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abril de 2004 - CCHLA - Universidade Federal da Paraíba

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Generated by Foxit PDF Creator © Foxit Softwarehttp://www.foxitsoftware.com For evaluation only.elípticos” (Pelegrín, ob. cit.: 31). A terra não só não estáno centro do universo como <strong>de</strong>screve um movimento emtorno <strong>de</strong> si mesma e, além disso, gira em torno do sol.A ellipse, esta figura aberrante porque não possuium centro, inva<strong>de</strong> com formas curvilíneas, côncavas econvexas a arquitetura, a escultura e a pintura barroca.Seus movimentos espiralados, crescentes e <strong>de</strong>crescentes,para cima e para baixo, ora ascen<strong>de</strong>ndo em direção aocéu ora mergulhando em <strong>de</strong>scenso para terra, tomam oimaginário barroco pelas formas “serpentinatas”. Essas seopõem às linhas retas do classicismo e às certezasrenascentistas e, <strong>de</strong> certa forma, <strong>de</strong>monstram a sensação<strong>de</strong> instabili<strong>da</strong><strong>de</strong> dos homens <strong>de</strong>ste período em meio aoturbilhão <strong>de</strong> acontecimentos que os “olhos” , a razão e afé são incapazes <strong>de</strong> conciliar.Aquela reali<strong>da</strong><strong>de</strong> constrangia a aceitar que a or<strong>de</strong>mdo mundo estava sendo “<strong>de</strong>sor<strong>de</strong>na<strong>da</strong>”. Galileu, “avec salunette”, <strong>de</strong>sven<strong>da</strong> outro mistério que se torna umsegredo: a existência <strong>de</strong> outros planetas “com dimensõesimpensa<strong>da</strong>s até ali”. Gior<strong>da</strong>no Bruno, atrevido no falar, foicon<strong>de</strong>nado a morrer na fogueira em 1600 e Cavaliere, umholandês discípulo <strong>de</strong> Galileu, inventa o cálculoinfinitesimal e <strong>de</strong>scobre que o mundo <strong>de</strong>baixo dos pés é“infinitamente pequeno” se comparado ao “outro” mundo,“infinitamente gran<strong>de</strong>”, que fora <strong>de</strong>scortinado por Galileu.“Vertige effrayant d’un infiniment grand au-<strong>de</strong>ssus <strong>de</strong> latête et d’un infiniment petit sous les pás <strong>de</strong> l’hommebaroque” (Pelegrín, ob. cit.: 32).Entre a igreja e a heresia; a reforma e a contrareforma;as per<strong>da</strong>s <strong>de</strong> referências e a inclusão <strong>de</strong> outras;ante o <strong>de</strong>slumbramento <strong>de</strong> um universo que seagigantava e diante <strong>de</strong> um mundo geograficamentealargado a cultura barroca vivenciava o incômodo <strong>de</strong> umaconsciência distendi<strong>da</strong> entre as duali<strong>da</strong><strong>de</strong>s <strong>de</strong> seu tempo.“A alma barroca é composta <strong>de</strong>sse dualismo, <strong>de</strong>sse estado<strong>de</strong> tensão e conflito, exprimindo uma gigantesca tentativa<strong>de</strong> conciliação entre dois pólos consi<strong>de</strong>rados entãoinconciliáveis: a fé e a razão” (Coutinho, ob. cit.:19).BibliografiaCOUTINHO, Afrânio. (Org.) (1986). A Literatura no Brasil. Rio <strong>de</strong>Janeiro,UFF (EDUFF).D’ORS, Eugenio (2000). Du Baroque. Paris, Gallimard.43

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