muitas vantagens emrelação às condições reais <strong>de</strong> exposição ao incêndio:- o conceito <strong>de</strong> TRRF tem uma longa história e está bem relacionado com a segurançaem incêndio, apresentando resultados seguros na utilização em projetos;- tem-se um gran<strong>de</strong> conhecimento obtido a partir <strong>de</strong> ensaios utilizando a relaçãotemperatura-tempo do incêndio-padrão, porém pouco se tem para outras relaçõestemperatura-tempo;- a curva do incêndio-padrão tem somente uma relação temperatura-tempo, sendo <strong>de</strong>fácil utilização em projetos.Por causa <strong>de</strong>ssas vantagens, tentativas têm sido feitas para correlacionar incêndiosnaturais ao incêndio-padrão por meio do uso do conceito <strong>de</strong> tempo equivalente, que vema ser o tempo <strong>de</strong> exposição do elemento construtivo ao incêndio-padrão que conduz aomesmo efeito da exposição do elemento ao incêndio natural. É necessário selecionar oefeito apropriado. Usando a temperatura como exemplo, o conceito <strong>de</strong> tempoequivalente é ilustrado na figura 2.3.6.


23TemperaturaIncêndio naturalIncêndio-padrãoθ maxTemperatura noelemento exposto aoincêndio padrãoTemperatura noelemento exposto aoincêndio naturalTempo EquivalenteTempoFigura 2.3.6 Conceito do tempo equivalente.Durante muitos anos várias relações para o tempo equivalente têm sido<strong>de</strong>senvolvidas. O EN 1991-1-2:2002 apresenta um procedimento para obtenção dotempo equivalente, no qual se baseiam as IT-CBMESP 08 (2006) e IT-CBMMG 06(2006).2.4 ENSAIOS EXPERIMENTAIS E O COMPORTAMENTO DEESTRUTURAS MISTAS EM SITUAÇÃO DE INCÊNDIOEnsaios experimentais são importantes para o conhecimento do comportamento eavaliação <strong>de</strong> procedimentos <strong>de</strong> verificação <strong>de</strong> <strong>estruturas</strong> em situação <strong>de</strong> incêndio. Arealização <strong>de</strong> ensaios experimentais com o objetivo direto <strong>de</strong> se estudar soluções <strong>de</strong>projeto não é comum e, em geral, os ensaios têm o objetivo <strong>de</strong> fornecer bases paraestudos mais <strong>de</strong>talhados.Nos ensaios, usualmente, carrega-se a estrutura e em seguida tem-se a exposiçãoao incêndio com o carregamento mantido constante. O ensaio termina quando aestrutura atinge algum critério <strong>de</strong> falha.Com o objetivo <strong>de</strong> se ter uma qualificação relativa e se graduar o comportamentoentre diferentes <strong>estruturas</strong>, a temperatura nos fornos é elevada segundo a curva doincêndio-padrão, expressão 2.3.6. Todavia, o incêndio-padrão po<strong>de</strong> não ser apropriadopara o entendimento do comportamento real <strong>de</strong> uma estrutura em situação <strong>de</strong> incêndio.


24A falha da estrutura é <strong>de</strong>terminada pela capacida<strong>de</strong> resistente, isolamento eintegrida<strong>de</strong>. O isolamento está associado com o impedimento do aumento excessivo datemperatura em superfícies do elemento não expostas ao incêndio. A integrida<strong>de</strong> estáassociada à não propagação do incêndio através <strong>de</strong> rachaduras no elemento ensaiado. Afalha por perda <strong>de</strong> capacida<strong>de</strong> resistente po<strong>de</strong> também ser <strong>de</strong>terminada por<strong>de</strong>slocamentos excessivos.Os ensaios po<strong>de</strong>m ser <strong>de</strong> vários níveis, variando <strong>de</strong>s<strong>de</strong> ensaios simples on<strong>de</strong> umped<strong>aço</strong> <strong>de</strong> perfil é colocado em um pequeno forno para obtenção do seu aquecimento,até ensaios mais sofisticados <strong>de</strong> elementos estruturais como vigas e pilares. No últimonível <strong>de</strong> sofisticação têm-se os ensaios em pórticos ou edifícios reais.Devido ao alto custo <strong>de</strong> ensaios em gran<strong>de</strong> escala em edifícios reais, somenteelementos individuais são testados em incêndio, levando a um comportamento muitasvezes diferente do real. Incêndios aci<strong>de</strong>ntais po<strong>de</strong>m dar indícios do comportamentoestrutural em situação <strong>de</strong> incêndio, porém, é impossível reconstruir o cenário completo,incluindo o <strong>de</strong>senvolvimento da temperatura e propagação do incêndio. Todavia,incêndios bem documentados dão uma visão geral e otimista da resistência <strong>de</strong> <strong>estruturas</strong><strong>mistas</strong> <strong>de</strong> <strong>aço</strong> e <strong>concreto</strong>. Burgess (2005) cita exemplos significativos <strong>de</strong> incêndiosaci<strong>de</strong>ntais ocorridos nos edifícios One Meridian Plaza, na Phila<strong>de</strong>lphia, e BroadgatePhase 8, em Londres. Apesar dos danos causados pelo incêndio, os edifícios nãosofreram colapso. O One Meridian Plaza tinha proteção contra incêndio nas <strong>estruturas</strong> eo Broadgate Phase 8 ainda não estava protegido.A partir <strong>de</strong> incêndios aci<strong>de</strong>ntais notou-se que as <strong>estruturas</strong> <strong>mistas</strong> po<strong>de</strong>riam sermuito mais resistentes do que os métodos <strong>de</strong> cálculo sugeriam, e um gran<strong>de</strong> projetoexperimental foi <strong>de</strong>senvolvido pela Britain British Steel em meados dos anos 90. Umedifício <strong>de</strong> 8 pavimentos, típico <strong>de</strong> um prédio mo<strong>de</strong>rno <strong>de</strong> escritórios foi construído<strong>de</strong>ntro <strong>de</strong> um gran<strong>de</strong> galpão em Cardington, Reino Unido. O edifício foi projetado porengenheiros, sem qualquer influência <strong>de</strong> pesquisadores, segundo a norma BS 5950(1990) e as prescrições do Euroco<strong>de</strong>. As lajes <strong>mistas</strong> concretadas no local trabalhavamem conjunto com as vigas <strong>de</strong> <strong>aço</strong>, formando vigas <strong>mistas</strong>. A estrutura era contraventadae as ligações projetadas para resistir somente cargas verticais. Todos os pisos foramcarregados com sacos <strong>de</strong> areia com carga semelhante às dos escritórios no Reino Unido.Seis testes em situação <strong>de</strong> incêndio foram realizados no edifício com medição das


25temperaturas, <strong>de</strong>slocamentos e <strong>de</strong>formações durante e após os incêndios (Lawson, 2001;Wang, 1995, 2000a,b e Wang e Davies, 2003). O maior teste compreen<strong>de</strong>u uma área <strong>de</strong>380m². Os pilares foram cobertos com proteção tipo caixa por causa das conseqüênciasseveras da falha <strong>de</strong> um pilar, porém, todas as vigas internas, foram <strong>de</strong>ixadas semproteção.Figura 2.4.1 Edifício com elementos estruturais <strong>de</strong> <strong>aço</strong> e mistos ensaiado emCardington, UK (Lawson, 2001).Apesar das temperaturas nos ensaios (acima <strong>de</strong> 800 ºC) serem bem maiores doque a temperatura crítica dada por métodos <strong>de</strong> cálculos usuais, e os <strong>de</strong>slocamentos dospisos serem gran<strong>de</strong>s, não houve falha em nenhum dos testes.Des<strong>de</strong> o fim dos testes em 1996, estudos vêm sendo realizados com o objetivo <strong>de</strong>enten<strong>de</strong>r as complexas interações que ocorrem durante um incêndio em um edifício,produzindo mo<strong>de</strong>los numéricos capazes <strong>de</strong> predizer o <strong>de</strong>sempenho <strong>de</strong> projetos futuros.Dois pontos importantes contribuem para que o comportamento <strong>de</strong> <strong>estruturas</strong><strong>mistas</strong> em situação <strong>de</strong> incêndio seja melhor do que o prescrito nos métodossimplificados <strong>de</strong> cálculo (Burgess, 2005): as condições reais <strong>de</strong> incêndio ao qual aestrutura está submetida e o comportamento da estrutura como um todo. O únicocaminho <strong>de</strong> se prever como um edifício contínuo se comporta em incêndio é através <strong>de</strong>


26mo<strong>de</strong>los numéricos que incluam as mudanças no comportamento do material para altastemperaturas, as distribuições <strong>de</strong> temperaturas nas partes da estrutura e a habilida<strong>de</strong> paratrabalhar a<strong>de</strong>quadamente em gran<strong>de</strong>s <strong>de</strong>slocamentos. Quando os projetistas utilizammétodos semelhantes, eles conseguem uma visão mais realística <strong>de</strong> como a estrutura secomporta.Os ensaios <strong>de</strong> Cardington mostraram que o bom comportamento estrutural <strong>de</strong>pisos mistos <strong>de</strong> <strong>aço</strong> e <strong>concreto</strong> em situação <strong>de</strong> incêndio está relacionado principalmenteà <strong>de</strong>gradação da relação tensão-<strong>de</strong>formação do <strong>concreto</strong> e do <strong>aço</strong> e às <strong>de</strong>formaçõestérmicas que levam a um comportamento <strong>de</strong> membrana. Com o aumento datemperatura, o piso mostrado na figura 2.4.2, passa pelas seguintes fases: (1)inicialmente as vigas expostas ao incêndio aquecem rapidamente, com pequena redução<strong>de</strong> resistência e rigi<strong>de</strong>z; (2) a laje <strong>de</strong> <strong>concreto</strong> aquece mais lentamente, causando umencurvamento na direção da fonte <strong>de</strong> calor; (3) com a redução da resistência do <strong>aço</strong>, alaje mista, pelo efeito <strong>de</strong> membrana, po<strong>de</strong> suportar parte ou todo o carregamento antesresistido pelas vigas <strong>mistas</strong>, principalmente no caso <strong>de</strong> lajes <strong>mistas</strong> construídas commalhas <strong>de</strong> <strong>aço</strong> <strong>de</strong>vidamente projetadas (figura 2.4.2). O comportamento <strong>de</strong> membranaocorre em lajes <strong>mistas</strong> ou <strong>de</strong> <strong>concreto</strong> armado. Em lajes <strong>de</strong> <strong>concreto</strong>, essecomportamento não é explorado, pois, <strong>de</strong>vido aos gran<strong>de</strong>s <strong>de</strong>slocamentos, rachadurasocorrem levando à perda <strong>de</strong> estanqueida<strong>de</strong>, problema que não ocorre em lajes <strong>mistas</strong><strong>de</strong>vido à presença da forma <strong>de</strong> <strong>aço</strong> (steel <strong>de</strong>ck).Viga principalViga secundáriaLajemistaViga secundáriaFigura 2.4.2 Piso misto típico: caminho das cargas para a estrutura em temperaturaambiente.


27O comportamento <strong>de</strong> membrana se <strong>de</strong>senvolve <strong>de</strong>s<strong>de</strong> que a laje seja bemsuportada verticalmente ao longo <strong>de</strong> linhas que divi<strong>de</strong>m o piso em áreasaproximadamente quadradas (as vigas no contorno <strong>de</strong>ssa área, em geral, são protegidaspara garantir a resistência em situação <strong>de</strong> incêndio). A dupla curvatura e os gran<strong>de</strong>s<strong>de</strong>slocamentos sofridos pela laje levam a um comportamento <strong>de</strong> membrana tracionadaem sua região central enquanto que na parte periférica tem-se a formação <strong>de</strong> um anel <strong>de</strong>compressão, figura 2.4.3. Esse mecanismo é alto-equilibrado e capaz <strong>de</strong> suportar ocarregamento ou parte do carregamento que atua no piso.Viga protegidaRegião comprimidaViga protegidaViga <strong>de</strong>sprotegidaRegiãotracionadaViga protegidaViga protegidaFigura 2.4.3 Piso misto típico: comportamento <strong>de</strong> membrana para gran<strong>de</strong>s<strong>de</strong>slocamentos.Se a laje é efetiva em apenas uma direção, on<strong>de</strong>, por exemplo, a área suportadanão é aproximadamente quadrada, então a laje trabalha, em situação <strong>de</strong> incêndio, comcurvatura simples. Ocorre então, um comportamento <strong>de</strong> catenária, distinto docomportamento <strong>de</strong> membrana por não ser auto-equilibrado, necessitando <strong>de</strong> ancoragemhorizontal nos suportes. Nesse caso, a falha po<strong>de</strong> ocorrer <strong>de</strong>vido à tração na laje ou noselementos suportes. As ligações entre as vigas na direção <strong>de</strong> tração e seus pilaressuporte po<strong>de</strong>m falhar, levando à queda do piso e à perda <strong>de</strong> contenção lateral do pilar.Nas extremida<strong>de</strong>s do edifício, a rigi<strong>de</strong>z horizontal para ancorar a tração da catenária édada principalmente pela rigi<strong>de</strong>z dos pilares no pavimento afetado e no pavimento


28superior. Se os pilares são aquecidos significantemente, sua rigi<strong>de</strong>z é reduzida e po<strong>de</strong>mflambar para o interior do edifício, puxados pelas lajes. Portanto, ao utilizar a ação dacatenária é necessário observar seus efeitos até um suporte a<strong>de</strong>quado.Viga protegidaViga protegidaRegião tracionadaViga protegidaViga protegidaFigura 2.4.4 Piso misto típico: comportamento <strong>de</strong> catenária para gran<strong>de</strong>s <strong>de</strong>slocamentos.Durante um incêndio, gran<strong>de</strong>s <strong>de</strong>slocamentos da estrutura são aceitáveis <strong>de</strong>s<strong>de</strong>que o incêndio fique confinado ao compartimento <strong>de</strong> origem. Durante os anos 60significantes pesquisas experimentais e teóricas foram realizadas sobre ocomportamento <strong>de</strong> membrana em lajes <strong>de</strong> <strong>concreto</strong> sujeitas a gran<strong>de</strong>s <strong>de</strong>slocamentos.Esse comportamento faz com que as lajes suportem cargas bem superiores às calculadasconsi<strong>de</strong>rando apenas o comportamento à flexão. Um método simplificado <strong>de</strong> cálculo,consi<strong>de</strong>rando o comportamento <strong>de</strong> membrana, foi <strong>de</strong>senvolvido inicialmente por Bailey(2001) para lajes <strong>mistas</strong> em gran<strong>de</strong>s <strong>de</strong>slocamentos e sujeitas a temperaturas elevadas.Usando o comportamento <strong>de</strong> membrana, é possível projetar <strong>estruturas</strong> on<strong>de</strong> várias vigaspo<strong>de</strong>m ficar sem proteção durante um incêndio. Inicialmente, consi<strong>de</strong>rando somente aresistência à flexão, todas as vigas <strong>de</strong> um piso eram protegidas.


292.5 PROJETO DE ESTRUTURAS EM SITUAÇÃO DE INCÊNDIOOs componentes <strong>de</strong> uma edificação são projetados para satisfazer requisitos <strong>de</strong>utilização e segurança. Um dos requerimentos <strong>de</strong> segurança é a a<strong>de</strong>quada resistência emsituação <strong>de</strong> incêndio, pois, quando outras medidas <strong>de</strong> proteção contra incêndio falham, aintegrida<strong>de</strong> estrutural é a última <strong>de</strong>fesa (Kodur e Harmathy, 2002).Os procedimentos <strong>de</strong> projeto em situação <strong>de</strong> incêndio <strong>de</strong>vem levar em contaparâmetros como o comportamento da estrutura em temperatura elevada, a exposição aocalor e os benefícios dos meios <strong>de</strong> proteção ativa e passiva, juntamente com asincertezas associadas e a importância da estrutura. No momento, é possível <strong>de</strong>terminar<strong>de</strong> forma a<strong>de</strong>quada o <strong>de</strong>sempenho <strong>de</strong> uma estrutura ou <strong>de</strong> seus componentes em umincêndio real (simulado a partir <strong>de</strong> mo<strong>de</strong>los analíticos, zonas ou CFD), incorporando osparâmetros citados. Esses procedimentos são chamados <strong>de</strong> aproximações com base em<strong>de</strong>sempenho. Nos procedimentos que têm por base um incêndio nominal (incêndiopadrão)com períodos <strong>de</strong> resistência ao incêndio <strong>de</strong>finidos, os parâmetros citados sãoconsi<strong>de</strong>rados implicitamente, e recebem o nome <strong>de</strong> aproximações prescritivas (figura2.5.1).Conforme apresentado na figura 2.5.1, a verificação em situação <strong>de</strong> incêndio sebaseia em métodos tabulares, mo<strong>de</strong>los simplificados e avançados <strong>de</strong> cálculo. Ensaiosexperimentais também são permitidos.O caminho usual para satisfazer os requerimentos <strong>de</strong> resistência em situação <strong>de</strong>incêndio para <strong>estruturas</strong> <strong>de</strong> <strong>aço</strong> é simplesmente revestir o <strong>aço</strong> com um material isolante.Os materiais isolantes são constituídos por alvenaria, <strong>concreto</strong> normal ou leve,argamassa à base <strong>de</strong> cimento, fibras minerais, resinas acrílicas, vermiculita ou gesso,mantas <strong>de</strong> fibras cerâmicas ou <strong>de</strong> lã <strong>de</strong> rocha, tintas intumescentes e outros. No caso <strong>de</strong>materiais industrializados, a espessura é especificada pelos fabricantes, e tem comoobjetivo manter a temperatura do <strong>aço</strong> abaixo <strong>de</strong> uma temperatura crítica (usualmenteentre 550 °C e 650 °C) <strong>de</strong>ntro do tempo requerido <strong>de</strong> resistência ao fogo (TRRF),in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>nte do nível <strong>de</strong> carregamento. A temperatura crítica é <strong>de</strong>finida com base naredução da resistência do <strong>aço</strong> até que a reserva <strong>de</strong> resistência seja esgotada. A “reserva<strong>de</strong> resistência” é dada pela diferença entre os coeficientes <strong>de</strong> pon<strong>de</strong>ração da resistência edas ações à temperatura ambiente e elevada. Nessa <strong>de</strong>finição, consi<strong>de</strong>ra-se que os


30elementos estejam totalmente carregados à temperatura ambiente. Métodos maisracionais relacionam a temperatura crítica ao nível <strong>de</strong> carregamento.O método tabular tem por base observações experimentais e resultados <strong>de</strong> <strong>análise</strong>s<strong>numérica</strong>s a partir dos quais são construídas tabelas, ábacos ou cartas <strong>de</strong> cobertura. Emgeral, nesse método, a partir das características do elemento estrutural como dimensões,proprieda<strong>de</strong>s dos materiais e solicitações, obtém-se diretamente o tempo <strong>de</strong> exposiçãoao incêndio (EN 1994-1-2:2005; EN 1992-1-2:2004; ABNT NBR 143231999; ABNTNBR 15200:2004).Os mo<strong>de</strong>los simplificados <strong>de</strong> verificação à temperatura elevada seguem osmesmos princípios <strong>de</strong> verificação à temperatura ambiente modificando-se asproprieda<strong>de</strong>s mecânicas dos materiais <strong>de</strong> acordo com a temperatura. Essesprocedimentos <strong>de</strong> projeto são adotados em normas como o ANSI/AISC 360-05, o EN1994-1-2:2005 e a ABNT NBR 14323:1999.Procedimentos <strong>de</strong> projetoPrescritivosAnálise <strong>de</strong> umelementoDeterminação dasações mecânicas econdições <strong>de</strong>contornoAnálise <strong>de</strong> parte daestruturaDeterminação dasações mecânicas econdições <strong>de</strong>contornoAnálise da estruturainteiraSeleção das <strong>aço</strong>esmecânicasMétodo tabularMo<strong>de</strong>lossimplificados <strong>de</strong>cálculoMo<strong>de</strong>los avançados<strong>de</strong> cálculoMo<strong>de</strong>lossimplificados <strong>de</strong>cálculoMo<strong>de</strong>los avançados<strong>de</strong> cálculoMo<strong>de</strong>los avançados<strong>de</strong> cálculoCom base em <strong>de</strong>sempenhoAnálise <strong>de</strong> umelementoDeterminação dasações mecânicas econdições <strong>de</strong>contornoSeleção <strong>de</strong> mo<strong>de</strong>los simples ouavançados <strong>de</strong> <strong>de</strong>senvolvimentodo incêndioAnálise <strong>de</strong> parte daestruturaDeterminação das<strong>aço</strong>es mecânicas econdições <strong>de</strong>contornoAnálise da estruturainteiraSeleção das <strong>aço</strong>esmecânicasMo<strong>de</strong>lossimplificados <strong>de</strong>calculoMo<strong>de</strong>los avançados<strong>de</strong> cálculoMo<strong>de</strong>los avançados<strong>de</strong> cálculoMo<strong>de</strong>los avançados<strong>de</strong> cálculoFigura 2.5.1 Procedimentos <strong>de</strong> projeto (EN 1994-1-2:2005).


31Segundo o EN 1994-1-2:2005, on<strong>de</strong> o método tabular ou mo<strong>de</strong>los simplificadosnão são aplicáveis, é necessário usar um método com base em <strong>análise</strong> avançada ou ummétodo com base em ensaios experimentais.Mo<strong>de</strong>los avançados <strong>de</strong> cálculo, em geral, têm por base mo<strong>de</strong>los numéricos parasolução do problema e são fundamentados no comportamento da estrutura em situação<strong>de</strong> incêndio. Mo<strong>de</strong>los <strong>de</strong> <strong>análise</strong> térmica <strong>de</strong>vem ter por base os fundamentos datransferência <strong>de</strong> calor. Para <strong>análise</strong> mecânica os mo<strong>de</strong>los <strong>de</strong>vem seguir os princípios da<strong>análise</strong> estrutural levando em conta os efeitos da temperatura.A interação entre os elementos estruturais ainda é um ponto pouco abordado nasnormas <strong>de</strong> projeto <strong>de</strong> <strong>estruturas</strong> em situação <strong>de</strong> incêndio, e em geral, apenas sãoapresentadas as diretrizes que <strong>de</strong>vem ser seguidas para realização <strong>de</strong> <strong>análise</strong>s <strong>numérica</strong>s(mo<strong>de</strong>los avançados <strong>de</strong> cálculo). Tal fato po<strong>de</strong> ser constatado ao se observar o enfoquedado pelas normas ao estado limite último <strong>de</strong> elementos individuais que formam aestrutura. No que se refere às <strong>estruturas</strong> <strong>mistas</strong>, o comportamento <strong>de</strong> membrana é umexemplo do comportamento estrutural como um todo, que não é abordado nas normas.Para <strong>estruturas</strong> <strong>de</strong> <strong>concreto</strong>, Bailey (2002) comenta que os procedimentoscorrentes <strong>de</strong> projeto têm por base, principalmente, a verificação <strong>de</strong> elementos estruturaisa partir <strong>de</strong> tabelas e mo<strong>de</strong>los analíticos <strong>de</strong>rivados <strong>de</strong> ensaios experimentais. Consi<strong>de</strong>raseque a resistência da estrutura completa será no mínimo igual à resistência doselementos individuais. Porém, o comportamento <strong>de</strong> <strong>estruturas</strong> completas ésignificantemente diferente do comportamento <strong>de</strong> elementos isolados, com a ocorrência<strong>de</strong> efeitos favoráveis e <strong>de</strong>sfavoráveis. Segundo Bailey (2002), em alguns casos, aoignorar o verda<strong>de</strong>iro comportamento da estrutura, efeitos <strong>de</strong>sfavoráveis, os quais nãosão <strong>de</strong>stacados por procedimentos <strong>de</strong> verificação ou ensaios <strong>de</strong> elementos isolados,po<strong>de</strong>m levar ao colapso prematuro da estrutura. Uma diferença óbvia entre ocomportamento <strong>de</strong> uma estrutura completa e <strong>de</strong> um elemento isolado é que a estruturautiliza vários caminhos <strong>de</strong> resistência das cargas que não po<strong>de</strong>m ser i<strong>de</strong>ntificados apartir <strong>de</strong> ensaios <strong>de</strong> elementos. Por exemplo, a restrição <strong>de</strong> uma laje à expansão térmica,causada pela parte não aquecida que contorna um compartimento incendiado, po<strong>de</strong>induzir altas tensões <strong>de</strong> compressão na laje aquecida, o que po<strong>de</strong> ser benéfico por levara um comportamento <strong>de</strong> membrana comprimida, suportando o carregamento atuante.Porém, essas forças <strong>de</strong> compressão po<strong>de</strong>m aumentar a possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> spalling. Outra


32forma <strong>de</strong> comportamento da estrutura completa, que po<strong>de</strong> levar a um colapsoprematuro, resulta da falta <strong>de</strong> resistência ou acomodação dos movimentos lateraiscausados pela expansão térmica da laje (figura 2.5.2). Essas formas <strong>de</strong> comportamento,não previstas em normas correntes, têm sido recentemente <strong>de</strong>stacadas como a razão <strong>de</strong>colapsos em <strong>estruturas</strong> <strong>de</strong> <strong>concreto</strong> em situação <strong>de</strong> incêndio (Bailey, 2002).Figura 2.5.2 Deslocamento lateral das colunas externas observado em um ensaio <strong>de</strong> umaestrutura <strong>de</strong> <strong>concreto</strong> em Cardington, UK (Bailey, 2002).Segundo Burgess (2005), o único caminho <strong>de</strong> se prever como uma estruturacompleta se comporta em incêndio é por meio <strong>de</strong> mo<strong>de</strong>los numéricos que incluam asmudanças no comportamento do material para altas temperaturas, as distribuições <strong>de</strong>temperaturas nas partes da estrutura e a habilida<strong>de</strong> para trabalhar a<strong>de</strong>quadamente emgran<strong>de</strong>s <strong>de</strong>slocamentos. Quando projetistas têm conhecimentos para utilizarsemelhantes métodos, eles têm uma visão mais realística <strong>de</strong> como a estrutura secomporta.


332.6 COMPORTAMENTO DOS MATERIAIS À TEMPERATURA ELEVADAO <strong>de</strong>sempenho <strong>de</strong> um elemento estrutural <strong>de</strong>pen<strong>de</strong> das proprieda<strong>de</strong>s <strong>de</strong> seusmateriais constituintes. O conhecimento das proprieda<strong>de</strong>s à temperatura elevada e adistribuição <strong>de</strong> temperatura, permite, a partir <strong>de</strong> métodos da mecânica estrutural, prevero comportamento dos elementos estruturais em situação <strong>de</strong> incêndio.Com relação ao comportamento em situação <strong>de</strong> incêndio, os materiaisconstrutivos po<strong>de</strong>m ser divididos em materiais resistentes (<strong>aço</strong> e <strong>concreto</strong>), isolantes(<strong>concreto</strong>, tijolo, gesso e materiais isolantes <strong>de</strong> proteção contra incêndio) e combustíveis(ma<strong>de</strong>ira, revestimentos e forros). Alguns materiais, como o <strong>concreto</strong>, são resistentes eisolantes, outros são resistentes e combustíveis, como a ma<strong>de</strong>ira.As proprieda<strong>de</strong>s que <strong>de</strong>terminam o comportamento estrutural dos elementos àtemperatura elevada são resistência, rigi<strong>de</strong>z, <strong>de</strong>formação térmica e fluência dosmateriais componentes (Kodur e Harmathy, 2002).As <strong>de</strong>formações <strong>de</strong> fluência são <strong>de</strong>finidas como <strong>de</strong>formações <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ntes dotempo. Para altas tensões e à temperatura elevada, a taxa <strong>de</strong> <strong>de</strong>formação <strong>de</strong>vido àfluência é substancial. Portanto, os principais fatores que influenciam a fluência são atemperatura, o nível <strong>de</strong> tensão e sua duração. Para o <strong>concreto</strong>, os mo<strong>de</strong>los <strong>de</strong>Thelan<strong>de</strong>rsson e Schnei<strong>de</strong>r (Purkis, 2006) po<strong>de</strong>m ser utilizados para cálculo das<strong>de</strong>formações em situação <strong>de</strong> incêndio. Kodur e Harmathy (2002) apresentam maioresinformações sobre a fluência nos <strong>aço</strong>s. Os mo<strong>de</strong>los apresentados para o <strong>aço</strong> e <strong>concreto</strong>,pelo Euroco<strong>de</strong>, incluem implicitamente o efeito da fluência.As proprieda<strong>de</strong>s que influenciam a distribuição e o aumento da temperatura emum elemento são a condutivida<strong>de</strong> térmica, o calor específico e a massa específica, que<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>m da composição dos materiais constituintes.Além das proprieda<strong>de</strong>s citadas, o spalling do <strong>concreto</strong> e a carbonização dama<strong>de</strong>ira influenciam o comportamento dos respectivos materiais à temperatura elevada.O <strong>aço</strong> é um material resistente e po<strong>de</strong> ser laminado a quente ou trabalhado a frio,sendo uma liga <strong>de</strong> ferro e carbono (até 0,29% <strong>de</strong> carbono), possuindo outros elementoscomo o silício, manganês, fósforo e enxofre.Concreto é um material resistente e isolante formado pela pasta <strong>de</strong> cimentohidratada e agregados (brita e areia). A pasta <strong>de</strong> cimento hidratada compõe <strong>de</strong> 20 a 40%


34do volume. Portanto, as proprieda<strong>de</strong>s do <strong>concreto</strong> variam gran<strong>de</strong>mente com osagregados utilizados, em geral, silicosos ou calcários. Tradicionalmente, a resistência àcompressão do <strong>concreto</strong> fica entre 20 e 50 MPa . Recentemente, <strong>concreto</strong>s comresistência à compressão entre 50 e 100 MPa vêm sendo utilizados e são referenciadoscomo <strong>concreto</strong>s <strong>de</strong> alto <strong>de</strong>sempenho ou alta resistência. Depen<strong>de</strong>ndo da <strong>de</strong>nsida<strong>de</strong>, elessão tratados como <strong>concreto</strong>s <strong>de</strong> <strong>de</strong>nsida<strong>de</strong> normal para <strong>de</strong>nsida<strong>de</strong>s em torno <strong>de</strong>32400 kg / m e <strong>concreto</strong>s <strong>de</strong> baixa <strong>de</strong>nsida<strong>de</strong>, entre 1600 e 20003kg / m (ABNT NBR14323:1999).Em alguns casos, fibras <strong>de</strong> <strong>aço</strong> ou polipropileno são misturadas ao <strong>concreto</strong> com oobjetivo <strong>de</strong> melhorar o seu comportamento. As fibras <strong>de</strong> polipropileno minimizam ospalling (Han et al., 2005; Fletcher et al., 2007), e as fibras <strong>de</strong> <strong>aço</strong> melhoram ocomportamento dos <strong>concreto</strong>s sem armaduras (<strong>concreto</strong> simples) à temperaturaambiente e elevada (Kodur, 1998, 2006).Materiais <strong>de</strong> proteção contra incêndio, em geral, são isolantes que ajudam aretardar a elevação da temperatura em um elemento estrutural, aumentando a resistênciaem situação <strong>de</strong> incêndio.Os materiais resistentes como <strong>aço</strong>, <strong>concreto</strong> e ma<strong>de</strong>ira sofrem redução daresistência e rigi<strong>de</strong>z com a elevação da temperatura. Além da <strong>de</strong>gradação <strong>de</strong>ssasproprieda<strong>de</strong>s, o <strong>concreto</strong> po<strong>de</strong> per<strong>de</strong>r parte da seção transversal <strong>de</strong>vido ao spalling e ama<strong>de</strong>ira per<strong>de</strong> parte <strong>de</strong> sua seção <strong>de</strong>vido à carbonização. As alterações nas proprieda<strong>de</strong>stermomecânicas são <strong>de</strong>vido à mudanças físicas, químicas e modificações namicroestrutura dos materiais.O <strong>concreto</strong> per<strong>de</strong> resistência e rigi<strong>de</strong>z <strong>de</strong>vido à fissuração interna e mudançasquímicas, além <strong>de</strong> sofrer uma série <strong>de</strong> mudanças <strong>de</strong> coloração, especialmente se osagregados são silicosos. As mudanças <strong>de</strong> coloração po<strong>de</strong>m indicar as perdas <strong>de</strong>resistência e rigi<strong>de</strong>z, tabela 2.6.1 (Cánovas, 1988).


35Tabela 2.6.1 Influência da temperatura na coloração do <strong>concreto</strong>.θ c(°C)20Corcinza200 cinza300 rosa400 rosa500 rosa600 vermelho900 cinza avermelhado1000 amarelo alaranjadoApós o aquecimento o <strong>concreto</strong> não recupera sua resistência inicial ao resfriar,diferentemente do <strong>aço</strong>. Segundo Cánovas (1988), se a temperatura atingida pelo<strong>concreto</strong> não ultrapassa os 500°C, este po<strong>de</strong> sofrer uma hidratação posterior que po<strong>de</strong>levar à recuperação <strong>de</strong> até 90% <strong>de</strong> sua resistência.2.6.1 Proprieda<strong>de</strong>s Termomecânicas do Aço Segundo o Euroco<strong>de</strong>A tabela 2.6.2 e a figura 2.6.2 apresentam os fatores <strong>de</strong> redução à temperaturaelevada, relativos aos valores a 20°C, para a resistência ao escoamento, o limite <strong>de</strong>proporcionalida<strong>de</strong> e o módulo <strong>de</strong> elasticida<strong>de</strong> dos <strong>aço</strong>s laminados, respectivamente,on<strong>de</strong>kffθ = ey, θy, θ = f, p, θkp,y fyk E,Eθθ = (2.6.1)Ef y, θ é a resistência ao escoamento dos <strong>aço</strong>s laminados a uma temperatura θae fyé a resistência ao escoamento do <strong>aço</strong> a 20°C,temperaturaθa,<strong>de</strong> elasticida<strong>de</strong> a 20°C.f p, θ é o limite <strong>de</strong> proporcionalida<strong>de</strong> a umaEθé o módulo <strong>de</strong> elasticida<strong>de</strong> a uma temperaturaθae E é o móduloPara taxas <strong>de</strong> aquecimento entre 2 e 50 ºC/min, a relação tensão-<strong>de</strong>formação do<strong>aço</strong> em temperatura elevada é dada pelas expressões apresentadas na figura 2.6.1.


36σf y,θf p,θαE a,θ = tan αε p,θε y,θε t,θε u,θεDeformação Tensão Módulo <strong>de</strong> Elasticida<strong>de</strong>ε ≤ εp , θε Ea,θEa, θε, θ≤ ε ≤ εy,θ2[ ] 0, 52p f − c + ( b / a) a − ( ε − ε)p,θεy , θ≤ ε ≤ εt,θy, θε, θ≤ ε ≤ εu,θy, θt f [ 1 ( ε − ε ) ( ε − ε )] 0, 5ε = ε, θParâmetrosFunçõesy , θt, θ/ab( εy, θ− ε)( ε − ε)22[ a − ] 0, 5y, θf 0− -u, θu0 -a2ε = p,θ p, θ/ Ea,θt, θf ε θ0, 02 ε θ0, 15 0, 20y ,=( εy, θ− εp, θ)( εy, θ− εp, θ+ c / Ea θ)2c( ε − ε ) E c=,2= y, θ p, θ a, θb +c =2( fy, θ− fp, θ)( ε − ε ) E − 2( f − f )y, θp, θa, θy, θp, θt ,=εu , θ=Figura 2.6.1 Relação tensão-<strong>de</strong>formação do <strong>aço</strong> em temperaturas elevadas(EN 1993-1-2:2005).


37Tabela 2.6.2 Valores dos parâmetros do mo<strong>de</strong>lo matemático apresentado na figura 2.6.1(EN 1993-1-2:2005).θFator <strong>de</strong> redução paraa resistência aoescoamentoFator <strong>de</strong> redução parao limite <strong>de</strong>proporcionalida<strong>de</strong>Fator <strong>de</strong> redução paraa inclinação do trechoelástico linear(°C) f y,θ /f y k p,θ = f p,θ /f y k E,θ = E a,θ /E a20 1,000 1,000 1,000100 1,000 1,000 1,000200 1,000 0,807 0,900300 1,000 0,613 0,800400 1,000 0,420 0,700500 0,780 0,360 0,600600 0,470 0,180 0,310700 0,230 0,075 0,130800 0,110 0,050 0,090900 0,060 0,0375 0,06751000 0,040 0,0250 0,04501100 0,020 0,0125 0,02251200 0,000 0,0000 0,0000Nota: para valores intermediários <strong>de</strong> temperatura, po<strong>de</strong>-se usar interpolação linear.Fator <strong>de</strong> Redução1,00,80,60,4EscoamentoProporcionalida<strong>de</strong>Inclinação trecho linear0,20,00 200 400 600 800 1000 1200Temperatura (°C)Figura 2.6.2 Fatores <strong>de</strong> redução da relação tensão-<strong>de</strong>formação dos <strong>aço</strong>s laminados.(EN 1993-1-2:2005).A partir da tabela 2.6.2 nota-se que os fatores <strong>de</strong> redução do módulo <strong>de</strong>elasticida<strong>de</strong> inicial e da resistência ao escoamento têm os mesmos valores dos fatores <strong>de</strong>redução apresentados pela ABNT NBR 14323:1999 para os <strong>aço</strong>s laminados.No caso das ações térmicas <strong>de</strong>terminadas segundo o EN 1991-1-2:2002,utilizando mo<strong>de</strong>los <strong>de</strong> incêndio naturais, durante o <strong>de</strong>créscimo <strong>de</strong> temperatura, osvalores especificados na tabela 2.6.2 para a relação tensão-<strong>de</strong>formação do <strong>aço</strong> po<strong>de</strong>mser utilizados.


38Segundo o EN 1992-1-2:2004 e EN 1994-1-2:2005, para o <strong>aço</strong> das armaduras, asmesmas consi<strong>de</strong>rações anteriores po<strong>de</strong>m ser adotadas caso o <strong>aço</strong> seja laminado. No casodos <strong>aço</strong>s trabalhados a frio po<strong>de</strong>-se utilizar o mesmo mo<strong>de</strong>lo apresentado na figura 2.6.1adotando-se os fatores <strong>de</strong> redução apresentados na tabela 2.6.3.Tabela 2.6.3 Fatores <strong>de</strong> redução da relação tensão-<strong>de</strong>formação dos <strong>aço</strong>s trabalhados afrio.θ sFator <strong>de</strong> redução paraa resistência aoescoamentoFator <strong>de</strong> redução parao limite <strong>de</strong>proporcionalida<strong>de</strong>Fator <strong>de</strong> redução paraa inclinação do trechoelástico linear(°C) k y,θ = f y,θ /f y k p,θ = f p,θ /f y k E,θ = E s,θ /E s20 1,00 1,00 1,00100 1,00 0,96 1,00200 1,00 0,92 0,87300 1,00 0,81 0,72400 0,94 0,63 0,56500 0,67 0,44 0,40600 0,40 0,26 0,24700 0,12 0,08 0,08800 0,11 0,06 0,06900 0,08 0,05 0,051000 0,05 0,03 0,031100 0,03 0,02 0,021200 0,00 0,00 0,00Nota: para valores intermediários <strong>de</strong> temperatura, po<strong>de</strong>-se usar interpolação linear.A massa específica do <strong>aço</strong>, ρa, po<strong>de</strong> ser consi<strong>de</strong>rada in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>nte da temperaturae igual a 7850 kg/m 3 .O alongamento do <strong>aço</strong>, figura 2.6.3, é dado por−5−82−4a / l a = 1,2 × 10 θa+ 0,4×10 θa− 2,416×10∆l , para 20° C ≤ θa ≤ 750°C ,−2a / l a = 1,1 × 10∆l , para 750° C < θa ≤ 860°C e−5−3a / l a = 2×10 θa− 6,2×10∆l , para 860° C < θa ≤1200°C , (2.6.2)on<strong>de</strong> l a é o comprimento da peça <strong>de</strong> <strong>aço</strong> a 20°C,∆ laé a expansão térmica da peça <strong>de</strong><strong>aço</strong> provocada pela temperatura e θaé a temperatura do <strong>aço</strong>, em graus Celsius.


39Alongamento do Aço .0,0200,0180,0160,0140,0120,0100,0080,0060,0040,0020,0000 200 400 600 800 1000 1200Temperatura (°C)Figura 2.6.3 Alongamento do <strong>aço</strong> em função da temperatura (EN 1993-1-2:2005).O calor específico do <strong>aço</strong>, figura 2.6.4, em J/kg°C, po<strong>de</strong> ser consi<strong>de</strong>rado,cc−1−32−6a = 425 + 7,73×10 θa−1,69× 10 θa+ 2,22×10a= 666 + 13002 /(738 − θ ) , para 600° C ≤ θa < 735°C ,aθ3a, para 20° C ≤ θa < 600°C ,ca= 545 + 17820 /( θ − 731) , para 735° C ≤ θa < 900°C e (2.6.3)ac a= 650 , para 900° C ≤ θa ≤1200°C .Calor Específico do Aço (J/kg°C) .50004500400035003000250020001500100050000 200 400 600 800 1000 1200Temperatura (°C)Figura 2.6.4 Calor específico do <strong>aço</strong> em função da temperatura (EN 1993-1-2:2005).A condutivida<strong>de</strong> térmica do <strong>aço</strong>, figura 2.6.5, em W/m°C, po<strong>de</strong> ser consi<strong>de</strong>rada,


40−2λa = 54 − 3,33 × 10 θa, para 20° C ≤ θa < 800°C ,λ = 27,3,para 800 C 1200 Ca° ≤ θa ≤ ° . (2.6.4)Condutivida<strong>de</strong> Térmica do Aço (W/m°C).60504030201000 200 400 600 800 1000 1200Temperatura (°C)Figura 2.6.5 Condutivida<strong>de</strong> térmica do <strong>aço</strong> (EN 1993-1-2:2005).Em temperatura elevada, a fluência está associada à temperatura e à taxa <strong>de</strong>aquecimento. As taxas <strong>de</strong> aquecimento po<strong>de</strong>m variar infinitamente, porém em situaçõesreais <strong>de</strong> incêndio os limites <strong>de</strong> variação são bem <strong>de</strong>finidos (Najjar, 1994). Devido àscaracterísticas da obtenção experimental das relações tensão-<strong>de</strong>formação do <strong>aço</strong> àtemperatura elevada, on<strong>de</strong> as taxas <strong>de</strong> aquecimento são <strong>de</strong>finidas com base emincêndios reais, as relações tensão-<strong>de</strong>formação apresentadas consi<strong>de</strong>ram implicitamenteo efeito da fluência. Portanto, segundo as prescrições do EN 1993-1-2:2005, nenhumaconsi<strong>de</strong>ração explicita da fluência é necessária.2.6.2 Proprieda<strong>de</strong>s Termomecânicas do Concreto Segundo o Euroco<strong>de</strong>A tabela 2.6.4 fornece os fatores <strong>de</strong> redução à temperatura elevada, relativos aosvalores a 20°C, para a resistência característica à compressão dos <strong>concreto</strong>s,fc,θkc,θ = (2.6.5)fc


41on<strong>de</strong>,f c, θ é a resistência característica à compressão do <strong>concreto</strong> a uma temperatura θce f c é a resistência à compressão do <strong>concreto</strong> a 20°C. Na tabela 2.6.4, os parâmetrosapresentados são para <strong>concreto</strong>s silicosos ou calcários (no mínimo 80% em peso <strong>de</strong>agregado calcário).Tabela 2.6.4 Valores dos principais parâmetros da relação tensão-<strong>de</strong>formação dos<strong>concreto</strong> com agregados silicosos ou calcários à temperatura elevada(EN 1992-1-2:2004).θ cAgregados silicososAgregados calcários(°C) f c,θ /f c ε c1,θ ε cu1,θ f c,θ /f c ε c1,θ ε cu1,θ20 1,00 0,0025 0,0200 1,00 0,0025 0,0200100 1,00 0,0040 0,0225 1,00 0,0040 0,0023200 0,95 0,0055 0,0250 0,97 0,0055 0,0250300 0,85 0,0070 0,0275 0,91 0,0070 0,0275400 0,75 0,0100 0,0300 0,85 0,0100 0,0300500 0,60 0,0150 0,0325 0,74 0,0150 0,0325600 0,45 0,0250 0,0350 0,60 0,0250 0,0350700 0,30 0,0250 0,0375 0,43 0,0250 0,0375800 0,15 0,0250 0,0400 0,27 0,0250 0,0400900 0,08 0,0250 0,0425 0,15 0,0250 0,04251000 0,04 0,0250 0,0450 0,06 0,0250 0,04501100 0,01 0,0250 0,0475 0,02 0,0250 0,04751200 0,00 - - 0,00 - -Nota: para valores intermediários <strong>de</strong> temperatura, po<strong>de</strong>-se usar interpolação linear.A figura 2.6.6 e a tabela 2.6.4 apresentam a relação tensão-<strong>de</strong>formação aplicávelpara taxas <strong>de</strong> aquecimento entre 2 e 50°C/min, uma vez que os efeitos da fluência nãosão consi<strong>de</strong>rados explicitamente.


42σf c,θε c1,θε cu1,θεDeformaçãoε ≤ εc1,θε c 1, θ < ε ≤ εcu1,θεc1, θTensão3εf⎡ ⎛⎢2+ ⎜⎢⎣ ⎝c, θεεc1, θ3⎞ ⎤⎟ ⎥⎠ ⎥⎦Para propósitos numéricos, po<strong>de</strong>-seutilizar uma reta <strong>de</strong>scen<strong>de</strong>nte, conforme afigura. Mo<strong>de</strong>los lineares ou não-linearessão permitidos.Figura 2.6.6 Mo<strong>de</strong>lo matemático para representação da relação tensão-<strong>de</strong>formação do<strong>concreto</strong> à temperatura elevada (EN 1992-1-2:2004).Segundo o EN 1992-1-2:2004, durante o <strong>de</strong>créscimo <strong>de</strong> temperatura, osparâmetros dados na tabela 2.6.4 <strong>de</strong>vem ser modificados. Segundo o EN 1994-1-2:2005a resistência à compressão residual do <strong>concreto</strong> aquecido à uma temperatura máximaθc,maxe <strong>de</strong>pois resfriado até a temperatura ambiente <strong>de</strong> 20° C po<strong>de</strong> ser tomada igual affc,20° C= kc, θmaxfc, para 20 C ≤ θc , max< 100°Cc,20C° ,( 0,95 − 0,185( θ c,max−100)/ 200) f c°=, para 100° C ≤ θc , max< 300°C e(2.6.6)fc,20° C= 0,9kc, θ maxfc, parac ,max≥ 300°Cθ ,on<strong>de</strong> o fator <strong>de</strong> reduçãokc, θ maxé o fator <strong>de</strong> redução para a temperatura θc, max, obtido databela 2.6.4. O EN 1994-1-2:2005 também apresenta as consi<strong>de</strong>rações que <strong>de</strong>vem serfeitas quanto à <strong>de</strong>formaçõesε c 1,θ e ε 1,θcu mostradas na figura 2.6.6.


43A massa específica do <strong>concreto</strong> é influenciada pela perda <strong>de</strong> água com a elevaçãoda temperatura, po<strong>de</strong>ndo se consi<strong>de</strong>rarρ θ = ρ , para 20° C ≤ θc ≤115°C ,c,c,c( − 0,02( θ −115)/85)ρ θ = ρ, para 115° C < θc ≤ 200°C ,c,c 1 cc( ,98 − 0,03( θ − 200)/ 200)ρ θ = ρ, para 200° C < θc ≤ 400°C ec,c0 c( ,95 − 0,07( θ − 400)/800)ρ θ = ρ, para 400° C < θc ≤1200°C ,0 c(2.6.7)on<strong>de</strong> ρ c po<strong>de</strong> ser tomada igual a 2350kg/m³ para <strong>concreto</strong> armado e 2300 para <strong>concreto</strong>sem armaduras.O alongamento do <strong>concreto</strong> com agregados silicosos, figura 2.6.7,−6−113, θ / l c = 9×10 θc+ 2,3×10 θc−1,8×∆l c 10 , para 20° C ≤ θc < 700°C e−2c,θ / l c = 1,4 × 10∆l para 700° C ≤ θc ≤1200°C , (2.6.8)on<strong>de</strong> lcné o comprimento da peça <strong>de</strong> <strong>concreto</strong> <strong>de</strong> <strong>de</strong>nsida<strong>de</strong> normal a 20°C, ∆ l cn,θé aexpansão térmica da peça <strong>de</strong> <strong>concreto</strong> provocada pela temperatura e θcé a temperaturado <strong>concreto</strong>, em graus Celsius.Para agregados calcários, o alongamento, figura 2.6.7, é−6−113, θ / l c = 6×10 θc+ 1,4 × 10 θc−1,2×∆l c 10 , para 20° C ≤ θc ≤ 805°C , e−2c,θ / l c = 1,2 × 10∆l para 805° C ≤ θc ≤1200°C . (2.6.9)−4−4Alongamento do Concreto .0,0160,0140,0120,0100,0080,0060,0040,0020,000Agregado silicosoAgregado calcário0 200 400 600 800 1000 1200Temperatura (°C)Figura 2.6.7 Alongamento do <strong>concreto</strong> à base <strong>de</strong> agregados calcários ou silicoso emfunção da temperatura (EN 1992-1-2:2004).


44O calor específico do <strong>concreto</strong> seco, com agregados silicosos ou calcários, emJ/kg°C, é dado porc c , θ = 900 , para 20° C ≤ θc ≤100°C ,c c,c c,( θ −100)θ = 900 + , para 100° C < θc ≤ 200°C ,( θ − 200) / 2θ = 1000 + , para 200° C < θc ≤ 400°C ec c , =θ 1100 , para 400° C < θc ≤1200°C .(2.6.10)A migração da água no interior do <strong>concreto</strong>, ou <strong>de</strong> outros materiais higroscópicos,afeta o processo <strong>de</strong> transferência <strong>de</strong> calor. Para uma a<strong>de</strong>quada avaliação dastemperaturas nesse tipo <strong>de</strong> material, necessita-se <strong>de</strong> uma <strong>análise</strong> que consi<strong>de</strong>re osfenômenos <strong>de</strong> transferência <strong>de</strong> calor e massa. Devido à complexida<strong>de</strong> <strong>de</strong>sse tipo <strong>de</strong><strong>análise</strong>, adota-se um método aproximado que consiste na adição ao calor específico daenergia consumida para evaporação da água com temperatura acima <strong>de</strong> 100°C. Portanto,<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ndo da umida<strong>de</strong> do <strong>concreto</strong>, consi<strong>de</strong>ra-se um aumento brusco no valor do calorespecífico a partir <strong>de</strong> 100°C, atingindo um pico e voltando rapidamente ao valor <strong>de</strong>calor específico do material seco, figura 2.6.8. Dessa forma, on<strong>de</strong> a umida<strong>de</strong> não éconsi<strong>de</strong>rada explicitamente, o calor específico do <strong>concreto</strong> com agregados silicosos oucalcários po<strong>de</strong> ser mo<strong>de</strong>lado com um pico constante, situado entre 100°C e 115°C, dadoporc , picoc = 900 , para umida<strong>de</strong> <strong>de</strong> 0% do peso do <strong>concreto</strong>,c , picoc = 1470 , para umida<strong>de</strong> <strong>de</strong> 1,5% do peso do <strong>concreto</strong>,c , picoc = 2020, para umida<strong>de</strong> <strong>de</strong> 3,0% do peso do <strong>concreto</strong> e(2.6.11)c , picoc = 5600 , para umida<strong>de</strong> <strong>de</strong> 10% do peso do <strong>concreto</strong>,e por uma relação linear entre (115°C,c c, pico ) e (200°C, 1000J/kg°C), figura 2.6.8


45Calor específico do <strong>concreto</strong> (kJ/kg°C) .6000500040003000200010000Calor específicoUmida<strong>de</strong> 0%Umida<strong>de</strong> 1,5%Umida<strong>de</strong> 3,0%Umida<strong>de</strong> 10%0 200 400 600 800 1000 1200Temperatura (°C)Figura 2.6.8 Calor específico em função da temperatura, para três conteúdos <strong>de</strong> umida<strong>de</strong>diferentes (EN 1992-1-2:2004).O EN 1992-1-2:2004 utiliza uma umida<strong>de</strong> <strong>de</strong> 1,5% para obtenção dasdistribuições <strong>de</strong> temperatura apresentadas no seu anexo. Segundo o EN 1994-1-2:2005caso não haja uma medição da umida<strong>de</strong>, esta não po<strong>de</strong> ser consi<strong>de</strong>rada superior a 4% dopeso do <strong>concreto</strong>. A situação <strong>de</strong> 10% <strong>de</strong> umida<strong>de</strong> po<strong>de</strong> ocorrer em seções tubularespreenchidas com <strong>concreto</strong> (EN 1994-1-2:2005).De acordo com o EN 1992-1-2:2004, a condutivida<strong>de</strong> térmica, em W/m°C, para20° C ≤ θc < 1200°C , po<strong>de</strong> ser <strong>de</strong>finida entre os limites estabelecidos pelas expressões(figura 2.6.9)( θ /100) + 0,0107( / ) 2λ ec = 2 − 0,2451 cθc100( θ /100) + 0,0057( / ) 2λ ,c = 1,36− 0,136 cθc100(2.6.12)que <strong>de</strong>finem, respectivamente, um limite superior e inferior para a condutivida<strong>de</strong>térmica. O EN 1992-1-2:2004 utiliza o limite inferior para obtenção das distribuições <strong>de</strong>temperatura apresentadas no seu anexo <strong>de</strong>ixando a <strong>de</strong>finição entre os limites superior einferior para os Anexos Nacionais. Segundo o EN 1994-1-2:2005, o limite superior foiobtido a partir <strong>de</strong> ensaios em <strong>estruturas</strong> <strong>mistas</strong> <strong>de</strong> <strong>aço</strong> e <strong>concreto</strong>, sendo, portanto,recomendado para essas <strong>estruturas</strong>.


