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A concepção freudiana de melancolia - Faculdades FIO

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Marucco (1987), <strong>de</strong>ntre os poucos que realmente constituem estudos específicos sobre oensaio.Estamos plenamente <strong>de</strong> acordo com a já citada afirmação <strong>de</strong> Og<strong>de</strong>n (2004, p.97):“Muito do som corrente no pensamento psicanalítico atual – e, <strong>de</strong>sconfio, também nopensamento psicanalítico vindouro – po<strong>de</strong> ser ouvido em Luto e <strong>melancolia</strong>, <strong>de</strong> Freud, sesoubermos ouvi-lo”. Preten<strong>de</strong>mos, então, aguçar nossos ouvidos a estes sons. Embora ostrabalhos <strong>de</strong> Og<strong>de</strong>n e Marucco comportem quase quinze anos <strong>de</strong> diferença, ambos parecemcompartilhar a mesma opinião. A afirmação que se segue <strong>de</strong> Marucco é muito próxima da queacabamos <strong>de</strong> ler em Og<strong>de</strong>n:Ocupar-se e preocupar-se pelo e do tema da <strong>melancolia</strong> é imprescindível não sópara compreen<strong>de</strong>r a teoria psicanalítica e seu rico caudal <strong>de</strong> conceitos, mas tambémpara contribuir e <strong>de</strong>senvolver um tema capital para o futuro da psicanálise. Vejocada vez com mais clareza, que Luto e <strong>melancolia</strong> se situa como um texto freudiano<strong>de</strong>cisivo para o <strong>de</strong>senvolvimento da ciência psicanalítica. Suas implicaçõesteóricas, a amplitu<strong>de</strong> do registro clínico que propõe, seus <strong>de</strong>senvolvimentostécnicos que incita, são indicadores da abertura que o texto nos brinda(MARUCCO, 1987, p.11, tradução livre).Neste capitulo, preten<strong>de</strong>mos tomar o texto freudiano e examiná-lo em <strong>de</strong>talhes. E elefoi escolhido porque, do nosso ponto <strong>de</strong> vista, trata <strong>de</strong> processos psíquicos – ainda que <strong>de</strong>maneira incompleta – subjacentes aos estados <strong>de</strong>pressivos e/ou melancólicos <strong>de</strong> maneirageral. Não preten<strong>de</strong>mos afirmar que Freud tenha escrito uma teoria sobre a <strong>de</strong>pressão, o queseria controverso e abriria uma problemática complexa o suficiente para <strong>de</strong>mandar um outroestudo. Mas é cabível afirmar que Luto e <strong>melancolia</strong> revela processos que nos servem comopontos <strong>de</strong> referência dos quais po<strong>de</strong>mos partir para realizar uma compreensão dos estados<strong>de</strong>pressivo-melancólicos. Abraham (1970 [1911]) já havia <strong>de</strong>dicado um importante estudosobre a <strong>melancolia</strong> poucos anos antes – 1911 – com ênfase nos aspectos ambivalentes <strong>de</strong>stacondição. É evi<strong>de</strong>nte a influência <strong>de</strong>ste estudo no artigo freudiano <strong>de</strong> 1915; no entanto, o queé realmente notável, e que consiste na principal contribuição <strong>de</strong> Freud, é a revelação dadimensão narcísica presente nos estados melancólicos, a qual fundou os pilares sobre os quaisse ergueram gran<strong>de</strong> parte dos estudos sobre <strong>de</strong>pressão-<strong>melancolia</strong> na psicanálise. Freudinaugura caminhos para um estudo nesse sentido, e são estes caminhos que preten<strong>de</strong>mosseguir. Já po<strong>de</strong>mos nos adiantar que tais caminhos serão basicamente as questões da via doselementos relativos ao narcisismo e à ambivalência. Ambos foram postos em evidência porFreud nesse seu estudo sobre a <strong>melancolia</strong>.Em Luto e <strong>melancolia</strong> o método empregado por Freud se inverte: é através <strong>de</strong> umestado normal ou comum – o luto – que será possível <strong>de</strong>svendar um estado patológico – a93

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