Generated by Foxit PDF Creator © Foxit Softwarehttp://www.foxitsoftware.com For evaluation only.catar eles aqui – ia ter festa aqui no (...)– aí viemos todomundo, o cara trouxe o revólver <strong>de</strong>ixou comigo, guar<strong>de</strong>i aqui nacintura... Era [do cara <strong>da</strong> banca]. Aí guardou comigo e eu fiqueicom ele aqui na cintura, aí na hora que chegaram os moleques,eu catei, catei o revólver, <strong>de</strong>i para o meu irmão o revólver, meuirmão foi lá, <strong>de</strong>u na cara do moleque assim com o cano, ficoubatendo com o cano na cara do moleque (rindo), aí ele <strong>de</strong>u umtapa, assim, catô e saiu fora, acabou! Não <strong>de</strong>u tiro. ... (GFV-5,José, 17anos, 2º ano)A partir <strong>da</strong> exposição acima, resumi<strong>da</strong>mentepo<strong>de</strong>mos associar o ingresso <strong>de</strong> jovens em gangues assimcomo a posse <strong>de</strong> armas ao processo <strong>de</strong> vulnerabili<strong>da</strong><strong>de</strong>social ‘a qual estão sujeitos e que conforme Peralva(2000) implica em condutas <strong>de</strong> risco. Por isso, <strong>de</strong> umacerta forma essas condutas <strong>de</strong> risco (ingresso em gangue,porte <strong>de</strong> armas...) são representa<strong>da</strong>s como proteção epo<strong>de</strong>r. A gangue lhes representa nessa perspectiva(proteção e po<strong>de</strong>r) a única possibili<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> acesso aocapital social que não lhes é assegurado pelo Estado epela socie<strong>da</strong><strong>de</strong>. De uma certa forma, po<strong>de</strong>mos afirmarque o ingresso <strong>de</strong>sses jovens nesses grupos <strong>de</strong> gangues éuma tentativa/forma <strong>de</strong> resposta à vulnerabili<strong>da</strong><strong>de</strong>,contudo não se apercebem <strong>de</strong> que, ao ingressarem, estáintrínseca a conduta <strong>de</strong> risco, aumentando ain<strong>da</strong> mais asua vulnerabili<strong>da</strong><strong>de</strong>.Se <strong>de</strong> um lado, ain<strong>da</strong> que por um período curto,esses jovens tenham tido a oportuni<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> pertencer agangues, a gran<strong>de</strong> importância <strong>de</strong>sse trabalho consistenas razões pelas quais eles não permanecem ou optampela criminali<strong>da</strong><strong>de</strong>. Assim, na medi<strong>da</strong> em que vão tendooportuni<strong>da</strong><strong>de</strong>s <strong>de</strong> repensar e, concomitantemente, <strong>de</strong>ingressar em outros espaços culturais <strong>de</strong> sociabili<strong>da</strong><strong>de</strong>, osentimento <strong>de</strong> pertencimento a uma gangue vai per<strong>de</strong>ndoa importância e, conseqüentemente, resulta em seu<strong>de</strong>sligamento do grupo. Assim, reiteramos mais uma veza importância <strong>de</strong> políticas públicas volta<strong>da</strong>s à clientelainfanto-juvenil, enquanto uma <strong>da</strong>s medi<strong>da</strong>s <strong>de</strong>implantação do processo <strong>de</strong>mocrático e civilizador para asnovas gerações.Referências BibliográficasABRAMOVAY, M. e RUA, M. G. Violências nas escolas. Brasília.UNESCO, 2002ABRAMOVAY, M. Juventu<strong>de</strong>, violência e vulnerabili<strong>da</strong><strong>de</strong> social naAmérica Latina: <strong>de</strong>safios para políticas públicas. UNESCO. BID Brasília:88
Generated by Foxit PDF Creator © Foxit Softwarehttp://www.foxitsoftware.com For evaluation only.2002CASTRO, M. G. (Coord.). Cultivando vi<strong>da</strong>, <strong>de</strong>sarmando violência:experiências em educação, cultura, lazer, esporte e ci<strong>da</strong><strong>da</strong>nia comjovens em situação <strong>de</strong> pobreza. Brasília, UNESCO, 2001.CASTRO, M. G. Violências, juventu<strong>de</strong>s e educação: notas sobre oestado do conhecimento. In Revista Brasileira <strong>de</strong> Estudos <strong>de</strong>População, vol.19, nº 1 – jan-jun/2002 ABEP.ELIAS, N. O processo civilizador. Rio <strong>de</strong> Janeiro: Zahar, 1997. v.1-2PERALVA, A. e SPOSITO, M. Pontes (orgs.) Juventu<strong>de</strong> eContemporanei<strong>da</strong><strong>de</strong>. Revista brasileira <strong>de</strong> educação (5-6 especial).Associação Nacional <strong>de</strong> Pós-Graduação <strong>de</strong> Pesquisa em Educação(ANPED). 1997.PERALVA, A. O jovem como mo<strong>de</strong>lo cultural. In PERALVA, Angelina;SPOSITO, Marília Ponts (orgs.) Juventu<strong>de</strong> e Contemporanei<strong>da</strong><strong>de</strong>.Revista brasileira <strong>de</strong> educação (5-6 especial). Associação Nacional <strong>de</strong>Pós-Graduação <strong>de</strong> Pesquisa em Educação (ANPED). 1997, p. 15-24.PERALVA, A. Violência e <strong>de</strong>mocracia: o paradoxo brasileiro. São Paulo:Paz e Terra, 2000.89