46Condutivida<strong>de</strong> térmica (W/m°C) .2,52,01,51,00,50,0Limite superiorLimite inferior0 200 400 600 800 1000 1200Temperatura (°C)Figura 2.6.9 Limite superior e inferior da condutivida<strong>de</strong> térmica do <strong>concreto</strong>(EN 1992-1-2:2004).2.6.3 Proprieda<strong>de</strong>s Termomecânicas do Concreto <strong>de</strong> Baixa Densida<strong>de</strong> Segundo oEuroco<strong>de</strong>Para <strong>concreto</strong>s <strong>de</strong> baixa <strong>de</strong>nsida<strong>de</strong>, a relação tensão-<strong>de</strong>formação apresentada nafigura 2.6.6 po<strong>de</strong> ser utilizada com os parâmetros da tabela 2.6.5, segundo o EN 1992-1-2:2004. Para a <strong>de</strong>formação ε 1,θ , a tabela 2.6.4 é adotada.A massa específica,1-2:2005). O alongamento <strong>de</strong>ve ser <strong>de</strong>terminado por−6cuρcb, <strong>de</strong>ve situar-se entre 1600 kg/m 3 e 2000 kg/m 3 (EN 1994-( θ − 20)∆ l cb,θ / l cb = 8×10 c . (2.6.13)O calor específico po<strong>de</strong> ser consi<strong>de</strong>rado in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>nte da temperatura,c cb= 840J / kg°C .A condutivida<strong>de</strong> térmica, é dada porcb( θ /1600)λ =, para 20° C ≤ θc ≤ 800°C e1−cλ cb = 0,5 , para θ c > 800 ° C .(2.6.14)


47Tabela 2.6.5 Valores dos principais parâmetros da relação tensão-<strong>de</strong>formação do<strong>concreto</strong> <strong>de</strong> baixa <strong>de</strong>nsida<strong>de</strong> (EN 1994-1-2:2005).θ c(°C)20f c,θ /f c1,00100 1,00200 1,00300 1,00400 0,88500 0,76600 0,64700 0,52800 0,40900 0,281000 0,161100 0,041200 0,00As <strong>de</strong>mais proprieda<strong>de</strong>s, como o calor específico, po<strong>de</strong>m ser tomadas iguais às do<strong>concreto</strong> <strong>de</strong> <strong>de</strong>nsida<strong>de</strong> normal.2.6.4 Resistência à Tração do ConcretoConservadoramente, a resistência à tração <strong>de</strong>ve ser ignorada. Porém, em cálculossimplificados ou avançados, o fator <strong>de</strong> redução da resistência à tração (EN 1992-1-2:2004)on<strong>de</strong>,ft,θk t, θ = (2.6.15)ftf t, θ é a resistência à tração do <strong>concreto</strong> a uma temperatura θce f t é a resistênciaà tração do <strong>concreto</strong> a 20°C, po<strong>de</strong> ser tomado igual aθ 1,0 , para 20° C ≤ θc ≤100°C ek t , =k t,( θ −100) / 500θ = 1,0 −1,0, para 100° C < θc ≤ 600°C .(2.6.16)Po<strong>de</strong>-se notar que os fatores <strong>de</strong> redução da resistência à tração sãoaproximadamente os fatores <strong>de</strong> redução da resistência a compressão elevados ao cubo.Esta aproximação é proposta e utilizada neste trabalho possibilitando a utilização comdiferentes relações tensão-<strong>de</strong>formação a compressão. A figura 2.6.10 apresenta osfatores <strong>de</strong> redução segundo o EN 1992-1-2:2004 e a aproximação proposta utilizando os


48fatores <strong>de</strong> redução a compressão dados na tabela 2.6.4 para <strong>concreto</strong>s com agregadossilicosos.Fator <strong>de</strong> redução .1,00,80,60,4EN 1992-1-2:2004Proposta0,20,00 200 400 600 800Temperatura (°C)Figura 2.6.10 Fatores <strong>de</strong> redução da resistência a tração do <strong>concreto</strong> segundo o EN1992-1-2:2004 e a aproximação proposta.A relação tensão-<strong>de</strong>formação do <strong>concreto</strong> tracionado é consi<strong>de</strong>rada conformeHuang et al. (2003a), figura 2.6.11. Na figura,ε cu = 15εcron<strong>de</strong> crε é dado pela divisãoda tensão <strong>de</strong> fissuraçãof = 0,3321 f (ASCE, 1982) pela rigi<strong>de</strong>z inicial da relaçãotctensão-<strong>de</strong>formação <strong>de</strong> compressão adotada.Tensão <strong>de</strong> traçãof tfissuraçãof t = 0,3321(f c) 1/20,33f t0εcr 0,22εcu εcuDeformação <strong>de</strong> traçãoFigura 2.6.11 Relação tensão <strong>de</strong>formação do <strong>concreto</strong> a tração(Huang et al., 2003).


492.6.5 Mo<strong>de</strong>lo <strong>de</strong> Han para a Relação Tensão-Deformação do Concreto em SeçõesTubulares <strong>de</strong> AçoHan (2000, 2001) e Han et al. (2003) apresentam um mo<strong>de</strong>lo para a relaçãotensão-<strong>de</strong>formação do <strong>concreto</strong> à temperatura elevada, que consi<strong>de</strong>ra a interação entre<strong>aço</strong> e <strong>concreto</strong> em pilares tubulares retangulares ou circulares preenchidos com<strong>concreto</strong>. Esse mo<strong>de</strong>lo é referenciado neste trabalho como mo<strong>de</strong>lo <strong>de</strong> Han. A relaçãotensão-<strong>de</strong>formação tem por base resultados experimentais <strong>de</strong> pilares curtos. A interaçãoentre o tubo <strong>de</strong> <strong>aço</strong> e o núcleo <strong>de</strong> <strong>concreto</strong> é consi<strong>de</strong>rada a partir <strong>de</strong> um fator <strong>de</strong>confinamento,on<strong>de</strong>Asfy, θξ = , (2.6.17)A fccA s é a área da seção transversal do tubo eA c é a seção transversal <strong>de</strong> <strong>concreto</strong>,f y,θ é a resistência ao escoamento do <strong>aço</strong> à temperatura θ e f c é a resistência àcompressão do <strong>concreto</strong> à temperatura ambiente.dada porPara seções tubulares circulares, a relação tensão-<strong>de</strong>formação, figura 2.6.12a, éo2( 2x− x )0,1ξ( 1+q( x −1) ( ξ ≥ 1,12)σ = σ( x ≤ 1)⎧σo⎪σ = ⎨ ⎛⎪σ⎜o⎩ ⎝ βon<strong>de</strong>εx = ;εx( x −1)o2⎞⎟+ x⎠0,745ξq = ; 2 + ξ( ξ < 1,12)A f( x > 1)7( )s y, θ−42−50,25+( ξ−0,5)ξ = ; = 3,51×10 fc( 2,36 × 10 )Acfcβ ;⎛0.45⎞⎜2 ⎛ 24 ⎞9.55σ ( ) ( − θ ) ⎟o = f c, θ 1 + − 0.054ξ+ 0,4ξ⎜⎜⎟ 1 / 1000 ;⎟⎝⎝ fc⎠⎠fc, θf= ;c3,21 −9( 1+1,986( θ − 20)10 )⎛⎛ f⎝ 24⎞⎞⎠⎠−42 −6( 1,03 + 3,6θ10+ 4,22θ)c 0,2ε o = εcc,θ + ⎜1400+ 800⎜−1⎟⎟ξ10 ( )⎝µε ;


50εcc,−42 −6θ = ( 1 ,03 + 3,6θ10+ 4,22θ10 )( 1300 + 12,5fc ) ( )µε . (2.6.18)Para seções tubulares quadradas ou retangulares, figura 2.6.12b,o2( 2x− x )σ = σ( x ≤ 1)⎧σo⎪σ = ⎨ ⎛⎪σ⎜o⎩ ⎝ β0,1ξ( 1+q( x −1) ( ξ ≥ 1,12)x( x −1)η⎞⎟+ x⎠( ξ < 1,12)( x > 1)on<strong>de</strong>εx = ;εo0,745ξq = ; 2 + ξAsfy,θξ = ;A fcc1,5η = 1 ,6 + ;x⎧ f⎪⎪1,35β = ⎨⎪⎪⎩1,350,1c1+ ξf0,1c1+ ξ( ξ − 2)2( ξ ≤ 3,0)( ξ ≤ 3,0)⎛0,45⎞⎜2 ⎛ 24 ⎞9,55σ ( ) ( − θ ) ⎟o = f c, θ 1+− 0,0135ξ+ 0,1ξ⎜⎜⎟ 1 / 1000 ;⎟⎝⎝ fc⎠⎠fc, θf= ;c3,21 −9( 1+1,986( θ − 20)10 )⎛⎛ f⎝ 24⎞⎞⎠⎠−42 −6( 1,03 + 3.6θ10+ 4,22θ)c 0,2ε o = εcc,θ + ⎜1330+ 760⎜−1⎟⎟ξ10 ( )εcc,⎝−42 −6θ = ( 1 ,03 + 3,6T10 + 4,22θ10 )( 1300 + 12,5fc ) ( )µε ;µε , (2.6.19)As unida<strong>de</strong>s para tensão e temperatura são MPa e °C, respectivamente. A <strong>de</strong>formação édada emµ = 10 −6 .Na figura 2.6.12 tem-se as relações típicas para um <strong>concreto</strong> <strong>de</strong> 40MPa e fator <strong>de</strong>confinamento igual a 0,39.


51Tensão (σ/f c)1,00,80,6200°C20°C400°CTensão (σ/f c)1,00,80,620°C200°C400°C0,4600°C0,4600°C0,2800°C1000°C0,2800°C1000°C0 1,0 2,0 3,0 4,0 5,0Deformação (%)0 1,0 2,0 3,0 4,0 5,0Deformação (%)(a) Seção circular(b) Seção retangularFigure 2.6.12. Relações tensão-<strong>de</strong>formação segundo o mo<strong>de</strong>lo <strong>de</strong> Han.2.6.6 Proprieda<strong>de</strong>s Termomecânicas do Concreto <strong>de</strong> Alta ResistênciaSegundo o Euroco<strong>de</strong>Os fatores <strong>de</strong> redução da resistência <strong>de</strong> <strong>concreto</strong>s <strong>de</strong> alta resistência, CAR,expostos ao incêndio-padrão são dados em três classes conforme a tabela 2.6.6, on<strong>de</strong>tem-se a Classe 1, <strong>de</strong>finida para <strong>concreto</strong>s com resistência a compressão entre 50 e 70MPa, Classe 2, para <strong>concreto</strong>s <strong>de</strong> 70 a 90 MPa e Classe 3 para <strong>concreto</strong> com resistênciaacima <strong>de</strong> 90 MPa.Tabela 2.6.6 Fatores <strong>de</strong> redução da resistência <strong>de</strong> <strong>concreto</strong>s <strong>de</strong> alta resistência.θ c(°C) Classe 1f c,θ /f cClasse 2 Classe 320 1,00 1,00 1,0050 1,00 1,00 1,00100 0,90 0,75 0,75200 -- -- 0,70250 0,90 -- --300 0,85 -- 0,65400 0,75 0,75 0,45500 -- -- 0,30600 -- -- 0,25700 -- -- --800 0,15 0,15 0,15900 0,08 -- 0,081000 0,04 -- 0,041100 0,01 -- 0,011200 0,00 0,00 0,00


52As proprieda<strong>de</strong>s térmicas <strong>de</strong> <strong>concreto</strong>s normais po<strong>de</strong>m ser aplicadas aos <strong>concreto</strong>s<strong>de</strong> alta resistência, lembrando que, estes po<strong>de</strong>m ter uma maior condutivida<strong>de</strong> do que<strong>concreto</strong>s <strong>de</strong> resistência normal. Nesse caso, o limite superior <strong>de</strong> condutivida<strong>de</strong> térmica,<strong>de</strong>finido pelo EN 1992-1-2:2004, é mais apropriado.2.6.7 Mo<strong>de</strong>lo <strong>de</strong> Schaumann para a Relação Tensão-Deformação <strong>de</strong>Concretos <strong>de</strong> Alta ResistênciaUma investigação <strong>numérica</strong> sobre o comportamento <strong>de</strong> pilares tubulares <strong>de</strong> <strong>aço</strong>preenchidos com CAR foi realizada por Schaumann e Kodur (2006) utilizando oprograma BOFIRE. As proprieda<strong>de</strong>s do CAR dadas pelas normas americana e européiaforam utilizadas no cálculo dos tempos <strong>de</strong> exposição ao incêndio. Pilares preenchidoscom CAR simples, com fibras ou armaduras <strong>de</strong> <strong>aço</strong> foram analisados numericamente ecomparados com resultados experimentais. A relação tensão-<strong>de</strong>formação do CAR comfibras <strong>de</strong> <strong>aço</strong> apresentadas por Kodur e Sultan (2003), figura 2.6.13, tambémapresentadas por Schaumann e Kodur (2006) e utilizadas também para pilares comarmaduras <strong>de</strong> <strong>aço</strong> são chamadas neste trabalho <strong>de</strong> mo<strong>de</strong>lo <strong>de</strong> Schaumann, sendorepresentado pelas expressões⎛η⎞⎜ ⎛ ε ⎞ ⎟⎜⎜o − εσ = f c,θ 1−⎟ se ε ≤ ε⎟o e⎝ ⎝ εo⎠ ⎠⎛2( )( ) ⎟ ⎟ ⎞⎜ ⎛ 30 ε ⎞⎜⎜o − εσ = f c, θ 1−⎟ se ε > εo,⎝ ⎝ 130 − fcεo⎠ ⎠on<strong>de</strong>fc,1,5= 1 ,6 +x2 −6η ; = 0,0018 + ( 6,7f + 6θ + 0,03θ) ×ε eo c10( 1,0625 − 0,003125( θ − 20))θ = fc, para θ < 100 ,f = 0,75c,θ fc, para 100 θ < 400( 1,33 − 0, θ)≤ efc , θ = fc00145 , para θ ≥ 400 , sendo 0 ≤ f c , θ ≤ fc. (2.6.20)As unida<strong>de</strong>s para tensão e temperatura são MPa e °C, respectivamente.


53Tensão (σ/f c)1,00,80,620°C200°C400°C0,4600°C0,2800°C0 1,0 2,0 3,0 4,0 5,0Deformação (%)Figura 2.6.13 Relação tensão-<strong>de</strong>formação típica segundo o mo<strong>de</strong>lo <strong>de</strong> Schaumann paraperfis tubulares <strong>de</strong> <strong>aço</strong> preenchidos com <strong>concreto</strong> <strong>de</strong> alta resistência.2.6.8 Spalling do ConcretoO termo spalling envolve diferentes fenômenos prejudiciais que po<strong>de</strong>m ocorrerquando as <strong>estruturas</strong> <strong>de</strong> <strong>concreto</strong> são expostas ao incêndio. Esses fenômenos sãocausados por diferentes mecanismos: pressão nos poros <strong>de</strong>vido à umida<strong>de</strong>, gradientetérmico, fissuração térmica interna, fissuração em torno das barras <strong>de</strong> <strong>aço</strong> e diminuiçãoda resistência do <strong>concreto</strong> <strong>de</strong>vido à fissuração e reações químicas.O fenômeno do spalling do <strong>concreto</strong> ainda não é bem conhecido e as medidastomadas para evitá-lo, como a utilização <strong>de</strong> materiais <strong>de</strong> proteção térmica e a adição <strong>de</strong>fibras <strong>de</strong> polipropileno à massa <strong>de</strong> <strong>concreto</strong>, são empíricas (Breunese e Fellinger, 2004).Fibras <strong>de</strong> polipropileno aliviam a pressão <strong>de</strong>vido ao vapor <strong>de</strong> água e materiais <strong>de</strong>proteção térmica reduzem os gradientes térmicos retardando a elevação da temperatura.Todavia, quando não se tem conhecimento <strong>de</strong> qual mecanismo causa o spalling emalgum caso específico, fica difícil escolher uma solução a<strong>de</strong>quada. Uma combinaçãoentre fibras <strong>de</strong> polipropileno e materiais <strong>de</strong> proteção térmica po<strong>de</strong> evitar todos osfenômenos do spalling, porém, essa solução é antieconômica. As fibras <strong>de</strong> polipropileno<strong>de</strong>rretem a aproximadamente 160°C criando pequenos canais no <strong>concreto</strong>. Esses canaispo<strong>de</strong>m ser internos, funcionando como um esp<strong>aço</strong> para alívio da pressão do vapor, outer um acesso ao exterior, permitindo a saída do vapor.


54Durante o aquecimento, tensões se <strong>de</strong>senvolvem no interior da seção <strong>de</strong> <strong>concreto</strong>.Gradientes térmicos e pressão nos poros <strong>de</strong>vido à umida<strong>de</strong> levam a tensões mecânicasque po<strong>de</strong>m causar tanto a fissuração quanto o spalling do <strong>concreto</strong>. Os mecanismosenvolvidos no spalling são conhecidos, e para <strong>de</strong>screve-los, apresenta-se um exemplo.Quando uma pare<strong>de</strong> <strong>de</strong> <strong>concreto</strong> é aquecida <strong>de</strong> um lado, a distribuição <strong>de</strong> temperatura se<strong>de</strong>senvolve conforme a figura 2.6.14. Para elevadas temperaturas, a fissuração interna ea <strong>de</strong>sidratação levam a uma perda <strong>de</strong> resistência do <strong>concreto</strong>. A fissuração po<strong>de</strong> tervárias origens, como por exemplo, a diferença entre os coeficientes <strong>de</strong> dilatação dapasta <strong>de</strong> cimento e dos agregados. Devido ao gradiente térmico, a faixa da pare<strong>de</strong>próxima à superfície exposta ao incêndio fica submetida a uma tensão <strong>de</strong> compressãoparalela a esta superfície, propiciando o aparecimento <strong>de</strong> fissuras perpendiculares.Depen<strong>de</strong>ndo da restrição, as faixas da pare<strong>de</strong> mais distantes da superfície exposta aoincêndio po<strong>de</strong>m estar comprimidas ou tracionadas. As tensões <strong>de</strong> compressão po<strong>de</strong>mcrescer durante o aquecimento <strong>de</strong>vido a restrições, armaduras, protensão, carregamentoexterno ou <strong>de</strong>vido à alta taxa <strong>de</strong> aquecimento. Observa-se a partir do trabalho <strong>de</strong>Boström et al. (2004) que maiores tensões <strong>de</strong> compressão propiciam o spalling. Perto daface exposta ao incêndio, parte da umida<strong>de</strong> evapora e parte migra para o interior dapare<strong>de</strong> gerando um pico <strong>de</strong> pressão <strong>de</strong>vido à umida<strong>de</strong>.TemperaturaResistência do<strong>concreto</strong>-++ +-Tensões térmicas:- compressão; + traçãoPressão <strong>de</strong>vido aumida<strong>de</strong>Spalling efissuraçãoFigura 2.6.14 Fenômenos associados ao spalling (Breunese e Fellinger, 2004).


55No trabalho <strong>de</strong> Breunese e Fellinger (2004), on<strong>de</strong> se tem uma síntese daspesquisas e conclusões <strong>de</strong> trabalhos realizados no TNO Centre for Fire Research,encontram-se referências a três tipos <strong>de</strong> spalling: violent spalling, progressive gradualspalling (falling off) e explosive spalling.O termo violent spalling é atribuído ao fenômeno on<strong>de</strong> pequenas partes ou faixasdo <strong>concreto</strong> são separadas da seção com certa velocida<strong>de</strong> e ruído, liberando energia.Esse tipo <strong>de</strong> spalling é causado por gradientes térmicos e pressão nos poros <strong>de</strong>vido àumida<strong>de</strong>, com a fissuração também influenciando o processo. A pressão nos poros<strong>de</strong>pen<strong>de</strong> da taxa <strong>de</strong> aquecimento, taxa <strong>de</strong> umida<strong>de</strong>, permeabilida<strong>de</strong> e porosida<strong>de</strong>.O progressive gradual spalling (falling off) é causado pela perda <strong>de</strong> resistência<strong>de</strong>vido à fissuração interna e <strong>de</strong>terioração química do <strong>concreto</strong>. Esse tipo <strong>de</strong> spallingestá associado principalmente às altas temperaturas atingidas pelo <strong>concreto</strong> e não à taxa<strong>de</strong> aquecimento. Se o <strong>concreto</strong> é aquecido a altas temperaturas, a resistência se torna tãopequena que partes se soltam <strong>de</strong>vido à ação da gravida<strong>de</strong>. Esse tipo <strong>de</strong> spalling éprovável <strong>de</strong> ocorrer em lajes aquecidas em sua face inferior (figura 2.6.16).Explosive spalling é o resultado <strong>de</strong> uma combinação <strong>de</strong> pressão nos poros egradientes térmicos na seção. Este se difere do violent spalling por apresentar umaregião com alta pressão nos poros <strong>de</strong>vido à umida<strong>de</strong> que migra para o interior da seção.Esse tipo <strong>de</strong> spalling é provável <strong>de</strong> ocorrer em seções com aquecimento a partir <strong>de</strong> mais<strong>de</strong> um lado, como por exemplo, vigas e pilares. A pressão é tão gran<strong>de</strong> que po<strong>de</strong> causara explosão <strong>de</strong> gran<strong>de</strong>s partes da seção. Esse fenômeno po<strong>de</strong> ocorrer após um tempoconsi<strong>de</strong>rável <strong>de</strong> exposição ao incêndio se a superfície do <strong>concreto</strong> está revestida commateriais <strong>de</strong> proteção térmica ou se a taxa <strong>de</strong> aquecimento for baixa (Wong, 2004).No EN 1992-1-2:2004 são apresentadas prescrições relativas ao spalling que édividido em explosive spalling e falling off do <strong>concreto</strong>. O explosive spalling englobatanto o próprio explosive spalling quanto o violent spalling abordados acima.Quanto ao explosive spalling, o Euroco<strong>de</strong> prescreve: o spalling <strong>de</strong>ve ser evitado apartir <strong>de</strong> dispositivos apropriados como materiais <strong>de</strong> proteção térmica ou a utilização <strong>de</strong>fibras <strong>de</strong> polipropileno, caso contrário, sua influência na integrida<strong>de</strong>, isolamento eresistência <strong>de</strong>ve ser verificada; o explosive spalling é menos provável <strong>de</strong> ocorrer em<strong>estruturas</strong> com umida<strong>de</strong> menor do que 3% em peso; uma umida<strong>de</strong> menor do que 3%po<strong>de</strong> ser admitida para <strong>estruturas</strong> no interior <strong>de</strong> edifícios ou submetidas a baixas


56umida<strong>de</strong>s relativas do ar; quando se usa o método tabular nenhuma verificação adicionalquanto ao spalling é necessária a não ser que a distância da face ao eixo da armaduraseja superior a 70mm, neste caso, uma armadura superficial é prescrita conforme serácomentado a seguir; para vigas, lajes e elementos tracionados com umida<strong>de</strong> acima <strong>de</strong>3%, a influência do spalling na resistência po<strong>de</strong> ser consi<strong>de</strong>rada assumindo-se umaperda local do cobrimento <strong>de</strong> uma barra ou <strong>de</strong> um feixe <strong>de</strong> barras e então, verificando acapacida<strong>de</strong> da seção reduzida; po<strong>de</strong>-se assumir que uma redistribuição <strong>de</strong> tensões semperda da estabilida<strong>de</strong> ocorre quando se tem um número <strong>de</strong> barras suficiente como emlajes maciças com barras igualmente espaçadas e vigas com largura maior do que400mm contendo mais do que 8 barras na região tracionada.Quanto ao falling off do <strong>concreto</strong>, o EN 1992-1-2:2004 prescreve: o falling off do<strong>concreto</strong> nos últimos estágios <strong>de</strong> exposição ao incêndio <strong>de</strong>ve ser evitado ou avaliadosegundo a integrida<strong>de</strong>, isolamento e/ou resistência; on<strong>de</strong> a distância da face do elementoao eixo das armaduras for superior a 70mm, uma malha <strong>de</strong> armaduras superficial <strong>de</strong>veser prevista (essa prescrição também <strong>de</strong>ve ser observada quanto ao explosive spalling).A malha <strong>de</strong>ve ter espaçamento inferior a 100mm e barras com diâmetro superior a4mm.A partir das prescrições do EN 1992-1-2:2004, apresentadas acima, nota-se que oo efeito do spalling em <strong>estruturas</strong> típicas <strong>de</strong> <strong>concreto</strong> po<strong>de</strong> ser <strong>de</strong>sconsi<strong>de</strong>rado.Devido à baixa porosida<strong>de</strong>, <strong>concreto</strong>s <strong>de</strong> alta resistência são mais susceptíveis aospalling do que <strong>concreto</strong>s <strong>de</strong> resistência normal. A figura 2.6.15 apresenta o spalling emdois pilares, um <strong>de</strong> <strong>concreto</strong> normal e outro <strong>de</strong> <strong>concreto</strong> <strong>de</strong> alta resistência.Segundo o EN 1992-1-2:2004, para <strong>concreto</strong>s <strong>de</strong> alta resistência contendo menos<strong>de</strong> 6% <strong>de</strong> silica fume em peso, <strong>de</strong>ve-se seguir as mesmas regras aplicadas a <strong>concreto</strong> <strong>de</strong>resistência normal, apresentadas anteriormente. Para maiores conteúdos <strong>de</strong> silica fume,o spalling po<strong>de</strong> correr quando o <strong>concreto</strong> é exposto diretamente ao incêndio e pelomenos um dos seguintes métodos <strong>de</strong>ve ser seguido:- método A: uma malha <strong>de</strong> reforço com cobrimento <strong>de</strong> 15mm, formada por barras <strong>de</strong>diâmetro menor do que 2mm e espaçamentos menores do que 50mm. O cobrimento dasarmaduras principais <strong>de</strong>ve ser maior do que 40mm;- método B: um tipo <strong>de</strong> <strong>concreto</strong> para o qual tem sido <strong>de</strong>monstrado (por experiêncialocal ou ensaio) que não ocorre spalling;


57- método C: materiais <strong>de</strong> proteção para os quais têm sido <strong>de</strong>monstrado que não ocorrespalling;- método D: incluindo no <strong>concreto</strong> mais do que 2kg/m³ <strong>de</strong> fibras <strong>de</strong> polipropileno.Observa-se que o spalling traz como conseqüência uma diminuição da seçãoresistente e em geral uma exposição das armaduras ao incêndio, diminuição doisolamento e possível perda <strong>de</strong> estabilida<strong>de</strong>, figuras 2.6.15 e 2.6.16.(a)(b)Figura 2.6.15 Spalling após a exposição ao incêndio <strong>de</strong> um pilar com <strong>concreto</strong> normal(a) e um pilar com <strong>concreto</strong> <strong>de</strong> alta resistência (b) (Kodur e Harmathy, 2002).Figura 2.6.16 Efeito do incêndio em uma estrutura <strong>de</strong> <strong>concreto</strong> (Cánovas, 1988): pilarrompido por compressão <strong>de</strong>vido à diminuição da resistência; <strong>concreto</strong> <strong>de</strong>sagregado earmadura exposta na face inferior da laje.


582.6.9 Métodos e Materiais <strong>de</strong> Proteção contra IncêndioO objetivo dos vários métodos <strong>de</strong> proteção é retardar o calor transferido para oelemento estrutural, conseguindo-se um tempo maior <strong>de</strong> exposição ao incêndio. Esseobjetivo é alcançado utilizando-se isolantes, membranas, proteção (anteparo) contra aschamas e materiais que absorvem o calor (heat sinks). Com relação ao spalling do<strong>concreto</strong>, observa-se que outro método <strong>de</strong> proteção é a adição <strong>de</strong> fibras <strong>de</strong> polipropilenoao <strong>concreto</strong>. A ação protetora está relacionada ao alívio da pressão do vapor <strong>de</strong> água<strong>de</strong>vido ao <strong>de</strong>rretimento das fibras criando pequenos esp<strong>aço</strong>s no <strong>concreto</strong>.Métodos isolantes incluem o uso <strong>de</strong> placas (a base <strong>de</strong> minerais, gesso evermiculita), materiais pulverizados (spray a base <strong>de</strong> cimentos, intumescentes e fibrasminerais), mantas minerais ou <strong>de</strong> vidro, revestimento com <strong>concreto</strong> ou argamassas etintas intumescentes.Inicialmente a proteção era feita com alvenaria ou <strong>concreto</strong>, figura 2.6.17. Nafigura 2.6.18 o <strong>concreto</strong> que reveste a seção <strong>de</strong> <strong>aço</strong> completa ou parcialmente po<strong>de</strong> terfunção estrutural formando um pilar misto. Atualmente, os materiais mais empregadossão as tintas intumescentes, argamassas e fibras.Os materiais <strong>de</strong> proteção térmica po<strong>de</strong>m ser aplicados tanto a <strong>estruturas</strong> <strong>de</strong> <strong>aço</strong>como <strong>de</strong> <strong>concreto</strong>, é claro, <strong>de</strong>ntro dos limites <strong>de</strong> aplicação <strong>de</strong> cada material.(a)(b)Figura 2.6.17 Proteções com alvenaria (a) e <strong>concreto</strong> (b) (Ribeiro, 2004).


59yyxxFigura 2.6.18 Pilares mistos <strong>de</strong> <strong>aço</strong> revestidos com <strong>concreto</strong>.Um bom isolamento térmico está associado a um alto calor específico, baixacondutivida<strong>de</strong> térmica e alta massa específica, que <strong>de</strong>ve ser limitada, em geral a ummáximo <strong>de</strong> 700kg/m 3 , para não aumentar exageradamente o peso próprio da estrutura,não dificultando ou onerando as operações <strong>de</strong> transporte e instalação, tabela 2.6.7.Adicionalmente às proprieda<strong>de</strong>s térmicas citadas, reações químicas, como a calcinação,intumescência e sublimação, po<strong>de</strong>m ocorrer reduzindo a taxa <strong>de</strong> calor transferido.Tabela 2.6.7 Proprieda<strong>de</strong>s térmicas <strong>de</strong> alguns materiais <strong>de</strong> proteção isolantes.Condutivida<strong>de</strong>Massa específicaMaterialtérmicaCalor específico(kg/m³) (W/m°C) (J/kg°C)Spray <strong>de</strong> fibra mineral 250-350 0,10 1050Placa <strong>de</strong> vermiculita 300 0,15 1200Placa <strong>de</strong> gesso 800 0,15 1200Reboco <strong>de</strong> gesso 800 0,20 1700Manta <strong>de</strong> fibra mineral 500 0,25 1500Concreto com ar incorporado 1600 0,30 1200Concreto <strong>de</strong> baixa <strong>de</strong>nsida<strong>de</strong> 1600 0,80 1200Concreto <strong>de</strong> <strong>de</strong>nsida<strong>de</strong> normal 2200 1,70 1200Outras características importantes para os materiais <strong>de</strong> proteção são (Fakury,2004): viabilida<strong>de</strong> econômica; manter a integrida<strong>de</strong> durante o incêndio, ou seja, nãoapresentar rachaduras ou <strong>de</strong>slocamentos; não po<strong>de</strong>m ser combustíveis, propagar chamasou produzir fumaça ou gases tóxicos; ter boa resistência mecânica, não esfacelando sobpequenos impactos e nem sofrendo ação <strong>de</strong>sproporcional da erosão; serem segurosgarantindo uma proteção uniforme; acompanhar os movimentos da estrutura semapresentar fissuras ou <strong>de</strong>slocamento; penetrar em todos os esp<strong>aço</strong>s vazios; não po<strong>de</strong>mconter material nocivo à saú<strong>de</strong>; não po<strong>de</strong>m apresentar <strong>de</strong>sprendimentos porressecamento superficial; <strong>de</strong>vem ter durabilida<strong>de</strong> igual à da estrutura e, no caso <strong>de</strong>danos, permitirem a recomposição; não po<strong>de</strong>m absorver umida<strong>de</strong> além da permitida; e,


60não po<strong>de</strong>m conter esp<strong>aço</strong>s vazios, nem permitir a proliferação <strong>de</strong> fungos ou bactériasem seu interior.Quanto à forma, as proteções térmicas po<strong>de</strong>m ser classificadas em tipo contornoou tipo caixa, figura 2.6.19.As formas <strong>de</strong> aplicação das proteções são várias: as argamassas e fibras, em geralsão projetadas por meio <strong>de</strong> um esguicho, sendo pulverizadas (spray) na superfície doselementos, constituindo normalmente proteção do tipo contorno, figura 2.6.20a; asargamassas, também po<strong>de</strong>m ser aplicadas manualmente com uso <strong>de</strong> colher <strong>de</strong> pedreiro e<strong>de</strong>sempena<strong>de</strong>ira, ou moldados através <strong>de</strong> fôrmas, figura 2.6.20b; as placas são fixadasnas <strong>estruturas</strong> através <strong>de</strong> pinos ou perfis leves <strong>de</strong> <strong>aço</strong>, constituindo normalmenteproteção do tipo caixa; as mantas são aplicadas envolvendo a estrutura, e fixadas àmesma usando-se pinos, constituindo normalmente proteção do tipo contorno; as tintasintumescentes são aplicadas sobre a superfície perfeitamente limpa e com uma camada<strong>de</strong> primer compatível. Sobre a tinta intumescente, po<strong>de</strong> ser aplicada uma tinta <strong>de</strong>acabamento, na cor <strong>de</strong>sejada.(a)(b)Figura 2.6.19 Proteções térmicas do tipo contorno e do tipo caixa (Ribeiro, 2004):(a) em pilares; (b) em vigas.


61(a)(b)Figura 2.6.20 Material isolante pulverizado (a) e material isolante aplicado com oauxílio <strong>de</strong> uma tela metálica (b) (Milke, 2002).As tintas intumescentes formam uma película fina que tem aumento <strong>de</strong> 20 a 30vezes quando aquecida (apresentando um aspecto esponjoso) protegendo termicamentea estrutura.As proprieda<strong>de</strong>s térmicas e mecânicas, a a<strong>de</strong>rência e a eficiência das juntas dosmateriais <strong>de</strong> proteção <strong>de</strong>vem ser comprovadas por ensaios realizados em laboratórionacional ou estrangeiro, <strong>de</strong> acordo com a ABNT NBR 5628:2001 ou <strong>de</strong> acordo comoutra norma brasileira ou estrangeira.O texto apresentado no parágrafo anterior, retirado do projeto <strong>de</strong> revisão daABNT NBR 14323:1999 (PR NBR 14323:2003) reflete a natureza particular <strong>de</strong> cadamaterial <strong>de</strong> proteção, que po<strong>de</strong> apresentar complicadas e variadas reações químicas emalta temperatura.Os métodos <strong>de</strong> proteção chamados <strong>de</strong> membrana são obtidos por forros usadospara proteger <strong>estruturas</strong> <strong>de</strong> piso ou cobertura. Os painéis dos forros po<strong>de</strong>m serconstituídos <strong>de</strong> gesso, vermiculita ou fibras minerais.Anteparos para as chamas são métodos <strong>de</strong> proteção que objetivam diminuir atransferência <strong>de</strong> calor por radiação para os elementos estruturais. Milke (2002) citaestudos utilizando placas <strong>de</strong> <strong>aço</strong> para proteção <strong>de</strong> <strong>estruturas</strong>.Exemplos <strong>de</strong> materiais que absorvem o calor (heat sinks) são líquidospreenchendo o interior <strong>de</strong> seções <strong>de</strong> <strong>aço</strong> tubulares. O líquido utilizado para proteção éuma solução aquosa contendo aditivos que evitam a corrosão, o congelamento e reaçõesbiológicas. O preenchimento com água mantém a temperatura do perfil baixa <strong>de</strong>vido à


62convecção (Twilt et al., 1994). O líquido circula através dos perfis a partir <strong>de</strong> umsistema formado por reservatório e tubos a<strong>de</strong>quadamente projetados.2.7 MODELOS NUMÉRICOS DESENVOLVIDOSPara uma a<strong>de</strong>quada mo<strong>de</strong>lagem <strong>de</strong> <strong>estruturas</strong>, que po<strong>de</strong>m ter várias formas <strong>de</strong>carregamento, configurações, condições <strong>de</strong> contorno e exposição ao incêndio, o métododos elementos finitos tem sido o preferido da maioria dos pesquisadores.Os programas <strong>de</strong> computador <strong>de</strong>senvolvidos, atualmente, po<strong>de</strong>m ser divididos emdois grupos: (1) programas especialmente <strong>de</strong>senvolvidos para <strong>análise</strong> <strong>de</strong> <strong>estruturas</strong> emsituação <strong>de</strong> incêndio, como o SAFIR e o VULCAN (Franssen, 2005; Huang et al.,2003a); e, (2) programas comerciais genéricos que têm sido adaptados para <strong>análise</strong> emsituação <strong>de</strong> incêndio, como o ANSYS e o ABAQUS.As primeiras pesquisas sobre o comportamento <strong>de</strong> <strong>estruturas</strong> em situação <strong>de</strong>incêndio datam do final do século XIX, motivadas por gran<strong>de</strong>s perdas <strong>de</strong>vido à falhaestrutural <strong>de</strong> edifícios durante incêndios. Des<strong>de</strong> então, especialmente nas últimas trêsdécadas, significativos avanços nos sistemas computacionais impulsionaram o<strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong> muitos procedimentos, numéricos e analíticos, para a <strong>análise</strong> docomportamento <strong>de</strong> <strong>estruturas</strong> em situação <strong>de</strong> incêndio.A possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> analisar o comportamento <strong>de</strong> <strong>estruturas</strong> completas, quedificilmente po<strong>de</strong>riam ser ensaiadas experimentalmente, impossibilitando a observação<strong>de</strong> fenômenos como a redistribuição <strong>de</strong> esforços e a possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> realizar estudosparamétricos, são algumas vantagens dos métodos numéricos. Atualmente, métodosnuméricos são usados principalmente para o projeto <strong>de</strong> <strong>estruturas</strong> complexas ou para o<strong>de</strong>senvolvimento e verificação <strong>de</strong> procedimentos <strong>de</strong> projeto (Franssen, 2005).Um dos mais antigos estudos analíticos publicados sobre flambagem <strong>de</strong> pilares <strong>de</strong><strong>aço</strong> em situação <strong>de</strong> incêndio foi realizado por Culver (1972), on<strong>de</strong> pilares <strong>de</strong> <strong>aço</strong>carregados axialmente e submetidos a gradientes <strong>de</strong> temperatura longitudinais foramanalisados numericamente utilizando-se diferenças finitas. Em Najjar (1994) tem-seuma completa revisão bibliográfica acerca dos mo<strong>de</strong>los numéricos <strong>de</strong>senvolvidos eaplicados para <strong>análise</strong> <strong>de</strong> pilares, vigas e pórticos <strong>de</strong> <strong>aço</strong>.


63Franssen (2005) comenta que entre os primeiros trabalhos estão os realizados naUniversity of Berkeley, nos Estados Unidos, com o <strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong> programascomo FIRES-T e FIRES-RC (Becker et al, 1974a,b) para <strong>análise</strong> <strong>de</strong> pilares <strong>de</strong> <strong>concreto</strong>.Segundo Franssen (2005), o interesse pela mo<strong>de</strong>lagem <strong>numérica</strong> do comportamento <strong>de</strong><strong>estruturas</strong> em situação <strong>de</strong> incêndio diminuiu nos Estados Unidos e muito <strong>de</strong>ssasativida<strong>de</strong>s, <strong>de</strong>s<strong>de</strong> os anos 80, ocorreram na Europa.O programa ADAPTIC começou a ser <strong>de</strong>senvolvido por Izzuddin (1991) noImperial College, Londres, para estudar o comportamento não-linear dinâmico <strong>de</strong><strong>estruturas</strong> <strong>de</strong> <strong>aço</strong> à temperatura ambiente. Posteriormente, foi modificado paraconsi<strong>de</strong>rar os efeitos da exposição ao incêndio após explosões (Song et al., 1995, 2000;Izzuddin, 1996; Izzuddin et al., 2000; Elghazouli et al., 2000). O programa possui acapacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> refinamento da malha utilizando elementos <strong>de</strong> viga elásticos cominterpolação <strong>de</strong> quarta or<strong>de</strong>m dos <strong>de</strong>slocamentos transversais e elementos cúbicoselasto-plásticos.O programa Finite Element Analysis of Structures at Temperatures, FEAST, vemsendo <strong>de</strong>senvolvido na University of Manchester (Liu 1994, 1996), sendo aplicadoprincipalmente ao estudo <strong>de</strong> ligações em situação <strong>de</strong> incêndio. O programa possui emsua biblioteca elementos <strong>de</strong> viga, elementos <strong>de</strong> casca, elementos sólidos e elementos <strong>de</strong>contato. Os elementos <strong>de</strong> viga são lineares e elásticos e os elementos sólidosconsi<strong>de</strong>ram a não-linearida<strong>de</strong> física dos materiais <strong>aço</strong> e <strong>concreto</strong>. O usuário po<strong>de</strong>selecionar entre uma combinação <strong>de</strong> controle <strong>de</strong> carga, controle <strong>de</strong> temperatura,controle <strong>de</strong> <strong>de</strong>slocamento com carga constante e temperatura variável e controle <strong>de</strong><strong>de</strong>slocamento com temperatura constante e carga variável, possibilitando ao programaanalisar a estrutura após a falha. Várias pesquisas voltadas para o estudo <strong>de</strong> ligações <strong>de</strong><strong>aço</strong> e <strong>mistas</strong> em situação <strong>de</strong> incêndio vêm sendo realizadas utilizando esse programa(Leston-Jones, 1997; Al-Jabri et al., 1998).Na Universida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Liège, Bélgica, a partir dos trabalhos <strong>de</strong> Dotreppe e Franssen(1985) e Franssen (1987) foi <strong>de</strong>senvolvido um programa computacional com base noMEF para <strong>análise</strong> <strong>de</strong> pórticos planos mistos em situação <strong>de</strong> incêndio. O programa<strong>de</strong>nominado CEFICOSS, Computer Engineering of the Fire Design of Composite andSteel Structures, utiliza o método das diferenças finitas <strong>de</strong> forma explícita para o cálculoda elevação da temperatura na seção transversal <strong>de</strong> elementos <strong>de</strong> <strong>aço</strong> ou mistos. O


64programa utiliza elementos finitos bidimensionais <strong>de</strong> viga com dois nós com três graus<strong>de</strong> liberda<strong>de</strong> cada. O efeito das <strong>de</strong>formações <strong>de</strong>vido ao cisalhamento é <strong>de</strong>sprezado. Aseção transversal dos elementos é discretizada a partir <strong>de</strong> uma malha retangular utilizadatanto para <strong>análise</strong> térmica como mecânica. Todas as variáveis como tipo <strong>de</strong> material,temperatura, <strong>de</strong>formação, tensão e outras, são consi<strong>de</strong>radas constantes em cadaretângulo que discretiza a seção (mo<strong>de</strong>lo <strong>de</strong> fibras). A consi<strong>de</strong>ração <strong>de</strong> gran<strong>de</strong>s<strong>de</strong>slocamentos é feita utilizando-se uma formulação lagrangeana atualizada. As relaçõestensão-<strong>de</strong>formação não-lineares dos materiais e as <strong>de</strong>formações térmicas sãoconsi<strong>de</strong>radas segundo as prescrições do Euroco<strong>de</strong>. O programa utiliza um procedimentoincremental-iterativo on<strong>de</strong> a carga é aplicada à temperatura ambiente. Tensões,<strong>de</strong>formações e <strong>de</strong>slocamento são então calculados para um número <strong>de</strong> passos <strong>de</strong> tempoque caracterizam o incêndio até a falha da estrutura (Franssen et al., 1995). O programaainda é utilizado em trabalhos como o <strong>de</strong> Huber e Aste (2005).Posteriormente, Franssen et al. (1997) <strong>de</strong>senvolveram o programa SAFIR paraservir como plataforma para a implementação <strong>de</strong> vários elementos finitos e mo<strong>de</strong>losconstitutivos (Franssen, 2005). O programa é utilizado em inúmeras pesquisas sobreo comportamento <strong>de</strong> <strong>estruturas</strong> <strong>de</strong> <strong>aço</strong>, <strong>concreto</strong> e <strong>mistas</strong> <strong>de</strong> <strong>aço</strong> e <strong>concreto</strong> emsituação <strong>de</strong> incêndio e na calibração <strong>de</strong> procedimentos <strong>de</strong> projeto (Lan<strong>de</strong>smann eBatista, 2002; Lan<strong>de</strong>smann, 2003; Vila Real et al., 2003; Vila Real et al., 2004a, b,Franssen et al., 2006). Em sua biblioteca po<strong>de</strong>m ser encontrados, elementos sólidospara <strong>análise</strong> térmica bidimensional e tridimensional. Para a <strong>análise</strong> estrutural, oprograma apresenta elementos <strong>de</strong> viga 3D, casca e sólidos. O elemento <strong>de</strong> vigatridimensional tem por base uma formulação corrotacional, possuindo três nós, umem cada extremida<strong>de</strong> com sete graus <strong>de</strong> liberda<strong>de</strong> cada, três rotações, três<strong>de</strong>slocamentos e empenamento. O terceiro nó está localizado no meio do elemento etem apenas um grau <strong>de</strong> liberda<strong>de</strong> que interpola a parcela não-linear do <strong>de</strong>slocamentoaxial (Franssen, 2005). As <strong>de</strong>formações têm por base a hipótese <strong>de</strong> von Kármán, sendo<strong>de</strong>sprezado o efeito das <strong>de</strong>formações <strong>de</strong>vido ao cisalhamento. A integração longitudinalé realizada pelo método <strong>de</strong> Gauss, sendo a seção transversal discretizada em fibrastriangulares e retangulares. Em qualquer ponto longitudinal <strong>de</strong> integração, todas asvariáveis (temperatura, tensões e <strong>de</strong>formações) são constantes em cada fibra,caracterizando um mo<strong>de</strong>lo <strong>de</strong> fibras. As tensões residuais po<strong>de</strong>m ser consi<strong>de</strong>radas como


65tensões iniciais que permanecem constantes durante a <strong>análise</strong>. O comportamento domaterial no caso <strong>de</strong> <strong>de</strong>scarga é elástico, com módulo <strong>de</strong> elasticida<strong>de</strong> igual ao da origemda curva tensão-<strong>de</strong>formação. A rigi<strong>de</strong>z à torção é reduzida com o aumento datemperatura.Na Universida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Sheffield, UK, <strong>de</strong>s<strong>de</strong> 1985, o programa VULCAN vem sendo<strong>de</strong>senvolvido. Saab (1990) e Saab e Nethercot (1991) incorporaram relações tensão<strong>de</strong>formaçãopara o <strong>aço</strong> à temperatura elevada ao programa INSTAF <strong>de</strong>senvolvido paraanalisar o comportamento <strong>de</strong> <strong>estruturas</strong> planas <strong>de</strong> <strong>aço</strong> à temperatura ambiente naUniversity of Alberta (El-Zanaty e Murray, 1983). Najjar (1994) esten<strong>de</strong>u a formulaçãobidimensional do INSTAF para <strong>análise</strong> <strong>de</strong> <strong>estruturas</strong> <strong>de</strong> <strong>aço</strong> tridimensionais. Nesse novoprograma, <strong>de</strong>nominado 3DFIRE (Najjar e Burgess, 1996), os elementos <strong>de</strong> viga comdois nós possuem oito graus <strong>de</strong> liberda<strong>de</strong> locais por nó e onze graus <strong>de</strong> liberda<strong>de</strong>globais, funções <strong>de</strong> forma cúbicas são utilizadas. Os oito graus <strong>de</strong> liberda<strong>de</strong> incluem trêstranslações, três rotações, a <strong>de</strong>rivada da <strong>de</strong>formação axial e o empenamento. As seçõestransversais são discretizadas por segmentos para os quais a espessura é modificada combase na relação entre o módulo <strong>de</strong> elasticida<strong>de</strong> tangente e o módulo <strong>de</strong> elasticida<strong>de</strong>inicial. A variação da temperatura somente é consi<strong>de</strong>rada ao longo da seção e é um dado<strong>de</strong> entrada para o programa. A <strong>de</strong>formação <strong>de</strong>vido ao cisalhamento não é consi<strong>de</strong>rada naobtenção da matriz <strong>de</strong> rigi<strong>de</strong>z. Bailey (1995) introduziu elementos <strong>de</strong> placa com 4 nós ea possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> mo<strong>de</strong>lagem das ligações semi-rígidas. Huang et al. (1999) realizoumodificações para mo<strong>de</strong>lar lajes <strong>de</strong> <strong>concreto</strong> armado com base na discretização doelemento <strong>de</strong> placa em camadas. Cai (2002) modificou o elemento <strong>de</strong> viga <strong>de</strong>senvolvidopossibilitando a mo<strong>de</strong>lagem <strong>de</strong> seções transversais assimétricas <strong>de</strong> <strong>aço</strong>, <strong>concreto</strong> ou<strong>mistas</strong> através da implementação <strong>de</strong> um mo<strong>de</strong>lo <strong>de</strong> fibras (Cai et al., 2002, 2003).Segundo Huang et al. (2003a; 2004), o elemento <strong>de</strong> viga com oito graus <strong>de</strong>liberda<strong>de</strong> locais e onze globais, tem sido preciso para níveis <strong>de</strong> <strong>de</strong>slocamentos além dosaceitáveis para <strong>estruturas</strong> em situação <strong>de</strong> incêndio, porém, apresenta algumas<strong>de</strong>svantagens: <strong>de</strong>vido à presença <strong>de</strong> graus <strong>de</strong> liberda<strong>de</strong> além dos convencionais o tempo<strong>de</strong> processamento se torna muito maior quanto comparado com <strong>análise</strong>s usando seisgraus <strong>de</strong> liberda<strong>de</strong> por nó; sempre é necessário aplicar restrições a alguns graus <strong>de</strong>liberda<strong>de</strong> mesmo quando não existem condições <strong>de</strong> contorno, o que po<strong>de</strong> influenciar osresultados, especialmente quando os <strong>de</strong>slocamentos se tornam gran<strong>de</strong>s. Essas


