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ESTÁCIO DE SÁ CIÊNCIAS DA SAÚDE - SAPS

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ISSN: 1984-2864<strong>ESTÁCIO</strong> <strong>DE</strong> <strong>SÁ</strong><strong>CIÊNCIAS</strong> <strong>DA</strong> SAÚ<strong>DE</strong>REVISTA <strong>DA</strong> FACUL<strong>DA</strong><strong>DE</strong> <strong>ESTÁCIO</strong> <strong>DE</strong> <strong>SÁ</strong> <strong>DE</strong> GOIÂNIASESES – GOVOL. 02, Nº 05, JANEIRO 2011/JUNHO 2011


FICHA CATALOGRÁFICA <strong>DA</strong> REVISTA<strong>DA</strong>DOS INTERNACIONAIS <strong>DE</strong> CATALOGAÇÃO NA PUBLICAÇÃO (CPI)FACUL<strong>DA</strong><strong>DE</strong> <strong>DE</strong> GOIÁSCATALOGAÇÃO NA FONTE / BIBLIOTECA FAGOJACQUELINE R.YOSHI<strong>DA</strong> – BIBLIOTECÁRIA – CRB 1901LOPES, Edmar Aparecido de Barra e (org.).Revista de Ciências da Saúde da Faculdade Estácio de Sá de Goiás-FESGO. Goiânia, GO, v. 02, nº05, Jan. 2011/Jun. 2011.ISSN 1984-2864Nota: Revista da Faculdade Estácio de Sá de Goiás – FESGO.I. Ciências da Saúde. II- Título: Revista de Ciências da Saúde. III.Publicações Científicas.CDD 300


<strong>ESTÁCIO</strong> <strong>DE</strong> <strong>SÁ</strong><strong>CIÊNCIAS</strong> <strong>DA</strong> SAÚ<strong>DE</strong>FACUL<strong>DA</strong><strong>DE</strong> <strong>ESTÁCIO</strong> <strong>DE</strong> <strong>SÁ</strong> <strong>DE</strong> GOIÁS – FESGOVOLUME 2, n. 05, Jan. 2011/Jun. 2011.PERIODICI<strong>DA</strong><strong>DE</strong>: SEMESTRALISSN: 1984-2864Cursos de da Faculdade Estácio de Sá deGoiás:AdministraçãoEnfermagemFarmáciaEducação FísicaFisioterapiaRecursos HumanosRedes de ComputadoresEditor Científico:Edmar Aparecido de Barra e LopesConselho Editorial Executivo:Adriano Luis FonsecaAna Claudia Camargo CamposClaudio Maranhão PereiraEdson Sidião de Souza JúniorPatrícia de Sá BarrosGuilherme Nobre Lima do NascimentoConselho Editorial Consultivo:Adriano Luís FonsecaAndréia Magalhães de OliveiraDenise Gonçalves PereiraElder Sales da SilvaJaqueline Gleice Aparecida de FreitasKarolina Kellen MatiasMarc Alexandre Duarte GigonzacMarco Túlio Antonio Garcia-ZapataMarise Ramos de SouzaMarizane Almeida de OliveiraSandro Marlos MoreiraEquipe Técnica:Editoração Eletrônica , Coordenação Gráfica,Capa e Revisão de Texto em Inglês:Edclio Consultoria: Editorial Pesquisa eComunicação LtdaProjeto Editorial, Projeto Gráfico, Preparação,Revisão Geral:Edmar Aparecido de Barra e LopesRevisão Técnica:Josiane dos Santos LimaEndereço para correspondência/Address forcorrespondence:Rua, 67-A, número 216Setor Norte FerroviárioGoiânia-GO, CEP: 74.063-331 - Coordenaçãodo Núcleo de PesquisaInformações:Tel.: (62) 3212-0088Email:pesquisa@go.estacio.bredmar.lopes@go.estacio.br


FACUL<strong>DA</strong><strong>DE</strong> <strong>ESTÁCIO</strong> <strong>DE</strong> <strong>SÁ</strong> <strong>DE</strong> GOIÁS-FESGODiretora GeralSirle Maria dos Santos VieiraGerente AcadêmicoAdriano FonsecaQualidade & RegulatórioSue Christine SiqueiraCOOR<strong>DE</strong>NADORES/AS <strong>DE</strong> CURSOS ENÚCLEOSCoordenação de EnfermagemEdicássia Rodrigues de Morais CardosoRejane Danielle Borges Naves SpirandelliCoordenação de Administração e RecursosHumanosAna Cláudia Pereira de Siqueira GuedesCoordenação de FarmáciaEdson Sidião de Souza JúniorCoordenação de FisioterapiaKliver Antônio MarinCoordenação de Educação FísicaMaria Aparecida Teles RochaPsicologiaElisa Mara Silveira Fernandes LeãoCoordenação de Redes de ComputadoresMarcelo Almeida GonzagaCoordenação de Coordenadora do EADMara Silvia dos SantosCoordenador de Pós-GraduaçãoMarcelo Marcos Medeiros LuzCoordenador de Pesquisa e ExtensãoEdmar Aparecido de Barra e LopesFESGO Estáciowww.go.estacio.br/ Fones: (62) 3601-4900 –Brt (62) 8599-6894 – VoIP: *370 4902


SUMÁRIOARTIGOS08-14 ATUAÇÕES <strong>DE</strong> PROTEÇÃO AMBIENTAL E <strong>DE</strong> ESTRATÉGIAS SUSTENTÁVEISSANDRA OLIVEIRA SANTOS15-27 <strong>DA</strong>DOS QUÍMICOS, FARMACOLÓGICOS E TOXICOLÓGICOS DO CHAPÉU-<strong>DE</strong>-COURO (ECHINODORUS MACROPHYLLUS (KUNTH) MICHELI): UMA REVISÃO<strong>DA</strong> LITERATURAMICHELLE <strong>DE</strong> MENEZES ROCHA & REGINA BRAGA <strong>DE</strong> MOURA28-44 A APLICABILI<strong>DA</strong><strong>DE</strong> <strong>DA</strong> EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA NAS AULAS PRÁTICAS<strong>DE</strong> ESPORTES COLETIVOS NA GRADUAÇÃO EM EDUCAÇÃO FÍSICAJACKSON LOPES OLIVEIRA & MARILUCI BRAGA45-57 A IMPORTÂNCIA DO DIAGNÓSTICO PRECOCE <strong>DA</strong>S DISFUNÇÕESNEUROMOTORAS, NA RECUPERAÇÃO MOTORA EM BEBÊS PREMATUROSMARIA DO CÉU PEREIRA GONÇALVES; VERNON FURTADO <strong>DA</strong> SILVA; ANDREA REBECAOLIVEIRA <strong>DE</strong> PAULA .58-68 INFLUÊNCIAS DO MEIO SOCIOECONOMICO E FAMILIAR COMO FATOR<strong>DE</strong> RISCO DO ATRASO NO <strong>DE</strong>SENVOLVIMENTO PSICOMOTOR: ESTUDOPILOTOMARIA DO CÉU PEREIRA GONÇALVES, PAMELA PAIVA GOUVEIA SIMÕES, ELISANGELATEIXEIRA VIEIRA69-79 ABOR<strong>DA</strong>GEM FISIOTERAPÊUTICA EM UM PACIENTE COM NEOPLASIAMALIGNA <strong>DE</strong> ENCÉFALO: RELATO <strong>DE</strong> CASOMARIA DO CÉU PEREIRA GONÇALVES, NATÁLIA SARMENTO ABRAHÃO80-94 PROPOSTA PE<strong>DA</strong>GÓGICA <strong>DE</strong> ACORDO COM O PERFIL DOS ACADÊMICOS<strong>DE</strong> ENFERMAGEM <strong>DE</strong> UMA UNIVERSI<strong>DA</strong><strong>DE</strong> PARTICULAR <strong>DE</strong> GOIÂNIA –GOSUE CHRISTINE SIQUEIRA, SILVANA L. V. SANTOS, ÂNGELA CRISTINA BUENO VIEIRAPESQUISAS96-113 ESTUDO SOBRE ACESSIBILI<strong>DA</strong><strong>DE</strong> <strong>DA</strong>S ESTRUTURAS ESPORTIVAS:REFERÊNCIAS PARAS AS POLÍTICAS <strong>DE</strong> EDUCAÇÃO FÍSICA, ESPORTES ELAZER.MARCELO CORREA


114-125 REVISÃO SISTEMÁTICA DOS EFEITOS <strong>DA</strong> UTILIZAÇÃO <strong>DA</strong> PRÓTESEREVERSA <strong>DE</strong> GRAMMONT EM ARTROPLASTIAS <strong>DE</strong> OMBROARTHUR ANTUNES OLIVEIRA <strong>DA</strong> SILVEIRA126-137 A INFLUÊNCIA DO EDUCADOR FÍSICO NA A<strong>DE</strong>RÊNCIA DOS ALUNOS APRÁTICA <strong>DE</strong> EXERCÍCIOS EM ACA<strong>DE</strong>MIAFILIPE FIGUEIREDO <strong>DE</strong> REZEN<strong>DE</strong>; MARCELLE VALENTIM VIEIRA; BEATRIZ BICALHO;MARILUCI BRAGA138-146 ASSISTÊNCIA <strong>DE</strong> ENFERMAGEM AO CLIENTE VÍTIMA <strong>DE</strong> TRAUMARAQUIMEDULAR: UM ESTUDO BIBLIOGRÁFICOEMÍLIA RODRIGUES FERREIRA, ROGÉRIO PEREIRA BERNAR<strong>DE</strong>S, FRANCINO MACHADO<strong>DE</strong> AZEVEDO FILHO, GLEYDSON MELO147-162 REABILITAÇÃO VESTIBULAR ATRAVÉS DOS EXERCÍCIOS <strong>DE</strong>CAWTHORNE E COOKSEY PARA PREVENÇÃO <strong>DE</strong> QUE<strong>DA</strong>S EM IDOSOS:UMA REVISÃO BIBLIOGRÁFICACLEIDIANE FERREIRA <strong>DA</strong> SILVA, ADRIANO LUIS FONSECA163-176 MOCHILAS ESCOLARES E A COLUNA VERTEBRAL <strong>DE</strong> CRIANÇAS EADOLESCENTES: UMA REVISÃO <strong>DE</strong> LITERATURAANDRÉIA NOVAIS PEREIRA CARNEIRO, MICHELE <strong>DE</strong> LIMA RIBEIRO SANTOS, VIVIANE<strong>DE</strong>LFIM FIGUEROA, BRENO GONTIJO NASCIMENTO


_________________________ARTIGOS


8 SANTOS, Sandra Oliveira. Atuações de proteção ambiental e de estratégias sustentáveis. Estácio de Sá– Ciências da Saúde. Revista da Faculdade Estácio de Sá. Goiânia SESES-Go. Vol. 02, nº 05, 08-14, Jan.2011/Jun. 2011.________________________________________________________________________________ATUAÇÕES <strong>DE</strong> PROTEÇÃO AMBIENTAL E <strong>DE</strong> ESTRATÉGIASSUSTENTÁVEISSandra Oliveira Santos ∗Resumo:As condições ambientais vêm alterando omodo de vida das pessoas e até mesmo aexpectativa de vida. Portanto, existe uma formaredundante em tratar-se deste assunto muitasvezes sem ter a certeza do que seriam taiscondições ambientais, o que de fato o ambientepode interferir e ainda até que ponto o modo devida dos seres humanos contribui paramodificar este ambiente. As prioridadeshumanas podem ser direcionadas ao bem estarcoletivo com uso sustentável do meioambiente. Repensar o máximo que se precisapara viver bem depois de ter alcançado omínimo para a qualidade de vida, economizariasim, os recursos ambientais.Palavras-Chave:Meio Ambiente. Proteção Ambiental.Sustentabilidade. Equilíbrio Ecológico.Abtract:Environmental conditions are changing theway of life and even life expectancy. Sothere is a redundant way in treating thissubject is often not sure what would suchenvironmental conditions, the fact that theenvironment can interfere with and even towhat extent the lifestyle of humanscontributes to modify this environment.Human priorities can be directed to thecollective well-being with sustainable useof the environment. Rethinking the mostyou need to live well after having reachedthe minimum for the quality of life, butwould save environmental resources.Key-words:Environment. Environmental Protection.Sustainability. Ecological Balance.INTRODUÇÃOHá muito se fala que as condições ambientais vêm alterando o modo de vida das pessoase até mesmo a expectativa de vida. Portanto, existe uma forma redundante em tratar-se desteassunto muitas vezes sem ter a certeza do que seriam tais condições ambientais, o que de fato o∗ Mestre em Biologia, concentração ecologia (Universidade Federal de Goiás – UFG). Especialista em Saúde Pública(Universidade Católica de Goiás – UCG). Especialista em Biologia (Centro de Ensino e Pesquisa Aplicada à Educação– CEPAE/UFG). Graduada em Medicina Veterinária.


10 SANTOS, Sandra Oliveira. Atuações de proteção ambiental e de estratégias sustentáveis. Estácio de Sá– Ciências da Saúde. Revista da Faculdade Estácio de Sá. Goiânia SESES-Go. Vol. 02, nº 05, 08-14, Jan.2011/Jun. 2011.________________________________________________________________________________Autores consagrados em Gestão Ambiental (PHILIPPI JR & PELICIONI, 2005) relatamque ecologistas se preocuparam demasiadamente em estudar o equilíbrio do ecossistema, do meioambiente natural e do estudo das relações entre os seres vivos, sem estabelecer relação entre esses eo sistema socioeconômico. Isso reflete no descrédito das pessoas quando se trata de assuntos depreservação e conservação ambiental. É como se não houvesse, por exemplo, uma ligação entre adiminuição do curso de um rio e a presença de áreas habitacionais nas proximidades de suanascente. Afinal, foram necessários cem anos ou mais para que se percebesse o sinergismo queneste caso a médio e longo prazo, geralmente é negativo.O meio ambiente modificado de forma rápida e drástica poderá propiciar um confortoprovisório à sobrevivência humana que justamente pela curta expectativa de vida, hoje creditada emtorno de 80 anos, não permite a visibilidade necessária às mudanças negativas. A construção decondomínios habitacionais em extensas áreas não prevê inicialmente a necessidade de escoamentode fluxo de pessoas, da maior necessidade de galerias pluviais e de esgoto, ou mesmo o acréscimoda adutora de fornecimento de água tratada e a distribuição de energia. O mais difícil é prever queestes condomínios atrairão para esta região comércio, movimentação financeira e especulações.Assim, mais pessoas se interessarão em residir nestas áreas que sofrerão expansões vertiginosas ainteresses econômicos, novamente, sem direcionamento aos objetivos de um desenvolvimentosustentável.Por falar neste, o termo desenvolvimento sustentável tem sido inúmeras vezes repetidodesde em convenções internacionais e até mesmo em reuniões de pequenas magnitudes. Em 1972,ocorreu a primeira Conferência das Nações Unidas sobre o Ambiente Humano, e por lá criou-se otermo "eco-desenvolvimento”. Mas somente em 1980, a Comissão Brundtland - grupo designadopelo PNUMA - Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente o utiliza no Relatório "NossoFuturo Comum" (BARBOSA, 2008).De acordo com PNUMA, este termo significa “é aquele que atende as necessidades dopresente sem comprometer as possibilidades de as gerações futuras atenderem suas própriasnecessidades”. A autora Barbosa (2008) reforça que o desenvolvimento sustentável deve ser umaconseqüência do desenvolvimento social, econômico e da preservação ambiental.Ao considerar qualquer das definições apresentadas e fazer um paralelo com ascondições de vida hoje impostas pelo modelo econômico capitalista, verifica-se tamanha utopia daspropostas ambientais frente ao crescimento desordenado mesmo das áreas humanizadas planejadas.Voltando a referir-se aos Objetivos do Milênio, há uma referência neste documentosobre a questão da pobreza e indigência, sendo esta uma grande referência para ressaltar osproblemas ambientais, ora como causa, ora como consequência. Assim, pessoas que não possuem


11 SANTOS, Sandra Oliveira. Atuações de proteção ambiental e de estratégias sustentáveis. Estácio de Sá– Ciências da Saúde. Revista da Faculdade Estácio de Sá. Goiânia SESES-Go. Vol. 02, nº 05, 08-14, Jan.2011/Jun. 2011.________________________________________________________________________________habitação digna com rede de água e esgoto, fornecimento de energia, acesso aos meios de transporteentre outros, estariam em um ciclo vicioso de geração de doenças infectocontagiosas, de uso dospoucos recursos ambientais disponíveis e produção de vários fatores contaminantes que serãodevolvidos ao meio ambiente.Pereira (2008) ressalta que as taxas elevadas de mortalidade por causas evitáveispermitem concluir pela existência de baixos níveis sanitários e sociais da população. Não é difícilperceber nestes locais a crescente violência que extrapola limites geográficos e de controle social.Outro ponto discutido nestes objetivos, são as doenças infecciosas emergentes ereemergentes, dando ênfase à malária. Para Luna (2002) há uma nítida necessidade de verificaçãodos perfis de morbidade e mortalidade em nível mundial, com dados mais concretos eacompanhamento das incidências e prevalências com metodologias uniformizadas. Esse autor revêvários entraves para uma política acertada de controle destas doenças, entre estes estão o excesso deburocracia, a lentidão na tomada de decisões, a carência de recursos humanos qualificados e aprecariedade das estruturas descentralizadas.A transmissão da malária, assim como outras doenças infecciosas, depende em cadalocalidade, da interação dos diferentes fatores de risco epidemiológico de origem diversas(biológicos, ecológicos, sociais, culturais, econômicos e políticos), cujo controle depende de açõesintervencionistas pluralistas. O próprio documento, que cria os objetivos a serem alcançados pelaCúpula, reforça a necessária participação de instituições fornecedoras de energia, de conhecimentoagrícola e de reforma agrária, os agentes financeiros, as construtoras de edificações de moradias ede infra-estrutura.É possível que mesmo em países em desenvolvimento como o Brasil, onde a infraestruturaainda não conseguiu albergar todos os estratos da população, haja melhor aproveitamentodos recursos naturais caso haja intenção clara da população no quesito de sustentabilidade.Alcançar a dimensão de preservação pelo desenvolvimento da Educação Ambiental é um dosobjetivos trabalhados pelo PNUMA. Assim garantir que, até 2015, todas as crianças, de ambos ossexos, terminem um ciclo completo de ensino, seria o início desta premissa.O Brasil já estipulou sua participação nesta proposta desde a criação da nova LDB, a Leide Diretrizes e Bases para a educação brasileira (Lei nº 9.394, de 20/12/1996), que determinainicialmente, o ensino fundamental, com duração mínima de oito anos, obrigatório e gratuito naescola pública e tem por objetivo a formação básica do cidadão. A Educação Ambiental nesta lei étratada como tema a ser promovido em todos os níveis de ensino e está situada no inciso 1 do artigo36. Atualmente está em vigor a Política Nacional de Educação Ambiental (PONEA) regulamentadapelo Decreto Federal 4281 de 25 de junho de 2002. Esta política é baseada nos princípios:


12 SANTOS, Sandra Oliveira. Atuações de proteção ambiental e de estratégias sustentáveis. Estácio de Sá– Ciências da Saúde. Revista da Faculdade Estácio de Sá. Goiânia SESES-Go. Vol. 02, nº 05, 08-14, Jan.2011/Jun. 2011.________________________________________________________________________________pluralismo de idéias, culturais e de concepções pedagógicas; vinculação com a ética, educação,trabalho e práticas sociais; interdependência entre o meio natural, sócio-econômico, cultural, sob oenfoque da sustentabilidade e por último, avaliação crítica do processo instrucional.De acordo com Velasco (2002), duras críticas são atribuídas à criação deste instrumento,dentre elas a falta de autonomia financeira e mesmo conceituação ultrapassada para os proclamasatuais. Para Mattos (2006) ainda há procedimentos difíceis de serem ultrapassados naimplementação de uma acirrada política de Educação Ambiental, as ações interdisciplinares, tantono quesito pedagógico de formação do conhecimento quanto na construção de espaços sustentáveis.A educação é então vista como uma excelente ferramenta à preservação das condiçõesambientais que aliada a políticas públicas demonstra melhoria nas condições de vida da populaçãobrasileira. Um exemplo seria a diminuição do sarampo, da desnutrição, doenças intestinais erespiratórias em crianças com idade menor de 5 anos. De acordo com dados censitários do InstitutoBrasileiro de Geografia e Estatística – IBGE (2010), houve redução de 50% na mortalidade infantil(crianças com menos de 1 ano de idade) entre 1990 e 2008, de 47 por mil nascidos vivos para 23,3por mil.A promoção da saúde aplicada pelo Programa de Saúde da Família é uma estratégia queprocura minimizar os efeitos de uma economia instável e com grande variação na distribuição darenda. Observa-se que estratégias de acompanhamento das famílias com vacinações periódicas,campanhas de controle de doenças infecciosas com melhoria dos hábitos de higiene, introdução deprogramas para controle de doenças metabólicas estão sendo bem sucedidas pela diminuição doscasos. De acordo com boletim Saúde Brasil 2009, entre 1996 e 2007, houve uma diminuição de17% na taxa de mortalidade por Doenças Crônicas não transmissíveis, o que equivale a umaredução média de 1,4% ao ano. No mesmo documento, observa-se que houve redução na taxa demortalidade na infância: de 53,7 óbitos por mil nascidos vivos em 1990, para 22,8 em 2008.A diminuição da mortalidade materna que também é um dos objetivos da Cúpula doMilênio PNUMA apresenta saldos positivos de melhoria de acordo com a análise da situação desaúde do Brasil (BRASIL, MINISTÉRIO <strong>DA</strong> SAÚ<strong>DE</strong>, 2009). Houve redução da mortalidadematerna de 140 óbitos por 100 mil nascidos vivos, em 1990, para 75, em 2007. No Brasil, asprincipais causas de morte materna são hipertensão arterial, hemorragia, infecção pós-parto ecomplicações relacionadas ao aborto (causas diretas) (BRASIL, IPEA, 2004).Entre essas metas anteriormente relacionadas, tem-se ainda o objetivo de garantir asustentabilidade ambiental. Tal garantia quando alcançada por si só permitirá que todos os outrossete objetivos sejam atingidos. Quando se fala que a grande maioria do esgoto que é lançado nosrios não recebe devido tratamento e ainda pessoas que sequer conseguem água tratada, a realidade


13 SANTOS, Sandra Oliveira. Atuações de proteção ambiental e de estratégias sustentáveis. Estácio de Sá– Ciências da Saúde. Revista da Faculdade Estácio de Sá. Goiânia SESES-Go. Vol. 02, nº 05, 08-14, Jan.2011/Jun. 2011.________________________________________________________________________________preocupa pela grande relação entre estes indicadores ambientais e a qualidade de vida. Crescemassim, os rumores do não cumprimento do acordo.A meta do sétimo Objetivo de Desenvolvimento do Milênio é integrar os princípios dodesenvolvimento sustentável às políticas e programas nacionais e revertera a perda de recursosambientais (BRASIL, IPEA, 2004). A preocupação em proteger ambientes considerados hotspotscomo a Mata Atlântica e o Cerrado, poderá a curto espaço de tempo chegar ao grande bioma daFloresta Amazônica (PRIMACK & RODRIGUES, 2001). Este termo citado refere-se às áreas queestão sobre forte pressão ambiental permitida pelas atividades econômicas de agricultura, pecuária,extrativismo e até de urbanização (BRASIL, MMA, 2011).É possível criar situações de crescimento econômico aliada à conservação. No relatórioDesenvolvimento econômico sustenta a preservação da Floresta Amazônica, publicado peloMINISTÉRIO DO EXTERIOR (BRASIL, 2006), observa-se modelos de excelência em utilizaçãodos recursos naturais. Em outras localidades novos exemplos podem surgir e daí emergir umainteração positiva entre ser o humano e viver com o ambiente.CONCLUSÃOEleger teorias de preservação ambiental em meio ao crescimento populacional humanosó trás especulações poéticas que não resolvem às necessidades básicas daqueles que já ganharam odireito à vida. Ao trocar o termo preservação por conservação ganha-se a dimensão de utilizar oambiente de forma racional e comedida (PRIMACK & RODRIGUES, 2001).As prioridades humanas podem ser direcionadas ao bem estar coletivo com usosustentável do meio ambiente. Repensar o máximo que se precisa para viver bem depois de teralcançado o mínimo para a qualidade de vida, economizaria sim, os recursos ambientais.Os objetivos e estratégias discutidos em reuniões intergovernamentais ganham dimensãoacentuada quando se coloca especialmente o desenvolvimento econômico em primeiro lugar. Estavisão muitas vezes ofusca as condições de conservação ambiental, especialmente se houverrestrições quanto à possibilidade de embargo em alguma vultosa obra.Atualmente a população não está em condições de ignorar as ações que irão proteger osrecursos naturais, mesmo por que estes estão se tornando escassos e disputados. Para que possa darcontinuidade de crescimento sustentável à espécie humana, é preciso agir com parcimônia eracionalidade.


14 SANTOS, Sandra Oliveira. Atuações de proteção ambiental e de estratégias sustentáveis. Estácio de Sá– Ciências da Saúde. Revista da Faculdade Estácio de Sá. Goiânia SESES-Go. Vol. 02, nº 05, 08-14, Jan.2011/Jun. 2011.________________________________________________________________________________REFERÊNCIASBARBOSA, G S. O desafio do Desenvolvimento sustentável. Revista Visões 4ª Edição, Nº4,Volume 1 - Jan/Jun 2008.BRASIL. IBGE. Indicadores de Desenvolvimento Sustentável - Brasil 2010. Disponível emhttp://www.ibge.gov.br. Acesso: 24 de janeiro 2011.BRASIL. Instituto de Pesquisa Aplicada. Objetivos de Desenvolvimento do Milênio – Relatórionacional de acompanhamento. – Brasília : Ipea, 2004.BRASIL. MEC. Lei de Diretrizes e Bases da Educação. Disponível em: .Acesso em: 28 de dezembro de 2010.BRASIL. MMA. Conservação Internacional. Hotspots Revisitados. Brasília: CEMEX. Ed.Agrupación Sierra Madre. Disponível em www.biodiversityhotspots.org. Acesso em 08 de fevereiro2011.BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Vigilância em Saúde. Saúde Brasil 2009: uma análiseda situação de saúde e da agenda nacional e internacional de prioridades em saúde. Brasília:Ministério da Saúde, 2010. 368p.BRASIL. Ministério das Relações Exteriores. Desenvolvimento econômico sustenta a preservaçãoda Floresta Amazônica. Brasília: Ministério do Exterior, março 2006.LUNA, Expedito J. A. A emergência das doenças emergentes. Rev. Bras. Epidemiol. Vol. 5, Nº 3,2002.MATTOS, S. A educação ambiental na escola: teoria x prática sob o ponto de vistainterdisciplinar. II Fórum de Educação Ambiental da Alta Paulista. ISSN 1980-0827. Disponívelem www.amigosdanatureza.org.br. Acesso: 24 de janeiro 2011.PEREIRA, M. C. Epidemiologia teoria e prática. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2008.PRIMACK, R; RODRIGUES, E. A Biologia da Conservação. Ed Planta. 2001. 328p.VELASCO, S. L. Algumas Reflexões sobre a PNEA [Política Nacional de educação Ambiental, Leino. 9795 de 27/04/1999]. Revista Eletrônica do Mestrado em Educação Ambiental. FundaçãoUniversidade do Rio Grande, v. 8, 2002, 12-20.


15 ROCHA, Michelle de Menezes; MOURA, Regina Braga de. Dados químicos, farmacológicos etoxicológicos do chapéu-de-couro (Echinodorus macrophyllus (Kunth) Micheli): uma revisão daliteratura. Estácio de Sá – Ciências da Saúde. Revista da Faculdade Estácio de Sá. Goiânia SESES-Go.Vol. 02, nº 05, 15-27, Jan. 2011/Jun. 2011.________________________________________________________________________________<strong>DA</strong>DOS QUÍMICOS, FARMACOLÓGICOS e TOXICOLÓGICOS DOCHAPÉU-<strong>DE</strong>-COURO (Echinodorus macrophyllus (Kunth) Micheli): UMAREVISÃO <strong>DA</strong> LITERATURAMichelle de Menezes Rocha 1 & Regina Braga de Moura 2Resumo:Este trabalho teve como objetivo apresentardados científicos sobre característicasquímicas, farmacológicas e toxicológica deEchinodorus macrophyllus, conhecidapopularmente como chapéu de couro. Nestarevisão utilizou-se artigos e livros. E.macrophyllus possui derivados diterpenóides:equinolidos A e B, equinofilinas A-F,chapecoderinas A-C e uma lactonaditerpênica. Evidenciou-se a ausência deefeitos mutagênicos e citotóxicos em célulassanguineas e hepáticas. Há potencialgenotóxico em células renais. E. macrophylluscarece de estudos relativos à composiçãoquímica, farmacologia e toxicidade, para quepossa ser indicada seguramente como umaalternativa fitoterápica.Palavras-chave:Echinodorus macrophyllus. Alismataceae.Chapéu-de-couroAbstract:This work aimed to present scientific dataabout chemical, pharmacological andtoxicological characteristics ofEchinodorus macrophyllus, known aschapéu de couro. In this review we usedarticles and books. E. macrophylluspresents diterpenoids derivates:equinolides A and B, equinophyllins A-F,and A-C chapecoderins, and a lactonediterpen. It was indicated the absence ofcytotoxic and mutagenic effects in bloodand liver cells. In kidney cells, there is agenotoxic potential. E. macrophyllus lacksstudies about its phytochemistry,pharmacology and toxicology, so that itcan be safely stated as a phytotherapeuticalternative.Keywords:Echinodorus macrophyllus. Alismataceae.Chapéu-de-couroINTRODUÇÃOFaz tempo que o homem recorre ao uso de plantas para amenizar seus males do corpo ou doespírito, por meio dos chás, banhos, ungüentos, tinturas caseiras e até mesmo nas benzeções(MACIEL; GUARIM NETO, 2006).1 Graduanda em Farmácia, Universidade Estácio de Sá, Campus Akxe, RJ2 Professora, Laboratório de Estudos da flora Medicinal Brasileira, Universidade Estácio de Sá, Campus Rebouças, RJ.


16 ROCHA, Michelle de Menezes; MOURA, Regina Braga de. Dados químicos, farmacológicos etoxicológicos do chapéu-de-couro (Echinodorus macrophyllus (Kunth) Micheli): uma revisão daliteratura. Estácio de Sá – Ciências da Saúde. Revista da Faculdade Estácio de Sá. Goiânia SESES-Go.Vol. 02, nº 05, 15-27, Jan. 2011/Jun. 2011.________________________________________________________________________________Várias etapas foram marcantes na transformação do modo de curar, mas é difícil demarcálascom precisão, pois a medicina durante muito tempo esteve associada a práticas mágicas,místicas e ritualísticas. Considerando as plantas como seres espirituais ou não, o fato é que estasadquiriram grande importância na medicina popular, por suas propriedades terapêuticas ou tóxicas(MARTINS et al., 2003).No Brasil, as culturas indígena, africana e européia influenciaram bastante a utilização deplantas (MARTINS et al., 2003).As plantas nativas brasileiras produzem substâncias químicas que podem atuar de formabenéfica ou podem ser consideradas tóxicas para os outros seres vivos, dependendo da dosagem eforma de preparo. Assim, para um uso seguro destas plantas, é importante uma avaliação sob osaspectos químico, farmacológico e toxicológico (GOMES et al., 2001; RITTER et al., 2002).Muitas vezes não se conhece os princípios ativos de uma planta, no entanto, a planta podeter alguma ação medicinal que justifique seu uso, contanto que não apresente efeitos tóxicos agudosou crônicos confirmados por meio de pesquisa ou pelo conhecimento popular, em determinadoscasos (MARTINS et al., 2003).Como exemplo de planta muito utilizada na medicina popular, pode-se citar uma espéciesconhecida popularmente como “chapéu-de-couro” (BEVILAQUA et al., 2001; LORENZI;MATOS, 2002): Echinodorus macrophyllus (Kunth) Micheli (NUNES et al. 2003). Esta espéciepertence à família Alismataceae (HAYNES; HOLM-NIELSEN, 1994). Suas folhas possuem açãodiurética, anti-reumática, antiofídica, depuradora do sangue (MARTINS et al., 2003) anti-sifilítica,antiartrítica, laxativa, eliminadora de ácido úrico, e adstringente, sendo utilizadas em gargarejoscontra as inflamações da garganta e também em banhos contra as feridas que não cicatrizam(CORRÊA, 1984). Seu uso é indicado no tratamento de doenças renais, das vias urinárias, eproblemas do fígado, além de ser utilizada nas erupções cutâneas (CORRÊA, 1984; MARTINS etal., 2003).OBJETIVOSendo o chapéu-de-couro uma planta muito utilizada na medicina popular (NUNES et al.,2003), o presente trabalho pretende apresentar uma breve revisão bibliográfica sobre dadosfarmacológicos, químicos e sobre o potencial de toxicidade da espécie Echinodorus macrophyllus, afim de se obter ividências que confirmem sua eficácia e segurança.


17 ROCHA, Michelle de Menezes; MOURA, Regina Braga de. Dados químicos, farmacológicos etoxicológicos do chapéu-de-couro (Echinodorus macrophyllus (Kunth) Micheli): uma revisão daliteratura. Estácio de Sá – Ciências da Saúde. Revista da Faculdade Estácio de Sá. Goiânia SESES-Go.Vol. 02, nº 05, 15-27, Jan. 2011/Jun. 2011.________________________________________________________________________________METODOLOGIAO presente trabalho foi realizado através de uma revisão bibliográfica de dados químicos efarmacológicos de Echinodorus macrophyllus (Kunth) Micheli. A busca de dados foi feita emartigos de periódicos nacionais e internacionais indexados, utilizando-se as bases de dadoseletrônicas Science Finder, Chemical Abstracts, Biological Abstracs, Web of Science, ScienceDirect e Scielo; o acervo das bibliotecas da Fundação Osvaldo Cruz e do Jardim Botânico – RJ,bem como livros de Botânica e Farmacologia também foram utilizados. As buscas foram feitasatravés das palavras-chave: Echinodorus, E. macrophyllus, Alismataceae e chapéu-de-couro. Napesquisa não houve delimitação de tempo de publicação das obras. Os nomes científicos e asabreviaturas dos autores dos táxons estão de acordo com o International Plant Name Index 3 e com abase TROPICOS 4 , do Missouri Botanical Garden. Os termos botânicos estão de acordo com Judd etal. (2002) e Pereira; Agarez (1977).FAMÍLIA ALISMATACEAE Vent.Família botânica composta por ervas aquáticas ou de solos encharcados, cujas espéciesapresentam laticíferos contendo látex branco (Judd et al., 2002). Folhas simples, inteiras, alternasespiraladas, com venação paralela ou palmada; geralmente submersas ou paludosas. Inflorescênciadeterminada, do tipo cimeira, com flores bissexuadas ou unissexuadas em plantas monóicas oudióicas e diclamídeas, cálice e corola sempre trímeros, androceu dialistêmone, com anteras rimosas;gineceu com ovário hipógino e dialicarpelar; presença de nectários florais. Fruto aquênio (JUDD etal., 2002; SOUZA; LORENZI, 2005).A família Alismataceae é constituída por 12 gêneros e 80 espécies aproximadamente(SOUZA; LORENZI, 2005), sendo a maioria das espécies pertencentes aos gêneros Echinodorus eSagittaria, presentes nos neotrópicos (HAYNES; HOLM-NIELSEN, 1994).No Brasil, esta família é representada por 18 espécies do gênero Echinodorus e 6 espéciesdo gênero Sagittaria (HAYNES; HOLM-NIELSEN, 1994) que se distribuem nos estados de MinasGerais, São Paulo até o Rio Grande do Sul (CORRÊA, 1984).3 Disponível em: http://www.ipni.org4 Disponível em: http://www.tropicos.org


18 ROCHA, Michelle de Menezes; MOURA, Regina Braga de. Dados químicos, farmacológicos etoxicológicos do chapéu-de-couro (Echinodorus macrophyllus (Kunth) Micheli): uma revisão daliteratura. Estácio de Sá – Ciências da Saúde. Revista da Faculdade Estácio de Sá. Goiânia SESES-Go.Vol. 02, nº 05, 15-27, Jan. 2011/Jun. 2011.________________________________________________________________________________Segundo Corrêa (1984), a planta é ornamental, nativa de terrenos pantanosos e águas poucoprofundas, sendo utilizada em aquários e pequenos lagos artificiais.Em estudo da família como um todo, foi verificado por Boutard et al. (1973) que é comumentre os representantes de Alismataceae a presença de flavonas na forma de C-glicosídeos. Estudosmais específicos têm isolado e identificado outros constituintes químicos dentro da famíliaAlismataceae. Oshima; Iwakawa; Hikino (1983) isolaram alismol e alismoxido, 2 sesquiterpenóidesde rizomas de espécies do gênero Alisma. A estrutura do sagitariol foi elucidada por Sharma et al.(1984). Em Alisma plantago-aquatica Pei-Wu et al. (1988) isolaram um sitosterol glicosídeoacilado. Sobre o sitosterol, Raven; Evert; Eichhorn (2001) afirmam que é o esteróide maisabundantemente encontrado nas plantas e que pode ter função hormonal. Em uma subespécie deSagittaria montevidensis, Radke; Tanaka (2004) identificaram diterpenos abietenos. Zhao; Xu; Che(2008) isolaram do rizoma de Alisma orientale nor-protostano, alisol O e P e o triterpeno 2,3-secoprotostano.Os constituintes químicos relativos a Echinodorus serão tratados no item relativo aogênero e à espécie.Echinodorus RICH. & ENGEL M. EX A. GRAYO gênero Echinodorus é formado por 26 espécies e restrito ao hemisfério ocidental,compreendendo o norte dos Estados Unidos até a Argentina. No Brasil é representado por seteespécies nativas no Estado de São Paulo (PANSARIN; AMARAL, 2005). Este gênero possui 2espécies que são utilizadas na medicina popular: Echinodorus grandiflorus e E. macrophyllus(LOPES et al., 2000).São plantas com flores bissexuadas, glabras, possuem caule do tipo rizoma ou estolho. Asfolhas são emersas ou submersas, presença de aerênquima; limbo linear, lanceolado, elíptico,oblongo ou oval; folhas submersas geralmente sésseis. Inflorescência racemosa ou panícula, raroumbeliforme, verticilos florais 1-18, com flores numerosas. As flores são bissexuadas; apresentamsépalas membranáceas a coriáceas, pétalas brancas, estames numerosos. Aquênio subcilíndrico, emgeral com glândulas entre as costelas (PANSARIN; AMARAL, 2005).No gênero já foram identificados derivados clerodano (COSTA et al., 1999). Duarte et al.(2002) identificaram esteróides, flavonóides, polifenóis e saponinas. Os autores constataram que osextratos aquosos obtidos por infusão e decocção, das folhas de Echinodorus grandiflorusapresentam atividade contra diferentes tipos de bactérias gram-negativas, como: Escherichia coli,


19 ROCHA, Michelle de Menezes; MOURA, Regina Braga de. Dados químicos, farmacológicos etoxicológicos do chapéu-de-couro (Echinodorus macrophyllus (Kunth) Micheli): uma revisão daliteratura. Estácio de Sá – Ciências da Saúde. Revista da Faculdade Estácio de Sá. Goiânia SESES-Go.Vol. 02, nº 05, 15-27, Jan. 2011/Jun. 2011.________________________________________________________________________________Pseudomonas aeruginosa e Salmonella typhimurium. Também foi observada atividade contraStaphylococcus aureus, que é uma bactéria gram– positiva (DUARTE et al., 2002).Schnitzler; Petereit; Nahrstedet (2007) isolaram glicosilflavonas, ácido trans-aconítico eácidos hidroxicinamoiltartáricos.Echinodorus macrophyllus (KUNTH) MICHELISob o aspecto da distribuição geográfica desta espécie, somente a flora do Estado de SãoPaulo menciona sua distribuição para o Brasil, restringindo-se as regiões leste e oeste do Estado,não mencionando outras regiões. Esta espécie está distribuída da América Central até o sul doBrasil (PANSARIN; AMARAL, 2005).Constitui-se por plantas perenes, robustas; sempre com folhas emersas, caracterizadasprincipalmente por suas folhas grandes oval-lanceoladas, pecíolo cilíndrico, limbo geralmente oval.Inflorescência em panícula, com 3-15 flores que apresentam pedicelo cilíndrico, ereto ou recurvadoe numerosos carpelos. Fruto do tipo aquênio, ligeiramente alado com glândulas lineares(PANSARIN; AMARAL, 2005).COMPOSIÇÃO QUÍMICANa busca de artigos relativos à composição química desta espécie, verificou-se aescassez de estudos sobre este aspecto. Segundo Martins et al. (2003), E. macrophyllus é umaplanta pouco estudada do ponto de vista fitoquímico, e constitui-se principalmente por flavonóides,triterpenos e taninos.Shigemori et al. (2002) detectaram a presença de diterpenos equinolidos A e B (fig.2), derivados do tipo cembrano com uma lactona diterpênica com 8 membros, no extrato metanólicodas folhas de E. macrophyllus. Segundo os autores, ao equinolidos A e B podem ser resultado daoxidação da olefina presente no carbono 3 do ácido equinóico (fig. 1), seguida de sua esterificação.


20 ROCHA, Michelle de Menezes; MOURA, Regina Braga de. Dados químicos, farmacológicos etoxicológicos do chapéu-de-couro (Echinodorus macrophyllus (Kunth) Micheli): uma revisão daliteratura. Estácio de Sá – Ciências da Saúde. Revista da Faculdade Estácio de Sá. Goiânia SESES-Go.Vol. 02, nº 05, 15-27, Jan. 2011/Jun. 2011.________________________________________________________________________________4Figura 1 – Equinolido A (1), equinolido B (2) e ácido equinóico (3).Fonte: Shigemori et al. (2002).De acordo com Bruneton (2001), uma grande variedade de lactonas apresenta atividadeantibacteriana, a maioria contra bactérias gram-positivas. Kobayashi et al. (2000a,b) fracionaram oextrato metanólico das folhas de E. macrophyllus com hexano e 90% de metanol aquoso, osresíduos de metanol foram fracionados com acetato de etila e água, enquanto que as porçõessolúveis em acetato de etila foram submetidas a uma coluna de sílica gel, levando a novosderivados diterpenóides com esqueleto clerodano contendo nitrogênio e um único anel lactâmico,como as echinofilinas A-F (fig. 2)


21 ROCHA, Michelle de Menezes; MOURA, Regina Braga de. Dados químicos, farmacológicos etoxicológicos do chapéu-de-couro (Echinodorus macrophyllus (Kunth) Micheli): uma revisão daliteratura. Estácio de Sá – Ciências da Saúde. Revista da Faculdade Estácio de Sá. Goiânia SESES-Go.Vol. 02, nº 05, 15-27, Jan. 2011/Jun. 2011.________________________________________________________________________________4 5Figura 2 – Echinofilina A (4); Echinofilina B (5), derivados diterpenóides do tipo clerodano.Fonte: Kobayashi et al.(2002a).Sobre os diterpenos com esqueleto clerodano, Murthy et al. (2005) isolaram estes diterpenosdo extrato hexânico das sementes de Polyalthia longifolia e verificaram que este extratoapresentava uma expressiva atividade antibacteriana e antifúngica. Novos diterpenos rearranjadosdo tipo labdano como as chapecoderinas A-C também já foram isolados das folhas de E.macrophyllus (KOBAYASHI et al. 2000c). Ainda não foram descritas as atividades biológicas paraos derivados diterpenóides encontrados nos extratos de E. macrophyllus (PINTO et al., 2007).FARMACOLOGIADe acordo com Pinto et al. (2007) Echinodorus macrophyllus é uma planta muito utilizadapara tratar doenças reumáticas, que são auto-imunes, e geralmente caracterizam-se por uma respostaexacerbada dos linfócitos T e B. Os autores avaliaram o efeito do extrato aquoso de E.macrophyllus sobre as funções celulares e proliferação celular em ratos tratados oralmente com esteextrato durante sete dias. Também foi avaliada a produção de óxido nítrico in vitro. Observaramuma inibição na produção de anticorpos pelas células B, inibição da hipersensibilidade tardiamediada pelas células T e redução da infiltração no tecido subcutâneo por leucócitos. Com isso,demonstraram um efeito imunossupressor pela primeira vez, alertando quanto à importância do uso


22 ROCHA, Michelle de Menezes; MOURA, Regina Braga de. Dados químicos, farmacológicos etoxicológicos do chapéu-de-couro (Echinodorus macrophyllus (Kunth) Micheli): uma revisão daliteratura. Estácio de Sá – Ciências da Saúde. Revista da Faculdade Estácio de Sá. Goiânia SESES-Go.Vol. 02, nº 05, 15-27, Jan. 2011/Jun. 2011.________________________________________________________________________________adequado, para evitar os efeitos colaterais, especialmente em doenças associadas àsimunodeficiências.Pinto et al. (2007) estão realizando estudos para detectar os compostos biologicamenteativos nas folhas do extrato aquoso de E. macrophyllus com a finalidade de descrever mecanismospara os efeitos relatados.Considerando que a artrite reumatóide é uma doença auto-imune caracterizada por umainflamação no líquido sinovial das articulações e que a resposta humoral e celular podem contribuirpara esta inflamação (ABBAS; LICHTMAN; PILLAI, 2008), este efeito imunossupressor sugereque o extrato aquoso de E. macrophyllus possa ser utilizado nesta patologia.Nas doenças associadas às imunodeficiências em que há deficiência das imunidades humorale celular, já existe um número reduzido de linfócitos T no sangue periférico, uma redução daresposta proliferativa dos linfócitos do sangue aos ativadores policlonais e também deficiência nahipersensibilidade do tipo tardia (ABBAS; LICHTMAN; PILLAI, 2008). Devido a estes fatores,não seria recomendado o uso do extrato de E. macrophyllus em pacientes com imunodeficiência.Moreti et al. (2006) avaliaram determinados parâmetros da série vermelha (contagem deeritrócitos, hemoglobina, determinação do hematócrito, volume corpuscular médio, hemoglobinacorpuscular média e concentração de hemoglobina corpuscular média) em cinco ratos machos, quereceberam uma infusão preparada a partir das folhas trituradas do chapéu-de-couro durante setedias, constituindo o grupo tratado. Em outro grupo composto por cinco ratos (grupo controle), foiadministrado somente água. Ao término do experimento, os animais foram sacrificados e por meiode uma punção cardíaca foi colhido o sangue. As contagens das séries vermelha e branca foramrealizadas em aparelho Coulter, modelo T-890. Para a série branca, foi feita uma contagem global ediferencial de leucócitos (MORETI et al., 2006).Considerando-se os resultados obtidos, os autores puderam deduzir que a infusão de chapéude-courogerou uma leve redução de alguns parâmetros da série vermelha, como por exemplo:hemoglobina, hemácias e hematócrito. Já na série branca, a contagem global de leucócitos e opercentual de eosinófilos, apresentaram diferenças estatisticamente expressivas. Apenas o aumentono número de leucócitos foi considerado significativo do ponto de vista clínico (MORETI et al.,2006).Não existem muitos estudos farmacológicos sobre a espécie E. macrophyllus, entretanto,algumas de suas atividades podem ser justificadas pela presença dos mesmos compostos químicosem outras espécies de plantas que possuem a mesma finalidade de uso. Alguns compostosencontrados nas folhas de E. macrophyllus, como exemplo, os flavonóides, possuem ação diurética,


23 ROCHA, Michelle de Menezes; MOURA, Regina Braga de. Dados químicos, farmacológicos etoxicológicos do chapéu-de-couro (Echinodorus macrophyllus (Kunth) Micheli): uma revisão daliteratura. Estácio de Sá – Ciências da Saúde. Revista da Faculdade Estácio de Sá. Goiânia SESES-Go.Vol. 02, nº 05, 15-27, Jan. 2011/Jun. 2011.________________________________________________________________________________antimicrobiana, antiedematosa, antiinflamatória e anti-hepatotóxica. Outros compostos, como assaponinas, possuem um efeito laxante suave e também uma atividade diurética (MARTINS et al.,2003).Os taninos têm a propriedade de precipitar proteínas, formando uma camada protetora sobrea pele e as mucosas, agindo em diversas infecções, prevenindo a penetração de agentes que podemser nocivos em mucosas danificadas, isso pode facilitar a cicatrização, por exemplo, emqueimaduras. Também podem contribuir em casos de hemorragias, promovendo a contração devasos capilares (MARTINS et al., 2003).TOXICOLOGIADe acordo com Lopes et al. (2000) até a realização do seu trabalho, não havia sido feitonenhum estudo sobre o potencial toxicológico de espécies medicinais do gênero Echinodorus parahumanos. Os autores desenvolveram um estudo preliminar do potencial toxicológico de E.macrophyllus em ratos machos, utilizando três concentrações diferentes de extrato liofilizado(grupo 1, grupo 2 e grupo 3 ) e uma única concentração do extrato aquoso bruto (grupo 4) obtidodas folhas secas da planta, administrado durante seis semanas na água potável, a fim de verificar umpossível efeito genotóxico dos rins, das células do sangue, e do fígado. O grupo controle recebeusomente água.Após seis semanas de tratamento, com estes tipos de extrato, os animais foram sacrificados eseus órgãos (rins e fígado) pesados e analisados para verificar se houve alguma mudança funcionalnestes órgãos. Não foi detectada nenhuma mudança significativa no peso dos rins e do fígado dosanimais tratados com as diferentes concentrações de extrato liofilizado. Com a administração deextrato aquoso bruto, observou-se uma redução no peso dos rins, mostrando um efeito particular nascélulas renais. Sendo assim, o extrato aquoso de E. macrophyllus parece conter substâncias queatuam de maneira específica nas células renais (LOPES et al., 2000).Ensaios in vitro com células epiteliais renais e hepáticas dos ratos também foram realizadospara determinar o potencial citotóxico e mutagênico utilizando extrato aquoso bruto. Nas célulasrenais foi observado um efeito estimulatório, caracterizado pelo aumento no tamanho das células(hipertrofia), já nas células hepáticas, não se observou nenhum efeito estimulatório. Para verificar seas folhas de E. macrophyllus poderiam conter substâncias com potencial genotóxico, foi feito oexame de DNA (ácido desoxirribonucléico) das células dos rins, fígado e sangue dos animais


24 ROCHA, Michelle de Menezes; MOURA, Regina Braga de. Dados químicos, farmacológicos etoxicológicos do chapéu-de-couro (Echinodorus macrophyllus (Kunth) Micheli): uma revisão daliteratura. Estácio de Sá – Ciências da Saúde. Revista da Faculdade Estácio de Sá. Goiânia SESES-Go.Vol. 02, nº 05, 15-27, Jan. 2011/Jun. 2011.________________________________________________________________________________tratados. Na análise do sangue e das células hepáticas, não foi encontrada nenhuma alteração doDNA, para o extrato aquoso liofilizado ou bruto de E. macrophyllus. Nas células renais, as dosesmais elevadas do extrato aquoso bruto ou liofilizado de E. macrophyllus, indicaram a presença desubstâncias com potencial genotóxico, sendo que o extrato bruto mostrou um efeito mais acentuado(LOPES et al., 2000).Segundo os autores, estudos adicionais devem ser realizados para esclarecer o potencialgenotóxico desta planta no organismo dos mamíferos sendo de extrema importância os testes,principalmente para os tratamentos de longa duração e nos casos de doses elevadas que podemprovocar um acúmulo da planta no organismo. Entretanto, a quantidade administrada de 23 mg/kg,que corresponde à dose diária recomendada a humanos, não demonstrou nenhum efeito mutagênicoou citotóxico, sugerindo que a planta possa ser segura ao organismo humano (LOPES et al.,2000).CONCLUSÃOApesar do “chapéu-de-couro” ser uma planta muito utilizada popularmente, e apresentardiversas indicações de uso, a realização desta revisão bibliográfica demonstrou que ainda existempoucos estudos relativos à composição química e atividade farmacológica de E. macrophyllus.Porém, grande parte das suas atividades pode ser atribuída à presença dos mesmos compostosquímicos previamente identificados em outras plantas que possuem as mesmas indicações de uso.Sendo assim, torna-se necessário a realização de novos estudos científicos com a finalidade deidentificar quais os compostos presentes nos extratos que são responsáveis pela atividadefarmacológica da planta e também conhecer os mecanismos que levam a estas atividades. Alémdisso, é de extrema relevância a realização de testes que avaliem o potencial toxicológico da planta,para que esta possa ser indicada seguramente como uma alternativa fitoterápica, pois até hoje só foidescrito um único trabalho sobre a avaliação toxicológica da espécie E. macrophyllus.REFERÊNCIASABBAS, A. k..; LICHTMAN, A. H. .; PILLAI, S. Imunologia celular e molecular. TraduçãoClaudia Reali. Rio de Janeiro, Elsevier, 2008.BEVILAQUA, G.A.P. et al. Distribuição Geográfica e Composição química de chapéu de couro(Echinodorus spp.) no Rio Grande do Sul. Ciência Rural, Santa Maria, 31(2):213-8, 2001.


25 ROCHA, Michelle de Menezes; MOURA, Regina Braga de. Dados químicos, farmacológicos etoxicológicos do chapéu-de-couro (Echinodorus macrophyllus (Kunth) Micheli): uma revisão daliteratura. Estácio de Sá – Ciências da Saúde. Revista da Faculdade Estácio de Sá. Goiânia SESES-Go.Vol. 02, nº 05, 15-27, Jan. 2011/Jun. 2011.________________________________________________________________________________BOUTARD, B. et al. Chimiotaxinomie flavonique dês fluviales Biochemical Systematics andEcology, 1(3): 133-40, 1973.BRUNETON, J. Farmacognosia, fitoquímica, plantas medicinais. Tradução Ángel Villar delFresno. 2. ed. Zaragoza, Acribia, 2001.CORRÊA, M.P. Dicionário das plantas úteis do Brasil e das exóticas cultivadas. Rio de Janeiro,Ministério da Agricultura/Instituto Brasileiro de Desenvolvimento Florestal, v. 2, 1984.COSTA, M. et al. Isolation and synthesis of a new clerodane from Echinodorus grandiflorus.Phytochemistry, 50: 117-22, 1999.DUARTE, M.G. R. et al. Perfil fitoquímico e atividade antibacteriana in vitro de plantas invasoras.Revista Lecta, Bragança Paulista, 20(2): 177-82, 2002.GOMES, E.C. et al. Plantas medicinais com características tóxicas usadas pela população domunicípio de Morretes, PR. Revista Visão Acadêmica, Curitiba, 2(2):77-80, 2001.HAYNES, R.R.; HOLM-NIELSEN, L.B. The Alismataceae. Flora Neotropica – Monograph 64.New York, The New York Botanical Garden, 1994.JUDD, W.S. et al. Plant Systematic: A phylogenetic approach. 2 ed. Massachusetts, SinauerAssociates, Inc. Publishers, 2002.KOBAYASHI, J. et al. Echinophyllins A and B, novel nitrogen-containing clerodanediterpenoids from Echinodorus macrophyllus. Tetrahedron Letters, 41:2939-43, 2000a.KOBAYASHI, J. et al. Echinophyllins C-F, New Nitrogen-Containing Clerodane Diterpenoidsfrom Echinodorus macrophyllus. Journal of Natural Products, 63(11):1576-9, 2000b.KOBAYASHI, J. et al. Chapecoderins A-C, New labdane –derived diterpenoids from Echinodorusmacrophyllus. Journal of Natural Products, 63(3), 2000c.LOPES, L.C. et al. Toxicological evaluation by in vitro and in vivo assays of an aqueous extractprepared from Echinodorus macrophyllus leaves. Toxicology Letters, 116:189–98, 2000.LORENZI, H.; MATOS, F.J.A. Plantas medicinais no Brasil: nativas e exóticas. Nova Odessa, SP,Instituto Plantarum de Estudos da Flora Ltda., 2002.MACIEL, M.R.A.; GUARIM NETO, G. Um olhar sobre as benzedeiras de Juruena (Mato Grosso,Brasil) e as plantas usadas para benzer e curar. Boletim do Museu Paraense Emílio Goeldi, CiênciasHumanas, Belém, 1(3):61-77, 2006.MARTINS, E.R. et al. Plantas medicinais. 5ª reimpressão, Viçosa, Universidade Federal de Viçosa,2003.


