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A concepção freudiana de melancolia - Faculdades FIO

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Quando a libido se apega a um objeto dificilmente irá renunciar a ele, mesmo quandoum substituto se acha à mão, mesmo quando existe um substituto disponível e acessível. Emoutro momento ele (1914, p.112) acrescenta: “Como sempre no campo da libido, o serhumano mostra-se aqui incapaz <strong>de</strong> renunciar à satisfação já uma vez <strong>de</strong>sfrutada”. O queFreud constata é uma resistência existente em todo ser humano e que po<strong>de</strong> ser entendidaquase que como um princípio universal da vida psicológica; a saber, a resistência <strong>de</strong> <strong>de</strong>sligarse<strong>de</strong> seus objetos <strong>de</strong> amor, ou, em termos metapsicológicos, <strong>de</strong> <strong>de</strong>sinvestir sua libido dosobjetos <strong>de</strong> gratificação libidinal. Este retirada ou <strong>de</strong>sligamento da libido em relação ao objetoperdido é realizada no trabalho <strong>de</strong> luto que, segundo Freud, só po<strong>de</strong> ser lento e penoso. O<strong>de</strong>sligamento só po<strong>de</strong> ser feito a expensas <strong>de</strong> gran<strong>de</strong> quantida<strong>de</strong> <strong>de</strong> dor psíquica. Enquantoeste trabalho estiver ocorrendo, a existência do objeto é prolongada psiquicamente.[...] na verda<strong>de</strong> essa representação mental [do objeto] é composta <strong>de</strong> incontáveisimpressões isoladas (vestígios inconscientes <strong>de</strong>las), e <strong>de</strong> que o processo <strong>de</strong> recolhera libido não tem como ser algo momentâneo, mas ao contrário, como no luto, é umprocesso que só progri<strong>de</strong> paulatinamente (FREUD, 1917[1915]), p.114).Mas, mesmo frente a esta resistência da libido a se <strong>de</strong>sligar do objeto, a realida<strong>de</strong>mostra ao sujeito que ele não existe mais e que a continuida<strong>de</strong> do vínculo po<strong>de</strong> ser mortal parao ego – a continuida<strong>de</strong> não po<strong>de</strong> e não <strong>de</strong>ve ser mantida – obrigando-o assim a se <strong>de</strong>sligarpsiquicamente <strong>de</strong>ste objeto. Se o sujeito não obe<strong>de</strong>cer à prova da realida<strong>de</strong> – a constatação dainexistência do objeto –, corre o risco <strong>de</strong> perecer com ele, ou cair em um luto psicótico, cujaprincipal característica é manter a existência e o vínculo com o objeto magicamente, <strong>de</strong> ummodo alucinatório (LAPLANCHE, 1987).É preciso um longo tempo para o ego cumprir tal exigência da realida<strong>de</strong>, constatar queo objeto não existe mais e que não po<strong>de</strong> mais satisfazê-lo. Ce<strong>de</strong>r ao teste da realida<strong>de</strong> é umaobrigação dolorosa, mas imprescindível. Neste processo, cada lembrança, cada expectativa,cada vivência com o objeto perdido, são lembradas e reinvestidas, permitindo ao ego constatarque o objeto não existe mais, obrigando-o assim a <strong>de</strong>svencilhar sua libido do objeto perdido:Cada uma das lembranças e expectativas que vinculam a libido ao objeto é trazida àtona e recebe uma nova camada <strong>de</strong> carga, isto é, <strong>de</strong> sobreinvestimento[Überbesetzung]. Em cada um dos vínculos vai se processando então uma paulatinadissolução dos laços <strong>de</strong> libido (FREUD, 1917 [1915], p.104-105).O respeito à realida<strong>de</strong> prevalece, e o sujeito renuncia ao laço afetivo, aniquilando ovínculo com o objeto. Após o objeto ter sido <strong>de</strong>sinvestido e a libido ter sido <strong>de</strong>sligada doobjeto, o luto chega ao fim:99

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