66observações motivaram Huang et al. (2003) a implementar no programa VULCAN umelemento isoparamétrico com 3 nós e seis graus <strong>de</strong> liberda<strong>de</strong> por nó apresentado porBathe (1982). O elemento, com base em uma formulação lagrangeana total, consi<strong>de</strong>ra asnão-linearida<strong>de</strong>s física e geométrica utilizando uma aproximação <strong>de</strong> segunda or<strong>de</strong>mpara as rotações (Bathe, 1996). As <strong>de</strong>formações são consi<strong>de</strong>radas pequenas. A seçãotransversal é discretizada utilizando-se um mo<strong>de</strong>lo <strong>de</strong> fibras.Huang et al. (2003b) também implementaram um elemento <strong>de</strong> placaisoparamétrico (Bathe, 1996; Crisfield, 1991) <strong>de</strong> alta or<strong>de</strong>m, 9 nós, geometricamentenão-linear com base em uma formulação lagrangeana total e nas hipóteses <strong>de</strong> vonKármán (gran<strong>de</strong>s <strong>de</strong>slocamentos e rotações mo<strong>de</strong>radas). O elemento utiliza um mo<strong>de</strong>lo<strong>de</strong> camadas para obtenção da matriz constitutiva. No trabalho <strong>de</strong> Huang et al. (2003c),as implementações citadas são validadas. Inúmeras pesquisas vêm utilizando oprograma VULCAN, entre as quais: Bailey et al. (1996; 1999); Burgess e Plank (1998)e Huang et al. (2002).Alguns programas comerciais como o ANSYS, o ABAQUS e o DIANA vêmsendo utilizados em pesquisas sobre o comportamento <strong>de</strong> <strong>estruturas</strong> em situação <strong>de</strong>incêndio por meio da inclusão das proprieda<strong>de</strong>s dos materiais à temperatura elevada.Análises <strong>de</strong> transferência <strong>de</strong> calor para obtenção da distribuição <strong>de</strong> temperatura tambémpo<strong>de</strong>m ser facilmente realizadas. O ABAQUS vem sendo utilizado para simular ocomportamento <strong>de</strong> <strong>estruturas</strong> <strong>de</strong> <strong>aço</strong> e <strong>mistas</strong> na Edinburgh University (Gillie, 1999;Gillie et al., 2000, 2001; Sanad et al., 2000a,b,c) e no Corus Research, (O’Connor eMartin, 1998), mostrando-se capaz <strong>de</strong> simular problemas complexos como ocomportamento <strong>de</strong> lajes, ligações e flambagem local <strong>de</strong> elementos <strong>de</strong> <strong>aço</strong>.Both et al. (1996) utilizam o programa DIANA para simular os resultados dosensaios experimentais realizados em Cardington. O programa também foi utilizado parasimular o comportamento térmico e estrutural <strong>de</strong> lajes <strong>mistas</strong>.Lopes et al. (2005) utilizam o programa ANSYS para mo<strong>de</strong>lar a flambagemlateral com torção <strong>de</strong> vigas <strong>de</strong> <strong>aço</strong> inoxidável em situação <strong>de</strong> incêndio empregandoelementos <strong>de</strong> viga e casca. Li e Guo (2006) e Piloto et al. (2006) também utilizam oANSYS para <strong>análise</strong> <strong>de</strong> <strong>estruturas</strong> em situação <strong>de</strong> incêndio.Além dos trabalhos citados, que em geral utilizam mo<strong>de</strong>los <strong>de</strong> plasticida<strong>de</strong>distribuída com um mo<strong>de</strong>lo <strong>de</strong> fibras ao nível seccional no <strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong>


67elementos <strong>de</strong> viga, inúmeros outros trabalhos, utilizando mo<strong>de</strong>los <strong>de</strong> rotulasplásticas vêm sendo <strong>de</strong>senvolvidos (Liew et al., 1998; Ma e Liew, 2004; Iu et al.,2005; Lan<strong>de</strong>smann et al., 2005; Souza e Creus, 2006).2.7.1 Segurança Contra Incêndio e Mo<strong>de</strong>los Numéricos no BrasilEm 1972 aconteceu um gran<strong>de</strong> incêndio no edifício Andraus, localizado na cida<strong>de</strong><strong>de</strong> São Paulo, que resultou em 16 mortes e 336 feridos. O edifício Joelma, tambémlocalizado na mesma cida<strong>de</strong>, entrou em chamas em 1974 <strong>de</strong>vido a um curto-circuito nosistema <strong>de</strong> ar-condicionado. No mesmo ano o edifício da Caixa Econômica, localizadono Rio <strong>de</strong> Janeiro, também sofreu a ocorrência <strong>de</strong> um incêndio.Esses acontecimentos levaram a elaboração <strong>de</strong> regulamentos e normas <strong>de</strong>segurança contra incêndio. A maioria surgiu da adaptação <strong>de</strong> legislações estrangeiraspor empresas <strong>de</strong> seguros, corporações <strong>de</strong> bombeiros e códigos <strong>de</strong> obras (Ferreira et al.,2006).Em 1980 foi editada pela Associação Brasileira <strong>de</strong> Normas Técnicas a ABNTNBR 5627:1980 “Exigências particulares das obras <strong>de</strong> <strong>concreto</strong> armado e protendidoem relação à resistência ao fogo”. A ABNT NBR 5627:1980 prescrevia o cobrimento edimensões mínimas <strong>de</strong> elementos usuais <strong>de</strong> <strong>concreto</strong> como vigas, lajes e pilares. Devidoao conservadorismo para a época, e a pouca atenção dada pelos projetistas ao problema,essa norma nunca foi efetivamente utilizada, sendo cancelada em 2001.Em 1981, na cida<strong>de</strong> <strong>de</strong> São Paulo, ocorreu um incêndio no edifício Gran<strong>de</strong>Avenida levando à morte 17 pessoas e ferindo outras 53.O edifício Andorinhas, localizado na cida<strong>de</strong> do Rio <strong>de</strong> Janeiro, sofreu a ação <strong>de</strong>um incêndio em 1986, <strong>de</strong>ixando 20 mortes e 50 feridos. Em 1987, o edifício CESP,cida<strong>de</strong> <strong>de</strong> São Paulo, entrou em colapso após um incêndio.Houve então um gran<strong>de</strong> avanço da segurança contra incêndio no país. Em SãoPaulo, por meio <strong>de</strong> leis e <strong>de</strong>cretos, foram aprovadas especificações para instalação <strong>de</strong>sistemas <strong>de</strong> segurança contra incêndio. Foi redigida a Instrução Técnica CB-02.33-94que estabelecia tempos <strong>de</strong> resistência ao fogo para <strong>estruturas</strong> <strong>de</strong> <strong>aço</strong>. Segundo Souza Jr.(2004) a instrução, com vigência no Estado <strong>de</strong> São Paulo, um importante mercado, foiconsi<strong>de</strong>rada bastante restritiva pelos setores interessados na promoção do uso do <strong>aço</strong> na


68construção civil. Isso motivou a elaboração <strong>de</strong> normas com abrangência nacional, para odimensionamento <strong>de</strong> <strong>estruturas</strong> em situação <strong>de</strong> incêndio.Em 1996, a ABNT instalou uma comissão <strong>de</strong> estudos na qual foi criado um grupo<strong>de</strong> trabalho, constituído por representantes dos meios universitário (Universida<strong>de</strong> <strong>de</strong> SãoPaulo, Universida<strong>de</strong> Fe<strong>de</strong>ral <strong>de</strong> Minas Gerais e Universida<strong>de</strong> Fe<strong>de</strong>ral <strong>de</strong> Ouro Preto) etécnico para elaborar textos-base normativos sobre o assunto. A comissão composta,entre outros, <strong>de</strong> representantes do corpo <strong>de</strong> bombeiros do Estado <strong>de</strong> São Paulo, <strong>de</strong>fabricantes <strong>de</strong> material <strong>de</strong> revestimento contra fogo, do Instituto <strong>de</strong> PesquisasTecnológicas, <strong>de</strong> escritórios <strong>de</strong> projeto, <strong>de</strong> si<strong>de</strong>rúrgicas, em 1999, aprovou a ABNTNBR 14323:1999 "Dimensionamento <strong>de</strong> <strong>estruturas</strong> <strong>de</strong> <strong>aço</strong> <strong>de</strong> edifícios em situação <strong>de</strong>incêndio". Atualmente a norma encontra-se em processo <strong>de</strong> revisão. Para a utilização daABNT NBR 14323:1999, foi necessária a elaboração <strong>de</strong> outra norma, que fornecesse asdiretrizes para a <strong>de</strong>terminação da ação térmica nos elementos construtivos dasedificações. Foi elaborado um texto-base que <strong>de</strong>u origem à ABNT NBR 14432:2000"Exigências <strong>de</strong> resistência ao fogo <strong>de</strong> elementos construtivos das edificações". Essanorma é válida para quaisquer <strong>estruturas</strong>, in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ntemente do material utilizado.Em 2001, no Estado <strong>de</strong> São Paulo, o Decreto 46.076 instituiu o regulamento <strong>de</strong>segurança contra incêndio das edificações e áreas <strong>de</strong> risco para os fins da Lei 684 <strong>de</strong>1975. Também em 2001, no Estado <strong>de</strong> Minas Gerais foi criada a Lei 14.130, quedispões sobre a prevenção contra incêndio e pânico, regulamentada pelo Decreto 44.270<strong>de</strong> 2006, semelhante ao Decreto 46.076 do Estado <strong>de</strong> São Paulo. Os objetivos dos<strong>de</strong>cretos são: proporcionar condições <strong>de</strong> segurança contra incêndio e pânico aosocupantes das edificações e áreas <strong>de</strong> risco, possibilitando o abandono seguro e evitandoperdas <strong>de</strong> vida; minimizar os riscos <strong>de</strong> eventual propagação do fogo para edificações eáreas adjacentes; proporcionar meios <strong>de</strong> controle e extinção do incêndio e pânico; darcondições <strong>de</strong> acesso para as operações do corpo <strong>de</strong> bombeiros e garantir as intervenções<strong>de</strong> socorros. De acordo com a altura, área, ocupação e uso das edificações, sãoespecificadas em instruções técnicas, prescrições relativas à: acesso <strong>de</strong> viatura;segurança estrutural contra incêndio; compartimentação horizontal e vertical; controle<strong>de</strong> materiais <strong>de</strong> acabamento; saídas <strong>de</strong> emergência; plano <strong>de</strong> intervenção <strong>de</strong> incêndio;brigada <strong>de</strong> incêndio; iluminação <strong>de</strong> emergência; <strong>de</strong>tecção <strong>de</strong> incêndio; alarme <strong>de</strong>


69incêndio; sinalização <strong>de</strong> emergência; extintores; hidrantes ou mangotinhos; chuveirosautomáticos (sprinklers).O edifício da Eletrobrás, cida<strong>de</strong> do Rio <strong>de</strong> Janeiro, sofreu a ação <strong>de</strong> um incêndiosem vítimas, em 2004. Também, entrou em vigor a ABNT NBR 15200:2004 “Projeto<strong>de</strong> <strong>estruturas</strong> <strong>de</strong> <strong>concreto</strong> em situação <strong>de</strong> incêndio”.Esses acontecimentos motivaram o <strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong> várias pesquisas. Entre ostrabalhos realizados na UFMG, com relação ao <strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong> mo<strong>de</strong>losnuméricos, po<strong>de</strong>-se citar o mo<strong>de</strong>lo <strong>de</strong> elementos finitos para avaliação da distribuição<strong>de</strong> temperatura em <strong>estruturas</strong>, implementado por Figueiredo Jr. (2002). Neste trabalhofoi <strong>de</strong>senvolvido o programa <strong>de</strong>nominado CALTEMI, com base no programa CALTEPdo Centro Integrado <strong>de</strong> Métodos Numéricos em Engenharia, CIMNE, da Universida<strong>de</strong>Politécnica da Catalunha, na Espanha (Zárate e Onate, 1993). O CALTEMI trata <strong>de</strong>problemas <strong>de</strong> transferência <strong>de</strong> calor por condução em domínios bidimensionais. Ribeiro(2004), a partir dos programas citados, <strong>de</strong>senvolveu o programa THERSYS, capaz <strong>de</strong>analisar problemas tridimensionais <strong>de</strong> transferência <strong>de</strong> calor por condução em domíniossólidos. Algumas pesquisas utilizando os programas citados vêm sendo realizadas naUFMG (Nóbrega, 2003; Fakury et al., 2003a, 2003b, 2004).Souza Jr. (1998) na Universida<strong>de</strong> Fe<strong>de</strong>ral <strong>de</strong> Ouro Preto <strong>de</strong>senvolveu um mo<strong>de</strong>lo<strong>de</strong> elementos <strong>de</strong> viga planos para mo<strong>de</strong>lagem <strong>de</strong> <strong>estruturas</strong> <strong>de</strong> <strong>aço</strong> em situação <strong>de</strong>incêndio. A matriz <strong>de</strong> rigi<strong>de</strong>z é obtida consi<strong>de</strong>rando-se comportamento linear e elástico.A distribuição <strong>de</strong> temperatura na seção e ao longo do comprimento do elemento éconsi<strong>de</strong>rada uniforme. As <strong>de</strong>formações térmicas não são consi<strong>de</strong>radas no mo<strong>de</strong>lo.Várias outras pesquisas vêm sendo <strong>de</strong>senvolvidas nessa instituição utilizando-se umaversão inicial do programa VULCAN.Souza Jr. (2004) na Universida<strong>de</strong> Fe<strong>de</strong>ral do Rio Gran<strong>de</strong> do Sul implementou ummo<strong>de</strong>lo <strong>de</strong> elementos <strong>de</strong> viga 3D on<strong>de</strong> a não-linearida<strong>de</strong> física é mo<strong>de</strong>lada com base noconceito <strong>de</strong> rótulas plásticas. A <strong>de</strong>scrição cinemática adotada tem por base o trabalho <strong>de</strong>Oran (1973) e a matriz <strong>de</strong> rigi<strong>de</strong>z é a proposta por Argyris et al. (1979).Lan<strong>de</strong>smann (2003) na Universida<strong>de</strong> Fe<strong>de</strong>ral do Rio <strong>de</strong> Janeiro <strong>de</strong>senvolveu ummo<strong>de</strong>lo computacional para <strong>análise</strong> térmica e estrutural <strong>de</strong> <strong>estruturas</strong> <strong>de</strong> <strong>aço</strong> em situação<strong>de</strong> incêndio. Nesse trabalho foi <strong>de</strong>senvolvido o programa PNL-F para <strong>análise</strong> não-linearelasto-plástica <strong>de</strong> <strong>estruturas</strong> planas <strong>de</strong> <strong>aço</strong> em situação <strong>de</strong> incêndio. A <strong>análise</strong> térmica é


70realizada por meio <strong>de</strong> um procedimento não-linear com base no método dos elementosfinitos. O comportamento estrutural é simulado por meio <strong>de</strong> princípios <strong>de</strong> plasticida<strong>de</strong>concentrada, que fazem uso do mo<strong>de</strong>lo refinado das rótulas plásticas, funções <strong>de</strong>estabilida<strong>de</strong>, módulos tangentes e superfícies <strong>de</strong> interação <strong>de</strong> esforços. Utilizando-se oprograma <strong>de</strong>senvolvido por Lan<strong>de</strong>smann (2003) e o programa SAFIR, várias outraspesquisas foram <strong>de</strong>senvolvidas nesta instituição (Lan<strong>de</strong>smann e Batista, 2002).Fernan<strong>de</strong>s (2004) apresenta um mo<strong>de</strong>lo <strong>de</strong> elementos finitos não-linear para mo<strong>de</strong>lagem<strong>de</strong> <strong>estruturas</strong> planas on<strong>de</strong> a <strong>análise</strong> térmica é realizada conforme a ABNT NBR14323:1999.Na Universida<strong>de</strong> <strong>de</strong> São Paulo, vários trabalhos vêm sendo realizados sobre ocomportamento <strong>de</strong> <strong>estruturas</strong> <strong>de</strong> <strong>aço</strong>, <strong>concreto</strong> e ma<strong>de</strong>ira em situação <strong>de</strong> incêndio (Silva,2005, 2006; Costa et al., 2005; Pinto et al., 2008). Recentemente mo<strong>de</strong>los numéricospara simulação <strong>de</strong> vigas <strong>mistas</strong> formadas por perfis <strong>de</strong> <strong>aço</strong> formados a frio vêm sendo<strong>de</strong>senvolvidos (Regobello et al., 2007, 2008) utilizando programas comerciais como oANSYS.


3PLATAFORMA COMPUTACIONAL EMETODOLOGIAA metodologia e os programas computacionais utilizados como plataforma para o<strong>de</strong>senvolvimento dos mo<strong>de</strong>los numéricos para <strong>análise</strong> <strong>de</strong> <strong>estruturas</strong> em situação <strong>de</strong>incêndio são apresentados. Neste capítulo a ênfase maior é para a plataformacomputacional utilizada. A metodologia e o <strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong> cada mo<strong>de</strong>lo numéricosão <strong>de</strong>scritos separadamente e com maiores <strong>de</strong>talhes nos capítulos seguintes.3.1. INTRODUÇÃONo trabalho <strong>de</strong> Caldas (2004), dois programas computacionais, restritos àtemperatura ambiente, foram <strong>de</strong>senvolvidos e modificados a partir <strong>de</strong> implementaçõesque po<strong>de</strong>m ser divididas em dois grupos: (a) implementações para <strong>análise</strong> <strong>de</strong> seçõestransversais genéricas <strong>de</strong> <strong>aço</strong> e <strong>concreto</strong>; (b) implementações para <strong>análise</strong> docomportamento <strong>de</strong> <strong>estruturas</strong> formadas por vigas e pilares com seções transversaisgenéricas.No primeiro grupo, entre as implementações para <strong>análise</strong> <strong>de</strong> seções transversaisgenéricas, foi <strong>de</strong>senvolvido o programa CSTM (Cálculo <strong>de</strong> Seções TransversaisMistas), capaz <strong>de</strong> realizar <strong>análise</strong>s não-lineares <strong>de</strong> seções transversais genéricas. Entreas funções disponíveis tem-se a obtenção <strong>de</strong> esforços resistentes, relações momentocurvaturae superfícies <strong>de</strong> interação. A partir <strong>de</strong>sse programa foram <strong>de</strong>senvolvidos nestetrabalho mo<strong>de</strong>los para <strong>análise</strong> <strong>de</strong> seções genéricas em situação <strong>de</strong> incêndio. Nesses<strong>de</strong>senvolvimentos, a maior dificulda<strong>de</strong> foi a <strong>de</strong>finição dos estados limites últimos do


72<strong>concreto</strong>, que po<strong>de</strong>m ser dados por domínios <strong>de</strong> <strong>de</strong>formação, propostos neste trabalho eapresentados no capítulo 5.Entre as implementações realizadas por Caldas (2004), voltadas para <strong>análise</strong> docomportamento estrutural, <strong>de</strong>senvolveu-se um mo<strong>de</strong>lo <strong>de</strong> elementos finitos capaz <strong>de</strong>representar o comportamento <strong>de</strong> pilares mistos, consi<strong>de</strong>rando-se as não-linearida<strong>de</strong>sfísica e geométrica. O mo<strong>de</strong>lo também foi utilizado para <strong>análise</strong> <strong>de</strong> vigas <strong>de</strong> <strong>aço</strong> e<strong>mistas</strong> <strong>de</strong> <strong>aço</strong> e <strong>concreto</strong>. Utilizando-se elementos <strong>de</strong> mola, <strong>de</strong>senvolveu-se ainda umsistema capaz <strong>de</strong> simular pórticos planos semi-rígidos. Nessas implementações,utilizou-se como plataforma computacional o programa FEMOOP, Finite ElementMethod Object Oriented Program.O FEMOOP foi inicialmente <strong>de</strong>senvolvido na Pontifícia Universida<strong>de</strong> Católica doRio <strong>de</strong> Janeiro (Martha e Parente Jr., 2002) em linguagem C++, com programaçãoorientada a objetos, a partir <strong>de</strong> 1990 (Guimarães, 1992) e foi utilizado por váriospesquisadores, como Pitangueira (1998), Parente Jr. (2000) e Sousa Jr. (2000). Em suabiblioteca po<strong>de</strong>m ser encontrados elementos <strong>de</strong> treliça, viga bidimensionais etridimensionais não-lineares (Caldas, 2004; Muniz, 2005), elementos <strong>de</strong> placa, casca esólidos não-lineares. A partir das implementações feitas no FEMOOP por Caldas(2004), foram <strong>de</strong>senvolvidos neste trabalho elementos <strong>de</strong> viga tridimensionais, mola ecasca para mo<strong>de</strong>lagem <strong>de</strong> <strong>estruturas</strong> em situação <strong>de</strong> incêndio (capítulos 6, 7 e 8).Para viabilizar esses <strong>de</strong>senvolvimentos, mo<strong>de</strong>los para <strong>análise</strong> <strong>de</strong> transferência <strong>de</strong>calor foram estudados. Esses estudos são apresentados no capítulo seguinte e levaram àsimplementações <strong>numérica</strong>s para <strong>análise</strong> <strong>de</strong> transferência <strong>de</strong> calor apresentados nestetrabalho.3.2. PROGRAMA CSTMO programa CSTM foi <strong>de</strong>senvolvido para plataforma Windows utilizando alinguagem C++. No <strong>de</strong>senvolvimento do programa, foram utilizados alguns pacotesgráficos, como IUP, Sistema Portátil <strong>de</strong> Interface com o Usuário, e o CD, Canvas Draw(www.tecgraf.puc-rio.br). O IUP é um sistema <strong>de</strong> criação <strong>de</strong> interfaces que permite queo programa possa ser executado em diferentes sistemas operacionais como Windows eLinux. O CD é uma biblioteca gráfica 2D que contém funções para suportar aplicações


73com gráficos vetoriais e imagens. Possui também drivers que permitem, por exemplo, ageração <strong>de</strong> arquivos em formato DXF, EMF e WMF.O programa CSTM tem algoritmos implementados para obtenção <strong>de</strong> (i) esforçosresistentes, (ii) relações momento-curvatura, (iii) configuração <strong>de</strong>formada da seção emfunção dos esforços solicitantes, (iv) superfície <strong>de</strong> interação entre força axial emomento, (v) superfície <strong>de</strong> interação dos momentos para uma dada força axial e (vi)superfície <strong>de</strong> iteração tridimensional, força axial e momentos.Neste trabalho apenas alguns pontos <strong>de</strong> maior interesse do programa CSTM serãoabordados. Para maiores <strong>de</strong>talhes <strong>de</strong>ve-se consultar o trabalho <strong>de</strong> Caldas (2004).3.2.1 Obtenção <strong>de</strong> Esforços em Seções Transversais Mistas <strong>de</strong> Aço e ConcretoDefine-se a seção transversal por meio <strong>de</strong> poligonais, uma para o componente<strong>concreto</strong> que sempre envolve toda a seção, outra para o perfil metálico e outras para asaberturas contidas na poligonal do componente <strong>concreto</strong>. Barras <strong>de</strong> armadura são<strong>de</strong>finidas pontualmente e localizadas no interior da poligonal do <strong>concreto</strong>, figura 3.2.1.Os vértices das poligonais são <strong>de</strong>scritos segundo um sistema <strong>de</strong> coor<strong>de</strong>nadas xyz<strong>de</strong>clarados no sentido anti-horário.y LOCAL ≈ zLN3η LOCALMRy434728 91 CPNRz54 5z LOCAL ≈ x6aMRx2x LOCAL ≈ y10 3 2115 121ξ LOCAL1Figura 3.2.1 Definição da seção transversal e sistemas locais ou seccionais.


74Os esforços resistentes da seção transversal são os momentos fletores M Rx , M Ry eo esforço axial N Rz <strong>de</strong>scritos segundo um sistema local, seccional, <strong>de</strong> coor<strong>de</strong>nadas xyz,paralelo ao sistema global, XYZ, e com origem em um ponto qualquer do plano quecontém a seção, figura 3.2.1.Um outro sistema local, seccional, ξηζ , rotacionado em relação ao sistema xyz<strong>de</strong> um ângulo igual ao <strong>de</strong> inclinação da linha neutra α, com o eixo ξ paralelo à linhaneutra, também é <strong>de</strong>finido (figura 3.2.1). A utilização <strong>de</strong>sse sistema é interessante, porexemplo, na obtenção <strong>de</strong> pontos sob maiores e menores <strong>de</strong>formações na seção uma vezque o eixo η é perpendicular à linha neutra.Com base na hipótese <strong>de</strong> que seções planas permanecem planas, e a perfeitaa<strong>de</strong>rência entre o <strong>concreto</strong> e <strong>aço</strong>, para <strong>de</strong>finir a <strong>de</strong>formada da seção dispõe-se <strong>de</strong> trêsalternativas:i) ε0,kxekyque <strong>de</strong>finem, respectivamente, <strong>de</strong>formação na origem do sistema xyz,curvatura em torno do eixo x, curvatura em torno do eixo y (figura 3.2.1). Obtém-se a<strong>de</strong>formação em um ponto (x,y) qualquer da seção com a expressão( x,y) = ε + k y k xε ; (3.2.1)0 x−yii) ε0, k0e α que <strong>de</strong>finem, respectivamente, <strong>de</strong>formação na origem do sistema ξηζ ,figura 3.2.1, curvatura em torno da linha neutra, ângulo <strong>de</strong> inclinação da linha neutra emrelação ao eixo x, sendo positivo no sentido anti-horário. Obtém-se a <strong>de</strong>formação emum ponto ( ξ, η)qualquer com a expressão( ξ η) = ε + ηε0k0, , (3.2.2)equivalente à expressão 3.2.1;iii) β e α , on<strong>de</strong> β é um parâmetro <strong>de</strong> <strong>de</strong>formação com o qual <strong>de</strong>screvem-se<strong>de</strong>formadas da seção restritas ao estado limite último, figura 3.2.2.Para o <strong>concreto</strong>, consi<strong>de</strong>ra-se o diagrama tensão-<strong>de</strong>formação simplificado fixadopelo Código Mo<strong>de</strong>lo CEB (CEB, 1990), composto <strong>de</strong> uma parábola e <strong>de</strong> uma reta,também utilizado pela ABNT NBR 6118:2003. Para o <strong>aço</strong>, uma relação tensão<strong>de</strong>formaçãobi-linear (elasto-plástico perfeita) é adotada.Os esforços seccionais resistentes M Rx , M Ry e N Rz , momentos fletores em tornodos eixos locais (seccionais) x e y (figura 3.2.1), e força axial segundo o eixo z,


75respectivamente, são obtidos por integração das tensões <strong>de</strong>finidas para valores dasvariáveis <strong>de</strong> <strong>de</strong>formação, por exemplo ε0, kxe ky,N z = ∫ σ z dA , M x = ∫ σ z ydA e M y = − ∫ σ z xdA(3.2.3)As integrais referentes aos esforços seccionais dados pelas expressões 3.2.3 sãoresolvidas após uma transformação das integrais <strong>de</strong> superfície (área) em integrais <strong>de</strong>contorno por meio <strong>de</strong> uma aplicação do teorema <strong>de</strong> Green (Caldas, 2004).3.2.2 Obtenção <strong>de</strong> Superfícies <strong>de</strong> Interação em Seções TransversaisDuas formulações utilizadas para a obtenção das superfícies <strong>de</strong> interação emseções transversais estão implementadas no programa CSTM. Uma das formulaçõesutiliza o método <strong>de</strong> Newton Raphson e outra utiliza um parâmetro <strong>de</strong> <strong>de</strong>formação, oparâmetro β , que <strong>de</strong>screve as configurações <strong>de</strong>formadas em estado limite último daseção. Apresenta-se a seguir somente a formulação que utiliza o parâmetro β (Caldas,2004), pois este procedimento será estendido para seções transversais em situação <strong>de</strong>incêndio neste trabalho.Para <strong>de</strong>finir a configuração <strong>de</strong>formada <strong>de</strong> uma seção em flexão oblíqua, sãonecessários pelo menos três parâmetros, por exemplo, ε0,kxeky. Porém, se a<strong>de</strong>scrição da <strong>de</strong>formada correspon<strong>de</strong> a um estado limite último, po<strong>de</strong>-se <strong>de</strong>finir apenasdois parâmetros, já que algum valor <strong>de</strong> <strong>de</strong>formação sempre estará fixo, segundo a figura3.2.2, que apresenta os domínios <strong>de</strong> <strong>de</strong>formação da ABNT NBR 6118:2003 e do CEB(1990). Com estas informações, ajustam-se equações que, a partir do valor do parâmetroβ e do ângulo <strong>de</strong> inclinação da linha neutra, α , po<strong>de</strong>m percorrer todas as possíveisconfigurações <strong>de</strong>formadas em estado limite último da seção. Para cada configuração, osesforços resistentes, força axial e momentos fletores, são calculados a partir dasexpressões 3.2.3, obtendo-se assim as superfícies <strong>de</strong> interação <strong>de</strong> esforços ponto aponto.


76alongamentoencurtamentod'B12‰ ε cuhCAa 210‰ε y344a5bFigura 3.2.2 Representação dos domínios <strong>de</strong> <strong>de</strong>formação correspon<strong>de</strong>ntes aoestado limite último <strong>de</strong> uma seção (ABNT NBR 6118:2003).3.3. ASPECTOS RELEVANTES DO PROGRAMA FEMOOPUma importante característica do FEMOOP é a possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> tratar mo<strong>de</strong>los <strong>de</strong>elementos finitos com diferentes dimensões <strong>de</strong> uma forma genérica (Martha e ParenteJr., 2002). Isso é possível por meio da <strong>de</strong>finição <strong>de</strong> duas classes: Analysis Mo<strong>de</strong>l andShape. A primeira é responsável por especificar aspectos relacionados à equaçãodiferencial que governa o comportamento do elemento finito, enquanto a última <strong>de</strong>fineaspectos referentes à interpolação das variáveis e da geometria. Em nível global, pormeio da classe Control tem-se a implementação dos algoritmos que controlam a <strong>análise</strong>do problema, a partir da qual se <strong>de</strong>riva a classe Equilibrium Path, que contém osdiferentes métodos <strong>de</strong> obtenção dos caminhos <strong>de</strong> equilíbrio (path-following methods).A entrada e saída <strong>de</strong> dados do programa são feitas por meio <strong>de</strong> arquivos neutros,Neutral File (www.tecgraf.puc-rio.br/neutrafile). O arquivo neutro foi criado com osobjetivos <strong>de</strong> conter todas as informações necessárias para os programas <strong>de</strong> pré e pósprocessamentoe <strong>análise</strong> por elementos finitos, sendo facilmente legível por programasem FORTRAN, C ou C++.3.3.1 Mo<strong>de</strong>lo <strong>de</strong> Elementos Finitos para Análise <strong>de</strong> Pilares MistosNeste item, apresenta-se a formulação do elemento <strong>de</strong> viga com 11 graus <strong>de</strong>liberda<strong>de</strong>, figura 3.3.2, implementado no programa FEMOOP por Caldas (2004). O


77elemento tem por base uma formulação lagrangiana total, a<strong>de</strong>quado para gran<strong>de</strong>s<strong>de</strong>slocamentos e rotações mo<strong>de</strong>radas. Os <strong>de</strong>slocamentos transversais são interpoladospor funções hermitianas cúbicas. Para os <strong>de</strong>slocamentos axiais, funções quadráticas sãoempregadas, com um grau <strong>de</strong> liberda<strong>de</strong> axial hierárquico, figura 3.3.2.Na figura 3.3.1 apresenta-se uma barra reta in<strong>de</strong>formada <strong>de</strong> comprimento l , seçãotransversal qualquer e um sistema <strong>de</strong> eixos cartesianos globais ortogonais xyz. A origempo<strong>de</strong> ser em um ponto qualquer no plano <strong>de</strong> uma das seções extremas da barra.Admite-se que seções planas permaneçam planas após a <strong>de</strong>formação, hipótese <strong>de</strong>Navier-Bernoulli, e consi<strong>de</strong>ra-se total a<strong>de</strong>rência entre o <strong>aço</strong> e o <strong>concreto</strong>. O efeito das<strong>de</strong>formações produzidas pelo esforço cortante é <strong>de</strong>sprezado, consi<strong>de</strong>rando-se estadouniaxial <strong>de</strong> tensões.zyseção transversalgenéricax(a)y LOCAL ≈ zLN3η LOCALMRy434278 91 CPNRz54 5z LOCAL ≈ x6aMRx2x LOCAL ≈ y10 3 2115 121ξ LOCAL1(b)Figura 3.3.1 Sistema <strong>de</strong> coor<strong>de</strong>nadas <strong>de</strong> referência: (a) sistema global;(b) sistema local ou seccional.


78Sendo u, v e w as componentes <strong>de</strong> <strong>de</strong>slocamento nas direções globais x, y e z,respectivamente, tem-se (Garcia e Villaça, 1999, Crisfield, 1991) a expressão pararotações mo<strong>de</strong>radas para a componente εx<strong>de</strong> <strong>de</strong>formação axialεx∂u= +∂x12⎡⎛∂v⎞⎢⎜⎟⎢⎣⎝ ∂x⎠Usando-se a notação<strong>de</strong>slocamentos dados portem-seouon<strong>de</strong>2⎛ ∂w+ ⎜⎝ ∂x2⎞⎟⎠⎤⎥⎥⎦(3.3.1)( )' = ∂() / ∂xnas expressões seguintes e sendo o campo <strong>de</strong>= u ( x) − yv´ zw´, v = v ( x)e w w ( x)u o −2 2[( v´ ) + ( w´ ) ] − yv´´ −zw´´o= o , (3.3.2)1ε x = u´ +, (3.3.3)2ε = ε − yk + zk , (3.3.4)xozy2[( v´ ) ( w ) ]21ε o = u ´ + + ´ , k y = −w´´e k z = v´´(3.3.5)2são, respectivamente, a <strong>de</strong>formação axial e as curvaturas em torno dos eixos y e z.Usando-se o princípio dos trabalhos virtuais, PTV, po<strong>de</strong>m-se estabelecer asequações <strong>de</strong> equilíbrio não-lineares para a estrutura (Garcia e Villaça, 1999). Com ashipóteses adotadas na presente formulação, reduz-se a expressão do PTV parasendoon<strong>de</strong>δ W − δW0(3.3.6)int ext =∫δWint = σxδεx d V(3.3.7)δε x é a variação na <strong>de</strong>formação axial produzida pela variação nos <strong>de</strong>slocamentosvirtuais. A integral <strong>de</strong> volume é realizada na estrutura in<strong>de</strong>formada, caracterizando umaformulação lagrangiana total.Discretizando o volume V da estrutura em elementos finitos <strong>de</strong> volume V m , sendom um elemento genérico e ne o número total <strong>de</strong> elementos, po<strong>de</strong>-se escrever aexpressão 3.3.7 como


79ne∑ ∫m=1( σ δε dV)δW =. (3.3.8)intxxmA variação <strong>de</strong> εx, expressão 3.3.3, resulta emδε = δu´+ v´ δv´+ w´ δw´−yδv´´−zδw´´. (3.3.9)xSubstituindo-se a expressão 3.3.9 em 3.3.8, tem-sene[ σ ( δu´+ v´ δv´+ w´ δw´) dAdx − σ zδw´´dAdx− σ yδv´´dAdx]∑ ∫∫δW =.intm=1xA partir das expressões 3.2.3, e observando-se a figura 3.3.1, tem-se∫∫x∫∫x(3.3.10)N x = ∫ σ x dA , M y = ∫ σ x zdA e M z = − ∫ σ x ydA . (3.3.11)Na expressão 3.3.11, N x é a força axial interna na direção x, M y o momentointerno em torno do eixo y e M z o momento interno em torno do eixo z, resultantes dastensões na seção função das <strong>de</strong>formações, que por sua vez são funções dos<strong>de</strong>slocamentos do elemento. Substituindo as expressões 3.3.11 em 3.3.10 tem-sene∑ ∫m=1{ [ N ( δu´+ v´ δv´+ w´ δw´) − M δw´´+ M δv´´d] x}δW =. (3.3.12)intxConhecendo o carregamento externo, r m , aplicado nos nós do elemento, tem-seextTmyδ W = δq r(3.3.13)e, sendo q um conjunto <strong>de</strong> <strong>de</strong>slocamentos nodais generalizados do elemento, obtém-se apartir da expressão 3.3.12,δWexpressãoint⎡ ⎛ ∂ ∂ ∂ ⎞ ∂ ∂ ⎤= δ q T u´ v´ w´ w´´ v´´∫ ⎢Nx⎜ + v´ + w´ ⎟ − My+ Mz⎥dx⎣ ⎝ ∂q∂q∂q⎠ ∂q∂q. (3.3.14)⎦Levando-se as expressões 3.3.14 e 3.3.13 em 3.3.6, obtém-se para o elemento azψ ⎡ ⎛ ∂u´∂v´∂w´⎞ ∂w´´∂v´´⎤= ∫ ⎢Nx ⎜ + v´ + w´ ⎟ − M y + Mz⎥dx− rm= fm− rm= 0⎣ ⎝ ∂q∂q∂q⎠ ∂q∂q. (3.3.15)⎦Tem-se então um conjunto <strong>de</strong> neq equações não lineares, on<strong>de</strong> neq é o número <strong>de</strong>graus <strong>de</strong> liberda<strong>de</strong> do elemento, e


80f ⎡ ⎛ ∂u´∂v´∂w´⎞ ∂w´´∂v´´⎤m = ∫ ⎢Nx⎜+ v´ + w´ ⎟ − M y + Mz⎥dx⎣ ⎝ ∂q∂q∂q⎠ ∂q∂q(3.3.16)⎦é o vetor das forças internas do elemento.A partir da expressão 3.3.16, <strong>de</strong>rivando o vetor <strong>de</strong> forças internas em relação aos<strong>de</strong>slocamentos nodais q, obtém-se a matriz <strong>de</strong> rigi<strong>de</strong>z k m do elemento, logo⎡TTT⎛ ∂u´∂v´∂w´⎞⎧∂N⎫ ∂v´⎛ ∂v´⎞ ∂w´⎛ ∂w´⎞ ⎤⎢⎜+ v´ + w´ ⎟x⎨ ⎬ + Nx⎜ ⎟ + Nx⎜ ⎟ ⎥⎢⎝∂q∂q∂q⎠⎩∂q⎭ ∂q⎝ ∂q⎠ ∂q⎝ ∂q⎠ ⎥k m = ∫ ⎢⎥dx(3.3.17)TT⎢∂w´´⎧∂My ⎫ ∂v´´⎧∂Mz⎫⎥⎢− ⎨ ⎬ + ⎨ ⎬⎥⎣∂q⎩ ∂q⎭ ∂q⎩ ∂q⎭⎦No mo<strong>de</strong>lo implementado faz-se interpolação quadrática para u, e cúbica para v ew. A figura 3.3.2 apresenta os graus <strong>de</strong> liberda<strong>de</strong> analisados.z, wθz1w1v1θy1y, vθz2w2v2θy2u1θx1u2seção transversalgenéricau3θx2x, uFigura 3.3.2 Eixos <strong>de</strong> referência e graus <strong>de</strong> liberda<strong>de</strong> locais.Os componentes <strong>de</strong> <strong>de</strong>slocamentos u, v e w são aproximados em função dosT T T T<strong>de</strong>slocamentos nodais locais generalizados ⎣qu qvqw⎦empregada para representar vetor linha), sendoTTq u = ⎣u1u2u3⎦, v = ⎣v1θz1v2θz2⎦qTw=⎣w1y1we, usando-se os polinômiosθ2q eθy2⎦q = (a notação ⎣ ⎦ será(3.3.18)


81φ⎧1⎪ξ2⎪= ⎨ 1− ξ⎪1⎪ ξ⎩2( ξ −1)⎫⎪⎪⎬2u ,φw⎪( ξ + 1) ⎪⎭φ⎧ 1 3 1 3 ⎫⎪− ξ + ξ2 4 4 ⎪⎪l⎪⎪⎛ 1 1 1 2 1 3 ⎞− ⎜ − ξ − ξ + ξ ⎟ ⎪⎪ 2 ⎝ 4 4 4 4 ⎠ ⎪= ⎨1 3 1⎬3⎪ + ξ − ξ ⎪⎪ 2 4 4 ⎪⎪ l ⎛ 1 1 1 2 1 3 ⎞⎪⎪−⎜−− ξ + ξ + ξ ⎟⎪⎩ 2 ⎝ 4 4 4 4 ⎠⎭v⎧ 1 3 1 3 ⎫⎪− ξ + ξ2 4 4 ⎪⎪l⎪⎪⎛ 1 1 1 2 1 3 ⎞⎜ − ξ − ξ + ξ ⎟ ⎪2 ⎝ 4 4 4 4 ⎠= ⎨⎬ e1 3 1 3⎪ + ξ − ξ ⎪⎪ 2 4 4 ⎪⎪l⎛ 1 1 1 2 1 3 ⎞⎪⎪ ⎜−− ξ + ξ + ξ ⎟⎪⎩2⎝ 4 4 4 4 ⎠⎭(3.3.19)2como funções <strong>de</strong> interpolação na coor<strong>de</strong>nada generalizada ξ = x − 1, tem-seluTT= φuqu, v φvqvT= e w = φwqw(3.3.20)A <strong>de</strong>rivação <strong>de</strong>ssas expressões em relação à coor<strong>de</strong>nada x forneceu´TT= φ´uqu, v´φ´vqvT= e w´= φ´wqw(3.3.21)e, <strong>de</strong>rivando-se as expressões 3.3.21 em relação a q,⎧φ∂u´⎪= ⎨0∂q⎪⎩0´uvw⎫⎪⎬,⎪⎭⎧0∂v´⎪= ⎨φ´∂q⎪⎩0uvw⎫⎪⎬ ,⎪⎭⎧ 0∂w´⎪= ⎨ 0∂q⎪⎩φ´uvw⎫⎪⎬ ,⎪⎭⎧ 0u⎫∂v´´⎪ ⎪= ⎨φ´´v ⎬ e∂q⎪ ⎪⎩ 0w⎭⎧ 0u∂w´´⎪= ⎨ 0v∂q⎪⎩φ´´w⎫⎪⎬ . (3.3.22)⎪⎭Observa-se a presença das rotações θ nos graus <strong>de</strong> liberda<strong>de</strong> generalizados, mas,pela hipótese <strong>de</strong> rotações mo<strong>de</strong>radas, θ z ≅ v´e θ y ≅ −w´, ficando assegurada acontinuida<strong>de</strong> <strong>de</strong> v´ e w´. A figura 3.3.2 mostra o sistema xyz e os graus <strong>de</strong> liberda<strong>de</strong> doelemento.x tem-seDerivando as funções <strong>de</strong> interpolação, expressões 3.3.19, em relação à coor<strong>de</strong>nada⎢2⎛ 1 ⎞ 2φ ´Tu = ⎢ ⎜ ξ − ⎟⎜ ⎟⎣l⎝ 2 ⎠ l l ⎝ 2 ⎠2 ⎛ 1 ⎞⎥( − 2 ξ ) ξ + ⎥ ⎦φ´Tv⎢2⎛= ⎢ ⎜−⎣l⎝343+ ξ42⎞⎟⎠−1 1 3− ξ + ξ4 2 422 ⎛ 3 3⎜ − ξl ⎝ 4 42⎞⎟⎠−141 3+ ξ + ξ2 4⎥⎥⎦2


82φ´Tw⎢2⎛= ⎢ ⎜−⎣ l ⎝343+ ξ42⎞⎟⎠+1 1 3+ ξ − ξ4 2 422 ⎛ 3 3⎜ − ξl ⎝ 4 42⎞⎟⎠+141 3− ξ − ξ2 4⎥⎥⎦2T ⎢ 4 ⎛ 3 ⎞ 2 ⎛ 1 3 ⎞ 4 ⎛ 3 ⎞φ´´ v = ⎢ ⎜ ξ⎟⎜−+ ξ⎟⎜−ξ22⎟⎣l⎝ 2 ⎠ l ⎝ 2 2 ⎠ l ⎝ 2 ⎠2 ⎛ 1 3 ⎞⎥⎜ + ξ⎟l⎥⎝ 2 2 ⎠⎦T ⎢ 4 ⎛ 3 ⎞ 2 ⎛ 1 3 ⎞ 4 ⎛ 3 ⎞φ´´ w = ⎢ ⎜ ξ⎟− ⎜−+ ξ⎟⎜−ξ22⎟⎣l⎝ 2 ⎠ l ⎝ 2 2 ⎠ l ⎝ 2 ⎠2 ⎛ 1 3 ⎞⎥− ⎜ + ξ⎟l⎥⎝ 2 2 ⎠⎦(3.3.23)e, com relação às <strong>de</strong>rivadas referidas a q, os vetores nulos presentes na expressão 3.3.22são <strong>de</strong>finidos comoTTT0 u = ⎣00 0⎦0 v = ⎣00 0 0⎦w = ⎣00 0 0⎦0 (3.3.24)Substituindo as <strong>de</strong>vidas relações nas expressões 3.3.17 e 3.3.16, obtém-se,respectivamente, a matriz <strong>de</strong> rigi<strong>de</strong>z tangente e o vetor das forças internas do elemento.respectivamentee,⎡T⎤⎢⎧∂Nx⎫φ´⎥⎢u ⎨ ⎬⎥⎢⎩ ∂q⎭⎥⎢ ⎛T⎞T⎥∫⎢ ⎜ ⎧∂Nx⎫⎟ ⎧∂Mz⎫k m = φ´v v´⎣⎦ + φ ⎥⎢ ⎜⎨ ⎬ + Nx0uφ´v 0w´´ v⎟⎨ ⎬ dx(3.3.25)⎩ ∂⎝ ⎩ ∂q⎭q⎠ ⎭ ⎥⎢⎥⎢ ⎛TT⎞ ⎧∂⎫ ⎥⎢ ⎜ ⎧∂N⎫φ+⎟Mxy´ w w´⎣ φ ⎦ − φ ⎨ ⎬ ⎥⎢ ⎜⎨ ⎬ Nx0u0v´ w ´´ w⎟⎥⎣⎩ ∂⎝ ⎩ ∂q⎭q⎠⎭ ⎦⎡ Nxφ´u⎤⎢⎥f m = ∫ ⎢ N xv´φ´v + Mzφ´´v ⎥dx. (3.3.26)⎢⎥⎣Nxw´φ´w −Myφ´´w ⎦As <strong>de</strong>rivadas dos esforços internos que aparecem na expressão da matriz <strong>de</strong>rigi<strong>de</strong>z, expressão 3.3.25, são função <strong>de</strong> rigi<strong>de</strong>zes generalizadas, obtidas utilizando-se amesma técnica para obtenção dos esforços resistentes apresentada no item referente aoprograma CSTM. Observa-se nesse ponto a relação entre as pesquisas voltadas para ocomportamento da seção e as pesquisas voltadas para o comportamento dos elementosestruturais. Diferentemente do que foi feito por Caldas (2004), on<strong>de</strong> os esforços erigi<strong>de</strong>zes generalizadas são obtidos analiticamente utilizando-se uma aplicação doTeorema <strong>de</strong> Green, no <strong>de</strong>senvolvimento dos mo<strong>de</strong>los para <strong>análise</strong> em temperaturaelevada, utilizou-se um mo<strong>de</strong>lo <strong>de</strong> fibras. Essa opção foi feita pelo fato <strong>de</strong> que as


83relações tensão-<strong>de</strong>formação dos materiais em temperatura elevada, em geral, não serempolinomiais, impossibilitando o uso do Teorema <strong>de</strong> Green.Caldas (2004) <strong>de</strong>senvolveu outro mo<strong>de</strong>lo a partir da modificação do elementofinito apresentado eliminando-se os graus <strong>de</strong> liberda<strong>de</strong> fora do plano xz e incluindo aosistema <strong>de</strong> <strong>análise</strong> a matriz <strong>de</strong> rotação, tornando possível a <strong>análise</strong> <strong>de</strong> pórticos planos <strong>de</strong><strong>aço</strong>, <strong>concreto</strong>, mistos ou híbridos. Além disto, foram adicionados ao sistema elementos<strong>de</strong> mola capazes <strong>de</strong> simular ligações semi-rígidas ou <strong>mistas</strong>.3.4. METODOLOGIA DE DESENVOLVIMENTO DOS MODELOSNUMÉRICOS PARA ANÁLISE EM SITUAÇÃO DE INCÊNDIONeste item, uma <strong>de</strong>scrição geral da metodologia utilizada é apresentada. Noscapítulos seguintes, a metodologia e o <strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong> cada mo<strong>de</strong>lo numérico são<strong>de</strong>scritos separadamente com maiores <strong>de</strong>talhes.O programa CSTM e os mo<strong>de</strong>los <strong>de</strong> elementos finitos apresentados foramvalidados a partir <strong>de</strong> resultados numéricos e experimentais encontrados na literatura,sempre apresentando bons resultados na mo<strong>de</strong>lagem <strong>de</strong> <strong>estruturas</strong> <strong>de</strong> <strong>aço</strong>, <strong>concreto</strong> e<strong>mistas</strong> à temperatura ambiente (Caldas, 2004). Os programas apresentados foramutilizados como plataforma básica para o <strong>de</strong>senvolvimento dos mo<strong>de</strong>los numéricos para<strong>análise</strong> <strong>de</strong> <strong>estruturas</strong> em situação <strong>de</strong> incêndio, apresentados nos capítulos seguintes<strong>de</strong>ste trabalho.A partir do programa CSTM foi <strong>de</strong>senvolvido um sistema para <strong>análise</strong> <strong>de</strong> seçõesconsi<strong>de</strong>rando os estados limites últimos em situação <strong>de</strong> incêndio, <strong>de</strong>nominado CSTMI(Cálculo <strong>de</strong> Seções Transversais Mistas em Situação <strong>de</strong> Incêndio). Em procedimentosnormativos, quando se trata <strong>de</strong> seções transversais, o estado limite último, ou seja, acapacida<strong>de</strong> resistente é a única verificação exigida para as <strong>estruturas</strong> em situação <strong>de</strong>incêndio. Essa observação mostra a principal aplicação <strong>de</strong>sse programa, voltado para a<strong>análise</strong> e <strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong> procedimentos <strong>de</strong> projeto em situação <strong>de</strong> incêndio.Para a completa <strong>análise</strong> <strong>de</strong> seções transversais submetidas a tensões normais emsituação <strong>de</strong> incêndio, duas etapas são necessárias: obtenção da distribuição <strong>de</strong>temperaturas na seção (capítulo 4) e obtenção dos esforços normais resistentes (capítulo5). A partir dos esforços resistentes e rigi<strong>de</strong>zes calculadas para a seção <strong>de</strong> um dado


84elemento estrutural exposto ao incêndio, po<strong>de</strong>-se avaliar o comportamento <strong>de</strong>ste pormeio <strong>de</strong> métodos analíticos como os utilizados para verificação <strong>de</strong> <strong>estruturas</strong> àtemperatura ambiente.A partir dos elementos finitos implementados no FEMOOP foi <strong>de</strong>senvolvido umsistema para <strong>análise</strong> termomecânica. Apesar da versão original do programa modificadaneste trabalho possuir várias formulações <strong>de</strong> elementos <strong>de</strong> casca e placa implementados,alguns com consi<strong>de</strong>ração das não-linearida<strong>de</strong>s geométrica e física utilizando mo<strong>de</strong>los <strong>de</strong>plasticida<strong>de</strong>, estes não são capazes <strong>de</strong> mo<strong>de</strong>lar, por exemplo, lajes <strong>de</strong> <strong>concreto</strong> armado.O programa também possui elementos sólidos não-lineares geometricamente e apossibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> utilização <strong>de</strong> vários mo<strong>de</strong>los <strong>de</strong> plasticida<strong>de</strong> para os materiais. Osprincipais <strong>de</strong>senvolvimentos, apresentados nos capítulos seguintes <strong>de</strong>ste trabalho,foram: um mo<strong>de</strong>lo <strong>de</strong> elementos <strong>de</strong> barra 3D não-linear e <strong>de</strong> um método incrementaliterativopara obtenção do caminho <strong>de</strong> equilíbrio <strong>de</strong> <strong>estruturas</strong> submetidas à açãotérmica do incêndio (capítulo 6); um mo<strong>de</strong>lo constitutivo associado a um esquema <strong>de</strong>camadas (layers) para consi<strong>de</strong>ração da não-linearida<strong>de</strong> física em elementos <strong>de</strong> casca,possibilitando a mo<strong>de</strong>lagem <strong>de</strong> lajes <strong>de</strong> <strong>concreto</strong> armado em temperatura elevada(capítulo 7); um elemento <strong>de</strong> mola para mo<strong>de</strong>lagem <strong>de</strong> ligações e conectores <strong>de</strong>cisalhamento (capítulo 8).Um outro programa <strong>de</strong>nominado ANTRAC (Análise <strong>de</strong> Transferência <strong>de</strong> Calor)foi <strong>de</strong>senvolvido (capítulo 4) e que constitui a base (arquivos fontes) para a <strong>análise</strong> <strong>de</strong>transferência <strong>de</strong> calor dos <strong>de</strong>mais programas CSTMI e FEMOOP. O programa contémtodas as proprieda<strong>de</strong>s dos materiais (<strong>aço</strong>, <strong>concreto</strong> e materiais <strong>de</strong> proteção) como calorespecífico, massa específica, condutivida<strong>de</strong> térmica, dilatação térmica e relação tensão<strong>de</strong>formação.