26 ROCHA, Michelle de Menezes; MOURA, Regina Braga de. Dados químicos, farmacológicos etoxicológicos do chapéu-de-couro (Echinodorus macrophyllus (Kunth) Micheli): uma revisão daliteratura. Estácio de Sá – Ciências da Saúde. Revista da Faculdade Estácio de Sá. Goiânia SESES-Go.Vol. 02, nº 05, 15-27, Jan. 2011/Jun. 2011.________________________________________________________________________________MORETI, D.L.C. et al .Estudo hematológico em ratos sob ação de plantas medicinais XXXVII.Echinodorus macrophyllus (Kunth.) Mitch. Rev. Bras. Pl. Med, Botucatu, 8(4):162-4, 2006.MURTHY et al., Antimicrobial activity of clerodane diterpenoids from Polyalthia longifolia seeds.Fitoterapia, 76:336-9, 2005.NUNES, G.P. et al. Plantas medicinais comercializadas por raizeiros no Centro de Campo Grande,Mato Grosso do Sul, Revista Brasileira de Farmacognosia, 13(2):83-92, 2003.OSHIMA, Y.; IWAKAWA, T.; HIKINO, H. Alismol and alismoxide, sesquiterpenoids of Alismarhizomes, Phytochemistry, 22(1):183-5, 1983.PANSARIN, E.P.; AMARAL, M.C.E. Alismataceae. In: WAN<strong>DE</strong>RLEY et al.(Coord.). FloraFanerogâmica do Estado de São Paulo. v. 4, São Paulo, FAPESP/RIMA, 2005.PEI-WU, G. et al. An acylated sitosterol glucoside from Alisma plantago-aquatica, Phytochemistry,27(6):1895-96, 1988.PEREIRA, C.; AGAREZ, F.V. Botânica: Taxonomia de angiospermae. Chaves para Identificaçãode Famílias. Rio de janeiro, Ed. Interamericana Ltda, 1977.PINTO, A.C et al. Immunosuppressive effects of Echinodorus macrophyllus aqueous extract.Journal of Ethnopharmacology, v. 111 p. 435–439, 2007.RADKE, V.S.C.O.; TANAKA, C.M.A. Abietene diterpenes from Sagittaria montevidensis sspmontevidencis, Biochemical Systematics and Ecology, 32(5):529-31, 2004.RAVEN, P.H.; EVERT, R.F.; EICHHORN, S.E. Biologia Vegetal. 6 ed., Rio de Janeiro, GuanabaraKoogan, 2001.RITTER, M.R. et al. Plantas usadas como medicinais no município de Ipê, RS, Brasil. RevistaBrasileira de Farmacognosia, 12(2):51-62, 2002.SCHNITZLER, M.; PETEREIT, F.; NAHRSTEDT, A. Trans-Aconitic acid, glucosylflavones andhidroxycinnamoyltrtaric acids from the leaves of Echinodorus grandiflorus ssp. Aureus, a Brazilianmedicinal plant. Revista Brasileira de Farmacognosia, 17(2):149-54, 2007.SHARMA, S.C. et al. The structure of sagittariol, Phytochemistry, 23(5):1194-6, 1984.SHIGEMORI et al. Echinodolides A and B, New Cembrane Diterpenoids with an Eight-MemberedLactone Ring from the Leaves of Echinodorus macrophyllus. Journal of Natural Products,65(1):82-4, 2002.SOUZA, V.C.; LORENZI, H. Botânica Sistemática: Guia ilustrado para identificação das famíliasde Angiospermas da flora brasileira, baseado em APG II. Nova Odessa, SP, Instituto Plantarum deEstudos da Flora Ltda., 2005.


27 ROCHA, Michelle de Menezes; MOURA, Regina Braga de. Dados químicos, farmacológicos etoxicológicos do chapéu-de-couro (Echinodorus macrophyllus (Kunth) Micheli): uma revisão daliteratura. Estácio de Sá – Ciências da Saúde. Revista da Faculdade Estácio de Sá. Goiânia SESES-Go.Vol. 02, nº 05, 15-27, Jan. 2011/Jun. 2011.________________________________________________________________________________ZHAO, M.; XU, L-J.; CHE, C-T. Alisolide, alisols O and P from the rhizome of Alisma orientale,Phytochemistry, 69(2):527-32, 2008.


28 OLIVEIRA, Jackson Lopes; BRAGA, Mariluci. A aplicabilidade da educação a distância nas aulaspráticas de esportes coletivos na graduação em Educação Física. Estácio de Sá – Ciências da Saúde.Revista da Faculdade Estácio de Sá. Goiânia SESES-Go. Vol. 02, nº 05, 28-44, Jan. 2011/Jun. 2011.________________________________________________________________________________A APLICABILI<strong>DA</strong><strong>DE</strong> <strong>DA</strong> EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA NAS AULASPRÁTICAS <strong>DE</strong> ESPORTES COLETIVOS NA GRADUAÇÃO EMEDUCAÇÃO FÍSICAJackson Lopes Oliveira 1 & Mariluci Braga 2Resumo:A graduação em Educação Física passou pordiversas mudanças ao longo dos anos. Aconjuntura política do país interferiudiretamente nestas mudanças, a sociedade e omercado de trabalho também contribuíram,exigindo profissionais que atendessem a umanova demanda. Sendo alvo de muitaspolêmicas, a grade curricular da graduação emEducação Física tem como disciplina aulaspráticas, que necessitam de atenção especial.Foi abordado em nosso estudo as aulaspráticas de esporte coletivo - que são repletasde situações que exploram diversos fatores,tais como: técnicos, táticos e cognitivos - naeducação a distância, sendo esta última, umanova proposta pedagógica na graduação emEducação Física. Confrontar a educação adistância na graduação em Educação Física étema central deste trabalho. Questionar aaplicabilidade da educação a distância naEducação Física é a proposta, tendo comobase as características pertinentes a cada uma.Palavras-chave:Graduação em Educação Física. Esportecoletivo. Educação a distância.Abstract:The degree in physical education has gonethrough several changes over the years. Thesituation in the country's political interfereddirectly in these changes, society and thelabor market also contributed, requiringprofessionals who meet a new demand. Asthe target of many controversies, the gradecurriculum of graduation in physicaleducation classes has the discipline practices,which require special attention. It wasaddressed in our study the practice of sportscollective lessons - which are filled withsituations that operate various factors, suchas: technical, tactical and cognitive - indistance education, the latter being a newproposal in teaching degree in physicaleducation. Confronting the distanceeducation in degree in Physical Education iscentral theme of this work. Questioning theapplicability of distance education inPhysical Education is our purpose, based onthe relevant characteristics of each one.Key-words:Degree in physical education. Sportscollective. Distance education.1 Graduado em Educação Física - Faculdade Estácio de Sá de Belo Horizonte/MG.2 Professora titular de Educação Física da Faculdade Estacio de Sá/MG.


29 OLIVEIRA, Jackson Lopes; BRAGA, Mariluci. A aplicabilidade da educação a distância nas aulaspráticas de esportes coletivos na graduação em Educação Física. Estácio de Sá – Ciências da Saúde.Revista da Faculdade Estácio de Sá. Goiânia SESES-Go. Vol. 02, nº 05, 28-44, Jan. 2011/Jun. 2011.________________________________________________________________________________INTRODUÇÃOA formação em nível superior em Educação Física (EF) provocou ao longo dos anosopiniões divergentes e muitas polêmicas. No contexto histórico brasileiro, foram constantes asmudanças pedagógicas, relacionadas muitas vezes ao momento político em que o país vivia. E tudoisso refletiu diretamente nesta área.Em um primeiro momento, a formação do educador físico era voltada para a atuaçãoapenas no ensino formal, com o passar dos anos, a sociedade e o próprio mercado de trabalhopassaram a exigir um profissional com características diferentes, surgiu então o curso debacharelado em Educação Física, que passou a formar profissionais para atender a esta demanda.E na graduação em Educação Física, muitas são as suas particularidades ecaracterísticas. A sua grade curricular, por exemplo – que inclusive foi tema de diversos debates epolêmicas quanto a sua estruturação – possui aulas práticas, que necessitam de atenção especial.Sendo também foco deste trabalho, será abordado as aulas práticas nos esportescoletivos, que têm como critério para classificação: se existe ou não interação com o adversário.Considerado por crianças e adolescentes como uma das atividades mais recreativas, osesportes coletivos são repletos de situações que exploram diversos fatores, tais como: técnicos,táticos e cognitivos.Ao transportar todas essas propriedades dos esportes coletivos para a graduação emEducação Física, surgem questões mais complexas acerca desta temática como, por exemplo, aconstrução do conhecimento, a dicotomia entre teoria e prática, e o ensino-aprendizagem.Amparadas por uma crescente demanda por formação profissional, especialização equalificação da mão-de-obra, as instituições de ensino passam a ofertar serviços e soluções paraatingir este público, que em grande maioria, estão geograficamente distantes ou não têm muitotempo disponível. Assim a educação a distância vai ganhando seu espaço no mercado educacional.Ao longo dos anos, as tecnologias a serviço da educação a distância (EaD) evoluíram, dascorrespondências, dos programas de rádio e televisivos, passaram para os computadores cominternet, videoconferência, salas de bate-papo, enfim, um processo em constante mutação, pois avelocidade do avanço tecnológico proporciona tais mudanças. No Brasil, um dos maioresincentivadores da educação a distância é o governo, muitos projetos foram desenvolvidos, algunscom êxito, outros nem tanto, pois a falta de continuidade se fez presente em muitos deles. Masdiante da crescente evolução da educação a distância, foi preciso regulamentar as bases legais para amodalidade, o que ocorreu em dezembro de 1996, autorizado pelo Ministério da Educação e Cultura


30 OLIVEIRA, Jackson Lopes; BRAGA, Mariluci. A aplicabilidade da educação a distância nas aulaspráticas de esportes coletivos na graduação em Educação Física. Estácio de Sá – Ciências da Saúde.Revista da Faculdade Estácio de Sá. Goiânia SESES-Go. Vol. 02, nº 05, 28-44, Jan. 2011/Jun. 2011.________________________________________________________________________________(MEC). A partir de então, passamos a ter leis para a educação a distância nos ensinos básico,superior, pós-graduação, mestrado e doutorado.Confrontar a educação a distância na graduação em Educação Física é tema central destetrabalho. Questionar a aplicabilidade da educação a distância na Educação Física é o propósito,tendo como base as características pertinentes a cada uma.EDUCAÇÃO A DISTÂNCIAA principal característica e o que vai fazer a educação a distância (EaD) se diferenciar daeducação convencional, é justamente a distância que separa os alunos dos professores.Caracterizando a EaD como uma aula não presencial, faz-se necessário a utilização deum meio de comunicação entre as partes envolvidas no processo. Poderíamos começar dizendo doscursos à distância por correspondência, em seguida os programas televisivos, e a partir de então,com o advento da globalização, surge o uso de uma nova tendência, que é o uso de novastecnologias a serviço da EaD, tais como: mídias (disquetes, cd-rom), áudio, vídeo, teleconferência,videoconferência, internet e programas de computadores (softwares).Segundo Neto (2005), o advento da tecnologia, projetou de forma direta, influências emudanças também no campo de educação.Mansur (2001) afirma que a EaD nasceu e se desenvolveu como resposta a um acúmulode necessidades educacionais. No entanto observamos características do EaD inserida em outroscontextos, como por exemplo, cursos técnicos profissionalizantes, treinamento e capacitação emempresas.Segundo Preti (1996), a EaD é, uma modalidade não tradicional, típica da era industriale tecnológica, cobrindo diferentes formas de ensino-aprendizagem, dispondo de métodos, técnicas erecursos, postos à disposição da sociedade, tendo como alunos, um grupo bastante heterogêneo.De acordo com Santos; Rodrigues (1999, p. 23), “a sociedade está tomando rumos emque o conhecimento e a informação assumem papel fundamental”, fazendo com o que, cada vezmais, e um número maior de pessoas, precisam aprender e se reciclar em tempo real, onde quer queestejam e em momentos distintos, momentos que sejam convenientes, em função de uma rotinadiária totalmente atribulada. Há também uma busca constante e contínua para resolução de novosproblemas, levando em consideração que o trabalho e a aprendizagem estão se tornandomultidisciplinares e colaborativos, assim sendo, a EaD ganha destaque por atingir uma maioraudiência, atender um nicho de mercado onde as pessoas/clientes/estudantes não podem assistir


31 OLIVEIRA, Jackson Lopes; BRAGA, Mariluci. A aplicabilidade da educação a distância nas aulaspráticas de esportes coletivos na graduação em Educação Física. Estácio de Sá – Ciências da Saúde.Revista da Faculdade Estácio de Sá. Goiânia SESES-Go. Vol. 02, nº 05, 28-44, Jan. 2011/Jun. 2011.________________________________________________________________________________aulas presenciais, envolver educadores, profissionais externos que de outra forma não poderiam seraproveitados e eliminar a importância da proximidade geográfica.Rodrigues; Barcia (1998) afirmam também que com a crescente demanda por formação,conhecimento e atualização, que ocorre ao mesmo tempo em que o custo das tecnologias vãodiminuindo, coloca a EaD como uma alternativa viável e promissora para o atendimentoeducacional no cenário atual.Santos; Rodrigues (1999) advogam que ao idealizar e planejar um curso de EaD, éprimordial analisar criteriosamente as tecnologias e a forma como o serviço será disponibilizado,tanto para os alunos como para o corpo docente, tendo em vista que, os alunos e os educadores sãoo foco do processo de aprendizagem, e a tecnologia somente os servem. O corpo docente de umcurso de EaD, deve ser instruído sobre os conceitos, métodos e tecnologias de EaD, além de saberoperar equipamentos e técnicas para o ambiente de EaD. Os estudantes precisam estar altamentemotivados, familiarizados com computadores, características presentes na maioria dos que seinteressa por este tipo de ensino.A integração entre a tecnologia digital com os recursos da telecomunicaçãoproporcionou condições de ampliar o acesso à educação, no entanto, o formato em que acontece acomunicação entre os alunos e professores e entre os alunos, refletem diretamente no ensino e naaprendizagem, “que precisam ser compreendidas ao tempo em que se analisam as potencialidades elimitações das tecnologias e linguagens empregadas para a mediação pedagógica” (ALMEI<strong>DA</strong>,2003, p. 3).Segundo Santos; Rodrigues (1999), todos os programas eficazes de EaD, partem dapremissa básica que é um planejamento meticuloso em paralelo com um profundo entendimento dasexigências e requisitos do curso e das necessidades dos estudantes.A EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA NO BRASILApesar de ser uma terminologia aparentemente recente, é de fato é, o conceito de EaD,já era utilizado há bastante tempo.Segundo Preti (1996) as transformações vividas no Brasil nos últimos anos, são reflexosdo processo evolutivo e a aceleração no ritmo das mudanças, e como resultado passou a gerar ummodelo de sociedade em que a formação é parte de uma estratégia de desenvolvimento,produtividade e competitividade. Desta forma, para os órgãos governamentais, as políticasdirecionadas para a qualificação da mão-de-obra e dos recursos humanos ganham o máximo de


32 OLIVEIRA, Jackson Lopes; BRAGA, Mariluci. A aplicabilidade da educação a distância nas aulaspráticas de esportes coletivos na graduação em Educação Física. Estácio de Sá – Ciências da Saúde.Revista da Faculdade Estácio de Sá. Goiânia SESES-Go. Vol. 02, nº 05, 28-44, Jan. 2011/Jun. 2011.________________________________________________________________________________interesse e prioridade, e ainda contam com um processo de formação continuada, atualizaçãoconstante e renovação dos saberes.Segundo informações do Ministério da Educação e Cultura (MEC, 2008), através da suaSecretaria de Educação a Distância (SEED), no Brasil, as bases legais para a modalidade da EaD,foram estabelecidas pela lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (Lei n.º 9.394, de 20 dedezembro de 1996), que foi regulamentada pelo Decreto n.º 5.622, publicado no Diário Oficial daUnião (D.O.U.) de vinte de dezembro de 2005 (que revogou o Decreto n.º 2.494, de 10 de fevereirode 1998, e o Decreto n.º 2.561, de 27 de abril de 1998) com normatização definida na PortariaMinisterial n.º 4.361, de 2004 (que revogou a Portaria Ministerial n.º 301, de sete de abril de 1998).De acordo com Nunes (1992 apud GEREMIAS, 2000), as experiências no Brasil emEaD, são muitas, partindo dos órgãos públicos e das iniciativas privadas, envolvendo grandenúmero de pessoas e um dispêndio financeiro considerável. Porém, os resultados obtidos não foramsuficientes para superar as expectativas, tanto governamental como da sociedade de uma forma emgeral. Segundo o autor, as principais causas apontadas como fracassos são: “a descontinuidade dosprojetos, a falta de memória administrativa pública brasileira e certo receio em adotarprocedimentos rigorosos e científicos de avaliação dos programas e projetos” (NUNES, 1992 apudGEREMIAS, 2000, p. 39).Preti (1996) relata que no final do século XVIII, já eram vividas experiências educativasa distância, a partir da segunda metade do século XIX se desenvolveram com êxito, com objetivosclaros de qualificação de mão-de-obra em função da crescente demanda oriunda da industrialização.Já no século XX, ocorreu uma rápida expansão, sobretudo no ensino superior. A partir da década de60 e 70, impulsionada por problemas na educação formal, pelo entusiasmo dos governantes emrelação à educação e concomitantemente a chegada do processo de democratização da sociedade,aliados aos avanços tecnológicos na área da comunicação, a EaD vem caminhando a passos largos,encontrando novas formas de educação.GRADUAÇÃO EM EDUCAÇÃO FÍSICAA temática acerca da formação em nível superior em Educação Física (EF) tempromovido ao longo dos anos opiniões divergentes e polêmicas nos mais diversos aspectos, comopor exemplo, qual a grade curricular ideal, qual é a formação do profissional para o mercado e atéem relação ao próprio nome. Muitos destes questionamentos se devem também em relação àdicotomia teoria-prática na EF (GHILARDI, 1998).


33 OLIVEIRA, Jackson Lopes; BRAGA, Mariluci. A aplicabilidade da educação a distância nas aulaspráticas de esportes coletivos na graduação em Educação Física. Estácio de Sá – Ciências da Saúde.Revista da Faculdade Estácio de Sá. Goiânia SESES-Go. Vol. 02, nº 05, 28-44, Jan. 2011/Jun. 2011.________________________________________________________________________________Conforme explica Gonçalves et al (2007), ao se estudar o contexto histórico daEducação Física no Brasil, constata-se as constantes mudanças de concepções pedagógicas, queestavam relacionadas diretamente com os momentos políticos e econômicos que o país vivia. O querefletiu, evidenciando-se um dos grandes problemas existentes que é a falta de identidade doprofissional, “e conseqüentemente, o não reconhecimento da sociedade” (GONÇALVES et al;2007, p. 495).Segundo Betti (2005), após a 2ª guerra, o esporte entrou de forma vagarosa nas escolas eposteriormente nas universidades como campo de pesquisa, onde o objetivo era o de intervir, comembasamento científico, para maximizar o rendimento dos atletas.De acordo com Manuel; Tani (1999), a EF tem uma tradição relativamente longa comocurso de preparação profissional. No primeiro momento, o objetivo era o de formar professores paraatuar no ensino formal, o que o caracterizava como um curso de licenciatura. Em função dasmudanças mercadológicas nos anos 80, onde uma parcela da população necessitava de outrasqualidades do profissional de EF, que não ficasse restrito apenas as ocupações tradicionais, ou seja,como professor do ensino formal ou como técnico esportivo, surge o curso de bacharelado em EF, eem algumas universidades o bacharelado em Esporte. Com a criação desses cursos, tornou-sepossível o atendimento a uma demanda de vários outros serviços e segmentos de mercado que otípico licenciado não estava preparado para atender, e pelo fato de não estar preparado, abria apossibilidade de um leigo atuar.Surgem então, de acordo com o mesmo autor acima citado, algumas indagações:• Qual é o nosso objeto de estudo?• Como devemos estudá-lo?• Como deve se caracterizar a formação do profissional?Para que se responda a essas questões e muitas outras que problematizam a formação doprofissional em EF, se faz necessário que tanto o licenciado quanto o graduado em EF, tenha anoção exata de quais são os seus saberes, quais são as suas responsabilidades para com a sociedadena disseminação do conhecimento teórico e prático, ambos embasados na produção doconhecimento cientifico.Corroborando com esse pensamento, Massa (2002) coloca como exemplo outras áreasque possuem status profissional e social, como por exemplo, a engenharia e a medicina, que não sãotão questionadas e não precisam provar porque estão no ensino superior, pois são profissõescaracterizadas pela fundamentação acadêmica de suas práticas. Assim sendo, na medicina, se nosrelacionarmos com alunos e clientes, é necessário que se tenha conhecimento e embasamento


34 OLIVEIRA, Jackson Lopes; BRAGA, Mariluci. A aplicabilidade da educação a distância nas aulaspráticas de esportes coletivos na graduação em Educação Física. Estácio de Sá – Ciências da Saúde.Revista da Faculdade Estácio de Sá. Goiânia SESES-Go. Vol. 02, nº 05, 28-44, Jan. 2011/Jun. 2011.________________________________________________________________________________acadêmico e cientifico, caso contrário se igualam ao leigo ou ao oportunista e, traçando umparalelo com a EF, os educadores físicos se igualam a qualquer um que conheça um pouco de regrasde modalidades esportivas, que repita seqüências de ginástica ou que tenha um apito na boca.Verenguer (1997, p. 172) advoga que “os problemas relacionados a caracterizaçãoprofissional e às suas condutas, só poderão ser resolvidos se a atuação do profissional estiveralicerçada em um suporte teórico proveniente de pesquisa”. E neste contexto, as universidades têmuma grande parcela de responsabilidade, pois uma de suas principais funções é a formação derecursos humanos que vão possibilitar o atendimento às necessidades da sociedade (GHILARDI,1998).De acordo com Verenguer (2007), ingressar em uma faculdade e em um cursopretendido é motivo de grande alegria acompanhado de muita expectativa. Especificamente na EF,a grande maioria dos jovens trazem uma visão pré-concebida sobre a profissão, sobre o profissionale sobre o que vão aprender, visão esta que pode ser fruto de experiências esportivas ou escolares, oque só faz aumentar a responsabilidade das universidades, que devem proporcionar um ambiente noqual se possa refletir, superar, lapidar, criticar e, principalmente ampliar os saberes que os jovenstrazem consigo, com o objetivo de se conquistar um grau mais elevado e sofisticado deprofissionalização. Então todo o processo faz parte de uma grande engrenagem e, todos com suasrespectivas parcelas de participação, as instituições de ensino com suas responsabilidadesmencionadas acima, o corpo docente com a missão de transmitir os seus saberes para a formação doprofissional que o mercado busca e exige, e o próprio graduando, que também precisa secomprometer para se tornar o profissional que a sociedade espera.Segundo Verenguer (2007, p. 39), “a discussão sobre a profissionalização do docenteuniversitário passa a fazer parte da agenda daqueles envolvidos na reflexão sobre a qualidade doensino superior”.Em uma profissão, as pessoas estão comprometidas com uma carreira, sendo a maneirade executar o trabalho baseada no conhecimento (MANOEL; TANI, 1999). E o corpo docentesegue o mesmo caminho. A sua profissionalização reflete diretamente na qualidade do ensino. Namesma proporção que a sociedade exige mais dos profissionais que vão para o mercado, estes porsua vez, precisão ter os seus conhecimentos ampliados, tornando-se um ciclo. E como subsídio paraampliar os saberes dos graduandos, o corpo docente encontra à sua disposição uma grande aliada,que é a tecnologia, e esta por sua vez, proporciona um novo modelo de educação, que vai exigir dodocente uma constante atualização nas novas ferramentas tecnológicas que surgem a todo omomento no âmbito educacional.


35 OLIVEIRA, Jackson Lopes; BRAGA, Mariluci. A aplicabilidade da educação a distância nas aulaspráticas de esportes coletivos na graduação em Educação Física. Estácio de Sá – Ciências da Saúde.Revista da Faculdade Estácio de Sá. Goiânia SESES-Go. Vol. 02, nº 05, 28-44, Jan. 2011/Jun. 2011.________________________________________________________________________________OBJETO <strong>DE</strong> ESTUDO <strong>DA</strong> EDUCAÇÃO FÍSICASegundo Peres (2001) a Educação Física ainda é uma disciplina que, na maior parte dasvezes é marginalizada, chegando até a ser excluída dos projetos pedagógicos de algumas escolas.Existem ainda alguns profissionais que corroboram com esta situação ao afirmarem que deve serdada maior atenção, ênfase às outras disciplinas como matemática, português e ciências, porexemplo.Existe uma corrente que defende que a Educação Física está em busca da sua identidade,e que o estágio atual em que se encontra é conseqüência das influencias recebidas ao longo dosanos, e a história retrata as influencias da área médica, militar e desportista.Simultaneamente com a influência militar, que primava pela hierarquia de controle demovimentos, a influência médica marcou pelos princípios eugenistas e higienistas, o que significavahábitos saudáveis, higiênicos e a idéia de se aprimorar a raça humana. Sendo estes os pensamentosda época, resultavam em uma concepção de Educação Física como uma perspectiva biológica, queprimava pelo físico do ser humano, ou seja, o objetivo era formar o indivíduo perfeito, o homemforte e saudável, e a mulher também, pois a mesma teria que gerar uma prole também saudável,contribuindo para o progresso da humanidade. Após a 2ª guerra, começa a emergir o pensamentodesportivo, a relação entre professor-aluno tornava-se diferente, neste momento o professor assumiao papel de treinador e o aluno de atleta, um período excludente, pois àqueles que não tinhamaptidão física eram marginalizados e consequentemente excluídos.Segundo Daolio (2004) as concepções de Educação Física como sinônimos de aptidãofísica, tecnicistas, eugenistas e higienistas, utilizadas durante décadas, apenas refletem a noção maisgeral do ser humano, uma visão exclusivamente biológica, que somente nos últimos anos começa aser ampliada.A partir de uma revisão do conceito de corpo e considerando a dimensão cultural a eleinerente, a Educação Física pode ampliar seus horizontes e seus saberes, para vir a ser uma área quepossa estudar o homem além de sua dimensão biológica e a sua cultura corporal de movimento.Sendo o mesmo, um indivíduo inserido em um determinado contexto e em um determinadomomento histórico, e qualquer intervenção pedagógica deve levar em consideração todos estesaspectos.PERFIL DO PROFISSIONAL <strong>DE</strong> EDUCAÇÃO FÍSICASegundo Ghilardi (1998) a formação do profissional em Educação Física passou poralgumas reformulações ao longo dos anos, desde a sua origem nas Universidades, em função de


36 OLIVEIRA, Jackson Lopes; BRAGA, Mariluci. A aplicabilidade da educação a distância nas aulaspráticas de esportes coletivos na graduação em Educação Física. Estácio de Sá – Ciências da Saúde.Revista da Faculdade Estácio de Sá. Goiânia SESES-Go. Vol. 02, nº 05, 28-44, Jan. 2011/Jun. 2011.________________________________________________________________________________novas exigências do mercado de trabalho e de uma demanda por parte da sociedade. Dentre estasreformulações, uma das mais importantes foi a criação do bacharelado em Educação Física,formando um profissional diferente do licenciado, que tem como segmento de atuação o ensinoformal. O bacharel veio atender um outro nicho de mercado.Este nicho de mercado era composto por academias, clubes, empresas, condomínios,personal trainners, onde a atuação do profissional não consiste em somente executar habilidades,mas em saber como e porque executa-las.É mister que tanto o licenciado quanto o bacharel justifiquem a prática de qualqueratividade motora e de qualquer movimento que envolva o corpo humano, em sua interação com omeio. Os profissionais capazes somente de executar habilidades perdem espaço para osprofissionais que possuírem um conhecimento mais ampliado que faça compreender o homem eseus movimentos nos mais variados contextos, levando ao seu cliente a dominar o próprio corpo emmovimento, tendo possibilidade e capacidade de solucionar os problemas motores que surgirem noseu cotidiano.ESPORTES COLETIVOSDentro das diversas classificações que se encontra na literatura, e sendo objetivo destetrabalho, abordaremos duas categorias dos esportes. Apesar desta distribuição não incluir todas asmodalidades esportivas, envolve uma parcela importante do universo esportivo (GONZALES,2004).Segundo o mesmo autor, pode-se dizer que os critérios para essa classificação são:• Se existe ou não relação com o companheiro• Se existe ou não interação direta com o adversárioDe acordo com Greco (2002, p. 62), “os jogos coletivos apresentam uma dualidadeconstituída entre cooperação (entre jogadores da mesma equipe) e oposição (dos adversários) emdois momentos do jogo, o ataque e a defesa”.Segundo Gonzales (2004), de acordo com esses critérios, é possível classificar asmodalidades em individuais e coletivas, corroborando com Silva; Júnior (2005), quando utilizado ocritério relação com o companheiro ou com e sem a interação com o adversário.Silva; De Rose Júnior (2005, p. 72) advogam que as modalidades esportivas coletivaspodem ser entendidas “como um confronto entre duas equipes, que se dispõem pelo terreno de jogoe se movimentam de forma particular, com o objetivo de vencer”. São exemplos: basquete, futebol,futsal, handebol e o voleibol.


37 OLIVEIRA, Jackson Lopes; BRAGA, Mariluci. A aplicabilidade da educação a distância nas aulaspráticas de esportes coletivos na graduação em Educação Física. Estácio de Sá – Ciências da Saúde.Revista da Faculdade Estácio de Sá. Goiânia SESES-Go. Vol. 02, nº 05, 28-44, Jan. 2011/Jun. 2011.________________________________________________________________________________Segundo Greco (2001) os esportes coletivos são considerados por crianças eadolescentes, com uma das mais interessantes atividades recreativas. Fato que pode ser justificadopor vários fatores que são inerentes à modalidade, como por exemplo: companheirismo e rivalidade,estratégias, incertezas e emoções. De acordo com o mesmo autor, “os jogos coletivos são atividadesricas em situações imprevistas, que requisitam do praticante, respostas variadas, velozes, precisas,complexas e muitas vezes realizadas sob pressão de tempo” (GRECO, 2001 p. 48).Corroborando com o autor, Paula et al (2000, p. 13), diz que uma das características dosesportes coletivos é a complexidade, e esta faz com que os atletas “tenham de ter uma permanenteatitude tático-estratégica para superar a imprevisibilidade estrutural que as situações do jogoapresentam”.Segundo Greco (2001), o esporte coletivo apresenta como referência a inter-relaçãoentre vários componentes: tempo, espaço, companheiros, adversário, bola, placar, objetivos e metasa alcançar, que representa para o praticante um problema a ser superado.Então as discussões sobre “o que fazer”, “quando fazer”, são imprescindíveis para acompreensão do jogo, e que fazem parte do processo de ensino-aprendizagem-treinamento, onde seensina e treina os fundamentos, que são pertinentes a técnica (o que fazer) e o que está associado aocognitivo, que refere-se a tática (quando fazer). Todas as ações dos praticantes de jogos coletivosdevem ser analisadas do ponto de vista tático, pois permitem ao praticante se ordenar no tempo e noespaço, na própria ação, considerar a ação do adversário, do colega, e de outros parâmetros que sãoinerentes à situação de jogo (GRECO, 2001).Diante da popularidade dos jogos esportivos coletivos, será que os mesmos sãoconsiderados pelos professores de Educação Física e pelos treinadores como um tema atrativo esimples de se aplicado nas aulas? (GRECO, 2001).De acordo com Greco (1997), os resultados das diversas pesquisas sobre ensinoaprendizagem-treinamentopermitem a utilização dos conhecimentos adquiridos para areformulação dos processos de ensino-aprendizagem-treinamento nos jogos coletivos, seja nasescolas ou nos clubes, utilizando metodologias que sejam adequadas para cada fase e nível derendimento.E essa reformulação de processos está também associada diretamente aos parâmetroscognitivos, tais como: percepção, atenção, concentração, etc., que fazem parte do treinamento dascapacidades táticas. A formação do jovem acontece conforme suas necessidades, seus interesses esua maturidade. (GRECO, 1997).Segundo Ribeiro; Volossovitch (2004, p. 15), o jogo desenvolve-se em um ambienteonde “impera a instabilidade e a incerteza e onde emergem constantes apelos às capacidades


38 OLIVEIRA, Jackson Lopes; BRAGA, Mariluci. A aplicabilidade da educação a distância nas aulaspráticas de esportes coletivos na graduação em Educação Física. Estácio de Sá – Ciências da Saúde.Revista da Faculdade Estácio de Sá. Goiânia SESES-Go. Vol. 02, nº 05, 28-44, Jan. 2011/Jun. 2011.________________________________________________________________________________decisórias dos atletas”, pois na verdade, encontram-se múltiplas soluções para os problemas quesurgem. Então a partir de uma grande variedade de alternativas que o jogo proporciona, o jogadorprecisa decidir, em um curto espaço de tempo, o que fazer, para onde ir, ou seja, encontrar umaresposta ideal, para a partir daí, saber qual habilidade utilizará, como por exemplo, arremessar oupassar a bola, driblar ou chutar ao gol e também como agir para acabar com os planos táticos doadversário (BOMPA, 2005).Segundo o mesmo autor, tomar decisões no menor tempo possível é difícil para qualquerjogador, independente do seu nível. Vai haver uma variação nas categorias, em função davelocidade do jogo, quanto maior a categoria, mais rápido o jogo, e por conseqüência menor será otempo para tomar as decisões. Os jogadores devem estar sempre atentos, a “leitura” do jogo permitetomar a decisão visando a melhor ação.Segundo Ribas (2005, p. 104), o professor de Educação Física, deverá conhecer ecompreender melhor o que ensina. “Estrutura geral das atividades, tipos de interações,características essenciais, processos de tomadas de decisões, entre outros conceitos, irão auxiliar oprofessor no desenvolvimento do saber da EF.” O referido autor, faz indagações importantes: Seráque temos isso claro em nossa prática pedagógica quando nos deparamos com uma grandequantidade de práticas da cultura corporal de movimento? Será que temos instrumentos suficientespara fazermos esta mediação, organização, sistematização, reflexão e síntese das distintas práticasda cultura corporal de movimento?O que acontece, segundo o mesmo autor, é que às vezes o profissional de EF, ensina oesporte, por exemplo, baseando-se no que viu nos livros, ou na sua experiência prática e não levaem consideração a cultura corporal do movimento que poderia auxiliá-lo na criação das aulas. Osesportes coletivos não requerem uma lógica específica. Claro que alguns jogadores têm uma maiorcapacidade técnica que outros, mas não seria uma maior capacidade de variação dessas técnicas,uma maior capacidade de avaliar situações problemas e tomar rapidamente as decisões o que osdifere dos demais?Os esportes coletivos, tendo como características a cooperação e a oposição, ou seja, aminha ação depende da ação dos companheiros e dos adversários, leva o praticante, a todo omomento, a tomar decisões, em função dos companheiros e dos adversários (RIBAS, 2005).Portanto, o praticante de esportes coletivos deverá ler e interpretar as informações vinda de seuscompanheiros e adversários e, por outra via, emitir informações aos seus companheiros eadversários, porém, para os companheiros, informações claras e para os adversários, informaçõesobscuras.


39 OLIVEIRA, Jackson Lopes; BRAGA, Mariluci. A aplicabilidade da educação a distância nas aulaspráticas de esportes coletivos na graduação em Educação Física. Estácio de Sá – Ciências da Saúde.Revista da Faculdade Estácio de Sá. Goiânia SESES-Go. Vol. 02, nº 05, 28-44, Jan. 2011/Jun. 2011.________________________________________________________________________________Ao entender melhor a dinâmica das atividades, ficará mais fácil a transmissão deinformação pelo professor de EF. Ao mesmo tempo, os próprios alunos e/ou atletas poderão criar assuas formas de participação (RIBAS, 2005). Ou seja, o processo de ensino-aprendizagem poderá serconstruído com os próprios alunos. De acordo com o mesmo autor, nos esportes coletivos de formageral, a lógica interna da modalidade não é um conhecimento único do professor e, na medida dopossível, o aluno terá condições de compreender melhor essa lógica, participando diretamente naconstrução do conhecimento e ampliar o seu universo, entendendo e refletindo sobre o que acontecefora do esporte, mas que é inerente à modalidade, como problemas de violência no esporte, mídia,política, diferenças salariais entre jogadores, patrocinadores e o mundo de interesses que cercam ouniverso esportivo.A construção do conhecimento não se faz de forma isolada (KUNZ, 1999). Aparticipação ativa do discente é parte fundamental no seu próprio processo de formação e, atravésdesta interação com os docentes – que têm os seus saberes alicerçados pelo conhecimento científico– é possível alcançar uma educação de qualidade (CEZAR; OLIVEIRA, 2007).GRADUAÇÃO EM EDUCAÇÃO FÍSICA VS EDUCAÇÃO A DISTÂNCIARelata Neto (2005) que de acordo com a abordagem de Piaget, o ser humano constróiseu conhecimento e significados a partir das experiências e assimilação. “O indivíduo entendenovas experiências relacionando-as com as experiências anteriores” (NETO, 2005, p. 116). Ao sedefrontar com uma nova experiência, atual e esta não possuir relação com as experiências antigas,ocorre um desequilíbrio.A proposta pedagógica da graduação em Educação Física é clara no sentido de formareducadores físicos e não atletas de alto rendimento. A construção dos saberes se idealiza e seconcretiza no “aprender para ensinar”. E como já foi discutido anteriormente, são muitas asparticularidades inerentes ao esporte, especificamente o coletivo. A construção do conhecimento dograduando e também do próprio docente se dá através da interatividade, da troca de experiências eda própria vivência no momento da aprendizagem.Por outro lado, Geremias (2000, p. 13) afirmam que, “a EaD se apresenta na esferapedagógica como mais uma opção metodológica que, por ser relevante, merece nossa atenção”. E aEaD também apresenta as suas particularidades, dentre elas podemos destacar a que talvez seja amais evidente, que é a separação física entre o aluno e o professor, e entre os próprios alunos. Estespor sua vez, têm por característica o autodidatismo, a busca pela construção do seu próprioconhecimento.


40 OLIVEIRA, Jackson Lopes; BRAGA, Mariluci. A aplicabilidade da educação a distância nas aulaspráticas de esportes coletivos na graduação em Educação Física. Estácio de Sá – Ciências da Saúde.Revista da Faculdade Estácio de Sá. Goiânia SESES-Go. Vol. 02, nº 05, 28-44, Jan. 2011/Jun. 2011.________________________________________________________________________________Ao correlacionarmos essas duas vertentes, a graduação em EF e a EaD, dúvidas surgirão,pois cada uma delas possuem características bastantes específicas e que se contradizem em relaçãoà sua aplicabilidade. Como teríamos, por exemplo, o realismo das aulas práticas dos esportescoletivos, se na EaD o aluno não se faz presente?Podemos diante de tudo que foi aqui correlatado, entender que a EaD não é capaz degerar reações imprevistas e imediatas que para o ensino-aprendizagem dos esportes coletivos é desuma relevância. No EaD não tem como o professor perceber estas reações para que o mesmo possamudar sua metodologia de ensinar. Isso nos faz questionar: seria então a EAD eficaz para o ensinodos esportes coletivos nos cursos de Graduação em Educação Física?Santos; Rodrigues (1999) corroboram quando dizem que uma das principais diferençasda EaD em relação à educação presencial, é que o professor a distância, perde toda a percepção queele facilmente tem na aula presencial sobre o estado dos alunos se estão confusos, dispersos,frustrados, etc. E além disso ele tem condições de gerar situações de imprevisibilidade, presentes noesporte coletivo, para que os alunos coloquem em prática a tomada de decisão, questão presente atodo o momento nos esportes coletivos. Já o professor a distância pode nem sequer saber se osalunos estão presentes, dificultando assim uma avaliação fidedigna do processo ensinoaprendizagem das técnicas e táticas dos esportes coletivos.CONSI<strong>DE</strong>RAÇÕES FINAISSegundo Preti (1999) hoje, inegavelmente está comprovada a eficácia da EaD, o que nãoquer dizer que não cabe questionamentos e que a mesma deve sempre se aprimorar. Existemestudos que apontam os aspectos positivos e negativos da EaD, porém, é importante que entenda aEaD como uma ferramenta a mais no processo pedagógico, capaz de oferecer um serviço dequalidade, acesso ao ensino superior, além de se constituir como uma forma de democratização dosaber. De acordo com o autor, em alguns países a EaD já é reconhecida por suas qualidades, sendoconsiderada como a educação do futuro, de uma sociedade mediatizada pelos processosinformativos.De acordo com Geremias (2000), o processo pedagógico vem sofrendo alterações, poissão utilizados os recursos tecnológicos no auxílio à educação. E sempre que a tecnologia avança, oprocesso educacional se altera para acompanhar este avanço, o que obriga uma adequaçãotecnológica na educação.


41 OLIVEIRA, Jackson Lopes; BRAGA, Mariluci. A aplicabilidade da educação a distância nas aulaspráticas de esportes coletivos na graduação em Educação Física. Estácio de Sá – Ciências da Saúde.Revista da Faculdade Estácio de Sá. Goiânia SESES-Go. Vol. 02, nº 05, 28-44, Jan. 2011/Jun. 2011.________________________________________________________________________________Por outro lado, existe uma crescente demanda social e mercadológica de formaçãoprofissional, qualificação e especialização nos mais diversos segmentos. O que só faz aumentar aresponsabilidade dos governantes e das instituições de ensino em todos os níveis.Preti (1996) corrobora dizendo que com a crescente demanda por educação, em funçãode uma série de fatores, tais como: expansão populacional, luta das classes trabalhadoras poreducação, ao saber social e em paralelo, a evolução dos conhecimentos científicos e tecnológicos,estão exigindo mudanças no nível funcional e estrutural das escolas e universidades.Do ponto de vista econômico/financeiro ou mercadológico, a lei da procura e da ofertase aplica no estudo abordado, ou seja, existe uma crescente demanda por formação, qualificação eespecialização, e existe também, cada vez mais, a oferta por partes das instituições de ensino, quebuscam captar o maior número de alunos, oferecendo um ensino de qualidade. Do ponto de vistapedagógico e educacional, cabem algumas ressalvas. Aulas caracterizadas como práticas, que é ocaso das aulas de esportes coletivos na graduação em EF, são atendidas na sua plenitude pela EaD?Se na EaD os alunos não se fazem presentes, onde e como abordar a vivência prática que é partefundamental no processo de produção do conhecimento?A troca de experiência e a interatividade, mesmo que remotamente, acontecem, poisfazem parte do contexto da EaD, então nestes momentos o ocorre a produção do conhecimento, enão cabe questionamentos, mas e quanto aos momentos que exigem a aprendizagem da técnica e datática no esporte coletivo? Dando uma maior ênfase à questão tática, que sua aprendizagem seconcretiza nas tomadas de decisão.Fica então, como sugestão, pontos para serem abordados em futuros estudos nasquestões técnicas da EaD, o que ainda a tecnologia pode ofertar à EaD para contemplar estasquestões, por exemplo estudos sobre realidade virtual, se a mesma oferece recursos que possamrealmente aproximar da realidade, se financeiramente é viável uma proposta embasada nestatecnologia, tanto para as instituições quanto para os alunos.REFERÊNCIASALMEI<strong>DA</strong>, M. E. B. de. Educação a distância na internet: abordagens e contribuições dosambientes digitais de aprendizagem. Revista Educação e Pesquisa, São Paulo, v. 29, n. 2, p. 327-340. jul./dez. 2003. Disponível em: < http://www.scielo.br/pdf/ep/v29n2/a10v29n2.pdf >. Acessoem: 17 jun. 2008.


42 OLIVEIRA, Jackson Lopes; BRAGA, Mariluci. A aplicabilidade da educação a distância nas aulaspráticas de esportes coletivos na graduação em Educação Física. Estácio de Sá – Ciências da Saúde.Revista da Faculdade Estácio de Sá. Goiânia SESES-Go. Vol. 02, nº 05, 28-44, Jan. 2011/Jun. 2011.________________________________________________________________________________BETTI, M. Educação Física como prática científica e prática pedagógica: reflexões à luz dafilosofia da ciência. Revista Brasileira de Educação Física e Esporte, São Paulo, v.19, n.3, p. 183-197, jul./set. 2005. Disponível em: < http://www.usp.br/eef/rbefe/v19n32005/v19n3p183.pdf>.Acesso em: 16 jun. 2008.BOMPA, T. O. Treinando atletas de desporto coletivo. São Paulo: Phorte, 2005.CEZAR, C; OLIVEIRA, G. K. de. Processo ensino-aprendizagem de fisiologia do exercício nagraduação em Educação Física: análise de uma proposta metodológica. Revista Mackenzie deEducação Física e Esporte, São Paulo, v. 6, n. 2, p. 191-197, 2007. Disponívelem:. Acesso em: 17 jun. 2008.<strong>DA</strong>OLIO, J. A cultura da Educação Física escolar. Revista Virtual EFArtigos, Natal, v.2, n. 2. 2004.Disponível em: Acesso em: 17 jun. 2008.GEREMIAS, M. A. Trabalhando com educação a distância via internet: o caso da EducaçãoFísica. 2000. Dissertação (Mestrado em Engenharia de Produção) – PPGEPS da UFSC,Florianópolis, 2000.GHILARDI, R. Formação profissional em Educação Física: a relação teoria e prática. Revista deEducação Física Motriz, Rio Claro, v.4, n.1, jun.1998. Disponível em: . Acesso em: 16 jun. 2008.GIANI, P. As implicações da Educação Física no âmbito escolar. Revista Online Bibl. Prof. JoelMartins, Campinas, v.2, n.2, p.231-243, fev. 2001. Disponível em:. Acesso em: 16 jun. 2008.GONÇALVES, E. C. F.; SANTOS, A. E. O.; MARTINS JÚNIOR, J. A. Prática docente:dificuldades encontradas pelos professores de Educação Física nos cinco primeiros anos de atuaçãoprofissional. Revista O Mundo da Saúde. São Paulo, out./dez. 2007. Disponível em: . Acesso em: 16 jun. 2008.GONZALES, F. J. Periódicos eletrônicos: Sistema de classificação de esportes com base noscritérios: cooperação, interação com o adversário, ambiente, desempenho comparado e objetivostáticos da ação. Revista Digital, Buenos Aires, Año 10, n.71, abr. 2004. Disponível em: . Acesso em: 17 jun. 2008.GRECO, P. J. O ensino-aprendizagem-treinamento dos esportes coletivos: uma análise inter etransdisciplinar. In:______. Temas atuais VII. Belo Horizonte. MG: Healt, 2002. p. 53-78.GRECO, P. J._. Métodos de ensino-aprendizagem-treinamento nos jogos esportivos coletivos. In:GARCIA, Emerson Silami; LEMOS. Kátia Lucia Moreira. Educação Física e Esporte. BeloHorizonte: Saúde, 2001.GRECO, P. J. Sistematização do processo de ensino-aprendizagem-treinamento tático nos jogosesportivos coletivos. In: ______. Temas atuais em Educação Física e esportes II. Belo Horizonte:Health, 1997. p. 43-56.


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45 GONÇALVES, Maria do Céu Pereira; SILVA, Vernon Furtado da; PAULA, Andrea Rebeca Oliveira de.A importância do diagnóstico precoce das disfunções neuromotoras na recuperação motora em bebêsprematuros. Estácio de Sá – Ciências da Saúde. Revista da Faculdade Estácio de Sá. Goiânia SESES-Go.Vol. 02, nº 05, 45-57, Jan. 2011/Jun 2011._______________________________________________________________________________________A IMPORTÂNCIA DO DIAGNÓSTICO PRECOCE <strong>DA</strong>S DISFUNÇÕESNEUROMOTORAS NA RECUPERAÇÃO MOTORA EM BEBÊSPREMATUROSMaria do Céu Pereira Gonçalves 1 , Vernon Furtado da Silva 2 , Andrea Rebeca Oliveira de Paula 3Resumo:O presente estudo investigou os efeitos doprograma ISME na recuperação motora debebês prematuros portadores de disfunçõesneuromotoras, quando o diagnóstico érealizado precocemente, e comparar osresultados com os resultados de 2001.Participaram do estudo atual 182 pré-termosnascidos abaixo de 36 semanas, que aoexame neurocomportamental (com testagemvoltada para o tônus muscular emovimentação espontânea), apresentaramsinais de lesão do sistema nervoso centralincluindo: hipertonia, resistência àmovimentação passiva, sinal da rodadenteada e reflexos patológicos, todos comhistoria de síndrome hipóxico-isquêmica. Ospontos primordiais de análise foram: asidades de aquisição das etapasneuroevolutivas do desenvolvimento motor.O Programa foi implantado na UTIN logoapós identificação dos sinais sugestivos deParalisia Cerebral, e foi continuado noambulatório intervencional, até que os bebêsadquirissem a marcha ativa. Os dadosobtidos foram tratados através de estatísticadescritiva Os dados em termos percentuaisfinais foram de 173 pré-termos (95,1%)apresentando normalidade nas etapas dodesenvolvimento motor no período propostona escala de Denver II e, aos 12 meses deidade corrigida, apresentaram marcha ativaAbstract:The present study investigated the effects ofthe ISME program in neuromotorrehabilitation on the motor development ofpremature babies who underwent neuromotordysfunctions, when the diagnostic is realizedprecociously and to compare with the result ofanother study realized on the year 2001. Takepart of the present study 182 premature babieswith age under to 36 pregnant weeks and inthe Physical neurological exam, presentedsignals of the CNS lesion. The investigation(including muscle tonus, resistance to passivemovement, spontaneous movements andpathologic reflexes) showed hypertonicmusculature with resistance to passivemovement of all extremities, persistence ofprimitive reflexes, manifestation ofpathological tonic reflexes, lack of rightingand balance reactions, all of them with historyof hypoxic-ischemic syndrome. The primarypoints of analysis were: ages of acquisition ofneuroevolutive motor development steps. Theprogram was deployed in the NICU afteridentifying signs suggestive of Cerebral Palsy,and was continued in outpatientintervencional, until the babies got theactively gait. The data obtained were handledthrough descriptive statistics data inpercentage terms were 173 final pre-terms(95.1%) showing normality in steps of motordevelopment in the period proposed in Denver1Fisioterapeuta, Mestre em Ciência da Motricidade Humana, Especialista Neurofuncional, Especialista emPsicomotricidade, Instrutora do Conceito Bobath. Fundação Municipal de Petrópolis, Profª Depto. de Fisioterapia daUniversidade Estácio de Sá.2 Ph.D, Universidade Castelo Branco.3 Fisioterapeuta, Especialista Neurofuncional -RJ.


