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abril de 2004 - CCHLA - Universidade Federal da Paraíba

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Generated by Foxit PDF Creator © Foxit Softwarehttp://www.foxitsoftware.com For evaluation only.como o modo <strong>de</strong> <strong>de</strong>monstrar, a intensi<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong>sta<strong>de</strong>monstração, a relação entre os tipos <strong>de</strong> sofrimento e asformas <strong>da</strong> <strong>de</strong>monstração, etc.To<strong>da</strong> esta gramática é orienta<strong>da</strong> por um conjunto<strong>de</strong> valores cujo eixo fun<strong>da</strong>mental é o continuum que vaido acaso à responsabili<strong>da</strong><strong>de</strong>. A <strong>de</strong>cisão fun<strong>da</strong>mental doprocesso <strong>de</strong> compa<strong>de</strong>cer-se é quanto à possibili<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong>culpabilização do indivíduo pela situação que vive: se elaé fruto do acaso (e neste caso ele é objeto <strong>de</strong> uma<strong>de</strong>sgraça que se “abate” sobre ele) ou se ela provém <strong>de</strong>suas atitu<strong>de</strong>s racionais e conscientes (e nesse caso ele ésujeito <strong>de</strong> uma situação). Clark discute diversos aspectos<strong>da</strong> história oci<strong>de</strong>ntal que interferem na construção <strong>de</strong>stecontinuum, entre eles o papel <strong>da</strong>s próprias ciênciashumanas - em especial a psicologia e a sociologia - naampliação do escopo <strong>da</strong>s situações em que o indivíduo évisto como merecedor <strong>de</strong> compaixão, como por exemplo avivência <strong>da</strong> pobreza como fruto <strong>de</strong> condiçõesmacroeconômicas - e não como resultado <strong>da</strong> falta <strong>de</strong>empenho - ou a concepção do alcoolismo como umadoença - e não como vício merecedor <strong>de</strong> uma reprovaçãomoral. É neste sentido que a compaixão concorre para aconstrução <strong>de</strong> “fronteiras morais”, ao <strong>de</strong>cidir quem éresponsável pelo que lhe acontece (e portanto alvo <strong>de</strong>uma avaliação mais impiedosa) e quem sofre asconsequências <strong>de</strong> fatores que escapam ao seu controle (eportanto merecedor <strong>de</strong> compaixão).Clark prossegue em sua investigação elaborando anoção <strong>de</strong> uma “economia socioemocional”. Para ela, aeconomia socioemocional é um “sistema <strong>de</strong> trocas” queregula o fluxo <strong>de</strong> diversos sentimentos, entre eles acompaixão, tendo por base a noção do “valor” atribuído aca<strong>da</strong> indivíduo, que proviria <strong>de</strong> duas fontes básicas: ahierarquia social e as ações individuais. Para acompreensão <strong>da</strong> dinâmica <strong>de</strong>ste processo, duas noçõessão necessárias: a “biografia <strong>da</strong> compaixão” e as“margens <strong>de</strong> compaixão”. Para a autora, ca<strong>da</strong> indivíduoconstrói seu lugar nesta economia socioemocional através<strong>de</strong> uma história (reconheci<strong>da</strong> pelos <strong>de</strong>mais) do modocomo age diante <strong>de</strong> outros em necessi<strong>da</strong><strong>de</strong>. O acerto ou oerro em suas <strong>de</strong>cisões quanto a oferecer compaixão - ecomo, e quanto, e a quem, e quando - criam uma“biografia <strong>da</strong> compaixão”, por meio <strong>da</strong> qual lhe sãoatribuí<strong>da</strong>s “margens <strong>de</strong> compaixão” (ou seja, o “crédito”<strong>de</strong> que dispõe para pleitear a compaixão alheia).169

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