4MODELOS PARATRANSFERÊNCIA DE CALORApresentam-se a implementação e o <strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong> mo<strong>de</strong>los numéricos para<strong>análise</strong> <strong>de</strong> transferência <strong>de</strong> calor por condução e radiação utilizados neste trabalho.Mo<strong>de</strong>los com base em elementos finitos e diferenças finitas são <strong>de</strong>scritos.4.1 INTRODUÇÃODe maneira geral, <strong>análise</strong>s <strong>de</strong> transferência <strong>de</strong> calor envolvem sólidos, líquidos egases. Aplicações incluem máquinas, componentes eletrônicos, processos químicos e,no caso <strong>de</strong>ste trabalho, a elevação <strong>de</strong> temperatura em elementos construtivos.Quando o objetivo é a obtenção <strong>de</strong> tensões (esforços em uma <strong>análise</strong> estrutural),<strong>análise</strong>s <strong>de</strong> transferência <strong>de</strong> calor em meios sólidos são aplicadas para a <strong>de</strong>terminaçãoda distribuição <strong>de</strong> temperatura a partir das quais po<strong>de</strong>m se obter as <strong>de</strong>formaçõestérmicas e a influência nas proprieda<strong>de</strong>s dos materiais (modificação da resistência erigi<strong>de</strong>z). Em <strong>análise</strong>s <strong>numérica</strong>s é conveniente realizar a <strong>análise</strong> térmica e em seguida ocálculo dos esforços. Por vezes, as mesmas discretizações são utilizadas nas duas fases.Esse procedimento é a<strong>de</strong>quado quando as temperaturas influenciam os esforços semnenhuma influência dos esforços ou <strong>de</strong>slocamentos nas temperaturas, ou seja, oproblema é <strong>de</strong>sacoplado (Cook et al., 2002).O calor é transmitido <strong>de</strong>ntro <strong>de</strong> um sólido por condução e é transferido a partir <strong>de</strong>um sólido por convecção e por radiação, figura 4.1.1. O calor também po<strong>de</strong> ser geradointernamente, como, por exemplo, em resistências elétricas.


86Calor internogeradoFluxo <strong>de</strong> calorprescritoConvecçãoCondução<strong>de</strong> calorTemperaturaprescritaλyΨλ xθnΓ ϕα cRadiaçãoα rθgΓ θΩFigura 4.1.1 Condições <strong>de</strong> contorno em um problema <strong>de</strong> condução <strong>de</strong> calor em meiosólido.A condutivida<strong>de</strong> e outras proprieda<strong>de</strong>s po<strong>de</strong>m ser funções da temperatura, o quetorna a <strong>análise</strong> térmica não-linear. A <strong>análise</strong> também será não-linear se a radiação foruma condição <strong>de</strong> contorno, pois o fluxo <strong>de</strong> calor associado <strong>de</strong>pen<strong>de</strong> da diferença daquarta potência das temperaturas absolutas (escala Kelvin).O problema consi<strong>de</strong>rado neste trabalho é a <strong>de</strong>terminação da distribuição <strong>de</strong>temperaturas em sólidos (elementos estruturais), a partir das proprieda<strong>de</strong>s e condições<strong>de</strong> contorno conhecidas. As proprieda<strong>de</strong>s utilizadas po<strong>de</strong>m ser encontradas na literaturaou obtidas experimentalmente. As condições <strong>de</strong> contorno em incêndio (radiação econvecção) são obtidas a partir da relação temperatura-tempo dos gases (item 2.3) e/oufluxos <strong>de</strong> calor obtidos analiticamente ou por simulações <strong>numérica</strong>s.Para o projeto <strong>de</strong> <strong>estruturas</strong> <strong>de</strong> <strong>concreto</strong> em situação <strong>de</strong> incêndio, as normas<strong>de</strong>ixam em aberto a obtenção da distribuição <strong>de</strong> temperaturas nos elementos estruturais(EN 1992-1-2:2004; ABNT NBR 15200:2004). Algumas normas como o EN 1992-1-2:2004 apresentam isotermas para as seções transversais mais usuais <strong>de</strong> pilares, vigas elajes. Em normas voltadas para verificação <strong>de</strong> <strong>estruturas</strong> <strong>mistas</strong>, como o EN 1994-1-2:2005, po<strong>de</strong>m ser vistos alguns procedimentos específicos on<strong>de</strong> as temperaturasmédias em partes da seção transversal são obtidas analiticamente, caso, por exemplo, <strong>de</strong>pilares parcialmente envolvidos por <strong>concreto</strong> e lajes <strong>mistas</strong>. No Mo<strong>de</strong>l Co<strong>de</strong> on FireEngineering (ECCS-TC3, 2001) são apresentadas algumas isotermas para pilarestubulares preenchidos com <strong>concreto</strong>, além <strong>de</strong> procedimentos similares aos apresentadospelo projeto <strong>de</strong> revisão da ABNT NBR 14323:1999 (PR NBR 14323:2003) e o EN


871994-1-2:2005 para obtenção da temperatura em pilares mistos e lajes. Observa-se que,em se tratando <strong>de</strong> elementos <strong>de</strong> <strong>concreto</strong> armado ou mistos, é extremamenterecomendável a utilização <strong>de</strong> algum mo<strong>de</strong>lo numérico, método dos elementos finitos oudas diferenças finitas, ou ensaios experimentais para obtenção da elevação datemperatura nos elementos.Para o projeto <strong>de</strong> <strong>estruturas</strong> <strong>de</strong> <strong>aço</strong>, as normas PR NBR 14323:2003 e EN 1993-1-2:2005 apresentam procedimentos incrementais para obtenção da elevação datemperatura em seções transversais. Devido às formas geométricas dos perfis <strong>de</strong> <strong>aço</strong>, oconceito <strong>de</strong> massas concentradas, juntamente com a alta condutivida<strong>de</strong> térmica do <strong>aço</strong>,permite o <strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong> expressões para obtenção da elevação da temperatura emelementos com ou sem proteção contra incêndio. A elevação <strong>de</strong> temperatura, em grausCelsius, na seção transversal <strong>de</strong> um elemento estrutural <strong>de</strong> <strong>aço</strong> sem proteção contraincêndio, situado no interior da edificação, durante um intervalo <strong>de</strong> temposegundos, é dada por (EN 1993-1-2:2005)on<strong>de</strong>( u / A)∆ t em∆ θa,t= ksϕ∆t, (4.1.1)c ρaau / A é o fator <strong>de</strong> massivida<strong>de</strong> para elementos estruturais <strong>de</strong> <strong>aço</strong> sem proteçãocontra incêndio; <strong>de</strong> maneira geral, u é a área <strong>de</strong> superfície por unida<strong>de</strong> <strong>de</strong> comprimentodo elemento (EN 1993-1-2:2005) ou simplesmente, o perímetro exposto da seção <strong>de</strong> <strong>aço</strong>ao incêndio (PR NBR 14323:2003); A é o volume por unida<strong>de</strong> <strong>de</strong> comprimento doelemento (EN 1993-1-2:2005), ou simplesmente, a área da seção transversal doelemento estrutural (PR NBR 14323:2003);ρaé a massa específica ecaé o calorespecífico do <strong>aço</strong>; ϕ é o valor do fluxo <strong>de</strong> calor por unida<strong>de</strong> <strong>de</strong> área, transferido porradiação ou convecção (expressões 4.2.3 e 4.2.4a);k s é um coeficiente que leva emconta o efeito <strong>de</strong> sombra (shadow effect) que consi<strong>de</strong>ra que a energia que chega aoelemento não po<strong>de</strong> ser superior à energia que passa através do menor retângulo queenvolve a seção. Nesse caso, não há mais energia atingindo a superfície do elemento doque a energia que flui através do menor retângulo que envolve a seção. Na ABNT NBR14323:1999 não aparece o coeficiente k s , porém, a emissivida<strong>de</strong> relativa (que aparecena expressão do fluxo <strong>de</strong> calor por radiação, 4.2.4a) tem valor inferior ao indicado peloEN 1993-1-2:2005. O valor <strong>de</strong>∆ t <strong>de</strong>ve ser limitado para garantir a estabilida<strong>de</strong> dasolução no cálculo das temperaturas. Para elementos com proteção contra incêndio a


88elevação da temperatura, em graus Celsius, é dada pela expressão (EN 1993-1-2:2005;ABNT NBR 14323:1999)com∆θλ( u / A) ( θg,t− θa,t)ξ /10( e − ) ∆θg,tm ma,t=∆t− 1tmcaρa1+ ξ / 3(4.1.2)cmρmξ = tm( um/ A)(4.1.3)c ρaaon<strong>de</strong>u m/ A é o fator <strong>de</strong> massivida<strong>de</strong> para elementos estruturais envolvidos pormaterial <strong>de</strong> proteção contra incêndio;umé a área apropriada do material por unida<strong>de</strong> <strong>de</strong>comprimento do elemento estrutural, ou simplesmente, o perímetro apropriado domaterial <strong>de</strong> proteção contra incêndio,contra incêndio; tmé a espessura do material,t, λmé a condutivida<strong>de</strong> térmica ecmé o calor específico do material <strong>de</strong> proteçãoθg, té a temperatura dos gases no tempoρmé a massa específica do material <strong>de</strong> proteçãocontra incêndio. Na expressão 4.1.3, ∆ θ a≥ 0 se ∆ θ g≥ 0 . Essa consi<strong>de</strong>ração é feita,tporque o segundo termo da expressão po<strong>de</strong> levar a uma diminuição da temperatura do<strong>aço</strong> nos primeiros estágios <strong>de</strong> aumento da temperatura dos gases no incêndio.A limitação <strong>de</strong>,t∆ t na solução das expressões 4.1.2 e 4.1.3 está associada àutilização <strong>de</strong> um algoritmo <strong>de</strong> integração explícita da expressão. Algoritmos implícitospo<strong>de</strong>m ser utilizados com maiores valores <strong>de</strong>∆ t , porém, com computadores cada vezmais mo<strong>de</strong>rnos, o tempo <strong>de</strong> processamento não é um problema (Franssen e Zaharia,2006).Com relação às expressões 4.1.2 e 4.1.3, algumas observações po<strong>de</strong>m ser feitas:- a expressão 4.1.1 da elevação <strong>de</strong> temperatura para o <strong>aço</strong> sem proteção resolveexatamente a equação <strong>de</strong> transferência <strong>de</strong> calor em meios sólidos. Po<strong>de</strong>-se notar que aexpressão consi<strong>de</strong>ra a transferência <strong>de</strong> calor nos contornos, tendo os resultadosinfluenciados pela emissivida<strong>de</strong> relativa e coeficiente <strong>de</strong> convecção consi<strong>de</strong>rados;- a expressão 4.1.3 <strong>de</strong> elevação <strong>de</strong> temperatura do <strong>aço</strong> com proteção, é <strong>de</strong>senvolvida apartir <strong>de</strong> várias simplificações e apresenta um coeficiente exponencial para correção.Nota-se que a emissivida<strong>de</strong> relativa e o coeficiente <strong>de</strong> convecção são fatores que nãoentram na expressão. Segundo Franssen e Zaharia (2006), as proprieda<strong>de</strong>s do material<strong>de</strong> proteção que são utilizadas na expressão <strong>de</strong> elevação <strong>de</strong> temperatura <strong>de</strong>vem ser


89<strong>de</strong>terminadas experimentalmente segundo a norma ENV 13381-4:2002. De acordo comessa norma, vários elementos, com diversos fatores <strong>de</strong> massivida<strong>de</strong> e espessuras <strong>de</strong>material <strong>de</strong> proteção <strong>de</strong>vem ser expostos ao incêndio-padrão. A condutivida<strong>de</strong> térmica écalculada com o inverso da expressão <strong>de</strong> elevação <strong>de</strong> temperatura usando astemperaturas medidas no ensaio. A massa específica e o calor específico <strong>de</strong>vem serfornecidos pelo fabricante do produto (se o calor específico não é conhecido, um valor<strong>de</strong> 1000 J/kgºC po<strong>de</strong> ser assumido). Dessa forma, as proprieda<strong>de</strong>s térmicas<strong>de</strong>terminadas segundo a ENV 13381-4:2002 são aplicáveis somente ao tipo <strong>de</strong> seçãoensaiado, por exemplo, I ou H, sendo possível a necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> ajustes para aplicaçãodo produto em seções U ou T e seções tubulares. Portanto, nota-se que a condutivida<strong>de</strong>térmica, obtida <strong>de</strong>ssa forma, inclui fatores como tipo <strong>de</strong> seção, umida<strong>de</strong> da proteção,efeitos das várias reações químicas que ocorrem nos materiais <strong>de</strong> proteção, po<strong>de</strong>ndoabsorver calor e retardando a elevação da temperatura nos elementos protegidos e oefeito <strong>de</strong> sombra (shadow effect), que modifica a transferência <strong>de</strong> calor por radiação empontos menos expostos da seção. Logo, é extremamente importante que as hipótesesfeitas para obtenção da condutivida<strong>de</strong> térmica do material, obtida da expressão <strong>de</strong>elevação <strong>de</strong> temperatura, sejam consistentes com as hipóteses feitas ao se analisar osresultados experimentais utilizados para <strong>de</strong>rivação <strong>de</strong>sta condutivida<strong>de</strong>;- Franssen e Zaharia (2006) atentam que têm sido aceitáveis algumas discrepânciasentre os resultados <strong>de</strong> um mo<strong>de</strong>lo avançado (elementos finitos ou diferenças finitas) e<strong>de</strong> mo<strong>de</strong>los simplificados (expressões <strong>de</strong> norma) <strong>de</strong>vido às aproximações esimplificações introduzidas nos últimos. Normalmente, acredita-se que a introdução <strong>de</strong>aproximações e simplificações seja a favor da segurança. Porém, se um mo<strong>de</strong>loavançado <strong>de</strong> cálculo é utilizado, em seções I ou H, por exemplo, as temperaturasobtidas, em geral, são maiores do que as obtidas pelos mo<strong>de</strong>los simplificados. Isto écontra o princípio usualmente aceito <strong>de</strong> que mo<strong>de</strong>los simplificados sejam conservadorescomparados com mo<strong>de</strong>los mais avançados. Franssen e Zaharia (2006) indicam autilização <strong>de</strong> fatores para levar em conta o efeito <strong>de</strong> sombra. Deve-se mencionar que oEN 1991-1-2:2002 utiliza para emissivida<strong>de</strong> relativa um valor <strong>de</strong> 0,8, bem superior aodo PR NBR 14323:2003, que utiliza 0,5, portanto, esse efeito já foi em parteconsi<strong>de</strong>rado nas analises realizadas segundo o PR NBR 14323:2003.


904.2 CONDUÇÃO DE CALOR E SUAS CONDIÇÕES DE CONTORNOTrês são os mecanismos básicos <strong>de</strong> transferência <strong>de</strong> calor: condução, convecção, eradiação. Na condução, o calor é transferido a nível molecular sem qualquer movimento<strong>de</strong> porções macroscópicas da matéria. Em geral, os elementos submetidos àtransferência <strong>de</strong> calor por condução têm como condições <strong>de</strong> contorno transferências <strong>de</strong>calor por convecção e radiação (figura 4.1.1).A convecção se refere à transferência <strong>de</strong> calor na interface entre um fluido e assuperfícies <strong>de</strong> um sólido. A transferência é <strong>de</strong>vida ao movimento do fluído, o qual po<strong>de</strong>ser originado por uma força externa, in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>nte dos gradientes térmicos, causando oque se chama <strong>de</strong> convecção forçada. Em um compartimento incendiado têm-secorrentes <strong>de</strong> convecção <strong>de</strong> direções aleatórias e altas velocida<strong>de</strong>s <strong>de</strong>vido ao aumento <strong>de</strong>volume proporcionado pela combustão, configurando uma convecção forçada. Aconvecção também po<strong>de</strong> ser <strong>de</strong>vida ao gradiente <strong>de</strong> temperaturas no fluído, causando achamada convecção natural.A radiação é a transferência <strong>de</strong> calor através <strong>de</strong> ondas eletromagnéticas quepo<strong>de</strong>m ser absorvidas, transmitidas ou refletidas pelas superfícies. Diferentemente dacondução e da convecção, a radiação não necessita <strong>de</strong> um meio entre a fonte <strong>de</strong> calor e oreceptor.Somente em casos simples é possível encontrar soluções analíticas para oproblema da transferência <strong>de</strong> calor. Portanto, em <strong>análise</strong>s em situação <strong>de</strong> incêndio, osproblemas <strong>de</strong> transferência <strong>de</strong> calor são tratados experimentalmente ou numericamente.A condução <strong>de</strong> calor em meios sólidos e em três dimensões é governada pelaequação diferencial∂ ⎛⎜λ∂x⎝x∂θ ⎞ ∂ ⎛⎟ + ⎜λ∂x⎠ ∂y⎝y∂θ ⎞ ∂ ⎛⎟ + ⎜λ∂y⎠ ∂z⎝on<strong>de</strong> ψ& é a taxa <strong>de</strong> calor interno gerado,z∂θ ⎞ ∂θ⎟ + ψ & = ρc(4.2.1)∂z⎠ ∂tλx,λyeλzsão as condutivida<strong>de</strong>s térmicasnas direções x, y e z, respectivamente, c é o calor específico, ρ é a <strong>de</strong>nsida<strong>de</strong> domaterial, ( x, y,z,t)θ é o campo <strong>de</strong> temperaturas e t o tempo.Reescrevendo-se os termos da expressão 4.2.1, consi<strong>de</strong>rando-se a condutivida<strong>de</strong>térmica λ igual nas direções x, y e z, tem-se, em um domínio Ω , a expressão


91T∂θ∇ λ∇θ + ψ & = ρc. (4.2.2)∂tO campo <strong>de</strong> temperaturas que satisfaz a expressão 4.2.2 <strong>de</strong> condução <strong>de</strong> calor nodomínio Ω <strong>de</strong>ve satisfazer certas condições <strong>de</strong> contorno, que po<strong>de</strong>m ser: temperaturasprescritas numa parte Γθdo contorno; fluxo <strong>de</strong> calor prescritotransmissão <strong>de</strong> calor por convecção entre uma partetemperatura θg, dado porcc( θ − θ )gϕpnuma outra parteΓϕ p;Γϕà temperatura θ , e o fluído àcϕ = α , (4.2.3)on<strong>de</strong>αcé o coeficiente <strong>de</strong> transmissão <strong>de</strong> calor por convecção; transmissão <strong>de</strong> calorpor radiação no contornoon<strong>de</strong>ϕϕrr= ε= εresresΓϕà temperatura θ , dado porr4 4( − θg)4 4( − θ ) = ε2 2β( θ + θ )( θ + θ )( θ − θ ) = α ( θ − θ )β θβ θgresgggrg,(4.2.4a)(4.2.4b)εresé a emissivida<strong>de</strong> resultante da superfície, β é a constante <strong>de</strong>2 2proporcionalida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Stefan-Boltzmann, e = ε β( θ + θ )( θ + θ )α é o coeficiente <strong>de</strong>transmissão <strong>de</strong> calor por radiação. No caso da transferência <strong>de</strong> calor no contorno seprocessar simultaneamente por convecção e por radiação, po<strong>de</strong>-se escreveron<strong>de</strong>crcrcrres( θ − θ ) + α ( θ − θ ) = α ( θ − θ )ϕ = ϕ + ϕ = α, (4.2.5)grgα = α + α é o coeficiente <strong>de</strong> transmissão <strong>de</strong> calor por convecção e radiação.crcrOs coeficientes e constantes envolvidos na transmissão <strong>de</strong> calor por convecção eradiação po<strong>de</strong>m ser encontrados em especificações <strong>de</strong> projeto (ABNT NBR14323:1999; EN 1991-1-2:2002). As condições <strong>de</strong> contorno com fluxo prescrito(convecção ou radiação) são chamadas <strong>de</strong> condições naturais. Quando se têmtemperaturas prescritas, as condições <strong>de</strong> contorno são essenciais.Existem vários mo<strong>de</strong>los numéricos para avaliação da elevação da temperatura emelementos estruturais <strong>de</strong> <strong>aço</strong>, <strong>concreto</strong> e outros materiais. As possibilida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> soluçãodos sistemas <strong>de</strong> equações diferenciais que representam o problema <strong>de</strong> transferência <strong>de</strong>calor também po<strong>de</strong>m variar entre métodos como diferenças finitas ou elementos finitos,além <strong>de</strong> outros. Milke (2002) e Rockett e Milke (2002) apresentam uma revisão sobreos vários mo<strong>de</strong>los e programas <strong>de</strong>senvolvidos. Entre os programas encontrados nacrggg


92literatura, po<strong>de</strong>-se citar o FIRES-T3, TASEF-2, SAFIR e SUPER-TEMPCALC, além<strong>de</strong> outros <strong>de</strong>senvolvidos especificamente para avaliar a elevação <strong>de</strong> temperatura emelementos estruturais <strong>de</strong> <strong>aço</strong> em situação <strong>de</strong> incêndio (Milke, 2002).A seguir, apresentam-se dois mo<strong>de</strong>los numéricos utilizados neste trabalho. Ummo<strong>de</strong>lo implementado que tem por base o método das diferenças finitas e outro<strong>de</strong>senvolvido com base no método dos elementos finitos. No mo<strong>de</strong>lo <strong>de</strong> elementosfinitos também foi implementada a possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> <strong>análise</strong> <strong>de</strong> transferência <strong>de</strong> calor porradiação.4.3 MODELO NUMÉRICO PARA CONDUÇÃO DE CALOR COM BASE NOMÉTODO DAS DIFERENÇAS FINITASApresenta-se a formulação encontrada em Blomberg (1996), on<strong>de</strong> o campo <strong>de</strong>temperaturas, aproximado por valores em pontos discretos que formam uma malha, éconsi<strong>de</strong>rado em consecutivos passos <strong>de</strong> tempo, caracterizando um método explícito(Incropera e Witt, 1992). Um método implícito também po<strong>de</strong> ser adotado, porém nãoserá aqui apresentado (Incropera e Witt, 1992; Zienkiewicz e Morgan, 1983).Blomberg (1996) apresenta a formulação a seguir como uma aplicação do métododas diferenças finitas, porém, como será visto, esta não tem por base a expansão daexpressão 4.2.1 via série <strong>de</strong> Taylor. Patankar (1980) apresenta essa mesma formulaçãocomo uma aplicação do método dos volumes <strong>de</strong> controle.dimensõesDiscretizando-se um corpo bidimensional em elementos retangulares ( , j)xii <strong>de</strong>∆ e ∆ yj, largura e altura respectivamente, tem-se a malha mostrada nafigura 4.3.1. A temperatura no centro <strong>de</strong> cada elemento ( , j)consi<strong>de</strong>rado é dada porθi, j.i para o passo <strong>de</strong> tempoO acoplamento térmico entre os elementos da malha é dado pelas condutânciastérmicas. A figura 4.3.2 mostra a notação dos índices para as condutâncias.


93Figura 4.3.1 Índices dos elementos na malha.A condutância por unida<strong>de</strong> <strong>de</strong> comprimento perpendicular ao plano xy (figuras4.3.1 e 4.3.2) entre dois elementos ( i − 1, j)e ( , j)i é dada poron<strong>de</strong>k∆yj1 =i−, j ∆x2 i − 1 / i − 1, j i 2i, j( 2λ) + ∆x/( λ )λ é a condutivida<strong>de</strong> térmica do elemento ( i , j)i, j(4.3.1). A condutância dada pelaexpressão 4.3.1 se refere ao calor total transferido através do lado∆ yjpor unida<strong>de</strong> <strong>de</strong>comprimento. O primeiro termo no <strong>de</strong>nominador é a resistência térmica na direção x aolongo da meta<strong>de</strong> do elemento ( 1, j)i − .Figura 4.3.2 Condutâncias térmicas entre o elemento ( , j)i e os elementos adjacentes.


94Para elementos no contorno, figura 4.3.4, a condutânciak é calculada como1,2jk1, j2∆y= (4.3.2)∆x( 2λ)j1 /1, jA figura 4.3.3 mostra os quatro fluxos <strong>de</strong> calor associados ao elemento ( i , j). Ofluxo <strong>de</strong> calor através do contorno esquerdo,q1= k1 i − 1, ji−,j i−,j2 2( θ − θ )i, j.q1i−, j2, é dado por(4.3.3)Figura 4.3.3 Fluxos <strong>de</strong> calor no elemento ( , j)i .O fluxo <strong>de</strong> calor através do contorno inferior,q( θ − θ )1= k1 i,j − 1i, j−i,j−2 2i, j.q1i, j−2, é dado por(4.3.4)O fluxo <strong>de</strong> calor através <strong>de</strong> elementos no contorno é <strong>de</strong>terminado por condições<strong>de</strong> contorno como radiação e convecção. Consi<strong>de</strong>rando, por exemplo, o elemento ( 1 , j)da figura 4.3.4, se o fluxo <strong>de</strong> calor ϕ é prescrito, o fluxo <strong>de</strong> calor por unida<strong>de</strong> <strong>de</strong>comprimento perpendicular ao plano xy éq( t) ∆j1ϕ y,j2= .(4.3.5)


95A capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> calor do elemento por unida<strong>de</strong> <strong>de</strong> comprimento perpendicular aoplano xy é dada porelemento ( , j)material.cvi,j∆ xi∆yj, on<strong>de</strong> cvi,jρi,jci,j= é a capacida<strong>de</strong> volumétrica doi obtida pela multiplicação da massa específica pelo calor específico dotempoFigura 4.3.4 Fluxo <strong>de</strong> calorq para um elemento no contorno.1,2jO aumento <strong>de</strong> energia em um elemento interno, figura 4.3.3, durante um passo <strong>de</strong>∆ t , é dado pela expressão <strong>de</strong> balanço <strong>de</strong> energiaon<strong>de</strong>cvi,ji, j∆x∆yijn( θ − θ ) = ⎜q− q + q − q ∆ti,ji, j⎛⎜⎝1i−,j21i+,j21i, j−2θ é a temperatura anterior do elemento ( i , j)1i,j+2, e⎞⎟⎠, (4.3.6)nθi,jé a nova temperatura após opasso <strong>de</strong> tempo∆ t .Tem-se, então, a expressão final para as novas temperaturas⎛⎞n∆tθ⎜⎟i,j= θi,j+q1− q1+ q1− q1∆ ∆ i−,j i+, j i, j−i,j+. (4.3.7)cvi, jxiyj ⎝ 2 22 2 ⎠O passo <strong>de</strong> tempocritério <strong>de</strong> estabilida<strong>de</strong>1i−, j21i+, j2∆ t para o elemento ( i , j)é <strong>de</strong>terminado a partir do seguintecvi, j∆xi∆yj∆ t


96A expressão 4.3.7 dá a nova temperatura com base na mudança <strong>de</strong> energia duranteo passo <strong>de</strong> tempo∆ t . Esse cálculo é realizado para todos os elementos. As novastemperaturas dão os novos fluxos <strong>de</strong> calor entre os elementos segundo as expressões4.3.4 e 4.3.5, que serão utilizados na obtenção das próximas temperaturas, e assim pordiante.Segundo Zienkiewicz e Morgan (1983) a mesma <strong>de</strong>rivação por diferenças finitaspo<strong>de</strong> ser obtida a partir do método dos resíduos pon<strong>de</strong>rados, sendo o procedimento pordiferenças finitas um caso particular do método dos elementos finitos com funções <strong>de</strong>interpolação específicas. Essas observações motivaram o <strong>de</strong>senvolvimento do mo<strong>de</strong>lo<strong>de</strong> elementos finitos apresentado a seguir.4.4 MODELO NUMÉRICO PARA CONDUÇÃO DE CALOR COM BASE NOMÉTODO DOS ELEMENTOS FINITOSO <strong>de</strong>senvolvimento e aplicação do método dos elementos finitos à condução <strong>de</strong>calor em meios sólidos po<strong>de</strong>m ser vistos em livros-texto como os <strong>de</strong> Zienkiewicz eMorgan (1983), Bathe (1996) e Cook et al. (2002).Aplicando-se à expressão 4.2.2 e às suas condições <strong>de</strong> contorno, o método dosresíduos pon<strong>de</strong>rados, utilizando-se elementos finitoseΩ para discretizar o domínio Ω ,o teorema <strong>de</strong> Green e o método <strong>de</strong> Galerkin, obtém-se, o seguinte sistema <strong>de</strong> equaçõesdiferenciais (Vila Real, 1988)on<strong>de</strong>Kθ + Cθ & = F(4.4.1)Eee∑ ∫ ∇Nlλ∇NmdΩ+ ∑ ∫ αcrNlNmdΓϕ= ΓKl m= Klm,1+ Klm,2=cr(4.4.2)Ee∑ ∫ρcNlNmdΩe= 1 Ωee= 1 Ωee 1 eϕcrCl m=(4.4.3)EQHeee∑ ∫ NlψdΩ−∑ ∫ NlϕpdΓϕ+ ∑ ∫ N αcrθgΓpldϕcre= 1 Ωee= 1 Γee= 1ϕΓepϕcrFl = &(4.4.4)H


97sendo E o numero total <strong>de</strong> elementos que discretizam o domínio sólido analisado, Q onúmero <strong>de</strong> elementos com contorno do tipoΓϕ p, H o número <strong>de</strong> elementos comcontorno do tipoΓϕe Ncr leNmsão funções <strong>de</strong> forma habituais.A expressão 4.4.1 resulta apenas da discretização do domínio, representando umsistema <strong>de</strong> equações que po<strong>de</strong> ser resolvido por métodos numéricos. A solução pormétodos numéricos requer a discretização no tempo. Para essa discretização po<strong>de</strong>-seutilizar uma aplicação do método das diferenças finitas, que tem por base: a expressão4.4.1 é satisfeita apenas em pontos discretos tn+ δ<strong>de</strong> cada intervalo <strong>de</strong> tempo ∆ t em queo tempo foi discretizado, sendo 0 ≤ δ ≤ 1; as temperaturas variam linearmente ao longodo intervalo <strong>de</strong> tempoNo instante∆ t , <strong>de</strong>s<strong>de</strong> o instante tnatétn+ δ= tn+ δ∆t,( θ − θ )t= t+ ∆tn+ 1 n.δ∆tn+1 nθn+δ= θn+com 0 ≤ δ ≤ 1. (4.4.5)∆tSegundo a hipótese <strong>de</strong> que as temperaturas variam linearmente ao longo dointervalo <strong>de</strong> tempoθn∂t1−∆t∆ t ,∂ + δθnθ+ n=. (4.4.6)Substituindo as expressões 4.4.5 e 4.4.6 na expressão 4.4.1, chega-se na fórmula<strong>de</strong> recorrência,on<strong>de</strong>eK ˆ θ Fˆ, para 0 < δ ≤1, (4.4.7)n + δ n +δ= n +δ1K ˆn+δ= Kn+δ+ Cn+δ(4.4.8)δ∆tFˆn+δ1= Fn+δ+ Cn+δθn. (4.4.9)δ∆tResolvido o sistema <strong>de</strong> equações 4.4.7, paraθn+ δno instante tn+ δ, o valor <strong>de</strong> θno final do intervalo <strong>de</strong> tempo∆ t , ou seja, no instante tn + 1é dado por1 ⎛ 1 ⎞θn+ 1= θn+δ+ ⎜1−⎟θn, (4.4.10)δ ⎝ δ ⎠


98sendo essas as condições iniciais quando se avança para o intervalo <strong>de</strong> tempo seguinte.Fazendo-se variar o parâmetro δ , obtêm-se vários esquemas <strong>de</strong> integração no tempo,sendo os mais usuais δ =1/ 2 , δ = 2/ 3 e δ = 1 correspon<strong>de</strong>ntes respectivamente aosesquemas implícitos <strong>de</strong> Crank-Nicolson, Galerkin e Euler Backward (Zienkiewicz eMorgan, 1983). Para δ = 0 , tem-se o esquema explícito <strong>de</strong> Euler.Segundo Hughes (1977), o algoritmo apresentado nas expressões 4.4.7 a 4.4.10tem os mesmos critérios <strong>de</strong> estabilida<strong>de</strong>, quer se trate <strong>de</strong> problemas lineares ou nãolineares,sendo incondicionalmente estáveis quando δ ≥1/ 2. Para δ = 0 o intervalo <strong>de</strong>tempo∆ t <strong>de</strong>ve ser limitado para garantir a estabilida<strong>de</strong> da solução.Em problemas não-lineares, em que as proprieda<strong>de</strong>s térmicas do material<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>m da temperatura, o sistema <strong>de</strong> equações 4.4.1 po<strong>de</strong> ser escrito na forma( θ, t) θ( t) + C( θ,t) θ( t) = F( θ,t)K & . (4.4.11)Não há um método geral para resolver esse sistema não-linear <strong>de</strong> equações, noentanto existem várias soluções <strong>numérica</strong>s com base essencialmente em uma integraçãolinear no tempo e utilizando processos iterativos, (Hughes, 1977; Zienkiewicz eMorgan, 1983; Vila Real, 1988).Nos trabalhos <strong>de</strong> Vila Real (1988) e Ribeiro (2004) foram implementados ométodo iterativo simples. Neste método, a solução anterior é utilizada para obter asolução atual (Zienkiewicz, 1977; Owen e Hinton, 1980). Logo, a partir da expressão4.4.7, tem-sei−1i[ Kˆ] ˆθ (4.4.12)i+1n+ δ=n+δFn+δon<strong>de</strong>K ein+δF são calculados a partir <strong>de</strong>in+δθin+δ. Sendo o processo convergente, então,quando o número <strong>de</strong> iterações i ten<strong>de</strong> para o infinito,θ ten<strong>de</strong> para a soluçãoverda<strong>de</strong>ira. A convergência é verificada a partir <strong>de</strong> algum critério <strong>de</strong> parada dado, porexemplo, pela comparação da norma da diferença entre os valores da iteração i + 1 e osvalores da iteração i com uma tolerância, tol, em °C, logoi+1 iθ − θ ≤ tol . (4.4.13)A partir do mo<strong>de</strong>lo <strong>de</strong> elementos finitos apresentado acima, foi <strong>de</strong>senvolvido ummo<strong>de</strong>lo com o objetivo <strong>de</strong> diminuir o tempo <strong>de</strong> solução do problema via elementosfinitos. A partir das primeiras <strong>análise</strong>s realizadas utilizando o método das diferençasfinitas e comparando com o mo<strong>de</strong>lo acima, observou-se que as <strong>análise</strong>s via diferençasin+δ


99finitas têm tempo <strong>de</strong> processamento muito menor. Observando as simplificações dométodo das diferenças finitas e a partir <strong>de</strong> observações feitas por Bathe (1996) e Cook etal. (2002), <strong>de</strong>senvolveu-se um mo<strong>de</strong>lo <strong>de</strong> elementos finitos com base em umaintegração explícita no tempo, o que levou a tempos <strong>de</strong> processamento próximos aoobservados nas <strong>análise</strong>s via diferenças finitas. A vantagem em relação às <strong>análise</strong>s viadiferenças finitas é a possibilida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> mo<strong>de</strong>lar contornos irregulares.Consi<strong>de</strong>rando o esquema explícito <strong>de</strong> integração no tempo <strong>de</strong> Euler, δ = 0 , naexpressão 4.4.5, tem-see logoθn+ δ= θ n(4.4.14)∂θn∂t∂=∂t+ δθn∂ θnθn1−=θ +∂t∆t. Portanto, da expressão 4.4.6,n. (4.4.15)Substituindo as expressões 4.4.14 e 4.4.15 na expressão 4.4.11, tem-seθn+1− θnKθn+ C = F(4.4.16)∆tque po<strong>de</strong> ser reescrita como( F − ) ∆tθ . (4.4.17)−1n+ 1= θn+ C KθnPo<strong>de</strong>-se notar a semelhança da expressão 4.4.17 com a expressão 4.3.7 obtida pelaaplicação do método das diferenças finitas.Na implementação computacional, são consi<strong>de</strong>rados elementos retangulares etriangulares. A matriz <strong>de</strong> condutivida<strong>de</strong> térmica, formada pelos coeficientes K l m, 1(primeiro termo da matriz K , expressão 4.4.2), para os elementos retangulares é obtidaa partir da integração consi<strong>de</strong>rando quatro pontos <strong>de</strong> Gauss e três pontos para oselementos triangulares. Também, foi proposto para a integração do termo K l m, 1, que acondutivida<strong>de</strong> térmica seja avaliada para a temperatura média no elemento (média dastemperaturas dos nós do elemento). Dessa forma, po<strong>de</strong>-se escrever o primeiro termo damatriz <strong>de</strong> condutivida<strong>de</strong> térmica,ouEe∑ ∫∇Nl∇NmdΩe= 1 ΩeKl= λ, (4.4.18)m,1


100Klm,1= λk(4.4.19)lm,1on<strong>de</strong> os coeficientes <strong>de</strong> condutivida<strong>de</strong> térmicaEe∑ ∫∇Nl∇NmdΩe= 1 Ωekl=(4.4.20)m,1são avaliados apenas no início do cálculo. Posteriormente apenas a condutivida<strong>de</strong>térmica λ é atualizada. O segundo termo da expressão 4.4.2, K l m, 2, é consi<strong>de</strong>radojuntamente com o vetor F , avaliados a partir da contribuição dos contornos doselementos sujeitos a convecção e radiação, sendo consi<strong>de</strong>rado a partir do comprimentodo lado do elemento dividido por dois (nó inicial e final <strong>de</strong> uma linha que é um doslados do elemento).A matriz <strong>de</strong> calor específico C é diagonalizada consi<strong>de</strong>rando o domínio <strong>de</strong>contribuição <strong>de</strong> cada elemento igual à área do elemento dividida pelo número <strong>de</strong> nós doelemento. O calor e massa específica <strong>de</strong> contribuição <strong>de</strong> cada elemento para o nó sãoavaliados a partir das temperaturas do nó.Com a diagonalização da matriz <strong>de</strong> calor específico a sua inversão é simples (oelemento da diagonal da matriz inversamatriz C ).−1C é igual à unida<strong>de</strong> sobre o elemento daCom a consi<strong>de</strong>ração da condutivida<strong>de</strong> térmica em função da temperatura média noelemento, proposta neste trabalho, e a utilização da expressão 4.4.17 que dispensa anecessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> métodos <strong>de</strong> solução <strong>de</strong> sistemas <strong>de</strong> equações, o tempo <strong>de</strong> processamentose tornou bem reduzido. Também, como será mostrado no item seguinte, o métodoexplícito torna mais simples a consi<strong>de</strong>ração da transferência <strong>de</strong> calor por radiação.Sendo o mo<strong>de</strong>lo com base em uma integração explícita no tempo, um critério <strong>de</strong>estabilida<strong>de</strong> <strong>de</strong>ve ser adotado. Com base na expressão 4.3.8, consi<strong>de</strong>rando( cρΩ)∆ x ≈ ∆y,∆t < e, para todo elemento e, (4.4.21)4fλon<strong>de</strong> f é um fator calibrado a partir <strong>de</strong> resultados numéricos com objetivo <strong>de</strong> garantir aestabilida<strong>de</strong> e convergência da solução. Esse fator vem sendo tomado igual a 1,5.


1014.5 MODELO NUMÉRICO PARA RADIAÇÃO DE CALOREste item apresenta as consi<strong>de</strong>rações feitas na implementação da transferência <strong>de</strong>calor por radiação no mo<strong>de</strong>lo <strong>de</strong> elementos finitos <strong>de</strong>senvolvido.Consi<strong>de</strong>re dois planos infinitos com temperaturas uniformes, θ1para o plano 1 eθ2para o plano 2, e imagine que esses são corpos negros i<strong>de</strong>ais (corpos com absorção eradiação perfeitas). Dessa forma, o plano <strong>de</strong> temperatura θ1absorve um fluxo <strong>de</strong> calor4βθ2e irradia um fluxo <strong>de</strong> calor4βθ1, on<strong>de</strong> β é a constante <strong>de</strong> Stefan-Boltzmann e astemperaturas são dadas em Kelvin. Portanto, os fluxos <strong>de</strong> calor totais nas superfícies <strong>de</strong>temperaturas θ1e θ2são, respectivamente,4 44 4ϕ = β( θ − ) e = β( θ − )1 2θ1ϕ . (4.5.1)2 1θ2Se os planos não são corpos negros, a radiação e absorção <strong>de</strong>stes sãocaracterizadas pela emissivida<strong>de</strong> ε1e ε2, logo,( 1/ ε ) + ( 1/ ε )124 4( θ − θ )βϕ1=2 1e−1β4 4( θ − θ )ϕ2=1 2 (4.5.2)( 1/ ε1) + ( 1/ ε2) −1que se reduzem à expressão 4.5.1 se ε = ε 1. Porém, as superfícies po<strong>de</strong>m ser não1 2=paralelas, curvas e finitas. Para avaliar esses fatores geométricos um fator <strong>de</strong> vista(também chamado fator <strong>de</strong> forma, ângulo, configuração ou fator <strong>de</strong> intercepção) é<strong>de</strong>finido. Esse fator é igual à unida<strong>de</strong> para planos infinitos paralelos e zero parasuperfícies que não se “vêem”, como áreas coplanares ou “escondidas” <strong>de</strong> outras poralgum anteparo. Consi<strong>de</strong>re duas áreas infinitesimais dA1e dA2separadas por umadistância s e tendo direções normais v1e v2, figura 4.5.1.v 1α 1dA 1sα 2v 2dA 2cosαcos αdF1 dAπscosα1 21 2→ 2 =22 dF2 → 1 =dA21 dF1 → 2dA1= dF2→1dA2πscosαFigura 4.5.1. Fator <strong>de</strong> vista para um área infinitesimal e relações diferenciais.


102O fator <strong>de</strong> vista incremental dF1→ 2representa a parte do fluxo <strong>de</strong> calor que <strong>de</strong>ixadA1e é interceptada por dA2. Para cálculo <strong>de</strong> transferência <strong>de</strong> calor, gran<strong>de</strong>ssuperfícies po<strong>de</strong>m ser divididas, e fatores <strong>de</strong> vista po<strong>de</strong>m ser consi<strong>de</strong>rados sobresubáreas finitas pequenas A1e A2se suas separações são suficientemente gran<strong>de</strong>s. Em<strong>análise</strong>s por elementos finitos, cada contorno do elemento po<strong>de</strong> ser consi<strong>de</strong>rado comouma subárea, e fatores <strong>de</strong> vista po<strong>de</strong>m ser calculados para cada par <strong>de</strong> subáreas quetrocam radiação.O fluxo <strong>de</strong> calor recebido pela área A1a partir <strong>de</strong> n áreas, suficiente pequenas,po<strong>de</strong> ser escrito comoon<strong>de</strong>ϕF1=n∑i=2( 1/ ε ) + ( 1/ ε )4 4( θ − θ )F βi→1i 1−1, (4.5.3)cosα=1cosαdAi1 ii→ 121. (4.5.4)πsiConsi<strong>de</strong>rando o mo<strong>de</strong>lo <strong>de</strong> transferência <strong>de</strong> calor via elementos finitos comintegração explícita no tempo, os fluxos <strong>de</strong> calor <strong>de</strong>vido à radiação po<strong>de</strong>m ser somadosao vetor F da expressão 4.4.17.Observa-se que a radiação, absorção e reflexão do meio entre as superfíciesradiantes foram <strong>de</strong>sconsi<strong>de</strong>radas. Isso é verda<strong>de</strong> para o ar, mas não para chamas ou arcontendo gases (H 2 O e CO 2 , por exemplo). Neste trabalho esse fato não é importante,pois a intenção é mo<strong>de</strong>lar o comportamento <strong>de</strong> aberturas nas seções transversais <strong>de</strong>elementos estruturais e esp<strong>aço</strong>s entre proteções contra incêndio do tipo caixa.4.6 PROGRAMA ANTRACNos itens 4.3 a 4.5 foram apresentadas a aplicação do método das diferençasfinitas e o <strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong> um mo<strong>de</strong>lo <strong>de</strong> elementos finitos para <strong>análise</strong> datransferência <strong>de</strong> calor por condução em meios sólidos e por radiação.Os mo<strong>de</strong>los foram implementados em um programa <strong>de</strong>nominado ANTRAC(Análise <strong>de</strong> Transferência <strong>de</strong> Calor) que constitui a base (arquivos fontes) da <strong>análise</strong> <strong>de</strong>transferência <strong>de</strong> calor dos <strong>de</strong>mais programas apresentados neste trabalho. O programa


103contém todas as proprieda<strong>de</strong>s dos materiais (<strong>aço</strong>, <strong>concreto</strong> e materiais <strong>de</strong> proteção)como calor específico, massa específica, condutivida<strong>de</strong> térmica, <strong>de</strong>formação térmica erelação tensão-<strong>de</strong>formação.Para as <strong>análise</strong>s pelos mo<strong>de</strong>los apresentados é necessária a discretização dodomínio 2D em diferenças finitas (retângulos regulares) ou em elementos finitosretangulares <strong>de</strong> 4 nós ou triangulares <strong>de</strong> 3 nós. Para este fim e para posteriorvisualização dos resultados o programa GMSH (Geuzaine e Remacle, 2006) versão1.65.0 é utilizado. O programa CSTMI, <strong>de</strong>senvolvido neste trabalho, também po<strong>de</strong> serutilizado para obtenção da distribuição das temperaturas. As principais característicasdo programa CSTMI são apresentadas no capítulo seguinte.4.7 EXEMPLOSNeste item, apresentam-se alguns exemplos dos mo<strong>de</strong>los para <strong>análise</strong> <strong>de</strong>transferência <strong>de</strong> calor <strong>de</strong>senvolvidos neste trabalho.4.7.1 Perfil Laminado com Proteção Tipo ContornoComo primeiro exemplo, comparam-se os resultados obtidos por Ribeiro (2004)utilizando o programa SAFIR e o mo<strong>de</strong>lo <strong>de</strong> diferenças finitas e elementos finitosapresentados, para um perfil I laminado IPE 400 com proteção do tipo contornoconstituída <strong>de</strong> Blaze Shield II, figura 4.7.1. As proprieda<strong>de</strong>s do material <strong>de</strong> proteção sãoapresentadas nas tabelas 4.7.1 e 4.7.2. A massa específica do Blaze Shield II é igual a3240 kg / m . Nas tabelas 4.7.3 e 4.7.4 são apresentados os resultados obtidos das <strong>análise</strong>se segundo o PR NBR 14323:2003.Utilizando o mo<strong>de</strong>lo <strong>de</strong> diferenças finitas, o perfil protegido foi discretizado em1376 elementos. A partir do mo<strong>de</strong>lo <strong>de</strong> elementos finitos, duas <strong>análise</strong>s foram feitas.Uma discretizando com 1032 elementos retangulares e outra com 1020 elementostriangulares. A seção foi exposta ao incêndio-padrão por todos os lados sendo ocoeficiente <strong>de</strong> convecção tomado igual a 25W/m²C e a emissivida<strong>de</strong> resultante igual a0,5 conforme o PR NBR 14323:2003.


104Tabela 4.7.1 Calor específico do Blaze Shield II em função da temperatura.Temperatura Calor específico(°C)(J/kg°C)96 2093104 837150 1675200 1770400 2148482 2303600 2343800 24111093 25121200 2512Tabela 4.7.2 Condutivida<strong>de</strong> térmica do Blaze Shield II em função da temperatura.TemperaturaCondutivida<strong>de</strong>térmica(°C)(W/m°C)100 0,061200 0,080400 0,112482 0,147600 0,1731093 0,208Na <strong>análise</strong> para 30 min <strong>de</strong> exposição ao incêndio, a diferença máxima nas médiasfoi <strong>de</strong> 15% e para 60 min a diferença máxima é <strong>de</strong> 6% indicando que os resultados sãopróximos. Quanto ao tempo <strong>de</strong> processamento, observa-se que as <strong>análise</strong>s segundo opresente trabalho são extremamente mais rápidas em comparação com o SAFIR. Estaobservação está associada ao esquema <strong>de</strong> integração no tempo e às otimizações naobtenção das matrizes <strong>de</strong> condutivida<strong>de</strong> térmica e calor específico propostas nestetrabalho. O programa SAFIR utiliza o método dos elementos finitos com umaintegração implícita no tempo. Em relação à discretização com elementos retangulares etriangulares geradas com o programa GMSH 1.65.0 nota-se que este gera uma malhamais uniforme quando se trabalha com elementos triangulares, o que explica o menortempo <strong>de</strong> processamento em relação à discretização com elementos finitos retangulares.


105(a)(b)(c)(d)Figura 4.7.1 (a) dimensões em mm do perfil IPE 400 e pontos on<strong>de</strong> as temperaturasforam analisadas; (b) temperaturas a 30 min para o perfil discretizado com elementosfinitos retangulares; (c) temperaturas a 60 min para o perfil discretizado com elementosfinitos retangulares; (d) escala <strong>de</strong> temperaturas.


106Tabela 4.7.3 Temperaturas em °C.Temperaturas (°C)TRRF Ponto MDF MEF MEF SAFIR NBR 14323(min) Analisado (retangular) (triangular)A 326 284 289 335 328B 318 275 280 325 32830 C 315 270 275 320 328D 379 315 320 367 328E 393 327 329 383 328Média: 335 286 291 337 328A 618 564 569 579 604B 610 556 558 569 60460 C 608 551 554 565 604D 658 601 601 610 604E 679 611 613 625 604Média: 625 568 571 581 604Tempo <strong>de</strong>Processamento (min) 0,15 1,43 0,15 22 --Nota: A tempertura média foi calculada com base na área <strong>de</strong> influência <strong>de</strong> cada ponto,sendo dada por (2A + 4B + 3C + 2D + E) / 12A partir da expressão 4.1.2 (ABNT NBR 14323:1999) <strong>de</strong>senvolveu-se umaexpressão para o fluxo <strong>de</strong> calor. Por exemplo, conforme a expressão 4.3.5, o fluxo <strong>de</strong>calor em um elemento <strong>de</strong> discretização via diferenças finitas, no contorno, fica⎛ λq =⎜⎝mξ /10( u / u) ∆y⎞⎛θg,t− θa,t⎞ ( e −1)mtm⎟⎜⎠⎝1+ ξ / 3⎟ −⎠∆θg,t∆tcaρa∆x∆y. (4.7.1)on<strong>de</strong> não é necessária a discretização do material <strong>de</strong> proteção. O mesmo po<strong>de</strong> ser feitoem <strong>análise</strong>s via elementos finitos. Na expressão, ( / u)u mé a relação entre o perímetrointerno da proteção contra incêndio e o perímetro da seção. Na tabela 4.7.4 tem-se umacomparação dos resultados das <strong>análise</strong>s com e sem discretização do material <strong>de</strong>proteção.A partir da tabela 4.7.4 observa-se que o método utilizado no qual não se temnecessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> discretizar o material <strong>de</strong> proteção, é bastante a<strong>de</strong>quado e possuisuficiente precisão. Nesse caso foram utilizados somente 318 elementos paradiscretização do perfil. Esse método po<strong>de</strong> ser utilizado para <strong>análise</strong> da transferência <strong>de</strong>calor em seções protegidas com os mais diferentes tipos <strong>de</strong> materiais. Necessita-se,somente, obter uma expressão apropriada para o fluxo <strong>de</strong> calor, que po<strong>de</strong> ser ajustada apartir <strong>de</strong> ensaios experimentais. Essa mesma aproximação po<strong>de</strong> ser utilizada paramo<strong>de</strong>lar proteções do tipo caixa, nesse caso a relação ( / u)u m<strong>de</strong>ve ser diferente <strong>de</strong> 1,0.


107Tabela 4.7.4 Temperaturas obtidas via MDF com e sem discretização do material <strong>de</strong>proteção.Temperaturas (°C)TRRF Ponto MDF MDF NBR 14323(min) Analisado (proteção discretizada) (sem discretizar proteção)A 326 320 328B 318 318 32830 C 315 322 328D 379 365 328E 393 376 328Média: 335 332 328A 618 599 604B 610 597 60460 C 608 601 604D 658 641 604E 679 651 604Média: 625 610 604Tempo <strong>de</strong>Processamento (min)0,15 0,05 --Nota: A tempertura média foi calculada com base na área <strong>de</strong> influência <strong>de</strong> cada ponto,sendo dada por (2A + 4B + 3C + 2D + E) / 124.7.2 Viga <strong>de</strong> Concreto2Ribeiro (2004) analisou uma viga <strong>de</strong> dimensões 160x230 mm , sobreposta porlaje <strong>de</strong> 100mm. A parte superior da laje está submetida ao arrefecimento. Além dosresultados obtidos por Ribeiro (2004), no programa THERSYS, que utiliza elementosfinitos e realiza uma integração implícita no tempo, são apresentados nas tabelas osvalores <strong>de</strong> temperatura segundo as isotermas do EN 1992-1-2:2004.Figura 4.7.2 Viga <strong>de</strong> <strong>concreto</strong> 160x2302mm analisada (Ribeiro, 2004).