46 GONÇALVES, Maria do Céu Pereira; SILVA, Vernon Furtado da; PAULA, Andrea Rebeca Oliveira de.A importância do diagnóstico precoce das disfunções neuromotoras na recuperação motora em bebêsprematuros. Estácio de Sá – Ciências da Saúde. Revista da Faculdade Estácio de Sá. Goiânia SESES-Go.Vol. 02, nº 05, 45-57, Jan. 2011/Jun 2011._______________________________________________________________________________________com padrões de postura estática e dinâmicadentro da referencia normal, além dapresença normal do mecanismo reflexopostural (reajuste automático). E 9 prétermos(4,9%) mantiveram persistência dossinais patológicos não adquirindo as etapasneuroevolutivas. Estes percentuais quandocomparados aos resultados encontrados notrabalho realizado no ano de 2001, ondeparticiparam 69 pré-termos, sendo que 66bebês (95,6%) apresentaram normalidaderelativamente às etapas neuroevolutivas dodesenvolvimento motor em bebês prematurosportadores de disfunções neuromotoras, esomente 3 pré-termos (4,4%) apresentarampersistência dos padrões patológicos. Estesdados nos permitem concluir que o programaISME se mostra eficaz na recuperaçãomotora de prematuros portadores dedisfunções neuromotoras desde que odiagnóstico seja realizado precocemente.Palavras-Chave:Intervenção Sensório-Motora Essencial;Intervenção Neonatal; DisfunçõesNeuromotoras; Desenvolvimento Motor;Diagnóstico Precoce; Prematuridade.II and scale, to 12 months of corrected age,submitted gait activates with patterns of staticand dynamic posture within the normalreference, with normal postural reflexmechanism (automatic adjustment). And 9pre-terms (4.9%) continued persistence ofpathological signs not acquiring stepsneuroevolutivas. These percentage whencompared to the results found in the workcarried out in 2001, attended by 69 pre-terms,with 66 babies (95.6%) showed respectnormality neuroevolutivas steps of motordevelopment in premature babiesneuromotoras dysfunctions and only 3 preterms(4.4%) showed persistence ofpathological patterns. These data allow us toconclude that the ISME program proveseffective in recovery premature bearing motordysfunctions neuromotoras since the diagnosisis carried out prematurely.Key-Words:Prematurity, Hipoxic-Ischemic Syndrome,NICU Interventions, Early InterventionProgram, Sensory-Motor Development, Ageapropriate to Intervention, NeuromotorDevelopment Stages, Early Diagnosis;ISME.INTRODUÇÃOO desenvolvimento motor normal é constituído pela aquisição das etapasneuroevolutivas, os marcos motores (controle de cabeça, sentar, engatinhar, levantar-se e andar).Este aprendizado se processa através da formação de esquemas motores e engramas sensoriais 1 ,possibilitados pela maturação do cérebro intacto; pela interação com o meio; pelo estadomotivacional e pelas habilidades cognitivas 2 .Na presença de lesão do Sistema Nervoso Central (S.N.C.), devido ao quantitativo deáreas associadas à motricidade, no cérebro, quase sempre uma lesão cerebral, tende a interferirnegativamente no desempenho motor do indivíduo 3,4,5,6,7,8,9,10,11 e nos bebês prematuros, interfere nodesenvolvimento neuro-psico-motor levando ao aparecimento de disfunções neuromotoras.A literatura afirma que os bebês que nascem prematuramente são mais susceptíveis aslesões do SNC devido à imaturidade do sistema nervoso central e a fragilidade da rede vascular


47 GONÇALVES, Maria do Céu Pereira; SILVA, Vernon Furtado da; PAULA, Andrea Rebeca Oliveira de.A importância do diagnóstico precoce das disfunções neuromotoras na recuperação motora em bebêsprematuros. Estácio de Sá – Ciências da Saúde. Revista da Faculdade Estácio de Sá. Goiânia SESES-Go.Vol. 02, nº 05, 45-57, Jan. 2011/Jun 2011._______________________________________________________________________________________cerebral. Atualmente observa-se que esta população vem aumentando devido aos grandes avançosda alta tecnologia das Unidades de Terapia Intensiva – UTIs neonatais, tanto em termos deaparelhos e medicamentos, quanto em melhor capacitação dos profissionais cada vez maisespecializados, possibilitando, assim a preservação da vida do pré-termo de risco 12,13 .Entretanto, esta condição aumenta também assim o numero de bebês de alto risco quesofreram a síndrome hipóxico-isquêmica. A aproximadamente de 25% a 30% dos prematuros dealto risco desenvolvem alguma forma de disfunções neuromotoras nos primeiros meses de vida 14,15 .Frente a esta situação, e em função da grande importância do diagnóstico precoce, váriosprotocolos de avaliação foram criados, dentre eles: Brazelton 16 ; Amiel Tison 17 , Dubowitz eDubowitz 7 , Gonçalves 18 . Assim como, várias propostas de intervenção motora foram implantadas,com o objetivo de minimizar e/ou prevenir a instalação indevida de padrões motores, os protocolosapresentaram resultados significativos 19,20,21,14,22 . Porém nenhum destes programas intervencionaispropôs a intervenção sensório-motora na forma de exercícios, requisitando do recém-natoprematuro respostas corporais ativas.O programa de Intervenção Sensório-Motora Essencial (ISME) 13 propõem que aintervenção seja iniciada antes que o bebê experimente e automatize os movimentos patológicos,para que este possibilite a aquisição das etapas neuroevolutivas que constituem o desenvolvimentomotor normal, em prematuros portadores de disfunções neuromotoras decorrentes da ParalisiaCerebral, obtive resultado altamente significativo quanto a aquisição das etapas neuroevolutivas.Onde 95,6% dos bebês tratados pelo programa ISME apresentou marcha independente com padrõesde movimentos estáticos e dinâmicos dentro da normalidade e somente 4,4% mantiveram apersistência dos padrões patológicos. Frente a estes resultados, entende-se, ser de fundamentalimportância reavaliar os resultados do obtidos pelo programa ISME em outro período paradeterminar a eficácia do programa.MATERIAIS E MÉTODOSA população deste estudo foi composta de bebês prematuros que necessitaram decuidados especiais, tendo que permanecer na UTI neonatal do Hospital Alcides Carneiro doMunicípio de Petrópolis. Foi realizada uma amostra ocasional, composta de 348 bebês pré-termos,nascidos abaixo de 36 semanas, que no período neonatal apresentaram sinais positivos da síndromehipóxico-isquêmica, no exame neurocomportamental, foram encontrados sinais de lesão do sistemanervoso central tais como: hipertonia, resistência à movimentação passiva, sinal da roda denteada,


48 GONÇALVES, Maria do Céu Pereira; SILVA, Vernon Furtado da; PAULA, Andrea Rebeca Oliveira de.A importância do diagnóstico precoce das disfunções neuromotoras na recuperação motora em bebêsprematuros. Estácio de Sá – Ciências da Saúde. Revista da Faculdade Estácio de Sá. Goiânia SESES-Go.Vol. 02, nº 05, 45-57, Jan. 2011/Jun 2011._______________________________________________________________________________________reflexos patológicos, ausência ou alteração dos reflexos primitivos e das reações de endireitamentonormais à idade, desorganização comportamental e irritabilidade. O critério de exclusão utilizadoneste estudo foi não apresentar sinais de lesão do SNC e a não assiduidade ao programa e o nãoseguimento da rotina quanto as orientações do programa ISME no período de Julho/2000 aJunho/2005.INSTRUMENTOS <strong>DE</strong> AVALIAÇÃOESCALA <strong>DE</strong> SINAIS NEUROLÓGICOS <strong>DE</strong> DUBOWITZ E COLS. (1970) 23Este protocolo é consistido de 10 itens: Observação da postura em supino;Verificação da extensibilidade do punho (nesta pesquisa foi utilizada a verificação daextensibilidade da flexão dorsal do punho); Dorsiflexão do pé; Retorno da flexão do braço; Retornoda flexão da perna; Ângulo poplíteo; Calcanhar-orelha; Sinal do cachecol; Sentado observar aqueda da cabeça; A suspensão ventral foi substituída pela observação da reação labiríntica deretificação na postura em prono.TESTE <strong>DE</strong> TÔNUS POSTURAL DO CONCEITO BOBATH 24Trata-se de um teste de alta validação (validação lógica) editada por Berta Bobathdesde os anos 50 e ainda preconizado em todos os cursos de aperfeiçoamento do ConceitoNeuroevolutivo (com reconhecimento mundial), sendo utilizado nos cinco continentes comoinstrumento de avaliação de tônus postural por todos os terapeutas do conceito neuro-evolutivo.Este teste permite a identificação do tipo de tônus muscular, pela avaliação das adaptações dosmúsculos “variando as atitudes”, pelos padrões posturais normais impostos nos músculos. BertaBobath (1986) preconizava que o tipo tônus muscular deve ser avaliado através de padrões posturaise não pelo teste da resistência do músculo ao estiramento. Pode-se encontrar: a) se a atividadereflexa postural é normal, rápida e imediato ajuste do músculo para as mudanças posturais; b) se aespasticidade e rigidez estão presentes, resistência às mudanças de postura e atraso no ajuste dasreações; c) se a atetose está presente, intermitente resistência dos músculos para mudanças


49 GONÇALVES, Maria do Céu Pereira; SILVA, Vernon Furtado da; PAULA, Andrea Rebeca Oliveira de.A importância do diagnóstico precoce das disfunções neuromotoras na recuperação motora em bebêsprematuros. Estácio de Sá – Ciências da Saúde. Revista da Faculdade Estácio de Sá. Goiânia SESES-Go.Vol. 02, nº 05, 45-57, Jan. 2011/Jun 2011._______________________________________________________________________________________posturais, alternando com completa ausência de resistência; d) se a flacidez está presente, falta deresistência e hiperextensibilidade das articulações nas mudanças dos padrões posturais. Entretanto,este teste pode ser executado e analisado em concomitância com o teste dos sinais neurológicos deDubowitz 23 .TABELA <strong>DA</strong>S REAÇÕES DO <strong>DE</strong>SENVOLVIMENTOEsta tabela referencial foi elaborada pelos autores: André-Thomas, Dargassies,Illingworth e Minkowski. Mais de 70 reflexos primitivos já foram detectados no período neonatal 25 .Porém foram selecionados, os mais significativos em termos de ontogênese da motricidade. Taiscomo: moro; galant; reflexo tônico cervical assimétrico; reação positiva de suporte; marchaautomática; preensão palmar e plantar; reação cervical de retificação; reação corporal de retificação;reação labiríntica de retificação; landau; reação de extensão protetora dos braços para frente, para oslados e para trás; reação de colocação dos braços e das pernas; astasia; sucção. Esta tabela temvalidade lógica sendo utilizado, como instrumento de avaliação por todos os profissionaisdesenvolvimentistas.ESCALA EVOLUTIVA DO <strong>DE</strong>SENVOLVIMENTO MOTOR <strong>DE</strong> <strong>DE</strong>NVER IIEsta escala foi revista por Frankenburg e Dodds 26 , em 1992, tendo sido utilizadosomente o protocolo do desenvolvimento motor, (assunto pertinente da pesquisa). Esta tabelapreconiza que o bebê deve apresentar as etapas neuroevolutivas do desenvolvimento motor nosreferidos períodos: controle da cabeça entre o 3º/5º mês; sentar sem apoio entre o 6º/9º mês;engatinhar entre o 8º/11º mês e andar sozinho entre o 12º/14º mês. Esta escala obteve validade porcritério, com índice de 0.99 27 .


50 GONÇALVES, Maria do Céu Pereira; SILVA, Vernon Furtado da; PAULA, Andrea Rebeca Oliveira de.A importância do diagnóstico precoce das disfunções neuromotoras na recuperação motora em bebêsprematuros. Estácio de Sá – Ciências da Saúde. Revista da Faculdade Estácio de Sá. Goiânia SESES-Go.Vol. 02, nº 05, 45-57, Jan. 2011/Jun 2011._______________________________________________________________________________________PROCEDIMENTOS <strong>DE</strong> DIAGNOSEFoi aplicado o teste dos sinais neurológicos de Dubowitz 23 na UTI neonatal, teste detônus postural (Bobath), pesquisa dos reflexos primitivos, analise da tabela do Ballard para indicar aidade cronológica do pré-termo e as condições de nascimento através do Apgar. Selecionando osrecém-natos prematuros que apresentavam os sinais positivos sugestivos da disfunção neuromotora.PROCEDIMENTO <strong>DE</strong> INTERVENÇÃOO programa ISME foi iniciado na UTIN intermediaria, depois no alojamento (maternoinfantil) sendo feito 2 sessões semanais com duração de vinte minutos, respeitando o estado geraldo recém-nato principalmente os estados da consciência 28 e monitorando o bebê pela abordagemsíncrono-ativa 29 .Após a alta hospitalar, no 1º mês de tratamento ambulatorial foi feito 1 sessão semanal, ea partir do 2º mês foram feitas duas sessões semanais. As sessões intervencionais até os 6 meses deidade corrigida tiveram o tempo de duração de 30 minutos, onde, o principal objetivo foi anormalização do tônus e a entrada das reações automáticas. Após os 6 meses tiveram a duração emmedia de 40 minutos, o atendimento foi realizado em conjunto com outros educadores, cada qualcom um bebê, onde as idades variaram de 6 a 12 meses; nesta fase se estabelece o processointervencional, objetivando o ganho das etapas do desenvolvimento motor, inerentes a idadecorrigida do bebê. O educador exerceu dois papeis fundamentais: de facilitador do movimentopropriamente dito, e facilitador da interação do bebê com o objeto, com o outro, e com o meio,sendo por tanto assim, facilitador da motricidade. Estes prematuros após receberem alta fisioterapiapor volta de 13 meses de idade corrigida, foram mantidos em follow-up com re-testagem aos 18meses, aos 2 anos, aos 3 anos, para controle dos padrões motores. O follow-up será mantido até os 7anos de idade.PROCEDIMENTO DO PROGRAMA ISMEEste instrumento de intervenção é um programa de Exercícios Sensório-MotoresEssenciais, que pode ser aplicado a partir da 33ª semana de idade gestacional se o bebê estiverclinicamente estável. O programa ISME é fundamentado e teorizado a partir dos fundamentos da


51 GONÇALVES, Maria do Céu Pereira; SILVA, Vernon Furtado da; PAULA, Andrea Rebeca Oliveira de.A importância do diagnóstico precoce das disfunções neuromotoras na recuperação motora em bebêsprematuros. Estácio de Sá – Ciências da Saúde. Revista da Faculdade Estácio de Sá. Goiânia SESES-Go.Vol. 02, nº 05, 45-57, Jan. 2011/Jun 2011._______________________________________________________________________________________neuroplasticidade humana, no Conceito Bobath, na osteopatia, com abordagem psicomotora, onde aMOTIVAÇÃO e a INTERAÇÃO têm que estar presentes.Tem como principais objetivos: a) Facilitar a entrada das reações automáticas, inibindosimultaneamente os padrões motores patológicos; b) Promover a entrada da aquisição das etapasneuroevolutivas e a integração dos reflexos primitivos; c) Promover a formação e a experimentaçãode programas motores normais (plasticidade neuronal); d) Promover tônus adequado para otimizar afunção respiratória (principalmente na fase neonatal).TRATAMENTO ESTATÍSTICOPara responder as questões instituídas na presente pesquisa, os dados utilizados foramtratados através de estatística descritiva.RESULTADOSOs resultados obtidos estão demonstrados na (Fig.1 e 2) e nas figuras com a plotagemreferida ao desfecho dos resultados da pesquisa.350348300250200150100182142502130Iniciaram oprotocoloCumpriram oprotocoloAbandono deprotocoloEncaminhados aoutras clinicasÓbitosFigura 1 – Apresentação do quantitativo da população estudada quanto ao desfecho dos mesmos em relação a aderênciaou não ao protocolo de tratamento fisioterapêutico.


52 GONÇALVES, Maria do Céu Pereira; SILVA, Vernon Furtado da; PAULA, Andrea Rebeca Oliveira de.A importância do diagnóstico precoce das disfunções neuromotoras na recuperação motora em bebêsprematuros. Estácio de Sá – Ciências da Saúde. Revista da Faculdade Estácio de Sá. Goiânia SESES-Go.Vol. 02, nº 05, 45-57, Jan. 2011/Jun 2011._______________________________________________________________________________________No período estudado deram entrada no ambulatório de fisioterapia pediátrica 348 bebêsencaminhados pelo hospital Alcides Carneiro, ainda no primeiro mês após a alta hospitalar. Destes182 bebês cumpriram com toda a rotina do programa ISME, com assiduidade e seguindo todas asorientações do programa. Um grupo de 142 bebês abandonaram o tratamento, 21 bebês foramencaminhados a outras clínicas e 3 bebês foram a óbito durante o período estudado (Fig.1).4,9%Instalação dodesenvolvimentomotor normalPersistência depadrões motorespatológicos95,1%Figura 2 – Resultados obtidos com a implantação do Programa ISME, na recuperação motora de prematuros portadoresde disfunções neuromotoras diagnosticadas precocemente.Em relação aos resultados relativos ao desfecho do grupo de bebês que cumpriram todasas normas do programa ISME, estes dados serão apresentados em termos percentuais finais. Dos182 bebês que cumpriram o protocolo, 173 pré-termos (95.1%) apresentaram normalidade nasetapas do desenvolvimento motor no período proposto na escala de Denver II e, aos 12 meses deidade corrigida, adquiriram marcha independente com os padrões motores dentre da normalidade.Esta normalidade foi demonstrada através da presença de padrões de postura estática e dinâmicadentro da referência normal, além de presença normal do mecanismo de reflexo postural(mecanismo de reajuste automático). Do grupo que aderiu totalmente o programa, somente 9 prétermos(4.9%) não revelaram os padrões motores dentro da normalidade, observando-sepersistência dos padrões motores patológicos e dos reflexos e reações primitivas (Fig. 2).Para uma melhor visualização da comparação dos resultados obtidos nos dois períodosdo estudo, estes serão apresentados na tabela 1.


53 GONÇALVES, Maria do Céu Pereira; SILVA, Vernon Furtado da; PAULA, Andrea Rebeca Oliveira de.A importância do diagnóstico precoce das disfunções neuromotoras na recuperação motora em bebêsprematuros. Estácio de Sá – Ciências da Saúde. Revista da Faculdade Estácio de Sá. Goiânia SESES-Go.Vol. 02, nº 05, 45-57, Jan. 2011/Jun 2011._______________________________________________________________________________________Tabela 1: Distribuição por percentual dos resultados do programa ISME obtidos em períodos distintos.Períodos do estudoJunho/1995-junho/2000N / %Julho/2000-junho/2005N / %Iniciaram protocolo 110 (100%) 348 (100%)Cumpriram o protocolo 69 (72.72%) 182 (52.3%)Abandonaram 41 (27.28%) 142 (40.8%)Encaminhados a outras Clinicas 0 21 (6.04%)Óbitos 0 3 (0.86%)Recuperação total dos padrões motores 66 (95.6%) 173 (95.1%)Persistência dos padrões patológicos 3 (4.4%) 9 (4.9%)DISCUSSÃOEm primeira instância, convém observar o quantitativo de entrada e saída do programade intervenção usado no estudo (implantado no sistema único de saúde no município de Petrópolis,desde 1995), o que demonstra uma satisfatória permanência dos prematuros dela participantes,conforme pode se observar na figura 1.Diante os resultados encontrados neste estudo, comparando-os com os resultados dosestudos realizados por Gonçalves & Silva (2001), onde participaram 69 pré-termos, sendo que 66bebês (95,6%) apresentaram normalidade relativamente às etapas neuroevolutivas dodesenvolvimento motor em bebês prematuros portadores de disfunções neuromotoras, e somente 3pré-termos (4,4%) apresentaram persistência dos padrões patológicos, estes apresentavam alem daparalisia cerebral distúrbios associados tais como: malformação do tipo de microcefalia; atrofia doslóbulos frontais; do corpo caloso; epilepsia de difícil controle; déficit cognitivo e/ou visual; ou aassociação de vários deles. Estes sinais também estavam presentes nos bebês do presente estudo quenão recuperaram os padrões motores e mantiveram os padrões de movimento patológicos.Em outro estudo realizado por Gonçalves & Silva 30 , no qual foram excluídos os bebêsque apresentavam problemas associados a disfunção neuromotora, 100% dos bebês que tiveram odiagnóstico realizado precocemente e iniciaram o tratamento interventivo imediatamente desde aUTIN, apresentaram recuperação total das disfunções neuromotoras, os quais receberam altafisioterápica aos 13 meses de idade corrigida.Observa-se que os resultados obtidos se mostram altamente significativos, visto que emtodos os trabalhos realizados pela autora os bebês que tiveram o diagnóstico das disfunções


54 GONÇALVES, Maria do Céu Pereira; SILVA, Vernon Furtado da; PAULA, Andrea Rebeca Oliveira de.A importância do diagnóstico precoce das disfunções neuromotoras na recuperação motora em bebêsprematuros. Estácio de Sá – Ciências da Saúde. Revista da Faculdade Estácio de Sá. Goiânia SESES-Go.Vol. 02, nº 05, 45-57, Jan. 2011/Jun 2011._______________________________________________________________________________________neuromotoras realizado precocemente e iniciaram o programa ISME ainda dentro da UTIN,apresentaram recuperação total dos distúrbios motores com percentuais acima de 95% dos casos.Não tendo sido encontrado na literatura dados tão significativos de ganhos obtidos com esteobjetivo.Pode-se observar que o numero de bebês do presente estudo aumentousignificativamente quando comparado com o estudo realizado pela autora em 2001, isto se deu aofato do aumento do numero de vagas na UTI neonatal do Município de Petrópolis. Importanteressaltar que mesmo com o aumento significativo de bebês, o percentual de recuperação total dospadrões motores foi praticamente o mesmo, tendo um declínio 0.4%, caindo de 95.6% para 95.1%.CONCLUSÃOCom base nos resultados mostrados neste estudo pode-se concluir que houve grandesignificância na obtenção da reabilitação total dos padrões motores nos pré-termos que tiveram oSNC lesado no período pré-natal ou neonatal. Que conseguiram adquirir as etapas neuroevolutivasnecessárias ao desenvolvimento motor, quando a implantação do programa ISME foi iniciada, já naUTI neonatal. Desde que os pré-termos não apresentem associada à síndrome hipóxico-isquêmica,déficit cognitivo, microcefalia frontal, epilepsia fora de controle, outras síndromes, descontinuidadeno tratamento, e o diagnóstico tenha sido realizado precocemente.Em função de o programa ISME preconizar a intervenção imediata, desde a UTIneonatal é possível promover a integração dos reflexos primitivos, a inibição total da espasticidadee dos reflexos patológicos, permitindo assim o aprendizado das etapas do desenvolvimento motor.Ao contrário do que se preconiza na reabilitação pediátrica, a qual propõe o inicio da intervenção apartir do 3º ou 4º mês de vida, alegando que o tratamento fisioterapeutico antes deste período possaser agressivo ao SNC, fato este não observado nas pesquisas realizadas pela autora.Entretanto, também se pode concluir que a presença de problemas associados aosdistúrbios neuromotores, que envolvam os estados da motivação, cognição e epilepsia fora decontrole, ser de caráter incisivo para o não sucesso do programa ISME quanto ao ganho daaquisição das etapas do desenvolvimento motor normal.Acreditamos que como o programa ISME teve início antes do bebê atingir 40 semanasde idade gestacional, isto sugere que realmente pode e deve-se intervir desde o nascimento, tãoimediato quanto à identificação dos sinais neurológicos. Isto sugere também, que a plasticidadeneuronal do bebê é muito rica com relação à possibilidade da ampliação das árvores dendríticas, e


55 GONÇALVES, Maria do Céu Pereira; SILVA, Vernon Furtado da; PAULA, Andrea Rebeca Oliveira de.A importância do diagnóstico precoce das disfunções neuromotoras na recuperação motora em bebêsprematuros. Estácio de Sá – Ciências da Saúde. Revista da Faculdade Estácio de Sá. Goiânia SESES-Go.Vol. 02, nº 05, 45-57, Jan. 2011/Jun 2011._______________________________________________________________________________________que a eficiência deste trabalho tenha sido possível porque nesta fase de vida, em que preconizamoso inicio do programa ISME o organismo neuromotor ainda não experimentou o movimentopatológico, não criando assim o esquema motor deste movimento. E que, através da ampliação daarborização dendríticas, que é estimulada através dos exercícios sensório-motores essenciais, cria-seentão novos esquemas motores promovendo o desenvolvimento das etapas motoras.Utilizando-se também como base os resultados mostrados nestes estudos, pode-seconcluir que a intervenção imediata pelo programa ISME promove a recuperação total dos padrõesmotores associados aos atos de controle de cabeça, sentar, engatinhar e andar dos pré-termosparticipantes destes trabalhos, que tiveram o SNC lesado no período pré-natal ou neonatal. Estesconseguiram adquirir as etapas neuro-evolutivas necessárias ao desenvolvimento motor, desde queos pré-termos não apresentem associada à síndrome hipóxico-isquêmica, déficit cognitivo,microcefalia frontal, epilepsia fora de controle e outras síndromes, ou tivessem seus diagnósticosrealizados tardiamente.Com a implantação do programa ISME desde a UTI neonatal, e o diagnóstico realizadoprecocemente foram otimizadas condições junto a integração dos reflexos primitivos, inibição totalda espasticidade e dos reflexos patológicos, permitindo assim o aprendizado de novos programasmotores necessários para a aquisição das etapas do desenvolvimento motor.De acordo com a literatura utilizada, o modelo de intervenção imediata ainda não tinhasido experimentado por outros pesquisadores, embora exista uma vasta literatura abordando o temade intervenção precoce nas UTI neonatais, nenhuma delas ousou em propor uma terapia, na qual orecém-nato pré-termo tivesse que responder com respostas ativas aos programas intervencionais. Oprograma proposto ISME preocupa-se de forma intensiva para que estes bebês não atingissemnenhuma forma de estresse.Quanto ao período de quatorze meses de intervenção mostrou-se suficiente para todos osbebês que participaram dos estudos, para que atingissem todas as etapas do desenvolvimento motorno período propício, proposto na grande maioria de tabelas de desenvolvimento motor normal, coma instalação de todas as reações e reflexos normais à idade corrigida, e por volta do 13º mês deidade corrigida, apresentando uso funcional dos braços, com execução de todas as mudanças depostura ativamente (como: passar para sentado, para gatas, engatinhar, passar para de pé, ficar de pée andar), assim como a normalização dos padrões de movimento na situação estática e dinâmica,com a manifestação do mecanismo de reajuste postural automático.Os resultados encontrados comparados a Escala de Denver II, relativos aodesenvolvimento motor, sugerem que de fato o cérebro lesado também é capaz de aprender, novos


56 GONÇALVES, Maria do Céu Pereira; SILVA, Vernon Furtado da; PAULA, Andrea Rebeca Oliveira de.A importância do diagnóstico precoce das disfunções neuromotoras na recuperação motora em bebêsprematuros. Estácio de Sá – Ciências da Saúde. Revista da Faculdade Estácio de Sá. Goiânia SESES-Go.Vol. 02, nº 05, 45-57, Jan. 2011/Jun 2011._______________________________________________________________________________________programas motores, uma vez que não tenha automatizado o padrão patológico, confirmando assim,a capacidade de reorganização neural progressiva e extensiva o suficiente para “normatizar” ocompêndio operacional da funcionalidade neuromotora, através da ampliação da arborizaçãodendrítica, possibilitada pela plasticidade neuronal.REFERÊNCIAS1. SCHMIDT RA. Motor Control and Learning: A Behavior Emphasis. Illinois, Human KinesisPublishers, Inc. Champaign, 1982.2. FONSECA V. Aprender a Aprender: A Educabilidade Cognitiva. Porto Alegre. ArtMed, 1998.3. BOBATH B. Abnormal Postural Reflex Activity: Caused by Brain Lesions, 3 rd Edition.London: Willian Heinemann, 1985.4. BLY L. Motor Skills. Acquisition in the First Year. Arizona: Ed. Therapy Skill Builders, 1994.5. BURNS YR, MacDonald J. Fisioterapia e Crescimento na Infância. São Paulo: Ed. Santos,1999.6. CORIAT LF. Maturação Psicomotora no Primeiro Ano de Vida da Criança. Cortez e MoraesLtda., 1977.7. DUBOWITZ L, DUBOWITZ V. The Neurological Assessment of the Preterm and Full-termNewborn Infant. Philadelphia: Lippincott, 1981.8. FERRARETO I & SOUZA AMC. Paralisia Cerebral: Aspectos Práticos. São Paulo: Memnon,1998.9. NEWCOMBE N. Desenvolvimento Infantil: Abordagem de Mussen. 8 a ed. Porto alegre: Artmed,1999.10. SHEPHED RB. Fisioterapia em Pediatria. 3ª ed. Livraria Santos, 1995.11. FLEHMIG I. Desenvolvimento Normal e seus Desvios no Lactente: Diagnóstico e tratamentoprecoce do nascimento até o 18º mês. São Paulo: Livraria Atheneu, 1987.12. WAJNSZTEIJN R. Prevenção na UTI neonatal. Artigo apresentado no.XV Congresso deNeurologia e Psiquiatria Infantil – Diagnósticos Novas Terapêuticas E Novos Paradigmas. Riode Janeiro: ABENEPI, 1999.13. GONÇALVES, & SILVA VF. A Influência da Intervenção Sensório-Motora Essencial noDesenvolvimento Motor em Bebês Prematuros Portadores de Disfunções Neuromotoras. XXIVSimpósio Internacional de Ciência do Esporte: Vida Ativa para o Novo Milênio, São Paulo,2001.14. GIROLAMI GL & CAMPBELL SK. Efficacy of a Neuro-Developmental Treatment Program toImprove Motor Control in Infants Born Prematuraly. Illinois: Pediatric Physical Therapy;1994;6:175-184.15. GHERPELLI JLD. Congresso Brasileiro de Fonoaudiologia Neonatal e JornadaMultidisciplinar de UTI Neonatal e Pediatria-São Paulo, 2003.16. BRASELTON TB. Neonatal Behavioral Assessment Scale. Clinics in Developmental Medicine.Philadelphia: JB Lippincott; 1973 – 1984.


57 GONÇALVES, Maria do Céu Pereira; SILVA, Vernon Furtado da; PAULA, Andrea Rebeca Oliveira de.A importância do diagnóstico precoce das disfunções neuromotoras na recuperação motora em bebêsprematuros. Estácio de Sá – Ciências da Saúde. Revista da Faculdade Estácio de Sá. Goiânia SESES-Go.Vol. 02, nº 05, 45-57, Jan. 2011/Jun 2011._______________________________________________________________________________________17. AMIEL-TISON C. Neurological evaluation of the maturity of newborn infants. Arch. Dis. Child.1986;43:89-93.18. GONÇALVES Céu MP. Practicality and Effectiveness of the Physical Examination Protocol forNeonatal Neuromotor Scanning. Fiep Bulletin. Special Edition-Article-II. 2010;80:431-435.19. ACHENBACH TM, HOWELL CT, AOKI MF, RAUH VA. Nine-Year Outcome of the VermontIntervention Program for Low Birth Weight Infants. American Academy of Pediatrics,Pediatrics. !993;91:45-55.20. GUSMAN S & MEYERHOF PG. Intervenção precoce em prematuros e Neonatos de AltoRisco: Neonatologia Clínica e cirúrgica, RJ Ed. Atheneu, 1986.21. MEYERHOF PG. O neonato de risco: proposta de intervenção no ambiente e nodesenvolvimento. In: Kudo, A. M. et al. – Fisioterapia, fonoaudiologia e terapia ocupacional empediatria. São Paulo, Sarvier, 1994.22. MEYERHOF PG & PRADO TAF. Intervenção precoce na Paralisia Cerebral. São Paulo,Memnon, 1998.23. DUBOWITZ L & others. Clinical Assessment of gestational age in the newborn infant, JPediatrics; 1970;77:1.24. BOBATH B & K BOBATH. Students Papers, of the Bobath Course, London, England, 1986.25. FONSECA V. Da Filogênese a Ontogênese da Motricidade: Porto Alegre, Artes Medica, 1988.26. FRANKENBURG W K, DODDS JB, ARCHER P, et al. The Denver II: A major revision andrestandardization of the Denver Developmental Screening Test. Pedriatrics.1992; 98:1.27. TECKLIN JS. Fisioterapia Pediátrica. 3 ed. Porto Alegre: Artmed, 2002.28. KLAUS MH & KLAUS PH. O Surpreendente Recém nascido. Porto Alegre, Artes Medica,1989.29. ALS H., et al. Individualized behavioral and environmental care for the very low birth weightpreterm infant at high risk for bronchopulmonary dysplasia: Neonatal intensive care unit anddevelopmental outcome. Pediatrics; 1986; 78: 1123-1128.30. GONÇALVES Céu & SILVA VF. (2002). Prática Sensório-Motriz Construtiva: Efeitos noDesenvolvimento de Prematuros com Disfunções Neuromotoras. Revista Fisioterapia Brasil;2002;3(5):319-326.


58 GONÇALVES, Maria do Céu Pereira; SIMÕES, Pamela Paiva Gouveia; VIEIRA, Elisangela Teixeira.Influências do meio socioeconômico e familiar como fator de risco do atraso no desenvolvimentopsicomotor: estudo piloto. Estácio de Sá – Ciências da Saúde. Revista da Faculdade Estácio de Sá.Goiânia SESES-Go. Vol. 02, nº 05, 58-68, Jan. 2011/Jun 2011._______________________________________________________________________________________INFLUÊNCIAS DO MEIO SOCIOECONÔMICO E FAMILIAR COMOFATOR <strong>DE</strong> RISCO DO ATRASO NO <strong>DE</strong>SENVOLVIMENTOPSICOMOTOR: ESTUDO PILOTOMaria do Céu Pereira Gonçalves, Pamela Paiva Gouveia Simões, Elisangela Teixeira Vieira 1 .Resumo:Observa-se grande demanda de crianças comatraso no desenvolvimento psicomotor semjustificativa neurológica. A profissão,escolaridade materna, renda baixa,estimulação inadequada são fatores quepodem levar ao atraso psicomotor. Porém,um só fator não seria causa do atraso. Quantomais precoce forem realizados o diagnósticoe a intervenção, menor será o impacto navida dessas crianças. Objetivo: Identificarpossíveis causas do atraso nodesenvolvimento psicomotor em crianças nãoneuropatas. Metodologia: Foram estudadas12 crianças não neuropatas, sem síndromes,com idades entre seis meses e três anos,nascidos acima de 37 semanas gestacionais ecom atraso no desenvolvimento psicomotor.Todas incluídas no Projeto de EstimulaçãoPsicomotora da UNESA em Petrópolis-RJ dejaneiro a outubro de 2007. Para a coleta dedados, foi elaborado um questionáriocontendo os dados da criança e dos pais, arenda familiar e a vida familiar, escolar eafetiva da criança. Resultados: A maioria dospais apresentou nível de escolaridade baixo,tendo os pais nível de escolaridade menor(50% cursaram até a 5ª série) do que as mães(42% cursaram 6ª à 8ª série). A maioria dospais encontra-se trabalhando informalmente(58%) e a maioria das mães não trabalha(75%), sendo a mãe o indivíduo que exercemaior influência na vida da criança.Nenhuma criança freqüenta creche oucolégio. A maioria das crianças (51%) dormeAbstract:There is great demand for kids with delay inpsychomotor development withoutneurological justification. The profession,maternal schooling, low-income, inadequatestimulation are factors that can lead topsychomotor retardation. However, onefactor would not be cause for the delay.How much more are conducted earlydiagnosis and intervention, the less impacton the lives of these children. Goal: identifypossible causes of delay in psychomotordevelopment in children without neurologicsigns. Methodology: 12 children werestudied, without syndromes and neurologicinjuries, aged between six months and threeyears, born above 37 weeks of gestation andwith delay in psychomotor development. Allincluded in the project of PsychomotorStimulation of UNESA in Petropolis-RJfrom January to October 2007. Forcollecting data was elaborated aquestionnaire containing the data of thechild and parents, the family income andfamily life, child's school and affective.Results: most parents presented lowschooling level, having educated parents less(50% received until the 5th series) thanmothers (42% received a 6th to 8th grade).Most parents find themselves workinginformally (58%) and most mothers don'twork (75%), being the mother the individualwho exerts greater influence in the life of thechild. No child attends day care or school.Most children (51%) sleep 10 to 13 hours1 Universidade Estácio de Sá, Petrópolis, Rio de Janeiro.


59 GONÇALVES, Maria do Céu Pereira; SIMÕES, Pamela Paiva Gouveia; VIEIRA, Elisangela Teixeira.Influências do meio socioeconômico e familiar como fator de risco do atraso no desenvolvimentopsicomotor: estudo piloto. Estácio de Sá – Ciências da Saúde. Revista da Faculdade Estácio de Sá.Goiânia SESES-Go. Vol. 02, nº 05, 58-68, Jan. 2011/Jun 2011._______________________________________________________________________________________de 10 a 13 horas por noite e de 2 a 3 horas dedia (50%). E, 66% das crianças não têmatividades de lazer. Conclusão: Este estudosugere que as causas de atraso nodesenvolvimento psicomotor na populaçãoestudada foram: a falta de estimulação,provavelmente pela baixa escolaridade dospais e a baixa renda familiar. Portanto, énecessário que se dê continuidade à pesquisaaumentando o número de crianças para quese possa implantar estratégias nacomunidade, criando condições para sedesenvolverem normalmente.Palavras-chave:Atraso psicomotor, causas do atraso,estimulação psicomotora.per night and 2 to 3 hours of the day (50%).And 66% of children have no leisureactivities. Conclusion: This study suggeststhat the causes of delay in psychomotordevelopment in the population studied were:the lack of stimulation, probably by lowschooling parents and low-income families.Therefore, it is necessary to give continuityto search by increasing the number ofchildren in order to deploy strategies in thecommunity, creating conditions to developnormally.Keywords:Psychomotor retardation, causes of delay,psychomotor stimulation.INTRODUÇÃOCom base nas evidências clínicas tem se observado grande demanda aos serviços defisioterapia de lactentes que apresentam atraso no desenvolvimento psicomotor sem justificativaneurológica. Considera-se que os sistemas sensoriais submetem-se constantemente a mudançasdinâmicas. É a interação desses sistemas dinâmicos que promove o desenvolvimento dashabilidades motoras. Acredita-se, portanto, que nenhum agente sozinho seja a causa do atraso nodesenvolvimento psicomotor 1 .O sistema nervoso central (SNC) não é a única estrutura que determina mudanças nodesenvolvimento. Mudanças em outros sistemas do corpo, como as do sistema músculo-esqueléticoe cardio-respiratório, também influenciam o desenvolvimento psicomotor. O tamanho do corpo, amotivação e o contexto ambiental, são importantes agentes de mudanças, sendo o ambiente no qualvivemos um fator de influência essencial e sistemática no desenvolvimento global 2 .Devido à importância e ao impacto que o atraso no desenvolvimento psicomotor acarretana criança, é de fundamental importância que se possa, o mais precoce possível, identificar ascrianças de maior risco, a fim de minimizar os efeitos negativos daí decorrentes. Existem evidênciassuficientes de que quanto mais precoces forem os diagnósticos de atraso no desenvolvimento e aintervenção, menor será o impacto desses problemas na vida futura dessas crianças 3 .Tendo em vista a realidade apresentada por crianças que aparentemente não apresentamproblemas de origem endógena que justifiquem o atraso no desenvolvimento de determinadashabilidades, nos deparamos com estudos que evidenciam que crianças de famílias com renda mais


60 GONÇALVES, Maria do Céu Pereira; SIMÕES, Pamela Paiva Gouveia; VIEIRA, Elisangela Teixeira.Influências do meio socioeconômico e familiar como fator de risco do atraso no desenvolvimentopsicomotor: estudo piloto. Estácio de Sá – Ciências da Saúde. Revista da Faculdade Estácio de Sá.Goiânia SESES-Go. Vol. 02, nº 05, 58-68, Jan. 2011/Jun 2011._______________________________________________________________________________________baixa estão pré-dispostas a vários riscos, entre os quais o de apresentarem gestações desfavoráveise/ou incompletas e a falta de informações relativas ao parto. Tal cadeia de eventos negativos fazcom que essas crianças tenham maior probabilidade de apresentarem atraso em seu potencial dedesenvolvimento 4 .Portanto, nem sempre a criança com atraso no desenvolvimento psicomotor tem umapatologia neurológica, e o quadro clínico pode estar relacionado com uma estimulação inadequada,seja por superproteção, abandono ou falta de orientação, bem como por doenças crônicas,hospitalismo ou um lar desestruturado 5 .A aquisição das etapas do desenvolvimento motor nos períodos propícios, tambémdenominados de “janelas de oportunidade”, deixam claro que quanto mais se expuser a criança àestímulos benéficos, mais ela aproveitará as potencialidades do seu cérebro. Quando o ambiente érico em estímulos adequados à idade cronológica, isto facilita a exploração do mesmo, promovendoa maturação do SNC e assim a integração de todos os sistemas sensoriais 6 .A experimentação é essencial para que a maturação neuromotora seja otimizada,proporcionando, assim a construção da imagem corporal, o desenvolvimento cognitivo epsicossocial, estas, conduzem as relações da criança com seu próprio corpo. A história familiar e aatitude dos pais frente aos filhos, à relação com outras pessoas; a percepção sensorial e a capacidadede utilizar os objetos, a relação ambiental. São fatores que irão influenciar de forma gradual aaquisição de atividades neuropsicomotoras, para tornar possíveis as relações pessoais e ambientaisda criança 7 .O desenvolvimento postural do lactente acontece de forma seqüencial nos seguintesperíodos: a criança sustenta a cabeça com 3/4 meses, permanece sentada com 6/7 meses, engatinhacom 8/10 meses, se mantém na posição ortostática com 9/11 meses e anda com 12/14 meses deidade 8,1,9 .O primeiro ano de vida apresenta ritmo acelerado de mudanças que culminam nasfunções de mobilidade, porém algumas crianças apresentam fatores de risco para o atraso nodesenvolvimento psicomotor como baixo peso ao nascimento, baixo escore no Apgar e fatoresambientais desfavorecedores. Dentre estes temos a baixa renda familiar, amamentação inferior aseis meses, grau de estimulação que recebe e ambiente ao qual é exposta, idade, profissão eescolaridade maternas, estado civil dos pais, peso da criança ao nascimento, idade gestacional,retardo de crescimento intra-uterino 10 .Na ausência de alimentação adequada durante esse período crítico é possível que acriança não atinja seu verdadeiro potencial genético. Quando uma criança tem fome não saciada,


61 GONÇALVES, Maria do Céu Pereira; SIMÕES, Pamela Paiva Gouveia; VIEIRA, Elisangela Teixeira.Influências do meio socioeconômico e familiar como fator de risco do atraso no desenvolvimentopsicomotor: estudo piloto. Estácio de Sá – Ciências da Saúde. Revista da Faculdade Estácio de Sá.Goiânia SESES-Go. Vol. 02, nº 05, 58-68, Jan. 2011/Jun 2011._______________________________________________________________________________________pode perder a motivação para explorar o ambiente e, assim, ter um atraso na aquisição de certashabilidades, apresentando, geralmente, retardo no desenvolvimento neuropsicomotor,independentemente se ocorreu lesão cerebral 7 .A implantação de um programa de estimulação precoce simultâneo ao acompanhamentodo desenvolvimento de cada criança é de fundamental importância. E é responsabilidade dosprofissionais da saúde, com auxílio dos pais ou responsáveis, criar condições para que a criançadesenvolva integralmente suas habilidades psicomotoras, estimulando-a com situações, pessoas eobjetos que despertem o desejo de agir ou reagir sobre os estímulos que lhe são oferecidos 11 .O presente estudo destinou-se a identificar as possíveis causas do atraso nodesenvolvimento psicomotor em crianças não neuropatas que participaram do Projeto deEstimulação Psicomotora da UNESA no município de Petrópolis, no período de janeiro a outubrode 2007.MATERIAIS E MÉTODOSForam admitidos no estudo tranversal, lactentes nascidos acima de 37 semanas de idadegestacional com atraso no desenvolvimento psicomotor que participaram do Projeto de EstimulaçãoPsicomotora da UNESA, em Petrópolis – RJ. A amostra foi constituída por 12 crianças de ambos ossexos com idades entre 6 meses e 3 anos (Média = 1 ano e 5 meses; Mediana = 1 ano e 6 meses;Moda = 1 ano e 8 meses; DP = 8.3 meses), com atraso no desenvolvimento psicomotor. Foramexcluídos os lactentes com lesão no sistema nervoso central ou com síndromes genéticas, e osnascidos abaixo de 37 semanas de gestação e os que não aceitaram participar da pesquisa.INSTRUMENTO <strong>DE</strong> COLETA <strong>DE</strong> <strong>DA</strong>DOSPara a coleta de dados, foi elaborado questionário contendo os dados da criança, dadosdos pais, renda familiar e questões sobre a vida familiar, escolar e afetiva da criança. As variáveisreferentes à criança incluíam sexo, data de nascimento, local de nascimento, vacinas e tipo de parto.As variáveis referentes aos pais incluíam endereço, idade, nível de escolaridade e situação funcionaldos pais. Tipo de moradia como casa própria, quantos cômodos existem na casa, quantas pessoasresidem com a criança e qual o grau de parentesco destas, e quais os familiares que exercem maiorinfluência sobre o dia-a-dia da criança.


62 GONÇALVES, Maria do Céu Pereira; SIMÕES, Pamela Paiva Gouveia; VIEIRA, Elisangela Teixeira.Influências do meio socioeconômico e familiar como fator de risco do atraso no desenvolvimentopsicomotor: estudo piloto. Estácio de Sá – Ciências da Saúde. Revista da Faculdade Estácio de Sá.Goiânia SESES-Go. Vol. 02, nº 05, 58-68, Jan. 2011/Jun 2011._______________________________________________________________________________________As variáveis referentes à vida familiar, escolar e afetiva da criança incluíam: tempo deamamentação, idade que os pais notaram o problema no desenvolvimento da criança e se estarecebeu algum tipo de tratamento, as etapas motoras vivenciadas, como a família se relaciona com acriança, como a criança se relaciona com outras crianças, se o tratamento dado à criança é diferenteem relação aos irmãos, se freqüenta creche ou colégio, se dorme bem e quantas horas dormem pornoite, se dorme de dia e quantas horas, qual o tipo de alimentação, se nas atividades de lazer, serelaciona com outras crianças ou apenas com adultos.TRATAMENTO ESTATÍSTICOPara responder as questões instituídas na presente pesquisa, os dados utilizados foramtratados através de estatística descritiva.RESULTADOSOs resultados obtidos estão demonstrados na (tabela1) e nas figuras com a plotagemreferida a cada variável estudada.Tabela1 – Resultados em Média, Mediana, Moda e Desvio Padrão.Variáveis Média Mediana Moda DPNível de escolaridade paterna 5ª série 6ª série 5ª série 3.9 sérieNível de escolaridade materna 7ª série 7ª série 7ª série 3.3 sérieIdade do pai 33ª 31ª 28ª 7.9aIdade da mãe 27ª 26ª 19ª 7.7aNúmero de cômodos na casa 4 4 5 0.9Número de pessoas que vivem na casa 5 4 3 2.9Tempo de amamentação 8m 5.5m 0,3,8,24m 8.5mIdade da realização do diagnóstico 8m 5.5m 5m 5.5mIdade do inicio do tratamento fisioterapêutico 8m 5.5m 5m 5.8mQuantidade de horas dormidas: noturnas 10h 11h 9,11h 2h36minQuantidade de horas dormidas: diurnas 1h50min 2h 2h 1h34minDe acordo com os resultados encontrados identificou-se que quanto à situação funcionalpaterna das 12 crianças pesquisadas, 7 (58%) dos pais trabalham informalmente (não têm carteiraassinada) e 5 (42%) trabalham formalmente (com carteira assinada). Já quanto à situação funcional


63 GONÇALVES, Maria do Céu Pereira; SIMÕES, Pamela Paiva Gouveia; VIEIRA, Elisangela Teixeira.Influências do meio socioeconômico e familiar como fator de risco do atraso no desenvolvimentopsicomotor: estudo piloto. Estácio de Sá – Ciências da Saúde. Revista da Faculdade Estácio de Sá.Goiânia SESES-Go. Vol. 02, nº 05, 58-68, Jan. 2011/Jun 2011._______________________________________________________________________________________materna observou-se que 9 (75%) das mães não trabalham, 2 (17%) trabalham informalmente e 1(8%) trabalha formalmente.Quanto à idade paterna 6 (51%) dos pais possuem idade entre 20 e 30 anos, seguido por4 (33%) com idades entre 31 e 40 anos, 1 (8%) entre 41 e 50 anos e 1 (8%) com mais de 50 anos.Já quanto à idade materna 5 (42%) com idades entre 21 e 30 anos, seguido por 4 (33%) de 31 a 40anos e 3 (25%) com idade menor ou igual a 20 anos.O nível de escolaridade paterna é de 6 (50%) dos pais têm até a 5ª série, 3 (25%)possuem da 6ª a 8ª série, 2 (17%) que possuem ensino médio incompleto, e 1 (8%) possui ensinomédio completo. Já o nível de escolaridade materna representou 5 (42%) que cursaram da 6ª a 8ªsérie, 3 (25%) cursaram até a 5ª série, 3 (25%) cursaram o ensino médio completo, e 1 (8%) cursouo ensino médio incompleto (Fig.1).Nível de Escolaridade PaternaNível de Escolaridade Materna17%8%até a 5ª série6ª a 8ª série25%25%até a 5ª série6ª a 8ª série25%50%Ensino médioimcompletoEnsino médiocompleto8%42%Ensino médioimcompletoEnsino médiocompletoFigura 1: Distribuição dos pais quanto ao nível de escolaridade.Quanto ao tipo de moradia identificou-se que 8 (67%) das 12 famílias pesquisadaspossuem casa própria, contra 4 (33%) que não possuem casa própria. Já quanto ao número decômodos existentes na casa, 5 (42%) apresentam mais de três cômodos, seguido por 4 (33%) comdois cômodos e 3 (25%) com três cômodos. Nas famílias pesquisadas observou-se que em 6 (50%)das residências moram três pessoas (incluindo a criança), seguidas por 4 (33%) onde moram dequatro a sete pessoas e 2 (17%) onde moram de oito a onze pessoas na casa. Sendo que, nestascrianças, quem exerce maior influência é a mãe em 6 (50%) dos casos, seguida por parente emprimeiro grau (tias e avós) em 4 (33%) e indivíduo sem grau de parentesco (babá e assistente social)em 2 (17%) dos casos (Fig.2).


64 GONÇALVES, Maria do Céu Pereira; SIMÕES, Pamela Paiva Gouveia; VIEIRA, Elisangela Teixeira.Influências do meio socioeconômico e familiar como fator de risco do atraso no desenvolvimentopsicomotor: estudo piloto. Estácio de Sá – Ciências da Saúde. Revista da Faculdade Estácio de Sá.Goiânia SESES-Go. Vol. 02, nº 05, 58-68, Jan. 2011/Jun 2011._______________________________________________________________________________________Casa PrópriaNúmero de Cômodos33%67%SimNão42%25%33%Dois cômodosTrês cômodosMais de trêscômodosFigura 2: Distribuição da condição habitacional e número de cômodos.De acordo com o tempo de amamentação, 4 (33%) foram amamentadas durante umperíodo menor do que seis meses, nenhuma das crianças foi amamentada durante um período desete a doze meses, 3 (25%) foram amamentadas num período entre treze e vinte e quatro meses, 3(25%) ainda mamam (duas crianças estão com oito meses e uma com seis meses de amamentação),e 2 (17%) não foram amamentadas. Já sobre o tipo de alimentação, 10 (84%) das crianças sealimentam bem, sendo que não têm alimentação específica para a criança, alimentando-se damesma comida dos adultos, já 1 (8%) só se alimenta do leite materno, sendo que esta criança temoito meses de idade, e 1 (8%) criança não se alimenta bem, pois está na fase de substituição do leitematerno pela alimentação sólida, se negando a comer.


65 GONÇALVES, Maria do Céu Pereira; SIMÕES, Pamela Paiva Gouveia; VIEIRA, Elisangela Teixeira.Influências do meio socioeconômico e familiar como fator de risco do atraso no desenvolvimentopsicomotor: estudo piloto. Estácio de Sá – Ciências da Saúde. Revista da Faculdade Estácio de Sá.Goiânia SESES-Go. Vol. 02, nº 05, 58-68, Jan. 2011/Jun 2011._______________________________________________________________________________________Quanto à idade em que foi diagnosticado o atraso, 6 (50%) das crianças foramdiagnosticadas até cinco meses de idade, seguido por 4 (33%) de seis a onze meses e 2 (17%) dedoze a vinte e quatro meses. Já quanto à idade em que foi iniciado o tratamento fisioterapêutico, 6(51%) iniciaram com idade menor do que cinco meses, seguido por 4 (33%) de seis a onze meses, 1(8%) de doze a vinte e quatro meses e 1 (8%) maior do que vinte e quatro meses. Já quanto àrelação com outras crianças, 6 (50%) se relacionam normalmente com outras crianças, seguido de 6(50%) que não interagem com outras crianças.Quanto ao número de horas que a criança dorme por noite, 6 (51%) dormem de dez atreze horas, seguido por 4 (33%) que dormem de sete a nove horas, 1 (8%) dormem de quatro a seishoras e 1 (8%) não soube informar. Já quanto ao número de crianças que dormem de dia, 6 (50%)dormem de duas a três horas, 2 (17%) dormem até uma hora, 2 (17%) não dormem de dia, 1 (8%)dorme mais de três horas e 1 (8%) não soube informar. Quanto às atividades de lazer, 8 (66%) dascrianças não possuem atividade alguma, seguida de 2 (17%) apresentam atividades de lazer apenascom a mãe, e 2 (17%) possuem atividades de lazer com adultos e crianças. Das doze criançasanalisadas, nenhuma delas freqüenta qualquer tipo de creche ou colégio, representando 100%.DISCUSSÃOOs países subdesenvolvidos e os países em desenvolvimento concentram a grandemaioria das possíveis causas que levam ao atraso no desenvolvimento psicomotor 3,4 . A falta derecursos sociais e educacionais são fatores de risco que podem contribuir para o atraso nodesenvolvimento 12 .Os níveis de escolaridade materna e paterna do estudo mostram que a maioria dos paistem nível de escolaridade baixo. Nenhum apresentou grau maior do que o ensino médio completo e,em relação aos pais, o nível de escolaridade foi menor, onde 50% cursaram até a 5ª série, quandocomparado ao das mães (42% cursaram da 6ª a 8ª série). Isso sugere que o nível de escolaridade dospais teve influência sobre o desenvolvimento das crianças estudadas.Quanto à idade dos pais, o estudo não apresentou grau de significância, já que, em geral,os pais tinham idades entre 20 e 30 anos.Quanto à situação funcional paterna, a maioria trabalha informalmente (58%), emrelação às mães a grande maioria não trabalha (75%), dedicam se somente ao lar, o que estácorrelacionado à condição socioeconômica desfavorecida e que pode levar ao atraso. Além disso, amãe teve o percentual significativo quanto a qual indivíduo exerce maior influência na vida da


66 GONÇALVES, Maria do Céu Pereira; SIMÕES, Pamela Paiva Gouveia; VIEIRA, Elisangela Teixeira.Influências do meio socioeconômico e familiar como fator de risco do atraso no desenvolvimentopsicomotor: estudo piloto. Estácio de Sá – Ciências da Saúde. Revista da Faculdade Estácio de Sá.Goiânia SESES-Go. Vol. 02, nº 05, 58-68, Jan. 2011/Jun 2011._______________________________________________________________________________________criança (50%), visto que a maioria das mães não trabalha, permanecendo a maior parte do tempo emcasa com o lactente. Confirmando que nenhuma das crianças freqüenta creche ou colégio,permanecendo assim, maior tempo em casa.A literatura pesquisada afirma que a estimulação ambiental é um componente crucialpara o desenvolvimento psicomotor 13 . Nas famílias pesquisadas observou-se que em 50% dasresidências moram três pessoas (incluindo a criança), concluindo que estas crianças não têm irmãos,o que pode estar correlacionado com número de crianças (50%) que não interage com outrascrianças. Podendo estar interligado também ao número de crianças que dormem de duas a três horasde dia (50%), já que estas crianças têm poucos estímulos.Observou-se também que a maioria das crianças dorme à noite em torno de 10 a 13horas (51%) e de dia em torno de 2 a 3 horas, constatando que o número de horas que as criançaspassam dormindo é muito extenso. Além disso, a grande maioria das crianças não tem atividades delazer (66%) e apenas 17% das crianças têm atividades de lazer com outras crianças, o que sugereque a falta de estimulação seja uma das causas do atraso no desenvolvimento psicomotor.A prevenção e a detecção precoce de alterações no desenvolvimento infantil são práticaspouco aplicadas no Brasil, segundo Mastroianni 14 . Porém, a maioria das crianças incluídas napesquisa foi diagnosticada com atraso no desenvolvimento psicomotor até cinco meses de idade(50%) e o início do tratamento fisioterapêutico também ficou por volta dessa idade (51%), o queindica que essas crianças tiveram diagnóstico e tratamento não tardio, demonstrando que oMunicípio de Petrópolis fornece uma boa estrutura com relação à saúde infantil.CONCLUSÃOEntre os resultados encontrados, os que mais se destacaram foram relativos ao nível deescolaridade dos pais, a condição socioeconômica e a falta de estimulação dos lactentes incluídas noestudo. Os pais das crianças apresentaram, em sua maioria, nível de escolaridade baixo. Além disso,a maior parte dos pais trabalha informalmente e grande parte das mães não trabalha; o que sugereque essas famílias têm renda familiar baixa.Observou-se que a maioria das crianças estudadas não tem nenhuma atividade de lazer edorme durante um período muito extenso. Dessa forma, não há estímulos suficientes quepossibilitem um desenvolvimento normal.Portanto, este estudo sugere que as causas de atraso no desenvolvimento psicomotor napopulação estudada foram: a falta de estimulação, baixa escolaridade dos pais e a baixa renda


67 GONÇALVES, Maria do Céu Pereira; SIMÕES, Pamela Paiva Gouveia; VIEIRA, Elisangela Teixeira.Influências do meio socioeconômico e familiar como fator de risco do atraso no desenvolvimentopsicomotor: estudo piloto. Estácio de Sá – Ciências da Saúde. Revista da Faculdade Estácio de Sá.Goiânia SESES-Go. Vol. 02, nº 05, 58-68, Jan. 2011/Jun 2011._______________________________________________________________________________________familiar. Entretanto, é necessário dar continuidade à pesquisa, aumentando o número de criançasincluídas, para que se possam ter resultados mais abrangentes e, assim, poder implantar estratégiasna comunidade, como um programa de educação na saúde da criança dando ênfase à estimulaçãoessencial e de acompanhamento do desenvolvimento de cada criança.Desta forma podem-se criar estratégias que dêem condições para que estas sedesenvolvam normalmente, reduzindo o número de crianças com atraso no desenvolvimentopsicomotor encaminhadas aos setores de fisioterapia. Desta maneira, aumentar-se-ia o número devagas nos serviços públicos especializados, dando lugar a um atendimento otimizado de criançasportadoras de atraso psicomotor de etiologia neurológica ou genética.REFERÊNCIAS1. TECKLIN, JS. Fisioterapia Pediátrica. Ed Artmed. 3ª ed. Porto Alegre, 2002.2. SHEPERD, RB. Fisioterapia em Pediatria. Ed Santos. 3ª ed. São Carlo, 1996.3. AGUIAR, LCV; REIS, LL; FURIERI, N; NASCIMENTO, RC; JUNIOR, JASN; SALES, FLP;CORRÊA, MM; FERREIRA, DM. Prevalência de Atrasos no DesenvolvimentoNeuropsicomotor em Crianças de 06 a 24 meses. [2007] Disponível em Acesso em 24 outubro 2007.4. HALPERN, R; GIUGLIANI, ERJ; VICTORA, CG; BARROS, FC; HORTA, BL. Fatores deRisco para Suspeita de Atraso no Desenvolvimento Neuropsicomotor aos 12 meses de vida.Revista Chilena de Pediatria, Santiago. 2003;73(5):529-539.5. ROTTA, NT; OHLWEILER, L; RIESGO, RS. Rotinas em Neuropediatria. Ed Artmed. 1ª ed.Porto Alegre, 2005.6. GONÇALVES, Céu MP. A Importância da Intervenção Sensório-Motora Essencial Aplicadadesde a UTI Neonatal, na Recuperação Motriz de Bebês Prematuros, Portadores deDisfunções Neuromotoras, Decorrentes da Síndrome Hipóxico-Isquêmica. Dissertação demestrado em Ciência da Motricidade Humana da Universidade Castelo Branco. Rio de Janeiro,2002.7. MANSUR, SS; NETO, FR. Desenvolvimento neuropsicomotor de lactentes desnutridos.Revista Brasileira de Fisioterapia, São Carlos. 2006;10(2):185-191.8. RATLIFFE, KT. Fisioterapia Pediátrica. Ed Santos Livraria. 1ª ed. São Paulo, 2002.9. COSTE, J C. A Psicomotricidade. Ed Quanabara Koogan. 4ª ed. Rio de Janeiro, 1992.10. LOURENÇO, CP; CORTES, DN; NOBRE, MFMA; BARROSO, LKV. Fatores de Risco paraAtraso no Desenvolvimento em Lactentes Freqüentadores de Creches. [2005] Disponível em Acesso em 15 agosto 2007.11. LIMA, MMS; SEVERIANO, AS; MARQUES, JS. Estimulação Precoce: Uma Proposta deOrientação e Acompanhamento do Desenvolvimento Motor de Crianças de 0 a 18 meses.[2007] Disponível em Acesso em 24 out. 2007.


