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A concepção freudiana de melancolia - Faculdades FIO

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De início, cabe <strong>de</strong>stacar uma influência importante para a elaboração do artigo: asidéias <strong>de</strong> Karl Abraham. Psicanalista alemão, aliás, o primeiro, e amigo íntimo <strong>de</strong> Freud,Abraham (1970 [1911]) escreveu em 1911 um trabalho intitulado Notas sobre a investigaçãoe o tratamento psicanalíticos da psicose maníaco-<strong>de</strong>pressiva e estados afins, No qual o autor<strong>de</strong>dica especial atenção à <strong>melancolia</strong> e afirma que estes estados vinham recebendo poucaatenção nos trabalhos psicanalíticos até aquele momento. Abraham faz também umacomparação entre a <strong>de</strong>pressão melancólica e o luto, sem, entretanto, explorá-la. O que elerevela neste texto é a relação dos sentimentos ambivalentes – amor e ódio – do melancólico.O ponto <strong>de</strong> partida <strong>de</strong> Freud em Luto e <strong>melancolia</strong> (1917 [1915]) é aquela relação feitapor ele vinte anos antes no “Manuscrito G”: “o afeto que correspon<strong>de</strong> à <strong>melancolia</strong> é o luto”.E é só através <strong>de</strong>sta relação que consegue elucidar a dinâmica psíquica da <strong>melancolia</strong>. Doisfatores o levam a traçar uma relação, a fazer uma comparação, entre o luto e a <strong>melancolia</strong>. Oprimeiro é o <strong>de</strong> que ambos os estados são entendidos como reações à perda. Ambos sãoocasionados por uma perda <strong>de</strong> um objeto libidinal ou perda <strong>de</strong> um i<strong>de</strong>al. O segundo ponto quelevou Freud a comparar estes dois estados – e aqui o luto e a <strong>melancolia</strong> realmente se parecem– foi o quadro clínico que se estabelece. No luto e na <strong>melancolia</strong>, os sintomas são muitoparecidos, o que o leva a aceitar que as características psíquicas <strong>de</strong>stes dois estados são muitopróximas. Entretanto, ele as distingue muito bem. Temos o luto e a <strong>melancolia</strong>, amboscolocados por Freud como reações à perda <strong>de</strong> um objeto libidinal, e também como quadrosclínicos semelhantes, isto é, com sintomas muitos parecidos. Mas estes dois estados sediferenciam em um ponto crucial: na <strong>melancolia</strong> faz-se presente uma intensa e notável perdado sentimento <strong>de</strong> auto-estima, do sentimento <strong>de</strong> amor próprio, da auto-valorização; esta perdase expressa em auto-recriminações e auto-insultos, chegando até a uma expectativa <strong>de</strong>punição.2.2 O Luto e a consolidação do registro da perdaA situação <strong>de</strong> perda remete-nos diretamente à vivência do luto. É no processo <strong>de</strong> lutoque as perdas são vivenciadas e elaboradas. E Freud nos explicará o porquê disso. Comoassinalamos, tanto o luto quanto a <strong>melancolia</strong> se constituem como estados responsivos àperda. Nas palavras <strong>de</strong> Freud (1917 [1915], p.103), o luto, [...] “é, em geral, a reação à perda95

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