108As proprieda<strong>de</strong>s utilizadas nas <strong>análise</strong>s, como a condutivida<strong>de</strong> térmica, calorespecífico e outras, foram tomadas segundo o PR NBR 14323:2003. Observa-se que osresultados obtidos com o mo<strong>de</strong>lo <strong>de</strong> diferenças finitas foram próximos aos obtidos peloTHERSYS, tabela 4.7.5. Nota-se também uma gran<strong>de</strong> diferença nos tempos <strong>de</strong>processamento dos programas. No presente trabalho, toda a seção foi discretizada comum total <strong>de</strong> 4512 elementos. Na <strong>análise</strong> via elementos finitos no THERSYS apenas ameta<strong>de</strong> da seção foi discretizada num total <strong>de</strong> 740 elementos. Devido ao alto ganho <strong>de</strong>tempo a seção po<strong>de</strong> ser mais discretizada e melhorar os resultados.Observa-se que em relação ao Euroco<strong>de</strong> os resultados não são tão próximos. Taldiferença <strong>de</strong>ve estar associada principalmente às proprieda<strong>de</strong>s do <strong>concreto</strong> como acondutivida<strong>de</strong> térmica, calor específico e a umida<strong>de</strong>. Dentro <strong>de</strong>sse contexto, duas<strong>análise</strong>s foram realizadas consi<strong>de</strong>rando as porcentagens <strong>de</strong> umida<strong>de</strong> em relação ao pesodo <strong>concreto</strong> <strong>de</strong> 2% e 4% (Caldas et al., 2005). Nas <strong>análise</strong>s, a seção foi discretizada numtotal <strong>de</strong> 4512 elementos. A umida<strong>de</strong> é consi<strong>de</strong>rada segundo as observações do item2.6.2. A tabela 4.7.6 apresenta os resultados para uma porcentagem <strong>de</strong> umida<strong>de</strong> <strong>de</strong> 2% e4% do peso do <strong>concreto</strong>.Tabela 4.7.5 Temperaturas em °C.Temperaturas (°C)ComparaçãoTRRF Ponto MDF THERSYS EUROCODE MDF/THERSYS MDF/EUROCODE(min) AnalisadoA 101 100 -- 1,01 --B 179 170 130 1,05 1,3830 C 315 299 255 1,05 1,24D 559 532 490 1,05 1,14E 813 813 820 1,00 0,99Média: 1,03 1,19A 279 280 -- 1,00 --B 402 385 330 1,04 1,2260 C 559 536 470 1,04 1,19D 781 755 740 1,03 1,06E 937 938 939 1,00 1,00Média: 1,02 1,12Tempo Processamento (min) 0,4 4,0


109Tabela 4.7.6 Comparação das temperaturas obtidas, para a seção da viga discretizadaem 4512 elementos e umida<strong>de</strong> do <strong>concreto</strong> igual a 2% e 4%.Temperaturas (°C)ComparaçãoTRRF Ponto MDF MDF EUROCODE MDF/THERSYS MDF/EUROCODE(min) Analisado Umida<strong>de</strong> 2% Umida<strong>de</strong> 4%A 91 83 -- -- --B 142 121 130 1,09 0,9330 C 289 264 255 1,13 1,04D 547 534 490 1,12 1,09E 812 811 820 0,99 0,99Média: 1,08 1,01A 259 215 -- -- --B 377 351 330 1,14 1,0660 C 542 526 470 1,15 1,12D 775 769 740 1,05 1,04E 936 936 939 1,00 1,00Média: 1,08 1,05A partir da consi<strong>de</strong>ração da umida<strong>de</strong> os resultados obtidos se tornam maispróximos dos apresentados pelo EN 1992-1-2:2004. Consi<strong>de</strong>rando uma porcentagem <strong>de</strong>umida<strong>de</strong> igual a 4% do peso do <strong>concreto</strong>, as médias das relações entre os resultados viaMDF e do Euroco<strong>de</strong> diminuem <strong>de</strong> no máximo 1,19 para no máximo 1,08.Deve-se notar que as isotermas apresentadas pelo EN 1992-1-2:2004 foramobtidas consi<strong>de</strong>rando 1,5% <strong>de</strong> umida<strong>de</strong> em peso, limite inferior <strong>de</strong> condutivida<strong>de</strong>,emissivida<strong>de</strong> resultante <strong>de</strong> 0,7 e coeficiente <strong>de</strong> convecção igual a 25W/m²C. Quanto aessas consi<strong>de</strong>rações, o PR NBR 14323:2003 se difere por consi<strong>de</strong>rar uma condutivida<strong>de</strong>térmica igual ao limite superior do Euroco<strong>de</strong> (mais a<strong>de</strong>quada a <strong>estruturas</strong> <strong>mistas</strong>),emissivida<strong>de</strong> relativa igual a 0,5 e valores <strong>de</strong> umida<strong>de</strong> igual a 2%, 4% e 10%.4.7.3 Pilar Misto Quadrado Preenchido com ConcretoNeste exemplo, um pilar misto quadrado preenchido com <strong>concreto</strong> <strong>de</strong> dimensõesexternas 405x405mm 2 com perfil tubular <strong>de</strong> espessura <strong>de</strong> 5mm foi analisado via MDF ecomparado com as isotermas apresentadas no ECCS-TC3 (2001). O pilar foidiscretizado em 7056 elementos, e as temperaturas foram medidas em vários pontos,figura 4.7.3. As proprieda<strong>de</strong>s utilizadas nas <strong>análise</strong>s como a condutivida<strong>de</strong> térmica,calor específico e outras, foram tomadas segundo o PR NBR 14323:2003. Observa-seque os resultados obtidos via MDF estão próximos dos valores do ECCS-TC3 (2001),tabela 4.7.7.


110A B C D E FFigura 4.7.3 Pontos on<strong>de</strong> as temperaturas foram medidas.Tabela 4.7.7 Comparação dos resultados obtidos no CSTMI com o ECCS-TC3 (2001).TRRFTemperatura (ºC)Comparação com CSTMI(min) Ponto CSTMI ECCS-TC3 (2001) ECCS-TC3 (2001)A 20 21 5,0%B 21 - -30 C 25 - -D 50 - -E 162 176 8,6%F 626 606 -3,2%Média 3,5%A 29 21 -27,6%B 35 - -60 C 60 - -D 132 140 6,3%E 318 350 9,9%F 840 847 0,8%Média -2,6%A 61 62 1,6%B 72 82 13,8%90 C 114 110 -3,8%D 213 210 -1,2%E 430 380 -11,5%F 937 944 0,7%Média -0,1%A 107 105 -1,9%B 122 139 13,9%120 C 174 174 -0,1%D 286 300 4,9%E 514 550 7,0%F 996 1001 0,5%Média 4,1%4.7.4 Pilar Misto Circular Preenchido com Concreto


111No trabalho <strong>de</strong> Lie (1994) encontram-se os resultados do ensaio <strong>de</strong> um pilar mistotubular circular com diâmetro externo <strong>de</strong> 273mm e espessura <strong>de</strong> 6,35mm preenchidocom <strong>concreto</strong>. As temperaturas foram medidas na superfície da seção tubular <strong>de</strong> <strong>aço</strong> epara as profundida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> 65 e 130mm no <strong>concreto</strong>. Nas simulações consi<strong>de</strong>rou-se olimite superior <strong>de</strong> condutivida<strong>de</strong> térmica para o <strong>concreto</strong> e <strong>de</strong>mais proprieda<strong>de</strong>s segundoo EN 1992-1-2:2004 para <strong>concreto</strong> com agregados calcários. Uma umida<strong>de</strong> <strong>de</strong> 10% dopeso do <strong>concreto</strong> foi consi<strong>de</strong>rada. A umida<strong>de</strong> <strong>de</strong> 10% também foi adotada por Lie(1994) em seus cálculos. Na discretização da seção foram utilizados 1296 elementosretangulares e as armaduras foram <strong>de</strong>sconsi<strong>de</strong>radas. A figura 4.7.4 apresenta astemperaturas obtidas via MEF para o tempo <strong>de</strong> 60min <strong>de</strong> exposição ao incêndio-padrão.A figura 4.7.5 apresenta as temperaturas obtidas com o mo<strong>de</strong>lo <strong>de</strong> elementos finitos<strong>de</strong>senvolvido e as temperaturas obtidas experimentalmente.Figura 4.7.4 Temperaturas em °C para o tempo <strong>de</strong> 60 min.


112Temperaturas (°C)12001000800600400Presente trabalho (superfície)Presente trabalho (65mm)Presente trabalho (130mm)Ensaio (superfície)Ensaio (65mm)Ensaio (130mm)20000 40 80 120 160 200Tempo <strong>de</strong> incêndio (min)Figura 4.7.5 Comparação das temperaturas.4.7.5 Pilar Misto Totalmente Envolvido com ConcretoHuang et al. (2007) apresentam os resultados <strong>de</strong> <strong>análise</strong>s <strong>numérica</strong>s eexperimentais <strong>de</strong> uma seção I envolvida com <strong>concreto</strong> e exposta ao incêndio. O<strong>concreto</strong> que envolve uma seção <strong>de</strong> <strong>aço</strong> UC 152x152x37 tem 300x300 mm² e contémquatro barras <strong>de</strong> <strong>aço</strong> que não foram consi<strong>de</strong>radas nas <strong>análise</strong>s feitas neste trabalho. Atemperatura dos gases no incêndio tem duas fases ascen<strong>de</strong>ntes a 5°C/min e 8°C/min,respectivamente, figura 4.7.7.As proprieda<strong>de</strong>s dos materiais são consi<strong>de</strong>radas <strong>de</strong> acordo com o EN 1994-1-2:2005 com uma umida<strong>de</strong> <strong>de</strong> 8% do peso do <strong>concreto</strong> (valor utilizado por Huang et al.,2007 em simulações <strong>numérica</strong>s). O limite superior <strong>de</strong> condutivida<strong>de</strong> foi consi<strong>de</strong>rado. Aseção foi discretizada em 1198 elementos finitos retangulares. A figura 4.7.6 apresentaas temperaturas para o tempo <strong>de</strong> 420 min <strong>de</strong> exposição ao incêndio.


113Figura 4.7.6 Temperaturas em °C para o tempo <strong>de</strong> 420min.A figura 4.7.7 apresenta a comparação dos resultados obtidos numericamente eexperimentalmente.800Temperaturas (°C)600400200Temperatua dos gasesPresente trabalhoEnsaio00 60 120 180 240 300 360 420 480Tempo <strong>de</strong> incêndio (min)Figura 4.7.7 Temperaturas dos gases e temperaturas obtidas experimentalmente porHuang et al. (2007) e segundo o presente trabalho, no centro geométrico do perfil <strong>de</strong><strong>aço</strong>.


1144.7.6 Proteção Tipo CaixaNa figura 4.7.8 tem-se um perfil I soldado CVS 300x79 com proteção do tipocaixa constituída por placas <strong>de</strong> vermiculita com 15mm <strong>de</strong> espessura, tabela 4.7.8.Tabela 4.7.8 Proprieda<strong>de</strong>s térmicas das placas <strong>de</strong> vermiculita.Proprieda<strong>de</strong>Massa específicaCalor específicoCondutivida<strong>de</strong>Valor225 kg/m³1200 J/kg°C0,15 W/m°CA elevação <strong>de</strong> temperatura foi obtida segundo o PR NBR 14323:2003 e segundo omo<strong>de</strong>lo <strong>de</strong> elementos finitos apresentado. O problema apresenta inclusive transferência<strong>de</strong> calor por radiação nos esp<strong>aço</strong>s entre a proteção e o perfil, sendo apresentado com oobjetivo <strong>de</strong> validar os <strong>de</strong>senvolvimentos com relação à mo<strong>de</strong>lagem <strong>de</strong>sse tipo <strong>de</strong>transferência <strong>de</strong> calor. Na discretização da seção foram utilizados 500 elementosretangulares. A seção está sujeita ao incêndio-padrão por todos os lados.Figura 4.7.8 Dimensões em mm da seção analisada.


115Figura 4.7.9 Temperaturas para o tempo <strong>de</strong> exposição <strong>de</strong> 90 min.A figura 4.7.9 apresenta as temperaturas para o tempo <strong>de</strong> exposição ao incêndiopadrãopor 90 min. Na figura 4.7.10 estão os resultados obtidos para os pontosmostrados na figura 4.7.8.Temperaturas (°C)80070060050040030020010000 30 60 90 120 150Tempo <strong>de</strong> incêndio (min)Presente trabalho (Ponto A)Presente trabalho (Ponto B)Presente trabalho (Ponto C)NBR 14323:1999Figura 4.7.10 Relação temperatura-tempo em pontos da seção.4.7.7 Seção <strong>de</strong> Aço Tubular CircularUma seção <strong>de</strong> <strong>aço</strong> tubular circular com diâmetro externo <strong>de</strong> 273,1 mm e espessura<strong>de</strong> 6,35 mm foi submetida ao incêndio-padrão. O problema apresenta inclusivetransferência <strong>de</strong> calor por radiação no interior da seção. Na discretização da seção foram


116utilizados 220 elementos retangulares. A figura 4.7.11 apresenta as temperaturas obtidasvia MEF e utilizando o PR NBR 14323:2003.1200Temperaturas (°C)10008006004002000Presente trabalhoNBR 14323:19990 30 60 90 120 150Tempo <strong>de</strong> incêndio (min)Figura 4.7.11 Temperaturas na seção tubular circular.4.8 CONCLUSÕESA partir dos exemplos apresentados, nota-se que o mo<strong>de</strong>lo implementado combase nos métodos das diferenças finitas e o mo<strong>de</strong>lo <strong>de</strong>senvolvido com base emelementos finitos são a<strong>de</strong>quados para obtenção da elevação da temperatura emelementos estruturais <strong>de</strong> <strong>aço</strong> e <strong>concreto</strong>. Outros materiais, como por exemplo, ma<strong>de</strong>iras,po<strong>de</strong>m ser usados <strong>de</strong>s<strong>de</strong> que as proprieda<strong>de</strong>s sejam conhecidas.A capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> realizar <strong>análise</strong>s com radiação e a possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> utilização <strong>de</strong>elementos finitos triangulares ou retangulares tornam os mo<strong>de</strong>los numéricos bastantegenéricos e possibilitam a mo<strong>de</strong>lagem <strong>de</strong> diversas geometrias e condições <strong>de</strong> contorno.As hipóteses propostas neste trabalho, como a integração da matriz <strong>de</strong>condutivida<strong>de</strong> térmica consi<strong>de</strong>rando uma média das temperaturas na obtenção dacondutivida<strong>de</strong> térmica foram a<strong>de</strong>quadas, e juntamente com o método <strong>de</strong> integraçãoexplícito no tempo diminuíram consi<strong>de</strong>ravelmente o tempo <strong>de</strong> processamento emrelação a outros mo<strong>de</strong>los, como o implementado no programa SAFIR (exemplo 4.7.1).


5MODELO PARA SEÇÕES TRANSVERSAISEM SITUAÇÃO DE INCÊNDIOApresenta-se o <strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong> mo<strong>de</strong>los numéricos para <strong>análise</strong> <strong>de</strong> seçõestransversais genéricas em situação <strong>de</strong> incêndio. O texto apresenta um enfoque voltadopara elementos estruturais <strong>de</strong> <strong>concreto</strong> armado <strong>de</strong>vido à necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> <strong>de</strong>finição <strong>de</strong>parâmetros para obtenção da resistência <strong>de</strong> seções compostas por <strong>concreto</strong>.5.1 CONSIDERAÇÕES INICIAIS E INTRODUÇÃONo <strong>de</strong>senvolvimento do algoritmo para obtenção <strong>de</strong> diagramas <strong>de</strong> interação <strong>de</strong>esforços em seções genéricas (item 3.2.2), a principal premissa foi a <strong>de</strong>finição daconfiguração última <strong>de</strong> seções formadas por <strong>concreto</strong>. De forma semelhante, apresentaseneste capítulo a proposta <strong>de</strong> um domínio <strong>de</strong> <strong>de</strong>formação para seções compostas por<strong>concreto</strong> em situação <strong>de</strong> incêndio.Diversos trabalhos encontrados na literatura, alguns citados a seguir, tentamresolver o problema <strong>de</strong> <strong>de</strong>terminação da capacida<strong>de</strong> resistente <strong>de</strong> elementos <strong>de</strong> <strong>concreto</strong>,principalmente pilares. Porém, são limitados ao incêndio-padrão ou condiçõessimétricas <strong>de</strong> exposição ou geometria da seção. Neste capítulo, um novo procedimentopara <strong>análise</strong> <strong>de</strong> seções e exposições genéricas ao incêndio é proposto. Devido à suageneralida<strong>de</strong>, elementos <strong>de</strong> <strong>aço</strong>, <strong>concreto</strong> ou mistos po<strong>de</strong>m ser analisados.O algoritmo para obtenção <strong>de</strong> diagramas <strong>de</strong> interação tem como principalaplicação a obtenção da capacida<strong>de</strong> resistente <strong>de</strong> seções. Para o mo<strong>de</strong>lo <strong>de</strong> elementosfinitos <strong>de</strong> viga apresentado no capítulo 6, a importância <strong>de</strong>ste capítulo está relacionada à


118obtenção dos esforços e rigi<strong>de</strong>zes que aparecem na matriz <strong>de</strong> rigi<strong>de</strong>z e força interna<strong>de</strong>sse elemento.Pelas razões mencionadas, o presente capítulo tem um enfoque voltado paraelementos <strong>de</strong> <strong>concreto</strong>, principalmente pilares, uma vez que a solução <strong>de</strong>ste elementospo<strong>de</strong> ser extendida a vigas e lajes.Em geral, o comportamento <strong>de</strong> <strong>estruturas</strong> <strong>de</strong> <strong>concreto</strong> submetidas ao incêndio ésatisfatório. O <strong>concreto</strong> é um material não combustível e que tem baixa condutivida<strong>de</strong>térmica, protegendo as armaduras ou perfis <strong>de</strong> <strong>aço</strong> envolvidos. Todavia, o spalling éalgumas vezes observado reduzindo a resistência em temperatura elevada,especialmente no caso <strong>de</strong> <strong>concreto</strong>s <strong>de</strong> alta resistência (Kodur e McGrath, 2003).Apesar <strong>de</strong>sse fenômeno, que po<strong>de</strong> ser minimizado com <strong>de</strong>talhes apropriados (EN 1992-1-2:2004), a resistência em situação <strong>de</strong> incêndio <strong>de</strong> <strong>estruturas</strong> <strong>de</strong> <strong>concreto</strong> <strong>de</strong>ve sera<strong>de</strong>quada. Purkis (2006) e Fleischmann e Buchanan (2002) apresentam vários métodospara cálculo da resistência <strong>de</strong> elementos <strong>de</strong> <strong>concreto</strong> em temperatura elevada.As possibilida<strong>de</strong>s para <strong>análise</strong> das <strong>estruturas</strong> <strong>de</strong> <strong>concreto</strong> sob incêndio po<strong>de</strong>m serdivididas em três grupos principais, segundo Franssen e Dotreppe (2003): testesexperimentais, mo<strong>de</strong>lagem <strong>numérica</strong> (métodos avançados <strong>de</strong> cálculo) e métodossimplificados <strong>de</strong> cálculo. Testes experimentais fornecem dados importantes, porém sãocaros e consomem tempo, sendo em geral restritos a ensaios <strong>de</strong> pequenos elementos,não avaliando a continuida<strong>de</strong> ou restrições proporcionadas por uma estrutura completa.Mo<strong>de</strong>lagens <strong>numérica</strong>s são atualmente ferramentas importantes para prever ocomportamento <strong>de</strong> <strong>estruturas</strong> em situação <strong>de</strong> incêndio. O <strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong> métodosnuméricos, dos computadores e o conhecimento das proprieda<strong>de</strong>s do <strong>concreto</strong> e <strong>aço</strong> emtemperatura elevada permitem o <strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong> programas genéricos ouespecializados, capazes <strong>de</strong> realizar <strong>análise</strong>s estruturais em situação <strong>de</strong> incêndio, como oVULCAN (Huang et al., 2003a) e o SAFIR (Franssen, 2005). Todavia, esses programassofisticados não estão sempre à disposição <strong>de</strong> engenheiros e ten<strong>de</strong>m a ser maisutilizados em pesquisas. Métodos simplificados, por outro lado, são apresentados emnormas <strong>de</strong> projeto.As normas européia (EN 1992-1-2:2004), americana (ACI 216R, 1989) ebrasileira (ABNT NBR 15200:2004) indicam o uso <strong>de</strong> métodos <strong>de</strong> cálculo com base emcorrelações experimentais, empíricas e dimensões mínimas (métodos tabulares),


119métodos simplificados e métodos avançados <strong>de</strong> cálculo para <strong>de</strong>terminação da resistênciaem situação <strong>de</strong> incêndio, além <strong>de</strong> testes experimentais. Como a engenharia <strong>de</strong> segurançacontra incêndio avança a partir <strong>de</strong> métodos prescritivos para métodos com base em<strong>de</strong>sempenho, métodos <strong>de</strong> cálculo e mo<strong>de</strong>los computacionais avançados são maisprováveis <strong>de</strong> serem utilizados do que métodos com base em correlações empíricas edimensões mínimas.O mecanismo <strong>de</strong> falha em situação <strong>de</strong> incêndio, para vigas simplesmente apoiadase lajes armadas em uma só direção, é bem conhecido. Devido à redução da resistênciada armadura tracionada em temperatura elevada, o escoamento leva à falha do elementoestrutural. Em pilares <strong>de</strong> <strong>concreto</strong> armado, o mecanismo <strong>de</strong> falha é mais difícil <strong>de</strong> seravaliado. Não somente o esmagamento do <strong>concreto</strong> ou escoamento das armadurastracionadas po<strong>de</strong> ocorrer, mas também a flambagem do pilar. Vários trabalhosencontrados na literatura apresentam métodos para <strong>de</strong>terminação da resistência <strong>de</strong>pilares <strong>de</strong> <strong>concreto</strong> em situação <strong>de</strong> incêndio.Em geral, os métodos <strong>de</strong> cálculo po<strong>de</strong>m ser divididos em duas etapas distintas:<strong>análise</strong> <strong>de</strong> transferência <strong>de</strong> calor e <strong>análise</strong> estrutural. Análises <strong>de</strong> transferência <strong>de</strong> calorsão realizadas para avaliar a distribuição <strong>de</strong> temperatura ao longo da estrutura. Emsituação <strong>de</strong> incêndio, a resistência do material diminui, as <strong>de</strong>formações aumentam eadicionalmente, <strong>de</strong>formações térmicas se <strong>de</strong>senvolvem. Nos métodos simplificados,aplicados a pilares, geralmente as <strong>análise</strong>s são realizadas ao nível da seção transversalcom consi<strong>de</strong>rações <strong>de</strong>vido à flambagem <strong>de</strong> uma maneira simplificada (Tan e Yao, 2003,2004; Kang et al., 2004).Lie e Celikkol (1991) apresentaram um mo<strong>de</strong>lo matemático para calcular aresistência em situação <strong>de</strong> incêndio <strong>de</strong> pilares circulares. A curvatura do pilar é supostavariando linearmente a partir dos apoios rotulados até a seção intermediária. Para umadada curvatura, varia-se a <strong>de</strong>formação axial até que o momento resistente na seçãointermediária esteja em equilíbrio com o momento aplicado. A distribuição datemperatura na seção transversal é obtida por diferenças finitas. Lie e Irwin (1993)aplicaram o esquema para a <strong>análise</strong> <strong>de</strong> pilares retangulares. O mo<strong>de</strong>lo é similar aoapresentado pelo EN 1992-1-2:2004, que se baseia na estimativa da curvatura.Franssen e Dotreppe (2003) <strong>de</strong>screveram ensaios experimentais e valores obtidospara a resistência <strong>de</strong> pilares circulares. Métodos teóricos são apresentados para uma


120verificação rápida <strong>de</strong> pilares <strong>de</strong> <strong>concreto</strong> em situação <strong>de</strong> incêndio. Um dos métodos tempor base o trabalho anterior <strong>de</strong> Dotreppe et al. (1999), on<strong>de</strong> um mo<strong>de</strong>lo <strong>de</strong> elementosfinitos foi utilizado para <strong>análise</strong> <strong>de</strong> resultados experimentais e para o <strong>de</strong>senvolvimento<strong>de</strong> uma expressão para projeto. A expressão foi obtida segundo os passos: <strong>de</strong>terminaçãoda resistência plástica ao esmagamento em temperatura elevada; <strong>de</strong>terminação <strong>de</strong> umcoeficiente <strong>de</strong> flambagem; e, <strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong> um termo não-linear paracarregamentos excêntricos.Tan e Yao (2003) <strong>de</strong>senvolveram um método <strong>de</strong> cálculo simples para avaliação daresistência <strong>de</strong> pilares com seção transversal aquecida nas quatro faces com base nasprescrições <strong>de</strong> pilares em temperatura ambiente do American Concrete Institute. Osefeitos da elevação da temperatura na <strong>de</strong>terioração dos materiais e consi<strong>de</strong>rações quantoà resistência e estabilida<strong>de</strong> dos pilares são avaliados. Segundo Tan e Yao (2003) com oaumento da temperatura, o diagrama <strong>de</strong> interação <strong>de</strong> momento fletor e força axial(diagrama NM) contrai. Dessa forma, po<strong>de</strong>-se avaliar se o pilar falha ou nãocomparando a capacida<strong>de</strong> resistente para uma dada exposição ao incêndio com ocarregamento aplicado. O método <strong>de</strong>senvolvido envolve a <strong>de</strong>terminação <strong>de</strong> fatores <strong>de</strong>redução da resistência dos materiais, do módulo <strong>de</strong> elasticida<strong>de</strong> e a <strong>de</strong>terminação dacapacida<strong>de</strong> resistente por um processo <strong>de</strong> tentativa e erro. Flexão uniaxial e biaxial sãoconsi<strong>de</strong>radas. O método foi posteriormente estendido para <strong>análise</strong> <strong>de</strong> pilares com seçõesaquecidas em uma, duas e três faces (Tan e Yao, 2004), com a predição do<strong>de</strong>slocamento da linha neutra <strong>de</strong>vido ao aquecimento assimétrico.Kang et al. (2004) apresentam um método numérico para avaliação docomportamento último <strong>de</strong> pilares <strong>de</strong> <strong>concreto</strong> armado submetidos ao incêndio. Acapacida<strong>de</strong> resistente é <strong>de</strong>terminada por um diagrama NM. O método consi<strong>de</strong>ra osefeitos <strong>de</strong> segunda or<strong>de</strong>m ao longo do pilar e as condições <strong>de</strong> restrição na extremida<strong>de</strong>do pilar.Alguns métodos simplificados <strong>de</strong> cálculo usam uma seção transversal reduzidapara representar a <strong>de</strong>terioração da resistência e rigi<strong>de</strong>z. A seção transversal reduzida éutilizada em métodos <strong>de</strong> cálculo à temperatura ambiente para obter a resistência emsituação <strong>de</strong> incêndio. Exemplos são os métodos simplificados e gerais <strong>de</strong> cálculo dadospela norma brasileira ABNT NBR 15200:2004 e aqueles apresentados pelo EN 1992-1-


1212:2004: “500°C isotherm method” e “Zone method”, que têm por base os métodos<strong>de</strong>senvolvidos por An<strong>de</strong>rberg (1978) e Hertz (1985), respectivamente.Seja qual for o método empregado para o projeto <strong>de</strong> pilares, o comportamento daseção transversal sob incêndio <strong>de</strong>ve ser conhecido. Diagramas <strong>de</strong> interação momentofletor e força axial e superfícies <strong>de</strong> interação para força axial e momentos fletores sãoferramentas importantes para o projeto <strong>de</strong> seções e <strong>de</strong> pilares à temperatura ambiente.Todavia, não há na literatura uma formulação geral para obtenção <strong>de</strong>stas superfícies emseções submetidas aos efeitos da elevação <strong>de</strong> temperatura.Nos itens seguintes, apresenta-se o procedimento proposto para obtenção <strong>de</strong>diagramas e superfícies <strong>de</strong> interação em seções <strong>de</strong> <strong>concreto</strong>, <strong>aço</strong> e <strong>mistas</strong> <strong>de</strong> <strong>aço</strong> e<strong>concreto</strong> <strong>de</strong> geometria e exposição ao incêndio genéricas, análogos às superfícies ediagramas comumente empregados para o projeto <strong>de</strong> seções à temperatura ambiente.Diagramas <strong>de</strong> interação da força axial e momento fletores são obtidos levando em contaa <strong>de</strong>gradação das proprieda<strong>de</strong>s dos materiais com a elevação da temperatura e as<strong>de</strong>formações térmicas. Para ilustrar os procedimentos propostos e as possibilida<strong>de</strong>s <strong>de</strong><strong>análise</strong>s, alguns diagramas são apresentados, além <strong>de</strong> exemplos <strong>de</strong> verificação <strong>de</strong>pilares.5.2 PROPRIEDADES DOS MATERIAISPara a obtenção das superfícies <strong>de</strong> interação com o objetivo <strong>de</strong> projetar seções,algumas consi<strong>de</strong>rações são necessárias em relação às proprieda<strong>de</strong>s dos materiais. Arelação tensão-<strong>de</strong>formação do <strong>concreto</strong> utilizada é a do EN 1992-1-2:2004, apresentadano item 2.6.2 (figura 2.6.6). A <strong>de</strong>formação última à compressão para uma dadatemperatura é <strong>de</strong> forma conservadora adotada como o valor correspon<strong>de</strong>nte à tensão <strong>de</strong>pico na relação tensão-<strong>de</strong>formação, ou seja,ε 1,θcna figura 2.6.6. Como po<strong>de</strong> ser notadona figura 5.2.1, quanto maior a temperatura, maiores são as <strong>de</strong>formações no ramo<strong>de</strong>scen<strong>de</strong>nte da relação, portanto, o valor adotado para a <strong>de</strong>formação última,conservador. A resistência à tração do <strong>concreto</strong> não é consi<strong>de</strong>rada.ε c 1,θ, é


1221,00,8Tensão (σ/f c)20°C200°C0,60,40,2400°C600°C800°C1000°C0 1,0 2,0 3,0 4,0 5,0Deformação (%)Figura 5.2.1 Relações tensão-<strong>de</strong>formação do <strong>concreto</strong> a temperatura elevada(EN 1992-1-2:2004).As expressões 2.6.6, apresentadas pelo EN 1994-1-2:2005 e que trazeminformações sobre o comportamento do <strong>concreto</strong> aquecido e posteriormente resfriadotambém são consi<strong>de</strong>radas, permitindo a avaliação da resistência residual <strong>de</strong> seções apósa exposição ao incêndio.Para o <strong>aço</strong>, a relação tensão-<strong>de</strong>formação bilinear com <strong>de</strong>formação máximaabsoluta <strong>de</strong> 0,10 é adotada com fatores <strong>de</strong> redução a 0,2% para <strong>aço</strong>s classe N, indicadopelo EN 1992-1-2:2004 para uso com métodos simplificados <strong>de</strong> cálculo. As expressõespara a tensão no <strong>aço</strong> são:f =ffffy,20° C≤θ≤100°C fy;( 0,7 − 0,3( θ − 400)/300) f yy,100° C


1235.3 DIAGRAMAS DE INTERAÇÃO DOS ESFORÇOSAssumindo que seções planas permanecem planas e que não há <strong>de</strong>slizamentoentre os materiais (<strong>concreto</strong> e <strong>aço</strong>), as configurações <strong>de</strong>formadas <strong>de</strong> uma seção sujeita aforça axial e momentos biaxiais, à temperatura ambiente, po<strong>de</strong>m ser <strong>de</strong>scritas por umconjunto <strong>de</strong> variáveis generalizadas <strong>de</strong> <strong>de</strong>formação ( ε o , k o ,apresentado no item 3.2.1.k x ,k y , α e β ), conformeÀ temperatura ambiente, uma configuração última da seção é <strong>de</strong>finida pelo <strong>aço</strong> ou<strong>concreto</strong> atingindo um limite convencional <strong>de</strong> <strong>de</strong>formação, figura 3.2.2. A <strong>de</strong>formaçãototal é puramente mecânica (para uma <strong>de</strong>finição <strong>de</strong> <strong>de</strong>formação mecânica e total,utilizadas nesta parte do trabalho, ver item 6.1). Esses limites irão ocorrer nos pontosmais distantes, medidos ao longo do eixo η, figura 5.3.1, usualmente tomados igual a0,0035 e 0,01 respectivamente, <strong>de</strong> acordo com a ABNT NBR 6118:2003. A obtençãodas superfícies <strong>de</strong> interação a partir da <strong>de</strong>finição das configurações últimas, figura 3.2.2,po<strong>de</strong> ser feita com a <strong>de</strong>finição <strong>de</strong> um parâmetro, β , conforme o item 3.2.2.Myηyelementosfinitosξz, ζaxMxNAbarras<strong>de</strong> <strong>aço</strong>Figure 5.3.1 Seção transversal e sistemas <strong>de</strong> coor<strong>de</strong>nadas (NA é a linha neutra).


124Em condições <strong>de</strong> incêndio, a presença <strong>de</strong> <strong>de</strong>formações térmicas e a <strong>de</strong>gradaçãodas proprieda<strong>de</strong>s dos materiais introduzem dificulda<strong>de</strong>s consi<strong>de</strong>ráveis às <strong>análise</strong>s <strong>de</strong>estado limite último das seções. No presente trabalho, assume-se a <strong>de</strong>formaçãomecânica última como sendo a <strong>de</strong>formação para a tensão máxima na relação tensão<strong>de</strong>formaçãodo <strong>concreto</strong>, que <strong>de</strong>pen<strong>de</strong> da temperatura do ponto, tornando impossívelconhecer inicialmente em qual ponto da seção um estado limite será atingido primeiro.Os pontos <strong>de</strong> avaliação das <strong>de</strong>formações são os centros dos elementos da malha emelementos finitos ou diferenças finitas. As <strong>de</strong>formações mecânicas, ou efetivas(associadas às tensões), são dadas porε( x,y) = εo+ k xy− k yx− εthou(5.3.1)ε( ξ, η) = εo + k o η − εthεon<strong>de</strong> thé a <strong>de</strong>formação térmica, função da temperatura, que por sua vez varia com aposição.Um estado limite é atingido quando a <strong>de</strong>formaçãoε( x, y)em um dos centros doselementos que discretiza a seção atinge seu valor limite. Se ambos, a <strong>de</strong>formaçãotérmicaεthe a <strong>de</strong>formação <strong>de</strong> compressão limite no <strong>concreto</strong>εcu<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>m dadistribuição <strong>de</strong> temperaturaθ(x, y), ouθ( ξ,η), é possível avaliar esses termos paracada elemento e obter pontos da superfícieεcu( ξ,η)que representam os limites <strong>de</strong><strong>de</strong>formação total <strong>de</strong> compressão, figuras 5.3.2 e 5.3.3 a 5.3.6. Se qualquer ponto daconfiguração <strong>de</strong>formada da seção toca essa superfície limite, um estado limite écaracterizado.


125ηMyyelementosfinitosξθz, ζNAaxbarras<strong>de</strong> <strong>aço</strong>MxFigura 5.3.2 Sistema <strong>de</strong> coor<strong>de</strong>nadas xyz, ξηζ e variação da temperatura.Para uma orientação fixa da linha neutra, α , é possível <strong>de</strong>finir uma variávelarbitrária que traça a evolução da configuração <strong>de</strong>formada para as várias possibilida<strong>de</strong>s<strong>de</strong> estados limites consi<strong>de</strong>rados. A escolha não é única, e uma das possibilida<strong>de</strong>s éadotada neste trabalho como uma variável contínua e adimensional, chamada β(mesmo símbolo do parâmetro citado no item 3.2.2, pois ambos são semelhantes), cujosvalores numéricos são escolhidos para dar uma <strong>de</strong>scrição tão simples quanto possível. Avariável β , ou parâmetro <strong>de</strong> <strong>de</strong>formação, assume valores entre 0 e 52, à semelhança doque foi feito em Caldas (2004), conforme comentado no item 3.2.2 <strong>de</strong>ste trabalho.Em uma seção sujeita a uma distribuição genérica <strong>de</strong> temperatura <strong>de</strong>vido àexposição a um incêndio (consi<strong>de</strong>rando <strong>de</strong>formações <strong>de</strong> compressão negativas),εcmaxeεcminsão os valores máximo e mínimo admissíveis para a <strong>de</strong>formação total <strong>de</strong>compressão, obtidos a partir da superfície εcu( ξ,η), figura 5.3.3. εt maxé a máxima<strong>de</strong>formação total <strong>de</strong> tração admissível, convencionalmente adotada igual a 10% (0,10para qualquer material).Partindo <strong>de</strong> um estado limite caracterizado por <strong>de</strong>formações plásticas excessivasnas armaduras, o domínio D 1 é <strong>de</strong>finido, figura 5.3.3, on<strong>de</strong> o ponto extremo estásubmetido à <strong>de</strong>formaçãoε t max e o ponto inferior assume valores entre t maxε e zero. As


126linhas h 0 e h 1 <strong>de</strong>finem esse domínio, no qual se assume que o <strong>concreto</strong> não temresistência. Portanto, <strong>de</strong>finindo 0 ≤ β ≤1, tem-seon<strong>de</strong>maxε η min= εtmax e = ( 1−β) εtmaxηmaxε eε η . (5.3.2)ηminε são as <strong>de</strong>formações nos pontos (centros dos elementos quediscretizam a seção) <strong>de</strong> máxima e mínima coor<strong>de</strong>nada η, respectivamente.ηelementos finitoscompressãoξtraçãoΤ(η)ζεcu(η)εcminεcmaxh1εtmaxΖ1h0Figura 5.3.3 Domínio D 1 .O próximo domínio, D 2 , é <strong>de</strong>finido consi<strong>de</strong>rando a <strong>de</strong>formação positiva igual aovalor máximo e comprimindo o <strong>concreto</strong> nos pontos inferiores, caracterizando umestado <strong>de</strong> flexão. As linhas h 1 e h 2 <strong>de</strong>limitam esse domínio, figura 5.3.4. Tomando1 < β ≤ 8 , tem-semaxε η min= εtmax e = ( β −1)( εcmax / 7)ε η . (5.3.3)ηelementos finitoscompressãoξtraçãoζεcu(η)h2h1Τ(η)Ζ2εcminεcmaxεtmaxFigura 5.3.4 Domínio D 2 .


127O domínio D 3 consi<strong>de</strong>ra configurações <strong>de</strong>formadas no <strong>concreto</strong> à compressão ereduções na <strong>de</strong>formação <strong>de</strong> tração nos pontos superiores. Esse domínio começa na linhah 3 , on<strong>de</strong> os pontos superiores têm <strong>de</strong>formações <strong>de</strong> tração, e termina na linha h 4 , on<strong>de</strong>os pontos superiores têm <strong>de</strong>formação nula. Os pontos inferiores têm <strong>de</strong>formaçõesque estão entreε c max e ε c minηminε, e, portanto, são avaliados por um processo <strong>de</strong> tentativaspara cada valor <strong>de</strong> β . O processo é realizado a partir do incremento <strong>de</strong> <strong>de</strong>formaçãopartindo <strong>de</strong>ε c max . A solução é encontrada quando a configuração <strong>de</strong>formada tangenciaa superfície limite ε ( ξ,η), figura 5.3.5. Definindo 8 < β ≤ 18, tem-secumaxε η ηminηmax= ( − β)( ε /10)and ε = f ( ε ( β))18 t max. (5.3.4)ηelementos finitoscompressãoξtraçãoζεcu(η)h4Ζ3h3Τ(η)εcminεcmaxεtmaxFigura 5.3.5 Domínio D 3 .Posteriormente, tem-se o domínio D 4 , entre as linhas h 4 e h 5 . A seção écompletamente comprimida e h 5 correspon<strong>de</strong> a uma compressão uniforme, porém, nãocorrespon<strong>de</strong> a uma compressão pura (sem flexão), a menos que se tenha geometria edistribuição <strong>de</strong> temperaturas simétricas. Esse domínio po<strong>de</strong> ser representado, para18 < β ≤ 26 , pormaxε η ηminηmax= ( β − )( ε /8)e ε = f ( ε ( β))Mais uma vez,fixo <strong>de</strong> β .18 c max. (5.3.5)ηminε <strong>de</strong>ve ser encontrado por um processo <strong>de</strong> tentativas para um valor


128ηelementos finitoscompressãoξζZ4h5εcu(η)h4traçãoh0Τ(η)εcmaxεtmaxεcminFigura 5.3.6 Domínio D 4 .Para β > 26 , tem-se domínios análogos, mas com compressão nos pontossuperiores da seção. As expressões para esses domínios são dadas porminε η ηmaxηmin= ( 34 − β)( εcmax /8)e ε = f ( ε ( β))minε η ηmaxηmin= ( β − )( ε /10)e ε = f ( ε ( β))34 t maxminε η max= εtmax e = ( 51−β)( εcmax / 7), para 26 < β ≤ 34, (5.3.6), para 34 < β ≤ 44 , (5.3.7)ε η , para 44 < β ≤ 51, (5.3.8)minε η max= εtmax e = ( β − 51) εtmaxε η , para 51 < β ≤ 52 . (5.3.9)Dado um valor entre 0 e 52 para β e comηmaxε eηminε <strong>de</strong>finidos nos centros doselementos com coor<strong>de</strong>nadasmaxη eminη, as <strong>de</strong>formações generalizadas po<strong>de</strong>m serobtidas porkεηmaxηmin( ε − ε ) ( η − η )o =/o= εηmax− k ηomaxmaxmin,, k x = kocos( α)e k = kosin( α)y .(5.3.10)Conhecidosε o ,k x eintegração <strong>numérica</strong> através dos elementosnN z = ∑(σ(ε)A) i , = ∑i=1k y , os esforços resistentes da seção são avaliados por umanM ( σ(ε)yAe M y = −∑(σ(ε)xA) i , (5.3.11)x ) ii=1com σ obtido a partir da relação tensão-<strong>de</strong>formação para a temperatura no centro doelemento, e ε avaliado a partir da expressão 5.3.1 para o mesmo ponto. A contribuiçãodas armaduras é adicionada às expressões 5.3.11, assumindo-se uma temperatura igual àtemperatura do seu centro, na posição correspon<strong>de</strong>nte da malha. Partes da seçãoformada por outros materiais como, por exemplo, perfis <strong>de</strong> <strong>aço</strong> em um pilar misto, têmni=1


129suas contribuições na resistência somadas diretamente na expressão 5.3.11, uma vez quetais elementos também são discretizados juntamente com as regiões em <strong>concreto</strong>.Variando o parâmetro β , 0 ≤ β ≤ 52 , e para valores fixos da inclinação da linhaneutra, α , po<strong>de</strong>-se obter os pontos (N z, M x, M y ), necessários para a <strong>de</strong>scrição <strong>de</strong> umasuperfície <strong>de</strong> interação aproximada por linhas discretas, figura 5.3.7. A interseção <strong>de</strong>ssasuperfície com um dos planos <strong>de</strong> momento nulo, leva aos diagramas <strong>de</strong> interação NMpara flexão uniaxial, figura 5.3.8. Outra representação útil é obtida fixando um valor <strong>de</strong>força axial, resultando numa curva <strong>de</strong> interação M x M y .NzMyMxtraçãocompressãoFigura 5.3.7 Superfície <strong>de</strong> interação completa para uma dada seção.N zcompressão traçãotemperaturaelevadatemperaturaambienteM xFigure 5.3.8 Diagrama <strong>de</strong> interação NM, para temperatura ambiente e temperaturaelevada.


1305.4 ANÁLISE DE PILARESO principal objetivo <strong>de</strong>ste capítulo é a <strong>análise</strong> <strong>de</strong> seções transversais. Este itemapresenta um algoritmo para o uso dos diagramas NM na <strong>análise</strong> global <strong>de</strong> pilares.A partir da superfície <strong>de</strong> interação NM, ou M x M y para um dado esforço axial N z , averificação <strong>de</strong> pilares po<strong>de</strong> ser feita consi<strong>de</strong>rando os efeitos <strong>de</strong> segunda or<strong>de</strong>m <strong>de</strong>vidoaos momentos nas extremida<strong>de</strong>s do pilar. As proposições apresentadas têm por base oACI 318 (2005). Para incluir o efeito <strong>de</strong> segunda or<strong>de</strong>m ao longo do pilar é necessáriocalcular o fator <strong>de</strong> amplificaçãoCmδ =≥1,0. (5.4.1)1−N / NEcrNa expressão 5.4.1,CmME1= 0,6 + 0,4 ≥ 0,4 , (5.4.2)ME2on<strong>de</strong> M E1é o maior dos momentos aplicados nas extremida<strong>de</strong>s e M E1/ ME2é negativopara pilares com dupla curvatura. Para pilares com curvatura simples,A carga <strong>de</strong> flambagem é calculada comoNcr2( kL) 2C m é igual a 1,0.π EI= , (5.4.3)on<strong>de</strong> k = 1 para elementos com as extremida<strong>de</strong>s bi-rotuladas; k = 0, 7 para umaextremida<strong>de</strong> fixa e outra rotulada; e k = 0, 5 quando as extremida<strong>de</strong>s forem fixas.A rigi<strong>de</strong>z efetiva para cada material da seção é obtida por um somatório noselementos que discretizam a seção, i = 1...n, com área A , consi<strong>de</strong>rando a temperatura θconstante e igual à média das temperaturas nodais (ou temperatura no centro doelemento),nEA = ∑(EA) i , = ∑i=1n2x (y EA)ii=1n2EI e EI y = ∑(xEA)i . (5.4.4)A rigi<strong>de</strong>z efetiva do pilar é calculada porEI = 0,5EI + 0,8 , (5.4.5)c EI son<strong>de</strong> os subscritos c e s referem-se ao <strong>concreto</strong> e <strong>aço</strong>, respectivamente. O valorcaracterístico para o módulo secante do <strong>concreto</strong> em situação <strong>de</strong> incêndio é tomadoi=1


131igual af c, θ dividido pela <strong>de</strong>formação correspon<strong>de</strong>nte à tensão máxima da relaçãotensão-<strong>de</strong>formação, figura 5.2.1. Essa consi<strong>de</strong>ração e a expressão 5.4.5 têm por base asprescrições do EN 1994-1-2:2005 para pilares mistos <strong>de</strong> <strong>aço</strong> e <strong>concreto</strong>.O método proposto <strong>de</strong>ve ser aplicado a pilares com índice <strong>de</strong> esbeltez λ (relaçãoentre o comprimento efetivo e o raio <strong>de</strong> giração correspon<strong>de</strong>nte) menor ou igual a 100, euma excentricida<strong>de</strong> mínima (ACI 318, 2005),e = 0,015 0, 03h , (5.4.6)min +em metros, <strong>de</strong>ve ser consi<strong>de</strong>rada.Para pilares <strong>de</strong> <strong>aço</strong>, ou mistos <strong>de</strong> <strong>aço</strong> e <strong>concreto</strong>, propõe-se que umaexcentricida<strong>de</strong> mínima igual a L/500 seja consi<strong>de</strong>rada (L é o comprimento do pilar).Também, no caso <strong>de</strong> pilares <strong>de</strong> <strong>concreto</strong>, sugere-se que o valor obtido com a expressão5.4.6 seja maior ou igual a L/500. Observa-se nos exemplos apresentados nos itens 6.3.6e 6.3.7, que <strong>análise</strong>s <strong>numérica</strong>s <strong>de</strong> pilares com uma imperfeição senoidal <strong>de</strong> amplitu<strong>de</strong>máxima igual a 0,1 mm leva a resultados próximos aos obtidos experimentalmente.Essa imperfeição é bem menor do que as sugeridas acima com base em procedimentosnormativos.5.5 EXEMPLOSA seguir, alguns exemplos do mo<strong>de</strong>lo proposto neste trabalho para avaliação daresistência <strong>de</strong> seções transversais e pilares são apresentados. Nas <strong>análise</strong>s, foramconsi<strong>de</strong>radas, para o <strong>concreto</strong>, proprieda<strong>de</strong>s <strong>de</strong> acordo com o EN 1992-1-2:2004 para<strong>concreto</strong>s com agregados silicosos. Os exemplos mostram a influência da ação doincêndio sobre os diagramas <strong>de</strong> interação obtidos à temperatura ambiente e a aplicaçãodo procedimento proposto para verificação <strong>de</strong> pilares.5.5.1 Seção Transversal Totalmente Exposta ao IncêndioMeda et al. (2002) estudaram o comportamento último <strong>de</strong> três diferentes seçõestransversais quadradas <strong>de</strong> <strong>concreto</strong> armado sujeitas a uma força axial excêntrica comreferência a um típico <strong>concreto</strong> <strong>de</strong> alta resistência e a vários tempos <strong>de</strong> exposição aoincêndio-padrão. Além dos diagramas NM das seções em temperatura elevada, sãoobtidos os diagramas após o resfriamento do <strong>concreto</strong>. São feitas então comparaçõescom seções <strong>de</strong> <strong>concreto</strong> normal com o mesmo tamanho ou resistência, assim como com


132seções <strong>de</strong> <strong>concreto</strong> <strong>de</strong> alta resistência com diferentes arranjos das armaduras ouprotegidas por material <strong>de</strong> isolamento térmico. Relações tensão-<strong>de</strong>formação bilinearessão utilizadas para o <strong>concreto</strong>, e alguns indicadores <strong>de</strong> <strong>de</strong>sempenho são introduzidospara <strong>de</strong>screver a contração dos diagramas NM.Neste trabalho as seguintes características são utilizadas nas <strong>análise</strong>s da seção <strong>de</strong><strong>concreto</strong> normal apresentada por Meda et al. (2002): área <strong>de</strong> 0,6x0,6m², 24 barras <strong>de</strong>armadura com 20mm <strong>de</strong> diâmetro e 50mm <strong>de</strong> distância do centro da armadura até asuperfície <strong>de</strong> <strong>concreto</strong> mais próxima; 40MPa <strong>de</strong> resistência à compressão do <strong>concreto</strong>;430MPa <strong>de</strong> resistência ao escoamento do <strong>aço</strong> e 2x10 5 MPa para o módulo <strong>de</strong>elasticida<strong>de</strong>. A seção foi discretizada em 1022 elementos finitos retangulares e expostaao incêndio-padrão da ISO 834-1:1999.A figura 5.5.1 mostra o diagrama NM colocado <strong>de</strong> forma adimensional com basenas expressões n N /( f bh)= e m = M / 2( f bh c)c, on<strong>de</strong> b é a largura e h é a altura daseção.Nota-se que o momento fletor resistente é menor segundo o presente trabalho,provavelmente pela consi<strong>de</strong>ração da <strong>de</strong>formação última do <strong>concreto</strong> ser limitada à<strong>de</strong>formação para a tensão <strong>de</strong> pico. A força axial <strong>de</strong> compressão resistente é maior por selevar em consi<strong>de</strong>ração as <strong>de</strong>formações térmicas na obtenção da configuração <strong>de</strong>formadada seção, fazendo com que pontos mais aquecidos e com menor resistência venham acontribuir nos esforços, pois apresentam maiores <strong>de</strong>formações térmicas. Na região <strong>de</strong>tração o comportamento segundo o presente trabalho e o obtido por Meda et al. (2002)são mais próximos.-0,2 Meda et al. (0 min)mMeda et al. (30 min)-0,16Meda et al. (90 min)-0,12Meda et al. (180 min)Meda et al. (300 min)-0,08 Presente trabalho (0 min)Presente trabalho (30 min)-0,04Presente trabalho (90min)n0 Presente trabalho (180min)0,4 0,2 0 -0,2 -0,4 -0,6 -0,8 -1 -1,2 -1,4 Presente trabalho (300min)Figura 5.5.1 Comparação dos diagramas <strong>de</strong> interação NM para vários tempos <strong>de</strong>exposição ao incêndio-padrão.


1335.5.2 Seção Transversal Parcialmente Exposta ao IncêndioPara ilustrar a possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> aplicação do procedimento para diferentes tipos <strong>de</strong>exposição ao incêndio, e investigar o comportamento dos diagramas, a mesma seção doexemplo anterior é exposta parcialmente ao incêndio. Uma, duas ou três faces sãoexpostas ao incêndio-padrão conforme a figura 5.5.2 que apresenta as temperaturas para300min. As faces não expostas são consi<strong>de</strong>radas protegidas por um anteparo adiabático,fluxo <strong>de</strong> calor nulo. Os diagramas NM são obtidos para duas orientações da linhaneutra, α = 0 ° (flexão sobre o eixo-x) e α = 90 ° (flexão sobre o eixo-y). Para α = 0 ° ,os diagramas obtidos representam uma flexão uniaxial (M y =0) uma vez que a ação doincêndio é simétrica em relação ao eixo y nos três casos.(a) (b) (c) (d)Figure 5.5.2 Temperaturas para 300 min <strong>de</strong> exposição: (a) uma face exposta; (b)duas faces expostas; (c) três faces expostas; (d) escala <strong>de</strong> temperatura em °C.As figuras 5.5.3 e 5.5.4 apresentam as curvas <strong>de</strong> interação para uma faceaquecida, para α = 0 ° e α = 90 ° respectivamente. A primeira situação é uma flexãouniaxial, uma vez que não há momentos em relação ao eixo y. O diagrama se contrai etorna-se não simétrico em relação à força axial. Portanto, compressão pura apenas éobtida se a carga for aplicada excentricamente. Deve-se notar que com α = 90 ° , odiagrama da figura 5.5.4 é somente a projeção <strong>de</strong> uma superfície <strong>de</strong> interação no plano,uma vez que ocorrem momentos em relação ao eixo-x <strong>de</strong>vido à perda <strong>de</strong> simetria.