68 GONÇALVES, Maria do Céu Pereira; SIMÕES, Pamela Paiva Gouveia; VIEIRA, Elisangela Teixeira.Influências do meio socioeconômico e familiar como fator de risco do atraso no desenvolvimentopsicomotor: estudo piloto. Estácio de Sá – Ciências da Saúde. Revista da Faculdade Estácio de Sá.Goiânia SESES-Go. Vol. 02, nº 05, 58-68, Jan. 2011/Jun 2011._______________________________________________________________________________________12. GRAMINHA, SSV; MARTINS, MAO. Condições Adversas na Vida de Crianças com Atrasono Desenvolvimento. Revista Medicina, Ribeirão Preto. 1997;30(2):259-267.13. CAON, G; MANSUR, SS; NETO, FR. Avaliação e Intervenção Neuropsicomotora –Estimulação Precoce em Crianças de alto Risco Social. [2004] Disponível em Acesso em 09 setembro 2007.14. MASTROIANNI, ECQ; BOFI, TC; CARVALHO, AC; SAITA, LS; CRUZ, MLS. Perfil doDesenvolvimento Motor e Cognitivo de Crianças com Idade entre Zero e um Ano Matriculadasnas Creches Públicas da Rede Municipal de Presidente Prudente. [2005] Disponível em Acesso em 24 outubro 2007.


69 GONÇALVES, Maria do Céu Pereira; ABRAHÃO, Natália Sartamento. Abordagem fisioterapêutica emum paciente com neoplasia maligna de encéfalo: relato de caso. Estácio de Sá – Ciências da Saúde.Revista da Faculdade Estácio de Sá. Goiânia SESES-Go. Vol. 02, nº 05, 69-79, Jan. 2011/Jun 2011.________________________________________________________________________________ABOR<strong>DA</strong>GEM FISIOTERAPÊUTICA EM UM PACIENTE COMNEOPLASIA MALIGNA <strong>DE</strong> ENCÉFALO: RELATO <strong>DE</strong> CASOMaria do Céu Pereira Gonçalves 1 ; Natália Sarmento Abrahão 2Resumo:O meduloblastoma é um tumor de origemembrionária de natureza maligna, comlocalização na fossa posterior do SistemaNervoso Central (SNC), com prevalência nosexo masculino (2:1), sendo mais comum nainfância. Estudo relato de um caso de umacriança do sexo feminino, 9 anos comfisiodiagnóstico de hemiparesia direita eparalisia facial à esquerda no pós-cirúrgico,devido há neoplasia maligna do encéfalo dotipo Meduloblastoma; com localização nafossa posterior no SNC, no IV ventrículo,confirmado após TomografiaComputadorizada e Ressonância Magnética.Objetivo: Descrever a atuação da fisioterapiana promoção da qualidade de vida e aquisiçãoda independência para execução das atividadesde vida diária. Metodologia: A paciente doestudo foi tratada com intervençãofisioterapêutica baseada no Método Kabat paraparalisia facial, e no Conceito Bobath parahemiparesia direita, onde foram realizadas as 3sessões por semana com a duração de 60minutos. Resultados: Na primeira avaliação acriança apresentava deficit de equilíbrio queimpedia a realização de suas AVDs comindependência, não subia e descia escadas sema ajuda e não corria. Na terceira avaliação acriança apresentou autonomia e independênciapara realizar as AVDs com leve perda deequilíbrio, corria, descia e subia escadassozinha. Conclusão: A paciente do estudomostrou evolução satisfatória com otratamento fisioterapêutico. As alteraçõesAbstract:The meduloblastoma is a tumor ofembryonic origin of malignant nature, withposterior fosse location in Central nervoussystem (CNS), with prevalence in males (2:1), but is more common in childhood.Reporting a case study of a female child, 9years of right hemiparesis withphysiotherapy diagnosis and facial paralysison the left in post surgical, because there aremalignant neoplasm of encephalonMeduloblastoma type; with location in IVventricle, confirmed after computedtomography and magnetic resonance.Objective: To demonstrate the impact ofphysiotherapy on quality of life and on dailylife activities (DLA) in a patient with CNStumor-related neurological sequelae.methods: ‘The present paper reports a case.The physiotherapeutic intervention wasbased on the Kabat method for the facialpalsy and on the Bobath method for theright hemiparesis. Sixty-minute sessionswere performed three times per week.Results: At baseline, the child showedsignificant imbalance, which preclude theindependent execution of DLA. Hence, shewas not able to climb or descend stairs oreven to run without support. On the thirdevaluation, although a slight imbalancecould be noted, the patient exhibited bothautonomy and independence to performDLA with confidence, and was able to runand to climb and descend stairs by herself.Conclusion: The patient herein described1 Fisioterapeuta, doutoranda em Pediatria pela UFRJ, docente do Curso de Fisioterapia da Universidade Estácio de Sálocalizada em Petrópolis – RJ.2 Acadêmica do 8º período do curso de Fisioterapia da Universidade Estácio de Sá, localizada em Petrópolis – RJ.


70 GONÇALVES, Maria do Céu Pereira; ABRAHÃO, Natália Sartamento. Abordagem fisioterapêutica emum paciente com neoplasia maligna de encéfalo: relato de caso. Estácio de Sá – Ciências da Saúde.Revista da Faculdade Estácio de Sá. Goiânia SESES-Go. Vol. 02, nº 05, 69-79, Jan. 2011/Jun 2011.________________________________________________________________________________motoras apresentadas no inicio do tratamentoforam quase totalmente recuperadas.Concluiu-se também que a escolha do modelode intervenção fisioterapêutica baseado noconceito Bobath e no método Kabat foiadequada porque se observou a recuperaçãodos padrões motores. Da mesma forma, apromoção da melhora da qualidade de vida,porque se tornou independente, pôde retornaras atividades de lazer, participando ativamentenas brincadeiras.Palavras-Chave:Hemiparesia, Meduloblastoma, NeoplasiaMaligna do Encéfalo.showed a satisfactory outcome afterphysiotherapy. The initial motorabnormalities were almost totally recovered.It is also concluded that the choice of theKabat and the Bobath methods as bases forthe physiotherapeutic interventions was anadequate choice, since it was possible toobserve the recovery of motor patterns. Inaddition, by resuming outside playactivities, a significant improve in quality oflife was noted.Keyword:Hemiparesis, Medulloblastoma, neoplasm ofmalignant brain.INTRODUÇÃOO meduloblastoma é um tumor de origem embrionária de natureza maligna, comlocalização na fossa posterior do Sistema Nervoso Central (SNC), com prevalência no sexomasculino (2:1), sendo mais comum na infância 1,2,3,4 .O meduloblastoma afeta cerca de 15% das crianças, ocorre em geral no cerebelo 5 .Apresenta maior incidência entre cinco e sete anos de idade, com manifestação rara entre adultosquando ocorre, predomina entre a 3ª e 5ª década de vida 6 .O tumor interfere não só no desenvolvimento escolar como também na própriaqualidade de vida da criança, ocasionando déficit de aprendizado, queixa de cansaço, distúrbio docomportamento 7 . Apresentando como sinal inicial à pressão intracraniana imposta pelo tumor 1,2,3,4 .A agressividade deste tumor é bastante alta. São tumores sólidos, friáveis e infiltram oparênquima cerebelar, geralmente no vérmis, invadem o espaço aracnóide disseminando-se para avia liquórica, leva a metástase cerebelar e intra-raquidiana 4,8 .O meduloblastoma pode ser ocasionado por comprometimento direto da lesão tumoralcom infiltração ou compressão local e hipertensão intracraniana pelo efeito de massa tumoral ouhidrocefalia, ocasionando neste caso: cefaléias matinais, convulsões, vômitos e letargias. Ostumores infratentoriais causam déficit de equilíbrio, alteração da coordenação motora, ataxia,tremores de extremidades, tontura, nistagmo, visão dupla e torcicolo, geralmente fica irritada eletárgica, podendo apresentar alterações da personalidade e do comportamento 7,9,5 .Os tumores supratentoriais têm como sinais e sintomas: cefaléia seguida por


71 GONÇALVES, Maria do Céu Pereira; ABRAHÃO, Natália Sartamento. Abordagem fisioterapêutica emum paciente com neoplasia maligna de encéfalo: relato de caso. Estácio de Sá – Ciências da Saúde.Revista da Faculdade Estácio de Sá. Goiânia SESES-Go. Vol. 02, nº 05, 69-79, Jan. 2011/Jun 2011.________________________________________________________________________________convulsões, hemiparesia, hiperreflexia, clônus e alterações sensitivas. A invasão para o troncoencefálico pode levar as alterações ou a paralisia dos nervos cranianos 5,7,9 .O meduloblastoma pode causar mutismo, que é uma complicação benigna e raramenteobservada após cirurgias na fossa posterior, caracterizado por disfagia e dificuldade para falar. Nãoapresenta perda da consciência, causada por lesão supranuclear de nervos cranianos. Este tipo demutismo é distinto da paralisia pseudobulbar 10 .O tratamento deste tumor inclui secção cirúrgica, se possível, com o objetivo deremover o máximo do tumor sem danificar os tecidos ao seu redor. São raros os casos de secçãototal do tumor. A cirurgia costuma ser seguida de radiação, pois o meduloblastoma é muitoradiossensível. Metástase pode ocorrer por meio das meninges e áreas envolvidas fora doSNC 3,4,5,7A radiação no crânio para tratamento ontológico do meduloblastoma na infância podecomprometer a área do hipotálamo – hipofisária, levando ao hipopituitalismo, que consiste nadiminuição ou cessação da secreção da glândula hipofisária anterior, incluindo os hormônios LH,LSH, somatotropina e corticotropina. Pode resultar da ablação cirúrgica ou de radiação, neoplasiashopofisárias não secretoras, tumores com metástase. Geralmente o hopopituitalismo ocorrer entreseis a dezoito meses após o início do tratamento oncológico 1 .As alterações endócrinas incluem hipotiroidismo, déficit do hormônio do crescimento(GH) e da gonadotrofina. Das seqüelas neuroendócrinas o mais freqüente é o déficit de GH,ocorrendo em 45% dos pacientes sem outras deficiências hormonais hipofisárias 1 .Altas doses de radiação na medula espinhal podem ocasionar lesões nos órgãosadjacentes como: hipotiroidismo, desenvolvimento de neoplasias secundárias e hipoplasia damandíbula. Neste caso, o paciente submetido à radiação do crânio deve ser monitorado comdosagens hormonais de FSH, LH, estradiol, testosterona, TSH, T4 livre, cortisol plasmático,prolactina e, quando necessário, realizar testes para comprovar o déficit do GH 1 .A radioterapia pode apresentar efeitos adversos que podem ser precoces, aparecendopor volta de seis semanas de tratamento, ocorrendo alopécia transitória ou permanente, dermatiteactínica, otite externa ou média aguda secretora, déficit auditivo, mielossupressão que consiste nasupressão da função de produção de células sanguíneas da medula óssea 7 .Em torno de seis a oito meses de tratamento podem ocorrer os sintomas dadesmielinização temporária com letargia e cefaléia. Podem ocorrer efeitos tardios como: danos àsubstância branca, radionecrose em 1% dos casos, disfunções endocrinológicas, auditivas ecognitivas, neoplasias secundárias como: tumores de partes moles, meningiomas, tumores de


72 GONÇALVES, Maria do Céu Pereira; ABRAHÃO, Natália Sartamento. Abordagem fisioterapêutica emum paciente com neoplasia maligna de encéfalo: relato de caso. Estácio de Sá – Ciências da Saúde.Revista da Faculdade Estácio de Sá. Goiânia SESES-Go. Vol. 02, nº 05, 69-79, Jan. 2011/Jun 2011.________________________________________________________________________________tireóide 7 .Dentre os distúrbios neuromusculares apresentados pelo desenvolvimento do tumor,sinais de déficit de equilíbrio, falta de força muscular, encurtamento muscular, ataxia,hemeparesia, disfagia e paralisia de nervos cranianos. Estes sinais podem ser tratados pelafisioterapia 7,9 .O objetivo deste estudo é demonstrar a atuação da fisioterapia na promoção daqualidade de vida e aprimoramento das atividades de vida diária, após secção do tumormeduloblastoma.MATERIAIS E MÉTODOSRELATO <strong>DE</strong> CASOO presente estudo foi realizado através do relato de caso de MSV, nascida na data de 13de Fevereiro de 1999, apresentando o fisiodiagnóstico de hemiparesia direita com paralisia facialesquerda, com diagnóstico clínico de Neoplasia Maligna do Encéfalo localizado na fossa posteriorocupando o IV ventrículo, do tipo meduloblastoma, confirmado pelos exames de tomografiacomputadorizada e ressonância magnética. Foi encaminhada para o INCA e no dia 06 de Abril de2005 onde realizou a cirurgia para retirada do tumor.A paciente começou os atendimentos na Clínica da Fisiopetrópolis no período de 03 deMaio de 2006 a 14 de Fevereiro de 2008, as sessões de fisioterapia foram realizadas três vezes porsemana com duração de sessenta minutos em cada atendimento.Iniciou o tratamento em fisioterapia e fonoaudiologia. No primeiro atendimentofisioterapêutico passou por uma avaliação física, onde apresentou déficit de equilíbrio nãoconseguindo realizar suas atividades de vida diária sem auxilio de uma segunda pessoa.Durante a avaliação a mãe relatou que o avô paterno faleceu com leucemia, o tiopaterno apresentou um tumor no fígado. A mãe nega qualquer patologia pregressa da paciente emquestão e não relatou nenhuma doença associada ao tumor.MSV é filha única, no momento da avaliação cursava a 1ª série. Ia freqüentemente aoRio de Janeiro, onde realizava consultas e tratamento periódico para acompanhamento do póscirúrgico.O tratamento fisioterapêutico foi interrompido no dia 14 de fevereiro de 2008, devido areincindiva do tumor, levando a paciente a ser internada para tratamento oncológico de


73 GONÇALVES, Maria do Céu Pereira; ABRAHÃO, Natália Sartamento. Abordagem fisioterapêutica emum paciente com neoplasia maligna de encéfalo: relato de caso. Estácio de Sá – Ciências da Saúde.Revista da Faculdade Estácio de Sá. Goiânia SESES-Go. Vol. 02, nº 05, 69-79, Jan. 2011/Jun 2011.________________________________________________________________________________radioterapia.INSTRUMENTO <strong>DE</strong> AVALIAÇÃONo presente estudo, foram utilizados os seguintes instrumentos de avaliação:a) Anamnese segundo informações colhidas da mãe da paciente, consistindo em 14 itens: nomeda paciente data de nascimento, naturalidade, diagnóstico clínico, diagnóstico fisioterapêutico,exames complementares, queixa principal, história da doença atual, história da patologia pregressa,história familiar, história social, se a paciente apresenta doenças associadas ao tumor, cirurgias efraturas anteriores e medicamentos em uso.b) Exame Físico consistiu em 10 itens: marcha, amplitude de movimento, força muscular, tônusmuscular, coordenação motora, sensibilidade, deformidades, avaliação neurofuncional, atividadesde vida diária (AVDs) e fala.Utilizou-se o protocolo de avaliação da Clinica Escola do curso de Fisioterapia da UniversidadeEstácio de Sá – Fisiopetrópolis - em Petrópolis no estado do Rio de Janeiro, após o aceite da mãeda criança conforme o Termo de Consentimento livre e esclarecido em atendimento à resolução196/ 96 do CNS.A avaliação foi precedida da anamnese com observações feitas desde o momento que acriança adentra na sala de avaliação. Foram realizadas mobilizações passivas para detectar apresença ou não de bloqueios articulares, encurtamentos e contraturas. Foi utilizada a tabela deteste de força muscular de Kendall 11 , para verificar o grau de força muscular no membro superior einferior do dimídio esquerdo.Foram realizados testes de sensibilidade superficial e profunda e avaliaçãoneurofuncional. Foi analisado o tipo de fala no momento em que a paciente interagia com seuterapeuta.INSTRUMENTO <strong>DE</strong> TRATAMENTODe acordo com a avaliação foram utilizados os seguintes instrumentos de tratamento.Método Kabat facial e Conceito Bobath para o comportamento motor global e equilíbrio.


74 GONÇALVES, Maria do Céu Pereira; ABRAHÃO, Natália Sartamento. Abordagem fisioterapêutica emum paciente com neoplasia maligna de encéfalo: relato de caso. Estácio de Sá – Ciências da Saúde.Revista da Faculdade Estácio de Sá. Goiânia SESES-Go. Vol. 02, nº 05, 69-79, Jan. 2011/Jun 2011.________________________________________________________________________________PROCEDIMENTO <strong>DE</strong> TRATAMENTOMétodo KabatExecução dos movimentos em toda a sua extensão; facilitação da musculatura da face;movimentos bilaterais para recuperação da simetria facial; facilitação por meio do reflexo deestiramento; correção da resistência. Com objetivos de correção da extensão ativa do movimento;diminuição dos sintomas de fadiga muscular; apoio do movimento na direção correta 12 .Conceito BobathAtivação das reações de equilíbrio; transferência de peso corporal nas diversas posturase facilitação para as mudanças de posturas. Aumentar o controle postural; simetria do corpo;alongamento; propriocepção; estimulação da reação de extensão protetora dos braços; controlesobre a rotação de tronco; trabalho de dissociação de cintura pélvica e escapular. Com objetivo demodificar os padrões anormais de movimento através da inibição dos padrões anormais demovimento com a facilitação simultânea dos padrões normais 13 .RESULTADOSOs resultados obtidos estão demonstrados na Tabela 1 que apresentará a síntese das trêsavaliações realizadas durante o período de atendimento da criança na clínica.PeríodoQueixaPrincipal (QP)Tabela 1: Apresenta os resultados das avaliações realizadas durante o tratamento.1º AVALIAÇÃO2º AVALIAÇÃO3º AVALIAÇÃO03-05-06Deficit de equilíbrio nasAVDs.20-03-07Corre, mas ainda perde o equilíbrioe precisa de auxilio para subir edescer escadas.13-11-07Corre quando brinca, desce esobe escada e anda de patineti.Tônus Muscular Espasticidade leve. Espasticidade leve. Espasticidade leve.Movimentos Tremores em MMSS e Tremores em MMSS e MMII. Tremores em MMSS e MMII.Involuntários MMII.FalaDisartria com dificuldadede compreensão.Disartria com melhorcompreensão.Disartria com facilidade decompreensão.SensibilidadeSuperficial e Preservada Preservada PreservadaProfundaLegenda: MMSS: membros superiores, MMII: membros inferiores, AVDs: atividades de vida diária.


75 GONÇALVES, Maria do Céu Pereira; ABRAHÃO, Natália Sartamento. Abordagem fisioterapêutica emum paciente com neoplasia maligna de encéfalo: relato de caso. Estácio de Sá – Ciências da Saúde.Revista da Faculdade Estácio de Sá. Goiânia SESES-Go. Vol. 02, nº 05, 69-79, Jan. 2011/Jun 2011.________________________________________________________________________________De acordo com os resultados obtidos podemos observar que no decorrer do tratamentofisioterapêutico a paciente apresentou a aquisição do controle motor para a independência narealização das atividades da vida diária. Assim como também, melhora na qualidade de vida,porque voltou a brincar com independência (Tab. 1).Na Tabela 2 estão descritos os resultados obtidos em relação à coordenação motora,atividades de vida diária (AVDs), amplitude de movimento (ADM) e análise da marcha.Tabela 2: Apresenta os resultados das avaliações realizadas durante o tratamento com relação à coordenação motora,AVD, amplitude de movimento e analise da marcha.Período 1º AVALIAÇÃO: 03-05-06 2º AVALIAÇÃO: 20-03-07 3º AVALIAÇÃO: 13-11-07CoordenaçãoMotora:Atividades de VidaDiária (AVDs):Amplitude demovimento (ADM)Grosseira preservada.Fina alterada.Realiza as AVDs comauxilio de uma 2ª pessoa, temdificuldade para deambulardevido o déficit de equilíbrio.Encurtamento em MID(Ísquios Tibiais).Encurtamento de MSD(peitoral maior).Analise da marcha: Tronco fletido, cabeçaprotusa, MSD semifletido,MSE postura normal,elevação pélvica de ilíacodireito e rodado para tras;marcha com apoio e basealargada, MID com flexão dejoelho e dorsifexão.Grosseira preservada.Fina pequena alteração.Realizada as AVDs com maissegurança. Realiza asatividades mais complexascom dificuldade.Encurtamento em MID(Ísquios Tibiais).Cabeça protusa, MSDsemifletido, MSE posturanormal, mínima elevaçãopélvica do ilíaco direitodurante a marcha ativa, MIDcom flexão de joelho emarcha com apoio basealargada.Grosseira preservada.Fina com mínima alteraçãodevida os tremores.Realizada as AVDs semauxilio de uma segundapessoa.Encurtamento em MID(Ísquios Tibiais).Cabeça protusa, MSE compostura normal, MID comuma imperceptível flexão dejoelho e marcha independentecom base alargada.Legenda: MSD: membro superior direito. MSE: membro superior esquerdo. MID: membro inferior direito. MIE:membro inferior esquerdo. AVDs: atividades de vida diária.ANÁLISE <strong>DA</strong> FORÇA MUSCULAR (TABELA <strong>DE</strong> KEN<strong>DA</strong>LL)Os resultados obtidos serão demonstrados na Tabela 3 que apresentará a síntese das trêsavaliações relativas ao teste de força muscular de Kendall realizadas durante o período deatendimento da criança na clinica.De acordo com os resultados demonstrados na Tabela 3, podemos observar que nodecorrer do tratamento fisioterapêutico a paciente apresentou uma melhora significativa nosresultados do teste de força muscular.


76 GONÇALVES, Maria do Céu Pereira; ABRAHÃO, Natália Sartamento. Abordagem fisioterapêutica emum paciente com neoplasia maligna de encéfalo: relato de caso. Estácio de Sá – Ciências da Saúde.Revista da Faculdade Estácio de Sá. Goiânia SESES-Go. Vol. 02, nº 05, 69-79, Jan. 2011/Jun 2011.________________________________________________________________________________Tabela 3: Apresenta os resultados do teste de força muscular.1º AVALIAÇÃO03-05-062º AVALIAÇÃO20-03-073º AVALIAÇÃO13-11-07Membro Superior Esquerdo Esquerdo EsquerdoMovimento de extensão de ombro. 2+ 2+ 4+Movimento de flexão de ombro 2+ 3 4Membro Inferior Esquerdo Esquerdo EsquerdoMovimento de Extensão de joelho 3 3+ 4+Movimento de Flexão de joelho 3- 3+ 4+Flexão de Tronco 3 3+ 4+PARALISIA FACIAL EM HEMIFACE ESQUER<strong>DA</strong>Foi observado que a paciente apresentava um desvio acentuado no músculo orbicular doolho esquerdo, impedindo de fechar o olho por completo. No decorrer do tratamento a pacientefechava o olho esquerdo com facilidade, na terceira avaliação o olho esquerdo fechava porcompleto.Foi trabalhado ao longo do tratamento o músculo risório. Na primeira avaliaçãoapresentava pouca eficiência. No decorrer do tratamento na ultima avaliação, o músculoapresentava função recuperada dando a possibilidade à paciente de sorrir simetricamente. Ozigomático maior e menor, a paciente apresentava assimetria e no decorrer de todo o tratamentoapresentou a função preservada. Em relação o músculo depressor do ângulo da boca e depressor dolábio inferior, a paciente apresentava assimetria notável, com o decorrer do tratamento foi possívelchegar à simetria do mesmo. O músculo bucinador apresentava-se ineficiente, vindo há ter suafunção preservada na ultima avaliação realizada. Os músculos occiptofrontal, corrugador e próceromantiveram-se com usa atividade preservada desde o inicio do tratamento.DISCUSSÃOA paciente do relato de caso, após a cirurgia de secção parcial do tumor apresentouseqüelas de paralisia facial em hemiface esquerda devido à lesão de nervos cranianos; fala comdisartria e dificuldade de compreensão evoluindo para uma fala com disartria e facilidade decompreensão; déficit de equilíbrio era um fator importante que levava a marcha com apoio e basealargada evoluindo para marcha sem apoio, porém ainda apresentava base alargada.No primeiro momento a paciente queixava de constante perda de equilíbrio, não


77 GONÇALVES, Maria do Céu Pereira; ABRAHÃO, Natália Sartamento. Abordagem fisioterapêutica emum paciente com neoplasia maligna de encéfalo: relato de caso. Estácio de Sá – Ciências da Saúde.Revista da Faculdade Estácio de Sá. Goiânia SESES-Go. Vol. 02, nº 05, 69-79, Jan. 2011/Jun 2011.________________________________________________________________________________conseguindo deambular sem apoio, subir e descer escada sozinha. Com o decorrer do tratamentopodemos perceber que a mesma já realizava suas atividades de vida diária e atividades de lazer comautonomia e independência. O tônus muscular e os movimentos involuntários mantiveram-se comespasticidade leve e movimentos involuntários, apresentando tremores de extremidades.No curso das avaliações a paciente apresentou um encurtamento em Ísquios tibiais emMID e apresentou na primeira avaliação um encurtamento de peitoral maior em MSD, não vindo aapresentar o mesmo encurtamento nas seguintes avaliações.Segundo o teste de força muscular de Kendall, os resultados obtidos com a evolução dotratamento fisioterapêutico foram satisfatórios e a paciente apresentou melhora significativa nosresultados atingindo grau 4 + no braço e na perna hemipareticos.A mesma apresentou dificuldade unilateral direita dos movimentos da prova index-narizem função da hemiparesia direita e tremores em MMSS e MMII existentes no decorrer dotratamento.O tratamento foi interrompido por conseqüência de uma reincindiva constatada pornovos exames de ressonância magnética e tomografia computadorizada, de tumor em hemisfériodireito e invasão da medula espinhal causando metástase da mesma.Os pacientes descritos por Silva et al 10 apresentaram mutismo cerebelar transitório; noprimeiro caso a paciente era do sexo feminino, apresentou no primeiro momento dificuldade paradeambular e hidrocefalia. A mesma apresentou seqüelas de paresia bilateral do nervo facial e donervo abducente direito, falava embora com disartria evoluiu para normalidade, com ataxia emmembro superior direito, moderada ataxia da marcha.No segundo caso descrito por Silva et al, sexo femenino apresentando os sinais de perdade peso, disartria, marcha atáxica. A mesma apresentava seqüelas de paralisia do véu palatino,marcha atáxica, decomposição bilateral dos movimentos da prova index-nariz; a paciente nãoconseguia falar após a cirurgia, apresentou mutismo durante três semanas, voltando a falar comdisartria. Pode ser constatada presença de recidiva do tumor no cerebelo e no tronco cerebral. Estessinais se manifestaram neste estudo de caso, assim como também a recidiva.De acordo com Goldberg 1 a radiação no crânio para tratamento oncológico pode causarseqüelas neuroendócrinas, sendo deficiência do GH com retardo do crescimento linear. O pacientedescrito era do sexo masculino, com idade de dez anos, com sinais e sintomas de cefaléia constante,vertigens, náuseas, vômitos, déficit da força em dimídio direito, marcha com desvio para direita.Diferente dos demais pacientes citados anteriormente e da paciente do relato de caso era do sexofeminino. O paciente foi submetido à radioterapia e aos dez anos de idade foi constatado o déficit deGH, devido o retardo de crescimento pela sua faixa etária e sexo. A paciente do relato de caso não


78 GONÇALVES, Maria do Céu Pereira; ABRAHÃO, Natália Sartamento. Abordagem fisioterapêutica emum paciente com neoplasia maligna de encéfalo: relato de caso. Estácio de Sá – Ciências da Saúde.Revista da Faculdade Estácio de Sá. Goiânia SESES-Go. Vol. 02, nº 05, 69-79, Jan. 2011/Jun 2011.________________________________________________________________________________apresentou o déficit de crescimento, tendo sua linha de crescimento linear normal em todo otratamento.Segundo Reis et al, 6 dos vinte oito pacientes analisados vinte e dois eram do sexomasculino e seis do sexo feminino. Com recidiva tumoral em um total de 21% dos pacientes, querepresenta seis pacientes, em quatro anos de seguimento clínico. A paciente em questão apresentourecidiva em torno de quatro anos após a secção do tumor, assim como os 21% dos pacientesdescritos por Reis e colaboradores.CONCLUSÃOCom base nos resultados do presente estudo pode-se observar que a fisioterapia tevepapel importante na qualidade de vida da paciente descrita no relato de caso, em função daspossíveis complicações motoras decorrentes da lesão tumoral e/ou cirúrgica. A paciente mostrouevolução satisfatória com o tratamento fisioterapêutico e as alterações motoras apresentadas noinicio do tratamento foram recuperadas como mostram os resultados da pesquisa.Podemos observar que a escolha do modelo de intervenção fisioterapêutica baseado noConceito Bobath, que teve como objetivo recuperar grande parte do equilíbrio, com isso melhorar adeambulação, aperfeiçoar as mudanças de postura e a reação de proteção de equilíbrio,minimizando encurtamentos musculares; o uso do Método Kabat foi adequado porque foi possívelobter a recuperação dos padrões motores da face, com simetria da mímica facial e o bomfuncionamento de todos os músculos envolvidos na mesma.Houve a promoção da melhora na qualidade de vida da criança que se tornouindependente, principalmente porque pôde retornar às atividades de lazer, participando ativamentenas brincadeiras e tendo mais segurança para realizar todas as atividades propostas.A paciente mostrou melhora em todos os seus padrões motores, minimizando o déficitde equilíbrio dando condições a paciente de deambular sem apoio ou sem ajuda de uma segundapessoa; melhorando o seu grau de força muscular e realizando suas AVDs com mais segurança eindependência. Houve melhora da fala, devido ao acompanhamento com o fonoaudiólogo queesteve presente no decorrer do tratamento.


79 GONÇALVES, Maria do Céu Pereira; ABRAHÃO, Natália Sartamento. Abordagem fisioterapêutica emum paciente com neoplasia maligna de encéfalo: relato de caso. Estácio de Sá – Ciências da Saúde.Revista da Faculdade Estácio de Sá. Goiânia SESES-Go. Vol. 02, nº 05, 69-79, Jan. 2011/Jun 2011.________________________________________________________________________________REFERÊNCIAS1. GOLDBERG TBL; RODRIGUES MAM; TAKATA RT; NOGUEIRA CR; FALEIROS ATS.Deficiência de hormônio do crescimento após radioterapia por meduloblastoma na infância -relato de caso. Arq. Neuro-Psiquiatria, São Paulo; 2003;61. 2B.2. PRADO, RAMOS, VALLE. Atualização terapêutica. São Paulo: Editora Artes Médicas LT<strong>DA</strong>,1999.3. TECLKIN JS. Fisioterapia pediátrica. 3ª ed. Porto Alegre: Artmed, 2002.4. ROTTA NT; OHLWEILER L; RIESGO RDOSS. Neuropediatria, São Paulo: Artmed, 2005.5. RATLIFFE KT. Fisioterapia na clínica pediátrica. Guia para equipe de fisioterapeutas. SãoPaulo: Livraria Santos, 2002.6. REIS FILHO JS; GASPARETTO EL; FAORO LN; ARAÚJO JC; TORRES LFB.Meduloblastoma: achados clínicos, epidemológicos e anátonomo-patológicos de 28 casos.Textos científicos SCIELO, Arquivos de Neuropsiquiatria; 2000; 58(1): 76-80 . www.scielo.br.Publicado na internet em 05/03/2008.7. LIMA ER; FONSECA KC; CAVANI E; RODRIGUES K. Tumores do sistema nervoso centralem oncologia pediátrica. Considerações Gerais. Textos Científicos Sociedade Mineira dePediatria. www.smp.org.br. Publicado na internet em 30/09/2005.8. ROSEMBERG S. Neuropediatria. São Paulo: Editora Savier, 1998.9. STOKES M. Neurologia para fisioterapeuta. São Paulo: Editorial Premier, 2000.10. SILVA JRG; ATAY<strong>DE</strong> SA; BRITO JCF; NÓBREGA PV; NEVES VD. Mutismo cerebelartransitório - Relato de dois casos. Arq. Neuro-Psiquiatria, São Paulo; 1999; 57(4):1011-1016.11. KEEN<strong>DA</strong>LL, CREARY, PRONANCE. Músculos provas e função. São Paulo: Editora Manole,4º edição. 1995.12. RICHEL, HIL<strong>DE</strong> SABINE. Método kabat–facilitação neuromuscular proprioceptiva. SãoPaulo: Editora Premier, 1998.13. BOBATH, BERTA. Hemiplegia no adulto. São Paulo: Editora Manole, 1978.


80 SIQUEIRA, Sue Christiane; SANTOS, Silvana L.V; VIEIRA, Ângela Cristina Bueno. Propostapedagógica de acordo com o perfil dos acadêmicos de enfermagem de uma universidade particular deGoiânia-GO. Estácio de Sá – Ciências da Saúde. Revista da Faculdade Estácio de Sá. Goiânia SESES-Go. Vol. 02, nº 05, 80-94, Jan. 2011/Jun 2011._______________________________________________________________________________________PROPOSTA PE<strong>DA</strong>GÓGICA <strong>DE</strong> ACORDO COM O PERFIL DOSACADÊMICOS <strong>DE</strong> ENFERMAGEM <strong>DE</strong> UMA UNIVERSI<strong>DA</strong><strong>DE</strong>PARTICULAR <strong>DE</strong> GOIÂNIA – GOSue Christine Siqueira 1 , Silvana L. V. Santos 2 , Ângela Cristina Bueno Vieira 3Resumo:Este artigo teve como objetivo estudar aspráticas pedagógicas da atualidade e traçaro perfil do acadêmico de enfermagem do 1ºperíodo de uma universidade particular deGoiânia – GO, para propor uma prática quese adequa a este perfil. Para isso, foirealizada uma pesquisa descritiva comabordagem quantitativa com base em dados/ arquivo. Dentre os resultados pode-severificar que os acadêmicos são na maioriajovem entre 16 e 20 anos(44%), do sexofeminino (86%), moram com os pais (44%)e dentre outros fatores, escolheu o cursopor gostar (57%) e por acreditar numfuturo melhor (37%). Diante deste perfil aprática pedagógica que mais se adequa é aProblematização, por estruturar oacadêmico no momento social, inseri-lo nomeio , com atitudes críticas e inovadoras.Palavras chaves:prática pedagógica, perfil, acadêmico,enfermagem.Abstract:This article had as objective studies thepedagogic practices of the present timeand to trace the academic's of nursing ofthe 1st period of an university peculiar ofGoiânia profile - GO, to propose apractice that is adapted to this profile. Forthat, a descriptive research wasaccomplished with quantitative approachwith base in data / file. Among the resultsit can be verified that the academics are inmost young between 16 and 20 years(44%), of the feminine sex (86%), theylive with the parents (44%) and amongother factors, he/she chose the course forliking (57%) and for believing in a betterfuture (37%). before this profile thepedagogic practice that more she adapt itis Problematizacion, for structuring theacademic in the social moment, to inserthim/it in the middle, with critical andinnovative attitudes.Key words:pedagogic practice, profile, academic,nursing.1 Enfermeira especialista docente da Faculdade Estácio de Sá.2 Enfermeira Ms. Enfermagem da Universidade Salgado de Oliveira Goiânia-Go.3 Enfermeira Ms. Coord. do curso de enfermagem da Universidade Salgado de Oliveira Goiânia-Go.


81 SIQUEIRA, Sue Christiane; SANTOS, Silvana L.V; VIEIRA, Ângela Cristina Bueno. Propostapedagógica de acordo com o perfil dos acadêmicos de enfermagem de uma universidade particular deGoiânia-GO. Estácio de Sá – Ciências da Saúde. Revista da Faculdade Estácio de Sá. Goiânia SESES-Go. Vol. 02, nº 05, 80-94, Jan. 2011/Jun 2011._______________________________________________________________________________________INTRODUÇÃOO ensino sofre modificações de acordo com o momento histórico e não poderia serdiferente nos cursos de enfermagem. Inicialmente, estes foram criados para atender às necessidadesemergenciais, como na guerra, para atender estrangeiros e doentes mentais. No início do séc. XX,na década de 20 as escolas passaram a preparar o estudante na teoria e prática. Sendo a Escola deEnfermeiras D. Ana Néri a primeira a preconizar a Enfermagem Moderna (TEIXEIRA, 2006).Mediante a importância da formação de enfermeiras para a nossa sociedade, a Lei nº 775de 06/08/49 tornou obrigatória a existência de cursos de enfermagem em todo centro universitárioe/ou faculdades de medicina.São inegáveis os avanços ocorridos no curso de enfermagem ao longo dos anos,perpassando por interesses políticos, Leis de Diretrizes e Bases, Reformas Universitárias, mudançasna grade e conteúdo programático, carga horária, Conferências Nacionais de Saúde, ConstituiçõesFederais, até as Diretrizes Curriculares Nacionais para curso de graduação em Enfermagem(DCENF) (BRASIL, 2001).Fernandes (2006) relata que há muitos desafios para a implantação/implementação dasDCENF, pois implica mudança de paradigmas, fazer rupturas em práticas e crenças internalizadas.Implica, pois, no grande desafio que é o de formar enfermeiros(as) com competência técnica epolítica, como sujeitos sociais dotados de conhecimento, de raciocínio, de percepção e sensibilidadepara as questões da vida da sociedade.Piotroni (1988) citado por Fernandes (2006) relata que ainda com as transformaçõescontundentes sabe-se que o modelo de ensino na saúde é inegavelmente positivista, dualista,reducionista e mecanicista, herdado da história,proveniente da separação entre a igreja e ciênciaocorrida no séc.XVI iniciada com as idéias de Galileu e apoiados incondicionalmente por IsaacNewton e Descartes.Partindo dessa premissa, Teixeira e Vale (2006) propõem pensar sobre as condições dasdicotomias, como teoria/prática e ensino/aprendizagem e rever articulações de poder e revelaralternativas, como ensino/pesquisa e ensino/extensão. Para isso, é importante verificar aspectospotencializadores do modo de ensinar e aprender tendo como referência a cultura e o local deinserção do curso e como princípio norteador a construção de conhecimento.Por meio da vivência acadêmica, percebemos a diversidade sócio-econômica-culturalentre os alunos do curso de enfermagem suscitando a necessidade e desejo de conhecer as práticaspedagógicas existentes a fim de verificar a mais adequada ao perfil desses acadêmicos.


82 SIQUEIRA, Sue Christiane; SANTOS, Silvana L.V; VIEIRA, Ângela Cristina Bueno. Propostapedagógica de acordo com o perfil dos acadêmicos de enfermagem de uma universidade particular deGoiânia-GO. Estácio de Sá – Ciências da Saúde. Revista da Faculdade Estácio de Sá. Goiânia SESES-Go. Vol. 02, nº 05, 80-94, Jan. 2011/Jun 2011._______________________________________________________________________________________Sabe-se que a prática pedagógica preconizada em uma instituição deve atender ao perfildos acadêmicos. No entanto, é importante identificá-lo durante seu ingresso à universidade e sugeriruma prática pedagógica a fim de possibilitar melhor desenvolvimento individual e noensino/aprendizagem.Segundo Sordi (2006) é dever da Instituição de ensino e dos docentes assumirem comética os graduandos e formá-los com pretensão crítica, isolando o tecnicismo, mudando a forma deensinar e aprender saúde, produzindo transformação.Com este pressuposto, Waldow (2005) sugere um ensino centrado no desenvolvimentodo pensamento crítico, flexível às necessidades e características dos acadêmicos.Para esta mesma autora, um dos problemas relacionados ao pensamento crítico, refere-seà falta de uma definição clara em sua aplicação na enfermagem, observado pelas múltiplasinterpretações veiculadas, causando confusão entre docentes, estudantes, enfermeiros epesquisadores. Este pensamento se dá através de alguns aspectos, como atividades produtivas epositivas, sendo um processo e não resultado.O perfil do acadêmico de enfermagem poderá auxiliar na elaboração de uma práticapedagógica que mais se adeque a eles. A participação ativa do educando no processo ensinoaprendizagemé essencial para obtenção de resultados, por isso faz-se necessário conhecer aspráticas pedagógicas.O objetivo deste artigo é traçar o perfil do acadêmico de enfermagem a fim de proporuma prática pedagógica que mais se adeque a ele.MATERIAIS E MÉTODOSTrata-se de um estudo descritivo com abordagem quantitativa. Segundo Polit e Hungler(1995) citado por Murta (2006) os estudos descritivos são apresentações com ou sem hipóteses, dascaracterísticas específicas de uma situação com enfoque fundamental na exatidão, numplanejamento de pesquisa em situação de vida real, para aumentar o conhecimento do pesquisadorsobre o que deseja investigar. Por outro lado, o estudo quantitativo enfatiza o raciocínio lógico, asregras da lógica e os atributos mensuráveis da experiência humana, utilizando procedimentosestruturados e instrumentos formais para a coleta de informações de forma objetiva, analisando osdados estatisticamente.A fim de garantir o cumprimento das questões éticas em pesquisa, o estudo foisubmetido à autorização da coordenação do curso de enfermagem da universidade particular, sendo


83 SIQUEIRA, Sue Christiane; SANTOS, Silvana L.V; VIEIRA, Ângela Cristina Bueno. Propostapedagógica de acordo com o perfil dos acadêmicos de enfermagem de uma universidade particular deGoiânia-GO. Estácio de Sá – Ciências da Saúde. Revista da Faculdade Estácio de Sá. Goiânia SESES-Go. Vol. 02, nº 05, 80-94, Jan. 2011/Jun 2011._______________________________________________________________________________________que a mesma realiza uma entrevista por meio de questionário no início de cada semestre letivo a fimde levantar o perfil dos acadêmicos que ali ingressam.Os sujeitos da pesquisa foram duzentos e trinta (230) acadêmicos de enfermagem queresponderam ao questionário ao ingressarem na universidade particular em questão no ano de 2007.A tabulação foi realizada entre agosto e outubro de 2007. Para obter as informaçõesnecessárias para traçar o perfil e propor um método de ensino mais adequado, foram escolhidos 9(nove) itens mais relevantes do questionário, composto por 18 questões, para a pesquisa, como osexo, faixa etária, estado civil, componentes da residência, se possui trabalho remunerado, se temou não outro urso profissionalizante, qual o período que está matriculado, o porquê da escolha docurso e expectativas sobre o mesmo, dados estes que permitiram traçar o perfil do acadêmico deenfermagem.Os dados foram apresentados por meio de tabelas, gráficos, figuras e analisados à luz dasteorias pedagógicas com o objetivo de sugerir uma prática educativa que atenda as necessidadesdestes acadêmicos..RESULTADOSO número de alunos matriculados no ano de 2007 foi de 333 alunos no curso deenfermagem em 2007, dos quais 253 no 1º semestre e 80 no 2º semestre de 2007 e destes 230 (69%)acadêmicos de enfermagem do 1º período responderam ao questionário.A maioria dos acadêmicos é do sexo feminino (198/86%), tem entre 16 a 20 anos(101/44%), mora com os pais (101/44%), solteira (191) (83%), possui trabalho remunerado(121/52%), tem curso profissionalizante (101/44%), estuda no período noturno (125/54%), escolheuo curso porque gosta e admira a profissão (137/57%) e deseja um futuro melhor em todos osaspectos (89/37%).Quanto à distribuição por sexo há mais mulheres (198/86%) ingressando no curso deenfermagem que homens (33/14%), conforme Figura1.Segundo estudos de Wetterich e Melo (2007), perpetua ainda um preconceito à profissãode enfermagem por ser historicamente uma profissão feminina, porém em estudo realizado pelaUSP Ribeirão Preto 2000, revela que houve um movimento no interesse de jovens e a quebra depreconceitos aumentando o número de homens na enfermagem.


84 SIQUEIRA, Sue Christiane; SANTOS, Silvana L.V; VIEIRA, Ângela Cristina Bueno. Propostapedagógica de acordo com o perfil dos acadêmicos de enfermagem de uma universidade particular deGoiânia-GO. Estácio de Sá – Ciências da Saúde. Revista da Faculdade Estácio de Sá. Goiânia SESES-Go. Vol. 02, nº 05, 80-94, Jan. 2011/Jun 2011._______________________________________________________________________________________14% / 3386% / 198Masculino FemininoFigura 1 - Distribuição de freqüência dos acadêmicos do 1º período do curso de enfermagem de acordo com sexo,Goiânia, 2007.A faixa etária de maior concentração de alunos entrevistados está entre 16 e 20 anos(101/44%), seguida da faixa etária de 21 a 30 anos (100/43%), caracterizando uma maioria deacadêmicos concentrada na fase adulto jovem (Figura 2).Wetterich e Melo (2007) relatam em seu artigo que muitos autores consideram a idadeentre 18 e 20 anos como o final da adolescência, fase essa propícia à tomada de decisões tornando-ocapaz de ser responsável por suas atitudes e trabalho.


85 SIQUEIRA, Sue Christiane; SANTOS, Silvana L.V; VIEIRA, Ângela Cristina Bueno. Propostapedagógica de acordo com o perfil dos acadêmicos de enfermagem de uma universidade particular deGoiânia-GO. Estácio de Sá – Ciências da Saúde. Revista da Faculdade Estácio de Sá. Goiânia SESES-Go. Vol. 02, nº 05, 80-94, Jan. 2011/Jun 2011._______________________________________________________________________________________50%45%44% / 101 43% / 10040%35%30%25%20%15%11% / 2410%5%1% / 31% / 20%16-20 21-30 31-40 41-50 > 51Figura 2 – Distribuição da freqüência dos acadêmicos do 1º período de enfermagem por faixa etária, Goiânia, 2007.A Figura 3 mostra que 101acadêmicos (44%) ainda vivem sob tutela dos pais, 24 moramsozinhos (10%), 5 em pensão (2%), o que pode significar que um número reduzido de acadêmicosdeixa sua residência para cursar universidade.Outros34 / 15%Pensão5 / 2%Amigos40 / 17%Sozinho24 / 10%Cônjuge27 / 12%Pais101 / 44%0 20 40 60 80 100 120Figura 3 – Distribuição da freqüência dos acadêmicos de enfermagem do 1º período de acordo com os componentes daresidência, Goiânia, 2007.


86 SIQUEIRA, Sue Christiane; SANTOS, Silvana L.V; VIEIRA, Ângela Cristina Bueno. Propostapedagógica de acordo com o perfil dos acadêmicos de enfermagem de uma universidade particular deGoiânia-GO. Estácio de Sá – Ciências da Saúde. Revista da Faculdade Estácio de Sá. Goiânia SESES-Go. Vol. 02, nº 05, 80-94, Jan. 2011/Jun 2011._______________________________________________________________________________________Quanto ao estado civil (Figura 4) 191 (83%) apresentavam-se solteiros ao ingressaremna universidade. Dos demais, 28 (12%) eram casados. É importante relacionar estes dados àestruturação do curso, mesmo não sendo integral exige muitos dos alunos e os estágios estãodistribuídos pelos períodos da manhã, tarde e noite, o que dificulta para o indivíduo casado.5% / 1212% / 28SolteiroCasadoOutros83% / 191Figura 4 – Distribuição da freqüência dos acadêmicos de enfermagem do 1º período quanto ao estado civil, Goiânia,2007.Na Figura 5 não há uma grande diferença entre acadêmicos de enfermagem que possuemtrabalho remunerado (121/ 52%) dos que não possuem (110/48%), pois nesta universidadeparticular de Goiânia-Go o indivíduo pode se matricular em qualquer período, o que diferencia doperfil do acadêmico de universidade integral.48% / 11052% / 121SimNãoFigura 5 – Distribuição da freqüência dos acadêmicos de enfermagem do 1º período que possuem trabalho remunerado,Goiânia, 2007.


87 SIQUEIRA, Sue Christiane; SANTOS, Silvana L.V; VIEIRA, Ângela Cristina Bueno. Propostapedagógica de acordo com o perfil dos acadêmicos de enfermagem de uma universidade particular deGoiânia-GO. Estácio de Sá – Ciências da Saúde. Revista da Faculdade Estácio de Sá. Goiânia SESES-Go. Vol. 02, nº 05, 80-94, Jan. 2011/Jun 2011._______________________________________________________________________________________Já em relação a ter ou não um curso profissionalizante 95 (41%) acadêmicos deenfermagem do 1º período de enfermagem já fez curso profissionalizante de técnico emenfermagem, como mostra Figura 6. Já por outro lado 101(44%) acadêmicos fizeram outros cursosprofissionalizantes, incluindo curso da área da saúde e outros, como cabeleireira.12010095 / 41%101 / 44%8060402011 / 5%23 / 10%0Técnico em enfermagem Magistério Contabilidade OutrosFigura 6 – Distribuição da freqüência dos acadêmicos de enfermagem que já tenham feito curso profissionalizante,Goiânia, 2007.Em pesquisa realizada em 28 escolas de enfermagem do Estado de São Paulo a maioriados acadêmicos que trabalhava era das várias categorias de enfermagem e na visão de Tavares ecolaboradores (1995) eles tentam melhorar as atividades profissionais e querem reconhecimentoprofissional, pois essas categorias são pouco valorizadas e mal remuneradas. (WETTERICH eMELO, 2007).Um dos fatores importantes para traçar o perfil do acadêmico é verificar o período emque estuda (Figura 7). Em 2007 a maioria está matriculada no período noturno 125 (54%).Ao analisar os dados os acadêmicos que estudam no noturno são os mesmos que têmtrabalho remunerado.


88 SIQUEIRA, Sue Christiane; SANTOS, Silvana L.V; VIEIRA, Ângela Cristina Bueno. Propostapedagógica de acordo com o perfil dos acadêmicos de enfermagem de uma universidade particular deGoiânia-GO. Estácio de Sá – Ciências da Saúde. Revista da Faculdade Estácio de Sá. Goiânia SESES-Go. Vol. 02, nº 05, 80-94, Jan. 2011/Jun 2011._______________________________________________________________________________________46% / 10654% / 1250%Manhã Tarde NoiteFigura 7 – Distribuição da freqüência dos acadêmicos de enfermagem do 1º período por turno matriculado, Goiânia,2007.É importante ressaltar o motivo que levou à escolha do curso. O motivo mais relevantepara a escolha do curso de enfermagem foi o fato de gostar da profissão (137/57%). Já o menoslevantado foi por ter realizado teste vocacional (2/1%). (Tabela 1)Tabela 1 – Distribuição da freqüência quanto ao motivo que levou os acadêmicos a escolher o curso de enfermagempara sua formação profissional. Goiânia, 2007.2007Motivon %Por técnico / auxiliar em enf. 15 6Por gostar da profissão 137 57Pelas vagas no mercado 54 22Aptidão pessoal 24 10Teste vocacional 2 1Baixa concorrência 4 2Outros 4 2Total 240 100


89 SIQUEIRA, Sue Christiane; SANTOS, Silvana L.V; VIEIRA, Ângela Cristina Bueno. Propostapedagógica de acordo com o perfil dos acadêmicos de enfermagem de uma universidade particular deGoiânia-GO. Estácio de Sá – Ciências da Saúde. Revista da Faculdade Estácio de Sá. Goiânia SESES-Go. Vol. 02, nº 05, 80-94, Jan. 2011/Jun 2011._______________________________________________________________________________________Em 2007, 89 acadêmicos (37%) têm a expectativa de um futuro melhor em todos osaspectos ao término do curso, o que pode estar relacionado ao fato da maioria ser da categoria daenfermagem.Tabela 2 - Distribuição da freqüência quanto ao que o aluno espera que este curso lhe proporcione. Goiânia, 2007.2007O que o aluno esperan %Futuro melhor em todos aspectos 89 37Bom salário / emprego 23 9Estabilidade profissional 26 11Maior conhecimento científico 41 17Satisfação e crescimento profissional 62 26Outros 0 0Total 241 100DISCUSSÃOPROCESSOS <strong>DE</strong> ENSINO/APRENDIZAGEM NA ATUALI<strong>DA</strong><strong>DE</strong>De acordo com Guimarães (2004) a prática pedagógica na enfermagem é norteada porcorrentes filosóficas e o docente está constantemente sofrendo influências em sua ação pedagógicacomo é demonstrado por vários estudiosos citados em sua obra e descrito a seguir.Para Demo (1995) é necessário que o docente dispense compromisso em educaralicerçado em dois pilares de conhecimento, sendo o técnico-científico e o político-pedagógico, oqual propiciará refletir sobre o processo de ensino-aprendizagem.Azmon (1975) classifica as correntes filosóficas em cinco grandes filosofiaseducacionais – o perenialismo, o essencialismo, o progressismo, o existencialismo e obehaviorismo, como descrito a seguir.No perenialismo, o docente que o utiliza repousa sobre o ensino enciclopédico,perpetuando as grandes idéias em detrimento da capacidade de criação humana, além de formarenfermeiros reprodutores e não criadores.Já o essencialismo trata das coisas essenciais ou básicas que as pessoas têm de conhecerpara sobreviver, enfatizando a técnica para desenvolvimento da sociedade. A partir desta filosofia o


90 SIQUEIRA, Sue Christiane; SANTOS, Silvana L.V; VIEIRA, Ângela Cristina Bueno. Propostapedagógica de acordo com o perfil dos acadêmicos de enfermagem de uma universidade particular deGoiânia-GO. Estácio de Sá – Ciências da Saúde. Revista da Faculdade Estácio de Sá. Goiânia SESES-Go. Vol. 02, nº 05, 80-94, Jan. 2011/Jun 2011._______________________________________________________________________________________docente forma técnicos, consolidando as habilidades adquiridas.O progressismo leva o homem a resolver problemas, sendo prático e funcional vendo ooutro como objeto.Azmon (1975) ainda relata que o existencialismo destaca o indivíduo, fazendo-ocompreender a realidade por ele vivida, encaminhando-o rumo ao aprimoramento, como também,mostra que o educando passa a ver o outro com reflexão.O behaviorismo utiliza métodos de condicionamento como meio de dirigir ocomportamento humano, levando à criação de educandos ajustáveis, o qual é punido por atosconsiderados indesejáveis.Diante destas propostas a corrente filosófica caminha lado a lado com o contexto sócioeconômico-cultural,o que permite através de um perfil de certa população propor uma práticapedagógica mais adequada para uma boa formação.Por outro lado Saviani (1983) citado por Guimarães (2004) classifica estas correntescomo humanista tradicional, a qual corresponde ao essencialismo e ao perenialismo; humanistamoderno, tendência tecnicista, o qual permeia a resolução de problemas e preconiza mão-de-obraespecializada.Diante desta visão que norteia o ensino na enfermagem, é importante e necessárioconstruir um modelo de assistência centrado no homem, passando a ver a prática reflexiva.Partindo deste pressuposto, Faustino e colaboradores (2003) reflete em sua pesquisasobre os quatro pilares da educação. O aprender a conhecer leva o indivíduo ao prazer dadescoberta. O aprender a fazer valoriza e capacita o indivíduo a novas situações. Aprender a viverjuntos, compreendendo o outro e, finalmente, aprender a ser, que diz respeito ao desenvolvimentointegral da pessoa.Outra abordagem discutida por este autor é a de competência, a qual já vem sendodiscutida desde a Lei de Diretrizes e Bases (LDB), que deve ser considerada de forma ampliada nosentido de contemplar a dimensão ético-política no mundo do trabalho. Enfatiza-se também que ascompetências são aquisições, capacidades, práticas e conhecimentos organizados e têm comopremissa a estruturação do conhecimento de acordo com pensamento interdisciplinar, o incentivo aresolução de problemas, a diversificação dos meios de desenvolvimento, contextualização e, porfim, favorece o compromisso com a profissão.Outra concepção pedagógica, segundo Mallmam e Daudt (2003), é a epistemológica,que é sustentada pelo interacionismo sócio-cultural, construtivista, sistêmica e transcendente. É decunho interacionista, pois o sujeito interage com o outro. O aspecto sócio-cultural baseia-se no


91 SIQUEIRA, Sue Christiane; SANTOS, Silvana L.V; VIEIRA, Ângela Cristina Bueno. Propostapedagógica de acordo com o perfil dos acadêmicos de enfermagem de uma universidade particular deGoiânia-GO. Estácio de Sá – Ciências da Saúde. Revista da Faculdade Estácio de Sá. Goiânia SESES-Go. Vol. 02, nº 05, 80-94, Jan. 2011/Jun 2011._______________________________________________________________________________________sentido de que o homem vive num meio social. É construtivista, pois o sujeito constrói seuconhecimento por sua autonomia. É considerada sistêmica, pois o conhecimento/aprendizagem éum todo integrado e transcendental, já que o homem faz parte do universo. Portanto, é um processoque se constrói a partir da interação dos sujeitos entre si e com o mundo.Tavares (2003) preconiza a prática de interação e interdisciplinaridade, as quais propõemdesafios a serem superados pelos estudantes que lhes possibilitem ocupar o lugar de sujeitos naconstrução do conhecimento, sendo integrado a várias disciplinas, ou seja, interdisciplinar,trabalhando com a problematização.A PROPOSTA PE<strong>DA</strong>GÓGICA: METODOLOGIA <strong>DA</strong> PROBLEMATIZAÇÃODiante do perfil traçado neste estudo dos acadêmicos de enfermagem de umauniversidade particular de Goiânia-Go, pode-se verificar de uma forma geral que são solteiros,jovens adultos, habitam com os pais, trabalham, estudam à noite, já são profissionais da categoria,optaram pelo curso porque gostam e querem melhorar de vida.Atualmente, o ensino não pode ser apenas uma transmissão de conhecimento do que jáfoi construído, mas abarcar toda uma concepção que pretende levar o aluno à aquisição do jásabido, através de novas elaborações, levando – o à criticidade para transformar a realidade social(GUARIENTE e BERBEL, 2000).Desta forma, a sugestão para uma proposta pedagógica mais adequada é a Metodologiada Problematização de Paulo freire (1996), a qual propõe discutir a realidade concreta, interagindoos saberes curriculares com as experiências sociais dos alunos, ética, política, transferência deconteúdos aos alunos que depois de aprendidos, estes operam por si mesmos.Neste sentido, o ensino de Enfermagem deve ser direcionado para a formação de umprofissional consciente de sua responsabilidade histórica, crítico da realidade sócio-educacional,como da prática da assistência à saúde e compromissado com o seu atuar transformadorcontextualizado, vindo ao encontro dos reais interesses da comunidade.Segundo Berbel (1998), a Metodologia da Problematização é desenvolvida em etapas, afim de completar o Arco de Maguerez.A primeira é a Observação da realidade social, concreta, pelos alunos, a partir de umtema, permitindo aos mesmos identificar dificuldades que serão transformadas em problemas.Já para a mesma autora a segunda etapa é a dos Pontos – chaves, onde os alunos farãoreflexões sobre as possíveis causas daquele problema.


