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A concepção freudiana de melancolia - Faculdades FIO

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também a clínica das psicopatologias narcísicas que o levou a reformular sua noção <strong>de</strong> eu. Ouseja, segundo Hornstein, há um intercâmbio constante entre o normal e o patológico no<strong>de</strong>senvolvimento da teoria <strong>freudiana</strong>:Há uma falsa oposição sempre presente no pensamento freudiano, a da falsaoposição normal-patológico com a qual ele quer romper. Freud dirá emPsicopatologia da vida cotidiana que todos somos um pouco neuróticos, e que nãohá diferença essencial entre o sujeito que tem sintomas e aquele que só tem lapsus,ou que só tem sonhos, já que, em última instância tudo <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>rá do tipo <strong>de</strong>transações que cada sujeito realize entre seus <strong>de</strong>sejos inconscientes, as exigências<strong>de</strong> seus sistemas i<strong>de</strong>ais e as possibilida<strong>de</strong>s que tem <strong>de</strong> articular na realida<strong>de</strong> essasexigências contraditórias. É assim que Freud utiliza permanentemente a passagemdo normal ao patológico como uma forma <strong>de</strong> compreen<strong>de</strong>r seja um fenômeno, sejao outro (HORNSTEIN, 1989, p.105).Deste ponto <strong>de</strong> vista, não seria incorreto, segundo a visão <strong>freudiana</strong>, supor aexistência na mente <strong>de</strong> elementos comuns entre as condições normais e patológicas. Klein(1940; 1946) postulou a presença <strong>de</strong> um funcionamento psíquico <strong>de</strong> natureza psicótica logonos primeiros meses <strong>de</strong> vida do bebê, no qual a mente estaria <strong>de</strong>sintegrada. Estefuncionamento estaria operando normalmente no início da vida <strong>de</strong> todo ser humano, e estariana base <strong>de</strong> toda manifestação psicótica posterior. Ao grupo <strong>de</strong> traços e <strong>de</strong>fesas quecaracterizariam este funcionamento psicótico, Klein <strong>de</strong>nominou <strong>de</strong> posição esquizoparanói<strong>de</strong>.Segundo ela, haveria um processo <strong>de</strong> integração que se seguiria a esta posição,dando lugar a uma posição <strong>de</strong>pressiva no <strong>de</strong>senvolvimento normal. Por volta dos seis meses<strong>de</strong> ida<strong>de</strong>, o bebê entraria em um funcionamento mental mais integrado, e, por conseqüência,perceberia a separação e a ausência <strong>de</strong> seus objetos <strong>de</strong> amor. Isto faria com que eleenfrentasse um processo <strong>de</strong>pressivo normal, permeado por sentimentos <strong>de</strong> culpa e reparação.Os lutos vivenciados nas situações <strong>de</strong> perda ao longo da vida do sujeito estariam relacionadosà elaboração da posição <strong>de</strong>pressiva.Ainda nesta mesma linha <strong>de</strong> <strong>de</strong>senvolvimento, Bion (1957,1962) sugeriu a idéia <strong>de</strong>que todo neurótico abriga uma parte psicótica oculta e subjacente, e que, do contrário, emtodo psicótico há uma parte neurótica, mesmo que pouco preservada e obstruída pela partepsicótica. Assim, notamos que Bion formulou a presença <strong>de</strong> uma parte psicótica mesmo nopredomínio <strong>de</strong> um funcionamento normal da mente. Segundo Zimerman (2004, p.125), estaidéia estaria apoiada tanto em uma noção quantitativa quanto qualitativa. A parte quantitativapo<strong>de</strong>ria ser entendida como uma escala: em um extremo que vai <strong>de</strong>s<strong>de</strong> uma parte psicóticainaparente e absorvida pela parte do ego neurótico e sadio, até o outro extremo <strong>de</strong> umapersonalida<strong>de</strong> dominada por um funcionamento psicótico que subjugaria a parte neurótica. A87

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