1340.20.16m x0.120.080.040n0 min30 min90 min-0.04-0.08180 min300 min-0.12-0.16-0.20.40.20.0-0.2-0.4-0.6-0.8-1.0-1.2-1.4Figura 5.5.3 Diagrama para uma face exposta, α = 0 ° .0.20.16m y0.120.080.040n0 min30 min90 min-0.04-0.08180 min300 min-0.12-0.16-0.20.40.20.0-0.2-0.4-0.6-0.8-1.0-1.2-1.4Figura 5.5.4 Diagrama para uma face exposta, α = 90 ° .As figuras 5.5.5 e 5.5.6 mostram os diagramas para duas faces aquecidas comα = 0 ° e α = 90 ° , respectivamente. Nesse caso, a simetria da seção e da distribuição <strong>de</strong>temperaturas causa uma contração do diagrama, como já observado por Meda et al.(2002).


1350.20.16m x0.120.080 min0.040-0.04-0.08n30 min90 min180 min300 min-0.12-0.16-0.20.40.20.0-0.2-0.4-0.6-0.8-1.0-1.2-1.4Figura 5.5.5 Diagrama para duas faces expostas, α = 0 ° .0.20.16m y0.120.080.040-0.04-0.08n0 min30 min90 min180 min300 min-0.12-0.16-0.20.40.20.0-0.2-0.4-0.6-0.8-1.0-1.2-1.4Figura 5.5.6 Diagrama para duas faces expostas, α = 90 ° .Finalmente, as figuras 5.5.7 e 5.5.8 apresentam os diagramas para três facesaquecidas e conclusões análogas às <strong>de</strong> uma face exposta são observadas.


1360.20.16m x0.120.080.040n0 min30 min90min-0.04180min-0.08300min-0.12-0.16-0.20.40.20.0-0.2-0.4-0.6-0.8-1.0-1.2-1.4Figura 5.5.7 Diagrama para três faces expostas, α = 0 ° .0.20.16m y0.120.080.040-0.04-0.08n0 min30 min90 min180 min300 min-0.12-0.16-0.20.40.20.0-0.2-0.4-0.6-0.8-1.0-1.2-1.4Figura 5.5.8 Diagrama para duas faces expostas, α = 90 ° .5.5.3 Seção Mista <strong>de</strong> Aço e ConcretoA seção arbitrária mista com 15 barras, uma abertura circular e um perfil <strong>de</strong> <strong>aço</strong>envolvido por <strong>concreto</strong>, figura 5.5.8, foi analisada por Chen et al. (2001) à temperaturaambiente. Para investigar a influência da ação do incêndio na superfície <strong>de</strong> resistência, aseção é submetida ao incêndio-padrão (EN 1991-1-2:2002). As seguintes característicassão utilizadas nas <strong>análise</strong>s da seção: barras <strong>de</strong> armadura com 18mm <strong>de</strong> diâmetro e


13750mm <strong>de</strong> distância do centro à extremida<strong>de</strong> mais próxima; seção <strong>de</strong> <strong>aço</strong> com 10,5mm<strong>de</strong> espessura <strong>de</strong> alma, 17,3mm para as mesas; resistência ao escoamento do <strong>aço</strong> <strong>de</strong>323MPa; resistência a compressão do <strong>concreto</strong> <strong>de</strong> 20MPa; resistência ao escoamentodas armaduras <strong>de</strong> 400MPa e módulo <strong>de</strong> elasticida<strong>de</strong> igual a52× 10 MPa. A seção foidividida em 889 elementos finitos retangulares e as proprieda<strong>de</strong>s térmicas foramtomadas segundo o EN 1992-1-2:2004 para <strong>concreto</strong>s com agregados silicosos com 0%<strong>de</strong> umida<strong>de</strong>.A distribuição <strong>de</strong> temperaturas para 300 min <strong>de</strong> exposição ao incêndio éapresentada na figura 5.5.9. A figura 5.5.10 apresenta o diagrama <strong>de</strong> interação dosmomentos para um valor <strong>de</strong> força axial <strong>de</strong> compressão igual a 4120 kN, paratemperatura ambiente e vários tempos <strong>de</strong> exposição. A contração do diagrama paramaiores tempos <strong>de</strong> exposição ilustra a perda <strong>de</strong> resistência da seção aos momentosfletores. Os resultados para a temperatura ambiente, segundo o presente trabalho, sãoconservadores, provavelmente <strong>de</strong>vido à consi<strong>de</strong>ração dos limites <strong>de</strong> <strong>de</strong>formação do<strong>concreto</strong>. Chen et al. (2001) emprega uma relação tensão-<strong>de</strong>formação formada por umaparábola e um retângulo assumindo maiores limites <strong>de</strong> <strong>de</strong>formação última.40090abertura340200y260100292,2281,5x300100 256 344(a)(b)Figure 5.5.9 Seção transversal mista: (a) dimensões in mm; (b) Temperaturas para300 minutos <strong>de</strong> exposição ao incêndio.


13810007505002500-250-500My (kNm)Chen et al. (2001)0 min30 min90 min180 min300 min-750Mx (kNm)-1000-1250 -1000 -750 -500 -250 0 250 500 750 1000 1250Figure 5.5.10 Diagramas <strong>de</strong> interação para vários tempos <strong>de</strong> exposição.5.5.4 Pilar Aquecido em 4 FacesDotreppe et al. (1999) apresentam a capacida<strong>de</strong> resistente, obtidaexperimentalmente, <strong>de</strong> um pilar exposto ao incêndio-padrão por 40 min. No presentetrabalho, as seguintes características foram utilizadas nas <strong>análise</strong>s do pilar: área <strong>de</strong>0 ,2× 0,2 m²; 4 barras com diâmetro <strong>de</strong> 20mm; comprimento <strong>de</strong> 5,76m, rotulado nasextremida<strong>de</strong>s; 28mm <strong>de</strong> distância do centro da barra à extremida<strong>de</strong> do <strong>concreto</strong> maispróxima; 21mm <strong>de</strong> excentricida<strong>de</strong> para a carga axial aplicada (excentricida<strong>de</strong> mínimadada pela expressão 5.4.6), 39MPa <strong>de</strong> resistência a compressão do <strong>concreto</strong>; resistênciaao escoamento do <strong>aço</strong> igual a 443MPa e módulo <strong>de</strong> elasticida<strong>de</strong> igual aseção foi discretizada em 1248 elementos retangulares.52× 10 MPa. A


139-1600-1400-1200-1000-800-600-400-50 -40 -30 -20 -10 -200 0 10 20 30 40 500Mx (kNm)200400(a)Nz (kN)Ponto <strong>de</strong> projetoDiagrama <strong>de</strong> interação(b)Figura 5.5.11 Pilar analisado por Dotreppe et al. (1999): (a) diagrama <strong>de</strong> interaçãoN z M x ; (b) distribuição das temperaturas (°C) para o tempo <strong>de</strong> 40 min <strong>de</strong> exposição aoincêndio.O diagrama <strong>de</strong> interação N z M x para o pilar é mostrado na figura 5.5.11. O ponto<strong>de</strong> projeto envolvido pelo diagrama NM foi encontrado paraN E = 188kNda seguinteforma:λ = 5,76 /1,33 × 10−4/ 0,04= 100 ;igual aEI 0,5 × 280 + 0,8 × 719 = 715kNm222cr == ; N ( π × 715) / 5,76 213kN( 1−188/213) 8, 52δ = 1 /= ;M E = 8.52×0,021×188 = 34kNm .A carga <strong>de</strong> falha obtida <strong>de</strong>208 kN .= ;188 kN é 90% do resultado do ensaio experimental


1405.5.5 Pilar Aquecido em 3 FacesA resistência em situação <strong>de</strong> incêndio <strong>de</strong> um pilar aquecido em três faces expostasao incêndio-padrão da ISO 834-1:1999 por 75 min foi analisada por Tan e Yao (2004),via elementos finitos. As seguintes características foram utilizadas: área <strong>de</strong> 0 ,3× 0, 3m²;4 barras com 22mm <strong>de</strong> diâmetro; comprimento <strong>de</strong> 4,2m, rotulado nas extremida<strong>de</strong>s;30mm <strong>de</strong> distância do centro das barras <strong>de</strong> <strong>aço</strong> à extremida<strong>de</strong> <strong>de</strong> <strong>concreto</strong> maispróxima; 25mm <strong>de</strong> excentricida<strong>de</strong> do carregamento, 40MPa <strong>de</strong> resistência a compressãodo <strong>concreto</strong>; resistência ao escoamento do <strong>aço</strong> igual a 460MPa e módulo <strong>de</strong> elasticida<strong>de</strong>igual a52× 10 MPa. A face não exposta ao incêndio foi consi<strong>de</strong>rada como protegida porum anteparo adiabático, com fluxo <strong>de</strong> calor nulo. A seção foi discretizada em 1022elementos retangulares.-3000-2500Ponto <strong>de</strong> projetoDiagrama <strong>de</strong> interação-2000-1500-1000Nz (kN)-100 -80 -60 -40-500-20 0 20 40 60 80 1000Mx (kNm)500(a)(b)Figura 5.5.12 Pilar analisado por Tan e Yao (2004): (a) diagrama <strong>de</strong> interaçãoN z M x ; (b) distribuição das temperaturas (°C) para o tempo <strong>de</strong> 75 min <strong>de</strong> exposição aoincêndio.O diagrama N z M x é mostrado na figura 5.5.12. O ponto <strong>de</strong> projeto envolvido pelodiagrama foi calculado comoN E = 970kN. O <strong>de</strong>slocamento da linha neutra <strong>de</strong>vido aoaquecimento assimétrico é tomado como a excentricida<strong>de</strong> do diagrama <strong>de</strong> interação para


141a força axial máxima <strong>de</strong> compressão, y NA = −58/− 2876 = 0, 020 . O ponto <strong>de</strong> projetofoi <strong>de</strong>terminado como segue:λ = 4,2/6,75 × 10−4/ 0,09= 48 ;cc2NAEI = EI − y EA = 3130 − 0,020 × 507,431 =ss2NAcs222927kNmEI = EI − y EA = 1974 − 0,020 × 137,054 = 1919kNmEI 0,5×2927 + 0,8×1919 = 2999kNmx= ; N ( π × 2999) / 4,2 1678kN( 1−970/1678) 2, 37δ = 1 /= ;( 0,025 + 0,02) × 970 − 970×0,02 84kNmM E = 2,37 ×= .222cr =22= ;Nesse caso, a curvatura <strong>de</strong>vido ao gradiente térmico é favorável e não foiconsi<strong>de</strong>rada. Esse efeito po<strong>de</strong> ser estimado como uma excentricida<strong>de</strong> dada poreth2( kL) /8h= α ∆θ, on<strong>de</strong> α é o coeficiente <strong>de</strong> dilatação térmica do <strong>concreto</strong>; θvariação <strong>de</strong> temperatura ao longo da altura, h , da seção. A cargapilar é pouco maior que a carga <strong>de</strong>(2004).∆ é a970 kN <strong>de</strong> falha do900 kN obtida via elementos finitos por Tan e Yao5.6 CONCLUSÕESEste capítulo apresentou um procedimento para a avaliação <strong>de</strong> diagramas esuperfícies <strong>de</strong> interação do esforço axial e momentos fletrores para seções submetidasao incêndio. Diagramas <strong>de</strong> interação são ferramentas comuns para o projeto <strong>de</strong> seções<strong>de</strong> elementos estruturais à temperatura ambiente, porém poucos trabalhos nesse tópicotêm sido publicados para o caso <strong>de</strong> seções genéricas expostas ao incêndio.As superfícies <strong>de</strong> interação obtidas a partir da formulação dão um melhorentendimento do comportamento <strong>de</strong> seções quando sujeitas a altas temperaturas,especialmente para os casos on<strong>de</strong> a variação <strong>de</strong> temperatura apresenta uma distribuiçãocomplexa e os diagramas po<strong>de</strong>m <strong>de</strong>sviar consi<strong>de</strong>ravelmente do seu formato àtemperatura ambiente.Algumas hipóteses feitas para construção dos diagramas, como a escolha da<strong>de</strong>formação última do <strong>concreto</strong>, todavia, necessitam ser estudas por procedimentos


142numéricos ou experimentais. Neste trabalho a escolha foi conservadora. Também, apossibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> spalling não foi consi<strong>de</strong>rada.O mo<strong>de</strong>lo para verificação <strong>de</strong> pilares <strong>de</strong> <strong>concreto</strong> armado em situação <strong>de</strong> incêndiopo<strong>de</strong> ser aplicado a pilares <strong>de</strong> <strong>aço</strong> ou mistos <strong>de</strong> <strong>aço</strong> e <strong>concreto</strong>. Observa-se a partir dosexemplos, on<strong>de</strong> foi analisado um pilar esbelto e outro com 3 faces aquecidas, que osdiagramas <strong>de</strong> interação representam a<strong>de</strong>quadamente a resistência da seção <strong>de</strong> pilares <strong>de</strong><strong>concreto</strong> armado. Mo<strong>de</strong>los semelhantes, adaptados às normas brasileiras ABNT NBR6118:2003 e ABNT NBR 15200:2004 também po<strong>de</strong>m ser <strong>de</strong>senvolvidos. A <strong>análise</strong> daseção po<strong>de</strong>, também, ser utilizada para o dimensionamento ou estudo docomportamento <strong>de</strong> vigas e lajes em situação <strong>de</strong> incêndio.


6FORMULAÇÃO DO ELEMENTO DE VIGATRIDIMENSIONALInicialmente são apresentados o conceito <strong>de</strong> <strong>de</strong>formação efetiva, a obtenção dasforças internas e rigi<strong>de</strong>zes <strong>de</strong> elementos finitos não-lineares e a implementação <strong>de</strong> ummétodo incremental-iterativo para obtenção do caminho <strong>de</strong> equilíbrio <strong>de</strong> <strong>estruturas</strong> sob aação térmica do incêndio. Posteriormente apresenta-se o <strong>de</strong>senvolvimento do elemento<strong>de</strong> viga tridimensional para <strong>análise</strong> termomecânica.6.1 INTRODUÇÃONa <strong>análise</strong> estrutural, po<strong>de</strong>-se modificar a relação tensão-<strong>de</strong>formação dosmateriais para incluir os efeitos da <strong>de</strong>formação térmica e variação das proprieda<strong>de</strong>sfísicas dos materiais com o aumento da temperatura. Para uma estrutura unidimensionalcom material linear, tem-se a expressão para a tensão( ε − α ∆θ)σ = E , (6.1.1)θθon<strong>de</strong>E θ é o módulo <strong>de</strong> elasticida<strong>de</strong> que po<strong>de</strong> variar com a temperatura, ε é a<strong>de</strong>formação <strong>de</strong>vida ao <strong>de</strong>slocamento unidimensional,α θ é o coeficiente <strong>de</strong> expansãotérmica que também po<strong>de</strong> variar com a temperatura e∆ θ é a variação <strong>de</strong> temperatura.Essa expressão mostra que as tensões são causadas por uma <strong>de</strong>formação efetiva,também chamada <strong>de</strong>formação puramente mecânica,ε ef = ε − ε θ , (6.1.2)on<strong>de</strong> a <strong>de</strong>formação térmicaε θ é dada por


144εθ = αθ∆θ. (6.1.3)Esse conceito <strong>de</strong> <strong>de</strong>formação efetiva é extremamente simples e é similar à<strong>de</strong>finição das <strong>de</strong>formações elásticas utilizada em <strong>análise</strong> <strong>de</strong> <strong>estruturas</strong> elasto-plásticas(Chen e Han, 1988; Simo e Hughes, 1998).on<strong>de</strong>Para materiais lineares e elásticos, tem-se então a relação tensão-<strong>de</strong>formaçãoσ = C , (6.1.4)θε efC θ é a matriz constitutiva do material que po<strong>de</strong> variar com a temperatura e ε ef éo vetor <strong>de</strong> <strong>de</strong>formações efetivas ou mecânicas, lembrando que as variações térmicas emgeral não produzem distorções angulares. Para problemas elasto-plásticos, consi<strong>de</strong>randopequenas <strong>de</strong>formações (Liu, 1996; Parente Jr. et al., 2005),on<strong>de</strong>( ε − ε − )σ = C ε = εθ ef p θ, (6.1.5)ε p são as <strong>de</strong>formações plásticas. As <strong>de</strong>formações <strong>de</strong>vido aos <strong>de</strong>slocamentos,contidas no vetor ε , são chamadas <strong>de</strong> <strong>de</strong>formações totais.Portanto, as relações constitutivas não-lineares e implementações computacionais<strong>de</strong>senvolvidas para <strong>análise</strong> <strong>de</strong> <strong>estruturas</strong> à temperatura ambiente po<strong>de</strong>m ser utilizadaspara <strong>análise</strong> <strong>de</strong> <strong>estruturas</strong> sob ação térmica, <strong>de</strong>s<strong>de</strong> que as <strong>de</strong>formações computadassejam substituídas por <strong>de</strong>formações efetivas. Porém, para materiais elasto-plásticos, aresistência ao escoamento po<strong>de</strong> variar com a temperatura. Bathe (1996) apresenta autilização <strong>de</strong> mo<strong>de</strong>los <strong>de</strong> plasticida<strong>de</strong> para <strong>análise</strong> <strong>de</strong> <strong>estruturas</strong> sob ação térmica,modificando as proprieda<strong>de</strong>s dos materiais <strong>de</strong> acordo com a temperatura.Em seguida, partindo-se do princípio dos trabalhos virtuais, obtém-se o vetor <strong>de</strong>forças internas,f m , <strong>de</strong> um elemento genérico <strong>de</strong> volume V, consi<strong>de</strong>rando a açãotérmica. Sendo a expressão <strong>de</strong> variação do trabalho internoδWint= f δ q = ∫σδ ε dV, (6.1.6)mna qualδ ε é o vetor <strong>de</strong> <strong>de</strong>formações virtuais produzidas pelo conjunto <strong>de</strong><strong>de</strong>slocamentos virtuais,δ q , on<strong>de</strong> q é o conjunto <strong>de</strong> <strong>de</strong>slocamentos nodaisgeneralizados do elemento, obtém-se o vetor <strong>de</strong> forças internas,∫Tf = B σ dV, (6.1.7)mno qual o vetor <strong>de</strong> tensões é obtido conforme as expressão 6.1.5. A matriz B querelaciona os <strong>de</strong>slocamentos com as <strong>de</strong>formações totais, conforme a expressão


145ε = Bq , (6.1.8)po<strong>de</strong> ser função dos <strong>de</strong>slocamentos e varia para cada tipo <strong>de</strong> elemento (Bathe, 1996;Crisfield, 1991).Nota-se que nenhuma modificação (Bathe, 1996; Parente Jr. et al., 2005) nosprocedimentos <strong>de</strong> obtenção da força interna são necessários para consi<strong>de</strong>rar as açõestérmicas, <strong>de</strong>s<strong>de</strong> que as tensões sejam obtidas a partir das <strong>de</strong>formações efetivas,expressão 6.1.5.Outro ponto importante para simulação do comportamento estrutural é a obtençãodo caminho <strong>de</strong> equilíbrio da estrutura. Com base no trabalho <strong>de</strong> Parente Jr. et al. (2005),apresenta-se a técnica que será utilizada, que tem por base o método <strong>de</strong> NewtonRaphson.Consi<strong>de</strong>rando a estrutura submetida a um dado carregamento e mudanças <strong>de</strong>temperatura, po<strong>de</strong>-se escrever a equação <strong>de</strong> equilíbrio <strong>de</strong> um mo<strong>de</strong>lo <strong>de</strong> elementosfinitos (Parente Jr. et al., 2005)( u, ) = F( u,λ) − ( λPP )Ψ λ + , (6.1.9)on<strong>de</strong> Ψ é o vetor <strong>de</strong> forças <strong>de</strong>sequilibradas,cP c é um vetor <strong>de</strong> forças constantes, comopor exemplos cargas que permanecem constantes durante o incêndio, P é o vetor <strong>de</strong>forças proporcionais <strong>de</strong> referência e λ é o fator <strong>de</strong> carga.No trabalho <strong>de</strong> Parente Jr. et al. (2005), o fator <strong>de</strong> carga também controla asmudanças <strong>de</strong> temperatura por meio da expressão( θ − θ ) = θ + λ∆θθ = θ0 + λ 1 0 0 , (6.1.10)on<strong>de</strong> θ 0 é a temperatura <strong>de</strong> referência e θ 1 é a temperatura correspon<strong>de</strong>nte a λ = 1.Neste trabalho, a elevação <strong>de</strong> temperatura é obtida por <strong>análise</strong> térmica (capítulo 4) naseção transversal dos elementos.A expressão 6.1.9 mostra que o vetor <strong>de</strong> forças internas F <strong>de</strong>pen<strong>de</strong> dos<strong>de</strong>slocamentos e do fator <strong>de</strong> carga, que está relacionado com as tensões no elemento<strong>de</strong>vido às variações <strong>de</strong> temperatura.Devido ao comportamento não-linear das equações <strong>de</strong> equilíbrio, 6.1.9,procedimentos incrementais iterativos são utilizados.Parente Jr. et al. (2005) apresentam várias técnicas, entre elas o método docontrole <strong>de</strong> carga. O sistema <strong>de</strong> equações, expressão 6.1.9, tem N+1 variáveis e N


146equações, on<strong>de</strong> N é o número <strong>de</strong> graus <strong>de</strong> liberda<strong>de</strong> do mo<strong>de</strong>lo <strong>de</strong> elementos finitos.Porém, nesse método, o fator <strong>de</strong> carga é prescrito no início <strong>de</strong> cada passo. Portanto, alinearização da expressão 6.1.9, leva aΨi + 1 = Ψi+ Ψ,uδu= Ψi+ K δu, (6.1.11)on<strong>de</strong> K é a matriz tangente, i é o número da iteração eδ u a correção do vetor <strong>de</strong><strong>de</strong>slocamentos nodais. A correção po<strong>de</strong> ser calcula fazendo-se Ψ 0 , o que leva aosistema linearicii + 1 =K δ u = −Ψ⇒ K δu= P + λP− F . (6.1.12)Os <strong>de</strong>slocamentos nodais são atualizados usando-seui + 1 = ui+ δu. (6.1.13)O processo continua até que a convergência seja alcançada segundo algum critérioe tolerância.internas,sendoon<strong>de</strong>A matriz <strong>de</strong> rigi<strong>de</strong>z po<strong>de</strong> ser obtida a partir da linearização do vetor <strong>de</strong> forçasTTdF= K du= ∫ dBσdV+ ∫BdσdV = K gdu+ K edu, (6.1.14)dσ= C dεC Bdu, (6.1.15)θ =θC θ é matriz constitutiva tangente que po<strong>de</strong> variar com a temperatura. A matriz <strong>de</strong>rigi<strong>de</strong>z elástica é dada por∫TK = B C BdV. (6.1.16)eθA matriz <strong>de</strong> rigi<strong>de</strong>z geométrica,K g , é <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>nte do tipo <strong>de</strong> elemento utilizado,porém, a partir da expressão 6.1.14, nota-se que esta só <strong>de</strong>pen<strong>de</strong> da variação <strong>de</strong>temperatura por meio das tensões.Usando o conceito <strong>de</strong> <strong>de</strong>formação efetiva e o método do controle <strong>de</strong> carga, aintrodução da ação térmica em programas <strong>de</strong> <strong>análise</strong> mecânica não-linear via elementosfinitos é simples e eficiente quando comparada a outras formulações com base emtensões térmicas. O problema se torna mais complexo quando outros métodosincrementais-iterativos são utilizados, principalmente <strong>de</strong>vido ao fato <strong>de</strong> que se precisaquantificar a variação da força interna com o fator <strong>de</strong> carga.


147Com base em ensaios experimentais e observações <strong>de</strong> incêndios reais, nota-seque, quando da ocorrência do incêndio, a estrutura já se encontra com um nível <strong>de</strong>carregamento. Po<strong>de</strong>-se notar que em simulações computacionais o a<strong>de</strong>quado é aplicarum carregamento que é mantido constante durante a atuação do incêndio.Logo, po<strong>de</strong>-se utilizar o método do controle <strong>de</strong> carga da forma convencional até oponto on<strong>de</strong> se atinge o nível <strong>de</strong> carregamento <strong>de</strong>sejado. A partir <strong>de</strong>sse ponto, começa-seo incêndio on<strong>de</strong> a força externa é mantida constante. O processo <strong>de</strong>ixa então <strong>de</strong> terincrementos <strong>de</strong> carga e passa a ter incrementos <strong>de</strong> tempo, durante os quais se passa oincêndio com a variação <strong>de</strong> temperatura associada ao fator <strong>de</strong> carga λ , expressões 6.1.9e 6.1.10. Durante os passos <strong>de</strong> tempo realiza-se uma <strong>análise</strong> térmica ao longo doselementos com suas <strong>de</strong>vidas condições <strong>de</strong> contorno. Para cada incremento <strong>de</strong> tempo, asetapas <strong>de</strong> iteração consi<strong>de</strong>ram na obtenção da matriz <strong>de</strong> rigi<strong>de</strong>z e força interna a<strong>de</strong>generescência das proprieda<strong>de</strong>s físicas dos materiais. O processo continua, comincrementos <strong>de</strong> tempo, até a falha da estrutura (Najjar, 1994; Souza Jr., 1998).Na figura 6.1.1a tem-se uma ilustração do método <strong>de</strong> Newton Raphson comcontrole do tempo, on<strong>de</strong> t 0 representa o carregamento da estrutura à temperaturaambiente. Os <strong>de</strong>mais tempos t 1 a t n representam os incrementos <strong>de</strong> tempo para os quaisse realiza o processo iterativo consi<strong>de</strong>rando a ação do incêndio. O tempo t n+1 indica quea estrutura não consegue manter o carregamento aplicado, externo, caracterizando afalha.CargaPt0t1t2CargaPtnTempo:t0 < t1 < t2tn+1Matriz <strong>de</strong> rigi<strong>de</strong>z tangenteatualizada durante oprocesso iterativoPosição <strong>de</strong> equilíbriopara o tempo tnut0u t1u t2Deslocamentout0u t1Deslocamento(a)(b)Figura 6.1.1 Método <strong>de</strong> Newton Raphson com controle do tempo:(a) incrementos <strong>de</strong> tempo e processo iterativo; (b) falha da estrutura.


148Para cada incremento <strong>de</strong> tempo é realizada uma <strong>análise</strong> <strong>de</strong> transferência <strong>de</strong> calornas seções transversais dos elementos sujeitos ao incêndio e obtém-se a variação <strong>de</strong>temperatura. A partir da integração nos elementos que discretizam as seções doselementos <strong>de</strong> viga, capítulo 5, po<strong>de</strong>-se obter os esforços resistentes e rigi<strong>de</strong>zesgeneralizadas das seções em situação <strong>de</strong> incêndio. Esses esforços e rigi<strong>de</strong>zes são, então,utilizados para obtenção da matriz <strong>de</strong> rigi<strong>de</strong>z e força interna dos elementos <strong>de</strong> viga.A capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> realizar as <strong>análise</strong>s térmica e estrutural em conjunto é umacaracterística particular dos mo<strong>de</strong>los <strong>de</strong>senvolvidos neste trabalho. Em programas comoo VULCAN ou SAFIR as temperaturas são um dado <strong>de</strong> entrada do problema ou a<strong>análise</strong> térmica é realizada e posteriormente é feita a <strong>análise</strong> estrutural.6.2 ELEMENTO DE VIGA TRIDIMENSIONALA não-linearida<strong>de</strong> física é consi<strong>de</strong>rada ao nível seccional, utilizando-se integraçãonos elementos que discretizam a seção, conforme apresentado para a solução daexpressão 5.3.11. Para tratamento da não-linearida<strong>de</strong> geométrica, utiliza-se umaformulação corrotacional (Crisfield, 1991, 1997; Pacoste e Eriksson 1997; Souza 2000).De maneira resumida, a formulação corrotacional consiste em usar um sistema <strong>de</strong>referência o qual continuamente translada e rotaciona com o elemento. Relativo a estesistema local que move, a formulação do elemento é <strong>de</strong>finida e os efeitos dos gran<strong>de</strong>s<strong>de</strong>slocamentos e rotações são consi<strong>de</strong>rados nas transformações entre os sistemas local eglobal.6.2.1 Gran<strong>de</strong>s RotaçõesO resultado <strong>de</strong> um certo número <strong>de</strong> gran<strong>de</strong>s rotações <strong>de</strong>pen<strong>de</strong> da or<strong>de</strong>m na qualelas são aplicadas (Crisfield, 1997). Portanto, essas rotações não po<strong>de</strong>m ser tratadascomo vetores. Esse comportamento tem importantes implicações nas <strong>análise</strong>s porelementos <strong>de</strong> viga, placas e cascas. Para evitar o problema, na rotação <strong>de</strong> um dado vetor,utiliza-se uma matriz <strong>de</strong> rotaçãoR( θ) I + S( θ)( 1−cosθ)sin θ= + S( θ) 2= I + sin θS( t) + ( 1−cosθ) S( t) 2,2(6.2.1)θ θ


149conhecida como fórmula <strong>de</strong> Rodrigues, on<strong>de</strong> t é um vetor unitário na direção do pseudovetorθ , e θ é o módulo do pseudovetor. O pseudovetor contém as rotações em trêsdimensões utilizadas em elementos <strong>de</strong> viga usuais. Na expressão 6.2.1,⎡ 0 − θ3θ2⎤S( θ ) =⎢⎥⎢θ30 − θ1⎥(6.2.2)⎢⎣− θ2θ10 ⎥⎦é a matriz skew, que representa rotações infinitesimais sobre eixos ortogonais, tambémchamada <strong>de</strong> tensor spin.Utilizando-se uma forma modificada do pseudovetor,( θ/2) θtanω = ω t = 2 tan( θ/2)t = 2 , (6.2.3)θchamada <strong>de</strong> vetor tangente-escalado, obtém-se outra forma da matriz <strong>de</strong> rotação111+ω4⎡⎤( ) = I + S( ω) + S( ω) S( ω) ⎥⎦R θT⎢ω ⎣12.(6.2.4)Quatro parâmetros, chamados <strong>de</strong> parâmetros <strong>de</strong> Euler, q 0 , q 1, q 2 e q 3 , po<strong>de</strong>mser agrupados em um vetor, também chamado <strong>de</strong> quaternion unitário,⎧q0 ⎫⎪ ⎪q ⎧ ⎫ ⎧ ( θ ) ⎫ ⎪⎧ cos1q0cos / 2q = ⎨ ⎬ = ⎨ ⎬ = ⎨ ⎬ = ⎨ θ⎪q⎪ ⎩ q ⎭ ⎩sin( θ / 2)t⎭sin2⎪⎩ θ⎪⎩q⎪3 ⎭( θ / 2)⎪⎫( θ / 2) ⎬⎪ ⎭, (6.2.5)e, como po<strong>de</strong> ser visto, estão relacionados com o pseudovetor θ . Seus componentespo<strong>de</strong>m ser utilizados para obter a matriz <strong>de</strong> rotação por meio da expressão⎡ 2 2q⎤0 + q1−1/2 q1q2 − q0q3q1q3+ q0q2⎢2 2⎥R = ⎢ q2q1+ q0q3q0+ q2−1/2 q2q3− q1q0⎥ . (6.2.6)⎢2 2q q − q q q q + q q q + q −1/2⎥⎣ 3 1 0 2 3 2 0 1 0 3 ⎦Conforme citado, o resultado <strong>de</strong> sucessivas rotações aplicadas a um corpo<strong>de</strong>pen<strong>de</strong> da or<strong>de</strong>m nas quais estas são aplicadas. Duas rotações sucessivas po<strong>de</strong>m serrepresentadas pelo produto <strong>de</strong> quaternions unitários, dado porT⎪⎧q⎪⎫0q0− q1q1 22q12= q2q1= ⎨⎬ , (6.2.7)⎪⎩q q2+ q0q1− q1× q0122 ⎪⎭


150on<strong>de</strong>q 0 1indica o componente q 0 do quaternion unitário q 1. Deve-se notar que estaoperação não é comutativa e representa a rotação <strong>de</strong> um vetor a partir da matriz <strong>de</strong>rotação representa por q 1 e posteriormente por q 2 .A obtenção do quaternion unitário a partir da matriz <strong>de</strong> rotação po<strong>de</strong> ser feita apartir da matriz escrita em função dos componentes do quaternion unitário, expressão6.2.6. O procedimento po<strong>de</strong> ser sumarizado pelo algoritmo <strong>de</strong> Spurrier, mostrado nafigura 6.2.1.m = maxse m ==1q0= tr<strong>aço</strong>21qi=kj4qcaso contrárioqqqi0l1=4q( tr<strong>aço</strong>( R),R11,R22,R33)tr<strong>aço</strong>( R)01 1= m +2 21=kj4qii( R)+ 1( R − R ) ( com i, j, k como uma permutação cíclica <strong>de</strong> 1, 2, 3)[ 1−tr<strong>aço</strong>( R)] ( com i tal que R = m)( R − R )( R − R ) ( para l = j, k)lijkjkilFigura 6.2.1 Algoritmo <strong>de</strong> Spurrier para obtenção do quaternion unitário a partir damatriz <strong>de</strong> rotação. Observação: nesta figura, o símbolo = indica atribuição e osímbolo == indica igualda<strong>de</strong>.iiApós a obtenção do quaternion unitário correspon<strong>de</strong>nte aos parâmetros <strong>de</strong> Euler,po<strong>de</strong>-se obter o vetor tangente-escalado e conseqüentemente o pseudovetor com aexpresssão 6.2.3, que po<strong>de</strong> ser reescrita como( θ/2)tan2 2ω = ωt= 2 tan( θ/2)t = 2 θ = q = q . (6.2.8)θ cos( θ/2)q 0


1516.2.2 Formulação CorrotacionalA transformação entre os sistemas local (xyz na figura 6.2.2) e global (XYZ nafigura 6.2.2) é feita <strong>de</strong> acordo com uma formulação corrotacional. No caso <strong>de</strong> <strong>estruturas</strong>planas essa transformação po<strong>de</strong> ser exata (Muniz, 2005). Em três dimensões, todavia,diferentes formulações são propostas com base em diferentes <strong>de</strong>finições do sistemalocal e diferentes consi<strong>de</strong>rações relacionadas ao tamanho das rotações locais. Nestetrabalho, o procedimento proposto por Crisfield (1990, 1997), será utilizado por estarbem consolidado.A figura 6.2.2 mostra o elemento <strong>de</strong> viga in<strong>de</strong>formado e seu sistema local inicialxˆ ŷẑ <strong>de</strong>finido a seguir. O vetor ê 1 é dado poron<strong>de</strong>XˆIJe 1 = , (6.2.9)LXIJ= X − X(6.2.10)JIé a diferença entre as coor<strong>de</strong>nadas globais dos nós J e I, eIJT( X X ) 1/ 2L = X =(6.2.11)IJIJé o comprimento inicial, in<strong>de</strong>formado, do elemento.Os outros vetores ê 2 e ê 3 são obtidos a partir <strong>de</strong> um vetor v fornecido comodado <strong>de</strong> entrada, que neste trabalho, quando multiplicado pelo vetor ê 1 fornece adireção do vetor ê 3, portanto,eˆ3v×eˆ1= (6.2.12)v×eˆ1e( eˆe )e ˆ = × . (6.2.13)2 − 1ˆ3


152e3e2e1JxzyIz^ê3y^ê2ê1Jx^IZYXFigura 6.2.2 Configuração inicial e atual do elemento no esp<strong>aço</strong>.Assim, <strong>de</strong>fine-se o triedro formado pelos vetores bases que correspon<strong>de</strong> à matriz<strong>de</strong> rotação que transforma vetores a partir do sistema global para o local in<strong>de</strong>formado[ eˆeˆe ]E ˆ = . (6.2.14)1 2ˆ3Após a <strong>de</strong>formação do elemento, as seções localizadas nas extremida<strong>de</strong>s doelemento serão rotacionadas no esp<strong>aço</strong>, figura 6.2.3, e as bases do sistema que <strong>de</strong>finema nova posição compõem os triedrosI[ n n n ]N = eJI1I2I3[ n n n ]N = ,J1J2J3(6.2.15)que inicialmente são iguais ao triedro Ê , expressão 6.2.14.A rotação dos triedros é feita a partir das rotações globais obtidas após a soluçãodo sistema <strong>de</strong> equações que representa a estrutura. Deve-se notar que as rotações globaisem cada nó formam um pseudovetor, e as rotações sucessivas dos triedros são obtidas apartir da composição dos quaternions unitários, expressão 6.2.7. Sendo o triedro umamatriz <strong>de</strong> rotação, esta po<strong>de</strong> ser representada por um quaternion unitário obtidoutilizando-se o algoritmo <strong>de</strong> Spurrier, figura 6.2.1.


nJ2nJ1153nJ3JnI3nI2ZIYnI1XFigura 6.2.3 Triedros nodais para a configuração <strong>de</strong>formada.Com a <strong>de</strong>formação do elemento, o sistema <strong>de</strong> coor<strong>de</strong>nadas local xyz po<strong>de</strong> ser<strong>de</strong>finido com o eixo x ao longo da linha que liga os nós I e J na configuração<strong>de</strong>formada, vetor e 1 na figura 6.2.2. O sistema local xyz po<strong>de</strong> ser representado pelotriedro[ e e ]E = . (6.2.16)1 2 e3Os <strong>de</strong>mais vetores, e 2 e e 3, que aparecem na expressão, são dados porTr ee 2 21 +22 13 1= r − ( r e ) e e r − ( r + e )on<strong>de</strong> os vetores r 1 , r 2 e r 2 formam o triedro[ r r ]1 2 r313Tr e= 31 1 , (6.2.17)2R = , (6.2.18)que correspon<strong>de</strong> a uma rotação intermediária entre as rotações dos nós (Crisfield, 1997).A partir das <strong>de</strong>finições apresentadas, as rotações locais po<strong>de</strong>m ser obtidas a partirdas expressões⎡1= arcsin⎢⎣2T T ⎤⎡1T T ⎤( e n − e n ) ⎥⎦, = arcsin ( n − e n ) ⎥⎦θxI3 I2 2 I3⎡1= arcsin⎢⎣2θyI1 I3 3 I1⎢e ,⎣2T T ⎤⎡1T T ⎤( e n − e n ) ⎥⎦, = arcsin ( n − e n ) ⎥⎦θzI2 I1 1 I2⎡1= arcsin⎢⎣2θxJ3 J2 2 J3⎢e ,⎣2T T ⎤⎡1T T ⎤( e n − e n ) ⎥⎦e = arcsin ( n − e n ) ⎥⎦θyJ1 J3 3 J1θzJ2 J1 1 J2⎢e .⎣2(6.2.19)Localmente, admite-se que o elemento possui sete graus <strong>de</strong> liberda<strong>de</strong> (Crisfield,1997), formados pelas rotações dadas pelas expressões 6.2.19 e o <strong>de</strong>slocamento u do nó


154J na direção e 1, figuras 6.2.2 e 6.2.4, obtido a partir do comprimento <strong>de</strong>formado doelemento. Esse comprimento po<strong>de</strong> ser obtido a partir dos <strong>de</strong>slocamentos globais dosnós.dada porglobal,A relação tangencial entre <strong>de</strong>slocamentos nos sistemas local, δ u , e global, δ û , é∂uδ u = δuˆ= Tδuˆ. (6.2.20)∂uˆA transposta da matriz T transforma forças a partir do sistema local para oPˆ =TT P . (6.2.21)z, wθzI*wIθyI*y, vcondições <strong>de</strong>contorno emincêndioI vI K JθzJ*wJvJθyJ*uIθxI*uKseção transversalgenéricauJ*θxJ*x, uFigura 6.2.4 Graus <strong>de</strong> liberda<strong>de</strong> locais (o símbolo “*” indica os graus <strong>de</strong> liberda<strong>de</strong>consi<strong>de</strong>rados na formulação corrotacional).A partir da variação dos <strong>de</strong>slocamentos locais em relação aos globais, expressão6.2.20, po<strong>de</strong>-se obter a matriz <strong>de</strong> transformação (Crisfield, 1997)TT TT[ t t ... t ]T = , (6.2.22)1212on<strong>de</strong> t 1 = t 2 = t3= t8= t9= 0 , pois se tem apenas sete graus <strong>de</strong> liberda<strong>de</strong> locais. Os<strong>de</strong>mais vetores da expressão 6.2.22 sãot412cosθ= [ L( r ) n − L( r ) n − h ] T , t[ − L( r ) n − h ] TI23I22I3I151= 3 I1 I2 ,2cosθ1= [ L( r ) n h ] T T T T T T, t [ − e 0 e ]t 62 I1 +2cosθt10on<strong>de</strong>I312cosθI3I2= ,7 11 0= [ L( r ) n − L( r ) n − h ] T e t [ L( r ) n + h ] TJ13J22J3J1121= 2 J1 J3 ,2cosθJ3(6.2.23)


155LT[ ]TTTT( r ) L ( r ) L ( r ) − L ( r ) L ( r )kcom= , para k = 2 e 3 , (6.2.24)1k2kT 1 T 1L 1( rk) = rke1A+ Ark( e1+ r1) T e2 21 11L 2 kk k 1 1 k 1 1 +2 44TT( r ) = S( r ) − r e S( r ) − S( r ) e ( e r ) T1k2k1(6.2.25)on<strong>de</strong> S ( ) é o tensor spin, expressão 6.2.2. Nas expressões também aparecem os termosT( I − e1e1)TT[ 0 ( S( nI2) e3− S( nI3) e2)T0T]TTT[( AnI3) ( S( nI1) e3− S( nI3) e1) − ( AnI3)T]TTT[( AnI2) ( S( nI1) e2− S( nI2) e1) − ( AnI2)T]T T T[ 0 0 0 ( S( nJ2) e3− S( nI3) e2) ]T TT[( AnJ3) 0 − ( AnJ3) ( S( nJ1) e3− S( nJ3) e1)]T TT[( An ) 0 − ( An ) ( S( n ) e − S( n ) e ) ]1A = , on<strong>de</strong> l é o comprimento <strong>de</strong>formado do elemento, e,lhhhhhhTI10= ,TI20= ,TI30TJ1TJ2TJ3= ,= ,= e= .J2J2J12J21(6.2.26)A matriz <strong>de</strong> rigi<strong>de</strong>z do elemento no sistema local relaciona incrementos <strong>de</strong><strong>de</strong>slocamento aos incrementos <strong>de</strong> força,δ P = K δu. (6.2.27)A matriz <strong>de</strong> rigi<strong>de</strong>z global, Kˆ , po<strong>de</strong> ser obtida a partir da linearização daexpressão 6.2.21 e usando-se as expressões 6.2.20 e 6.2.27, logoT TT TT T( T P) = T δP+ δTP = T K δu+ δTP = ( T K T + K ) δuˆ= Kˆδuˆδ Pˆ= δ. (6.2.28)Como po<strong>de</strong> ser visto a matriz <strong>de</strong> rigi<strong>de</strong>z geométrica, expressão 6.2.28, é dada porT∂TK g = : P , (6.2.29)∂uˆon<strong>de</strong> o símbolo “:” representa uma contração, tal quegTδTP =3∑r=1δtPrr= K δuˆ, (6.2.30)gon<strong>de</strong> t r são as linhas da matriz <strong>de</strong> transformação T , expressões 6.2.22 a 6.2.26.


156A <strong>de</strong>rivação da matriz <strong>de</strong> rigi<strong>de</strong>z geométrica envolve longas manipulaçõesalgébricas (Crisfield 1997; Souza 2000), que não serão apresentadas aqui. A expressãofinal po<strong>de</strong> ser apresentada como uma soma <strong>de</strong> várias matrizes,K = K + K + K + K + K + K . (6.2.31)gabAs matrizes que aparecem na expressão são⎡ A 0 − A 0⎤⎢⎥⎢0 0 0 0K a =⎥ ,⎢−A 0 A 0⎥⎢⎥⎣ 0 0 0 0⎦c<strong>de</strong>fKKbcd= P+T2t6t6TP5t11t11= m G r2+ m6Itan θI3tan θ+ PJ2T3t12+ P6t12TT( − t t tan θ + t t tan θ )4tan θ4J3+ PI3T4t5t510tan θ( 2,nI1) + m3G( r2, nJ1) − m4G( r3, nI1) − m5G( r3, nJ1)( G( r , n ) − G( r , n )) − m ( G( r , n ) − G( r , n ))3J2[ 0 K 0 K ]K = , on<strong>de</strong>d2d2d42J3( )( m S( n ) + m S( n )) + L( r )( m S( n ) m S( n ))K = −L r+ed422I16II36J( )( m S( n ) + m S( n )) + L( r )( m S( n ) m S( n ))K = −L r+ ,2TK e = K d e3J16JJ333345I210I1J1I2J126I6J,I3,I2J2(6.2.32)eKf⎡ K⎢⎢K=⎢−K⎢⎣Kf11f11Tf12f11Tf142KK− Kf12f 220f12− K− KK− Kf11Tf12f11f14K− KKf140f14f 44⎤⎥⎥ , on<strong>de</strong>⎥⎥⎦( ) − m M( n ) + m M( n ) m M( n )K = −mM n+ ,f12I23J24= −mAS( n ) m AS( n ), K −mAS( n ) + m AS( n )K +KKf 22f 44= m2− m= m3+ m2I24I3f14I335J2J3= ,( S( e2) S( nI1) − S( e1) S( nI2)) − m4( S( e3) S( nI1) − S( e1) S( nI3))( S( e ) S( n ) − S( e ) S( n ))6I3I22I3( S( e2) S( nJ1) − S( e1) S( nJ2)) − m5( S( e3) S( nJ1) − S( e1) S( nJ3))( S( e ) S( n ) − S( e ) S( n ))6J3J22J35J3.


157Nas expressões anteriores,1 ⎡l ⎢⎣T T T( ) ( ) ( )⎤z = − Aze + Aze + A e z ⎥⎦M 1 11eG( r z)k ,f⎡ g⎢⎢g12=⎢−g⎢⎣g1211T11Tgg1222− gg1222− g− gg− g11T1211T12gg1222− gg1222⎤⎥⎥ , on<strong>de</strong>⎥⎥⎦TT TT( Azr A + Ar z A + r e M( z) + ( e r ) zM( r ))1g 11 = − k k k 1 1 + 1 k ,2TTT( Aze S( r ) + ( e + r ) zAS( r ) Ar z S( r ))1g 12 = − 1 k 1 1 k + k 1 ,4g18TT( − ( r e ) S( z) S( r ) + S( r ) e z S( r ) + S( z) S( r ))22 = k 1 1 k 1 1 2+ STT( r ) ze S( r ) − ( e + r ) zS( e ) S( r )11k1Também aparecem nas expressões as forças escaladasmmP22 = ,2cosθzIP55 = ,2cosθyJmmP133 = ,2cosθzJPm66I = e2cosθxI1kP44 = ,2cosθyIm6JP6=2cosθxJk.(6.2.33)(6.2.34)on<strong>de</strong> P são as forças internas associadas aos respectivos graus <strong>de</strong> liberda<strong>de</strong>, conformeas expressões acima, sendo P 6 associada à rotação θ xJ , figura 6.2.4.Observa-se que a matriz geométrica não é simétrica. Para evitar uma mudança nosalgoritmos <strong>de</strong> solução <strong>de</strong> equações com base em matrizes simétricas, a matrizgeométrica é tornada simétrica segundo a expressãoT( K K )1K g = g + g . (6.2.35)2Essa consi<strong>de</strong>ração não trará prejuízos graves uma vez que, segundo Crisfield (1997), amatriz geométrica se torna simétrica quando se está próximo do ponto <strong>de</strong> equilíbrio noprocesso iterativo <strong>de</strong> Newton Raphson.