92 SIQUEIRA, Sue Christiane; SANTOS, Silvana L.V; VIEIRA, Ângela Cristina Bueno. Propostapedagógica de acordo com o perfil dos acadêmicos de enfermagem de uma universidade particular deGoiânia-GO. Estácio de Sá – Ciências da Saúde. Revista da Faculdade Estácio de Sá. Goiânia SESES-Go. Vol. 02, nº 05, 80-94, Jan. 2011/Jun 2011._______________________________________________________________________________________A partir deste pressuposto ocorre a terceira etapa, a teorização, ou seja, investigaçãopropriamente dita. Na quarta etapa há a hipótese de solução, a qual ou quais são construídas após oestudo, como fruto da compreensão profunda após investigação.A quinta etapa e última é a da Aplicação à realidade, ou seja, ação-reflexão-ação ouprática-teoria-prática, tendo como ponto de partida e de chegada o ensino e aprendizagem a partirda realidade social, dinâmica e complexa.Problematização, segundo Cyrino e Pereira (2004), é a transformação social, àconscientização de direitos e deveres dos cidadãos, mediante uma educação emancipatória elibertadora, a fim desenvolver uma consciência crítica para resolver problemas de interesse coletivointervindo na realidade.Berbel (1998) conceitua a Aprendizagem baseada em problemas como sendo aquela emque os alunos aprendem a aprender e se preparam para resolver problemas relativos à sua futuraprofissão.Neste sentido é levantado um problema, o qual poderá ser discutido individualmente oucoletivamente, deverão ser levantadas hipóteses, em seguida objetivos serão traçados para explicálo,pesquisas e estudos serão propostos e uma nova discussão será realizada para aplicação do novoconhecimento (CYRINO e PEREIRA, 2004).Como uma grande parte é técnico em enfermagem e tem como opção a Enfermagem porquerer melhorar de vida em todos os aspectos a Problematização favorece uma mudança deparadigma na comunidade, pois a partir de uma realidade vivenciada, conhecimento científico epensamento crítico o profissional tem capacidade de agir e solucionar o problema detectado.CONCLUSÃOApós a análise dos dados a fim de traçar o perfil dos acadêmicos de enfermagem do 1ºperíodo de uma universidade particular de Goiânia – GO, pode – se concluir que: os acadêmicos sãojovens, solteiros, técnicos em enfermagem e possuem uma expectativa de melhorar de vida com aconclusão do curso, além de o terem escolhido devido gostar do curso.Diante de tantas práticas pedagógicas existentes no mundo da educação, torna-seevidente que a metodologia da problematização é a que mais se adequa ao perfil traçado nestapesquisa, principalmente porque o profissional de enfermagem deve ser conhecedor da comunidade,observar problemas e solucioná-los.A metodologia da problematização é um desafio a construção de conhecimentos, devido


93 SIQUEIRA, Sue Christiane; SANTOS, Silvana L.V; VIEIRA, Ângela Cristina Bueno. Propostapedagógica de acordo com o perfil dos acadêmicos de enfermagem de uma universidade particular deGoiânia-GO. Estácio de Sá – Ciências da Saúde. Revista da Faculdade Estácio de Sá. Goiânia SESES-Go. Vol. 02, nº 05, 80-94, Jan. 2011/Jun 2011._______________________________________________________________________________________à aproximação da realidade em que o tema em estudo é vivido por diferentes sujeitos, além dedesenvolver a interação de professores e alunos no desempenho de atividades de ensino e pesquisaem saúde, voltando-se para a preparação do estudante/ser humano a tomar consciência de seumundo e atuar intencionalmente para melhorá-lo.REFERÊNCIASBERBEL, N. A. N. A problematização e a aprendizagem baseada em problemas: diferentes termosou diferentes caminhos? Interface – Comunicação, Saúde, Educação, v.2, n.2, 1998.BRASIL. Ministério da Educação, Conselho Nacional de Educação, Câmara de Educação Superior.Diretrizes Curriculares Nacionais do Curso de Graduação em Enfermagem. Resolução CNE/CESn.3, de 07 de novembro de 2001. Brasília/DF, 2001.CARVALHO, V. de. Cuidando, pesquisando e ensinando: acerca de significados e implicações daprática da enfermagem. Rev. Latino-Americana de Enfermagem v.12, n.5, p.806-815, set/out. 2004.CYRINO, E. G. e TORALLES-PEREIRA, M.L. Trabalhando com estratégias de ensinoaprendizagempor descoberta na área da saúde: a problematização e a a aprendizagem baseada emproblemas. Caderno Saúde Pública. Rio de Janeiro v.20 n.3 p.780-788 mai/jun, 2004.FAUSTINO, R.L.H. et al. Caminhos da formação de enfermagem: continuidade ou ruptura? Rev.Brasileira de Enfermagem. Brasília (DF) v. 56 n.4 p.343-347, jul/ago. 2003.FERNAN<strong>DE</strong>S, J. D. A trajetória do ensino de graduação em enfermagem no Brasil In: TEIXEIRAet al (Org.) O ensino de graduação em enfermagem no Brasil: o ontem, o hoje e o amanhã. Brasília:Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira, 2006.FERNAN<strong>DE</strong>S, J. D. Diretrizes curriculares e projetos pedagógicos de cursos de graduação emenfermagem In: TEIXEIRA et al (Org.) O ensino de graduação em enfermagem no Brasil: oontem, o hoje e o amanhã. Brasília: Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais AnísioTeixeira, 2006.FREIRE, Paulo. Pedagogia da autonomia: Saberes necessários à prática educadora. 16 ed. SãoPaulo: Paz e Terra, 1996.GUARIENTE, M. H. D. de M.; BERBEL, N. A. N. A pesquisa participante na formação didáticopedagógicade professores de enfermagem. Revista Latino-Americana de Enfermagem. RibeirãoPreto v.8 n.2 abr. 2000.GUIMARÃES, G. L. O enfermeiro-educador e as correntes filosóficas que norteiam na sua práxispedagógica. Rev. Enfermagem Atual. São Paulo ano 4 n. 24 p.12-15 nov/dez. 2004.MALLMAM, M. T.; <strong>DA</strong>UDT,S. I. D. A nova graduação de UNISINOS: compartilhando aexperiência de um ato pedagógico. Rev. Brasileira de Enfermagem. Brasília (DF) v. 56 n.4 p.353-357, jul/ago. 2003.OJE<strong>DA</strong>, B.S. et al. Projeto pedagógico:ações, movimentos e percepções de formandos. Rev.


94 SIQUEIRA, Sue Christiane; SANTOS, Silvana L.V; VIEIRA, Ângela Cristina Bueno. Propostapedagógica de acordo com o perfil dos acadêmicos de enfermagem de uma universidade particular deGoiânia-GO. Estácio de Sá – Ciências da Saúde. Revista da Faculdade Estácio de Sá. Goiânia SESES-Go. Vol. 02, nº 05, 80-94, Jan. 2011/Jun 2011._______________________________________________________________________________________Enfermagem Atual. São Paulo ano 5 n.26 p. 29-35 març/abr. 2005.PEREIRA, A. L. F. As tendências pedagógicas e a prática educativa nas ciências da saúde. Cad. DeSaúde Pública v.19 n.5 Rio de Janeiro set/out. 2003.PINTO, J.B.T. e PEPE, A. M. A formação do enfermeiro: contradições e desafios à práticapedagógica. Rev. Latino-Americana de Enfermagem. v. 15 n. 1, p.120-126, jan/fev. 2007.MURTA, G. F. (Org.) Saberes e práticas: guia para ensino e aprendizado de enfermagem 2 ed. rev.São Caetano do Sul: Difusão, 2006.SORDI, N. R. L de. Avaliando o ensino de enfermagem no contexto do SINAES: potencialidades efragilidades In: TEIXEIRA et al. (Org.) O ensino de graduação em enfermagem no Brasil: o ontem,o hoje e o amanhã. Brasília: Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais AnísioTeixeira, 2006.TAVARES, C. M. M. Integração curricular no curso de graduação em enfermagem. Rev. Brasileirade Enfermagem. Brasília (DF) v. 56 n.4 p.401-404, jul/ago. 2003.TEIXEIRA, E.; VALE E. G. Tendências e perspectivas do ensino de graduação em enfermagem In:TEIXEIRA et al. (Org.) O ensino de graduação em enfermagem no Brasil: o ontem, o hoje e oamanhã. Brasília: Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira, 2006.VALE, E. G.; FERNAN<strong>DE</strong>S, J. D. Ensino de graduação em enfermagem: contribuição daAssociação Brasileira de Enfermagem In: TEIXEIRA et al. (Org.) O ensino de graduação emenfermagem no Brasil: o ontem, o hoje e o amanhã. Brasília: Instituto Nacional de Estudos ePesquisas Educacionais Anísio Teixeira, 2006.WALDOW, V. R. Estratégias de ensino na enfermagem: enfoque no cuidado e no pensamentocrítico; prefácio de Leonardo Boff. Petrópolis: Vozes, 2005.WETTERICH, N.C.; MELO, M.R.A.C. Perfil demográfico do aluno do curso de graduação emenfermagem. Revista Latino-Americana de Enfermagem. v.15, n.3 Ribeirão Preto Junho.2007.


_________________________PESQUISAS


96 CORREA, Marcelo. Estudo sobre acessibilidade das estruturas esportivas: referências para as políticasde educação físíca, esportes e lazer. Estácio de Sá – Ciências da Saúde. Revista da Faculdade Estácio deSá. Goiânia SESES-Go. Vol. 02, nº 05, 96-113, Jan. 2011/Jun 2011.________________________________________________________________________________ESTUDO SOBRE ACESSIBILI<strong>DA</strong><strong>DE</strong> <strong>DA</strong>S ESTRUTURAS ESPORTIVAS:REFERÊNCIAS PARA AS POLÍTICAS <strong>DE</strong> EDUCAÇÃO FÍSICA,ESPORTES E LAZERMarcelo CorreaResumo:Compreendendo que para uma políticavoltada ao segmento de deficientes, tornasenecessário contemplar todos ossegmentos desta população, envolvidos,portanto, não só com a modificação dasestruturas físicas das instalações esportivasda cidade estudada, mas da ação política epragmática que promova a acessibilidade,principalmente se entre objetivos destapolítica, encontrarmos o de transformaçãoda realidade cultural, fomentando aparticipação e acesso, tolerância eenriquecimento cultural.Palavras-Chave:Acessibilidade. Educação Física. PolíticasPúblicas. Direitos.Abstract:Realizing that for a policy geared to thedisabled, it is necessary to include allsegments of the population involved,therefore, not only with the modification ofthe physical structures of the city's sportsfacilities studied, but the pragmatic andpolitical action that promotes accessibility,especially among the objectives of thispolicy, we find the transformation ofcultural reality, encouraging participationand access, tolerance and culturalenrichment.Key-Words:Accessibility. PhysicalEducation. PublicPolicy. Rights.INTRODUÇÃOOs termos ‘deficiente’, ‘desviante’, ‘diferente’ e ‘anormal’ são empregados, muitasvezes, para fazer referência a pessoas que, por possuírem características cognitivas ou motorasdiferentes, são impedidas de circular ou viver plenamente.Estes termos traduzem preconceitos e valores éticos de uma sociedade e seconsubstanciam na relação entre as pessoas ‘normais’ ou ‘anormais’, ‘iguais’ ou ‘diferentes’,‘pessoas portadoras de deficiência’ ou não e traduzem, também, desconhecimento de quem sãoessas pessoas (ALERJ, 2005).A discussão de direitos dos portadores de necessidades especiais começou com oRenascimento europeu nos séculos XV e XVI, e permanece até o século atual; quandogradativamente, vem ocorrendo o aumento dos chamados direitos sociais.


97 CORREA, Marcelo. Estudo sobre acessibilidade das estruturas esportivas: referências para as políticasde educação físíca, esportes e lazer. Estácio de Sá – Ciências da Saúde. Revista da Faculdade Estácio deSá. Goiânia SESES-Go. Vol. 02, nº 05, 96-113, Jan. 2011/Jun 2011.________________________________________________________________________________Com a evolução e reformulação do entendimento do bem comum, começou-se acompreender o bem-estar econômico, o lazer e a educação, os quais passaram a ser consideradosdireitos. O direito à educação física e à prática esportiva aconteceu em consonância com opanorama político já evidenciado para o século XX.Após a segunda guerra, a educação física desmanchou seus vínculos doutrinários com paísescomo a Suécia, Alemanha e França, deixando de ser vista como preparação de soldados paraguerra e passando por ventos como a iniciação esportiva, a psicomotricidade na escola, daaptidão física e a educação física de adultos (TUBINO, 1991).A educação física para pessoas com deficiência considera que alguns indivíduospossuem danos físicos ou psíquicos, inatos ou adquiridos, e que por isto não são capazes de garantiros mesmos níveis de habilidades que outros. Considera ainda que existam pessoas com situaçõesbiológicas passageiras, como as grávidas, que necessitam de atenção especial.Inúmeros estudos mostram que as diferentes formas de atividades físicas podem atuareficientemente como meios específicos da educação física (AZEVEDO, 2004).Diversos documentos abordam este assunto. Um exemplo é a carta Internacional deEducação Física e do Esporte (UNESCO, 1978), que no seu art. 3° estabelece que: "A educaçãofísica e os programas de esporte devem adaptar-se às necessidades individuais e sociais";As resoluções e considerações do XVIII Congresso Panamericano de educação física(PANAMÁ, 1999), ao perceber que: as pessoas com deficiência não são atendidas adequadamente ea sociedade em geral não apóia este grupo de pessoas, recomendou o uso de recreação e deatividades físicas para estas situações;A 3ª Conferência Internacional de Ministros e Altos Funcionários Encarregados daeducação física e esporte – MINEPSIII, na Declaração de Punta Del Este (1999), no seu art. 6°,mostra "a importância de promover os programas de esporte e atividades físicas para pessoas deidade avançada e pessoas com deficiência". E completa apontando que as pessoas, pelas suascondições humanas, ao longo da vida, terão necessidades especiais, inclusive, quanto à educaçãofísica.A Federação Internacional de Educação Física (FIEP) conclui:Art. 17- A educação física, ao ser reconhecida como meio eficaz de equilíbrio e melhoria emdiversas situações, quando oferecida a pessoas com deficiência, deverá ser cuidadosamenteadaptada às características de cada caso.


98 CORREA, Marcelo. Estudo sobre acessibilidade das estruturas esportivas: referências para as políticasde educação físíca, esportes e lazer. Estácio de Sá – Ciências da Saúde. Revista da Faculdade Estácio deSá. Goiânia SESES-Go. Vol. 02, nº 05, 96-113, Jan. 2011/Jun 2011.________________________________________________________________________________A Organização Mundial de Saúde (OMS) estima que: em termos de percentuais de 12 a15% da população de países em desenvolvimento são constituídos de pessoas com algum tipo dedeficiência. No Brasil seriam 24,5 milhões de brasileiros (14,5%), segundo dados do censorealizado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) no ano 2000.Para que o direito seja respeitado, torna-se fundamental que os mecanismos existentesprovidenciem mais do que leis, a inclusão das pessoas portadoras de necessidades especiais, devecontar com o entendimento sobre a necessidade das estruturas adequadas a este segmento, sejamestas públicas ou privadas.Quanto às adaptações das estruturas públicas devem ser mencionados as seguintesmodificações.Edifícios de esporte e lazer: Devido a cadeiras do tipo cambadas, utilizadas por pessoascom deficiência para a prática de esportes, todas as portas dos edifícios esportivos devem ter alargura mínima de um metro.As arquibancadas devem prover locais para as pessoas com deficiência usuárias decadeira de rodas e pessoas com dificuldade de locomoção. Tais lugares são associados a uma rotaacessível e integrado aos demais de modo a prever que estas pessoas tragam pelo menos umacompanhante.Também os sanitários e vestiários devem ser acessíveis com rampas, barras de apoio,área de transferência lateral, área de manobra, cabides, espelhos e piso antiderrapante (ALERJ,2005).Apesar de significativas contribuições, na produção científica sobre estruturas físicas,existem problemas, principalmente na educação para pessoas com deficiência, o tema não é tratadona gestão de espaços públicos e privados na cidade escolhida para este estudo, Petrópolis – Rio dejaneiro, onde foi realizado um levantamento com as principais estruturas esportivas desta cidade.A pesquisa científica é fator essencial na mudança de atitudes e na busca de formas maisefetivas para a inserção social de todos, o que contempla também a criança com deficiência, daí anecessidade de reflexão e avaliação contínua desta produção a fim de contribuir com a sua melhoriaqualitativa.Existem significativas contribuições na produção científica da educação física (EF)sobre as pessoas com deficiência (RONALD, 1985). Vários pesquisadores brasileiros têminvestigado as possibilidades e contradições relacionadas à escolarização de crianças comdeficiência discutindo modelos teórico-práticos de educação, impactos e conseqüências daspolíticas educacionais na escolarização dessas crianças como Jannuzzi (1985), Mantoan (1997),Sanches-Gamboa (1998), Carvalho (2000). Entre as várias áreas acadêmicas que têm produzido


99 CORREA, Marcelo. Estudo sobre acessibilidade das estruturas esportivas: referências para as políticasde educação físíca, esportes e lazer. Estácio de Sá – Ciências da Saúde. Revista da Faculdade Estácio deSá. Goiânia SESES-Go. Vol. 02, nº 05, 96-113, Jan. 2011/Jun 2011.________________________________________________________________________________conhecimento sobre o deficiente, a educação física apresenta-se como importante no que dizrespeito à busca de elementos que possibilitem a inclusão da pessoa com deficiência na escolaregular.Compreendendo que para uma política voltada ao segmento de deficientes, torna-senecessário contemplar todos os segmentos desta população, envolvidos, portanto, não só com amodificação das estruturas físicas das instalações esportivas da cidade estudada, mas da açãopolítica e pragmática que promova a acessibilidade, principalmente se entre objetivos desta política,encontrarmos o de transformação da realidade cultural, fomentando a participação e acesso,tolerância e enriquecimento cultural.O levantamento dos textos e resumos publicados pelo Colégio Brasileiro de Ciências doEsporte (CBCE) no período de 1978 a 1999 explicita o crescimento no número de publicações.Silva (1999) reforça que: "apesar de existirem diferenciações no que se refere aos problemas eobjetivos abordados, procedimentos teórico-metodológicos e epistemológicos comuns, norteiam amaior parte dos textos”.Contudo, apesar das preocupações e avanços, tendo em vista a complexidade da questãosócio-educativa da EF para pessoas com deficiência, é importante também compreender ascontradições que estão presentes, revelando, na maioria das vezes, que a oferta deatendimento educacional para essas pessoas tem tomado rumos não condizentes com as suasnecessidades reais (BATISTELLA, 1990).O direito à inclusão das pessoas com deficiência passa pelo crivo da igualdade a quetodo cidadão tem direito e deve ser respeitado.Sem tratamento de habilitação e reabilitação o deficiente não terá condições decandidatar-se a um emprego. Sem educação especial, não poderá desenvolver suas potencialidades,dentro de seus limites pessoais. Sem transporte adaptado, não poderá comparecer ao local detrabalho, à escola e ao seu local de lazer (CAMPEÃO, 2005).O conjunto desses instrumentos compõe o direito à inclusão social da pessoa comdeficiência. Cada um desses direitos, separadamente ou em conjunto, forma o conteúdo do direito àinclusão. Vida familiar sadia, educação especial, transporte adaptado, direito à saúde, incluindohabilitação e reabilitação, e o direito ao lazer são instrumentos indispensáveis à inclusão social doindivíduo (ARAUJO, 2001).Um sério problema enfrentado pelas pessoas com deficiência é a dificuldade delocomoção. As prefeituras municipais continuam autorizando a construção de edifícios públicossem rampas de acesso, impedindo a entrada de cadeirantes. Problema semelhante acontece com osbanheiros, que em muitos locais não têm a largura necessária para a entrada da cadeira de rodas.


100 CORREA, Marcelo. Estudo sobre acessibilidade das estruturas esportivas: referências para as políticasde educação físíca, esportes e lazer. Estácio de Sá – Ciências da Saúde. Revista da Faculdade Estácio deSá. Goiânia SESES-Go. Vol. 02, nº 05, 96-113, Jan. 2011/Jun 2011.________________________________________________________________________________Vale lembrar que além dos cadeirantes, outras pessoas com deficiência também sofremcom barreiras. Exemplo são os deficientes visuais, que sofrem com a ausência de semáforos sonorose de guia nos edifícios públicos.Há que se tomar consciência de que a pessoa com deficiência não quer ser objeto detratamento diferenciado, não quer ser carregado sobre as catracas do metrô nem, tampouco, até àzona eleitoral. Quer apenas, se integrar socialmente, passando despercebido em seu cotidiano(SILVA, 2003).O valor social do presente trabalho consiste na tentativa de identificar a situação dasinstalações físicas das estruturas esportivas, quebrar preconceitos, os quais impossibilitam o direitouniversal de ir e vir, o direito à igualdade e ao respeito. Em suma, o que se busca é a convivênciarespeitosa com as diferenças.Mas para que isso aconteça parece fundamental notificar a sociedade o estado deinconsciência que a envolve, no trato com a pessoa com deficiência, colocando-o em um mundoonde a discriminação encontra justificativa, deixando o deficiente à margem dessa sociedade.Deve-se salientar ainda que a acessibilidade ao espaço construído não deva ser vistacomo um conjunto de medidas que favoreceriam apenas as pessoas com deficiência, o que poderiaaté aumentar a exclusão e segregação destes grupos, mas sim medidas técnico-sociais e culturaisdestinadas a permitir que o espaço acolha todos os seus usuários em potencial (AcessibilidadeUniversal).Neste sentido, é importante compreender a acessibilidade como sendo uma real aberturaà possibilidade de convívio entre as diferenças, beneficiando toda a sociedade e proporcionandouma melhor qualidade de vida para todos os cidadãos.O exercício do convívio, que permite a troca entre as mais diversas condições sociais,físicas e culturais entre as pessoas, é fundamental para a diminuição e / ou desaparecimento decategorizações estereotipadas (ALERJ, 2005).Objetivou-se neste trabalho mapear todos os ginásios esportivos da cidade de Petrópolis,com o intuito de averiguar se são acessíveis para pessoas com deficiência, e quais adaptaçõespossuem.Esse estudo teve como objetivos específicos, a destacar: Levantar fontes, procurandoidentificar fatores que possam contribuir para a elaboração de um projeto de implantação deacessibilidade nos ginásios esportivos públicos e privados, visando às pessoas com deficiência.


101 CORREA, Marcelo. Estudo sobre acessibilidade das estruturas esportivas: referências para as políticasde educação físíca, esportes e lazer. Estácio de Sá – Ciências da Saúde. Revista da Faculdade Estácio deSá. Goiânia SESES-Go. Vol. 02, nº 05, 96-113, Jan. 2011/Jun 2011.________________________________________________________________________________METODOLOGIA1. Foram feitas entrevistas abertas contendo dez perguntas para os gestores de ginásios equadras no município de Petrópolis, para que expusessem sua situação em relação à acessibilidade einclusão.2. Um questionário fechado contendo dez perguntas foi feito para dez pessoas com deficiênciaresidentes em Petrópolis.Ambos foram voltados para a questão da acessibilidade e da inclusão de pessoas comdeficiência nos ginásios esportivos na cidade de Petrópolis.Tanto as entrevistas abertas quanto o questionário fechado continham questõesrelacionadas às características sócio-demográficas e à dificuldade de acesso a ginásios esportivos dacidade.Para avaliação da satisfação com atenção, alguns cuidados foram adotados, como autilização de uma questão com duas opções de resposta (sim ou não) para o questionário aplicadopara pessoas com deficiência.Facilitando a expressão de níveis de satisfação mais baixos, maior variabilidade nasrespostas e maior associação com medidas de intenção de comportamento das pessoas comdeficiência.Antes da realização de cada entrevista, foi feita uma abordagem individual com osgestores e indivíduos com deficiência, em momentos diferentes, com a apresentação dos objetivosda pesquisa e o convite para participar desta, garantindo a privacidade das respostas.Com o objetivo de obter informações sobre as principais dificuldades e necessidades dousuário para usufruir dos ginásios esportivos o instrumento aplicado para as pessoas comdeficiência teve por objetivo final dar voz a esse seguimento.Os participantes deste estudo eram portadores de paralisia cerebral (PC) divididos emduas categorias e dois graus em relação à deficiência motora:1- Andantes: grau moderado e leve.2- Pessoas em cadeiras, grau severo.ANÁLISE E DISCUSSÃO DOS RESULTADOSA entrevista com os gestores dos ginásios esportivos na cidade de Petrópolis teve comoobjetivo averiguar a situação real em relação a acessibilidade e inclusão das pessoas comdeficiência nesses espaços públicos esportivos.


102 CORREA, Marcelo. Estudo sobre acessibilidade das estruturas esportivas: referências para as políticasde educação físíca, esportes e lazer. Estácio de Sá – Ciências da Saúde. Revista da Faculdade Estácio deSá. Goiânia SESES-Go. Vol. 02, nº 05, 96-113, Jan. 2011/Jun 2011.________________________________________________________________________________01) Porque não há acesso para pessoa com deficiência?ESTRUTURA ANTIGA,ACESSO PARCIAL.05 50%FALTA <strong>DE</strong> VERBA 02 20%ACESSO TOTAL02 20%SEM ACESSOCONSTRUÇÃO ANTIGA01 10%Com o resultado obtido verificou-se que (50%) cinqüenta por cento dos entrevistadosacenaram que a problemática do acesso está ligada a estruturas antigas, enquanto (20%) vinte porcento alegaram falta de verba, enquanto (20%) vinte por cento alegaram terem acesso, e (10%) dezpor cento alegam não ter acesso.02) Poderia citar alguma melhoria voltada à saúde, qualidade de vida/lazer voltada parapessoa com deficiência que freqüentam ou podem vir a freqüentar?SOCIAL E LAZER 04 40%ATIVI<strong>DA</strong><strong>DE</strong>FÍSICA02 20%NENHUMAMELHORIA04 40%


103 CORREA, Marcelo. Estudo sobre acessibilidade das estruturas esportivas: referências para as políticasde educação físíca, esportes e lazer. Estácio de Sá – Ciências da Saúde. Revista da Faculdade Estácio deSá. Goiânia SESES-Go. Vol. 02, nº 05, 96-113, Jan. 2011/Jun 2011.________________________________________________________________________________Com o resultado obtido verificou-se que (40%) quarenta por cento dos entrevistadosafirmaram a melhora se dá pela integração social e lazer, (20%) respondeu que a atividade física éresponsável por essa melhora (40%) responderam não terem melhorias de qualidade de vida parapessoa com deficiência por não fazerem esse atendimento.03) Tem conhecimento da obrigatoriedade da lei de acessibilidade?SIM 07 70%NÃO 03 30%Com o resultado obtido verificou-se que (70%) setenta por cento dos entrevistadostinham conhecimento da lei enquanto (30%) trinta por cento não tinham conhecimento da mesma.04) Existe alguma pessoa com deficiência que tentou freqüentar esse local?FREQUENTA COMDIFICUL<strong>DA</strong><strong>DE</strong>09 90%NÃO FREQUENTA 01 10%Com o resultado obtido verificou-se que (90%) noventa por cento dos entrevistadosresponderam que freqüentaram o local com dificuldades, (10%) dez por cento respondeu que nãotem pessoa com deficiência freqüentando o local.05) Já foi questionado sobre a possibilidade da atender pessoa com deficiência?SIM POR FALTA <strong>DE</strong>PROJETO03 30%NÃO 03 30%


104 CORREA, Marcelo. Estudo sobre acessibilidade das estruturas esportivas: referências para as políticasde educação físíca, esportes e lazer. Estácio de Sá – Ciências da Saúde. Revista da Faculdade Estácio deSá. Goiânia SESES-Go. Vol. 02, nº 05, 96-113, Jan. 2011/Jun 2011.________________________________________________________________________________SIM, MAS FALTAPROFESSOR01 10%ESPECIALIZADO.JÁ TEM ATENDIMENTO 03 30%Com o resultado obtido verificou-se que (30%) trinta por cento já foi questionado, maspor falta de projeto não pode fazer atendimento, (30%) trinta por cento nunca foram questionadosenquanto (10%) dez por cento foi questionado, mas por falta de professor especializado não podeatender e (30%) já fazem esse atendimento.06) Já houve algum evento em que os pessoas com deficiência ficaram impossibilitados departicipar ou assistir?NÃO 07 70%NUNCA TEVE PROCURAPARA RELIZAÇÃO <strong>DE</strong>03 30%EVENTOSCom o resultado obtido verificou-se que (70%) setenta por cento não teve problemas deaceso para pessoa com deficiência, e (30%) trinta por cento responderam que ate o momento nãotiveram procura para realização de eventos para pessoa com deficiência.07) Há algum projeto para sensibilização desse problema?SIM 03 30%NÃO05 50%


105 CORREA, Marcelo. Estudo sobre acessibilidade das estruturas esportivas: referências para as políticasde educação físíca, esportes e lazer. Estácio de Sá – Ciências da Saúde. Revista da Faculdade Estácio deSá. Goiânia SESES-Go. Vol. 02, nº 05, 96-113, Jan. 2011/Jun 2011.________________________________________________________________________________HÁ PROJETO, MAS NÃOESTÁ EM AN<strong>DA</strong>MENTO.02 20%Com o resultado obtido verificou-se que (30%) trinta por cento dos entrevistados temprojetos para pessoa com deficiência, enquanto (50%) cinqüenta responderam não terem projetos, e(20%) vinte por cento responderam que tem projetos, mas não estão em andamento.08) Conhece algum ginásio ou espaço público adaptado para pessoa com deficiência?SIM 05 50%NÃO 05 50%Com resultado obtido verificou-se que (50%) cinqüenta por cento dos entrevistadosconhecia algum ginásio adaptado, e (50%) cinqüenta por cento responderam não conhecer.09) Achou interessante obter essa informação sobre acessibilidade e inclusão para pessoa comdeficiência?INTERESSANTE 07 70%MUITOINTERESSANTE02 20%EXCELENTE01 10%


106 CORREA, Marcelo. Estudo sobre acessibilidade das estruturas esportivas: referências para as políticasde educação físíca, esportes e lazer. Estácio de Sá – Ciências da Saúde. Revista da Faculdade Estácio deSá. Goiânia SESES-Go. Vol. 02, nº 05, 96-113, Jan. 2011/Jun 2011.________________________________________________________________________________Com o resultado obtido verificou-se que (70%) setenta por cento dos entrevistadosresponderam que é interessante obter essa informação, (20%) vinte por cento responderam que émuito interessante, e (10%) dez por cento respondeu que é excelente ter essa informação.10) Qual sua opinião sobre a problemática da inclusão e acessibilidade das pessoas comdeficiência?ASSEGURAR OS DIREITOS <strong>DA</strong>S PESSOAS COM<strong>DE</strong>FICIÊNCIA COMO CI<strong>DA</strong>DÃO02 20%ACABAR COM O PRECONCEITO EDISCRIMINAÇÃO02 20%PROMOVER PESQUISAS E ESTUDOS PARA ESSESEGUIMENTO FOLTA INFORMAÇÃO PARA03 30%ATEN<strong>DE</strong>R PESSOAS COM <strong>DE</strong>FICIÊNCIAFAZER PARCERIAS ENTRE OS ORGÃOSCOMPETENTES02 20%FALTA <strong>DE</strong> INTERESSE PELA PARTE DOGOVERNO01 10%Com o resultado obtido verificou-se que (20%) vinte por cento dos entrevistadosdisseram que tem que assegurar o direito das pessoas com deficiência como cidadão, (20%)responderam que é preciso acabar com o preconceito e a discriminação, (30%) trinta por centoresponderam que é preciso promover pesquisas e estudos para esse seguimento porque faltainformação para atender pessoas com deficiência, (20%) responderam que falta fazer parcerias entreos órgãos competentes, (10%) dez por cento respondeu que falta interesse por parte do governo.Responderam a este instrumento pessoas com deficiência (PC) paralisia cerebralresidentes em Petrópolis, praticantes de atividades físicas.


107 CORREA, Marcelo. Estudo sobre acessibilidade das estruturas esportivas: referências para as políticasde educação físíca, esportes e lazer. Estácio de Sá – Ciências da Saúde. Revista da Faculdade Estácio deSá. Goiânia SESES-Go. Vol. 02, nº 05, 96-113, Jan. 2011/Jun 2011.________________________________________________________________________________O objetivo era saber o que mais dificulta a pessoa com deficiência no acesso a ginásios ea praticas esportivas de lazer nos locais.11) Já fez atividade física em ginásio?SIM 08 80%NÃO 02 20%Com o resultado obtido verificou-se que (80%) oitenta por cento dos entrevistadosresponderam terem feito atividades físicas em ginásios, e (20%) vinte por cento responderam quenunca fizeram.12) Teve alguma dificuldade neste local?SIM 03 30%NÃO 07 70%O resultado obtido verificou-se que (30%) trinta por cento dos entrevistados tiveramalgum tipo de dificuldade, enquanto (70%) setenta por cento responderam que não tiveramnenhuma dificuldade.13) Já freqüentou instalações com vestiários adaptados?SIM 03 30%NÃO 07 70%


108 CORREA, Marcelo. Estudo sobre acessibilidade das estruturas esportivas: referências para as políticasde educação físíca, esportes e lazer. Estácio de Sá – Ciências da Saúde. Revista da Faculdade Estácio deSá. Goiânia SESES-Go. Vol. 02, nº 05, 96-113, Jan. 2011/Jun 2011.________________________________________________________________________________Com o resultado obtido verificou-se que (30%) trinta por cento dos entrevistados jáfreqüentou instalações com vestiários adaptados, enquanto (70%) setenta por cento responderamque não freqüentou instalações com vestiários adaptados.14) Já freqüentou uma arquibancada com acesso?SIM 02 20%NÃO 08 80%Com o resultado obtido verificou-se que (20%) vinte por cento dos entrevistados jáfreqüentou arquibancadas com acesso, e (80%) oitenta por cento responderam não teremfreqüentado uma arquibancada com aceso.15) Já freqüentou quadras adaptadas?SIM 05 50%NÃO 05 50%Com o resultado obtido verificou-se que (50%) cinqüenta por cento dos entrevistados jáfreqüentaram quadras adaptadas, enquanto (50%) cinqüenta por cento responderam que nuncafreqüentaram.16) Você tem conhecimento ao direito universal?SIM 08 80%NÃO 02 20%


109 CORREA, Marcelo. Estudo sobre acessibilidade das estruturas esportivas: referências para as políticasde educação físíca, esportes e lazer. Estácio de Sá – Ciências da Saúde. Revista da Faculdade Estácio deSá. Goiânia SESES-Go. Vol. 02, nº 05, 96-113, Jan. 2011/Jun 2011.________________________________________________________________________________Com o resultado obtido verificou-se que (80%) oitenta por cento dos entrevistadosresponderam que tem conhecimento do direito universal, e (20%) vinte por cento responderam quenão conheciam.17) Gostaria de ter acesso ao esporte, atividades físicas e lazer?SIM 09 90%NÃO 01 10%Com o resultado obtido verificou-se que (90%) noventa por cento dos entrevistadosresponderam que sim gostariam, e (10%) dez por cento respondeu que não gostaria.18) Sabe da importância da atividade física sistemática?SIM 09 90%NÃO 01 10%Com o resultado obtido verificou-se que (90%) noventa por cento dos entrevistadosresponderam que sim, e (10%) dez por cento responderam que não.19) Já sentiu melhorias com a prática de atividades físicas?SIM 10 100%NÃO - -


110 CORREA, Marcelo. Estudo sobre acessibilidade das estruturas esportivas: referências para as políticasde educação físíca, esportes e lazer. Estácio de Sá – Ciências da Saúde. Revista da Faculdade Estácio deSá. Goiânia SESES-Go. Vol. 02, nº 05, 96-113, Jan. 2011/Jun 2011.________________________________________________________________________________Com o resultado obtido verificou-se que (100%) cem por cento dos entrevistadosresponderam sentiram melhorias com a pratica de atividades físicas.20) Você tem ou teve profissionais de educação física com formação especializada para seuatendimento?SIM 07 70%NÃO 03 30%Com o resultado obtido verificou-se que (70%) setenta por cento dos entrevistados temou teve um profissional de educação física especializado, e (30%) por cento responderam nunca tertido um profissional de educação física especializado para seu atendimento.O resultado em termos percentuais vem confirmar que é preciso fazer muito ainda paratornar a acessibilidade e inclusão da pessoa com deficiência na cidade de Petrópolis uma realidade.Deve-se salientar ainda que a acessibilidade ao espaço construído não deva ser vistacomo um conjunto de medidas que favoreceriam apenas às pessoas com deficiência (ALERJ 2005).CONCLUSÃOComo reflexão final, importa chamar a atenção para a necessidade de procurar imprimirracionalidade científica em relação à inclusão que é “o conceito de vida independente” (CRESPO,2003).Acessibilidade designa que todos os ambientes, os meios de transporte e os utensíliossejam projetados para todos e, portanto, não apenas para pessoas com deficiência (SASSAKI,2003).Deve-se entender a pessoa com deficiência como cidadão ativo na sociedade, e quecomo tal tem seus direitos e deveres, e que tem muito a contribuir, com seu trabalho, exemplo deluta, perseverança. Para que isso aconteça é necessário que a sociedade entenda a pessoa comdeficiência como cidadão pleno na sua essência e que sejam visíveis os papéis que desempenhamseus componentes centrais: sociedade civil e governo, cuja comunicação é fundamental pararealização desse projeto.


111 CORREA, Marcelo. Estudo sobre acessibilidade das estruturas esportivas: referências para as políticasde educação físíca, esportes e lazer. Estácio de Sá – Ciências da Saúde. Revista da Faculdade Estácio deSá. Goiânia SESES-Go. Vol. 02, nº 05, 96-113, Jan. 2011/Jun 2011.________________________________________________________________________________A adaptação de prédios e espaços públicos através de medidas simples como aconstrução de rampas com corrimão, transporte, elevadores, piso antiderrapante e portas largas,oportuniza o acesso a suas dependências como banheiros, quadras, piscinas e campos permite odireito de ir e vir livremente para todos fazendo jus ao que se afirma freqüentemente: “Ser diferenteé normal ” 1 (CAMPEÃO, 2005).Através da pesquisa constatou-se que muitas das edificações esportivas em Petrópolistêm mais de trinta anos, e que na época de sua construção não havia a preocupação e a informaçãodo direito ao acesso de pessoas com deficiência. Quanto aos ginásios esportivos públicos ouprivados constatou-se que há umCenário de dificuldades, já que a maioria não possui acesso, ou quando possui é parcial.Diante do quadro atual torna-se relevante à estruturação de políticas públicas e privadasdando incentivos voltados a esse seguimento da sociedade.Aguarda-se um futuro em que a sociedade será mais paritária, na qual a inclusão e aacessibilidade serão de fato realidades.Tendo em mãos esses resultados, percebe-se que é preciso construir acessos sim, masprimeiramente se faz necessário construir conceitos como rota acessível, inclusão e aceitação e quese aprenda, a respeitar o direito universal, porque somos todos iguais, somos seres humanos.A conscientização e a informação são ferramentas importantes para a acessibilidade einclusão das pessoas com deficiência, mas é preciso que cada um faça a sua parte não privilegiandoas pessoas com deficiência, porque ao que parece o que é bom para a pessoa com deficiência éexcelente para quem não é.REFERÊNCIASARAUJO, Luiz Alberto David. A proteção constitucional das pessoas portadores de deficiência. -3 ed. rev. atual. e ampl. Brasília: Coordenadoria Nacional para Integração da Pessoa Portadora deDeficiência – COR<strong>DE</strong>, 2001. Disponível em: .Acesso em 25 de maio de 2007.AZEVEDO, Paulo Henrique; BARROS, Jônatas de França. O nível de participação do Estado nagestão do esporte brasileiro como fator de inclusão social de pessoas portadoras de deficiência:artigo de revisão. Revista Brasileira de Ciência do Movimento, Brasília, v. 12, n. 1, p. 77-84,jan./mar. 2004. Disponível em: Acesso em: 25 fev. 2007. Originalmente apresentada como dissertação demestrado, Universidade Católica de Brasília, 2004.1 CAMPEÃO. M. Em comunicação pessoal; 2005.


112 CORREA, Marcelo. Estudo sobre acessibilidade das estruturas esportivas: referências para as políticasde educação físíca, esportes e lazer. Estácio de Sá – Ciências da Saúde. Revista da Faculdade Estácio deSá. Goiânia SESES-Go. Vol. 02, nº 05, 96-113, Jan. 2011/Jun 2011.________________________________________________________________________________BATTISTELLA, Linamara Rizzo. Programa de educação física em centros de reabilitação.Abordagem Interdisciplinar. In: SIMPÓSIO PAULISTA <strong>DE</strong> EDUCAÇÃO FÍSICA A<strong>DA</strong>PTA<strong>DA</strong>,3., 1990, São Paulo. Anais... São Paulo: Ed. USP, 1990.CAMPEÃO, M. Fator de reabilitação e promoção de saúde para a pessoa com deficiência.Petrópolis: Prefeitura de Petrópolis (SETRAC), 2005.CARTA Internacional de Educação Física e do Esporte. UNESCO, 1978.CARVALHO, R. E. A nova LDB e a Educação Especial. 2. ed. Rio de Janeiro: Ed. WVA, 2000.CRESPO, Ana Maria Morales. Conceito de vida independente e o papel da universidade nainclusão das pessoas com deficiência. 2003. Disponível em:http://www.entreamigos.com.br/textos/educa/oconceito.htm. Acesso em: 18 maio 2007.GIORGI, A. Phenomenology and psychological. Pittsburgh: Duchisne University Press, 1985.INSTITUTO BRASILEIRO <strong>DE</strong> GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA (IBGE); Censo demográfico,2000.JANUZZI, G. A luta pela educação do deficiente mental no Brasil. São Paulo: Cortez, 1985.LAKATOS, E. M.; MARCONI, M de A. Métodos e técnicas de pesquisa social. São Paulo: Atlas,1991MANIFESTO mundial da educação física – FIEP 2000. Resoluções e Considerações. In:CONGRESSO PANAMERICANO <strong>DE</strong> EDUCAÇÃO FÍSICA, 18, Panamá, 1999.MANTOAN, M. T. E. A integração de pessoas com deficiência: contribuições para uma reflexãosobre o tema. São Paulo: Ed. SENAC, 1997.MANTOAN, Maria T. E. Caminhos pedagógicos da inclusão. LOCAL: Universidade Estadual deCampinas / Unicamp - Laboratório de Estudos e Pesquisas em Ensino e Reabilitação de Pessoascom Deficiência - LEPED/ FE/ Unicamp. Disponível em:. Acesso em: 25 fev. 2007.MITTLER, Petter. Educação inclusiva contextos sociais. Porto Alegre: Artmed, 2003.OLIVEIRA, Cristina Borges. Analise de conteúdo da produção científica sobre infância, criança edeficiência no Colégio Brasileiro de Ciências do Esporte: um recorte temporal de 1978 a 1999. EF yDeportes: revista digital, Buenos Aires, año 11, n. 100, sept. 2006. Disponível em:. Acesso em: 15 jan. 2007.ORGANIZAÇÃO MUNDIAL <strong>DE</strong> SAÚ<strong>DE</strong> (OMS); Classificação Internacional das Deficiências,Incapacidades e Desvantagens, 1980.Rio de Janeiro (ALERJ). Acessibilidade para todos. CARTILHA <strong>DA</strong> ALERJ. Rio de Janeiro:Núcleo Pro-Acesso, UFRJ/FAU/R\PROARQALERJ, 2005


113 CORREA, Marcelo. Estudo sobre acessibilidade das estruturas esportivas: referências para as políticasde educação físíca, esportes e lazer. Estácio de Sá – Ciências da Saúde. Revista da Faculdade Estácio deSá. Goiânia SESES-Go. Vol. 02, nº 05, 96-113, Jan. 2011/Jun 2011.________________________________________________________________________________RONALD C. Adams, ALFRED N. Daniel, JEFFREYA. MC Cubbin, RULLMAN Lee. Jogosesportes e exercícios para deficiente físico. São Paulo: Manole, 1985.SANCHES, Gamboa S. A. Educação Especial: produção do conhecimento, paradigmasepistemológicos e implicações ideológicas. In: CONGRESSO IBERO-AMERICANO <strong>DE</strong>EDUCAÇÃO ESPECIAL, 3., 1998, Foz do Iguaçu. Anais... Foz do Iguaçu: [s.n.], 1998.SASSAKI, R. K. Terminologia sobre deficiência na era da inclusão. Brasília: Editora, 2003. In:Mídia e Deficiência. Agência de Notícias dos Direitos da Infância e da Fundação Banco do Brasil.p.160-165. Disponível em:. Acessoem: 25 mar. 2007.SILVA, Robinson Moreira da. Proposição de programa para implantação de acessabilidade aomeio físico. 2003. Dissertação (Mestrado em Engenharia) - Universidade Federal de Santa Catarina,Florianópolis, 2003. Florianópolis, março 2004 - Disponível em:. Acesso em: 25 fev. 2007.TUBINO, M.J.G. Teorias da Educação Física e do esporte. São Paulo: Manole, 2001.


114 SILVEIRA, Arthur Antunes Oliveira da. Revisão sistemática dos efeitos da utilização da prótesereversa de Grammont em artroplastidas de ombro. Estácio de Sá – Ciências da Saúde. Revista daFaculdade Estácio de Sá. Goiânia SESES-Go. Vol. 02, nº 05, 114-125, Jan. 2011/Jun 2011._______________________________________________________________________________________REVISÃO SISTEMÁTICA DOS EFEITOS <strong>DA</strong> UTILIZAÇÃO <strong>DA</strong> PRÓTESEREVERSA <strong>DE</strong> GRAMMONT EM ARTROPLASTIAS <strong>DE</strong> OMBROArthur Antunes Oliveira da Silveira 1Resumo:O presente estudo tem como objetivo,revisar os principais dados sobre a prótesereversa de Grammont, sua utilização emartroplastias de ombro, bem como sobre asprincipais indicações de artroplastia,mostrando os benefícios funcionais ebiomecânicos desta técnica de protetização.Foi realizada uma extensa revisão, comartigos oriúndos de sites renomados depublicação científica, entre eles o PubMed,Lilacs, e Scielo, onde foi possível concluirque a prótese reversa de Grammont é ummétodo inovador de cirurgia, o qual vemobtendo resultados satisfatórios em casosde artroplastia de ombro. Os principaisresultados observados são a recuperação damobilidade perdida, que leva a um grausatisfatório de retorno funcional, além doalívio substancial da dor. Contudo, aprotetização reversa é uma técnicainovadora e relativamente recente,necessitando de maiores estudos para aelucidação de seus benefícios e completoembasamento científico, bem como suaaplicação na prática cirúrgica.Abstract:The present study has the objective of rewiewingthe main data on Grammont Reverse Prosthesis,its use in shoulder arthroplasty, as well as themain indications for arthroplasty, showing thefunctional and biomechanical benefits of thisprosthetization technique. An extensive reviewwas performed, with articles from renownedscientific publishing sites, including PubMed,Lilacs and Scielo, where it was possible toconclude that the Grammont Reverse Prosthesisis an innovative method of surgery, which hasachieved satisfactory results in shoulderarthroplasty. The main results observed are therecovery of lost mobility, which leads to asatisfactory degree of return to function, besidesthe substantial relief of pain. However, thereverse prosthesis is an innovative and relativelynew technique, requiring further studies toelucidate its benefits and complete scientificbasis, as well as its application in surgicalpractice.Key-words:Shoulder Arthoplasty, Grammont, ReverseProsthesis.Palavras-chave:Artroplastia de Ombro, Grammont, PróteseReversa.1 Trabalho de Conclusão de Curso para obtenção de grau em bacharel em Fisioterapia na Faculdade Estácio de Sá deGoiás sob a orientação do Prof. Esp. Marcelo Watanabe de Matos.Trabalho de Conclusão de Curso, para obtenção do grau de Bacharel em Fisioterapia, da Faculdade Estácio de Sá deGoiás, sob a orientação do Prof. Esp. Marcelo Watanabe de Matos.


115 SILVEIRA, Arthur Antunes Oliveira da. Revisão sistemática dos efeitos da utilização da prótesereversa de Grammont em artroplastidas de ombro. Estácio de Sá – Ciências da Saúde. Revista daFaculdade Estácio de Sá. Goiânia SESES-Go. Vol. 02, nº 05, 114-125, Jan. 2011/Jun 2011._______________________________________________________________________________________INTRODUÇÃOO complexo articular do ombro é composto por três articulações sinoviais, aesternoclavicular, a acromioclavicular e a glenoumeral, além de uma quarta articulação, aescapulotorácica, considerada uma articulação fisiológica por não possuir os tecidos típicos de umaarticulação sinovial, como cápsula articular, membrana sinovial, líquido sinovial e cartilagemhialina (KAPANDJI, 1990). Graças às habilidades motoras deste complexo e à incapacidade geradaa partir da lesão do mesmo, um número crescente de estudos vem sendo realizados, tanto pormédicos, quanto por outros profissionais da área da saúde, visto que as doenças da regiãocervicobraquial, com ênfase para as síndromes dolorosas do ombro, estão entre as causas maisfrequentes de consultas clínicas.Um dos métodos mais eficazes de tratamento cirúrgico das patologias do ombro é aartroplastia, que envolve a substituição da articulação glenoumeral por uma prótese metálica,podendo ser ela total ou parcial (CHECCHIA et al., 2010). Devido à alta taxa de instabilidade pósoperatóriae à grande reincidência na colocação de uma prótese (VEADO; FLORA, 1994) surgiurecentemente uma técnica inovadora, onde os componentes da articulação glenoumeral sãoinvertidos, tornando a cavidade glenóide convexa e a cabeça do úmero côncava. Essa nova técnicade protetização recebeu o nome de Prótese Reversa de Grammont.Sendo assim, este estudo tem como objetivo, avaliar e destacar os principais efeitos dautilização da prótese reversa em artroplastia de ombro.METODOLOGIAA presente pesquisa consiste em uma revisão bibliográfica realizada por meio depublicações em artigos científicos, revistas, jornais e livros, disponíveis em base de dados, dentreelas podemos citar: Lilacs, Scielo, Mediline e bibliotecas universitárias. Publicações estas queabordam anatomia do ombro, tipos de artroplastias e prótese reversa de Grammont, assim comotodos os contextos diretos e indiretos ligados ao tema da pesquisa.


