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abril de 2004 - CCHLA - Universidade Federal da Paraíba

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Generated by Foxit PDF Creator © Foxit Softwarehttp://www.foxitsoftware.com For evaluation only.sentimento cuja emergência se <strong>da</strong>ria somente emcontextos e ocasiões e entre parceiros socialmente<strong>de</strong>finidos, servindo, por outro lado, para consoli<strong>da</strong>r oure<strong>de</strong>finir as relações hierárquicas/igualitárias existentesentre eles.Uma segun<strong>da</strong> idéia também fun<strong>da</strong>mental é a noção<strong>de</strong> que há sentimentos que atuam como uma espécie <strong>de</strong>“cola social”, exercendo a função <strong>de</strong> estabelecer vínculosentre os indivíduos. A compaixão estaria entre estessentimentos, ao lado <strong>da</strong> gratidão, do amor e outros.Há ain<strong>da</strong> uma terceira noção que perpassa asreflexões <strong>de</strong>senvolvi<strong>da</strong>s no livro. É a idéia <strong>de</strong> quesentir/<strong>de</strong>monstrar compaixão é um ato que constróimorali<strong>da</strong><strong>de</strong>, idéia esta basea<strong>da</strong> na percepção <strong>de</strong> que ooferecimento (ou a negação) <strong>de</strong> compaixão é ditado pelaatribuição <strong>de</strong> um <strong>de</strong>terminado “valor moral” ao indivíduocuja situação é objeto <strong>de</strong> reflexão. Decidir se uma<strong>de</strong>termina<strong>da</strong> pessoa merece ou não compaixão por estarvivenciando uma condição específica é algo regido por umintricado conjunto <strong>de</strong> normas e valores, cuja lógica é oobjeto <strong>da</strong> investigação <strong>de</strong> Clark.O percurso realizado pela autora entrelaça cincoquestões fun<strong>da</strong>mentais: a - as etapas <strong>de</strong> que se compõe oprocesso <strong>de</strong> compa<strong>de</strong>cer-se; b - o fato <strong>de</strong> que esteprocesso é orientado por um conjunto <strong>de</strong> valoresorganizado em um continuum que tem em seus pólos asnoções <strong>de</strong> acaso e <strong>de</strong> responsabili<strong>da</strong><strong>de</strong>/culpa individual; c- a construção <strong>de</strong> uma “economia socioemocional”; d - aexistência <strong>de</strong> um processo que perpassa as interaçõescotidianas e que faz-se sentir com especial niti<strong>de</strong>z na<strong>de</strong>cisão <strong>de</strong> compa<strong>de</strong>cer-se ou não <strong>de</strong> alguém, qual seja, oprocesso <strong>de</strong> julgar; e e - o fato <strong>de</strong> que compa<strong>de</strong>cer-se éuma atitu<strong>de</strong> eiva<strong>da</strong> <strong>de</strong> implicações micropolíticas.Clark divi<strong>de</strong> o processo <strong>de</strong> compa<strong>de</strong>cer-se em trêsetapas. A primeira é a ocorrência <strong>de</strong> “empatia”, <strong>de</strong>fini<strong>da</strong>pela autora como a capaci<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> “assumir o lugar dooutro” (p. 27). Esta capaci<strong>da</strong><strong>de</strong>, contudo, não seriamonolítica, po<strong>de</strong>ndo ser subdividi<strong>da</strong> em tipos <strong>de</strong> acordocom alguns critérios. A primeira subdivisão distingue entrea compaixão “solo” e a compaixão “conjunta”. A empatia“solo” é aquela que o indivíduo vivencia sem per<strong>de</strong>r apercepção <strong>de</strong> si como um sujeito distinto <strong>da</strong>quele <strong>de</strong>quem se compa<strong>de</strong>ce; na empatia “conjunta”, ocorre uma167

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