1586.2.3 Matriz <strong>de</strong> Rigi<strong>de</strong>z LocalNas expressões 6.2.28 e 6.2.21 on<strong>de</strong> aparecem a matriz <strong>de</strong> rigi<strong>de</strong>z e força internaglobais, o único requerimento é que a formulação local do elemento tenha os sete graus<strong>de</strong> liberda<strong>de</strong> mostrados na figura 6.2.4, indicados com o símbolo “*”.O elemento com onze graus <strong>de</strong> liberda<strong>de</strong> apresentado no item 3.3.1 (Caldas, 2004;Sousa Jr. e Caldas, 2005) é utilizado com o grau <strong>de</strong> liberda<strong>de</strong> à torção <strong>de</strong>sacopladoadicionado. Os graus <strong>de</strong> liberda<strong>de</strong> adicionais são con<strong>de</strong>nsados estaticamente ao nívelincremental (Cook et al., 2002) (alguns são simplesmente eliminados).A torção é levada em consi<strong>de</strong>ração a partir da inclusão da relação linearθ = T / GJon<strong>de</strong> a rigi<strong>de</strong>z GJ é um dado <strong>de</strong> entrada que <strong>de</strong>ve ser avaliado consi<strong>de</strong>rando fenômenoscomo a fissuração do <strong>concreto</strong> e <strong>de</strong>generescência das proprieda<strong>de</strong>s com o aumento <strong>de</strong>temperatura e l é o comprimento inicial, in<strong>de</strong>formado, do elemento.Portanto, para a matriz <strong>de</strong> rigi<strong>de</strong>z local do elemento, tem-se⎡ k⎢⎢k⎢ k⎢⎢ 0⎢ k⎢⎢ k= ⎢ k⎢⎢ k⎢k⎢⎢ 0⎢⎢k⎢k⎢⎢⎣k1,12,13,15,18,19,111,112,113,1kkkkk1,22,23,25,28,29,211,212,213,21,32,33,35,38,39,311,312,313,3− GJ / l1,52,53,55,58,59,511,512,513,51,62,63,65,68,69,611,612,613,61,72,73,75,78,79,711,712,713,71,82,83,85,88,89,811,812,813,88,99,911,912,913,9− GJ / l6,1 6,2 6,36,5 6,6 6,7 6,8 6,96,11 6,12 6,13K 7,1k7,2k7,30 k7,5k7,6k7,7k7,8k7,90 k7,11k7,12k7,13(6.2.36)kkkkk00kkkkkkkkkk00000GJ / l0000000kkkkkkkkkk00kkkkkkkkkk00kkkkkkkkkk00kkkkkkkkkk00kkkkkkkkkk1,92,93,905,900000000GJ / l000kkkkkkkkkk1,112,113,1105,118,119,11011,1112,1113,11kkkkkkkkkk1,122,123,1205,128,129,12011,1212,1213,12k1,13⎤k⎥2,13⎥k ⎥3,13⎥0 ⎥k ⎥5,13⎥k ⎥⎥⎥k8,13⎥k⎥9,13⎥0 ⎥⎥k11,13⎥k ⎥12,13⎥k13,13⎥⎦on<strong>de</strong> os coeficientes k 1..13,1.. 13 são obtidos através da expressão 3.3.25.A força interna do elemento será obtido a partir da expressãofm= ⎣f1f2f3GJθx/ l f5f6f7f8f9− GJθx/ l f11f12f13⎦, (6.2.37)sendo os coeficientes f 1.. 13 obtidos a partir da expressão 3.3.26 e θ x representa a torçãototal <strong>de</strong> uma extremida<strong>de</strong> do elemento em relação à outra.Apesar do elemento ter 13 graus <strong>de</strong> liberda<strong>de</strong> (6 em cada nó e o <strong>de</strong>slocamentoaxial hierárquico), os <strong>de</strong>slocamentos transversais são tomados iguais a zero juntamentecom a rotação em torno do eixo axial e o <strong>de</strong>slocamento axial no nó I. Isso é feito porquea formulação corrotacional admite uma matriz local correspon<strong>de</strong>nte a um elementoisostático no esp<strong>aço</strong>. O <strong>de</strong>slocamento axial hierárquico é con<strong>de</strong>nsado estaticamente,


159restando apenas sete graus <strong>de</strong> liberda<strong>de</strong>. A figura 6.2.4 apresenta os 13 graus <strong>de</strong>liberda<strong>de</strong> e indica com o símbolo “*” os graus <strong>de</strong> liberda<strong>de</strong> utilizados na formulaçãocorrotacional.6.3 EXEMPLOSO mo<strong>de</strong>lo numérico <strong>de</strong>senvolvido foi comparado com resultados experimentais enuméricos. Os resultados numéricos encontrados na literatura foram obtidos com osprogramas VULCAN e SAFIR. Alguns resultados do programa VULCAN foramobtidos a partir <strong>de</strong> uma versão comercial (versão 10.0) disponível na Universida<strong>de</strong>Fe<strong>de</strong>ral <strong>de</strong> Minas Gerais. Nos exemplos, utilizam-se as proprieda<strong>de</strong>s em temperaturaelevada obtidas do EN 1993-1-2:2005 e EN 1994-1-2:2005 e a <strong>análise</strong> térmica foirealizada por diferenças finitas, exceto quando comentado.6.3.1 Pilar <strong>de</strong> AçoOs resultados obtidos no presente trabalho foram comparados com o mo<strong>de</strong>lo<strong>de</strong>senvolvido por Lan<strong>de</strong>smann et al. (2005), com o programa SAFIR (encontrados emLan<strong>de</strong>smann et al., 2005) e com o programa VULCAN, versão 10.0, para um pilar <strong>de</strong><strong>aço</strong> biapoiado com 4m <strong>de</strong> comprimento, submetido ao incêndio-padrão nas quatro facesdo perfil e também em três faces. O pilar é submetido, à temperatura ambiente, a umcarregamento dado por 20% e 30% do momento e carga axial <strong>de</strong> plastificação,respectivamente, da seção <strong>de</strong> <strong>aço</strong> IPE 360, configurando uma flexão com curvaturasimples. Na seção exposta ao incêndio em três faces, os <strong>de</strong>slocamentos <strong>de</strong>vido à açãodos momentos agindo nas duas extremida<strong>de</strong>s do pilar ocorrem na direção da mesa semproteção. O <strong>aço</strong> tem resistência ao escoamento igual àelasticida<strong>de</strong> igual a205000 MPa .250 MPa e módulo <strong>de</strong>No presente trabalho, o pilar foi discretizado com quatro elementos <strong>de</strong> viga <strong>de</strong>comprimentos iguais on<strong>de</strong> as proprieda<strong>de</strong>s termomecânicas do <strong>aço</strong> foram tomadassegundo o EN 1993-1-2:2005. Utilizando o método das diferenças finitas para obtençãodas temperaturas, a seção transversal foi discretizada com pelo menos 4 elementos


160retangulares ao longo da espessura, com uma dimensão máxima <strong>de</strong> 1,0 cm. Umalgoritmo foi <strong>de</strong>senvolvido para discretização da seção (Caldas et al., 2005a). Na figura6.3.1 são apresentados os <strong>de</strong>slocamentos transversais na seção central do pilar. Para opilar submetido ao incêndio-padrão nas três faces do perfil, consi<strong>de</strong>rou-se a face nãoexposta ao incêndio como protegida por um anteparo adiabático. Observa-se que osresultados obtidos no presente trabalho têm uma ótima concordância com os resultadosobtidos no programa SAFIR (Franssen, 2005).Em relação ao VULCAN, os resultados também foram bons. As temperaturasfornecidas como dados <strong>de</strong> entrada foram tomadas iguais à temperatura do centrói<strong>de</strong> damesa <strong>de</strong>sprotegida. A partir da temperatura da mesa <strong>de</strong>sprotegida, para o perfil expostoao incêndio em três faces, consi<strong>de</strong>rou-se para a alma e mesa protegida pela laje asporcentagens <strong>de</strong> 100% e 80%, respectivamente.Essa distribuição <strong>de</strong> temperatura foi adotada com base nos resultados <strong>de</strong> <strong>análise</strong>stérmicas para o perfil em estudo, e afeta pouco o resultado, indicando que a utilização<strong>de</strong> métodos muito sofisticados para obtenção da distribuição da temperatura tem poucainfluência nos resultados no caso <strong>de</strong> perfis <strong>de</strong> <strong>aço</strong>.Deslocamentos (cm)-10-8-6-4-24 facesSAFIRVULCANLan<strong>de</strong>smannPresente trabalho3 faces00 300 600 900 1200Tempo <strong>de</strong> exposição ao incêndio (s)Figura 6.3.1 Resultados para os pilares analisados.Em relação aos resultados obtidos por Lan<strong>de</strong>smann et al. (2005), as diferenças sãomaiores e <strong>de</strong>vem estar relacionadas às aproximações adotadas no mo<strong>de</strong>lo on<strong>de</strong> ocomportamento estrutural é simulado por meio <strong>de</strong> princípios <strong>de</strong> plasticida<strong>de</strong>


161concentrada, que fazem uso do mo<strong>de</strong>lo refinado das rótulas plásticas, funções <strong>de</strong>estabilida<strong>de</strong>, módulos tangentes e superfícies <strong>de</strong> interação <strong>de</strong> esforços (Lan<strong>de</strong>smann,2003).6.3.2 Viga <strong>de</strong> AçoLan<strong>de</strong>smann et al. (2005) também analisaram uma viga <strong>de</strong> <strong>aço</strong> biapoiada com 5 m<strong>de</strong> comprimento submetida a momentos nas extremida<strong>de</strong>s. Os momentos aplicadosvariam entre 0,1 e 0,9 do momento <strong>de</strong> plastificação da seção <strong>de</strong> <strong>aço</strong> IPE360 àtemperatura ambiente. As proprieda<strong>de</strong>s termomecânicas do <strong>aço</strong> nas <strong>análise</strong>s realizadasno presente trabalho foram tomadas segundo o EN 1993-1-2:2005. As vigas foramdiscretizadas com quatro elementos <strong>de</strong> comprimentos iguais e seção transversalconforme exemplo anterior. A laje foi consi<strong>de</strong>rada como um anteparo adiabático e parao <strong>aço</strong> as mesmas proprieda<strong>de</strong>s, resistência e módulo <strong>de</strong> elasticida<strong>de</strong>, do exemploanterior foram usadas.O programa VULCAN também foi utilizado, sendo a porcentagem da temperaturada mesa protegida em relação à mesa <strong>de</strong>sprotegida <strong>de</strong> 80% para as vigas com momentoaplicado variando <strong>de</strong> 0,7 a 0,9 do momento <strong>de</strong> plastificação da seção à temperaturaambiente, e para os <strong>de</strong>mais casos <strong>de</strong> carregamento a relação entre as temperaturas foi <strong>de</strong>90%. Essa distribuição <strong>de</strong> temperatura foi consi<strong>de</strong>rada com base nos resultados <strong>de</strong><strong>análise</strong>s térmicas para o perfil IPE 360.Na figura 6.3.2 apresentam-se os <strong>de</strong>slocamentos no meio do vão da viga que foicarregada em temperatura ambiente, tendo-se, em seguida, iniciado os incrementos <strong>de</strong>tempo que simulam o incêndio. Apenas os resultados <strong>de</strong> Lan<strong>de</strong>smann et al. (2005) para0,1, 0,2, 0,8 e 0,9 do momento <strong>de</strong> plastificação são apresentados. De forma similar aoexemplo anterior, os resultados obtidos para a viga ficaram bem próximos dos obtidosno programa SAFIR e um pouco diferentes dos resultados do mo<strong>de</strong>lo apresentado porLan<strong>de</strong>smann et al. (2005).


162Deslocamentos (cm)-35-25-15-50,9 M p0,80,70,60,30,40,50,2 M p0,1 M pSAFIRVULCANLan<strong>de</strong>smannPresente trabalho0 300 600 900 1200 1500 1800 2100 2400Tempo <strong>de</strong> exposição ao incêndio (s)Figura 6.3.2 Resultados para a viga com o momento aplicado variando <strong>de</strong> 0,1 a0,9 do momento <strong>de</strong> plastificação da seção IPE 360.6.3.3 Viga <strong>de</strong> ConcretoSeis espécimes <strong>de</strong> viga <strong>de</strong> <strong>concreto</strong> armado, mostrada na figura 6.3.3, foramtestados por Ellingwood e Lin (1991) e analisados numericamente com o programaVULCAN por Cai et al. (2003). As vigas analisadas com o elemento <strong>de</strong>senvolvidocorrespon<strong>de</strong>m à Viga 3 e à Viga 6 do trabalho original e são expostas ao incêndio nasfaces laterais e inferior, enquanto o balanço é mantido à temperatura ambiente. A Viga 3está sujeita ao incêndio-padrão da ASTM E119 e a Viga 6 é exposta a um incêndio <strong>de</strong>curta duração e gran<strong>de</strong> intensida<strong>de</strong> (short duration high intensity, SDHI). A resistênciaa compressão do <strong>concreto</strong> é <strong>de</strong> 29,65 e 64,54 MPa para as Vigas 3 e 6, respectivamente.As armaduras têm resistência ao escoamento <strong>de</strong> 495 MPa e 187244 MPa para o módulo<strong>de</strong> elasticida<strong>de</strong>. Uma umida<strong>de</strong> <strong>de</strong> 3% do peso do <strong>concreto</strong> foi consi<strong>de</strong>rada. Acondutivida<strong>de</strong> térmica foi tomada como o limite inferior prescrito pelo EN 1992-1-2:2004. A carga P o foi consi<strong>de</strong>rada constante e igual a 157,8 e 111,2 kN para as Vigas 3e 6, respectivamente.Cai et al. (2003) empregaram 20 elementos nas <strong>análise</strong>s <strong>numérica</strong>s e obtiveram adistribuição <strong>de</strong> temperaturas a partir <strong>de</strong> uma programa <strong>de</strong> <strong>análise</strong> <strong>de</strong> transferência <strong>de</strong>calor e massa tridimensional, chamado FPRCBC-T (Huang et al., 1996). No presentetrabalho, 16 elementos foram utilizados. O método das diferenças finitas foi utilizado


163para <strong>análise</strong> <strong>de</strong> transferência <strong>de</strong> calor com elementos retangulares <strong>de</strong> dimensão máximaigual a 1,0 cm. As figuras 6.3.4 e 6.3.5 mostram as comparações entre os <strong>de</strong>slocamentosmáximos obtidos nos testes e nas <strong>análise</strong>s <strong>numérica</strong>s. Os resultados são razoavelmentebons apesar das incertezas <strong>de</strong> alguns parâmetros envolvidos nas <strong>análise</strong>s <strong>numérica</strong>s,como, por exemplo, a umida<strong>de</strong> do <strong>concreto</strong>.P = 44,48 kNP P P P P Po510 1016 1016 1016 1016 1016 510 1524360 3251 838 102 1549300 61001830aa4 Ø 25.44 Ø 22.2682286868656568534Section a-aFigura 6.3.3 Viga <strong>de</strong> <strong>concreto</strong> (Cai et al., 2003)-16Deslocamento (cm)-12-8-40EnsaioVULCANPresente trabalhoTempo <strong>de</strong> incêndio (s)0 3600 7200 10800 14400Figura 6.3.4 Deslocamentos máximos da Viga 3 no vão exposto ao incêndio.


164Deslocamento (cm)-8-6-4-20EnsaioVULCANPresente trabalhoTempo <strong>de</strong> incêndio (s)0 3600 7200 10800 14400Figura 6.3.5 Deslocamentos máximos da Viga 6 no vão exposto ao incêndio.6.3.4 Viga Mista <strong>de</strong> Aço e ConcretoNo trabalho <strong>de</strong> Huang et al. (1999b) encontram-se os resultados numéricos da<strong>análise</strong> <strong>de</strong> duas vigas <strong>mistas</strong> em situação <strong>de</strong> incêndio, utilizando o programa VULCAN.Os resultados experimentais mostrados por Wainman e Kirby (1988) também sãoapresentados. A seção mista é composta por um perfil I <strong>de</strong> <strong>aço</strong> 254x146mm x 43kg/msobreposto por uma laje <strong>de</strong> <strong>concreto</strong> 624x130 mm com 4 armaduras <strong>de</strong> 8 mm <strong>de</strong>diâmetro. O perfil tem resistência ao escoamento igual a255 MPa e o <strong>concreto</strong> temresistência à compressão <strong>de</strong> 30MPa. As armaduras possuem resistência ao escoamentoigual a600MPa. As vigas com 4,53 m <strong>de</strong> comprimento possuem quatro pontos <strong>de</strong>aplicação <strong>de</strong> carga iguais a 32,47kNe 62,36kN, respectivamente, Teste 15 e Teste 16.As vigas foram expostas ao incêndio-padrão em sua face inferior. A figura 6.3.6apresenta os resultados. Nas <strong>análise</strong>s, as proprieda<strong>de</strong>s foram tomadas segundo o EN1994-1-2:2005 e foram utilizados 8 elementos com 4 pontos <strong>de</strong> Gauss cada. A seção,analisada pelo método das diferenças finitas, foi discretizada utilizando elementosretangulares com dimensão máxima <strong>de</strong> 1,0 cm e com no mínimo dois elementos aolongo da espessura do perfil.


1650,00-0,05-0,10-0,15-0,20-0,25-0,30-0,35-0,40Deslocamento (m)TesteVULCANPresente trabalhoTemperatura da mesa inferior do perfil (°C)0 100 200 300 400 500 600 700 800(a) Teste 150,00-0,05-0,10-0,15-0,20-0,25-0,30Deslocamento (m)TesteVULCANPresente trabalhoTemperatura da mesa inferior do perfil (°C)0 100 200 300 400 500 600 700 800(b) Teste 16Figura 6.3.6 Análise <strong>de</strong> vigas <strong>mistas</strong> em situação <strong>de</strong> incêndio.Os resultados mostram uma boa concordância entre os <strong>de</strong>slocamentos obtidos nopresente trabalho e os obtidos experimental e numericamente.


1666.3.5 Pórtico <strong>de</strong> Aço 3DOs resultados da <strong>análise</strong> <strong>numérica</strong> do pórtico <strong>de</strong> <strong>aço</strong> mostrado na figura 6.3.7,po<strong>de</strong>m ser obtidos <strong>de</strong> Souza Jr. e Creus (2006). O material possui resistência aoescoamento igual a 325MPa, as seções são do tipo H 150x150x7x10mm e a carga P éigual a250 kN . Um incêndio na parte inferior da estrutura é simulado aquecendo-setodas as colunas e vigas da parte inferior. Os resultados dos <strong>de</strong>slocamentos dos pontos<strong>de</strong> aplicação das cargas H1 e H2 po<strong>de</strong>m ser vistos na figura 6.3.8. Cada elementoestrutural, pilar ou viga, foi discretizado com 4 elementos <strong>de</strong> viga, num total <strong>de</strong> 64elementos. As seções foram analisadas pelo método das diferenças finitas comelementos retangulares com dimensão máxima <strong>de</strong> 1,0 cm e com pelo menos doiselementos ao longo da espessura do perfil.PPPPcobertura2.20 mH1=P/3elementosaquecidossegundopisoH2=P/61.76 m2,50 myzx3,00 mbaseFigura 6.3.7 Estrutura <strong>de</strong> <strong>aço</strong> tridimensional analisada (Souza Jr. e Creus, 2006).Deslocamentos (m).0,060,050,040,030,020,010SAFIRSouza Jr. e CreusPresente trabalho0 200 400 600Temperatura (°C)Figura 6.3.8 Relação <strong>de</strong>slocamento-temperatura para a estrutura tridimensional.


167Em relação ao mo<strong>de</strong>lo apresentado por Souza Jr. e Creus (2006) os resultados<strong>de</strong>monstram pequenas diferenças. O mo<strong>de</strong>lo utiliza elementos finitos <strong>de</strong> viga 3D on<strong>de</strong> anão-linearida<strong>de</strong> física é mo<strong>de</strong>lada com base no conceito <strong>de</strong> rótulas plásticas (Souza Jr.,2004). Em relação ao programa SAFIR, (dados obtidos <strong>de</strong> Souza Jr. e Creus, 2006) osresultados foram bem próximos.6.3.6 Pilar Misto Totalmente Envolvido por ConcretoDes<strong>de</strong> o trabalho <strong>de</strong> Caldas (2004), o autor <strong>de</strong>ste trabalho apresenta particularinteresse no estudo <strong>de</strong> pilares mistos <strong>de</strong> <strong>aço</strong> e <strong>concreto</strong>. Paralelamente a este trabalhoalguns estudos foram realizados e levaram a proposição dos procedimentos <strong>de</strong> cálculoatualmente empregados pela ABNT NBR 8800:2008 (Caldas et al., 2005, 2007).Também, alguns trabalhos sobre o comportamento <strong>de</strong> pilares mistos em situação <strong>de</strong>incêndio, foram <strong>de</strong>senvolvidos (Caldas et al., 2006, 2007). Os exemplos e conclusões aseguir foram obtidos <strong>de</strong>sses trabalhos.Huang el al. (2007) apresentam os resultados da <strong>análise</strong> experimental e <strong>numérica</strong><strong>de</strong> um pilar formado por uma seção I envolvida por <strong>concreto</strong> submetida ao incêndio,Teste RCC01. O <strong>concreto</strong> envolvendo uma seção <strong>de</strong> <strong>aço</strong> UC 152x152x37 tem300x300mm e possui quatro barras <strong>de</strong> diâmetro <strong>de</strong> 13 mm com cobrimento <strong>de</strong> 30 mm.O pilar tem 3540 mm <strong>de</strong> comprimento, resistência a compressão do <strong>concreto</strong> <strong>de</strong> 43 MPae escoamento do <strong>aço</strong> <strong>de</strong> 460 MPa. As barras têm resistência ao escoamento igual a 460MPa. A relação temperatura-tempo dos gases no incêndio tem duas fases ascen<strong>de</strong>ntes a5 e 8 °C/min, respectivamente, ver item 4.7.5.As proprieda<strong>de</strong>s dos materiais foram tomadas segundo o EN 1994-1-2:2005 comuma umida<strong>de</strong> <strong>de</strong> 8% do peso do <strong>concreto</strong>. O limite superior <strong>de</strong> condutivida<strong>de</strong> foiconsi<strong>de</strong>rado. Quatro elemento <strong>de</strong> viga com 4 pontos <strong>de</strong> Gauss foram adotados e a seçãofoi discretizada em 1198 elementos retangulares, figura 6.3.9. A carga axial aplicada é<strong>de</strong> 1106 kN. Uma imperfeição senoidal com amplitu<strong>de</strong> máxima <strong>de</strong> 0,1 mm foiconsi<strong>de</strong>rada nas <strong>análise</strong>s.A figura 6.3.9 mostra que o <strong>de</strong>slocamento axial é similar ao da <strong>análise</strong> <strong>numérica</strong>realizada por Huang el al. (2007) usando o programa FEMFAN-3D sendo o tempo <strong>de</strong>exposição obtido igual a 95% do tempo medido no ensaio experimental. Observa-se que


168nos estágios finais, a contração calculada do pilar é menor do que a medidaexperimentalmente. Acredita-se que essa diferença esteja associada à relação tensão<strong>de</strong>formaçãoadotada pelo EN 1992-1-2:2004, que não consi<strong>de</strong>ra as <strong>de</strong>formaçõestransientes. Essa observação motivou a realização <strong>de</strong> mais algumas <strong>análise</strong>s,apresentadas nos exemplos seguintes.0,015Deslocamento axial (m)0,0120,0090,0060,0030-0,003EnsaioFEMFAN-3DPresente trabaho0 60 120 180 240 300 360 420 480Tempo <strong>de</strong> incêndio (min)Figura 6.3.9 Deslocamento axial no topo do pilar.6.3.7 Pilar Misto Preenchido com ConcretoKodur (1998, 2006) apresenta os resultados <strong>de</strong> ensaios em pilares tubulares <strong>de</strong> <strong>aço</strong>preenchidos com <strong>concreto</strong> submetidos à carga axial centrada, tabela 6.3.1. Onzeespécimes com seções tubulares retangulares e quadradas foram testadas por Han et al.(2003), tabela 6.3.1. Alguns testes possuem carregamento excêntrico e proteção contraincêndio. O material <strong>de</strong> proteção possui condutivida<strong>de</strong> térmica <strong>de</strong> 0,116 W/m°C, calorespecífico <strong>de</strong> 1047 J/Kg°C e 400 kg/m 3 <strong>de</strong> massa específica. A razão do carregamentoaplicado em relação a resistência à temperatura ambiente é superior a 0,7.Han et al. (2003) estudaram a influência <strong>de</strong> vários parâmetros como: tempo <strong>de</strong>resistência ao fogo, dimensões da seção, esbeltez, excentricida<strong>de</strong> do carregamento,resistência residual do <strong>concreto</strong> e do <strong>aço</strong>. Fórmulas para o cálculo da resistência emsituação <strong>de</strong> incêndio e da espessura do material <strong>de</strong> proteção são apresentadas.Lie (1994) realizou estudos experimentais e teóricos sobre a resistência <strong>de</strong> seçõestubulares circulares <strong>de</strong> <strong>aço</strong> preenchidas com <strong>concreto</strong> e armaduras em situação <strong>de</strong>incêndio, tabela 6.3.1. As distribuições <strong>de</strong> temperaturas e <strong>de</strong>slocamentos axiais são


169apresentadas. Lie e Irwin (1995) apresentaram resultados <strong>de</strong> um experimento em seçõestubulares retangulares <strong>de</strong> <strong>aço</strong> preenchidas com <strong>concreto</strong> e armaduras. Mo<strong>de</strong>los paracálculo das temperaturas, <strong>de</strong>slocamento e resistências em situação <strong>de</strong> incêndio sãoapresentados por Lie (1994) e Lie e Irwin (1995).A tabela 6.3.1 apresenta os principais parâmetros utilizados neste trabalho parasimular a capacida<strong>de</strong> resistente em situação <strong>de</strong> incêndio dos testes mencionados. Duas<strong>análise</strong>s foram realizadas utilizando as relações tensão-<strong>de</strong>formação segundo o EN 1994-1-2:2005 e segundo o mo<strong>de</strong>lo apresentado por Han, item 2.6.5. Quatro elementos <strong>de</strong>viga com quatro pontos <strong>de</strong> Gauss são utilizados para analisar o comprimento dos pilaresexpostos ao incêndio-padrão (ISO 834 e ASTM E-119). As seções foram divididas em1200 a 1400 elementos retangulares e uma imperfeição senoidal <strong>de</strong> amplitu<strong>de</strong> máximaigual a 0,1 mm foi consi<strong>de</strong>rada. Em geral, a umida<strong>de</strong> foi consi<strong>de</strong>rada igual a 4% do pesodo <strong>concreto</strong>. As proprieda<strong>de</strong>s dos materiais seguem o EN 1994-1-2:2005 e o EN 1992-1-2:2004 quando se tem agregados calcários. O limite superior <strong>de</strong> condutivida<strong>de</strong> térmicapara o <strong>concreto</strong> foi adotado.Observa-se a partir das <strong>análise</strong>s realizadas, tabela 6.3.2, que o mo<strong>de</strong>lo do EN1992-1-2:2004 sempre apresenta resultados seguros, sendo uma boa opção para ocálculo do tempo <strong>de</strong> resistência ao fogo. O mo<strong>de</strong>lo <strong>de</strong> Han dá resultados melhoresprovavelmente pela consi<strong>de</strong>ração do comportamento misto, item 2.6.5.Tabela 6.3.1 Resumo dos parâmetros das <strong>análise</strong>s.EnsaioReferênciaSeção Seção Armaduras Concreto Proteção Carga Excentricida<strong>de</strong>tubular (mm) (diaâmetro) (MPa) (mm) (kN) (mm)1 Kodur (2006) circular 273 x 6.35 -- 38.2 a -- 712 --2 Kodur (2006) circular 219 x 4.78 -- 42.7 a -- 560 --3 Han et al. (2003) retang. 300 x 200 x 7.96 -- 32,83 -- 2486 --4 Han et al. (2003) retang. 300 x 200 x 7.96 -- 32,83 -- 2233 22,55 Han et al. (2003) retang. 300 x 150 x 7.96 -- 32,83 -- 1906 --6 Han et al. (2003) retang. 300 x 150 x 7.96 -- 32,83 -- 1853 22,57 Han et al. (2003) retang. 300 x 200 x 7.96 -- 32,83 13 2486 --8 Han et al. (2003) retang. 300 x 200 x 7.96 -- 32,83 20 2486 --9 Han et al. (2003) retang. 300 x 150 x 7.96 -- 32,83 13 1906 --10 Han et al. (2003) retang. 300 x 150 x 7.96 -- 32,83 22,6 1906 --11 Han et al. (2003) quadrada 219 x 5.30 -- 12,53 17 950 --12 Han et al. (2003) quadrada 350 x 7.70 -- 12,53 11 2700 --13 Han et al. (2003) quadrada 350 x 7.70 -- 12,53 7 1670 52,514 Lie (1994) circular 273 x 6.35 4 (19.5 mm) 46.7 a -- 1050 --15 Lie (1994) circular 273 x 6.35 4 (19.5 mm) 47 a -- 1900 --16 Lie and Irwin (1995) quadrada 203 x 6.35 4 (16 mm) 47 a -- 500 --17 Lie and Irwin (1995) quadrada 254 x 6.35 4 (16 mm) 48.1 a -- 1440 --a 10% <strong>de</strong> umida<strong>de</strong> em peso;O comprimento dos pilares é <strong>de</strong> 3810mm.


170Deslocamento axial (m) .0,030,020,010-0,01-0,02-0,03EnsaioPresente trabalho (EN 1994)Presente trabalho (Han)0 20 40 60 80 100 120 140 160Tempo <strong>de</strong> incêndio (min)Figura 6.3.10 Deslocamento no topo da coluna do Teste 1 da tabela 6.3.10(Kodur, 1998; 2006).A figura 6.3.10 mostra o <strong>de</strong>slocamento axial típico dos pilares sem proteção.Durante os primeiros estágios <strong>de</strong> aquecimento, a seção <strong>de</strong> <strong>aço</strong> resiste a gran<strong>de</strong> parte docarregamento <strong>de</strong>vido à sua maior expansão em relação ao componente <strong>de</strong> <strong>concreto</strong> daseção mista, figura 6.3.10. Com o aumento da temperatura, o perfil <strong>de</strong> <strong>aço</strong> escoa <strong>de</strong>vidoà diminuição da resistência e o pilar contrai, em geral, para um tempo <strong>de</strong> exposição aoincêndio-padrão entre 15 e 30 min. Devido à baixa condutivida<strong>de</strong> do <strong>concreto</strong>, esseper<strong>de</strong> resistência mais lentamente que o perfil, proporcionando uma resistência aoincêndio nos estágios posteriores. Quando o <strong>concreto</strong> não po<strong>de</strong> mais suportar ocarregamento, ocorre a falha do pilar por esmagamento ou flambagem. O tempo duranteo qual o componente <strong>concreto</strong> po<strong>de</strong> suportar o carregamento po<strong>de</strong> ser bastantesignificativo como mostra a figura 6.3.10.O presente trabalho prevê bem o comportamento do pilar. Porém, observa-se quenos estágios finais, assim como no exemplo anterior, a contração calculada é menor doque a medida no ensaio. Acredita-se que esse comportamento esteja associadoprincipalmente à <strong>de</strong>formação transiente do <strong>concreto</strong>. Essa observação é maispronunciada quando se utiliza o mo<strong>de</strong>lo <strong>de</strong> Han, porém, este apresenta melhoresresultados em relação ao tempo <strong>de</strong> exposição ao incêndio conforme se po<strong>de</strong> ver natabela 6.3.2.


171Li e Purkiss (2005) apresentaram uma revisão crítica dos mo<strong>de</strong>los matemáticoscorrentes para o comportamento do <strong>concreto</strong> em temperatura elevada. Com base nosmo<strong>de</strong>los e em resultados experimentais, uma relação tensão-<strong>de</strong>formação que incorporaimplicitamente os efeitos da <strong>de</strong>formação transiente é proposta. Esse mo<strong>de</strong>lo foiimplementado no presente trabalho, porém, os resultados não apresentaram umamelhoria significativa em relação ao mo<strong>de</strong>lo do EN 1992-1-2:2004. Dessa forma,acredita-se que mais investigações <strong>numérica</strong>s e experimentais sejam necessárias paraavaliar o comportamento observado.Tabela 6.3.2 Tempos <strong>de</strong> resistência ao fogo calculados e medidos.Resistência (minutos)Ensaio EN 1994 a Han (2007) bExperimentalEN 1994 Han (2007)Experimental Experimental1 138,5 142,5 144 0,96 0,992 77,5 82 108 0,72 0,763 18,5 25,5 21 0,88 1,214 10 9,5 24 0,42 0,405 24,5 24,5 16 1,53 1,536 22 20,5 20 1,10 1,037 60 69 104 0,58 0,668 95 110,5 146 0,65 0,769 60,5 63 78 0,78 0,8110 109,5 114 122 0,90 0,9311 88 108,5 169 0,52 0,6412 165,5 188 140 1,18 1,3413 129 128 109 1,18 1,1714 133 136,5 188 0,71 0,7315 79 75 96 0,82 0,7816 94,5 104,5 150 0,63 0,7017 107,5 102,5 113 0,95 0,91Média: 0,85 0,90Desvio padrão: 0,28 0,29a Prsente trabalho utilizando o mo<strong>de</strong>lo do EN 1994-1-2:2005;b Prsente trabalho utilizando o mo<strong>de</strong>lo <strong>de</strong> Han (2007);6.3.8 Pilares Mistos Preenchidos com Concreto <strong>de</strong> Alta ResistênciaKodur (1998, 2006) apresenta os resultados <strong>de</strong> ensaios em pilares mistospreenchidos com <strong>concreto</strong> <strong>de</strong> alta resistência (CAR). Concretos simples e armados ereforçados com fibras <strong>de</strong> <strong>aço</strong> são utilizados para preencher as seções tubulares, tabela6.3.3. As prescrições do EN 1992-1-2:2004 para os fatores <strong>de</strong> redução da resistência <strong>de</strong><strong>concreto</strong>s <strong>de</strong> alta resistência, item 2.6.6, e o mo<strong>de</strong>lo <strong>de</strong> Schaumann, item 2.6.7, sãoutilizados nas <strong>análise</strong>s. As proprieda<strong>de</strong>s térmicas são adotadas segundo as prescrições


172do EN 1992-1-2:2004 com o limite superior <strong>de</strong> condutivida<strong>de</strong> e 10% <strong>de</strong> umida<strong>de</strong> empeso sendo consi<strong>de</strong>rados.Segundo Schaumann e Kodur (2006), é difícil prever o comportamento <strong>de</strong><strong>concreto</strong>s <strong>de</strong> alta resistência, CAR, <strong>de</strong>vido aos complexos fenômenos como microfissuração e spalling que surgem <strong>de</strong>vido à reduzida porosida<strong>de</strong>. Esses fenômenos levama uma redução no tempo <strong>de</strong> resistência ao fogo. A tabela 6.3.3 mostra os tempos <strong>de</strong>resistência ao fogo calculado e medido <strong>de</strong> um pilar preenchido com CAR sem reforço,Teste 18. O tempo calculado utilizando os mo<strong>de</strong>los do EN 1992-1-2:2004 e <strong>de</strong>Schaumann é maior do que o medido experimentalmente. Schaumann e Kodur (2006)também fazem as mesmas observações e atribuem essa divergência à fissuração queleva a um <strong>de</strong>créscimo acentuado na resistência da seção, levando à falha do pilar. O uso<strong>de</strong> barras ou fibras <strong>de</strong> <strong>aço</strong> reduz este fenômeno.Na tabela 6.3.3, observa-se que os tempos calculados são conservadores emrelação aos obtidos experimentalmente para os pilares com fibras ou armaduras <strong>de</strong> <strong>aço</strong>.Schaumann e Kodur (2006) também realizaram <strong>análise</strong>s <strong>numérica</strong>s com o programaBOFIRE e obtiveram resultados semelhantes.Tabela 6.3.3 Resumo dos parâmetros das <strong>análise</strong>s.EnsaioReferênciaSeção seção Armaduras Concreto Carga Resistência (minutos)tubular (mm) n° (diâmetro) (MPa) (kN) EC2 SK (2006) b Experimental18 Kodur (2006) circular 273 x 6.35 -- 90,5 1050 153,5 147 4819 Kodur (2006) circular 219 x 4.78 fibras <strong>de</strong> <strong>aço</strong> a 90,1 600 100 154,5 17420 Kodur (2006) quadrada 203 x 6.35 fibras <strong>de</strong> <strong>aço</strong> a 90,1 900 81 76 12821 Kodur (2006) quadrada 203 x 6.35 4 (15 mm) 81,7 1150 68 65 89a Fibras: 50 mm <strong>de</strong> comprimento; 0,9 mm <strong>de</strong> diâmetro equivalente; 57 <strong>de</strong> razão <strong>de</strong> aspecto; 1,77% no peso do <strong>concreto</strong>.b Schaumann e Kodur (2006).Para CAR, os mo<strong>de</strong>los dão uma boa estimativa da resistência <strong>de</strong>s<strong>de</strong> que fibras ouarmaduras sejam adicionadas aos pilares para diminuir os efeitos da fissuração.O mo<strong>de</strong>lo apresentado pelo EN 1992-1-2:2004 é sempre uma boa opção, po<strong>de</strong>ndoser adotado no estudo ou projeto <strong>de</strong> <strong>estruturas</strong> completas constituídas por esseselementos.


1736.4 CONCLUSÕESEste capítulo apresenta o <strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong> um mo<strong>de</strong>lo <strong>de</strong> elemento <strong>de</strong> vigapara <strong>análise</strong> termomecânica <strong>de</strong> <strong>estruturas</strong> tridimensionais <strong>de</strong> <strong>aço</strong>, <strong>concreto</strong> e <strong>mistas</strong> <strong>de</strong><strong>aço</strong> e <strong>concreto</strong>. O mo<strong>de</strong>lo proposto apresenta boa concordância com programasvalidados como o VULCAN e o SAFIR, além <strong>de</strong> resultados experimentais.Seções transversais genéricas, possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> mo<strong>de</strong>lagem <strong>de</strong> exposiçõesgenéricas ao incêndio e <strong>de</strong> realizar as <strong>análise</strong>s térmica e estrutural em conjunto, fazemdo mo<strong>de</strong>lo apresentado uma importante ferramenta para o estudo e projeto <strong>de</strong> <strong>estruturas</strong>em situação <strong>de</strong> incêndio. O estudo do comportamento <strong>de</strong> pilares mistos em situação <strong>de</strong>incêndio, apresentado nos últimos exemplos, ilustra as possibilida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> pesquisas quepo<strong>de</strong>m ser realizadas.


7FORMULAÇÃO DO ELEMENTO DE CASCAApresenta-se o <strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong> um mo<strong>de</strong>lo numérico formado por elementos<strong>de</strong> casca com discretização ao longo da espessura para cálculo das proprieda<strong>de</strong>sconstitutivas e distribuição da temperatura, permitindo a <strong>análise</strong> <strong>de</strong> lajes <strong>de</strong> <strong>concreto</strong>armado em situação <strong>de</strong> incêndio.7.1 INTRODUÇÃOIncêndios recentes e ensaios experimentais (Newman et al., 2006) têm<strong>de</strong>monstrado que lajes <strong>de</strong> <strong>concreto</strong> armado em situação <strong>de</strong> incêndio po<strong>de</strong>m apresentarum comportamento <strong>de</strong> membrana. Seguindo as observações <strong>de</strong> incêndios, uma gran<strong>de</strong>quantida<strong>de</strong> <strong>de</strong> mo<strong>de</strong>los numéricos e analíticos vem sendo <strong>de</strong>senvolvida por muitospesquisadores para melhor enten<strong>de</strong>r o comportamento <strong>de</strong> lajes <strong>de</strong> <strong>concreto</strong> em situação<strong>de</strong> incêndio. Um breve resumo <strong>de</strong> alguns trabalhos é apresentado a seguir.Nizamuddin (1976) <strong>de</strong>senvolveu um elemento finito não-linear com base na teoria<strong>de</strong> Kirchhoff (placas <strong>de</strong>lgadas), subdividido em camadas, para mo<strong>de</strong>lar lajes <strong>de</strong> <strong>concreto</strong>armado em situação <strong>de</strong> incêndio.Bailey (1995) empregou a teoria <strong>de</strong> Mindlin/Reissner (placas espessas) paramo<strong>de</strong>lar lajes <strong>de</strong> <strong>concreto</strong> e sua influência em <strong>estruturas</strong> <strong>mistas</strong> <strong>de</strong> <strong>aço</strong> e <strong>concreto</strong>submetidas a incêndio usando o programa VULCAN. Com base no trabalho <strong>de</strong> Bailey(1995), Huang et al. (1999) <strong>de</strong>senvolveram um elemento <strong>de</strong> casca não-linearsubdividido em camadas para representação do <strong>concreto</strong> e armaduras <strong>de</strong> <strong>aço</strong>. Antes dafissuração ou esmagamento, o <strong>concreto</strong> é consi<strong>de</strong>rado isotrópico, homogêneo e elásticolinear.Um mo<strong>de</strong>lo <strong>de</strong> fissuração distribuída é adotado, no qual a fissuração é


175i<strong>de</strong>ntificada quando as tensões principais atingem uma superfície <strong>de</strong> falha. Após afissuração, o <strong>concreto</strong> é tratado como um material ortotrópico com eixos principaisnormais e paralelos a direção da fissura. O <strong>concreto</strong> paralelo à fissura é consi<strong>de</strong>radocapaz <strong>de</strong> resistir à tração e compressão com base em uma relação tensão-<strong>de</strong>formaçãouniaxial. Um mo<strong>de</strong>lo para resistência à tração e strain-softening é adotado. Após oesmagamento, assume-se que o <strong>concreto</strong> per<strong>de</strong> toda sua resistência e rigi<strong>de</strong>z. Huang etal. (2003a) introduziram a não-linearida<strong>de</strong> geométrica no mo<strong>de</strong>lo, possibilitando umamelhor representação do comportamento <strong>de</strong> membrana. Uma formulação lagrangeanatotal é adotada, assumindo pequenas <strong>de</strong>formações. O elemento <strong>de</strong> casca tem por base ashipóteses <strong>de</strong> von Kármán (gran<strong>de</strong>s <strong>de</strong>slocamentos e rotações mo<strong>de</strong>radas) possuindo 9nós. Um fator rigi<strong>de</strong>z efetiva é adotado para modificar a rigi<strong>de</strong>z do material levando emconsi<strong>de</strong>ração as proprieda<strong>de</strong>s ortotrópicas <strong>de</strong> lajes <strong>mistas</strong> <strong>de</strong> <strong>aço</strong> e <strong>concreto</strong> (Huang etal., 2000).Lim et al. (2004a, b) <strong>de</strong>screvem a mo<strong>de</strong>lagem <strong>numérica</strong> <strong>de</strong> lajes em situação <strong>de</strong>incêndio utilizando o programa SAFIR. Um elemento <strong>de</strong> casca com 4 nós, <strong>de</strong>senvolvidocom base na teoria Discrete Kirchhoff Quadrangular (DKQ) e incluindo proprieda<strong>de</strong>spara mo<strong>de</strong>lar o comportamento <strong>de</strong> membrana é utilizado. As proprieda<strong>de</strong>s do <strong>concreto</strong>são mo<strong>de</strong>ladas consi<strong>de</strong>rando estado plano <strong>de</strong> tensões pelo mo<strong>de</strong>lo <strong>de</strong> von Mises, comum corte na superfície <strong>de</strong> plastificação com base na teoria <strong>de</strong> Rankine para consi<strong>de</strong>raçãoda fissuração (Talamona e Franssen, 2005). A integração ao longo da espessura doelemento é feita utilizando quadratura <strong>de</strong> Gauss. As armaduras são representadas combase em um mo<strong>de</strong>lo distribuído, e uma formulação corrotacional é adotada (Franssen,2005).Elghazouli et al. (2000) e Elghazouli e Izzudin (2001) utilizam elementos <strong>de</strong> vigaimplementados no programa ADAPTIC para mo<strong>de</strong>lar como grelhas o comportamento<strong>de</strong> lajes em situação <strong>de</strong> incêndio. Os autores comparam os resultados com os ensaiosexperimentais realizados em Cardington.Gillie et al. (2001) mo<strong>de</strong>lam lajes <strong>mistas</strong> <strong>de</strong> <strong>aço</strong> e <strong>concreto</strong> em situação <strong>de</strong>incêndio utilizando uma aproximação com base em tensões resultantes. O mo<strong>de</strong>lo foiimplementado utilizando o conjunto <strong>de</strong> programas Finite Element Analysis of Shells atHigh Temperatures (FEAST), <strong>de</strong>senvolvido para <strong>análise</strong> <strong>de</strong> placas ortotrópicas ea<strong>de</strong>quado para interagir com o programa ABAQUS.


176Métodos simplificados (Newman et al., 2000; Bailey, 2001), vêm sendo<strong>de</strong>senvolvidos consi<strong>de</strong>rando o comportamento <strong>de</strong> membrana em lajes <strong>de</strong> <strong>concreto</strong> ou<strong>mistas</strong>. Recentemente, os procedimentos <strong>de</strong> projetos apresentados por Newman et al.(2000) sofreram adaptações (Newman et al., 2006 e Bailey e To, 2006) para incluirarranjos <strong>de</strong> armaduras mais eficientes e a possibilida<strong>de</strong> do uso <strong>de</strong> incêndios naturais.Neste capítulo, o principal objetivo é a apresentação <strong>de</strong> um mo<strong>de</strong>lo constitutivoque adota o enfoque distribuído para consi<strong>de</strong>ração da ocorrência <strong>de</strong> dano no material<strong>concreto</strong> em temperaturas elevadas, seja em tração ou em compressão, a partir <strong>de</strong> umalei <strong>de</strong> compliância ortotrópica. O dano em compressão e o acoplamento <strong>de</strong>vido ao efeito<strong>de</strong> Poisson são consi<strong>de</strong>rados a partir <strong>de</strong> uma lei com base na relação tensão-<strong>de</strong>formaçãodo <strong>concreto</strong> em temperatura elevada <strong>de</strong>finido pelo EN 1992-1-2:2004. Ocomportamento <strong>de</strong> membrana é também consi<strong>de</strong>rado a partir da implementação <strong>de</strong> umelemento <strong>de</strong> casca plano isoparamétrico <strong>de</strong> nove nós geometricamente não-linear.7.2 DESENVOLVIMENTO DO MODELO DE DANOO mo<strong>de</strong>lo <strong>de</strong> dano para mo<strong>de</strong>lagem do <strong>concreto</strong> po<strong>de</strong> ser visto no trabalho <strong>de</strong>Pitangueira (1998), on<strong>de</strong> se tem uma revisão da evolução <strong>de</strong>sses mo<strong>de</strong>los para <strong>análise</strong><strong>de</strong> <strong>estruturas</strong> à temperatura ambiente. Pitangueira (1998) apresenta uma formalização egeneralização dos mo<strong>de</strong>los <strong>de</strong> dano distribuído (ou mo<strong>de</strong>lo distribuído para tratamento<strong>de</strong> dano) <strong>de</strong>s<strong>de</strong> os trabalhos iniciais até a adoção <strong>de</strong> relações <strong>de</strong> compliância inversa. Areferida formalização contempla as várias possibilida<strong>de</strong>s para a relação <strong>de</strong> compliânciainicial, variação da direção <strong>de</strong> ocorrência <strong>de</strong> dano, aproximações do tensor tangente doreferido mo<strong>de</strong>lo e leis <strong>de</strong> evolução <strong>de</strong> dano em tração e compressão. Váriaspossibilida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> implementação do mo<strong>de</strong>lo distribuído numa <strong>análise</strong> via elementosfinitos, em relação à escolha da matriz <strong>de</strong> compliância inicial, à variação da direção <strong>de</strong>ocorrência <strong>de</strong> dano durante a <strong>análise</strong>, às aproximações do tensor tangente do referidomo<strong>de</strong>lo e às leis locais que <strong>de</strong>screvem a evolução do dano em tração e compressão são,também, analisadas.Na <strong>análise</strong> do comportamento <strong>de</strong> <strong>estruturas</strong> feitas <strong>de</strong> materiais frágeis,normalmente estes são consi<strong>de</strong>rados como inicialmente homogêneos, elásticos eisotrópicos, admitindo-se que, com a aplicação <strong>de</strong> cargas e conseqüentes <strong>de</strong>formações,


177os materiais tornam-se heterogêneos pela ocorrência <strong>de</strong> dano em tração ou compressão.Tal processo leva à formação <strong>de</strong> <strong>de</strong>scontinuida<strong>de</strong>s geométricas <strong>de</strong>nominadas fissuras outrincas.Diferentes mo<strong>de</strong>los têm sido propostos para representação <strong>de</strong>sse fenômeno,po<strong>de</strong>ndo-se dividi-los em dois grupos: o mo<strong>de</strong>lo <strong>de</strong> fissuras discretas e o mo<strong>de</strong>lo <strong>de</strong>fissuras distribuídas. Para o estudo do comportamento da estrutura como um todo, omo<strong>de</strong>lo distribuído é suficiente, sendo o mo<strong>de</strong>lo discreto mais aplicado para o estudolocal da fissura.O mo<strong>de</strong>lo <strong>de</strong> fissuras distribuídas consi<strong>de</strong>ra que o material torna-se ortotrópico naregião fissurada, modificando-se sua relação constitutiva no sistema local posicionadono plano <strong>de</strong> fissuração. Outra vantagem do mo<strong>de</strong>lo distribuído é que, por consi<strong>de</strong>rar a<strong>de</strong>terioração da rigi<strong>de</strong>z a partir <strong>de</strong> uma modificação da relação constitutiva local, po<strong>de</strong>ser generalizado para consi<strong>de</strong>rar também regiões com dano em compressão, e oacoplamento entre as <strong>de</strong>formações direta e indireta <strong>de</strong>vido ao efeito <strong>de</strong> Poisson. Esserefinamento leva ao uso da chamada Teoria <strong>de</strong> Dano.Mo<strong>de</strong>los <strong>de</strong> dano vêm sendo aplicados para <strong>análise</strong> <strong>de</strong> <strong>estruturas</strong> em situação <strong>de</strong>incêndio por vários outros pesquisadores. Tenchev e Purnel (2005) apresentam ummo<strong>de</strong>lo capaz <strong>de</strong> avaliar os efeitos do spalling no <strong>concreto</strong>, não abordado nos<strong>de</strong>senvolvimentos seguintes. O mo<strong>de</strong>lo consi<strong>de</strong>ra a interação entre os agregados eargamassa. Referencias a vários mo<strong>de</strong>los com base em plasticida<strong>de</strong> e dano também sãoapresentadas pelos autores.7.3 MODELO DE DANOO mo<strong>de</strong>lo <strong>de</strong> dano supõe a valida<strong>de</strong> <strong>de</strong> uma relação <strong>de</strong> compliânciaε 12 = Dσ 12 , (7.3.1)representada pela matriz <strong>de</strong> compliância D , entre <strong>de</strong>formações, ε12, e tensões, σ12, numsistema local, ( , 2)1 , posicionado nas direções principais <strong>de</strong> ortotropia. A direção 1 é adireção da maior <strong>de</strong>formação principal e a direção 2 é a direção da menor <strong>de</strong>formaçãoprincipal (<strong>de</strong>formações <strong>de</strong> tração são positivas e compressão negativas). Essas direçõessão fixadas para cada incremento <strong>de</strong> carga ou para cada passo <strong>de</strong> tempo <strong>de</strong> exposição ao


178incêndio <strong>de</strong>ntro do método <strong>de</strong> Newton Raphson utilizado para solução do sistema <strong>de</strong>equações que representa a estrutura.Para que a matriz <strong>de</strong> compliância seja simétrica, uma hipótese para o acoplamento<strong>de</strong>vido ao efeito <strong>de</strong> Poisson <strong>de</strong>ve ser adotada. A hipótese mais usada é que oacoplamento é dado pelo módulo <strong>de</strong> elasticida<strong>de</strong> inicial do material antes <strong>de</strong> sofrerdano, E 0 , e por um único valor <strong>de</strong> coeficiente <strong>de</strong> Poisson, ν , válido para qualquerdireção (Bazant e Oh, 1983). Portanto, para o estado plano <strong>de</strong> tensões, tem-se a matriz<strong>de</strong> compliância⎡ 1 ν ⎤⎢ − 0 ⎥⎢E1E0⎥⎢ ν 1D = −0 ⎥ ,⎢⎥(7.3.2)E0E2⎢1⎥⎢ 0 0 ⎥⎢⎣G12⎥⎦que invertida, leva ao tensor constitutivo secante local⎡⎤⎢νE1E2E⎥10⎢ E0⎥⎢⎥s 1 νE1E2C 12 =⎢ E20 ⎥ , (7.3.3)E1E221−ν ⎢ E0⎥2E0⎢⎛ E 2⎞ ⎥⎢⎜1E20 0⎟1−ν2G12⎥⎢⎣⎝ E0⎠ ⎥⎦on<strong>de</strong> E 1 e E 2 são os módulos secantes, obtidos a partir da lei <strong>de</strong> dano adotada e da<strong>de</strong>formação ocorrida em cada direção, respectivamente. Para <strong>análise</strong> <strong>de</strong> <strong>estruturas</strong> <strong>de</strong><strong>concreto</strong> em situação <strong>de</strong> incêndio, para regiões <strong>de</strong> compressão, adota-se uma lei <strong>de</strong> danoem função da relação tensão-<strong>de</strong>formação <strong>de</strong>finida pelo EN 1992-1-2:2004.Para regiões <strong>de</strong> tração, adota-se a relação tensão-<strong>de</strong>formação apresentada no item2.6.4. Talamona e Franssen (2005) apresentam uma discussão sobre a resistência àtração e sua influência no comportamento <strong>de</strong> lajes em situação <strong>de</strong> incêndio. Lim et al.(2004b) comentam que os <strong>de</strong>slocamentos obtidos em lajes com pequenas taxas <strong>de</strong>armadura são sensíveis à resistência a tração. Neste trabalho também se observou quevalores elevados da resistência à tração po<strong>de</strong>m diminuir muito os <strong>de</strong>slocamentos daestrutura em estágios finais <strong>de</strong> exposição ao incêndio, levando a um tempo <strong>de</strong> exposição


179muito superior ao observado experimentalmente. A relação tensão-<strong>de</strong>formação adotadaneste trabalho se mostrou a<strong>de</strong>quada.Quando se tem um <strong>de</strong>scarregamento, este é feito segundo a secante, o que indicaque após se atingir <strong>de</strong>terminado nível <strong>de</strong> dano este é fixado. Essa hipótese também écoerente quando o <strong>concreto</strong> é exposto ao incêndio e posteriormente resfriado, nãorecuperando sua resistência inicial.O módulo <strong>de</strong> elasticida<strong>de</strong> transversal dado porGE E E0 1 212 = E0E1+ E0E2+ 2νE1E, (7.3.4)2aparece nas expressões 7.3.2 e 7.3.3, e <strong>de</strong>ve ser limitado por G12 ≥ βG0on<strong>de</strong>( 2( ))0 = E / 1+ ν é o modulo <strong>de</strong> elasticida<strong>de</strong> transversal e β é um fator <strong>de</strong> retençãoG 0consi<strong>de</strong>rado igual a 0,25.As tensões são obtidas a partir da expressãos12 C12ε12σ = , (7.3.5)sendo ε 12 uma <strong>de</strong>formação efetiva, igual às <strong>de</strong>formações totais diminuídas das<strong>de</strong>formações térmicas.O tensor constitutivo tangente localC∂σt 1212 = , (7.3.6)∂ε12po<strong>de</strong> ser obtido <strong>de</strong>rivando a expressão 7.3.5,Csss ∂C( C12ε12) = C12+1212∂σ∂= . (7.3.7)t 1212 =ε∂ε12∂ε12∂ε12∂CNa expressão 7.3.7, a parcela 12 ε12, dada pela matriz∂ε∂C∂εs12 ε1212=⎡s∂C⎢⎢∂ε1s⎢∂C⎢∂ε⎢1⎢⎢⎣1112s∂C12ε1+ ε∂ε1s∂C22ε1+ ε∂ε1022s12∂C∂ε∂C∂εs112s122s∂C12ε1+ ε∂ε2s∂C22ε1+ ε∂ε2022⎤0⎥⎥⎥0⎥, (7.3.8)⎥0⎥⎥⎦é obtida numericamente por diferenças finitas, e, em geral, não é simétrica. A média dasoma da matriz e sua transposta é utilizada para torná-la simétrica.