116 SILVEIRA, Arthur Antunes Oliveira da. Revisão sistemática dos efeitos da utilização da prótesereversa de Grammont em artroplastidas de ombro. Estácio de Sá – Ciências da Saúde. Revista daFaculdade Estácio de Sá. Goiânia SESES-Go. Vol. 02, nº 05, 114-125, Jan. 2011/Jun 2011._______________________________________________________________________________________<strong>DE</strong>SENVOLVIMENTOANATOMIAO ombro não é uma articulação única, mais sim um conjunto funcional que permite uniro membro superior ao tórax (KAPANDJI, 2000). É uma estrutura capaz de realizar amplitudes demovimento superiores a 180 graus, graças aos movimentos coordenados das articulações que ocompõem, e possui a maior liberdade de movimento do corpo humano (VEADO; FLORA, 1994). Aestrutura anatômica do ombro está representada na figura 1:Figura 1: Anatomia do complexo articular do ombroFonte: Southern California Orthopaedic Institute – 2010A articulação glenoumeral é a mais discutida quando se fala do complexo do ombro. Elaé do tipo esferóide e é formada pela fossa glenóide da escápula e pela cabeça do úmero. Aprofundidade da cavidade glenóide é aumentada por uma camada fibrocartilaginosa chamada delábio glenóide, sendo esse lábio de grande importância para estabilidade da cabeça do úmerodurante o movimento da glenoumeral, visto que aumenta esta concavidade e, por consequência,aumenta o contato ósseo nesta região (KONIN, 2006). A escápula com a cavidade glenóide estarepresentada na figura 2:


117 SILVEIRA, Arthur Antunes Oliveira da. Revisão sistemática dos efeitos da utilização da prótesereversa de Grammont em artroplastidas de ombro. Estácio de Sá – Ciências da Saúde. Revista daFaculdade Estácio de Sá. Goiânia SESES-Go. Vol. 02, nº 05, 114-125, Jan. 2011/Jun 2011._______________________________________________________________________________________Figura 2: Vista anterior da escápula e cavidade glenóideFonte: Biomecânica online – FMUSP - 2010A cápsula da articulação glenoumeral cobre a articulação desde a fossa glenóide até ocolo anatômico do úmero (DÂNGELO; FATTINI, 2002). Por ser extremamente frouxa, a cápsulacontribui para uma ampla mobilidade articular e uma grande instabilidade desta articulação. Éreforçada anteriormente, posteriormente e inferiormente por estruturas ligamentares e tendíneasdistintas (ANDREWS; HARRELSON; WILK, 2000). Como há mínimo contato entre a cavidadeglenóide e a cabeça umeral, a articulação do ombro depende de estruturas ligamentares, muscularese tendíneas para ter estabilidade durante sua movimentação (VAN <strong>DE</strong> GRAAFF; WAFAE, 2003).A cápsula do ombro está representada na figura 3:Figura 3: Cápsula articular do ombroFonte: Biomecânica online – FMUSP – 2010


118 SILVEIRA, Arthur Antunes Oliveira da. Revisão sistemática dos efeitos da utilização da prótesereversa de Grammont em artroplastidas de ombro. Estácio de Sá – Ciências da Saúde. Revista daFaculdade Estácio de Sá. Goiânia SESES-Go. Vol. 02, nº 05, 114-125, Jan. 2011/Jun 2011._______________________________________________________________________________________A combinação dos movimentos articulares coordenados e das estruturas periarticularesenvolvidas, permite que o braço e a mão sejam posicionados no espaço, levando a uma amplavariedade de funções. O resultado é uma amplitude de movimento que permite orientar o membrosuperior nos três planos do espaço e nos seus três respectivos eixos, podendo assim realizar osmovimentos de extensão e flexão no plano sagital, os de abdução e adução no plano frontal, e os derotação interna e externa no plano transversal, sendo considerada a articulação de maior mobilidadeentre todas do corpo humano. (KAPANDJI, (1990) e SILVA et al.,2009).A força dos músculos do manguito rotador é o elemento principal para a estabilidadedinâmica da articulação glenoumeral. Suas fibras musculares encontram-se em grande proximidadecom a articulação e seus tendões se fundem à cápsula articular. A função primária dos músculosestabilizadores consiste em manter a cabeça umeral dentro da cavidade glenóide e neutralizar asgrandes forças de cisalhamento geradas pelos motores primários. Além desses músculos, énecessário destacar também as ações da cabeça longa do bíceps e determinadas porções do deltóidena estabilização dessa articulação. Ao redor da articulação glenoumeral estão localizadas as bolsas(bursas) subacromial e subdeltóide. Essas bolsas permitem que os tendões do supra-espinhal e os dacabeça longa do bíceps braquial possam deslizar suavemente debaixo do acrômio. Além disso, essasbursas proporcionam nutrientes para os tendões do manguito rotador (ANDREWS; HARRELSON;WILK, 2000).PATOLOGIASFrontera et. al (2001, p. 215), atenta para o fato de que todas as doenças articularespossuem fatores intrínsecos como: a rigidez, a dor, a deformidade articular, a contratura dos tecidosmoles, atrofia muscular, a perda do condicionamento físico generalizado e a diminuição da função,onde a perda da força muscular geralmente se associa aos fatores citados.De acordo com Hall (2000), o ombro é suscetível tanto aos tipos traumáticos quanto poruso excessivo (overuse) de lesões, onde se incluem entre 8% a 13% de todas as lesões relacionadasao desporto. Em grande parte dos casos, dores no ombro são sintomas de lesões provocadas pelarepetição de movimentos que machucam os tendões e por processos crônico-degenerativos queocorrem depois dos 40 ou 50 anos de idade (CECHIA, 2009).As principais patologias que acometem essa articulação são as síndromes relacionadasao ombro doloroso, podendo ser classificadas por seu fator etiológico como: afecção periarticular,alteração da articulação glenoumeral, alterações estruturais, e outras afecções reumáticas. Neer et


119 SILVEIRA, Arthur Antunes Oliveira da. Revisão sistemática dos efeitos da utilização da prótesereversa de Grammont em artroplastidas de ombro. Estácio de Sá – Ciências da Saúde. Revista daFaculdade Estácio de Sá. Goiânia SESES-Go. Vol. 02, nº 05, 114-125, Jan. 2011/Jun 2011._______________________________________________________________________________________al. (1982) ressaltaram que as principais indicações da artroplastia total do ombro são a osteoartrose,a artrose por instabilidade, a artrite reumatóide, as sequelas de trauma e as revisões de artroplastiasparciais do ombro. Torchia et al (1997), relataram que 83% dos resultados eram satisfatórios quantoà melhora da dor, na avaliação clínica de 89 pacientes após cinco anos, submetidos à artroplastia deombro. Hasan et al. (2002) avaliaram 139 pacientes submetidos a artroplastia de ombro queevoluíram com maus resultados. Observaram também que as complicações mais comuns nessespacientes eram a rigidez (74%) e a soltura (59%) do componente glenoidal, provavelmente devido àfalha no “balanço” das partes moles e ao mau posicionamento do componente glenoidal. Entre asprincipais causas de insucesso das artroplastias de ombro estão à soltura da prótese, o suporte ósseodeficiente e o desgaste assimétrico da cavidade glenoidal, comuns nos casos de osteoartroseprimária, luxações inveteradas e sequelas de instabilidade (CHECCHIA et al., 2010). Também foidescrito que a causa mais comum de protetização é o processo de envelhecimento natural, onde osdistúrbios de ombro são raros entre 40 anos e aumentam na faixa de 50 e 60 anos, continuandoaumentar a partir dos 70 anos (MENDONÇA JR; ASSUNÇÃO, 2005).HISTÓRICO <strong>DA</strong> PROTETIZAÇÃOA artroplastia do ombro foi introduzida e popularizada por Neer, sendo realizada desde1951. Mas, segundo Lugli (1978), foi o cirurgião francês Péan que, em 1893, realizou a primeirasubstituição da articulação do ombro. No entanto, as primeiras descrições da artroplastia parcial deombro, para tratamento da artropastia por lesões do manguito rotador, datam de 1982, quando Neeras realizou em 16 pacientes, obtendo resultados satisfatórios em 10, com seguimento mínimo de 24meses. A artropastia do manguito rotador é conhecida desde o século 19, primeiramente por Smithem 1853 e Adams em 1873, que a descreveram como lesão maciça, ou ruptura do manguito rotador(SMITH, 1953a e SMITH, 1953b). Richard et al. (1952) foram os primeiros autores a relatar o usoda substituição artroplástica da epífise umeral proximal em pacientes com fraturas ou luxações,fraturas cominutivas e fraturas articulares da articulação glenoumeral. A artroplastia do ombro, aolongo dos anos, tem se tornado um procedimento comumente realizado na prática ortopédica(KONIN, 2006 e CHECCHIA, 2010). Durante todos esses anos, somente 5% do total dasartroplastias do ombro realizadas no mundo tiveram seus resultados publicados, sendo a maioria emgrandes centros. Dessa forma, 95% dos procedimentos foram realizados sem qualquerdocumentação cientifica (MATSEN et al. 2004). A artroplastia convencional está representada nafigura 4:


120 SILVEIRA, Arthur Antunes Oliveira da. Revisão sistemática dos efeitos da utilização da prótesereversa de Grammont em artroplastidas de ombro. Estácio de Sá – Ciências da Saúde. Revista daFaculdade Estácio de Sá. Goiânia SESES-Go. Vol. 02, nº 05, 114-125, Jan. 2011/Jun 2011._______________________________________________________________________________________Figura 4: Artroplastia convencional de ombroFonte: American Academy of Orthopaedic Surgeons - 2010VANTAGENS E <strong>DE</strong>SVANTAGENS <strong>DA</strong> ARTROPLASTIAA artroplastia do ombro proporciona um tratamento eficaz para uma variedade depatologias que afetam seu mecanismo funcional, contudo, esta técnica está associada a um conjuntode complicações que podem conduzir à falência da prótese. A perda do movimento do ombronormalmente é ocasionada por lesões grandes e maciças, que comprometem tendões que não podemser restaurados de forma adequada (FOLGADO et al. 2010).Desta forma, a prótese invertida foi introduzida em 1985 por Grammont (GRAMMONT;BAULOT, 1993), sendo que algumas próteses similares haviam sido usadas anteriormente porGerard et al. (1973), além de Neer, que também tentou o modelo reverso (NEER; WATSON;STANTON, 1982). A prótese de Grammont está representada na figura 5:


121 SILVEIRA, Arthur Antunes Oliveira da. Revisão sistemática dos efeitos da utilização da prótesereversa de Grammont em artroplastidas de ombro. Estácio de Sá – Ciências da Saúde. Revista daFaculdade Estácio de Sá. Goiânia SESES-Go. Vol. 02, nº 05, 114-125, Jan. 2011/Jun 2011._______________________________________________________________________________________Figura 5: Prótese Reversa de GrammontFonte: American Academy of Orthopaedic Surgeons – 2010Anteriormente, a prótese reversa foi projetada por Reeves, Liverpool, Bayley e Neer,Averill, Kolbel, Kessel, Fenlin e Gerard na década de 1970 e 1980. No entanto, o denominadorcomum para o seu fracasso foi o afrouxamento da glenóide com resultados desastrosos e altas taxasde complicação, que levaram ao abandono desta técnica (GRAMMONT; BAULOT, 1993).Segundo Hatzidakis, Norris e Boileau (2005), há três casos específicos em que temosencontrado resultados satisfatórios na utilização da prótese reversa, sendo que as característicascomuns desta indicação ocorrem quando o mecanismo biomecânico para a elevação está perdido,seja através da perda irreparável do manguito rotador, ou mal posicionamento grave dastuberosidades, sendo que a primeira indicação é de osteoartrite irreparável primária do ombro comlesão maciça do manguito rotador, e em pacientes com osteoartrite secundária ou osteonecrose. Asegunda indicação se refere ás sequelas das fraturas graves, onde os pacientes tiveram o ombrodeslocado e, normalmente, fraturas cominutivas com grande perda de massa óssea, na parteproximal do úmero. A terceira indicação para a artroplastia reversa do ombro é uma revisão daartroplastia que falhou anteriormente, onde é feita a troca do material protético antigo pelo novo.Grammont e Baulot (1993) relatam que os maiores benefícios trazidos pela prótesereversa são o retorno do sono repousante e a facilidade em executar atividades simples da vidadiária, onde o alivio da dor é o benefício mais relatado. A Prótese Reversa de Grammont possui umprocedimento complicado e o indivíduo deve estar suficientemente orientado, para compreender eaceitar os riscos da cirurgia. Ele deve possuir uma qualidade óssea suficiente para a realização doprocesso cirúrgico e fixação da prótese, além de motivação pessoal e cooperação, que são elementosimportantes para um bom prognóstico. As figura 6 e 7 mostram as diferenças entre protetizaçãoconvencional e a protetização reversa ao raio-x:


122 SILVEIRA, Arthur Antunes Oliveira da. Revisão sistemática dos efeitos da utilização da prótesereversa de Grammont em artroplastidas de ombro. Estácio de Sá – Ciências da Saúde. Revista daFaculdade Estácio de Sá. Goiânia SESES-Go. Vol. 02, nº 05, 114-125, Jan. 2011/Jun 2011._______________________________________________________________________________________Figura 6: Raio-x evidenciando protetização convencionalFonte: American Academy of Orthopaedic Surgeons – 2010DISCUSSÃOFigura 7: Raio-x evidenciando a protetização reversa de ombroFonte: American Academy of Orthopaedic Surgeons - 2010Segundo os Juvenspan, Nourissat e Doursounian (2010), as inversões de próteses totaisdo ombro obtiveram os melhores resultados a curto e médio prazo. Elas fornecem excelente alívioda dor e melhoram significativamente elevação ativa, contudo seu efeito limitado na rotação externae na força não tem qualquer impacto sobre a taxa de satisfação do paciente.Baulot, Chabernaud e Grammont (1995), bem como Buttet et al. (1995), relataram bonsresultados com a Prótese Reversa Delta. Um estudo recente da Rittmeister e Kerschbaumer (2001)também confirmou os bons resultados em pacientes com artrite reumatóide.


123 SILVEIRA, Arthur Antunes Oliveira da. Revisão sistemática dos efeitos da utilização da prótesereversa de Grammont em artroplastidas de ombro. Estácio de Sá – Ciências da Saúde. Revista daFaculdade Estácio de Sá. Goiânia SESES-Go. Vol. 02, nº 05, 114-125, Jan. 2011/Jun 2011._______________________________________________________________________________________Lyman et al. (2005) afirmaram que os melhores resultados das artroplastias de ombroestão associados ao maior volume cirúrgico, sendo isto confirmado pelo estudo de Hammond et al(2003).CONCLUSÃOConcluímos que a Prótese Reversa de Grammont é um método cirúrgico inovador, oqual vem obtendo resultados satisfatórios em artroplastias de ombro, levando a uma importanterecuperação funcional da articulação, no que tange principalmente ao ganho de amplitude demovimento e força muscular com redução do quadro álgico, com menores taxas de complicaçõespós-cirúrgicas. Contudo, por ser uma técnica inovadora e relativamente recente, a protetizaçãoreversa necessita de maiores estudos para a elucidação de seus benefícios e completo embasamentocientífico, bem como para sua ampla aplicação na prática cirúrgica internacional.REFERÊNCIASA<strong>DA</strong>MS, R. Treatise of rheumatic or chronic rheumatic arthritis of all the joints. London:Churchill and Sons, 1873, 2, pp. 91-175.AMERICAN ACA<strong>DE</strong>MY OF ORTHOPAEDIC SURGEONS. Shoulder Joint Replacement.Acesso em 02/11/2010 .Disponível em: http://orthoinfo.aaos.org/topic.cfm?topic=A00094ANDREWS, J. R.; HARRELSON, G. L.; WILK, K. E. Reabilitação física das lesões desportivas. 2ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2000.BAULOT, E.; CHABERNAUD, D.; GRAMMONT, P. M. Treatment of omarthritis associated withmassive rotator cuff tear using the Grammont inverted prosthesis. Acta Orthop. Belg., 1995, 61,112-119BIOMECÂNICA ONLINE – Laboratório de Biomecânica do Movimento e Postura Humana daFMUS. Acesso em 02/11/2010. Disponível em:http://www.fm.usp.br/fofito/fisio/pessoal/isabel/biomecanicaonline/articulacoes/ombro.php#anatomiaBULLET, M. de; BOUCHO, Y.; CAPON, D.; <strong>DE</strong>LFOSSE, J. Grammont shoulder arthroplasty forosteoarthritis with massive rotator cuff tears. Reports of 71 cases. J. Shoulder Elbow Surg., 1997, 6,197CECCHIA, S. L.. Dor no ombro. Tópicos. Site do Dr. Drauzio Varella. Disponível em:. Acesso em: 27 nov. 2009.


124 SILVEIRA, Arthur Antunes Oliveira da. Revisão sistemática dos efeitos da utilização da prótesereversa de Grammont em artroplastidas de ombro. Estácio de Sá – Ciências da Saúde. Revista daFaculdade Estácio de Sá. Goiânia SESES-Go. Vol. 02, nº 05, 114-125, Jan. 2011/Jun 2011._______________________________________________________________________________________CHECCHIA, S. L.; SANTOS, P. D.; MIYAZAKI, A. N.; FREGONEZE, M.; SILVA, L. A. da;MASCHIETTO, E.; BEZERRA FILHO, J.; MIRAN<strong>DA</strong>, L. G. Avaliação de resultados emartroplastia total de ombro. Disponível em: http://www.rbo.org.br/07_mai_2006.pdf. Acessado em:23/08/2010.DÂNGELO, J. G.; FATTINI, C. A. Anatomia humana sistêmica e tegumentar. 2 ed. São Paulo:Atheneu, 2002.FOLGADO, J.; QUENTAL, C. M.; RIBEIRO, N. S.; FERNAN<strong>DE</strong>S, P. R.; MONTEIRO, J.Modelos computacionais para analise e projecto da prótese de ombro. Disponível em:https://dspace.ist.utl.pt/bitstream/2295/391629/2/abstract.pdf. Acessado em: 19/08/2010.FRONTERA, W. R.; <strong>DA</strong>WSON, D. M.; SLOVIK, D. M. Exercício Físico e Reabilitação. PortoAlegre: Artmed. 2001.GERARD Y., LEBLANC J. P., ROUSSEAU B. Une prothèse totale d’épaule. Chirurgie, 1973, 99,655-663GRAMMONT, P. M.; BAULOT, E. Delta shoulder prosthesis for rotator cuff rupture.Orthopedics, 1993, 16, 65-68HALL, S. J. Biomecânica Básica. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2000.HAMMOND, J. W.; QUEALE, W. S.; KIM, T. K.; MCFARLAND, E. G. Surgeon experience andclinical and economic outcomes for shoulder arthroplasty. J Bone Joint Surg Am.2003;85(12):2318-24.HASAN, S. S.; LEITH, J. M.; CAMPBELL, B.; KAPIL, R.; SMITH, K. L.; MATSEN, F. A.3rd.Characteristics of unsatisfactory shoulder arthroplasties. J Shoulder Elbow Surg.2002;11(5):431-41HATZI<strong>DA</strong>KIS, A., M.; NORRIS, T. R.; BOILEAU, P. Reverse Shoulder Arthroplasty Indications,Technique, and Results. Lippincott Williams & Wilkins, Philadelphia Techniques in Shoulder andElbow Surgery 6(3):135–149, 2005. Disponível em:http://www.theshoulder.com/pdfs/Reverse_Shoulder_Arthroplasty_Tech_SES2005.pdf .JUVESPAN, M.; NOURISSAT, G.; DOURSOUNIAN , L. The use of a reverse shoulder system forthe treatment of massive irreparable rotator cuff tears Hôpital Saint Antoine – 75012 ParisMaîtrise Orthopédique n°148 - octobre 2005. Disponível em; http://www.maitriseorthop.com/viewPage.do?id=797.Acessado em: 23/10/2010.KAPANDJI, I. A. Fisiologia articular: esquemas comentados da mecânica humana. 5ª ed., vol. 1,São Paulo: Manole, 1990.KAPANDJI, I. A.. Fisiologia Articular. 5. ed. Membro Superior. São Paulo: Panamericana, 2000.KONIN, J. G. Cinesiologia pratica para fisioterapeutas. Ed. Única,. Rio de janeiro: GuanabaraKoogan. 2006.


125 SILVEIRA, Arthur Antunes Oliveira da. Revisão sistemática dos efeitos da utilização da prótesereversa de Grammont em artroplastidas de ombro. Estácio de Sá – Ciências da Saúde. Revista daFaculdade Estácio de Sá. Goiânia SESES-Go. Vol. 02, nº 05, 114-125, Jan. 2011/Jun 2011._______________________________________________________________________________________LUGLI T. Artificial shoulder joint by Pean (1893). The facts of an exceptional intervencion and theprosthetic method. Clin Orthop Relat Res. 1978;(133):215-8LYMAN, S.; JONES, E. C; BACH, P. B; PETERSON, M. G. E.; MARX, R.G.. The associationbetween hospital volume and total shoulder arthroplasty outcomes. Clin Orthop Relat Res2005;(432):132-7.MATSEN, F. A. 3rd.; ROCKWOOD, C. A. JR; WIRTH, M. A.; LIPPITT, S. B.; PARSON, M.Glenohumeral arthritis and its management, In: ROCKWOOD. C. A. JR; MATSEN, F. A. 3rd. TheShoulder. 3rd ed. Philadelphia: Sauders; 2004. p. 879-1008.MENDONÇA JR., H. P. de; ASSUNÇÃO, A. A. Associação entre distúrbios do ombro e trabalho:breve revisão da literatura. Revista Brasileira de Epidemiologia. Volume 8, número 2.São Paulo.2005.NEER, C. S.; WATSON, K. C.; STANTON, F. J. Recent experience in total shoulder replacement.J. Bone Joint Surg., 1982, 64-A, 319-337.RITTMEISTER, M.; KERSCHBAUMER. F.; GRAMMONT. Reverse total shoulder arthroplastyin patients with rheumatoid arthritis and nonreconstructible rotator cuff lesions. J. Shoulder ElbowSurg., 2001, 10, 17-22.SOUTHERN CALIFORNIA ORTHOPAEDIC INSTITUTE. Shoulder Anatomy (Internet). Acessoem 02/11/2010. Disponível em: http://www.scoi.com/sholanat.htmSILVA P.; LOURENÇO P.; REIS A.; SILVA C. Interferência da dor no ombro na realização dasatividades da vida daria em adultos jovens. Educação Física em Revista, n.3 V. 3, 2009.SMITH, R. Observations upon chronic rheumatic arthritis of the shoulder (part I). Dublin, Quart. J.Med. Sci., 1853, 15, 1-16.SMITH, R. Observations upon chronic rheumatic arthritis of the soulder (part II). Dublin, Quart. J.Med. Sci., 1853, 15, 343-425.TORCHIA, M. E.; COFIELD, R. H.; SETTERGREN, C. R. Total shoulder arthroplasty with theNeer prosthesis: long-term results. J Shoulder Elbow Surg. 1997;6(6): 495-505.VAN <strong>DE</strong> GRAAF, K. M.; WAFAE, N. Anatomia humana. 6. ed. Barueri: Manole, 2003.VEADO, M. A. C.; FLORA, W. Reabilitação pós-cirúrgica do ombro. Revista Brasileira deOrtopedia, v. 29, n. 9, p. 661-664, set. 1994.


126 REZEN<strong>DE</strong>, Filipe Figueiredo de; VIEIRA, Marcelle Valentim; BICALHO, Beatriz; BRAGA, Mariluci.A influência do educador físico da aderência dos alunos a prática de exercícios em academia. Estáciode Sá – Ciências da Saúde. Revista da Faculdade Estácio de Sá. Goiânia SESES-Go. Vol. 02, nº 05, 126-137, Jan. 2011/Jun 2011.________________________________________________________________________________A INFLUÊNCIA DO EDUCADOR FÍSICO NA A<strong>DE</strong>RÊNCIA DOS ALUNOSA PRÁTICA <strong>DE</strong> EXERCÍCIOS EM ACA<strong>DE</strong>MIAFilipe Figueiredo de Rezende 1 ; Marcelle Valentim Vieira 2 ; Beatriz Bicalho 3 ; Mariluci Braga 4Resumo:O objetivo do presente estudo é investigar naliteratura, se o educador físico tem influênciana aderência dos alunos praticantes deexercícios em academias. A realização desteestudo está relacionada à necessidade decontribuir para ampliar a literatura nessa área,haja visto a existência de poucos estudos noBrasil sobre este tema. A partir desta revisãode literatura, foi possível identificar que osprincipais fatores que determinam a aderênciados alunos, são o conhecimento e qualificaçãodos professores, a forma como eles serelacionam com os alunos e suas atitudesdurante as aulas. Conclui-se que o educadorfísico tem influência na aderência dos alunospraticantes de exercício em academias. A partirdisso, sugere-se a realização de outros estudospara investigar os fatores que influenciam ocomportamento do educador físico nesteambiente.Palavras-Chave:Academia. Aderência. Educador Físico.Abstract:The objective of this study is to investigatein the literature, if the physical educator hasinfluence in adherence of students whopratice exercises in gym. The achievementof this study is related to the need ofcontribution to enlarge the literature in thisarea, since there is just a few studies inBrazil related to this theme. From thisliterature review, it was possible to identifythat the main factors that determinate theadherence of the students are teacher'sknowledge and qualification, including theway that they relate with the students andtheir attitudes during classes. Theconclusion is that physical educators hasinfluence in adherence of students whopratice exercises in gym. Since there, thesuggestion is to realize more studies toinvestigate the factors that influence thebehavior of physical educators in thisenvironment.Key-Words:Gym. Adhrence. Physical Educator.1 Aluno Educação Física FESBH.2 Aluna Educação Física FESBH.3 Professora Orientadora FESBH – Graduada em E.F pela UFMG – Pós-Graduada em Fisiologia do Exercício pelaUniversidade Veiga de Almeida – Coordenadora da Formula Academia.4 Professora Mestre Co-Orientadora FESBH - Graduada em E.F pela UFMG – Pós-Graduada em Informática Aplicadaà Educação pela PUC/MG - Mestre em Ciência da Comunicação pela UFSC.


127 REZEN<strong>DE</strong>, Filipe Figueiredo de; VIEIRA, Marcelle Valentim; BICALHO, Beatriz; BRAGA, Mariluci.A influência do educador físico da aderência dos alunos a prática de exercícios em academia. Estáciode Sá – Ciências da Saúde. Revista da Faculdade Estácio de Sá. Goiânia SESES-Go. Vol. 02, nº 05, 126-137, Jan. 2011/Jun 2011.________________________________________________________________________________INTRODUÇÃOPercebe-se que atualmente os indivíduos têm um estilo de vida pouco saudável, emfunção do estresse e estafa do cotidiano, de uma alimentação inadequada e da irregularidade naprática de exercícios físicos 5 . Com esses fatores citados, a qualidade de vida da população ficaabalada, tanto em estado físico quanto psicológico.Hoje em dia, cada vez mais pessoas são sedentárias, sendo, justamente, estas as que maisteriam a ganhar com a prática regular de atividade física 6 , seja como forma de prevenir doenças,promover saúde ou simplesmente em busca do bem-estar. Os benefícios da prática regular deatividade física que antes eram apenas constatados pela observação não controlada e não cientifica,hoje são evidenciados cientificamente por diversas áreas.O estilo de vida ativo, assim como o exercício físico, resultam em importantesbenefícios fisiológicos, além de possibilitar o aproveitamento do tempo de vida com o mínimo deestresse por restrições físicas e assédios de doenças que diminuem sua funcionalidade e vitalidade(PATE, et. al., 1995; SALLIS ; WILMORE, 1995; SHEPARD ; BOUCHARD, 1994; USDHHS,1996 apud ROJAS, 2003).Perante a conscientização e constatação da importância da prática de exercícios físicos,sobretudo orientados, as academias 7 surgem como alternativa para grande parte da população, sendoum local privilegiado para a prática de exercícios físicos, fazendo com que o número de academiasaumente a cada dia, principalmente nos grandes centros urbanos.Saba (2001, p. 52) cita que “pesquisas mostram que o aumento do número de academiasé impressionante, assim como o número da população que se vale de seus serviços, conforme crescea consciência da importância do desenvolvimento do exercício físico”.Apesar do elevado número de academias e das informações sobre a importância daprática de atividade física, pode-se observar que um grande número de pessoas, que iniciamprogramas nestes locais, desiste por diversos fatores. Estudos americanos destacam que adesistência é mais acentuada ao final do primeiro e terceiro mês de participação (CANTWEL, 1998;DISHMAN, 1994 apud ROJAS, 2003).5 Exercício físico é toda atividade física planejada, estruturada e repetitiva, que tem por objetivo a melhoria emanutenção de um ou mais componentes da aptidão física (CASPERSEN et al., 1985 apud GUISELINI, 2006, p. 32).6 Defini-se atividade física como qualquer movimento corporal, produzido pelos músculos esqueléticos, resultando emgasto energético maior do que os níveis de repouso (CASPERSEN et al., 1985 apud GUISELINI, 2006, p. 23).7 Local que oportuniza o ambiente e a orientação para a prática de programas de exercício físico (ROJAS, 2003).


128 REZEN<strong>DE</strong>, Filipe Figueiredo de; VIEIRA, Marcelle Valentim; BICALHO, Beatriz; BRAGA, Mariluci.A influência do educador físico da aderência dos alunos a prática de exercícios em academia. Estáciode Sá – Ciências da Saúde. Revista da Faculdade Estácio de Sá. Goiânia SESES-Go. Vol. 02, nº 05, 126-137, Jan. 2011/Jun 2011.________________________________________________________________________________Ao iniciar um programa de exercício físico, a maior dificuldade que se encontra é aaderência 8 a essa atividade. Deste modo, percebe-se que os educadores físicos que atuam emacademias, devem direcionar atenção tanto no incentivo ao ingresso, quanto na manutenção deindivíduos em programas de exercício físico (MALAVASI ; BOTH, 2005).Mesmo sendo conhecida e comprovada a importância da prática de exercícios físicos,tanto para a saúde quanto para a melhoria da qualidade de vida, ainda hoje é verificada umarotatividade muito grande nas academias.Partindo desse pressuposto, o objetivo do presente estudo é investigar na literatura se oeducador físico tem alguma influência na aderência dos alunos praticantes de exercício físico emacademias.A realização deste estudo esta relacionada à necessidade de contribuir para ampliar aliteratura nessa área, haja vista a existência de poucos estudos no Brasil sobre este tema.REVISÃO <strong>DE</strong> LITERATURAACA<strong>DE</strong>MIAA prática de atividades físicas existe desde a pré-história das mais variadas formas.Nesse período as atividades físicas eram praticadas de forma obrigatória pela própria necessidadede sobrevivência. O homem pré-histórico precisava lutar, caçar e pescar para sobreviver, nadar paraatravessar rios e caminhar longas distâncias já que era nômade e mudava constantemente suamorada (TUBINO, 1992).Com o passar dos tempos e diferindo de acordo com cada civilização as atividadesfísicas tiveram diversos enfoques como higiênico, fisiológico, moral, ritual, recreativo, espiritualentre outros, tendo sido a dança uma das atividades físicas mais significantes para o homem naantiguidade (OLIVEIRA, 1983 apud MARTINS, 2008).Tubino (1992) reforça que, com o passar de muitos anos, a atividade física foi tomandoforma de exercício físico, pois outros objetivos foram sendo atribuídos a sua prática. De acordo comeste autor, foi com a civilização grega que as atividades físicas passaram a ser reconhecidas comohistoricamente importantes. Como ressalta Oliveira (1983 apud MARTINS, 2008), no períodochamado histórico, na Grécia antiga, surgem os grandes jogos gregos, que eram verdadeiras festas8 Segundo Saba (2001, pag. 39) entende-se como aderência “a manutenção da prática de exercícios físicos por longosperíodos de tempo, como parte da rotina dos indivíduos.”


129 REZEN<strong>DE</strong>, Filipe Figueiredo de; VIEIRA, Marcelle Valentim; BICALHO, Beatriz; BRAGA, Mariluci.A influência do educador físico da aderência dos alunos a prática de exercícios em academia. Estáciode Sá – Ciências da Saúde. Revista da Faculdade Estácio de Sá. Goiânia SESES-Go. Vol. 02, nº 05, 126-137, Jan. 2011/Jun 2011.________________________________________________________________________________populares e religiosas, as quais envolviam, além de competições atléticas, provas literárias eartísticas.As atividades físicas dos indígenas no Brasil eram muito semelhantes àquelas realizadasna pré-história. Nossos primeiros habitantes eram habilidosos e praticavam diversas atividadesfísicas para sua sobrevivência, tais como: arco e flecha, canoagem, natação, luta, caça, pesca entreoutras (OLIVEIRA, 1983 apud MARTINS, 2008).Em 1837, período após a chegada da família real portuguesa ao Brasil, o GinásioNacional criado como instituição-modelo no Rio de Janeiro, incluiu a ginástica nos seus currículose que em 1851, começou a legislação referente à matéria, obrigando a prática da ginástica nasescolas primárias do Município da Corte (OLIVEIRA, 1983 apud MARTINS, 2008).De acordo com Capinussú; Costa (1989 apud MARTINS, 2008), as academias existemem moldes organizacionais desde 1867, quando foi fundada na cidade de Bruxelas, na Bélgica, umainstituição onde se objetivava o ensino da cultura física através de aparelhos. Após essa data osurgimento de novas instalações onde se praticavam atividades físicas foi se intensificando emoutros países europeus como França e Inglaterra, e também nos Estados Unidos.Já no Brasil, conforme Capinussú (2006) coube a um imigrante japonês, exímiopraticante de jiu-jítsu, por volta do ano de 1914, montar em sua própria casa na cidade de Belém doPará a primeira academia em moldes comerciais. No que se refere ao surgimento da primeiraacademia no Rio de Janeiro, o mesmo autor relata ter sido em 1925 quando um português fundouum ginásio na zona central do Rio de Janeiro onde oferecia atividades de halterofilismo e ginásticaolímpica.Importante observar que a ênfase das academias era inicialmente nas lutas marciais e nohalterofilismo, sendo que inclusive Capinussú; Costa (1989, apud MARTINS, 2008) se referem àdécada de 50 como “época de ouro das academias dedicadas ao ensino do halterofilismo.”A concepção das academias foi mudando e a ênfase ao halterofilismo, assim como naslutas, perdendo espaço, até que nos anos 70 surgiu a nomenclatura musculação, para quebrar opreconceito que existia contra o halterofilismo e também atrair as mulheres para essa atividade(MORAES, 2006).A década de 70 ficou marcada pelos trabalhos desenvolvidos pelo Dr. Kenneth Cooper.A obra intitulada “Aeróbica” afirmava que todas as pessoas, inclusive as não treinadas, poderiamrealizar alguma prática corporal, pois isso traria enormes benefícios para a saúde, despertando napopulação o gosto pela atividade física especialmente pela corrida, chamada por ele em inglês dejogging (NOVAES; VIANNA, 2003 apud MARTINS, 2008).


130 REZEN<strong>DE</strong>, Filipe Figueiredo de; VIEIRA, Marcelle Valentim; BICALHO, Beatriz; BRAGA, Mariluci.A influência do educador físico da aderência dos alunos a prática de exercícios em academia. Estáciode Sá – Ciências da Saúde. Revista da Faculdade Estácio de Sá. Goiânia SESES-Go. Vol. 02, nº 05, 126-137, Jan. 2011/Jun 2011.________________________________________________________________________________Com isso os exercícios aeróbios tiveram grande aceitação por parte da populaçãobrasileira, sendo, inclusive, utilizado como meio de treinamento para atletas, particularmente dofutebol profissional. Sob orientação do professor Claudio Coutinho, a seleção brasileira de futebolCampeã do Mundo no México em 1970, teve como base de sua preparação física os exercíciosaeróbios. O alto nível de habilidade, característica marcante do jogador brasileiro, associado àciência do treinamento aeróbio, propiciou uma façanha inédita: o tricampeonato mundial de futebol.(GUISELINI, 2006).Ainda de acordo com Guiselini (2006), essa época ficou marcada pela redescoberta daprática do exercício físico, em particular dos exercícios aeróbios. “Fazer Cooper”, virou sinônimode caminhada e corrida nas praias, parques, ruas; virou moda, tornou-se um comportamento novoentre milhares de sedentários.Neste mesmo período surge à ginástica aeróbica, as professoras Jack Sorensen e PhylipsJacobson, apresentam uma combinação de exercícios aeróbios (caminhadas, corrida e saltos) emúsicas, organizadas em pequenas coreografias. A ginástica aeróbica tornou-se um dos maioresfenômenos socioculturais e esportivos no EUA e depois no Brasil. Já consagrados, os exercíciosaeróbios adentram a década de 80 com um novo local para sua prática: as academias de ginástica(GUISELINI, 2006).Assim a ginástica aeróbica se consagra entre os jovens como o principal exercício físicopraticado nas academias, juntamente com a musculação, que até então era restrita as academias dehalterofilismo e frequentadas exclusivamente por homens. A década de 80 fica marcada pela“década de culto ao corpo”, denominada assim pela grande valorização das formas volumosas epelo envolvimento das mulheres nas salas de musculação (GUISELINI, 2006). Esse período ficouconhecido, como o “boom” das academias (TUBINO, 1989 apud MARTINS, 2008; MORAES,2006).Na década de 90, a ginástica aeróbica e a musculação serviram de base para osurgimento de novas formas de se exercitar. A nova abordagem da prática de exercício físico, comsuporte de novas pesquisas cientificas, contribuiu para o surgimento de novos equipamentos(GUISELINI, 2006).A ciência e a tecnologia chegam definitivamente às academias e aos programas deexercício físico. A década de 90 fica marcada pela grande aceitação do conceito de Fitness 9 , eassim, a educação física conquista um novo espaço na sociedade, o exercício físico deixa de ser9 O American College of Sports Medicine (1995 apud MARTINS, 2008) define ftness como “a obtenção ou manutençãodos componentes do condicionamento físico, correlacionados com uma boa ou elevada saúde, sendo necessários pararealização de tarefas diárias e no confronto com os desafios esperados e inesperados.”


131 REZEN<strong>DE</strong>, Filipe Figueiredo de; VIEIRA, Marcelle Valentim; BICALHO, Beatriz; BRAGA, Mariluci.A influência do educador físico da aderência dos alunos a prática de exercícios em academia. Estáciode Sá – Ciências da Saúde. Revista da Faculdade Estácio de Sá. Goiânia SESES-Go. Vol. 02, nº 05, 126-137, Jan. 2011/Jun 2011.________________________________________________________________________________visto como uma prática de moda e é definitivamente incorporado como um habito saudável(GUISELINI, 2006).O fitness relacionado à saúde envolve componentes que apresentam uma relaçãodiretamente proporcional ao melhor estado de saúde e, adicionalmente, demonstraram adaptaçãopositiva à realização regular da atividade física e de exercícios físicos. São eles: resistênciacardiorrespiratória, força e resistência muscular, flexibilidade, composição corporal e coordenaçãomotora. (BARBANTI 1993 apud GUISELINI, 2006).Exercício físico regular e alimentação adequada são considerados por médicos,psicólogos e professores de educação física os principais hábitos a serem incorporados no estilo devida das pessoas. O sedentarismo passa a ser visto como uma doença, e varias pesquisasdemonstraram os seus efeitos para a saúde da população mundial: maior incidência de enfarto domiocárdio, diabetes, hipertensão arterial, entre outras doenças (GUISELINI, 2006).A década de 90 também ficou marcada pela criação do Conselho Federal de EducaçãoFísica (CONFEF) e respectivos Conselhos Regionais de Educação Física (CREF). A sociedadereconhece e aceita a estreita relação entre educação física e a saúde, e os profissionais de educaçãofísica passam a fazer parte do seleto grupo de profissionais da saúde (GUISELINI, 2006).No entanto o conceito de fitness, condicionamento físico relacionado à saúde, no final dadécada de 1990, é substituído por um novo conceito: wellness 10 . Os profissionais relacionados àsaúde, incluídos neste contexto os educadores físicos, entendem que cuidar do ser humano não podeser mais de forma tradicional (GUISELINI, 2006).Surge então na educação física uma nova abordagem na formação dos profissionais parao novo milênio: o profissional do bem estar (wellness). O profissional deve estar preparado paracompreender a importância do exercício e saber aplicá-lo como meio de mobilização e equilíbrio daenergia física, emocional, social, mental e espiritual de todos aqueles interessados em sentir-se bem(GUISELINI, 2006).Desde o seu surgimento, as academias têm absorvido um número cada vez maior deadeptos, com faixas etárias e motivos de procura diferenciados (MARCELLINO, 2003), exigindodos profissionais de Educação Física conhecimentos que vão além dos aspectos físicos e biológicosdo movimento humano.Segundo dados do Confef (2010 apud SABA, 2010) o número de academias emfuncionamento e registradas no Brasil é de 17.666. A proliferação das academias de ginástica é uma10 Corbin (apud SABA, 2001, p. 43) define wellness como sendo “a integração de todos os aspectos da saúde e aptidão(mental, social, emocional, espiritual e física), que expande um potencial para viver e trabalhar efetivamente, dandouma significante contribuição para a sociedade”.


132 REZEN<strong>DE</strong>, Filipe Figueiredo de; VIEIRA, Marcelle Valentim; BICALHO, Beatriz; BRAGA, Mariluci.A influência do educador físico da aderência dos alunos a prática de exercícios em academia. Estáciode Sá – Ciências da Saúde. Revista da Faculdade Estácio de Sá. Goiânia SESES-Go. Vol. 02, nº 05, 126-137, Jan. 2011/Jun 2011.________________________________________________________________________________realidade em todo mundo e a rotatividade de alunos é um fenômeno que estimula os profissionais epesquisadores da área a investigar os motivos atribuídos a aderência nos programas estruturados deexercícios físicos oferecidos neste espaço (MARCELLINO, 2003).A<strong>DE</strong>RÊNCIAQuando uma pessoa inicia um programa de atividade física, seja esta iniciativa causadapor necessidade ou por convicção, a maior dificuldade que se encontra é na aderência destaatividade em longo prazo. A aderência, ou seja, o comprometimento do praticante de exercíciosfísicos com a sua rotina programada de treinamento, não ocorre logo no início da prática, pois háum processo lento que vai da inatividade à manutenção da prática de exercícios físicos(NASCIMENTO et al., 2007).O sucesso de qualquer programa de exercícios físicos esta relacionado à motivação deseus participantes, a motivação é caracterizada como um processo ativo, intencional e dirigido auma meta (SAMULSKI, 2009), considerada uma variável fundamental para a aderência(WEINBERG ; GOULD, 2001).A palavra motivação exerce um grande efeito sobre as pessoas, principalmente quandose refere à prática de atividade física em geral. Muitas vezes a motivação pode ser responsável porinúmeras razões pelas quais o individuo decidira realizar alguma atividade ou não (MALAVASI ;BOTH, 2005).Um dos principais aspectos que auxiliam no desenvolvimento da motivação é aconscientização dos participantes sobre a relevância da prática regular de exercício físico enquantoum componente importante para a sua vida (<strong>DE</strong>CI; RYAN, 2000; SOARES, 2004 apud LIZ et al.,2010).De acordo com Saba (2001), a atividade física é benéfica tanto no aspecto biológico,como também no nível psicológico. O autor aponta melhorias na capacidade cardiorrespiratória,aumento na expectativa media de vida, entre outras, como exemplos de benefícios que a prática doexercício proporciona às pessoas. No nível psicológico, os aspectos relacionam-se aoaprimoramento dos níveis de auto-estima, da auto-imagem, diminuição dos níveis de estresse etantos outros (SABA, 2001).O estudo de revisão realizado por Liz et al., (2010), sobre os motivos de aderência edesistência de brasileiros praticantes de exercícios físicos em academias, levanta dados importantesacerca desta temática.


133 REZEN<strong>DE</strong>, Filipe Figueiredo de; VIEIRA, Marcelle Valentim; BICALHO, Beatriz; BRAGA, Mariluci.A influência do educador físico da aderência dos alunos a prática de exercícios em academia. Estáciode Sá – Ciências da Saúde. Revista da Faculdade Estácio de Sá. Goiânia SESES-Go. Vol. 02, nº 05, 126-137, Jan. 2011/Jun 2011.________________________________________________________________________________Dentre estes, os motivos “saúde” e “estética” foram os mais citados para a aderência,seguidos de “resistência, condicionamento e aptidão física”, “bem-estar”, “proximidade daacademia da casa ou do trabalho”, “qualidade de vida”, “prazer pelo exercício” e “socialização”(LIZ et al., 2010).Alguns estudos assinalam que a procura por um ideal estético sobrepõe à busca pelasaúde (TAHARA et al., 2003; ARAÚJO et al., 2007; ZANETTI et al., 2007 apud LIZ et al., 2010).Este fato dificulta uma orientação profissional adequada, pois há divergência entre o objetivo doprofessor e do aluno. Assim, de acordo com as considerações de Ryan et. al. (1997 apud LIZ et al.,2010), a busca pela aparência idealizada não garantiria a aderência de praticantes de exercíciosfísicos em academias.A “socialização” como um dos principais motivos de aderência em academias sustenta aafirmativa de quando as pessoas se identificam com os membros do grupo em que convivem sentemmais prazer e atração pela atividade proposta (RYAN; <strong>DE</strong>CI, 2000; WANKEL, 1993 apud LIZ et.al., 2010). Nesse sentido, organizar o ambiente das academias de maneira a favorecer a socializaçãoentre os alunos e destes com o professor deve ser uma preocupação dos administradores dessesestabelecimentos (LIZ et. al., 2010).Os motivos “bem-estar” e o “prazer pelo exercício” estão relacionados aos benefíciospsicológicos proporcionados pela prática regular de exercícios físicos (BATISTA, 2001;ZANETTE, 2003; PEREIRA ; BERNAR<strong>DE</strong>S, 2005; ZANETTI et al., 2007 apud LIZ et al., 2010).Santos; Knijnik (2006 apud LIZ et al., 2010) afirmam que as pessoas que têm prazerpela prática, conseguem remanejar e derrubar as barreiras e dificuldades que encontram paraaderirem aos exercícios físicos.Assim sendo, fazer com que o individuo se sinta bem ao praticar exercícios físicos deveser um objetivo dos profissionais envolvidos na orientação de exercícios físicos.O EDUCADOR FÍSICOA conscientização da importância da atividade física para uma boa qualidade de vidatem levado cada vez mais pessoas a se exercitarem. Contudo, uma prática realmente saudável einserida como parte da rotina dos indivíduos, depende de orientação adequada, o que cabe aoprofissional formado em Educação Física.A graduação em Educação Física oferece formação em licenciatura e bacharelado, oprofissional com licenciatura pode atuar como professor de Educação Física na educação formal.


134 REZEN<strong>DE</strong>, Filipe Figueiredo de; VIEIRA, Marcelle Valentim; BICALHO, Beatriz; BRAGA, Mariluci.A influência do educador físico da aderência dos alunos a prática de exercícios em academia. Estáciode Sá – Ciências da Saúde. Revista da Faculdade Estácio de Sá. Goiânia SESES-Go. Vol. 02, nº 05, 126-137, Jan. 2011/Jun 2011.________________________________________________________________________________Já a área de atuação do bacharel é voltada para clubes, academias, hotéis e associações,onde exerce funções administrativas ou elabora treinos de musculação, ginástica, atividadesaquáticas, treinamentos esportivos entre outros (ROJAS, 2009). Desse mercado de trabalho, asacademias caracterizam uma significativa parcela, sendo uma das principais empregadoras dosprofissionais que optam pelo bacharelado (ANTUNES, 2003).Um estudo realizado por Martins (2008) levanta importantes considerações a respeito daatuação do bacharel em educação física nas academias. E através de uma pesquisa, revela a suaimportância na permanência dos alunos a prática de exercícios nas academias.Pereira (1996 apud MARTINS, 2008) menciona algumas características que segundo elao professor de academia deve possuir, entre estas: ser criativo e comunicativo, ser solicito eprestativo, inspirar confiança a respeito de seus procedimentos, se relacionar bem com os alunos,chamá-los pelo nome, se preocupar quando faltam, se manter atualizado e informado entre tantasoutras.Ela menciona ainda que a função do professor pode ir além de ministrar aulas. O papeldo professor é acompanhar o desenvolvimento dos alunos, incentivá-los, elogiá-los, corrigi-losquando necessário, orientá-los, mostrar-se preocupado e interessado (PEREIRA, 1996 apudMARTINS, 2008).Aulas mal ministradas podem impedir a manutenção e a aderência ao exercício físico. Essaposição é compartilhada por Berger ; Mclnman (1993), que apresentam dados confirmandoque os indivíduos que recebem pouca atenção do corpo técnico tendem a desistir duas vezesmais, que os indivíduos que recebem elevada atenção. (SABA, 2001 pg. 83)É importante destacar que, as pessoas não frequentam as academias somente com finsestéticos. Essa finalidade pode até existir, mas não isoladamente. Atualmente, quando as pessoasandam cada vez mais apressadas, estressadas e sedentárias, a prática de exercício físico constituitambém um idílio de saúde e paz (SABA, 2001).Ainda de acordo com o mesmo autor “a busca sequiosa por ideal estético – acredita-seque na maioria dos casos frustrantes – pode ser responsável pela elevada rotatividade de clientes[...]” (SABA 2001, p. 50).Saba (2001) acredita que ao se falar nos objetivos da atividade física na academia sedeva tirar a ênfase dada à beleza, à estética, e passar a enfatizar a qualidade de vida, o bem-estar e oaumento da expectativa media de vida. E destaca ainda que “o preparo dos profissionais é defundamental importância na mudança desse paradigma.” (SABA, 2001, p. 53).


135 REZEN<strong>DE</strong>, Filipe Figueiredo de; VIEIRA, Marcelle Valentim; BICALHO, Beatriz; BRAGA, Mariluci.A influência do educador físico da aderência dos alunos a prática de exercícios em academia. Estáciode Sá – Ciências da Saúde. Revista da Faculdade Estácio de Sá. Goiânia SESES-Go. Vol. 02, nº 05, 126-137, Jan. 2011/Jun 2011.________________________________________________________________________________Pereira (2006 apud MARTINS, 2008) afirma que a culpa pelas pessoas não inserirem emseu cotidiano a prática de atividade física é dos professores de Educação física, que ainda nãodescobriram sua importância como disseminadores de uma vida mais saudável.Para que isso ocorresse bastaria que os professores comentassem em suas aulas que, porexemplo, um abdômen grande não significa apenas estar fora dos padrões de beleza impostos pelasociedade, mas também a grande probabilidade, de acordo com pesquisas, de vir a contrair diabetese doenças cardiovasculares (PEREIRA, 2006 apud MARTINS, 2008).Ainda de acordo com Guiselini (2006), é papel do educador físico, informarfreqüentemente os alunos sobre os benefícios da prática regular do exercício físico que ocorrem aolongo da vida, principalmente no processo de envelhecimento, no qual ocorre a diminuição docondicionamento físico, decorrente da idade, que é muito menor entre os indivíduos ativos.Com relação à motivação, é papel do profissional de educação física, por meio de suaatuação, orientar seu aluno no sentido de uma prática motivante. É necessário que o aluno seja ocentro da relação “sujeito” x “atividade física”, fomentando seu sentimento de autonomia econseqüentemente tornando-o mais motivado. Nesse sentido, os exercícios devem ser orientados emfunção das preferências dos alunos, ao invés de adequar este a atividades previamente estabelecidas(<strong>DE</strong>CI; RYAN, 2000 apud LIZ et al., 2010).Ainda é destacado por Martins Junior (2000 apud LIZ et. al., 2010), a importância de oprofessor conhecer as teorias acerca da motivação, pois essas informações possibilitaram elaborarestratégias mais eficazes para manter o aluno fisicamente ativo.Deste modo, percebe-se que os educadores físicos que atuam em academias, devemdirecionar atenção tanto no incentivo ao ingresso, quanto na manutenção de indivíduos emprogramas de exercício físico (MALAVASI ; BOTH, 2005).CONSI<strong>DE</strong>RAÇOES FINAISAtravés desta revisão de literatura, foi possível identificar que, o educador físico temgrande influência na aderência dos alunos praticantes de exercícios físicos em academias.Pode-se observar que, as academias ao longo dos anos, apresentaram constantesmudanças na sua concepção, passando a adotar novos conceitos, técnicas e abordagens com ointuito de promover a saúde e qualidade de vida de seus alunos.Com toda essa evolução no mercado de academias, se faz necessário que o educadorfísico acompanhe essas mudanças. E para tal, é fundamental que eles busquem o conhecimento


136 REZEN<strong>DE</strong>, Filipe Figueiredo de; VIEIRA, Marcelle Valentim; BICALHO, Beatriz; BRAGA, Mariluci.A influência do educador físico da aderência dos alunos a prática de exercícios em academia. Estáciode Sá – Ciências da Saúde. Revista da Faculdade Estácio de Sá. Goiânia SESES-Go. Vol. 02, nº 05, 126-137, Jan. 2011/Jun 2011.________________________________________________________________________________técnico/cientifico, se atualizem constantemente e acima de tudo tenham uma visão ampla sobre seucampo de atuação.No transcorrer deste estudo, foi possível identificar que o conhecimentotécnico/cientifico, é de extrema importância para o profissional. Pois de posse destes conhecimentoso profissional é capaz de avaliar, prescrever e direcionar os alunos a uma prática consistente,regular e motivante.Aliando conhecimento/técnico à características como, atenção, cordialidade, criatividadeentre outros, esse profissional será responsável por influenciar a aderência destes alunos a prática deexercícios nas academias.Cabe salientar que, no transcorrer da elaboração deste estudo, houve o desafio, deencontrar referências bibliográficas consistentes sobre o tema investigando o papel do educadorfísico na aderência de alunos em academias.A partir disso, sugere-se a realização de outros estudos para investigar os fatores queinfluenciam o comportamento do educador físico neste ambiente.REFERÊNCIASANTUNES, C. A. Perfil profissional de instrutores de academias de ginástica e musculação.Lecturas Educación Fisica e Deportes, Revista Digital, Buenos Aires, n. 60, maio., 2003.Disponível em: http://www.efdeportes.com/efd60/perfil.htm. Acesso em: 12 outubro. 2010.CAPINUSSÚ, J. M. Academias de ginástica e condicionamento físico: origens. In: <strong>DA</strong> COSTA,Lamartine (org.). Atlas do esporte no Brasil. Rio de Janeiro: CONFEF, 2006.GUISELINI, M. Aptidão Física Saúde Bem-Estar: fundamentos teóricos e exercícios práticos. 2 ed.São Paulo: Phorte, 2006.LIZ, C. M.; CROCETTA, T. B.; VIANA, M. S.; BRANDT, R.; ANDRA<strong>DE</strong>, A. Aderência àprática de exercícios físicos em academias de ginástica. Motriz, Rio Claro, v.16 n.1 p.181-188,jan./mar. 2010.MALAVASI, L.; BOTH, J. Motivação: uma breve revisão de conceitos e aplicações. LecturasEducación Fisica e Deportes, Revista Digital, Buenos Aires, n. 89, out., 2005. Disponível em:. Acesso em: 5 maio. 2010.MARCELLINO, N. C. Academias de ginástica como opção de lazer. Revista Brasileira Ciência eMovimento, Taguatinga, v. 11, n. 2, p. 49-54, 2003. ISSN 0103-1716. Disponível em:http://portalrevistas.ucb.br/index.php/RBC/article/viewFile/496/521. Acesso em: 26 abr. 2010.


