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abril de 2004 - CCHLA - Universidade Federal da Paraíba

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Generated by Foxit PDF Creator © Foxit Softwarehttp://www.foxitsoftware.com For evaluation only.hesitado por muito tempo, e hesito novamente – emconsi<strong>de</strong>rar o Estado como a fonte exclusiva <strong>da</strong> coesão nassocie<strong>da</strong><strong>de</strong>s. Então, no momento, - embora não atribuamais ao Estado o caráter exclusivamente jurídico eacredito que a noção <strong>de</strong> soberania seja aplica<strong>da</strong> a to<strong>da</strong>vi<strong>da</strong> social -, creio que o Estado, também, não seja odispositivo legal único <strong>da</strong> coesão social em nossassocie<strong>da</strong><strong>de</strong>s. Pelo contrário, no que concerne à etnologia, anoção <strong>de</strong> soberania não esvazia as formas <strong>da</strong> coesãosocial, nem mesmo as <strong>de</strong> autori<strong>da</strong><strong>de</strong>, na medi<strong>da</strong> em seencontra dividi<strong>da</strong> entre segmentos múltiplos e sujeita amúltiplas sobreposições. Sobreposições que são, por suavez, uma <strong>da</strong>s formas <strong>da</strong> coesão.É aqui, acredito, que os fatos po<strong>de</strong>m serapresentados. Nós todos somos parte <strong>de</strong> uma idéia umpouco romântica <strong>da</strong> existência <strong>de</strong> um tronco original <strong>de</strong>socie<strong>da</strong><strong>de</strong>s: o completo amorfismo <strong>da</strong> hor<strong>da</strong>, inicialmente,<strong>de</strong>pois do clã, até as formas <strong>de</strong> comunitarismo queresultam a seguir. Quem sabe passemos várias déca<strong>da</strong>spara nos <strong>de</strong>sfazer, eu não digo <strong>de</strong> to<strong>da</strong> a idéia, mas <strong>de</strong>uma parte consi<strong>de</strong>rável <strong>de</strong>stas idéias. É necessário,contudo, procurar estu<strong>da</strong>r sobre o como, o que e o porque<strong>da</strong> organização dos segmentos sociais, como se <strong>de</strong>u aorganização interna <strong>de</strong>stes segmentos, além <strong>da</strong>organização geral dos segmentos entre si, que constitui avi<strong>da</strong> geral <strong>da</strong> socie<strong>da</strong><strong>de</strong>.Nas socie<strong>da</strong><strong>de</strong>s polisegmentárias <strong>de</strong> doissegmentos, a mais simples que se possa supor, é difícil <strong>de</strong>apreen<strong>de</strong>r como a autori<strong>da</strong><strong>de</strong>, a disciplina, a coesão seestabelece, <strong>de</strong>s<strong>de</strong> que existam dois clãs e que a vi<strong>da</strong>orgânica do clã A não seja o do clã B. Na Austrália(Victoria, Nova Gales do Sul), por exemplo, a fratria doCorvo não é a fratria do Falcão. Po<strong>de</strong>mos conceber,contudo, uma divisão do trabalho social mesmo nasformas mais elementares - nas divisões mais simples quepossamos imaginar. O amorfismo, assim, é umacaracterística do funcionamento interior do clã, e não <strong>da</strong>tribo. A soberania <strong>da</strong> tribo, as formas inferiores do Estadoconduzem, para além <strong>de</strong>stas divisões, as oposições entreos sexos, as i<strong>da</strong><strong>de</strong>s, as gerações e as que se realizamentre os grupos locais. Crê-se, às vezes, que contestarestas oposições <strong>de</strong> sexos, i<strong>da</strong><strong>de</strong>s e gerações, contradiz avisão gregária e meramente coletiva que Durkheim teriatido do clã. De fato, estas observações se encontravam147

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