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abril de 2004 - CCHLA - Universidade Federal da Paraíba

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Generated by Foxit PDF Creator © Foxit Softwarehttp://www.foxitsoftware.com For evaluation only.cultural que se modifica; <strong>de</strong> uma outra or<strong>de</strong>m que seanuncia. Por exemplo, o gran<strong>de</strong> interesse pelos retratosaponta para a emergência <strong>de</strong> um individualismo que anascente classe burguesa anuncia.Suspensão e êxtase, Bernini e a escultura <strong>da</strong> santaque (mulher) comparava o êxtase do espírito ao êxtase <strong>da</strong>carne em orgasmo: “O Êxtase <strong>de</strong> Santa Tereza”.Extremismo barroco e trânsito, consciências que sedisten<strong>de</strong>m entre a representação do sagrado erepresentação do sacrílego. Suspensão e inovação <strong>da</strong>sformas que se produzem pelo arrebatamento do espírito.“Trata-se <strong>de</strong> um furor”, “<strong>de</strong> emoções extremas”; <strong>de</strong> umaforça que transforma o comum em algo sutil. Esta forçaenleva a consciência e suspen<strong>de</strong> a percepção do mundoimediato; ela provoca um estado <strong>de</strong> admiração e <strong>de</strong>espanto cujos efeitos psicológicos impingem uma“suspensão <strong>da</strong> ação”.Esta idéia <strong>de</strong> suspensão <strong>da</strong> ação leva a umabifurcação. De um lado, ela remete para o <strong>de</strong>bate acercado caráter alienante <strong>da</strong>s imagens em uma “cultura <strong>de</strong>massa”. “O valor <strong>de</strong> eficácia dos recursos visuais éincontestável na época” (Maravall, 1997: 333).Maravall consi<strong>de</strong>ra a cultura do barroco uma cultura<strong>de</strong> massas porque, também naquela época, produzia-separa uma crescente população urbana. Por outro lado, aidéia <strong>de</strong> suspensão <strong>da</strong> consciência permite pensar aliber<strong>da</strong><strong>de</strong> em outros termos. O indivíduo comum, o“homem anônimo do povo”, maravilhado diante <strong>da</strong>simagens experimenta uma outra or<strong>de</strong>m <strong>de</strong> liber<strong>da</strong><strong>de</strong>: aliber<strong>da</strong><strong>de</strong> do trânsito imaginativo, “que <strong>de</strong>ixa a regiãointerior <strong>da</strong> alma para se projetar no mundo <strong>da</strong> açãoexterna” (i<strong>de</strong>m: 233). Por mais paradoxal que seja, aliber<strong>da</strong><strong>de</strong> se encontra na consciência do homem comumque está afastado do plano em que as <strong>de</strong>cisões dossoberanos se estabelecem; isto porque, o homem dopovo, por estar afastado do po<strong>de</strong>r, guia seus passos commais in<strong>de</strong>pendência e po<strong>de</strong> “mover-se à vonta<strong>de</strong> no pontodo mundo exterior que lhe pertence”.A consciência do homem barroco expressava a lutatrava<strong>da</strong> entre os sentidos físicos, as sensações corporais,os apelos <strong>da</strong> carne e a morte; em contraposição ao <strong>de</strong>sejo<strong>de</strong> enlevação espiritual, <strong>de</strong> religiosi<strong>da</strong><strong>de</strong>, <strong>de</strong> misticismo eeterni<strong>da</strong><strong>de</strong>. Enfim, esses homens expressavam a síntese40

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