137 REZEN<strong>DE</strong>, Filipe Figueiredo de; VIEIRA, Marcelle Valentim; BICALHO, Beatriz; BRAGA, Mariluci.A influência do educador físico da aderência dos alunos a prática de exercícios em academia. Estáciode Sá – Ciências da Saúde. Revista da Faculdade Estácio de Sá. Goiânia SESES-Go. Vol. 02, nº 05, 126-137, Jan. 2011/Jun 2011.________________________________________________________________________________MARTINS, M. C. O papel dos professores de educação física na permanência dos alunos em umaacademia da cidade de São Leopoldo. Trabalho de Conclusão de Curso (Faculdade de EducaçãoFísica e Ciências do Desporto) – Universidade Católica do Rio Grande do Sul, 2008. Disponívelem: http://revistaseletronicas.pucrs.br/ojs/index.php/graduacao/article/viewFile/4158/3147. Acessoem: 7 abril. 2010.MORAES, L. C. O boom das academias. Rio de Janeiro: [2006]. Disponível em:http://www.totalsport.com.br/colunas/moraes/ed1501.htm. Acesso em: 09 out. 2010.NASCIMENTO, G. Y.; SORIANO, J. B.; FÁVARO, P. E. A perspectiva do erro e a avaliação dasconseqüências da intervenção profissional em Educação Física: uma análise de conteúdo. RevistaBrasileira de Cineantropometria e Desempenho Humano, v. 9, n. 4, p. 393-400, 2007. Disponívelem: http://www.rbcdh.ufsc.br/MostraEdicao.do?edicao =33. Acesso em: 12 abril. 2010.ROJAS, P. N. C. Aderência aos programas de exercícios físicos em academias de ginástica deCuritiba-PR. 2003. Dissertação (Mestrado em Atividade Física Relacionada à Saúde) –Universidade Federal de Santa Catarina, Florianópolis, 2003. Disponível em:http://www.tede.ufsc.br/teses/PGEF0066.pdf. Acesso em: 30 março. 2010.ROJAS, P. N. C. Entrevista concedida ao Portal da Educação Física. Disponível em:http://www.educacaofisica.com.br/noticias_mostrar.asp?id=6956. Acesso em: 11 setembro. 2010.SABA, F. Aderência: a prática do exercício físico em academias. São Paulo: Manole, 2001.SABA, F. Número de academias registradas no Brasil. Disponível em:http://www.fabiosaba.com.br/2010/08/31/numero-de-academias-profissionais-e-cursos-degraduacao-no-brasil-dados-atualizados/. Acesso em: 10 setembro. 2010.SAMULSKI, D. Psicologia do Esporte. Edição Revisada e Ampliada. 2 ed. São Paulo: Manole,2009.TAHARA, A. K.; SCHWARTZ, G. M.; SILVA, K. A. Aderência e manutenção da prática deexercícios em academias. Revista Brasileira Ciência e Movimento, Taguatinga, v. 11, n. 4, p. 7-12,2003. ISSN 0103-1716. Disponível em:http://portalrevistas.ucb.br/index.php/RBC/article/viewFile/519/543. Acesso em: 26 jun. 2010.TUBINO, M. J. G. Esporte e cultura física. São Paulo: IBRASA, 1992.WEINBERG, R. S.; GOULD, D. Fundamentos da psicologia do esporte e do exercício. 2 ed. Portoalegre: Artmed, 2001.


138 FERREIRA, Emília Rodrigues; BERNAR<strong>DE</strong>S, Rogério Pereira; FILHO, Francino Machado deAzevedo; MELO, Gleydson. Assistência de enfermagem ao clinte vítima de trauma raquimedular: umestudo bibliográfico. Estácio de Sá – Ciências da Saúde. Revista da Faculdade Estácio de Sá. GoiâniaSESES-Go. Vol. 02, nº 05, 138-146, Jan. 2011/Jun 2011._______________________________________________________________________________ASSISTÊNCIA <strong>DE</strong> ENFERMAGEM AO CLIENTE VÍTIMA <strong>DE</strong> TRAUMARAQUIMEDULAR: UM ESTUDO BIBLIOGRÁFICOEmília Rodrigues Ferreira 1 Rogério Pereira Bernardes 1Francino Machado de Azevedo Filho 2 Gleydson Melo 3Resumo:O estudo teve o objetivo de realizar uma buscapor publicações de enfermagem sobre traumaraquimedular no período de 2000 a 2009 noBrasil, observando o perfil das vítimas e aassistência de enfermagem ofertada naquelemomento. Trata-se de uma pesquisa de revisãobibliográfica, de abordagem exploratória. Foipossível selecionar 14 artigos publicados sobretrauma raquimedular em língua portuguesa. Ospacientes acometidos, em sua maioria, sãoadultos jovens, do sexo masculino, solteiros eresidentes em áreas urbanas, que necessitam deassistência domiciliar em todos os momentos doprocesso de cuidar. O estudo demonstrou anecessidade de um plano de cuidados própriospara cada paciente dependendo do grau dalesão, abordando de forma ampla o paciente e afamília.Palavras Chave:Trauma raquimedular, assistência, enfermagem.Abstract:The study had the objective to lift thepublications of nursing on trauma raquimedularin the period from 2000 to 2009 in Brazil, liftingthe profile of the victims and presence ofnursing. It the question is an inquiry ofbibliographical revision, approach exploratória.It was possible to lift 14 articles published ontrauma raquimedular in Portuguese language.The attacked patients, in his majority, are youngadults, of the masculine sex, unmarried andresident in urbane areas, which need homepresence at all the moments of the process totake care. The study demonstrated the necessityof a plan of own cares for each patient dependingon the degree of the injury, boarding in thespacious form the patient and the family.Key-Words:Spinal trauma, care, nursing.INTRODUÇÃOMedula espinhal é a porção alongada do sistema nervoso, é a continuação do encéfalo,que se aloja no interior da coluna vertebral em seu canal vertebral, ao longo do seu eixo crâniocaudal.(<strong>DA</strong>NGELO; FATTINI, 2007).A medula espinhal é formada por segmentos e raízes nervosas, e essas raízes emergemda medula no nível de cada segmento. São sete cervicais, doze torácicos, cinco lombares e cinco1 Acadêmicos de Enfermagem, 8° Período da Faculdade Estácio de Sá de Goiás.2 Orientador e Professor de Enfermagem da Faculdade Estácio de Sá de Goiás.3 Co-orientador e Professor de Enfermagem da Faculdade Estácio de Sá de Goiás.


139 FERREIRA, Emília Rodrigues; BERNAR<strong>DE</strong>S, Rogério Pereira; FILHO, Francino Machado deAzevedo; MELO, Gleydson. Assistência de enfermagem ao clinte vítima de trauma raquimedular: umestudo bibliográfico. Estácio de Sá – Ciências da Saúde. Revista da Faculdade Estácio de Sá. GoiâniaSESES-Go. Vol. 02, nº 05, 138-146, Jan. 2011/Jun 2011._______________________________________________________________________________sacrais e quatro coccigenas. Os segmentos de C5 a T1 inervam os membros superiores, enquanto ossegmentos de T12 a S4 se destinam aos membros inferiores. (ALBUQUERQUE; FREITAS, 2009).A lesão medular é definida como toda a agressão da medula espinhal que pode levar adanos neurológicos, relacionados às funções motora, sensitiva, visceral, sexual e trófica e pode terorigem traumática por acidente automobilístico, ferimento por arma de fogo, mergulho em águasrasas e queda de altura ou, ainda, causas não traumáticas como tumores, processos infecciosos,alterações vasculares, malformações, processos degenerativos ou compressivos. Nesse universo, aliteratura aponta, no país e fora dele, claramente, a expressividade do trauma relacionado aoaumento da violência urbana. (AZEVEDO; SANTOS, 2006).Lesão medular envolve uma série de complicações, dentre elas o choque medular, querepresenta uma repentina perda da atividade reflexa na medula espinhal (arreflexia) abaixo do níveldo trauma. Nesta condição os músculos enervados pela parte do segmento da medula situada abaixodo nível da lesão ficam completamente paralisados e flácidos e os reflexos são ausentes. A pressãoarterial cai e as partes do corpo abaixo do nível da lesão ficam paralisadas e sem sensibilidade.(BRUNI; et.al, 2004).A lesão instável da coluna vertebral sem lesão neurológica, principalmente em pacientespolitraumatizados, vitima de colisões em alta velocidade, inconscientes ou alcoolizados, possuemgrande potencial de lesão adicional das estruturas nervosas durante o resgate e transporte dospacientes, existindo inúmeros exemplos clínicos de pacientes com quadro neurológico normal apóso acidente, e que sofreram lesão das estruturas nervosas durante o resgate e transporte. (<strong>DE</strong>FINO,1999).O nível neurológico da lesão é determinado pelo mais caudal segmento sensitivo e motorpreservado bilateralmente. Porém, o funcionamento motor pode estar comprometido em níveldiferente do sensorial e as perdas podem ser assimétricas.Nesses casos, até quatros segmentos neurológicos podem ser descritos em um mesmopaciente: sensorial direito, sensorial esquerdo, motor direito e motor esquerdo.Uma lesão completa, no plano transverso, é definida como ausência de função motora esensitiva nos miótomos e dermátomos inervados pelos segmentos sacrais da medula. Uma lesãoincompleta há preservação da função motora e/ou sensitiva abaixo do nível neurológico, incluindoos segmentos sacrais. (MEN<strong>DE</strong>S; ARAÚJO, 2006).No Brasil na maioria dos casos, tal lesão tem origem traumática, sendo o ferimentoocasionado por arma de fogo, acidente automobilístico e quedas, as causas externas maisfreqüentes. As vitimas desses traumatismos são predominantemente adultos jovens, com idade


140 FERREIRA, Emília Rodrigues; BERNAR<strong>DE</strong>S, Rogério Pereira; FILHO, Francino Machado deAzevedo; MELO, Gleydson. Assistência de enfermagem ao clinte vítima de trauma raquimedular: umestudo bibliográfico. Estácio de Sá – Ciências da Saúde. Revista da Faculdade Estácio de Sá. GoiâniaSESES-Go. Vol. 02, nº 05, 138-146, Jan. 2011/Jun 2011._______________________________________________________________________________variando de 18 e 35 anos e na proporção de quatro homens para uma mulher. Tais lesões geramuma incapacidade de alto custo para o governo e acarreta importantes alterações no estilo de vida dopaciente. (GONZALES; et.al, 2001).O atendimento do paciente no local do acidente é de grande importância para a suaavaliação inicial, reconhecimento de suas lesões e prevenção de lesões adicionais durante o seuresgate e transporte para local onde deverá receber o atendimento definitivo. Devem ser sempreconsideradas a presença de uma lesão da coluna vertebral e a manutenção da imobilização dopaciente até que esse tipo de lesão possa ser avaliado com segurança por meio de radiografias eoutros exames complementares, quando necessários.O lesado medular apresenta uma das mais graves incapacidades que podem acometer umindividuo, pois o torna um paciente com alterações motoras e sensitivas, alem de ter desreguladosuas funções fisiológicas, passando a apresentar alterações respiratórias, vasculares, da atividadesexual, urinarias e intestinais. (SARTORI; MELO, 2002).Dado a complexidade do quadro clínico e a necessidade de assistência de enfermagemespecializada e sistematizada, assim como, da equipe interdisciplinar que esteja preparada para aprática assistencial de cuidar do cliente vítima de trauma raquimedular, assegurando o cuidadoholístico do paciente e continuidade da assistência, espera-se destes profissionais um alto preparopara prática assistencial. (GONZALES; et. al, 2001).OBJETIVOLevantar o perfil das vítimas e o papel da enfermagem na assistência a vítima de traumaraquimedular.METODOLOGIATrata-se de um estudo de revisão bibliográfica, de abordagem exploratória, utilizandocomo critério de inclusão, artigos publicados entre 2000 a 2009, em língua portuguesa, queabordassem o trauma raquimedular no Brasil e que tenha sido realizado por enfermeiros.A pesquisa bibliográfica é desenvolvida com base em material já elaborado, constituídoprincipalmente de livros e artigos científicos. (GILL, 2002).Foi feita busca e seleção de artigos junto à base de dados da Scielo, Bireme e Lilacs,utilizando os descritores: Trauma Raquimedular e Enfermagem.


141 FERREIRA, Emília Rodrigues; BERNAR<strong>DE</strong>S, Rogério Pereira; FILHO, Francino Machado deAzevedo; MELO, Gleydson. Assistência de enfermagem ao clinte vítima de trauma raquimedular: umestudo bibliográfico. Estácio de Sá – Ciências da Saúde. Revista da Faculdade Estácio de Sá. GoiâniaSESES-Go. Vol. 02, nº 05, 138-146, Jan. 2011/Jun 2011._______________________________________________________________________________Selecionados os estudos que atendiam aos critérios de inclusão, foram realizadas leiturassistemáticas dos artigos e categorização dos dados encontrados.RESULTADOS E DISCUSSÃOApós o levantamento foram selecionados 14 artigos publicados por enfermeiros emlíngua portuguesa, no Brasil.Foi possível levantar o perfil das vitimas de trauma raquimedular no Brasil e descrever opapel da enfermagem na assistência ao lesado medular, quanto no atendimento intra-hospitalar,quanto na reabilitação.PERFIL <strong>DA</strong>S VITIMAS <strong>DE</strong> TRAUMA RAQUIMEDULAR NO BRASILAs lesões medulares são cada vez mais freqüentes devido principalmente ao aumento daviolência urbana. Dentre as causas, o acidente de trânsito e a agressão por arma de fogo são as maiscomuns. Os pacientes acometidos, em sua maioria, são adultos jovens, do sexo masculino, solteirose residentes em áreas urbanas. (VALL; BRAGA; ALMEI<strong>DA</strong>, 2006).As vítimas na sua maioria fazem parte da população economicamente ativa e em idadealtamente produtiva, configurando assim, o trauma raquimedular como uma situação que afeta nãosó o sistema de saúde brasileiro, mais também o sistema econômico e previdenciário.ASSISTÊNCIA <strong>DE</strong> ENFERMAGEM AO CLIENTE HOSPITALIZADO COMDIAGNÓSTICO <strong>DE</strong> TRAUMATISMO RAQUIMEDULARNos indivíduos com lesão medular, é muito comum existir a somatória de necessidadesnão atendidas. (VENTURINI; <strong>DE</strong>CESARO; MARCON, 2006).A cada internação, o enfermeiro executa o Processo de Enfermagem que é constituído deexame físico e entrevista, sendo que a partir daí é realizado o levantamento de dados específicosrelacionados à deficiência física e incapacidades que nortearão as ações da Enfermagemespecializada para a assistência à pessoa com deficiência física. (LEITE; FARO, 2005). Para tanto,é fundamental adotar um método de trabalho capaz de direcionar e organizar as atividades deenfermagem de acordo com as necessidades de cada paciente.O processo de enfermagem possibilita esta organização, pois é uma metodologiaembasada em referências teóricas, de acordo com a filosofia de cada instituição, podendo atenderaos pacientes de forma individualizada e integral nas suas necessidades biopsicossociais. (CAFER;


142 FERREIRA, Emília Rodrigues; BERNAR<strong>DE</strong>S, Rogério Pereira; FILHO, Francino Machado deAzevedo; MELO, Gleydson. Assistência de enfermagem ao clinte vítima de trauma raquimedular: umestudo bibliográfico. Estácio de Sá – Ciências da Saúde. Revista da Faculdade Estácio de Sá. GoiâniaSESES-Go. Vol. 02, nº 05, 138-146, Jan. 2011/Jun 2011._______________________________________________________________________________et.al, 2005). Com isso, o uso das teorias de enfermagem promove a identidade profissional, poisfornece uma base firme na qual a enfermeira se apóia quando suas idéias são questionadas.(CARVALHO; <strong>DA</strong>MASCENO, 2003).Os diagnósticos de enfermagem em indivíduos com lesão raquimedular, hospitalizados,de acordo com a proposta da North American Nursing Diagnosis Association (NAN<strong>DA</strong>) e, demaneira subseqüente, apresentar propostas de intervenções de enfermagem, com base na NursingInterventions Classification (NIC). A utilização das classificações é de extrema importância, poispossibilita uma padronização da linguagem para os diagnósticos, intervenções e resultados deenfermagem, favorecendo a reflexão sobre as habilidades dos enfermeiros em examinar astendências de sua prática e avaliar a qualidade de cuidados prestados aos pacientes. Os pacientesportadores de lesão medular apresentam alguns diagnósticos de enfermagem específicos. (CAFER;et.al, 2005).Os diagnósticos de enfermagem com maior freqüência ao cliente com traumaraquimedular, descritos nos estudos foram: alteração sensorial de percepção sinestésica, impotência,déficit de conhecimento sobre paraplegia, mobilidade física prejudicada e disfunção sexual.(CARVALHO; <strong>DA</strong>MASCENO, 2003).As intervenções descritas com maior freqüência nos estudos e que devem orientar aassistência de enfermagem são: oferecer suporte emocional através do diálogo e doaconselhamento, falar, individualmente, sobre o tipo de lesão que ele apresenta e as repercussões nasua sexualidade, manter diálogo aberto e franco sobre os sentimentos, deixando aflorar os medos,favorecendo um diálogo franco, estimular a socialização através de contatos com os amigos,reservar um tempo para deixá-lo expressar seus sentimentos, estimular o uso de terapias parapromover a saúde, incluindo massagens, toque, aconselhamento, promover ambiente seguro e deapoio, ensinar a reeducação vesical e intestinal, implementar cuidados relativos a higiene,alimentação, eliminações, mobilidade física, e integridade cutâneo-mucosa, ajudar a sentar nacadeira de rodas, ensinar os mecanismos com o corpo e a cadeira, propiciar condições para que opaciente reconheça que ainda é capaz de um relacionamento sexual, fazer orientação individualsobre novas técnicas e maneiras de realizar a atividade sexual. (CARVALHO; <strong>DA</strong>MASCENO,2003).Ao trabalhar com pessoas fragilizadas pela paraplegia e pelo sofrimento, é exigido daenfermagem exercitar a sua própria pessoa, quer compartilhando sentimentos, quer utilizando umenfoque intelectual direcionado aos problemas, o que requer que ela domine os fatos, os princípios econceitos daquilo que ela pensa. (CARVALHO; <strong>DA</strong>MASCENO, 2003).


143 FERREIRA, Emília Rodrigues; BERNAR<strong>DE</strong>S, Rogério Pereira; FILHO, Francino Machado deAzevedo; MELO, Gleydson. Assistência de enfermagem ao clinte vítima de trauma raquimedular: umestudo bibliográfico. Estácio de Sá – Ciências da Saúde. Revista da Faculdade Estácio de Sá. GoiâniaSESES-Go. Vol. 02, nº 05, 138-146, Jan. 2011/Jun 2011._______________________________________________________________________________As intervenções de enfermagem não trazem de volta os movimentos perdidos, maspermitem a convivência com a incapacidade de maneira digna e com melhor qualidade de vida.(VALL; BRAGA; ALMEI<strong>DA</strong>, 2006).A lesão raquimedular deixa incapacidades permanentes. É com tais conseqüências quese procura planejar cuidados em longo prazo, coerentes com as expectativas e possibilidadesclínicas e sociais do paciente e família. (LEITE; FARO, 2005).ASSISTÊNCIA <strong>DE</strong> ENFERMAGEM AO CLIENTE EM REABILITAÇÃOO processo de reabilitação é longo e envolve componentes atitudinais, psicossócioespirituais,econômicos e políticos sendo muitas vezes um desafio tanto para o paciente como para oenfermeiro. (FARO, 2006).O enfermeiro tem características que facilitam o seu papel educador com o paciente: éele o elemento da equipe que mais tempo permanece ao lado do paciente e tem a capacidade deobservá-lo e considerá-lo como todo e não apenas como um caso. A reabilitação faz parte doscuidados de Enfermagem enquanto um modelo assistencial, bem como uma especialidade.A assistência de Enfermagem na reabilitação tem como principais objetivos auxiliar opaciente a se tornar independente o máximo que puder dentro de suas condições, promover eincentivar o autocuidado através de orientações e treinamento de situações, preparar o deficientefísico para uma vida social, familiar da melhor maneira possível e com qualidade. (LEITE; FARO,2005).O enfermeiro tem papel expressivo junto aos demais profissionais reabilitador da equipe,compreendendo uma assistência holística e compartilhada onde o binômio paciente-família tem oseu papel preservado junto à equipe de especialistas, papel este definido em sua expressão clínica eacadêmica, o significado de somar esforços, compartilhar responsabilidades, conhecimento,reconhecer os limites e enfatizar potencialidades e habilidades.O enfermeiro reabilitador tem como compromisso garantir às pessoas com deficiências eincapacidades, assistência nos vários níveis de complexidade, utilizando métodos e terapêuticasespecíficos. Ainda, lhe cabe subsidiar tecnicamente a implantação de serviços especializados deenfermagem em reabilitação na busca por melhores condições de vida, de integração social e naindependência para as atividades básicas da vida diária das pessoas com deficiências, bem como aimplementação de assistência especializada, pautada no binômio indivíduo família frente àsincapacidades impostas e, para tanto, na qualidade de um educador. (FARO, 2006).


144 FERREIRA, Emília Rodrigues; BERNAR<strong>DE</strong>S, Rogério Pereira; FILHO, Francino Machado deAzevedo; MELO, Gleydson. Assistência de enfermagem ao clinte vítima de trauma raquimedular: umestudo bibliográfico. Estácio de Sá – Ciências da Saúde. Revista da Faculdade Estácio de Sá. GoiâniaSESES-Go. Vol. 02, nº 05, 138-146, Jan. 2011/Jun 2011._______________________________________________________________________________A presença da deficiência e incapacidade no contexto familiar altera a dinâmica dasrelações e a complexidade de suas interações. As famílias que vivenciam essa situação passam portransformações no decorrer do tempo e as que mais se sobressaem são as marcadas pela presença decrises. Diante da necessidade de acolher o indivíduo com LM e apoiar seu processo de recuperaçãoe reabilitação, cada pessoa da família individualmente e respeitando suas características peculiares,busca manter a integridade física e emocional do grupo, desenvolvendo, favorecendo oufortalecendo as relações familiares.Por isto, cuidar desses pacientes exige conhecer suas famílias, que constituirão oprincipal apoio durante o processo de doença e reabilitação, para possibilitar uma assistência maishumana e efetiva. (VENTURINI; <strong>DE</strong>CESARO; MARCON, 2007).CONSI<strong>DE</strong>RAÇÕES FINAISPode-se perceber com esse estudo o quanto e importante à atuação dos enfermeiros noatendimento ao paciente portador de lesão raquimedular, durante toda a internação, pois o lesadomedular e a família chegam ao hospital com muito medo e cheio de dúvidas, muitos por falta deconhecimento e por se sentirem inseguros, então o enfermeiro realizará uma avaliação paraproporcionar um atendimento sistematizado, planejado e implementado, atuando como orientadorjunto ao lesado medular e a família a fim de evitar complicações, controlar as crises deespasticidade e evitar incapacidades secundárias.Os estudos demonstraram a necessidade de um plano de cuidados próprios para cadapaciente dependendo do grau da lesão, abordando de forma ampla o paciente e a família.Em casos de lesão raquimedular, deve-se considerar que a reabilitação tenha início omais rápido possível, assim que for fechado o diagnóstico de lesão raquimedular, pois, envolve aaprendizagem do paciente e da família diante de uma vida completamente diferente. A partir daí, omaior desafio é a prevenção das complicações ou de incapacidades secundárias que, se contornadas,melhoram gradativamente o potencial funcional dos pacientes e também promover a reintegração aomeio social.Dessa forma, cabe à enfermagem utilizar recursos que possam aprimorar a assistênciaprestada a esses pacientes. A implementação dos diagnósticos e intervenções de enfermagem, demaneira precisa, em que constituem uma alternativa a ser utilizada, possibilitando a melhora daqualidade do atendimento quanto dos resultados esperados. Portanto, é oportuno lembrar anecessidade do preparo dos enfermeiros, bem como dos familiares que participam do processo de


145 FERREIRA, Emília Rodrigues; BERNAR<strong>DE</strong>S, Rogério Pereira; FILHO, Francino Machado deAzevedo; MELO, Gleydson. Assistência de enfermagem ao clinte vítima de trauma raquimedular: umestudo bibliográfico. Estácio de Sá – Ciências da Saúde. Revista da Faculdade Estácio de Sá. GoiâniaSESES-Go. Vol. 02, nº 05, 138-146, Jan. 2011/Jun 2011._______________________________________________________________________________assistência ao lesado medular, sendo necessária a realização de estudos, orientações e treinamentosneste âmbito do cuidado junto a eles.Observa-se que a maioria dos artigos pesquisados relata sobre a preocupação daqualidade de vida, a forma de enfrentamento diante da lesão raquimedular e da preparação da altahospitalar do lesado medular. Notou-se ainda que todas devem ser estudadas juntamente com aequipe multiprofissional e montado um plano estratégico junto com a família fazendo com que elescompreendam e entendam as necessidades de vida diária desse paciente, e principalmente que elestenham que se adaptar ao novo estilo de vida paciente e o paciente também aprenderá a se adaptar anova condição de vida que terá daí em diante, pois o tratamento é lento e demorado, após a altahospitalar deve continuar o tratamento de reabilitação e receber o acompanhamento domiciliar doprofissional de enfermagem.Acredita-se que a concepção de saúde-doença, no âmbito da reabilitação, leva acompreender o homem a partir de o seu fazer, do seu estilo de vida e cidadania e não a partir de suadoença ou deficiência.A prevenção seria a melhor forma de solucionar ou de, pelo menos, minimizar os danoscausados pelos traumas.REFERÊNCIAS1. ALBUQUERQUE, Ana Lúcia Pereira de; FREITAS; Consuelo Helena Aires de; JORGE, MariaSalete Bessa. Interpretando as experiências da hospitalização de pacientes com lesão medular. Rev.Bras. Enferm, Brasília. 62(4): 552-6. jul-ago, 2009.2. AZEVEDO, Gisele Regina de. SANTOS, Vera Lúcia Conceição de Gouveia. Cuida-dor (D)deficiente: as representações sociais de famílias acerca do processo de cuidar. Rev. Latino-amEnfermagem. 14(5) set/out 2006.3. BRUNI, Denise Stela; STRAZZIERI, Kelly Cristina; GUMIEIRO, Marcella Nicoletti;GIOVANAZZI, Romy; <strong>SÁ</strong>, Vinício de Góes; FARO, Ana Cristina Mancussi e. Aspectosfisiopatológicos e assistenciais de enfermagem na reabilitação da pessoa com lesão medular. Rev.Esc Enferm USP. 38(1): 71-9. 2004.4. CAFER, Clélia Regina Cafer; BARROS, Alba Lucia Bottura Leite de; LUCENA, Amália deFátima; MAHL, Maria de Lourdes Sylvestre; MICHEL, Jeanne Liliane Marlene. Diagnósticos deenfermagem e proposta de intervenções para pacientes com lesão medular. Acta Paul Enferm.18(4): 347-53, 2005.5. CARVALHO, Zuila Maria de Figueiredo; <strong>DA</strong>MASCENO, Marta Maria Coelho. Aplicação dateoria do cuidado transpessoal em pacientes paraplégicos hospitalizados: relato de experiências.Ciência Y Enfermeira Ix (2): 77-94, 2003.


146 FERREIRA, Emília Rodrigues; BERNAR<strong>DE</strong>S, Rogério Pereira; FILHO, Francino Machado deAzevedo; MELO, Gleydson. Assistência de enfermagem ao clinte vítima de trauma raquimedular: umestudo bibliográfico. Estácio de Sá – Ciências da Saúde. Revista da Faculdade Estácio de Sá. GoiâniaSESES-Go. Vol. 02, nº 05, 138-146, Jan. 2011/Jun 2011._______________________________________________________________________________6. <strong>DA</strong>NGELO, José Geraldo; FANTINI, Carlo Américo. Anatomia humana e segmentar. 3ª ed. SãoPaulo, Ed. Atheneu, 2007.7. <strong>DE</strong>FINO, Helton L.A. Trauma raquimedular. Medicina, Ribeirão Preto, 32: 388-400, out./dez.1999.8. FARO, Ana Cristina Mancussi e. Enfermagem em reabilitação: ampliando os horizontes,legitimando o saber. Rev. Esc Enfermagem USP. 40(1): 128-33. 2006.9. GILL, A.C. Como elaborar projetos de pesquisa. 4º Edição, São Paulo: Atlas, 2002.10. GONZALES, Roxana L. Cardoso. VILLA, Tereza C.S. CALIRI, Maria H. L. O Processo daAssistência ao Paciente com Lesão Medular: Gerenciamento de caso como estratégia deorganização da alta hospitalar. Medicina, Ribeirão Preto. SP. 34:325-333. Jul./dez 2001.11. LEITE, Valéria Barreto Esteves; FARO, Ana Cristina Mancussi e. O cuidar do enfermeiroespecialista em reabilitação físico-motora. Rev. Esc Enfermagem USP. 39(1): 92-6. 2005.12. MEN<strong>DE</strong>S, Paulo Victor; ARAÚJO, Marla Rosa. Análise epdemiológica dos pacientes comlesão raquimedular internados no Centro de Reabilitação e Readaptação Dr. Henrique Santillo.Nov. 2006.13. SARTORI, Nely R; MELO, Márcia R. Necessidades no cuidado hospitalar do lesado medular.Medicina, Ribeirão Preto. SP. 35: 151-159, abr./jun. 2002.14. VALL, Janaina; BRAGA, Violante Augusta Batista; ALMEI<strong>DA</strong>, Paulo Cesar. Estudo daqualidade de vida em pessoas com lesão medular traumática. Arq. Neuropsiquiatria. 64(2-B): 451-455.2006.15. VENTURINI, Daniela Aparecida; <strong>DE</strong>CESARO, Maria das Neves; MARCON, Sônia Silva.Conhecendo a história e as condições de vida de indivíduos Com lesão medular. Rev. GaúchaEnferm, Porto Alegre. RS. 27(2): 219-29 jun. 2006.16. VENTURINI, Daniela Aparecida; <strong>DE</strong>CESARO, Maria das Neves; MARCON, Sônia Silva.Alterações e expectativas vivenciadas pelos indivíduos com lesão raquimedular e suas famílias.Rev. Esc. Enferm. USP, vol.41 no. 4 São Paulo Dec. 2007.


147 SILVA, Cleidiane Ferreira da; FONSECA, Adriano Luis. Reabilitação vestibular através dos exercíciosde Cawthorne e Cooksey para prevenção de quedas em idosos: uma revisão bibliográfica. Estácio de Sá– Ciências da Saúde. Revista da Faculdade Estácio de Sá. Goiânia SESES-Go. Vol. 02, nº 05, 147-162,Jan. 2011/Jun 2011._______________________________________________________________________________________REABILITAÇÃO VESTIBULAR ATRAVÉS DOS EXERCÍCIOS <strong>DE</strong>CAWTHORNE E COOKSEY PARA PREVENÇÃO <strong>DE</strong> QUE<strong>DA</strong>S EMIDOSOS: UMA REVISÃO BIBLIOGRÁFICACleidiane Ferreira Da Silva 1 ; Adriano Luis Fonseca 2ResumoAtualmente, a população idosa vem crescendo demaneira significativa, gerando cada vez mais anecessidade de estudos sobre a complexidadeenvolvida no fenômeno do envelhecimento. Nesteprocesso verificamos uma diminuição nafuncionalidade de todos os sistemas orgânicos. Aforça muscular diminui, assim como o número defibras musculares, equilíbrio, flexibilidade,agilidade e coordenação motora, levando a umaredução da mobilidade corporal.Esta fasecompromete a habilidade do Sistema NervosoCentral (SNC) em realizar o processamento dossinais vestibulares, visuais e proprioceptivosresponsáveis pela manutenção do equilíbriocorporal.As quedas são as conseqüências maisperigosas do desequilíbrio e da dificuldade delocomoção, representando assim, um grandeproblema de saúde dos idosos. A reabilitaçãovestibular (RV) surgiu a fim de procurarrestabelecer o equilíbrio por meio de estimulaçãoe aceleração dos mecanismos naturais decompensação, induzindo o paciente a realizar omais perfeitamente possível os movimentos epara possibilitar uma melhor qualidade de vida.Palavras-chave:Envelhecimento; Quedas; ReabilitaçãoVestibular.AbstractCurrently, the elderly population is growingsignificantly, generating more and more theneed for studies about the complexity involvedin the phenomenon of aging. In this process wefound a decrease in the functionality of allsystems. Muscle strength decreases, and thenumber of muscle fibers, balance, flexibility,agility and coordination, leading to a reductionin mobility corporal. This phase compromisesthe ability of the central nervous system (CNS)to perform the signal processing vestibularvisual and proprioceptive responsible formaintaining balance corporal. The falls are themost dangerous consequence of imbalance anddifficulty in walking, thus representing a majorhealth problem of idosos. The rehabilitation(VR) has emerged to seek to restore the balancethrough stimulation and acceleration of thenatural mechanisms of compensation, inducingthe patient to perform as perfectly as possiblethe movement and to facilitate a better qualityof life.Keywords:Aging; falls; vestibular rehabilitation.1 Graduada em Fisioterapia pela Faculdade Estácio de Sá de Goiás/FESGO.2 Prof. Ms., orientador da pesquisa e Gerente Acadêmico da Estácio de Sá de Goiânia-GO.


148 SILVA, Cleidiane Ferreira da; FONSECA, Adriano Luis. Reabilitação vestibular através dos exercíciosde Cawthorne e Cooksey para prevenção de quedas em idosos: uma revisão bibliográfica. Estácio de Sá– Ciências da Saúde. Revista da Faculdade Estácio de Sá. Goiânia SESES-Go. Vol. 02, nº 05, 147-162,Jan. 2011/Jun 2011._______________________________________________________________________________________INTRODUÇÃOA população idosa vem crescendo de maneira significativa, gerando cada vez mais anecessidade de estudos sobre a complexidade envolvida no fenômeno de envelhecimento (CUNHA,et al, 2008). Segundo Zanardini, et al (2007) o envelhecimento é um processo natural que semanifesta por um declínio das funções de diversos órgãos.Em função de tantas estruturas e sistemas alterados pela passagem do tempo, muitasqueixas se tornam freqüentes na população idosa, dentre as quais se destacam as tonturas e avertigem, patologias que acometem o sistema vestibular (CUNHA, et al, 2008).Este sistema é referencial absoluto na manutenção do equilíbrio. Seu déficit funcionalpelo envelhecimento resulta em alterações no equilíbrio e aumento na possibilidade de quedas(RIBEIRO e PEREIRA, 2005). Junior (2007) diz que a reabilitação vestibular (RV) procurarestabelecer por meio da estimulação e aceleração dos mecanismos naturais de compensação,induzindo o paciente a realizar o mais perfeitamente possível os movimentos que estavamacostumados a fazer antes de surgir a tontura.Exercícios como os de Cawthorne e Cooksey permitem novos padrões de estimulaçãovestibular e esta intervenção seria capaz de promover melhoras nas reações de equilíbrio, e assimpossibilitando uma melhor qualidade de vida aos idosos (SANTOS, et al, 2008).Estes exercícios caracterizam-se por um programa de reabilitação vestibular e envolvemmovimentos de cabeça, pescoço e olhos; exercícios de controle postural em várias posições(sentado, em apoio bipodal e unipodal, andando); uso de superfície de suporte macio paradiminuição do “input” proprioceptivo; exercícios com olhos fechados para abolição da visão(JUNIOR, 2007).Esses exercícios buscam promover a melhora do equilíbrio global, da qualidade de vidae a restauração da orientação espacial para o mais próximo do fisiológico, através da estimulaçãodos fenômenos de adaptação (SOARES, 2007).O ENVELHECIMENTOO envelhecimento pode ser compreendido como um conjunto de alterações estruturais efuncionais desfavoráveis do organismo que se acumulam de forma progressiva, especificamente emfunção do avanço da idade. Essas modificações prejudicam o desempenho de habilidades motoras,


149 SILVA, Cleidiane Ferreira da; FONSECA, Adriano Luis. Reabilitação vestibular através dos exercíciosde Cawthorne e Cooksey para prevenção de quedas em idosos: uma revisão bibliográfica. Estácio de Sá– Ciências da Saúde. Revista da Faculdade Estácio de Sá. Goiânia SESES-Go. Vol. 02, nº 05, 147-162,Jan. 2011/Jun 2011._______________________________________________________________________________________dificultando a adaptação do indivíduo ao meio ambiente, desencadeando modificações de ordempsicológica e social (CUNHA,et al, 2009).Neste processo verificamos uma diminuição na funcionalidade de todos os sistemasorgânicos. As sensações ocasionadas pelos estímulos externos e conduzidas pelos proprioceptoresestão diminuídas, além da acuidade visual e o equilíbrio (SOARES,2007).As características mais marcantes no processo do envelhecimento é o declínio dacapacidade funcional, força, equilíbrio, flexibilidade, agilidade e coordenação motora, constituemvariáveis afetadas diretamente por alterações neurológicas e musculares. O comprometimento nodesempenho neuromuscular, evidenciado por paresia, incoordenação motora, lentidão e fadigamuscular constitui um aspecto marcante neste processo. O desbalanço entre a formação e areabsorção óssea, que torna favorável o surgimento de osteopenia e osteoporose, elevando assim orisco de incapacidade na população idosa (MEIRELES, et al, 2008).Uma das alterações mais evidentes é a perda de massa muscular ou sarcopenia. A perdade massa ocorre principalmente pela diminuição no peso muscular e também em sua área de secçãotransversal. Também se deve á perda de unidades motoras e ao fato de que nas placas motoras dosidosos as pregas são mais numerosas e as fendas sinápticas se tornam mais amplas, reduzindo asuperfície de contato entre o axônio e a membrana plasmática. Conseqüentemente, o idoso terámenor qualidade em sua contração muscular, menor força, menor coordenação dos movimentos eprovavelmente, maior probabilidade de sofrer acidente (por exemplo, quedas) (REBELATTO eMORELLI, 2007).Segundo Papaléo (2005), as fibras musculares que se perdem são substituídas por tecidoconjuntivo, ocorrendo aumento do colágeno intersticial no músculo do idoso.Esta fase compromete a habilidade do Sistema Nervoso Central (SNC) em realizar oprocessamento dos sinais vestibulares, visuais e proprioceptivos responsáveis pela manutenção doequilíbrio corporal, como diminuir os reflexos adaptativos. O principal sintoma resultante dadisfunção do sistema vestibular na população idosa é a tontura, e pode estar associada a outrasdisfunções, como as auditivas e as manifestações neurovegetativas. As quedas são as conseqüênciasmais perigosas do desequilíbrio e da dificuldade de locomoção, representando assim, um grandeproblema de saúde dos idosos (SANTOS, et al, 2008).Segundo Perracini (2002) queda é uma mudança de posição inesperada, não-intencional,que faz o indivíduo permanecer em um nível inferior, por exemplo, sobre o mobiliário ou no chão.Podem ser classificadas a partir da freqüência com que ocorrem e do tipo de conseqüência advindado evento. A queda acidental é aquele evento único que dificilmente voltará a se repetir e é


150 SILVA, Cleidiane Ferreira da; FONSECA, Adriano Luis. Reabilitação vestibular através dos exercíciosde Cawthorne e Cooksey para prevenção de quedas em idosos: uma revisão bibliográfica. Estácio de Sá– Ciências da Saúde. Revista da Faculdade Estácio de Sá. Goiânia SESES-Go. Vol. 02, nº 05, 147-162,Jan. 2011/Jun 2011._______________________________________________________________________________________decorrente de uma causa extrínseca ao indivíduo, em geral pela presença de um fator de riscoambiental danoso, como piso escorregadio, um degrau sem sinalização. A queda recorrenteexpressa a presença de fatores etiológicos intrínsecos, como doenças crônicas, polifarmácia,distúrbios do equilíbrio corporal, e déficits sensoriais (PERRACINI, 2002).Merritt (2007) relata que os períodos de alto risco de quedas ocorrem durante o mêssubseqüente a uma alta hospitalar em indivíduos fracos ou durante episódios de doença aguda ouexacerbações de condições crônicas. O uso de inúmeras medicações, especialmente drogaspsicoativas como antidepressivos, aumenta as chances de queda.Pereira, et al (2001) descreve a ocorrência de quedas por faixas etárias a cada ano: 32%em pacientes de 65 a 74 anos; 35% em pacientes de 75 a 84 anos; 51% em pacientes acima de 85anos;No Brasil, 30% dos idosos caem ao menos uma vez ao ano. A freqüência de quedas émaior em mulheres do que em homens da mesma faixa etária. Cunha (2009) expõe dois fatores derisco de quedas que são:Fatores intrínsecos: indicam-se patologias artríticas, depressão, hipotensão postural,alterações cognitivas, visuais, do equilíbrio, da marcha, da força muscular, tonturas, vertigem,síncopes.Fatores extrínsecos: fraca ou má iluminação da casa (especialmente em períodonoturno), superfícies irregulares ou escorregadias, tapetes soltos, objetos no caminho, vestuário ecalçados inadequados. Um dos fatores causais da queda que afetam muitos idosos é a labirintite oulabirintopatia que é uma afecção determinada por comprometimento do ouvido interno (labirinto).Labirintite seria a inflamação do labirinto (JUNIOR, 2007).SISTEMA VESTIBULARDe acordo com Pedalini, et al (1999) nosso equilíbrio depende de integrações quepermitem ao SNC (áreas vestibulares, tronco cerebral e cerebelo) reconhecer posições emovimentos da cabeça em relação ao corpo e ao espaço. São quatro os sistemas fundamentais nessafunção: - vestibular: via principal de informação para o SNC dos movimentos da cabeça; - visual:atua como sensor das relações espaciais; - proprioceptivo: informa a posição das diversas partes docorpo no espaço em determinado momento através de sensores localizados nos músculos, tendões,cápsulas articulares e tecido cutâneo; - auditivo: permite a orientação espacial, através da percepçãoesterofônica. As manifestações das alterações que comprometem esse sistema podem ser percebidas


151 SILVA, Cleidiane Ferreira da; FONSECA, Adriano Luis. Reabilitação vestibular através dos exercíciosde Cawthorne e Cooksey para prevenção de quedas em idosos: uma revisão bibliográfica. Estácio de Sá– Ciências da Saúde. Revista da Faculdade Estácio de Sá. Goiânia SESES-Go. Vol. 02, nº 05, 147-162,Jan. 2011/Jun 2011._______________________________________________________________________________________como: desequilíbrio,desvio de marcha, instabilidade, sensação de flutuação, sensação rotatória,quedas.O estímulo vestibular é utilizado para gerar os movimentos oculares compensatórios e asrespostas posturais durante os movimentos da cabeça e ajuda a resolver as informações conflitantesprocedentes das imagens e do movimento real. As informações advindas de receptores sensoriais noaparelho vestibular interagem com as informações visuais e somatossensoriais para produzir oalinhamento corporal e o controle da postura adequada. A importância das contribuiçõesvestibulares para a postura e para o equilíbrio é resolver conflitos quando um ou mais sistemasenviam informações equivocadas (MEIRELES,et al, 2008).O sistema vestibular tem um componente periférico (que consiste em visual, vestibular esomatossensorial) e um central. O controle do equilíbrio e da postura dependem das informaçõessensoriais procedentes de vários receptores periféricos, incluindo o aparelho vestibular que alcançao córtex sensorial e os centros de integração do tronco cerebral e no cerebelo. Essa alça aferente domecanismo de equilíbrio. Os sinais então transmitidos através do tracto corticoespinhal e as vias dotronco cerebral até os músculos periféricos e extra-oculares. Essa alça eferente do mecanismo deequilíbrio (<strong>DE</strong> LISA, et al, 2002).O aparelho vestibular é o órgão sensorial que detecta as sensações de equilíbrio. Ele éconstituído por um sistema de câmaras e tubos ósseos localizados na parte petrosa do osso temporal,denominados labirinto ósseo, e dentro há um sistema de câmaras e tubos semimembranosos,denominado labirinto membranoso. O labirinto membranoso é parte funcional do aparelhovestibular (GUYTON e HALL, 2002).Figura 1. Localização do labirinto no osso temporal. Fonte:Netter, 1998.


152 SILVA, Cleidiane Ferreira da; FONSECA, Adriano Luis. Reabilitação vestibular através dos exercíciosde Cawthorne e Cooksey para prevenção de quedas em idosos: uma revisão bibliográfica. Estácio de Sá– Ciências da Saúde. Revista da Faculdade Estácio de Sá. Goiânia SESES-Go. Vol. 02, nº 05, 147-162,Jan. 2011/Jun 2011._______________________________________________________________________________________Figura 2. Labirinto ósseo e membranoso. A janela mostra os compartimentos dos fluidos perilinfáticos e endolinfáticos.Fonte: HAIN, T. C; RAMASWASAMY, T. S; HILLMAN, M. A. Anatomia e Fisiologia do Sistema Vestibular Normal.In: Herdman, S. J. Reabilitação vestibular. São Paulo: Manole, 2002.Segundo Doretto (2005) o labirinto ósseo costuma ser considerado como o espaçoexistente entre a parte óssea e a parte do labirinto membranoso; esse espaço contém um líquidodenominado endolinfa; o revestimento externo é constituído pelo periósteo, o qual, nessa região, ébastante fino, sendo que a janela oval e a janela redonda (ou janela do vestíbulo e janela da cóclea)são constituídas apenas pelo mesmo.O labirinto membranoso,é banhado por líquido interno (endolinfa) e a parte externa(perilinfa). A endolinfa possui elevada viscosidade, densidade específica. A perilinfa é o oposto,possui baixa viscosidade, densidade específica (GONÇALVES, 2005).O labirinto consiste de duas partes: o vestíbulo (utrículo e o sáculo e os canaissemicirculares) (<strong>DA</strong>NGELO e FATTINI, 1997).As paredes do utrículo e do sáculo contêm pequena região espessada, chamada mácula.As duas máculas, que ficam perpendiculares entre si, são receptores para o equilíbrio estático,embora também contribuam para alguns aspectos do equilíbrio dinâmico (TORTORA eGRABOWSKI, 2000). Para o equilíbrio estático, eles dão informação sobre a posição da cabeça noespaço e são essenciais para a manutenção da postura e do balanço apropriados. Para o equilíbriodinâmico, eles detectam a aceleração e a desaceleração – por exemplo, um automóvel que estáacelerando e desacelerando (TORTORA e GRABOWSKI, 2000).As máculas sinalizam a posição da cabeça quando a mesma sofre uma modificaçãolinear (inclinando-se para trás, ou para o lado, ou para o lado direito ou esquerdo) (DORETTO,2005).


153 SILVA, Cleidiane Ferreira da; FONSECA, Adriano Luis. Reabilitação vestibular através dos exercíciosde Cawthorne e Cooksey para prevenção de quedas em idosos: uma revisão bibliográfica. Estácio de Sá– Ciências da Saúde. Revista da Faculdade Estácio de Sá. Goiânia SESES-Go. Vol. 02, nº 05, 147-162,Jan. 2011/Jun 2011._______________________________________________________________________________________Os três ductos semicirculares membranosos, junto com o sáculo e o utrículo, atuam noequilíbrio dinâmico (TORTORA e GRABOWSKI, 2000).De acordo com Tortora e Grabowski (2000); Quando a cabeça se move os ductossemicirculares membranosos, presos a ela , bem como as células ciliadas, em seu interior, movemsecom ela. Entretanto, a endolinfa não é presa e retarda-se, devido à inércia. Conforme as célulasciliadas em movimento se arrastam por sobre o líquido estacionário, os feixes de cílios se curvam.A curvatura dos feixes de cílios produz um potencial receptor, o que leva á produção de impulsosnervosos que se propagam ao longo do ramo vestibular do nervo vestíbulo-coclear (VIII).A maior parte das fibras no ramo vestibular do nervo vestíbulo-coclear (VIII) entra notronco encefálico e termina nos diversos núcleos vestibulares, no bulbo e na ponte. As fibrasrestantes entram no cerebelo, pelo pedúnculo cerebelar inferior, através de vias bidirecionais. Fibrasde todos os núcleos vestibulares se estendem até os núcleos dos nervos cranianos, que controlam osmovimentos oculares-oculomotor (III), troclear (IV) e abducente (VI) - e até o núcleo do nervoacessório (XI), que participa do controle dos movimentos da cabeça e do pescoço. Além disso, asfibras do núcleo vestibular lateral formam o trato vestíbulo-espinhal, condutor de impulsos para osmúsculos esqueléticos, reguladores do tônus muscular, em resposta aos movimentos da cabeça(TORTORA e GRABOWSKI, 2000).O nervo vestíbulo-coclear (VIII) é composto por uma parte vestibular e uma coclear. Aparte vestibular é formada por fibras que se originam nos neurônios sensitivos, que conduzemimpulsos nervosos relacionados com o equilíbrio, originados em receptores da porção vestibular doouvido interno. A parte coclear do VIII par é constituída de fibras que se originam de neurôniossensitivos do gânglio espiral e que conduzem impulsos nervosos relacionados com a audição(MACHADO, 2006).O cerebelo, continuamente, recebe informação sensorial atualizada, originada no utrículoe no sáculo. O mesmo monitora essa informação e faz ajustes corretivos nas atividades motoras,originadas no córtex cerebral. Essencialmente, em resposta a entrada input do utrículo, do sáculo edos ductos semicirculares membranosos, o cerebelo emite, continuamente, impulsos nervosos paraas áreas motoras do cérebro. Esse feedback permite a correção dos sinais do córtex motor para osmúsculos esqueléticos , para manter o equilíbrio(TORTORA e GRABOWSKI, 2000).O sistema vestibular sofre um processo de degeneração com o envelhecimento, havendoimportante redução no número das cristas vestibulares; o número de fibras que inervam as célulasciliadas também se encontra acentuadamente reduzido. A degeneração do sistema vestibular ocorreprincipalmente no Sistema Nervoso Periférico (SNP). Há também uma perda significativa de


154 SILVA, Cleidiane Ferreira da; FONSECA, Adriano Luis. Reabilitação vestibular através dos exercíciosde Cawthorne e Cooksey para prevenção de quedas em idosos: uma revisão bibliográfica. Estácio de Sá– Ciências da Saúde. Revista da Faculdade Estácio de Sá. Goiânia SESES-Go. Vol. 02, nº 05, 147-162,Jan. 2011/Jun 2011._______________________________________________________________________________________sensores das células vestibulares, um decréscimo dos neurônios vestibulares primários, umadiminuição da densidade das células corticais e um decréscimo das células de Purkinje do cerebelo.Todas essas alterações resultam em déficits na transmissão de informação, perda da plasticidade,acentuando a síndrome do desequilíbrio no idoso (ZUCCO, 2004).Reabilitação VestibularEste sistema requer movimento para a recuperação das lesões. A reabilitação vestibular(RV) procura restabelecer o equilíbrio por meio de estimulação e aceleração dos mecanismosnaturais de compensação, induzindo o paciente a realizar o mais perfeitamente possível osmovimentos que estavam acostumados a fazer antes de surgir a tontura. Este termo significa umtrabalho não apenas com o sistema vestibular, mas com inúmeras estruturas que fazem parte donosso sistema de equilíbrio. É uma opção de tratamento para pacientes portadores de distúrbiosvestibulares que envolvem estimulações visuais, proprioceptivas e vestibulares (JUNIOR, 2007).A reabilitação vestibular tem sido evidenciada por agir fisiologicamente sobre o sistemavestibular, sendo um recurso terapêutico pela sua proposta de atuação baseada em mecanismoscentrais de neuroplasticidade conhecidos de modificação de reflexos adaptativos. (ZANARDINI, etal, 2007).Fig. 3 Exercícios de Bandt-Daroff. Fonte: HERDMAN, SJ. Vestibular Rehabilitation. Third Edition. Third Edition. Pa:FA Davis Co; Contemporary Perspectives in Rehabilitation. Philadelphia, 2007.Os exercícios de reabilitação vestibular visam melhorar a interação vestibulovisualdurante a movimentação cefálica, ampliar a estabilidade postural estática e dinâmica nas condições


155 SILVA, Cleidiane Ferreira da; FONSECA, Adriano Luis. Reabilitação vestibular através dos exercíciosde Cawthorne e Cooksey para prevenção de quedas em idosos: uma revisão bibliográfica. Estácio de Sá– Ciências da Saúde. Revista da Faculdade Estácio de Sá. Goiânia SESES-Go. Vol. 02, nº 05, 147-162,Jan. 2011/Jun 2011._______________________________________________________________________________________que produzem informações sensoriais conflitantes e diminuir a sensibilidade individual ámovimentação cefálica (ZANARDINI, et al, 2007).Os exercícios de Cawthorne - Cooksey foram desenvolvidos na década de 1940. NoBrasil está sendo implantado há duas décadas. Naquela época tornaram-se os pioneiros aodesenvolver exercícios como método de reabilitação vestibular. Cawthorne (médicootorrinolaringologista), estava tratando pacientes com déficits vestibulares unilaterais e disfunçõespós-concussivas. Junto com o Dr. Cooksey (fisioterapeuta), ele desenvolveu uma série de exercíciosque envolviam as queixas do paciente sobre a vertigem e o comprometimento do equilíbrio. Essesexercícios incluem movimentos cefálicos, tarefas que exigem a coordenação óculo-cefálica,movimentos corporais globais e tarefas de equilíbrio (HERDMAN, 2002).Os objetivos da reabilitação são: promover a estabilização visual durante os movimentose melhorar a interação vestíbulo-visual durante a movimentação da cabeça; ampliar a estabilidadepostural estática e dinâmica e diminuir a sensibilidade individual a essa movimentação. Osexercícios com os olhos, cabeça e corpo, suscitam o conflito sensorial que acelera a compensação erecalibração do sistema vestibular (ZUCCO, 2009).Exercícios vestibulares de Cawthorne e Cooksey poderiam programar subsídios para quenovos rearranjos das informações sensoriais periféricas aconteçam, permitindo-se que novospadrões de estimulação vestibular necessários em novas experiências, passem a ser realizados deforma automática. Este treino promove melhoras nas reações de equilíbrio com conseqüentediminuição na possibilidade de quedas (SANTOS, 2008).Estes exercícios caracterizam-se por um programa de reabilitação vestibular e envolvemmovimentos de cabeça, pescoço e olhos; exercícios de controle postural em várias posições(sentado, em apoio bipodal e unipodal, andando); uso de superfície de suporte macio paradiminuição do input proprioceptivo; exercícios com olhos fechados para abolição da visão(JUNIOR, 2007).Os exercícios devem ser introduzidos lentamente, para que o paciente possa se sentirmenos ansioso e mais flexível quanto à introdução de novos exercícios. Á medida que os sintomasdiminuem, atividades mais difíceis vão sendo introduzidas (ZUCCO, 2009).Junior (2007) propõe que para haver resposta adequada, é preciso que o processo sejaestável, ou seja, não aconteça em surtos ou crises.Herdman (2002) apresenta as normas para o desenvolvimento dos exercícios. Os pontosa seguir devem ser considerados quando se emprega os exercícios de Cawthorne - Cooksey notratamento de um paciente com lesão periférica unilateral:


156 SILVA, Cleidiane Ferreira da; FONSECA, Adriano Luis. Reabilitação vestibular através dos exercíciosde Cawthorne e Cooksey para prevenção de quedas em idosos: uma revisão bibliográfica. Estácio de Sá– Ciências da Saúde. Revista da Faculdade Estácio de Sá. Goiânia SESES-Go. Vol. 02, nº 05, 147-162,Jan. 2011/Jun 2011._______________________________________________________________________________________1. Os criadores recomendam que os exercícios sejam executados em várias posições ediferentes velocidades de movimento;2. Além disso, é preciso que os pacientes executem os exercícios de olhos abertos e depoisfechados.De acordo com Cawthorne e Cooksey, a execução dos exercícios com os olhos fechadosreduz a dependência do paciente das informações visuais e possivelmente força umacompensação mais eficaz, através de mecanismos vestibulares e somatossensoriais.3. Eles também recomendam que os pacientes sejam treinados para que tenham funçõesnormais em ambientes barulhentos e lotados de gente. Tais situações podem ser muitodifíceis para os indivíduos com disfunções vestibulares.4. Para encorajar uma participação ativa, Cawthorne e Cooksey pediam para que os pacientesse exercitassem juntos, em sessões diárias em grupos. Eles acreditavam que o exercício emgrupo seria mais econômico e divertido para os pacientes, além de facilitar a identificaçãode simulações.EXERCÍCIOS CIOS <strong>DE</strong> CAWTORNE E COOKSEYFigura 1. Movimentação dos olhosFigura 2. Movimentação de olhos e cabeçaFigura 4Figura 3Figura 9(HERDMAN et al., 2002)Fig.4 Exercícios de Cawthorne e Cooksey. HERDMAN. et al, 2000