180Nos <strong>de</strong>senvolvimentos anteriores, foram omitidas as relevantes transformaçõesentre o sistema local e global para simplificar a apresentação do mo<strong>de</strong>lo. Essastransformações po<strong>de</strong>m ser vistas em Pitangueira (1998).As armaduras são mo<strong>de</strong>ladas utilizando camadas equivalentes com proprieda<strong>de</strong>sconstitutivas somente na direção axial das armaduras (Huang et al., 2003). Cada camadaé <strong>de</strong>finida pela orientação em relação ao eixo x global. Perfeita a<strong>de</strong>rência entre o<strong>concreto</strong> e o <strong>aço</strong> é consi<strong>de</strong>rada.Huang et al. (1999; 2003b) atentam para o fato <strong>de</strong> que ainda não se tem mo<strong>de</strong>losteóricos universalmente aceitos <strong>de</strong>vido ao pouco conhecimento e falta <strong>de</strong> dados sobre ocomportamento constitutivo do <strong>concreto</strong> em temperatura elevada. Dessa forma, omo<strong>de</strong>lo apresentado po<strong>de</strong>rá sofrer futuras modificações e a<strong>de</strong>quações, sendo <strong>de</strong>sejável ainclusão <strong>de</strong> efeitos como o spalling ou o comportamento ortotrópico <strong>de</strong> lajes <strong>mistas</strong> <strong>de</strong><strong>aço</strong> e <strong>concreto</strong>.A distribuição <strong>de</strong> temperaturas ao longo da espessura da laje é obtida pordiferenças finitas na direção da espessura. Todos os tipos <strong>de</strong> <strong>concreto</strong> ou <strong>aço</strong>s, além <strong>de</strong>materiais <strong>de</strong> proteção citados no item 2.6 po<strong>de</strong>m ser utilizados na discretização daespessura da laje.7.4 FORMULAÇÃO DO ELEMENTO FINITOA formulação apresentada neste item po<strong>de</strong> ser vista em maiores <strong>de</strong>talhes emCrisfield (1991) que discute a implementação <strong>de</strong> vários elementos <strong>de</strong> casca. Nestetrabalho adotou-se um elemento isoparamétrico com nove pontos nodais.dadas porPartindo das hipóteses <strong>de</strong> von Kármán, as <strong>de</strong>formações <strong>de</strong> Green-Lagrange são⎡2∂u1 ⎛ ∂w⎞ ⎤⎢ + ⎜ ⎟ ⎥⎡ ∂θ⎤y⎢ ∂x2 ⎝ ∂x⎠ ⎢ ⎥⎡ ε⎥x⎤2⎥⎢ ⎥⎢ − ∂ x⎢ ⎥⎢ ∂v1 ⎛ ∂w⎞∂θxε =⎢⎟ ⎥ +⎥⎢ εy⎥ = εo+ zk= + ⎜ z⎢ ∂ ⎝ ∂ ⎠ ⎥⎢ ∂ ⎥(7.4.1)y 2 yy⎢ ⎥⎣γxy⎦⎢⎥⎢∂θ⎥∂u∂v∂w∂w⎢− ∂θ⎢ + +x y⎥ + ⎥⎢∂y∂x∂x∂y⎥⎢⎣∂x∂y⎥⎦⎣⎦


181on<strong>de</strong> z é a coor<strong>de</strong>nada em relação ao plano <strong>de</strong> referencia do elemento e u , v θ x e θ ysão os <strong>de</strong>slocamentos no plano <strong>de</strong> referência expressos em termos dos <strong>de</strong>slocamentosnodais usando funções quadráticas <strong>de</strong> interpolação, figura 7.4.1.As <strong>de</strong>formações <strong>de</strong> cisalhamento são dadas por⎡∂w⎤⎡γxz⎤ ⎡ θy⎤ ⎢ ⎥γ = ⎢ ⎥ = ⎢ ⎥ + ⎢∂ ∂ ⎥ = θ + s⎣γ⎦ ⎣− θ w x yz x ⎦ ⎢ ⎥⎢⎣∂y⎥⎦on<strong>de</strong> w é o <strong>de</strong>slocamento vertical do plano <strong>de</strong> referência.(7.4.2)θzz, wcamada <strong>de</strong> <strong>aço</strong>θyy, vθxpontosnodaiscamada <strong>de</strong><strong>concreto</strong>x, uplano <strong>de</strong>referênciaFigura 7.4.1 Notação utilizada para o elemento <strong>de</strong> casca.Utilizando o princípio dos trabalhos virtuais e <strong>de</strong>finindo, a partir da expressõesanteriores, k = Bkq, γ = Bγq, εo = B q e B s wpo<strong>de</strong>-se obter o vetor <strong>de</strong> forças internason<strong>de</strong>∫T TεN + BkM +Tγεs = , on<strong>de</strong> = ⎣uv w θxθy⎦q ,f = ( BB Q)dA(7.4.3)mN = ∫σdz, ∫M = σzdze Q = ∫ αGγdz são obtidos a partir do somatório nascamadas que subdivi<strong>de</strong>m o elemento, σ são as tensões no plano, no sistema global,obtidas a partir da transformação das tensões no sistema local, expressão 7.3.5, e α é o“shear factor”, usualmente tomado igual a 5/6. A distribuição <strong>de</strong> temperaturas na seçãoé obtida por diferenças finitas com a mesma discretização em camadas.A matriz <strong>de</strong> rigi<strong>de</strong>z tangente po<strong>de</strong> ser obtida <strong>de</strong> forma usual a partir dadiferenciação da expressão 7.4.3,


182T⎡B⎤⎡ ⎤ε⎡ CmCmb0 ⎤ Bε⎢ T ⎥⎢T⎥⎢⎥Tkm= ∫ ⎢Bk⎥⎢CCb0 ⎥⎢Bk ⎥dAo+∫ BmbsN2BsdAo(7.4.4)⎢T⎥⎢⎥⎢⎥⎣Bγ ⎦⎣0 0 Cγ⎦⎣Bγ ⎦on<strong>de</strong> N 2 contém as forças no plano <strong>de</strong> referência etC m = ∫Cdz ,mb ∫Nas expressões 7.4.5,tC = C zdz , C = ∫t z 2b C dz e Cγ = αGtI2. (7.4.5)tC é tensor constitutivo tangente no sistema global obtido apartir da transformação do tensor constitutivo tangente local, expressão 7.3.7, e I 2 é amatriz i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong> 2x2. As integrais na expressão 7.4.5 são substituídas por somatóriosnas camadas que subdivi<strong>de</strong>m o elemento (Huang et al., 2003). A integração do vetor <strong>de</strong>forças internas e da matriz <strong>de</strong> rigi<strong>de</strong>z na área A do plano <strong>de</strong> referência do elemento éfeita utilizando-se a integração <strong>de</strong> Gauss.7.5 EXEMPLOSResultados experimentais e numéricos utilizando os programas VULCAN eSAFIR, encontrados na literatura, são utilizados para validação do mo<strong>de</strong>lo numérico<strong>de</strong>senvolvido. Procurou-se analisar <strong>estruturas</strong> pequenas e isoladas, livre <strong>de</strong> interaçõescom <strong>estruturas</strong> adjacentes, possibilitando uma maior atenção no <strong>de</strong>senvolvimento domo<strong>de</strong>lo apresentado.7.5.1 Lajes <strong>de</strong> Concreto em Temperatura AmbienteGhoneim e MacGregor (1994a, 1994b) realizaram uma série <strong>de</strong> testes em placas<strong>de</strong> <strong>concreto</strong> armado combinando cargas aplicadas no plano e lateralmente(carregamento uniformemente distribuído aplicado perpendicularmente à placa). Doistestes, B1 e C1, ensaiados com carga lateral, foram analisados por Huang et al. (2003b)utilizando o programa VULCAN. As placas são simplesmente apoiadas. As armadurassuperiores e inferiores, figura 7.5.1, são compostas <strong>de</strong> 260 mm 2 /m <strong>de</strong> área nas direçõesortogonais x e y.


183No presente trabalho, os testes B1 e C1 são analisados utilizando a mesmadiscretização utilizada por Huang et al. (2003b), figura 7.5.1. O teste B1 tem dimensões2745x1829 mm 2 com espessura <strong>de</strong> 68,2 mm. O teste C1 tem dimensões 1829x1829mm 2 com uma espessura <strong>de</strong> 67,8 mm. A resistência ao escoamento do <strong>aço</strong> foiconsi<strong>de</strong>rada igual a 450MPa e a resistência à compressão do <strong>concreto</strong> foi tomada igual a18,7 MPa e 25,2 MPa para os testes B1 e C1, respectivamente. Os elementos quediscretizam a laje foram subdivididos em 16 camadas.yaelementos <strong>de</strong> cascaya18291829z2745 x 1829a32,7 68,2camadas34,9 67,8<strong>de</strong> <strong>aço</strong>corte a-acorte a-azax(a)(b)Figura 7.5.1 Detalhes das lajes analisadas (adaptado <strong>de</strong> Huang et al., 2003b),dimensões em mm. (a) Teste B1; (b) Teste C1.Os resultados obtidos para o <strong>de</strong>slocamento central, juntamente com resultadosexperimentais e das <strong>análise</strong>s com o programa VULCAN são apresentadas na figura7.5.2.


184Deslocamento (mm)0501001502000 10 20 30 40 50 60 70Carga (kN/m2)TesteVulcanPresente trabalhoDeslocamento (mm)0501001502000 20 40 60 80 100Carga (kN/m2)TesteVulcanPresente trabalho(a) Teste B1(b) Teste C1Figura 7.5.2 Comparação dos <strong>de</strong>slocamentos centrais.A partir dos resultados, nota-se que o mo<strong>de</strong>lo produz bons resultados e tem boaconcordância com os resultados experimentais. Apesar da indicação <strong>de</strong> que osresultados numéricos levam a uma carga última <strong>de</strong> falha maior, <strong>de</strong>ve-se mencionar queos testes terminaram antes da falha completa das lajes. Outra observação importante éque os testes experimentais e <strong>análise</strong>s <strong>numérica</strong>s levaram a uma carga última superior àcalculada com base em um comportamento <strong>de</strong> flexão, evi<strong>de</strong>nciando a ocorrência <strong>de</strong> umcomportamento <strong>de</strong> membrana.Nota-se, a partir dos <strong>de</strong>slocamentos do teste B1, que o mo<strong>de</strong>lo apresentado torna ocomportamento mais suave não apresentando mudanças bruscas na curva comoapresentado pelo VULCAN. Este comportamento suave <strong>de</strong>ve estar associado àconsi<strong>de</strong>ração da modificação do tensor constitutivo do <strong>concreto</strong> a partir das leis <strong>de</strong>dano, evitando a mudança brusca do tensor linear elástico isotrópico para um tensorortotrópico, como ocorre no mo<strong>de</strong>lo implementado no VULCAN.7.5.2 Lajes em Temperatura ElevadaTalamona e Franssen (2005) apresentam os resultados numéricos e experimentaisobtidos por Lim e Wa<strong>de</strong> (2002) para a laje <strong>de</strong> <strong>concreto</strong> em situação <strong>de</strong> incêndiomostrada na figura 7.5.3. Os resultados numéricos foram obtidos com o programaSAFIR. A laje é simplesmente apoiada nos quatro lados. O carregamento


185uniformemente aplicado é igual a 3,0 kN/m², e é mantido constante durante a exposiçãoao incêndio-padrão da ISO 834.A figura 7.5.3 mostra as dimensões e discretização da laje, a espessura é <strong>de</strong> 100mm, a resistência à compressão do <strong>concreto</strong> é <strong>de</strong> 36 MPa e o cobrimento <strong>de</strong> <strong>concreto</strong> éigual a 25 mm. A malha <strong>de</strong> armaduras é composta <strong>de</strong> barras <strong>de</strong> 8,7 mm a cada 300 mmnas duas direções. A resistência ao escoamento do <strong>aço</strong> é <strong>de</strong> 565 MPa. As armadurasforam consi<strong>de</strong>radas como <strong>de</strong> <strong>aço</strong> trabalhado a frio e as proprieda<strong>de</strong>s em temperaturaelevada foram consi<strong>de</strong>radas segundo o EN 1992-1-2:2004. Agregados calcários foramconsi<strong>de</strong>rados e o limite inferior para condutivida<strong>de</strong> térmica <strong>de</strong>finido pelo EN 1992-1-2:2004. Uma umida<strong>de</strong> <strong>de</strong> 3% por peso foi consi<strong>de</strong>rada na <strong>análise</strong>. Os elementos quediscretizam a laje foram subdivididos em 22 camadas.Os resultados numéricos e o experimental são próximos, sendo apresentados nafigura 7.5.4. A laje analisada apresenta uma taxa alta <strong>de</strong> <strong>de</strong>slocamentos nos primeiros30 min, um <strong>de</strong>slocamento suave e finalmente um aumento acentuado a partir dos150min até a falha. Talamona e Franssen (2005) comentam que a alta resistência <strong>de</strong>lajes com pequenas taxas <strong>de</strong> armadura é atribuída a um comportamento <strong>de</strong> membrana.yelementos <strong>de</strong> cascaaz3160a4600x66.3100corte a-aFigura 7.5.3 Geometria e discretização da laje. Dimensões em mm.


186Deslocamento (m)0,00-0,05-0,10-0,15-0,20-0,25-0,30-0,35-0,40-0,450 30 60 90 120 150 180 210TesteSAFIRPresente trabalhoTempo <strong>de</strong> incêndio (min)Figura 7.5.4 Deslocamentos centrais.7.5.3 Ensaios em Pequena EscalaBailey e Toh (2006) apresentam uma série <strong>de</strong> testes a temperatura ambiente eelevada em lajes em pequena escala, sem restrição horizontal, com diferentes malhas <strong>de</strong><strong>aço</strong>, diferentes ductilida<strong>de</strong>s, tamanho e espaçamento das armaduras. Os ensaios emsituação <strong>de</strong> incêndio mostraram que o comportamento <strong>de</strong> membrana ocorria. Na figura7.5.5 os resultados do Teste MF4 são comparados com os do presente trabalho.Consi<strong>de</strong>rou-se uma dimensão <strong>de</strong> 1,15x1,15 m² para a laje, espessura <strong>de</strong> 19,6 mm,armaduras nas duas direções com diâmetro <strong>de</strong> 1,54 mm espaçadas <strong>de</strong> 25,4 mm ecobrimento <strong>de</strong> 5 mm. A resistência do <strong>concreto</strong> foi consi<strong>de</strong>rada igual a 39 MPa e aresistência ao escoamento do <strong>aço</strong> laminado igual a 311 MPa. Uma carga distribuída <strong>de</strong>5,429 kN/m² (incluindo o peso próprio) foi aplicada e mantida constante durante aexposição ao incêndio. A laje foi discretizada com 16 elementos subdivididos em 17camadas.


187Deslocamento (m)0,00-0,04-0,08-0,12-0,16-0,200 100 200 300 400 500 600 700 800Tempo <strong>de</strong> incêndio (min)TestePresente trabalhoFigura 7.5.5 Deslocamento central do Teste MF4.7.5.4 Laje RestringidaLin et al. (1989) apresentam os resultados <strong>de</strong> um ensaio à temperatura elevadarealizado em uma laje <strong>de</strong> <strong>concreto</strong> armado, teste S56, na qual a expansão foi restringidapela aplicação <strong>de</strong> força horizontais para simular o comportamento em uma estruturareal, figura 7.5.6. Huang et al. (2003b) também analisaram essa laje com o programaVULCAN.Neste trabalho, a resistência a compressão do <strong>concreto</strong> foi consi<strong>de</strong>rada igual a36MPa e a resistência ao escoamento do <strong>aço</strong> das armaduras é <strong>de</strong> 414 MPa. As forçashorizontais aplicadas foram consi<strong>de</strong>radas constantes e igual a 600 kN e 1200 kN nasdireções oeste e sul, respectivamente. A carga distribuída aplicada foi <strong>de</strong> 6,61 kN/m²,sendo mantida constante durante o incêndio. Elementos <strong>de</strong> viga, apresentados nocapítulo 6, com uma pequena rigi<strong>de</strong>z à torção, 550 kNm², obtida com base nasproprieda<strong>de</strong>s fissuradas do <strong>concreto</strong> e armação mínima, foram consi<strong>de</strong>rados nasextremida<strong>de</strong>s da laje. O incêndio-padrão segundo a ASTM E119 foi utilizado. Asproprieda<strong>de</strong>s do <strong>concreto</strong> com agregados calcários, o limite inferior <strong>de</strong> condutivida<strong>de</strong>,umida<strong>de</strong> <strong>de</strong> 3% e proprieda<strong>de</strong>s do <strong>aço</strong> laminado foram consi<strong>de</strong>rados segundo o EN1992-1-2:2004. A distribuição das armaduras po<strong>de</strong> ser vista em Lin et al. (1989).A figura 7.5.6 apresenta a discretização da laje com os elementos que foramsubdivididos em 23 camadas.


188aynorte (fixo)belementos <strong>de</strong> cascaza4230oesteleste (fixo)força <strong>de</strong>restriçãosul5410bcarga uniformex116178seção b-b3561781785232seção a-aFigura 7.5.6 Detalhes do teste S56. Dimensões em mm.Os <strong>de</strong>slocamentos centrais são mostrados na figura 7.5.7 juntamente comresultados obtidos com o programa VULCAN. O comportamento é razoavelmente bem<strong>de</strong>scrito, ambas as <strong>análise</strong>s, presente trabalho e VULCAN, apresentam <strong>de</strong>slocamentospróximos e menores em relação ao experimental no início da exposição ao incêndio.Isso po<strong>de</strong> indicar que a distribuição <strong>de</strong> temperatura ao longo da espessura da laje é mais<strong>de</strong>sfavorável do que a obtida pelas <strong>análise</strong>s térmicas. As diferenças entre as <strong>análise</strong>s<strong>numérica</strong>s <strong>de</strong>vem estar associadas à consi<strong>de</strong>ração das forças <strong>de</strong> restrição comoconstantes e a rigi<strong>de</strong>z a torção das vigas nas extremida<strong>de</strong>s. Neste trabalho observou-seque a rigi<strong>de</strong>z a torção <strong>de</strong>stas vigas influenciam sensivelmente os <strong>de</strong>slocamentos centraisda laje.


189Deslocamento (m)0-0,03-0,06-0,09-0,12-0,150 30 60 90 120 150 180 210 240TesteVulcanPresente trabalhoTempo <strong>de</strong> incêndio (min)Figura 7.5.7 Deslocamentos centrais.7.6 CONCLUSÕESUm elemento <strong>de</strong> casca e um mo<strong>de</strong>lo constitutivo <strong>de</strong> dano para mo<strong>de</strong>lagem <strong>de</strong> lajes<strong>de</strong> <strong>concreto</strong> armado em situação <strong>de</strong> incêndio são apresentados. Nos exemplos, amo<strong>de</strong>lagem <strong>de</strong> acordo com o presente trabalho mostra-se a<strong>de</strong>quada e tem boaconcordância com resultados experimentais e numéricos encontrados na literatura.Várias outras comparações foram realizadas além das apresentadas, o que ten<strong>de</strong> a<strong>de</strong>monstrar que o elemento e o mo<strong>de</strong>lo constitutivo propostos são capazes <strong>de</strong>representar o comportamento <strong>de</strong> lajes <strong>de</strong> <strong>concreto</strong> armado em situação <strong>de</strong> incêndio.Modificações po<strong>de</strong>m ser introduzidas na matriz constitutiva secante para levar emconta o comportamento ortotrópico <strong>de</strong> lajes <strong>mistas</strong> <strong>de</strong> <strong>aço</strong> e <strong>concreto</strong> e os efeitos dospalling através da introdução <strong>de</strong> fatores <strong>de</strong> modificação das proprieda<strong>de</strong>s <strong>de</strong> rigi<strong>de</strong>zdos materiais.


8FORMULAÇÃO DO ELEMENTO DE MOLAApresenta-se o <strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong> um mo<strong>de</strong>lo <strong>de</strong> elemento <strong>de</strong> mola paraligações em situação <strong>de</strong> incêndio.8.1 INTRODUÇÃOA observação <strong>de</strong> experimentos e incêndios reais em <strong>estruturas</strong> tem <strong>de</strong>monstradoque o comportamento como um todo é diferente do comportamento <strong>de</strong> elementosisolados. Em parte, isso é <strong>de</strong>vido à semi-rigi<strong>de</strong>z das ligações, que po<strong>de</strong> aumentar otempo <strong>de</strong> resistência ao incêndio. Todavia, existem poucos trabalhos sobre ocomportamento <strong>de</strong> ligações sob altas temperaturas, dos quais um dos principais foirealizado por Leston-Jones et al. (1997) utilizando um forno portável para estudar asrelações momento-rotação.Segundo Block et al. (2006), tradicionalmente, as ligações são assumidas tendosuficiente resistência em situação <strong>de</strong> incêndio <strong>de</strong>vido às suas temperaturas menores emrelação aos elementos conectados, pelo fato <strong>de</strong> possuírem maior concentração <strong>de</strong> massado que as barras. Porém, a partir <strong>de</strong> testes em gran<strong>de</strong> escala realizados em Cardington,Reino Unido, e <strong>de</strong> pesquisas posteriores, observou-se que as ligações são maisvulneráveis do que o assumido. Isso é causado por forças e <strong>de</strong>formações às quais aligação é submetida durante o incêndio, significativamente diferentes das normalmenteconsi<strong>de</strong>radas. As forças internas mudam <strong>de</strong> momento e cortante à temperatura ambiente,para momento, cortante e compressão <strong>de</strong>vido à restrição à expansão térmica das vigasnos estágios iniciais e intermediários do incêndio e para cortante e tração nos estágiosposteriores, quando as cargas aplicadas às vigas são suportadas por meio do


191comportamento <strong>de</strong> catenária. Gerar todas estas condições <strong>de</strong> carregamento emexperimentos é difícil <strong>de</strong>vido à gran<strong>de</strong> variação dos <strong>de</strong>talhes das ligações e interaçõesentre a estrutura e ligação. Portanto, meios alternativos para investigar as ligações emsituação <strong>de</strong> incêndio são necessários.Na mo<strong>de</strong>lagem das ligações em situação <strong>de</strong> incêndio po<strong>de</strong>m-se utilizar elementossólidos juntamente com outros elementos para discretizar partes da ligação. Em umnível mais simples, utiliza-se um único elemento com rigi<strong>de</strong>zes obtidas a partir <strong>de</strong>mo<strong>de</strong>lagens mais sofisticadas, mo<strong>de</strong>los analíticos, ensaios experimentais ou utilizandoseo conceito do método dos componentes (EN 1993-1-8:2005).A mo<strong>de</strong>lagem utilizando-se elementos sólidos é a<strong>de</strong>quada para o estudo específicodas ligações. Nesse contexto, po<strong>de</strong>m-se citar os trabalhos <strong>de</strong> Liu (1996) no<strong>de</strong>senvolvimento do programa FEAST, utilizado em trabalhos como o <strong>de</strong> Liu (1999).O método dos componentes foi <strong>de</strong>senvolvido por Tschemmernegg et al. (1987) eposteriormente introduzido nas normas européias. O aspecto original <strong>de</strong>ste método éconsi<strong>de</strong>rar qualquer ligação como um conjunto <strong>de</strong> componentes do tipo mola. Ocomportamento da ligação é dado pela combinação das rigi<strong>de</strong>zes e resistência doscomponentes nas zonas <strong>de</strong> compressão, tração e cisalhamento, figura 8.1.1 (Block et al.,2004).AlmatracionadaAlma sobcortanteAlmacomprimidaParafusostracionadosMesa e placa <strong>de</strong> extremida<strong>de</strong>flexionadosAlma tracionadae comprimidaMesacomprimido(a)NMVEsforços:TraçãoCompressãoFlexãoCortante


192Rigi<strong>de</strong>z àtraçãoÂngulo <strong>de</strong> rotaçãoRigi<strong>de</strong>z àcompressãoRigi<strong>de</strong>z aocortante(b)NMVFigura 8.1.1 Método dos componentes (Block et al., 2004): (a) componentes <strong>de</strong> umaligação viga-pilar; (b) mo<strong>de</strong>lo com base no conceito dos componentes apresentado peloEN 1993-1-8:2005).A gran<strong>de</strong> vantagem do método dos componentes é a possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> se investigarexperimentalmente partes isoladas <strong>de</strong> uma ligação que po<strong>de</strong>m ser comuns a váriasoutras ligações (Spyrou et al., 2002; Block et al., 2005). Esses estudos são conduzidos<strong>de</strong> forma a caracterizar, principalmente, o comportamento das zonas tracionadas ecomprimidas da ligação.Vários pesquisadores têm utilizado o método dos componentes para <strong>de</strong>screver ocomportamento <strong>de</strong> ligações em temperatura elevada. Leston-Jones (1997) foi o primeiroa aplicar o método para simular seus resultados experimentais. Al-Jabri (1999) usou ométodo para mo<strong>de</strong>lar o comportamento <strong>de</strong> ligações ensaiadas em situação <strong>de</strong> incêndio eSpyrou (2002) realizou uma série <strong>de</strong> experimentos em componentes e combinou-osutilizando um mo<strong>de</strong>lo <strong>de</strong> duas molas. Simões da Silva (2001) usou o método doscomponentes, em combinação com os fatores <strong>de</strong> redução dados pelo Euroco<strong>de</strong>, paramo<strong>de</strong>lar os resultados <strong>de</strong> ensaios. Ramly Sulong et al. (2005) e Block et al. (2006)implementaram elementos com base no método dos componentes, respectivamente, nosprogramas <strong>de</strong> elementos finitos ADAPTIC e VULCAN. Os elementos são capazes <strong>de</strong>consi<strong>de</strong>rar os efeitos da carga axial, porém poucos são os ensaios experimentais emsituação <strong>de</strong> incêndio que po<strong>de</strong>m ser utilizados para validação dos resultados.Em temperatura ambiente, pesquisadores têm incluído, <strong>de</strong>talhadamente, ocomportamento das ligações em <strong>análise</strong>s completas usando elementos <strong>de</strong>senvolvidos


193com base no método dos componentes, Li et al. (1995), Lowes et al. (2003) e Bayo etal. (2006).No presente trabalho, foi <strong>de</strong>senvolvido um elemento <strong>de</strong> mola <strong>de</strong> comprimentonulo com curvas carga-<strong>de</strong>slocamento bilineares <strong>de</strong>finidas em função da temperaturamédia dos elementos <strong>de</strong> <strong>aço</strong> que compõe uma seção transversal qualquer. As curvascarga-<strong>de</strong>slocamento po<strong>de</strong>m ser curvas momento-rotação ou força-<strong>de</strong>slocamento,<strong>de</strong>finidas na entrada <strong>de</strong> dados para os seis <strong>de</strong>slocamentos relativos do elemento (três<strong>de</strong>slocamentos e três rotações). O elemento possui os mesmos graus <strong>de</strong> liberda<strong>de</strong> doselementos <strong>de</strong> viga e casca apresentados neste trabalho. O elemento também admitecomportamentos à compressão e tração diferenciados para o <strong>de</strong>slocamento axial, sendopossível a <strong>de</strong>finição <strong>de</strong> uma curva carga-<strong>de</strong>slocamento para tração e outra para acompressão.O elemento <strong>de</strong>senvolvido po<strong>de</strong> ser utilizado para a mo<strong>de</strong>lagem <strong>de</strong> ligações semirígidas,<strong>mistas</strong> e conectores <strong>de</strong> cisalhamento em situação <strong>de</strong> incêndio como um únicoelemento, ou representando partes específicas da ligação como no método doscomponentes.A modificação das curvas carga-<strong>de</strong>slocamento com a variação da temperaturapo<strong>de</strong> ter por base o trabalho <strong>de</strong> Al-Jabri et al. (2004). Nesse trabalho, foram obtidasexperimentalmente, relações momento-rotação <strong>de</strong> várias ligações em situação <strong>de</strong>incêndio e concluiu-se que os fatores <strong>de</strong> redução das proprieda<strong>de</strong>s do <strong>aço</strong> são a<strong>de</strong>quadospara consi<strong>de</strong>ração da <strong>de</strong>gradação das características das ligações.Na mo<strong>de</strong>lagem <strong>de</strong> conectores <strong>de</strong> cisalhamento para a simulação <strong>de</strong> vigas <strong>mistas</strong>com interação parcial po<strong>de</strong>m-se utilizar dois elementos <strong>de</strong> barra, um para simular operfil e outro para simular a laje <strong>de</strong> <strong>concreto</strong>, que estarão conectados por elementos <strong>de</strong>mola simulando os conectores. A laje <strong>de</strong> <strong>concreto</strong> também po<strong>de</strong>rá ser simulada a partirdo elemento <strong>de</strong> casca apresentado no capítulo anterior. Nesse tipo <strong>de</strong> mo<strong>de</strong>lagem, aseção transversal associada ao elemento <strong>de</strong> mola fornecerá as temperaturas médias noconector que serão utilizadas para modificar as proprieda<strong>de</strong>s da mola <strong>de</strong> acordo com ascurvas fornecidas na entrada <strong>de</strong> dados.


1948.2 ELEMENTO DE MOLAO elemento <strong>de</strong> mola tem os mesmos graus <strong>de</strong> liberda<strong>de</strong> que os elementos <strong>de</strong> vigae casca apresentados neste trabalho, figura 8.2.1. A matriz <strong>de</strong> rigi<strong>de</strong>z do elemento édada porkT⎡ ku⎢⎢0⎢ 0⎢⎢ 0⎢ 0⎢⎢ 0=⎢−k⎢⎢ 0⎢0⎢⎢ 0⎢⎢0⎢⎣0uv− ke a força interna, porm⎣ukv0000000000vw− kwk0000000000wθxk000θx00000− k00θxθyk0000θy00000− k0θyθzk00000θz00000− kθzu− kk00000u00000uv− kk0000000000vv− kwk0000000w000w− kk00000000θxθx00θx− kk000000000θyθy0θy0 ⎤0⎥⎥0 ⎥⎥0 ⎥0 ⎥⎥− kθz⎥0 ⎥⎥0 ⎥0⎥⎥0 ⎥⎥0⎥k ⎥θz⎦θz⎦,(8.2.1)f = f f f f f f − f − f − f − f − f − f . (8.2.2)Na expressão 8.2.1, os coeficientes <strong>de</strong> rigi<strong>de</strong>z são obtidos a partir da tangente dascurvas carga-<strong>de</strong>slocamento bilineares que variam em função da temperatura. Na figura8.2.2, tem-se uma curva carga-<strong>de</strong>slocamento típica. O <strong>de</strong>slocamento apresentado érelativo, ou seja, o <strong>de</strong>slocamento do nó inicial menos o do nó final. Os coeficientes dovetor <strong>de</strong> forças internas, expressão 8.2.2, também são obtidos da curva carga<strong>de</strong>slocamentoa partir dos <strong>de</strong>slocamentos relativos (três translações e três rotações).Outros tipos <strong>de</strong> curvas po<strong>de</strong>m ser associados ao elemento, porém, para situação <strong>de</strong>incêndio preferiu-se trabalhar com curvas bilineares, pois po<strong>de</strong>m ser ajustadas sem anecessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> <strong>de</strong>finição <strong>de</strong> muitas variáveis.Para a <strong>análise</strong>, são fornecidos a rigi<strong>de</strong>z inicial, ou seja, do primeiro trecho linear, omomento resistente e a rigi<strong>de</strong>z do segundo trecho linear em função das temperaturas,figura 8.2.2. Durante a <strong>análise</strong>, a temperatura média nas partes <strong>de</strong> <strong>aço</strong> <strong>de</strong> uma seçãotransversal genérica associada ao elemento é avaliada e utilizada para <strong>de</strong>finição da curvacorrespon<strong>de</strong>nte à temperatura. A temperatura média po<strong>de</strong> ser multiplicada por um fatormenor do que 1,0 para representar condições menos <strong>de</strong>sfavoráveis <strong>de</strong> exposição aoincêndio. Caso a temperatura seja intermediária às <strong>de</strong>finidas, faz-se uma interpolação da


195rigi<strong>de</strong>z inicial, do momento resistente e da rigi<strong>de</strong>z do segundo termo, obtendo umacurva carga-<strong>de</strong>slocamento apropriada. O elemento também possuiu a possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong>associação <strong>de</strong> uma curva carga-<strong>de</strong>slocamento à tração e compressão diferenciadas parao <strong>de</strong>slocamento axial. Na prática, o elemento assume um tamanho pequeno (nasmo<strong>de</strong>lagens utilizou-se 1 mm) necessário para <strong>de</strong>finição da direção axial.x, uθx2u2v2w2θz2θy2v1w1θz1z, wθy1u1y, vθx1Figura 8.2.1 Graus <strong>de</strong> liberda<strong>de</strong> do elemento <strong>de</strong> mola.120Força10080604020020°C200°C300°C400°C500°C550°C650°C750°C0 0,02 0,04 0,06 0,08 0,1 0,12 0,14DeslocamentoFigura 8.2.2 Curvas cargas-<strong>de</strong>slocamento típicas, variando em função da temperatura.


1968.3 EXEMPLOSNo trabalho <strong>de</strong> Bailey (1998) são apresentados dois exemplos <strong>de</strong> mo<strong>de</strong>lagens<strong>numérica</strong>s <strong>de</strong> <strong>estruturas</strong> com ligações semi-rígidas. Os resultados numéricosapresentados são utilizados para validação do mo<strong>de</strong>lo <strong>de</strong> mola apresentado nestetrabalho.8.3.1 Viga <strong>de</strong> Aço com Ligações Semi-rígidasCom o objetivo <strong>de</strong> estudar qualitativamente a influência das ligações semi-rígidas,Bailey (1998) utilizou uma viga <strong>de</strong> <strong>aço</strong> UB 305x165x40 com resistência ao escoamentodo <strong>aço</strong> igual a 275 MPa e módulo <strong>de</strong> elasticida<strong>de</strong> igual a 205000 MPa ligada a nósrígidos por elementos <strong>de</strong> mola, figura 8.3.1.P = 44,928 kNPP0 1375 1375137513750Figura 8.3.1 Viga <strong>de</strong> <strong>aço</strong> com ligações semi-rígidas, dimensões em mm (Bailey, 1998).As cargas produzem uma razão <strong>de</strong> carga igual a 0,6, <strong>de</strong>finida como o momentosolicitante em situação <strong>de</strong> incêndio dividido pelo momento fletor resistente àtemperatura ambiente. No trabalho <strong>de</strong> Bailey (1998), características diferentes para aligação são consi<strong>de</strong>radas a partir do escalonamento da rigi<strong>de</strong>z e da resistência da ligaçãomostrada na figura 8.3.2. Na figura, também estão as relações bilineares utilizadas nestetrabalho para aproximar as curvas <strong>de</strong>finidas por Bailey (1998). Na <strong>de</strong>finição das curvasbilineares a rigi<strong>de</strong>z inicial foi tomada igual à utilizada por Bailey (1998) (obtidagraficamente). O momento resistente foi fixado para a rotação relativa <strong>de</strong> 0,02 rad e arigi<strong>de</strong>z do segundo trecho linear foi adotada com o objetivo <strong>de</strong> se aproximar domomento para a rotação <strong>de</strong> 0,12 rad dado nas curvas utilizadas por Bailey (1998). Atabela 8.3.1 apresenta os valores utilizados na obtenção das curvas bilineares. As curvasapresentadas na figura 8.3.2 foram atribuídas apenas ao grau <strong>de</strong> liberda<strong>de</strong> rotacional


197correspon<strong>de</strong>nte ao eixo <strong>de</strong> flexão da viga, relevante para a <strong>análise</strong> que ocorre em umplano. Para os <strong>de</strong>mais graus <strong>de</strong> liberda<strong>de</strong> do elemento foram atribuídos valores altos <strong>de</strong>rigi<strong>de</strong>z e resistência.Momento (kNm)1201008060402000 0,02 0,04 0,06 0,08 0,1 0,12 0,14Rotação relativa (rad)20°C200°C300°C400°C500°C550°C650°C750°CBailey (1998)Presente trabalhoFigura 8.3.2 Relação momento-rotação para várias temperaturas.Tabela 8.3.1 Valores da rigi<strong>de</strong>z inicial, momento fletor resistente e rigi<strong>de</strong>z dosegundo trecho linear.Temperaturas Rigi<strong>de</strong>z inicial Momento resistente Rigi<strong>de</strong>z 2° trecho(°C) (kNm) (kNm) (kNm)20 30000 97 156200 18600 93 149300 12571 88 138400 7800 78 172500 5909 65 266550 4455 49 200650 3182 35 143750 1909 21 86


198As características da ligação, rigi<strong>de</strong>z e resistência, foram escaladas em 25, 50, 75e 100% das apresentadas na figura 8.3.2. Para as proprieda<strong>de</strong>s do <strong>aço</strong>, consi<strong>de</strong>rou-se oEN 1993-1-2:2005, sendo o perfil discretizado com 249 elementos triangulares,aquecido uniformemente. Quatro elementos <strong>de</strong> viga com quatro pontos <strong>de</strong> Gauss foramutilizados nas <strong>análise</strong>s. A seção transversal associada ao elemento <strong>de</strong> mola foi a mesmado perfil com as temperatura médias multiplicadas por um fator igual a unida<strong>de</strong>. Oscasos <strong>de</strong> apoios rotulados e engastados também foram analisados e os resultados para o<strong>de</strong>slocamento no centro do vão são apresentados na figura 8.3.3, juntamente com osobtidos por Bailey (1998).0,0-0,1-0,2-0,3-0,4Rígida100%75%50%25%RotuladaL/20Deslocamento (m).-0,5-0,6-0,7-0,8-0,9Bailey (1998)Presente trabalho-1,0-1,1-1,20 100 200 300 400 500 600 700 800Temperatura (°C)Figura 8.3.3 Comportamento <strong>de</strong> uma viga aquecida com diferentes características dasligações.


199As diferenças nas curvas obtidas po<strong>de</strong>m estar associadas à formulação doelemento <strong>de</strong> viga utilizado nas <strong>análise</strong>s, uma vez que para as extremida<strong>de</strong>s rotuladas osresultados são um pouco diferentes principalmente quando os <strong>de</strong>slocamentos sãogran<strong>de</strong>s. Para as extremida<strong>de</strong>s rígidas os resultados são bem próximos. Quando se temas características das ligações escaladas <strong>de</strong> 25% a 100% nota-se que, apesar dasdiferenças, o comportamento calculado no presente trabalho é coerente com asobservações feitas por Bailey (1998) nas quais a resistência da viga em situação <strong>de</strong>incêndio, que po<strong>de</strong> ser <strong>de</strong>finida para um <strong>de</strong>slocamento igual ao vão dividido por 20,aumenta com o aumento da rigi<strong>de</strong>z e resistência das ligações. As diferenças nas curvasobtidas estão associadas principalmente à aproximação das curvas apresentadas emBailey (1998) por curvas bilineares. Essa aproximação leva ao aumento acentuado dos<strong>de</strong>slocamentos quando os esforços na ligação ultrapassam o momento resistente, e acurva carga-<strong>de</strong>slocamento entra no segundo trecho linear <strong>de</strong> rigi<strong>de</strong>z bem menor do quea rigi<strong>de</strong>z inicial.8.3.2 Pórtico com Ligações Semi-rígidasBailey (1998) também apresenta a <strong>análise</strong> <strong>de</strong> um pórtico semi-rígido formado pelaviga do exemplo anterior, figura 8.3.4.500 kN 34,925 kN 34,925 kN 34,925 kN 500 kN1375 137513751375(3) (4) (5) (6) (7) (8)(9)UB 305x165x4015001500UC 203x203x52(2)UC 203x203x52(10)(1)(11)Figura 8.3.4 Pórtico com ligações semi-rígidas, dimensões em mm.


200Os pilares do pórtico foram submetidos a uma razão <strong>de</strong> carga igual a 0,3 (cargadurante o incêndio dividida pela capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> carga em temperatura ambiente) e todosos elementos foram aquecidos uniformemente e à mesma razão. As características daligação são as mesmas <strong>de</strong>finidas na figura 8.3.2, escaladas em 50%. No presentetrabalho, o perfil UC 203x203x52 dos pilares teve a seção transversal discretizada em296 elementos triangulares. No total, o pórtico foi discretizado com oito elementos <strong>de</strong>viga, conforme a figura 8.3.4, com quatro pontos <strong>de</strong> Gauss. Essa estrutura foi utilizadapor Bailey (1998) para validar suas implementações comparando os seus resultados comos obtidos numericamente por El-Rimawi et al. (1993).O cálculo do <strong>de</strong>slocamento vertical no centro da viga é mostrado na figura 8.3.5.Deslocamento (m)0,010,00-0,01-0,02-0,03-0,04-0,05-0,06-0,07-0,08-0,09Bailey (1998)Presente trabalho0 100 200 300 400 500 600 700Temperatura (°C)Figura 8.3.5 Comparações entre o mo<strong>de</strong>lo proposto e os resultados apresentados porBailey (1998).Po<strong>de</strong>-se ver que os resultados são bem próximos, apesar <strong>de</strong> as diferenças nosmo<strong>de</strong>los <strong>de</strong> elemento <strong>de</strong> viga e da aproximação das curvas momento-rotação.


2018.4 CONCLUSÕESUm mo<strong>de</strong>lo <strong>de</strong> elemento <strong>de</strong> mola capaz <strong>de</strong> ter relações carga-<strong>de</strong>slocamento quevariam em função da temperatura foi <strong>de</strong>senvolvido. O elemento <strong>de</strong>fine a curva a serutilizada na obtenção da matriz <strong>de</strong> rigi<strong>de</strong>z e força interna a partir da temperatura médianos elementos <strong>de</strong> <strong>aço</strong> que compõe uma seção transversal qualquer, <strong>de</strong>finida, juntamentecom as curvas carga-<strong>de</strong>slocamento, como dados <strong>de</strong> entrada.Apesar da falta <strong>de</strong> resultados experimentais, os exemplos apresentados formamuma base razoável <strong>de</strong> validação.O mo<strong>de</strong>lo <strong>de</strong>senvolvido po<strong>de</strong> ser utilizado para mo<strong>de</strong>lagens <strong>de</strong> <strong>estruturas</strong>completas, juntamente com os mo<strong>de</strong>los <strong>de</strong> viga e casca apresentados anteriormente,simulando ligações, partes das ligações ou conectores <strong>de</strong> cisalhamento.


9CONSIDERAÇÕES FINAISApresentam-se uma síntese do trabalho, conclusões e sugestõespara trabalhos futuros.9.1 SÍNTESE DO TRABALHONo capítulo inicial foram apresentados a motivação e o objetivo <strong>de</strong>ste trabalho:<strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong> mo<strong>de</strong>los numéricos para a <strong>análise</strong> <strong>de</strong> <strong>estruturas</strong> em situação <strong>de</strong>incêndio.Os principais conceitos sobre a engenharia <strong>de</strong> segurança contra incêndio,principalmente no que se refere à segurança estrutural, foram apresentados no capítulo2. O texto apresenta uma fonte <strong>de</strong> dados sobre materiais, comportamento do incêndio,comportamento e projeto <strong>de</strong> <strong>estruturas</strong>, além <strong>de</strong> uma revisão bibliográfica dos mo<strong>de</strong>losnuméricos <strong>de</strong>senvolvidos. Esse texto é uma fonte importante <strong>de</strong> informações parafuturas pesquisas e trabalhos que venham utilizar os mo<strong>de</strong>los <strong>de</strong>senvolvidos nestetrabalho.O capítulo 3 apresenta a plataforma e metodologia utilizadas neste trabalho. Autilização <strong>de</strong> programas <strong>de</strong>senvolvidos com a técnica <strong>de</strong> programação orientada a objetoem linguagem C++ e contendo os <strong>de</strong>senvolvimentos apresentados por Caldas (2004),foram fundamentais para alcançar os objetivos <strong>de</strong>ste trabalho. A técnica <strong>de</strong> programaçãoutilizada é extremamente importante para que os programas <strong>de</strong>senvolvidos possibilitema introdução <strong>de</strong> novos materiais e elementos finitos. Neste trabalho esta foi umapreocupação contínua.


203Os mo<strong>de</strong>los para a <strong>análise</strong> <strong>de</strong> transferência <strong>de</strong> calor com base no método dasdiferenças finitas, MDF, e elementos finitos, MEF, apresentados no capítulo 4, formamuma base importante para os <strong>de</strong>mais mo<strong>de</strong>los <strong>de</strong>senvolvidos. A aplicação do MDF à<strong>análise</strong> térmica <strong>de</strong> seções transversais é uma importante contribuição <strong>de</strong>ste trabalho. Naaplicação do MEF, o <strong>de</strong>senvolvimento do mo<strong>de</strong>lo com integração explícita do tempo e aforma <strong>de</strong> integração da matriz <strong>de</strong> condutivida<strong>de</strong> térmica, consi<strong>de</strong>rando a condutivida<strong>de</strong>para a temperatura média dos nós do elemento, permitindo que os coeficientes da matriz<strong>de</strong> condutivida<strong>de</strong> sejam calculados apenas no início dos cálculos e posteriormenteapenas as condutivida<strong>de</strong>s sejam atualizadas, expressões 4.4.18 a 4.4.20, levaram a ummo<strong>de</strong>lo com pequeno tempo <strong>de</strong> processamento e resultados a<strong>de</strong>quados, conformeapresentado nos exemplos do capítulo 4. O mo<strong>de</strong>lo também é capaz <strong>de</strong> consi<strong>de</strong>rar atransferência <strong>de</strong> calor por radiação térmica, permitido a simulação <strong>de</strong> seções comproteção tipo caixa ou com aberturas.No <strong>de</strong>senvolvimento do algoritmo para obtenção <strong>de</strong> superfícies e diagramas <strong>de</strong>interação <strong>de</strong> esforços em seções genéricas, um domínio <strong>de</strong> <strong>de</strong>formação última emsituação <strong>de</strong> incêndio para seções compostas por <strong>concreto</strong> foi proposto. Apesar <strong>de</strong> havervários trabalhos nesta área, o esquema proposto é inédito e genérico, consi<strong>de</strong>rando asrelações tensão-<strong>de</strong>formação a<strong>de</strong>quadas e a influência das <strong>de</strong>formações térmicas. Oalgoritmo permite a <strong>análise</strong> da resistência última da seção transversal <strong>de</strong> elementosestruturais como pilares, vigas e lajes submetidas a tensões normais, possibilitando uma<strong>análise</strong> a<strong>de</strong>quada em situações <strong>de</strong> projeto ou em pesquisas.O elemento <strong>de</strong> viga tridimensional apresentado no capítulo 6 po<strong>de</strong> ter uma seçãogenérica com uma exposição ao incêndio qualquer. Com essas características e acapacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> experimentar gran<strong>de</strong>s <strong>de</strong>slocamentos e rotações, o elemento é umaalternativa aos mo<strong>de</strong>los já <strong>de</strong>senvolvidos como os implementados nos programasVULCAN (Huang et al. 2003a) e SAFIR (Franssen, 2005). Os exemplos apresentadosno capítulo 6, on<strong>de</strong> elementos <strong>de</strong> <strong>aço</strong>, <strong>concreto</strong> e mistos <strong>de</strong> <strong>aço</strong> e <strong>concreto</strong> sãoanalisados e comparados com resultados numéricos e experimentais encontrados naliteratura <strong>de</strong>monstram a robustez e viabilida<strong>de</strong> do elemento <strong>de</strong>senvolvido.No capítulo 7, o elemento <strong>de</strong> casca apresentado mostrou-se a<strong>de</strong>quado para simularo comportamento <strong>de</strong> lajes em situação <strong>de</strong> incêndio. A utilização do mo<strong>de</strong>lo <strong>de</strong> danoproposto, utilizando a relação tensão-<strong>de</strong>formação do <strong>concreto</strong> segundo o EN 1992-1-


2042:2004 apresenta uma opção aos mo<strong>de</strong>los <strong>de</strong> plasticida<strong>de</strong> até então aplicados a<strong>estruturas</strong> em situação <strong>de</strong> incêndio (Franssen, 2005).Finalmente, o elemento <strong>de</strong> mola complementa os mo<strong>de</strong>los apresentadospossibilitando uma mo<strong>de</strong>lagem mais realista das <strong>estruturas</strong>. A possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> <strong>de</strong>finircurvas carga-<strong>de</strong>slocamento em função da temperatura torna possível a consi<strong>de</strong>ração <strong>de</strong>ligações semi-rígidas ou <strong>mistas</strong> ou a simulação <strong>de</strong> conectores <strong>de</strong> cisalhamento. Aproprieda<strong>de</strong> <strong>de</strong> associar uma seção transversal na qual são avaliadas as temperaturas doselementos <strong>de</strong> <strong>aço</strong> é uma proprieda<strong>de</strong> interessante <strong>de</strong>sse mo<strong>de</strong>lo.Uma característica importante das soluções <strong>de</strong>senvolvidas é a capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong>realizar em conjunto as <strong>análise</strong>s térmica e mecânica, o que os diferencia <strong>de</strong> outrosprogramas (Franssen, 2005; Huang et al. 2003a).9.2 CONCLUSÕESDiversos mo<strong>de</strong>los numéricos para <strong>análise</strong> do comportamento <strong>de</strong> elementosestruturais em situação <strong>de</strong> incêndio foram <strong>de</strong>senvolvidos e apresentados neste trabalho.Os mo<strong>de</strong>los <strong>de</strong>senvolvidos seguem os princípios e hipóteses da teoria <strong>de</strong> transferência<strong>de</strong> calor e mecânica estrutural levando em conta os efeitos das mudanças <strong>de</strong>proprieda<strong>de</strong>s dos materiais com a temperatura.Os mo<strong>de</strong>los numéricos se revelaram a<strong>de</strong>quados para a <strong>análise</strong> <strong>de</strong> <strong>estruturas</strong> emsituação <strong>de</strong> incêndio conforme normas internacionais (EN 1992-1-2:2004; EN 1993-1-2:2005) e com base na comparação dos resultados obtidos com resultados numéricos eexperimentais encontrados na literatura. Concluiu-se que os mo<strong>de</strong>los numéricos sãocapazes <strong>de</strong> simular, <strong>de</strong> forma precisa e robusta, o comportamento <strong>de</strong> <strong>estruturas</strong> <strong>de</strong> <strong>aço</strong>,<strong>concreto</strong> e <strong>mistas</strong> em situação <strong>de</strong> incêndio. Dessa forma, o objetivo <strong>de</strong>ste trabalho foialcançado e outros trabalhos po<strong>de</strong>rão ser realizados com as ferramentas <strong>de</strong>senvolvidas.Com isso, consi<strong>de</strong>ra-se que este trabalho representa uma contribuição relevante para aspesquisas na área <strong>de</strong> engenharia <strong>de</strong> segurança contra incêndio.


2059.3 TRABALHOS FUTUROSAlguns fenômenos e comportamentos ainda são carentes <strong>de</strong> estudos e melhorentendimento por parte da engenharia estrutural e <strong>de</strong> segurança contra incêndio. Essesfenômenos necessitam principalmente <strong>de</strong> maiores estudos experimentais eposteriormente mo<strong>de</strong>los numéricos ou analíticos po<strong>de</strong>rão ser <strong>de</strong>senvolvidos.O aparecimento do esforço normal em ligações submetidas ao incêndio é algo quevem sendo estudado recentemente. Programas como o VULCAN e ADAPTIC, ver item8.1, procuram simular esse comportamento com elementos <strong>de</strong>senvolvidos com base nométodo dos componentes, porém, poucos ensaios experimentais foram realizadosficando difícil a avaliação dos mo<strong>de</strong>los.O comportamento ortotrópico das lajes <strong>mistas</strong>, em geral, é <strong>de</strong>sconsi<strong>de</strong>rado emsituação <strong>de</strong> incêndio. De forma simplificada, apenas a parte sobre as nervuras da forma<strong>de</strong> <strong>aço</strong> é consi<strong>de</strong>rada nas mo<strong>de</strong>lagens (Caldas et al., 2006). Devido ao comportamento<strong>de</strong> membrana essa mo<strong>de</strong>lagem é suficiente, porém, a consi<strong>de</strong>ração do comportamentoortotrópico em mo<strong>de</strong>los constitutivos é <strong>de</strong>sejável.O spalling ainda é consi<strong>de</strong>rado um comportamento imprevisível nas <strong>estruturas</strong> <strong>de</strong><strong>concreto</strong> e a sua consi<strong>de</strong>ração nos mo<strong>de</strong>los constitutivos é uma importante tarefa para ospesquisadores.De acordo com o objetivo <strong>de</strong>ste trabalho, <strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong> mo<strong>de</strong>los numéricospara <strong>análise</strong> <strong>de</strong> <strong>estruturas</strong> em situação <strong>de</strong> incêndio, a principal sugestão é a utilizaçãodos mo<strong>de</strong>los <strong>de</strong>senvolvidos na mo<strong>de</strong>lagem <strong>de</strong> elementos, sub<strong>estruturas</strong> e <strong>estruturas</strong>completas, com o objetivo <strong>de</strong> estudar, projetar, elaborar e validar procedimentosnormativos, além <strong>de</strong> outras pesquisas relevantes para o <strong>de</strong>senvolvimento da engenhariaestrutural e <strong>de</strong> segurança contra incêndio.


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