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A concepção freudiana de melancolia - Faculdades FIO

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<strong>de</strong>terminista do ‘Projeto para uma psicologia científica’ a psicólogo fenomenologista <strong>de</strong>‘Análise terminável e interminável” (GAY, 1989; CAPER, 1990; HORNSTEIN, 1989).Um novo mo<strong>de</strong>lo <strong>de</strong> mente nasce a partir do estudo <strong>de</strong> um distúrbio psíquico e, comeste fato, consolida-se um método <strong>de</strong> pesquisa freudiano que revela a possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong>compreen<strong>de</strong>r com profundida<strong>de</strong> o funcionamento da mente em geral a partir do entendimentoda psique enferma:É que existe uma classe <strong>de</strong> seres humanos a quem, não um <strong>de</strong>us, mas uma <strong>de</strong>usasevera – a Necessida<strong>de</strong> – <strong>de</strong>legou a tarefa <strong>de</strong> revelar aquilo <strong>de</strong> que sofrem e aquiloque lhes dá felicida<strong>de</strong>. São as vítimas <strong>de</strong> doenças nervosas, obrigadas a revelar suasfantasias, entre outras coisas, ao médico por quem esperam ser curadas através <strong>de</strong>tratamento mental. É esta nossa melhor fonte <strong>de</strong> conhecimento, e <strong>de</strong>s<strong>de</strong> entãosentimo-nos justificados em supor que os nossos pacientes nada nos revelam quenão possamos também ouvir <strong>de</strong> pessoas saudáveis (FREUD, 1908[1907], p.137).Baseando-se em seu método <strong>de</strong> ”cura pela fala”, Freud percebe que, através dos relatos<strong>de</strong> seus pacientes sobre suas fantasias, seus <strong>de</strong>sejos e seus sonhos, alcançaria a compreensãodos distúrbios psíquicos. O Estudo da psicopatologia, revela Freud, po<strong>de</strong>ria também fornecercompreensão sobre o funcionamento psíquico normal, ou seja, não patológico. Em 1905, em“Tratamento Psíquico (ou anímico)”, Freud (1905, p.274) escreveu: “Só <strong>de</strong>pois <strong>de</strong> estudar opatológico é que se compreen<strong>de</strong> a normalida<strong>de</strong>”. Apenas um ano mais tar<strong>de</strong> ele <strong>de</strong>talha estaidéia acrescentando que não só po<strong>de</strong>mos compreen<strong>de</strong>r o estado mental normal através dacompreensão do patológico, mas que também o limite entre estes dois estados é tênue:Mas o limite entre o que se <strong>de</strong>screve como estado mental normal e como patológicoé tão convencional e tão variável, que é provável que cada um <strong>de</strong> nós o transponhamuitas vez no <strong>de</strong>curso <strong>de</strong> um dia. Por outro lado, a psiquiatria estaria cometendoum erro se tentasse restringir-se permanentemente ao estudo das graves e sombriasdoenças <strong>de</strong>correntes <strong>de</strong> severos danos sofridos pelo <strong>de</strong>licado aparelho da mente.Desvios da saú<strong>de</strong> mais leves e suscetíveis <strong>de</strong> correção, que hoje po<strong>de</strong>mos atribuirapenas a perturbações na interação <strong>de</strong> forças mentais, atraem igualmente seuinteresse. Na verda<strong>de</strong>, só através <strong>de</strong>les é que se po<strong>de</strong> chegar à compreensão dosestados normais, assim como dos fenômenos das doenças graves (FREUD,1907[1906]).Este princípio acompanhou Freud por todo o seu percurso <strong>de</strong> criação e consolidaçãodo edifício psicanalítico. Em seus escritos ele não escondia tal percepção; na verda<strong>de</strong>, até sepreocupava em comunicar este princípio, que seguia fielmente. É comum esbarrar emcomentários <strong>de</strong> Freud comunicando-o, em textos <strong>de</strong> diversas datas, <strong>de</strong>s<strong>de</strong> os anos iniciais atéos que datam dos anos trinta. Segundo Meltzer (1989, p.26), a psicopatologia para ele era avia <strong>de</strong> entrada para os processos da mente. Ressaltando a importância <strong>de</strong>ste método, Monzani(1989, p.100) consi<strong>de</strong>ra-o como “uma das maiores originalida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> Freud, ou seja, usar omaterial patológico para esclarecer a psicologia normal”.85

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