157 SILVA, Cleidiane Ferreira da; FONSECA, Adriano Luis. Reabilitação vestibular através dos exercíciosde Cawthorne e Cooksey para prevenção de quedas em idosos: uma revisão bibliográfica. Estácio de Sá– Ciências da Saúde. Revista da Faculdade Estácio de Sá. Goiânia SESES-Go. Vol. 02, nº 05, 147-162,Jan. 2011/Jun 2011._______________________________________________________________________________________Protocolo de Exercícios de Cawthorne e CookseyFig.5 Cawthorne, 1944, Cooksey, 1946. Fonte: ZEIGELBOIM, et al, 200A diligência e a perseverança são exigidas, porém quanto mais cedo e regularmente oregime de exercícios for executado, mais rápido e completo será o retorno as atividades normais(HERDMAN, 2002).Este protocolo é de fácil aplicação e permite a sua realização em grupo, havendo umamaior interação (ZEIGELBOIM, et al, 2008).<strong>DA</strong>DOS <strong>DA</strong> PESQUISA BIBLIOGRÁFICA


158 SILVA, Cleidiane Ferreira da; FONSECA, Adriano Luis. Reabilitação vestibular através dos exercíciosde Cawthorne e Cooksey para prevenção de quedas em idosos: uma revisão bibliográfica. Estácio de Sá– Ciências da Saúde. Revista da Faculdade Estácio de Sá. Goiânia SESES-Go. Vol. 02, nº 05, 147-162,Jan. 2011/Jun 2011._______________________________________________________________________________________Vários autores estudaram a aplicação dos exercícios labirínticos em pacientes portadoresde algum tipo de vestibulopatia, com o intuito de recuperar o equilíbrio corporal e a orientaçãoespacial, devolvendo ao paciente a capacidade de reinstituir a sua rotina, evitar quedas econseqüentemente melhorar a qualidade de vida.Pedalini (1999) descreveu em se trabalho que foram estudados 116 indivíduosportadores de labirintopatias de etiologias variadas, tratados clinicamente sem resultado satisfatórioou portadores de disfunções crônicas. A amostra foi composta por 78 pacientes do sexo feminino e38 do sexo masculino. Os pacientes foram orientados a realizar os exercícios diariamente em duassessões, repetindo 10 vezes cada movimento, durante dois a três meses de terapia. Foramobservados que dos 116 pacientes estudados, 88 (75,7%) tiveram sucesso com o tratamento, sendo64 (55,1%) com melhora total e 24 pacientes (20,6%) apresentaram melhora parcial.Knobel, et al (2003) expõe em sua pesquisa que foram estudados 12 pacientes, foirealizada uma avaliação esclarecedora sobre o sintoma e sobre o tratamento proposto; sugestão demudança de hábitos inadequados (postura,dependência, atividade física), quando existentes;treinamento, composto de movimentos de olhos, cabeça e tronco, marcha, coordenação motora erelaxamento cervical; sessões de acompanhamento quinzenais ou mensais (dependendo dadisponibilidade e da necessidade do paciente) por aproximadamente 3 meses. O tempo detratamento variou de 2 a 3 meses para 50,0% dos pacientes (n=6) e se prolongou por mais de 3meses para outros 50,0% (n=6). O critério de melhora se baseou no relato do próprio paciente sobreo grau de melhora geral. 75% (n=9) dos pacientes referiram melhora significativa da tontura após aRV e 25% (n=3) relataram melhora parcial.Resende, et al (2003), para este estudo foram encaminhados 16 pacientes do sexofeminino com idade superior a 60 anos. Todos avaliados por médicos otorrinolaringologistas ediagnosticados como portadores de Vertigem Posicional Paroxística Benigna (VPPB) pela históriaclínica, não apresentando outras doenças sistêmicas. Todos receberam como medicação o extrato deGingko-biloba (40mg de 12/12h) durante 30 dias. A Reabilitação Vestibular em grupo foi benéficano tratamento de idosos portadores de VPPB.Ribeiro e Pereira (2005) realizaram os seguintes critérios em seu trabalho. Foramselecionados 30 indivíduos aptos a participarem da pesquisa. Todos foram avaliados pela Escala deEquilíbrio de Berg (EEB) e após nove semanas foram reavaliados. Os componentes do grupo foramsubmetidos aos exercícios de Cawthorne e Cooksey, três vezes por semana, durante sessenta


159 SILVA, Cleidiane Ferreira da; FONSECA, Adriano Luis. Reabilitação vestibular através dos exercíciosde Cawthorne e Cooksey para prevenção de quedas em idosos: uma revisão bibliográfica. Estácio de Sá– Ciências da Saúde. Revista da Faculdade Estácio de Sá. Goiânia SESES-Go. Vol. 02, nº 05, 147-162,Jan. 2011/Jun 2011._______________________________________________________________________________________minutos. Os exercícios aplicados foram capazes de melhorar o equilíbrio, e conseqüentemente,diminuir a possibilidade de queda.Mantello (2006) em seu trabalho, contou com a participação de 40 indivíduos idosos deambos os gêneros, com faixa etária de 60 a 84 anos, divididos em dois grupos conforme odiagnóstico médico, tontura de origem vascular ou metabólica. Os pacientes passaram poranamnese, aconselhamento, avaliação da qualidade de vida (escala de quantificação da tontura eDizziness Handicap Inventory brasileiro). Foi concluído que em idosos portadores de labirintopatiasde origem vascular e metabólica a Reabilitação Vestibular foi um tratamento efetivo.Morettin, et al (2007), seu estudo foi realizado para quantificar a efetividade dareabilitação vestibular em 39 pacientes, com idade variando de 16 a 82 anos, de ambos os sexos,que apresentavam qualquer tipo de alteração do equilíbrio corporal, (vertigem, tontura,desequilíbrio ao andar, sintomas neurovegetativos [náuseas, vômitos, sudorese fria, palidez],podendo estar associados sintomas auditivos {perda de audição, zumbido}, e hipótese diagnósticade síndrome vestibular periférica e/ou central. Antes do início da RV, todos os pacientes realizaramas avaliações otorrinolaringológicas, com o objetivo de verificar qualquer alteração que possainfluenciar nos resultados obtidos na avaliação do sistema vestibular, avaliação audiológica e examevestibular. Todos os pacientes foram instruídos a realizar os exercícios em casa, no mínimo 3 vezesao dia, todos os dias durante o tratamento. Os pacientes eram acompanhados em visitas semanais,para a indicação de novos exercícios personalizados, de acordo com a necessidade do paciente. Aofinal da pesquisa 30 pacientes concluíram o tratamento e 50% deles já não sentiam tontura.De acordo com Zanardini, et al (2007), foram avaliados oito idosos, na faixa etária de 63a 82 anos, sendo três do sexo masculino e cinco do sexo feminino, com queixa de tontura deetiologia diversa, encaminhados de uma unidade asilar. Os idosos foram submetidos aos seguintesprocedimentos: anamnese, avaliação otorrinolaringológica e vestibular. Realizaram-se os exercíciosdurante oito semanas, duas vezes ao dia, na Unidade Asilar sob a orientação e supervisão dofonoaudiólogo com duração de dois meses. Os exercícios objetivaram promover o retorno da funçãodos equilíbrios estático e dinâmico, restaurando também a orientação espacial. Logo após otratamento foram observadas melhoras da sintomatologia e do prognóstico clínico.Santos, et al (2008) sua pesquisa foi desenvolvida com idosas pertencentes a um grupode atividade física do Centro de Convivência do Idoso. Realizou-se inicialmente o teste paraavaliação do estado cognitivo Mini-Mental-MEEM, foi aplicado o questionário de identificação,eposteriormente, foi realizado teste de equilíbrio através da Escala do Equilíbrio de Berg (EEB).Foram selecionadas 38 idosas, na faixa etária de 60 a 80 anos. O período da realização da


160 SILVA, Cleidiane Ferreira da; FONSECA, Adriano Luis. Reabilitação vestibular através dos exercíciosde Cawthorne e Cooksey para prevenção de quedas em idosos: uma revisão bibliográfica. Estácio de Sá– Ciências da Saúde. Revista da Faculdade Estácio de Sá. Goiânia SESES-Go. Vol. 02, nº 05, 147-162,Jan. 2011/Jun 2011._______________________________________________________________________________________intervenção foi de dois meses, totalizando nove semanas, com duas sessões semanais, com o tempoestimado de cada sessão de 45 minutos. O estudo demonstrou que as idosas obtiveram melhora noíndice da EEB após intervenção utilizando-se o protocolo de exercícios de Cawthorne e Cooksey.Os resultados sugeriram que este método melhora distúrbios vestibulares e diminui o risco dequedas.Tavares, et al (2008) relata que foi feito um levantamento de dados contidos nas fichasdos 93 pacientes submetidos a reabilitação vestibular. A média etária dos pacientes foi de 52 a 82anos, sendo 56 do sexo feminino e 37 do sexo masculino. As sessões de RV foram individuais econstaram de orientações ao paciente sobre: funcionamento da audição e do equilíbrio, a alteraçãolabiríntica do paciente, sobre a própria RV (mecanismos de compensação labiríntica,neuroplasticidade e função dos exercícios) e de exercícios baseados no protocolo de Cawthorne eCooksey. 51 (83,6%) tiveram benefício com a terapia confirmando a eficácia do tratamento.CONCLUSÃODiante da complexidade do sistema vestibular, no decorrer deste trabalho, procurou-seexplicar de forma clara e sucinta sua importância em relação a manutenção do equilíbrio corporaldos idosos, associados aos sinais visuais, proprioceptivos, somatossensorial, musculoesquelético eSNC.É importante destacar que as alterações fisiológicas podem levar ao desequilíbrio, mastambém há outros fatores envolvidos e que conseqüentemente podem causar quedas, contudo apopulação idosa em sua grande maioria está predisposta a essa alteração do equilíbrio.A reabilitação vestibular (RV) é um processo terapêutico que visa acelerar osmecanismos de compensação central por meio da plasticidade neuronal, obtidos com a execução deexercícios repetitivos que visam promover a redução significativa dos sistemas labirínticos.Os exercícios de Cawthorne e Cooksey são de simples realização, de baixo custo, eproporcionam aos idosos um aumento da motivação, integração e socialização, quando as práticasdos exercícios são feitas em grupo. Com isso, melhora a auto-estima, reduz as chances dos idosossofrerem de depressão, evita a incidência de quedas, melhorando assim a qualidade de vida.Conforme os dados expostos, conclui-se que os exercícios de Cawthorne e Cooksey são eficazes notratamento das disfunções vestibulares.REFERÊNCIAS


161 SILVA, Cleidiane Ferreira da; FONSECA, Adriano Luis. Reabilitação vestibular através dos exercíciosde Cawthorne e Cooksey para prevenção de quedas em idosos: uma revisão bibliográfica. Estácio de Sá– Ciências da Saúde. Revista da Faculdade Estácio de Sá. Goiânia SESES-Go. Vol. 02, nº 05, 147-162,Jan. 2011/Jun 2011._______________________________________________________________________________________CUNHA, Márcio Fernandes. et al. A influência da fisioterapia na prevenção de quedas em idosos nacomunidade: estudo de comparativo. Revista de Educação Física, Motriz, Rio Claro, v.15, n.3,jul./set. 2008. Disponível em: < www.periodicos.rc.biblioteca.unesp.br> .Acesso em: 04 mar. 2010.CUNHA, Carolina Menezes. et al. Controle postural e sistema vestibular no idoso: abordagemfisioterapêutica. Vale do rio doce, 2007. Disponível em: < www.fag.edu.br. Acesso em: 12 abr.2010.<strong>DE</strong>LISA, J.A;GANS,B.M. Tratado de medicina de reabilitação: princípios e práticas.3 ed.SãoPaulo: manole,2002.DORETTO, D. Fisiopatologia clínica do sistema nervoso fundamentos da semiologia. 2 ed.SãoPaulo: atheneu , 2005.GONÇALVES, Naíla Storti. Exercícios de Cawtorne-Cooksey e Cesarini na redução dos sintomasde vestibulopatias periféricas com alteração no equilíbrio vestibular unilateral. Cascavel. 2005.Disponível em: < www.fag.edu.br >. Acesso em: 04 de ago. de 2010.GUYTON, A.C; HALL, J.E .Tratado de Fisiologia Médica.10ed.Rio de Janeiro: Guanabara,2002.HERDMAN, S.J. Reabilitação vestibular. 2.ed.São Paulo: manole,2002.JUNIOR, Armando Miguel. Vertigem-Exercício de Cawthorne e Cooksey. Fisioterapia,neurogeriatria, otogeriatria, saúde geriátrica. Campinas, 2007. Disponível em:.Acesso em 03 de abr. de 2010.KNOBEL, Keila A. B. et al. Contribuição da reabilitação vestibular na melhora do zumbido: umresultado inesperado. Revista Brasileira de Otorrinolaringologia, São Paulo, v.69, n.6, set./out.2003. Disponível em: < www.scielo.br >. Acesso em: 02 de ago. de 2010.MACHADO, A. Neuroanatomia Funcional. 2. ed. São Paulo: atheneu, 2006.MANTELLO, Erika Barioni. Efeito da reabilitação vestibular sobre a qualidade de vida de idososportadores de labirintopatias de origem vascular e metabólica. São Paulo. 2006. Disponível em: . Acesso em: 02 de ago. de 2010.MEIRELES, Aline Estrela. et al. Alterações neurológicas fisiológicas ao envelhecimento afetam osistema mantenedor do equilíbrio.Revista Neurociência, Goiânia, n.18, ago./dez. 2008. Disponívelem: < www.revistaneurociencias.com.br >. Acesso: 02 de ago. de 2010.MERRITT, H. H. Tratado de Neurologia. 11. ed. Rio de Janeiro: Guanabara koogan, 2007.MORETTIN, Marina. et al. Avaliação da efetividade da reabilitação vestibular em pacientes comqueixas vestibulares. Anq. Int. Otorrinolaringol, São Paulo , v.11, n.3, jul./set. 2007. Disponívelem: < www.arquivosdeorl.br >. Acesso em 28 de ago. de 2010.


162 SILVA, Cleidiane Ferreira da; FONSECA, Adriano Luis. Reabilitação vestibular através dos exercíciosde Cawthorne e Cooksey para prevenção de quedas em idosos: uma revisão bibliográfica. Estácio de Sá– Ciências da Saúde. Revista da Faculdade Estácio de Sá. Goiânia SESES-Go. Vol. 02, nº 05, 147-162,Jan. 2011/Jun 2011._______________________________________________________________________________________PAPALÉO, NETTO .M; CARVALHO FILHO, E.T. Geriatria: Fundamentos, clínica e terapêutica.ed.São Paulo: Atheneu, 2005.PE<strong>DA</strong>LINI, Maria Elisabete Bovino. et al. Reabilitação vestibular como tratamento da tontura:experiência com 116 casos. Revista Eletrônica de ORL do Mundo, São Paulo, v.3 ,n.2,abr./jun.1999.Disponível em : < www.arquivosdeorl.org.br/acervo>. Acesso: 14 de jun. de 2010.PERRACINI, M.R. Prevenção e manejo de quedas. 1. ed. São Paulo: manole, 2005.REBELATTO, J.R; MORELLI, J.G.S. Fisioterapia Geriátrica – A prática da assistência ao idoso.2. ed. São Paulo: manole, 2007.RESEN<strong>DE</strong>, Carolina R. et al. Reabilitação vestibular em pacientes idosos portadores de vertigemposicional paroxística benigna. Revista Brasileira de Otorrinolaringologia, São Paulo, v.69, n.4 ,jul./ago. 2003. Disponível em: < www.sborl.org.br >. Acesso em: 04 de ago. de 2010.RIBEIRO, A.S.B.; PEREIRA, J.S. Melhora do equilíbrio e redução da possibilidade de queda emidosas após os exercícios de Cawthorne e Cooksey. Revista Brasileira de Otorrinolaringologia, SãoPaulo, v.17, n.3, jan./fev. 2005.SANTOS, Angélica Cristina. et al.Exercícios de Cawthorne e Cooksey em idosas: Melhora doequilíbrio. Fisioterapia em Movimento, São Paulo,v.21,n.4,out./dez.2008. Disponível em: .Acesso em 04 de mar. de 2010.SOARES, Elizabeth Viana. Reabilitação Vestibular em idosos com desequilíbrios. Perspectivas online, campos dos goytacazes, v.1, n.3,2007. Disponível em: < www.grupos.com.br >. Acesso em 05de jun. de 2010.TAVARES, Flávia da Silva. Reabilitação vestibular em um hospital universitário. RevistaBrasileira de Otorrinolaringologia. Minas Gerais, v.74 , n.2 , mar./abr. 2008. Disponível em: . Acesso em: 04 de ago. de 2010.TORTORA, G. J; GRABOWSKI. R.S .R. Princípios de anatomia e fisiologia. 9.ed. Rio de Janeiro:Guanabara koogan,2000.ZANARDINI, Francisco Halilla. et al.Reabilitação vestibular em idosos com tontura. Pró-FonoRevista de Atualização Científica, São Paulo, v.19, n.2, abr./jun.2007. Disponível em:. Acesso em 20 de abr. de 2010.ZEIGELBOIM, Bianca Simone. et al. Reabilitação vestibular no tratamento da tontura e dozumbido. Revista Sociedade Brasileira de Fonoaudiologia, Paraná, v.13, n.3, ago.2007/jul.2008.Disponível em: < www.scielo.br >. Acesso em: 10 de ago. de 2010.ZUCCO, Fabíola. Proposta de tratamento das desordens vestibulares através do uso da bola suíça:fundamentos e perspectivas. Fisioterapia Corpo em Movimento. 2009. Disponível em:.Acesso em 12 de maio de 2010.


163 CARNEIRO, Andréia Novais Pereira; SANTOS, Michele de Lima Ribeiro; FIGUEROA, VivianeDelfim; NASCIMENTO, Breno Gontijo. Mochilas escolares e a coluna vertebral de crianças eadolescentes: uma revisão de literatura. Estácio de Sá – Ciências da Saúde. Revista da Faculdade Estáciode Sá. Goiânia SESES-Go. Vol. 02, nº 05, 163-176, Jan. 2011/Jun 2011._______________________________________________________________________________________MOCHILAS ESCOLARES E A COLUNA VERTEBRAL <strong>DE</strong> CRIANÇAS EADOLESCENTES: UMA REVISÃO <strong>DE</strong> LITERATURAAndréia Novais Pereira Carneiro 1 ; Michele de Lima Ribeiro Santos 1 ; Viviane Delfim Figueroa 1 ;Breno Gontijo Nascimento 2Resumo:Nos últimos anos a mochila escolar ganhoudestaque como fator de risco para alteraçõesposturais na coluna vertebral e queixas de dornas costas. Assim, o objetivo deste trabalho foiverificar por meio de uma revisão de literaturaos efeitos da mochila escolar sobre a colunavertebral de crianças e adolescentes. Foramrevisados artigos indexados publicados entre osanos de 2000 e 2010 nas bases de dadosPubMed, BIREME e SciELO. As palavraschaveutilizadas na pesquisa foram mochilas,escolares, coluna, dor nas costas e as similaresem inglês. Vários autores relatam que o tempoprolongado de transporte das mochilas escolarese cargas superiores a 15% do peso corporallevam a um aumento da assimetria lombar e dainclinação anterior do tronco acompanhada porredução da lordose lombar, diminuição doângulo crânio-vertebral, da atividade dosmúsculos paravertebrais, do reposicionamentoda região lombar, fadiga muscular e sugeremque a quantidade de carga transportada não devaexceder 10 a 15% do peso corporal. Os fatorespsicossomáticos e o gênero feminino foramsignificativamente associados com a queixa dedor nas costas. A fisioterapia pode utilizar essesachados para atuar na prevenção dessasdisfunções com exercícios específicos paraaumentar a capacidade de resistência musculardos escolares, além de sessões educativas paraalertar os escolares, as famílias e influenciar aspolíticas da escola a fim de diminuir os agravosdas alterações e dores na coluna vertebral queinterferem severamente na qualidade de vida.Abstract:In recent years the backpack to prominenceas a risk factor for postural changes in thespine and complaints of back pain. Thus, theaim was to verify through a literature reviewthe effects of backpack on the spine inchildren and adolescents. We reviewedindexed articles published between 2000 and2010 in the PubMed, SciELO and BIREME.The keywords used in the research werebackpacks, school, spine, back pain andsimilar ones in English. Several authors havereported that prolonged transportation ofbackpacks and loads of over 15% of bodyweight lead to increased asymmetry of thelumbar and trunk inclination followed by areduction of lumbar lordosis, decreasedcranio-vertebral angle, the activity of theparaspinal muscles, repositioning of thelower back, muscle fatigue and They suggestthat the amount of cargo should not exceed10 to 15% of body weight. Psychosomaticfactors and female gender were significantlyassociated with complaints of back pain.Physical therapy can use these findings towork in the prevention of these disorderswith specific exercises to increase muscleendurance capacity of the students, andeducational sessions to alert students,families and influencing school policies inorder to lessen the hardships and pains ofchanges in the spine that severely affect thequality of life.1 Acadêmicos do curso de Fisioterapia da Faculdade Estácio de Sá de Belo Horizonte.2 Professor docente da Faculdade Estácio de Sá de Belo Horizonte, Doutor em Bioengenharia UFMG.


164 CARNEIRO, Andréia Novais Pereira; SANTOS, Michele de Lima Ribeiro; FIGUEROA, VivianeDelfim; NASCIMENTO, Breno Gontijo. Mochilas escolares e a coluna vertebral de crianças eadolescentes: uma revisão de literatura. Estácio de Sá – Ciências da Saúde. Revista da Faculdade Estáciode Sá. Goiânia SESES-Go. Vol. 02, nº 05, 163-176, Jan. 2011/Jun 2011._______________________________________________________________________________________Palavras-chave:Mochilas. Escolares. Coluna Vertebral. Dor nasCostas.Keywords:Backpacks. School. Spine. Back pain.INTRODUÇÃOA mochila é o meio mais popular entre as crianças e adolescentes para o transporte demateriais escolares principalmente pela sua praticidade. Esse transporte usualmente com duas alçase fixação dorsal é uma rotina diária dos estudantes que se repete durante anos consecutivos.Portanto, há uma preocupação crescente sobre as possíveis consequências do uso da mochila sobrea coluna vertebral, já que nessa fase o organismo está em constante desenvolvimento músculoesquelético.Essa preocupação se deve à associação entre o transporte da mochila escolar, alteraçõesposturais e queixa de dor nas costas (CARDON; BALAGUÉ, 2004b; NEGRINI, CARABALONA,2002; SHEIR-NEISS et al, 2003).A coluna vertebral das crianças difere da coluna do adulto em dois aspectos importantes:o esqueleto da criança possui maior quantidade de cartilagem em áreas onde ocorre o crescimento;o pico de crescimento ocorre na idade escolar durante a puberdade, quando as partes moles temcerta dificuldade em se alongar na mesma proporção que os ossos o que gera um desequilíbriomuscular. Esses aspectos sugerem que a coluna vertebral das crianças e adolescentes apresentemenor capacidade de resistir às pressões e, portanto mais suscetível a microtraumas repetitivos quea coluna vertebral do adulto (BRACKLEY; STEVENSON, 2004; KIM et al, 2008; RAMPRASADet al, 2009). Chansirinukor et al (2001), relatam que a aplicação de forças externas como otransporte de carga na mochila pode influenciar o crescimento, desenvolvimento e alinhamentocorporal. Isso se torna um fator de risco importante para queixa de dor nas costas na fase adulta.Na tentativa de determinar um limite adequado de carga nas mochilas, diversos estudosexaminaram os efeitos da carga de mochilas por meio de parâmetros biomecânicos e posturais(CHOW et al, 2007; KIM et al, 2008; NEUSCHWAN<strong>DE</strong>R et al, 2009; RAMPRASAD et al, 2009;van GENT et al, 2003). Brackley e Stevenson (2004), a partir de uma revisão crítica baseada emresultados biomecânicos e fisiológicos recomendam que o peso transportado na mochila escolar nãodeva exceder 10 a 15% do peso corporal das crianças. Ao contrário, Grimmer et al (2002), nãoencontraram evidências que limitem a carga das mochilas em 10% do peso corporal e sugere quesejam feitos estudos com cargas maiores.


165 CARNEIRO, Andréia Novais Pereira; SANTOS, Michele de Lima Ribeiro; FIGUEROA, VivianeDelfim; NASCIMENTO, Breno Gontijo. Mochilas escolares e a coluna vertebral de crianças eadolescentes: uma revisão de literatura. Estácio de Sá – Ciências da Saúde. Revista da Faculdade Estáciode Sá. Goiânia SESES-Go. Vol. 02, nº 05, 163-176, Jan. 2011/Jun 2011._______________________________________________________________________________________Um número crescente de pesquisas tem demonstrado que a queixa de dor nas costas porcrianças em idade escolar é mais freqüente do que se pensava (BAUER E FREIVALDS, 2009;CARDON; BALAGUÉ, 2004a; LINDSTROM-HAZEL 2009). Sheir-Neiss et al (2003),demonstraram que os adolescentes que transportavam mochilas com cargas maiores apresentarammaior queixa de dor nas costas. Haselgrove et al (2008) e Negrini e Carabalona (2002), demonstramque o tempo prolongado de transporte das mochilas também está associado com queixa de dor nascostas em adolescentes. Refutando esses achados van Gent et al (2003), relatam que os fatorespsicossomáticos parecem estar mais relacionados com a queixa de dor nas costas.Devido à divergência dos resultados apresentados na literatura, este trabalho tem comoobjetivo verificar a influência da mochila escolar sobre a coluna vertebral em crianças eadolescentes.OBJETIVO GERALVerificar por meio de uma revisão de literatura os efeitos da mochila escolar sobre acoluna vertebral de crianças e adolescentes.OBJETIVOS ESPECÍFICOS• Explicitar as principais alterações na coluna vertebral de crianças e adolescentes decorrentesdo uso da mochila escolar.• Correlacionar a queixa de dor nas costas freqüente entre as crianças e adolescentes com amochila escolar.• Investigar se há um consenso na literatura sobre um limite de carga transportada na mochiladiariamente por crianças e adolescentes.METODOLOGIAFoi realizado em estudo exploratório por meio de revisão de literatura em artigosindexados publicados entre os anos de 2000 e 2010 nas bases de dados PubMed, BIREME eSciELO. As palavras-chave utilizadas na pesquisa foram mochilas, escolares, coluna, dor nas costase as similares em inglês. Foram selecionados os artigos de interesse para o estudo, ou seja, aqueles


166 CARNEIRO, Andréia Novais Pereira; SANTOS, Michele de Lima Ribeiro; FIGUEROA, VivianeDelfim; NASCIMENTO, Breno Gontijo. Mochilas escolares e a coluna vertebral de crianças eadolescentes: uma revisão de literatura. Estácio de Sá – Ciências da Saúde. Revista da Faculdade Estáciode Sá. Goiânia SESES-Go. Vol. 02, nº 05, 163-176, Jan. 2011/Jun 2011._______________________________________________________________________________________que faziam referência em seus dados a aspectos relacionados ao peso das mochilas escolares,alterações na coluna vertebral e queixa de dor nas costas em crianças e adolescentes semdeformidades músculo-esqueléticas e com idade superior a seis anos e inferior a dezoito anos.RESULTADOS E DISCUSSÃOFluxograma: processo de seleção dos artigos para a revisão74 artigosIncluídos 42 artigosExcluídos 32 artigosALTERAÇÕESPOSTURAIS*11 avaliaram arespostas posturais dacoluna no plano sagitale frontal*02 avaliaram asrespostas posturais e apropriocepção dacoluna*03 utilizaram aeletromiografia paraavaliar as respostasDOR NAS COSTAS*04 avaliaram osfatores de risco paralombalgia em escolares*16 avaliaram a relaçãoda mochila escolar equeixa de dor nascostas*01 avaliou aprevalência de sintomasosteomusculares emescolares*03 avaliaram osfatores de risco paraqueixa de dor nas* 04 avaliaram efeito de sessõeseducativas*07 avaliaram efeito sobre a marcha*05 avaliaram alterações posturaisnão associadas à mochila*03 avaliaram efeito sobre o ombro*01 avaliou efeito sobre MMII*01 avaliou conhecimento dos paissobre a carga*01 não avaliou a mochila comofator de risco*02 não avaliaram efeitos sobre acoluna*01 avaliou traumas agudoscausados pela mochila*01 não informa a idade do sujeito*02 avaliaram capacidade pulmonar*01 avaliou crianças com alteraçõesmúsculo-esqueléticas*01 não avaliou dores nas costas*01 avaliou sujeitos com idade >18anos*01 avaliou influência da idade egênero


167 CARNEIRO, Andréia Novais Pereira; SANTOS, Michele de Lima Ribeiro; FIGUEROA, VivianeDelfim; NASCIMENTO, Breno Gontijo. Mochilas escolares e a coluna vertebral de crianças eadolescentes: uma revisão de literatura. Estácio de Sá – Ciências da Saúde. Revista da Faculdade Estáciode Sá. Goiânia SESES-Go. Vol. 02, nº 05, 163-176, Jan. 2011/Jun 2011._______________________________________________________________________________________Doze artigos avaliaram os efeitos da mochila escolar de duas alças transportada naregião posterior da coluna vertebral por meio de dois parâmetros: inclinação anterior do tronco(IAT) e o ângulo crânio-vertebral (ACV) (Figura 1). Bracley et al (2009), definem o IAT como oângulo entre o cruzamento de uma linha vertical que passa desde o quadril até a base do pescoço e oACV como o ângulo entre o cruzamento de uma linha horizontal entre o processo espinhoso de C7e o tragus da orelha.Figura 1: Ângulo Crânio-Vertebral (Fonte: KIM et al, 2008)A inclinação anterior do tronco mostrou-se aumentada com o crescente aumento decargas da mochila escolar (CHOW et al, 2007) (Figura 2). Bauer e Freivalds (2009), relatam que aIAT foi maior com 15 e 20% de carga com um aumento de 174% entre 10 e 15% do peso corporal e119% entre 15 e 20% do peso corporal. Esse aumento parece ser necessário para mudar o centro degravidade do sistema (peso e mochila). Considerando que é necessário um maior trabalho muscularpara a manutenção do equilíbrio dinâmico, Bracley et al (2009), Hong et al (2003) e Negrini eNegrini (2007), avaliaram os efeitos da carga durante a caminhada e observaram um maior aumentoda IAT com o aumento da distância percorrida transportando mochila com carga entre 15 e 20% dopeso corporal, acompanhado por uma diminuição da lordose lombar em ambos os estudos. Esseachado pode estar associado à fadiga muscular.


168 CARNEIRO, Andréia Novais Pereira; SANTOS, Michele de Lima Ribeiro; FIGUEROA, VivianeDelfim; NASCIMENTO, Breno Gontijo. Mochilas escolares e a coluna vertebral de crianças eadolescentes: uma revisão de literatura. Estácio de Sá – Ciências da Saúde. Revista da Faculdade Estáciode Sá. Goiânia SESES-Go. Vol. 02, nº 05, 163-176, Jan. 2011/Jun 2011._______________________________________________________________________________________Figura 2: Inclinação Anterior do Tronco (Fonte: CHOW et al, 2007)Um estudo eletromiográfico em escolares de 11 a 14 anos demonstrou redução daatividade dos paravertebrais com o aumento da carga de 0 a 20% do peso corporal (BAUER EFREIVALDS, 2009). O mesmo resultado foi observado por Motmans et al (2006), com carga de15% do peso corporal. No estudo de Negrini e Carabalona (2002), a única variável associada àlombalgia durante o transporte da mochila foi a fadiga, relatada por 65,7% dos estudantes.Haselgrove et al (2008), relatam que a redução da resistência muscular e pobre controle de troncosão conhecidos como fatores de risco para queixa de dor nas costas.O ACV foi avaliado nos estudos de Brackley et al (2009), Chansirinukor et al (2001),Kim et al (2008), Korovessis et al (2005) e Ramprasad et al (2009), que observaram uma reduçãosignificativa com 15% de carga indicando a inclinação anterior da cabeça como forma de manter ocentro de gravidade do corpo ligeiramente à frente da articulação lombossacral. Cheung et al(2010), ao compararem um grupo com queixa de dor e um grupo controle sem queixa encontroudiminuição significativa do ACV com carga de 10% do peso corporal no grupo com queixa de dor,enquanto no grupo controle essa alteração foi significativa com 15%. Chansirinukor et al (2001),observaram que houve maior redução do ACV após caminhada de 5 minutos e sugere que o tempotambém influencia na posição do pescoço. Kim et al (2008), ainda relatam um aumento da atividadeeletromiográfica dos paravetrebrais médio-cervicais na tentativa de manter a extensão do pescoço.Em um primeiro estudo que utilizou a ressonância magnética para medir a resposta dacoluna lombar a diferentes cargas de mochila Neuschwander et al (2009), observaram que comcargas crescentes (10, 20 e 30% do peso corporal) houve aumento significativo da assimetria


169 CARNEIRO, Andréia Novais Pereira; SANTOS, Michele de Lima Ribeiro; FIGUEROA, VivianeDelfim; NASCIMENTO, Breno Gontijo. Mochilas escolares e a coluna vertebral de crianças eadolescentes: uma revisão de literatura. Estácio de Sá – Ciências da Saúde. Revista da Faculdade Estáciode Sá. Goiânia SESES-Go. Vol. 02, nº 05, 163-176, Jan. 2011/Jun 2011._______________________________________________________________________________________lombar representada por um ângulo de Cobb maior que 10° em uso de carga de 20% do pesocorporal em 50% dos indivíduos, além de compressão discal de T12 a S1 com maior valor para osdiscos caudais (L5-S1).Negrini e Negrini (2007), ao comparar efeitos de cargas simétricas e assimétricasobservaram um desvio lateral do tronco contrário à carga assimétrica de 20% do peso corporal, quereflete a necessidade de manter a linha central do corpo. O transporte assimétrico também foisignificativamente associado à queixa de dor nas costas nos estudos de Korovessis (2005) e Skoffer(2007).Apesar dos estudos enfatizarem as alterações sobre a coluna cervical e lombar, a colunatorácica também merece atenção. Briggs et al, (2009), encontraram maior prevalência de dor nacoluna torácica entre crianças e adolescentes significativamente associada com alterações posturaisdevido ao uso da mochila. Assim como Moore et al, (2007), que relatam que a sobrecarga damochila escolar está associada à dor na região torácica. Carvalho e Rodacki (2008), encontraramum aumento da cifose torácica e maior rotação da coluna com carga de 20% do peso corporal esugerem que essa postura possa causar estresse em estruturas que não absorvem e transmitem demaneira eficiente os esforços aplicados sobre a coluna.Devido a falta de diretrizes sobre o posicionamento do centro de massa da mochilaCarvalho e Rodacki (2008), padronizaram em T8 e observaram um aumento da IAT e segmentolombar estável, enquanto Chow et al (2007), padronizaram ao nível de T12 e também observouaumento do IAT porém, com diminuição da curvatura lombar. Ambos utilizaram carga de 10 e 20%do peso corporal, isso mostra que os efeitos da carga aplicada podem mudar de acordo com o seuposicionamento na coluna. A aplicação de cargas no nível de T7, T12 e L3 (Figura 3) demonstrouuma IAT em todos os posicionamentos sendo maior em T7 e sugere que a melhor posição para ocentro de massa da mochila seria ao nível de L3 a fim de minimizar as alterações posturais(BRACKLEY; STEVENSON, 2004; BRACKLEY et al, 2009; GRIMMER et al, 2002). Chow et al(2010), ainda sugerem que a alteração ocasional da posição da mochila em anterior e posteriorpossa minimizar os efeitos sobre a coluna.


170 CARNEIRO, Andréia Novais Pereira; SANTOS, Michele de Lima Ribeiro; FIGUEROA, VivianeDelfim; NASCIMENTO, Breno Gontijo. Mochilas escolares e a coluna vertebral de crianças eadolescentes: uma revisão de literatura. Estácio de Sá – Ciências da Saúde. Revista da Faculdade Estáciode Sá. Goiânia SESES-Go. Vol. 02, nº 05, 163-176, Jan. 2011/Jun 2011._______________________________________________________________________________________Figura 3: Posicionamento do centro de massa da mochila em T7, T12 e L3 (Fonte: GRIMMER et al, 2002)O reposicionamento das articulações depende da integração sensorial de informaçõesvisuais, vestibulares e proprioceptivas. Chow et al (2007), relatam a diminuição da consistência doreposicionamento na coluna lombar, enquanto na coluna torácica não foi encontrada nenhumaalteração. Este achado é corroborado por Negrini e Negrini (2007), que após a remoção da cargaobservou que apenas a lordose lombar não retornou ao seu valor de pré-carregamento. Essesachados sugerem que o reposicionamento da coluna esteja mais associado com o próprio aumentoda carga ao invés da simples mudança de informações sensoriais causada pelo transporte damochila.Atualmente a queixa de dor nas costas é comum entre as crianças e adolescentes a nívelmundial. Skoffer (2007), Whittfield e Legg (2005), encontraram alta prevalência de sintomasmúsculo-esqueléticos com relatos de lombalgia de 64,8% e 35% respectivamente.No estudo longitudinal realizado por Jones et al (2003), para determinar a ocorrência delombalgia em estudantes entre 11 a 14 anos com um follow-up de 12 meses, foi relatado aocorrência de lombalgia em 18% dos escolares sem associação com a carga da mochila escolar.Esse achado pode ter sido influenciado pela mensuração da carga somente no primeiro dia dasemana da coleta de dados, não sendo registrada no follow-up. Porém, o tempo de transporte dasmochilas foi significativamente associado com o risco de lombalgia. Da mesma forma Haselgroveet al (2008), relatam que o transporte prolongado da mochila pode aumentar o risco de queixa dedor nas costas em adolescentes. Lindstrom-Hazel (2009), Sheir-Neiss et al (2003), em seus estudosencontraram que as crianças que iam caminhando para a escola queixaram-se mais de dorsalgia elombalgia de maior intensidade.Ao analisar a associação entre dor na coluna e percepção de carga da mochilaHaselgrove et al (2008), relatam que a percepção de carga em termos de cansaço foi fortemente


171 CARNEIRO, Andréia Novais Pereira; SANTOS, Michele de Lima Ribeiro; FIGUEROA, VivianeDelfim; NASCIMENTO, Breno Gontijo. Mochilas escolares e a coluna vertebral de crianças eadolescentes: uma revisão de literatura. Estácio de Sá – Ciências da Saúde. Revista da Faculdade Estáciode Sá. Goiânia SESES-Go. Vol. 02, nº 05, 163-176, Jan. 2011/Jun 2011._______________________________________________________________________________________associada com dor nas costas e pescoço particularmente durante o transporte da mochila com umaprevalência de 27% de dor nas costas e 34% no pescoço. Assim como no estudo de Szpalski et al(2002), onde as crianças que responderam sentir a sua mochila pesada demais queixaram-se mais dedor nas costas. Isso sugere que há a necessidade de considerar os fatores pessoais, incluindo asreações físicas das crianças a tais cargas e que a queixa de dor nas costas em crianças deve ser vistaa partir de um modelo biopsicossocial, assim como nos adultos (RENEMAN, 2006).Outros estudos avaliaram os fatores de risco para lombalgia em escolares e concluíramque há pouca evidência científica de relação causal com a carga de mochilas escolares (CARDON;BALAGUÉ, 2004b; TREVELYAN; LEGG, 2006; WATSON et al, 2003). Talbott et al (2009),relatam que 99% dos estudantes avaliados em seu estudo usavam mochila e metade a percebiamuito pesada, mas, apenas 33,5% atribuíram sua dor à mochila. Da mesma forma, GoodGold et al(2002), relatam que dos 345 estudantes avaliados sem seu estudo 55% eram submetidos a cargasuperior a 15% do peso corporal e 1/3 relatou história de dor nas costas. No estudo de Negrini eCarabalona (2002), a queixa de dor nas costas foi claramente associada à fadiga durante o transporte(65%), mas não com a sensação de mochila pesada. Esses resultados sugerem que a necessidade dese considerar outros fatores como a resistência muscular dos escolares.A maioria das crianças (80%) avaliadas por Wall et al (2003), utilizavam mochila parafins escolares e aquelas que apresentavam dor nas costas significativamente grave que exigiaavaliação ortopédica não atribuíram sua dor à mochila. Porém, conclui que as mochilas possamcausar leve à moderada dor nas costas que não necessitem de cuidados médicos.Van Gent et al (2003), avaliaram 745 adolescentes entre 12 e 14 anos e encontraram43% de queixa de dor no pescoço/ombro e 46% nas costas onde os fatores psicossomáticos tiverammaior associação com a dor. Crianças com altos níveis de dificuldades psicossociais e sintomassomáticos como dor abdominal, cefaléia e dor de garganta são mais propensas a desenvolverlombalgia (JONES et al, 2003). Apesar dos fatores psicossociais estarem significativamenterelacionados com a queixa de dor nas costas em escolares não há evidência de que a modificaçãodesses fatores possa ter efeito preventivo sobre a lombalgia (CARDON; BALAGUÉ, 2004a;WATSON et al, 2003). Além disso, o gênero feminino apresenta-se como um fator relevante naprevalência de queixa de dor nas costas, que pode estar ligado às diferenças na resistência musculare dos limiares de dor quando comparado ao gênero masculino (HASELGROVE et al, 2008;KOROVESSIS et al, 2004; NAVULURI; NAVULURI, 2006; SIAMBANES et al, 2004; SKAGGSet al, 2006).


172 CARNEIRO, Andréia Novais Pereira; SANTOS, Michele de Lima Ribeiro; FIGUEROA, VivianeDelfim; NASCIMENTO, Breno Gontijo. Mochilas escolares e a coluna vertebral de crianças eadolescentes: uma revisão de literatura. Estácio de Sá – Ciências da Saúde. Revista da Faculdade Estáciode Sá. Goiânia SESES-Go. Vol. 02, nº 05, 163-176, Jan. 2011/Jun 2011._______________________________________________________________________________________A sobrecarga da mochila escolar mostrou-se associada às alterações posturais na colunae dor nas costas em vários estudos. Mackenzie et al (2003), em uma revisão apontam que a cargasuperior a 15% do peso corporal está associada com dor nas costas e alterações posturais. Bauer eFreivalds (2009), Brackley et al (2009), Chansirinukor et al (2001) e Mackie e Legg (2008),observaram que as respostas posturais foram mais sensíveis ao transporte crescente de carga esugerem que o limite de carga transportado nas mochilas pelos escolares não deva exceder 10% a15% do peso corporal. A disponibilidade de armários nas escolas pode ser uma das formas deredução da carga transportada nas mochilas, sendo sua ausência relatada como fator de risco para aqueixa de dor nas costas (SKAGGS et al, 2006; LINDSTROM-HAZEL, 2009). Outros fatorescomo a forma de carregar a mochila e o tempo de transporte sobre os ombros desempenhaimportante papel no relato de fadiga e dor nas costas pelos escolares (COTTALOR<strong>DA</strong> et al, 2004;HASELGROVE et al, 2008; JONES et al, 2003; LINDSTROM-HAZEL, 2009; SHEIR-NEISS etal, 2003; SIAMBANES et al, 2004; SKOFFER, 2007).O uso de mochilas com cargas maiores que 15% do peso corporal por crianças eadolescentes leva a alterações na coluna vertebral como forma de manter o centro de gravidadecorporal. Essas alterações acentuam com o tempo prolongado de exposição a essas cargas ecolaboram para a queixa de dor e disfunção na coluna vertebral de crianças e adolescentes. Osresultados dos artigos revisados sobre o limite de carga se baseiam somente no peso da criança eindica que um aluno mais pesado pode transportar mais carga. Considerando a diferença entre acapacidade e a demanda outros fatores como a altura e o índice de massa corporal ser consideradospara a definição de carga transportada nas mochilas escolares, uma vez que um escolar obeso estámais suscetível à lesão por inaptidão física. Apesar dos fatores psicossomáticos exercereminfluência na queixa de dor nas costas por crianças e adolescentes os fatores mecânicos não podemser negligenciados.CONCLUSÃOEste estudo mostrou que a sobrecarga na mochila escolar, o tempo de transporte e aforma assimétrica foram significativamente associados com as alterações na coluna vertebral decrianças e adolescentes. Assim, é indicado que o transporte de mochilas escolares seja de formasimétrica, sobre os ombros, com o centro de massa da mochila ao nível de L3 e que não excedacargas entre 10 a 15% do peso corporal. Os fatores psicossomáticos e o gênero feminino foram


173 CARNEIRO, Andréia Novais Pereira; SANTOS, Michele de Lima Ribeiro; FIGUEROA, VivianeDelfim; NASCIMENTO, Breno Gontijo. Mochilas escolares e a coluna vertebral de crianças eadolescentes: uma revisão de literatura. Estácio de Sá – Ciências da Saúde. Revista da Faculdade Estáciode Sá. Goiânia SESES-Go. Vol. 02, nº 05, 163-176, Jan. 2011/Jun 2011._______________________________________________________________________________________significativamente associados à queixa de dor nas costas, o que sugere que somente o controle dacarga possa não ser suficiente para a redução da queixa de dor nas costas.A fisioterapia pode utilizar esses achados para atuar na prevenção dessas disfunções comexercícios específicos para aumentar a capacidade de resistência muscular dos escolares, além desessões educativas para alertar os escolares, as famílias e influenciar as políticas da escola a fim dediminuir os agravos das alterações e dores na coluna vertebral que interferem severamente naqualidade de vida.São necessários estudos futuros que explorem a relação entre a carga de mochilasescolares e a altura, índice de massa corporal e resistência muscular de crianças e adolescentes.REFERÊNCIASBAUER, DH; FREIVALDS, A. Backpack load limit recommendation for middle school studentsbased on physiological and psychophysical measurements. Work, 32: 339–350, 2009.BRACKLEY, HM; STEVENSON, JM. Are Children's Backpack Weight Limits Enough? A CriticalReview of the Relevant Literature. Spine, October, 2004.BRACKLEY, HM; STEVENSON, JM.; SELINGER, JC. Effect of backpack load placement onposture and spinal curvature in prepubescent children.Work, 32: 351–360, 2009.BRIGGS, AM; SMITH, AJ; STRAKER, LM; BRAGGE, P. Thoracic spine pain in the generalpopulation: Prevalence, incidence and associated factors in children, adolescents and adults. Asystematic review. BMC Musculoskeletal Disorders, 10:77, 2009.CARDON, G; BALAGUÉ, F. Low back pain prevention's effects in schoolchildren. What is theevidence? Europe Spine Journal, 13: 663-679, 2004a.CARDON, G; BALAGUÉ, F. Backpack and spinal disorders and schoolchildren. EuraMedicophys, 40: 15-21, 2004b.CARVALHO, LAP; RO<strong>DA</strong>CKI, ALF. The influence of two backpack loads on children's spinalkinematics. Revista Brasileira Educação Física Esportiva, São Paulo, v.22, n.1, p.45-52, jan./mar.2008.CHANSIRINUKOR, W; WILSON, D; GRIMMER, K; <strong>DA</strong>NSIE, B. Effects of backpacks onstudents: Measurement of cervical and shoulder posture. Australian Journal of Physiotherapy. Vol.47, 2001.CHEUNG, CH; SHUM, ST; TANG, SF; YAU, PC; CHIU, TT. The correlation betweencraniovertebral angle, backpack weights, and disability due to neck pain in adolescents. JournalBack Musculoskelet Rehabil. 23(3):129-36. 2010.


174 CARNEIRO, Andréia Novais Pereira; SANTOS, Michele de Lima Ribeiro; FIGUEROA, VivianeDelfim; NASCIMENTO, Breno Gontijo. Mochilas escolares e a coluna vertebral de crianças eadolescentes: uma revisão de literatura. Estácio de Sá – Ciências da Saúde. Revista da Faculdade Estáciode Sá. Goiânia SESES-Go. Vol. 02, nº 05, 163-176, Jan. 2011/Jun 2011._______________________________________________________________________________________CHOW, DHK; LEUNG, KTY; HOLMES, AD. Changes in spinal curvature and proprioception ofschoolboys carrying diferent weights of backpack. Ergonomics, Vol. 50, N 12, 2148–2156, Dec2007.CHOW, DHK; OU, ZY; WANG, XG; LAI, A. Short-term effects of backpack load placement onspine deformation and repositioning error in schoolchildren. Ergonomics, Vol 53, N 1, 56 – 64,2010.COTTALOR<strong>DA</strong>, J; BOURELLE, S; GAUTHERON, V; KOHLER, R. Backpack and spinaldisease: myth or reality? Revue de Chirurgie Orthopédique et Traumatologique, 90(3):207-14,May, 2004.GOODGOLD, S; CORCORAN, M; GAMACHE, D; GILLIS, J; GUERIN, J; COYLE, JQ.Backpack Use in Children. Pediatric Physical Therapy; 14(3):122-131, 2002.GRIMMER, K; <strong>DA</strong>NSIE, B; MILANESE, S; PIRUSAN, U; TROTT, P. Adolescent standingpostural response to backpack loads: a randomised controlled experimental study. BMCMusculoskeletal Disorders 3, 2002.HASELGROVE, C; STRAKER, L; SMITH, A; O’SULLIVAN, P; PERRY, M; SLOAN, N.Perceived school bag load, duration of carriage, and method of transport to school are associatedwith spinal pain in adolescents: an observational study pain in adolescents: an observational study.Australian Journal of Physiotherapy, Vol. 54, 2008.HONG, Y; CHEUNG, C-K. Gait and posture responses to backpack load during level walking inchildren. Gait and Posture, 17 28-33, 2003.JONES, GT; WATSON, KD; SILMAN, AJ; SYMMONS, DPM; MacFARLANE, GJ. Predictors ofLow Back Pain in British Schoolchildren: A Population-Based Prospective Cohort Study.Pediatrics, 111: 822-828, 2003.KIM, MH; YIB, CH; KWON, OY; CHO, SH; YOO, WG. Changes in neck muscleelectromyography and forward head posture of children when carrying schoolbags. ErgonomicsVol. 51, No. 6, 890–901, June 2008.KOROVESSIS, P; KOUREAS, G; PAPAZISIS, Z. Correlation between backpack weight and wayof carrying, sagittal and frontal spinal curvatures, athletic activity, and dorsal and low back pain inschoolchildren and adolescents. Journal of Spinal Disorders & Techniques , 7(1):33-40, Feb 2004.KOROVESSIS, P; KOUREAS, G; ZACHARATOS, S; PAPAZISIS, Z. Backpacks, back pain,sagittal spinal curves and trunk alignment in adolescents: a logistic and multinomial logisticanalysis. Spine (Phila Pa 1976). 15;30(2):247-55, Jan 2005.LINDSTROM-HAZEL, D. The backpack problem is evident but the solution is less obvious. Work.32: 329–338, 2009.MACKENZIE, WG; SAMPATH, JS; KRUSE, RW; SHEIR-NEISS, GJ. Backpacks in children.Clinical Orthopaedics and Related Research,(409):78-84, Apr 2003.


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Editor ResponsávelEdmar Aparecido de Barra e Lopesedclio@terra.com.br1 – Os trabalhos enviados para publicação deverão ser inéditos, não sendo permitida suaapresentação simultânea em outro periódico. De preferência redigidos em português, a REVISTApublicar eventualmente textos em língua estrangeira (inglês, francês, espanhol).2 – Os originais serão submetidos apreciação do Conselho Editorial, após prévia avaliaçãodo Conselho Consultivo, o qual poder aceitar, recusar ou reapresentar o original ao autor comsugestões para alterações. Os nomes dos relatores permanecerão em sigilo, omitindo-se também osnomes dos autores perante os relatores.3 – Os artigos e comentários críticos devem ser apresentados com original e cópia e devemconter entre 10 (dez) e 18 (dezoito) laudas e 70 (setenta) toques de 30 (trinta) linhas. As resenhasdevem conter 05 (cinco), os resumos de TCC 03 (três) e a entrevistas até 15 (quinze) laudas.4 – Os originais devem ser encaminhados através do email: edclio@terra.com.br (fonteTimes New Roman, tamanho 12, entrelinha 1,5).5 – Cada artigo deve vir acompanhado de seu título e resumo em português e inglês(abstract), com aproximadamente 80 palavras e título em inglês; e de, no máximo cinco palavraschaveem português e inglês.6 – No cabeçalho do original serão indicados o título (e subtítulo se houver) e o nome do(s)autores, com indicação, em nota de rodapé, dos títulos universitários ou cargos que indiquem suaautoridade em relação ao assunto do artigo.7 – As notas do rodapé, quando existirem, deverão ser de natureza substantiva, e indicadaspor algarismos arábicos em ordem crescente. As menções a autores, no decorrer do texto, devemsubordinar-se ao esquema (Sobrenome do autor, data) ou (Sobrenome do autor, data, página). Ex.:(ADORNO, 1968) ou o ano serão identificados por uma letra depois da data. Ex.: (PARSONS,1967ª), (PARSONS, 1964b).8 – A bibliografia (ou referências bibliográficas) ser apresentada no final do trabalho, listadaem ordem alfabética, obedecendo aos seguintes esquemas:a) No caso de livro: SOBRENOME, nome. Título sublinhado. Local de publicação, Editora,data. Ex.: GID<strong>DE</strong>NS, Anthony. Novas regras do método sociológico. Rio de Janeiro, Zahar,1978. Solicita-se observar rigorosamente a sequência e a pontuação.b) No caso de coletânea: SOBRENOME, Nome. Título não sublinhado. In: SOBRENOME,Nome, org. Título do livro sublinhado. Local de publicação, editora, data, p. ii-ii. Ex.:FICHTNER, N. A escola como instituição de maltrato infância. In: KRINSKY, S., org. Acriança maltratada. São Paulo, Almeida, 1985. p. 87-93. Solicita-se observar rigorosamentea sequência e a pontuação.


c) No caso de artigo: SOBRENOME, nome. Título do artigo. Título do PeriódicoSublinhado, local de publicação, número do periódico (número do fascículo): página inicialpáginafinal. Mês(es) e ano de publicação. Ex.: CLARK, D. A. Factors influencing theretrieval and control of negative congnotions. Behavior and Therapy, Oxford, 24(2): 151-9.1986. Solicita-se observar rigorosamente a sequência e a pontuação.d) No caso de tese acadêmica: SOBRENOME, Nome. Título da tese sublinhado. Local,data, número de páginas, dissertação (Mestrado) ou Tese (Doutorado). Instituição em que foidefendida. (Faculdade e Universidade). Ex.: HIRANO, Sedi. Pré-capitalismo e capitalismo:a formação do Brasil Colonial. São Paulo, 1986, 403 p. Tese (Doutorado). Faculdade deFilosofia Letras e Ciências Humanas da Universidade de São Paulo. Solicita-se observarrigorosamente a sequência e a pontuação.GUANICUNS III 2006 24-09-06.pmd 294 24/9/2006, 20:209 – Uma vez publicados os artigos remetidos e aprovados pelo Conselho Consultivo e peloConselho Editorial, A REVISTA, se reserva todos os direitos autorais, inclusive os de tradução,permitindo, entretanto, a sua posterior reprodução com transcrição e com devida citação da fonte.10 – Os conceitos emitidos nos trabalhos serão de responsabilidades exclusiva dos autores,não refletindo obrigatoriamente a opinião do Conselho Consultivo e do Conselho Editorial.11 – A REVISTA de caráter interdisciplinar e pretende se consolidar como um instrumentode reflexão crítica, contribuindo para dar visibilidade produção técnico-científica do corpo docentee discente da instituição.12 – A REVISTA aceita colaborações, sugestões e críticas, que podem ser encaminhadas aoEditor, através do e-mail supracitado.13 – Originais não aproveitados serão devolvidos, mas fica resguardado o direito do autor(a)em divulgá-los em outros espaços editoriais. Naturalmente toda a responsabilidade pelos artigos aseus respectivos autores.Endereço: Avenida Bandeirantes, n. 1140, Setor LesteCEP: 76.170-000/Caixa Postal: 07Dúvidas:Tel/Fax: 62-81259000E-mail: edclio@terra.com.brSolicita-se permuta/Exchange desired.

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