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A concepção freudiana de melancolia - Faculdades FIO

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como psiquiátricos; entretanto, possuem a vantagem sobre estes últimos, a saber:uma ligação íntima entre a história dos sofrimentos do paciente e os sintomas <strong>de</strong>sua doença - uma ligação pela qual ainda procuramos em vão nas biografias dasoutras psicoses (FREUD, 1985, p.184).Neste ano Freud escreve também “O projeto”, não sabendo ainda que estava perto <strong>de</strong>perceber a importância da realida<strong>de</strong> psíquica e das fantasias inconscientes no funcionamentomental. Em maio <strong>de</strong> 1895, escreve a Fliess, revelando seu dilema no estudo das neuroses:Tenho tido uma quantida<strong>de</strong> <strong>de</strong>sumana <strong>de</strong> coisas por fazer e, após períodos <strong>de</strong> <strong>de</strong>z aonze horas <strong>de</strong> trabalho com as neuroses, fico regularmente impossibilitado <strong>de</strong> tomara pena para escrever-lhe um pouco, embora, na verda<strong>de</strong>, muito tivesse a dizer. Aprincipal razão, porém, é esta: um homem como eu não po<strong>de</strong> viver sem um cavalo<strong>de</strong> batalha, sem uma paixão <strong>de</strong>voradora, sem – nas palavras <strong>de</strong> Schiller – um tirano.Encontrei um. A serviço <strong>de</strong>le, não conheço limites. Trata-se da psicologia, que foisempre minha meta distante a acenar-se, e que agora, <strong>de</strong>s<strong>de</strong> que me <strong>de</strong>parei com osproblemas das neuroses, aproximou-se muito mais. Estou atormentado por doisobjetivos: examinar que forma irá assumir a teoria do funcionamento mental, seintroduzirmos consi<strong>de</strong>rações quantitativas, uma espécie <strong>de</strong> economia <strong>de</strong> forçasnervosas, e, em segundo lugar, extrair da psicopatologia um lucro para a psicologianormal. Na verda<strong>de</strong>, é impossível ter uma <strong>concepção</strong> geral satisfatória dosdistúrbios neuropsicóticos se não pu<strong>de</strong>r vinculá-la com pressupostos claros sobre osprocessos mentais normais. (MASSON, 1986, p.130).Assim, por volta <strong>de</strong> 1897, ao se <strong>de</strong>parar com a impossibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> sustentar seumo<strong>de</strong>lo <strong>de</strong> mente baseado na clínica da histeria, <strong>de</strong>vido a dificulda<strong>de</strong>s que se mostravam semsolução ou apontavam outros caminhos, Freud viu-se obrigado a abandonar sua teoriasiniciais, principalmente sua conhecida teoria da sedução. Sem se <strong>de</strong>sesperançar, volta-se entãopara seus pacientes, mais com um olhar <strong>de</strong> fenomenólogo do que <strong>de</strong> fisiologista teórico, eassim percebe a importância na vida mental da dimensão da realida<strong>de</strong> psíquica, das fantasiasinconscientes e dos fatos imateriais.Estes achados abriram um caminho inteiramente novo, e consistiram em uma<strong>de</strong>scoberta muito mais importante e original do que aquelas em que Freud vinha apostandosuas fichas até então. Voltando sua atenção para uma psicopatologia como a histeria, elepercebeu a presença <strong>de</strong> elementos que não existiam somente neste distúrbio nervoso.Realida<strong>de</strong> psíquica e fantasias não eram importantes apenas na mente das histéricas: eramaspectos que compunham e tinham um papel relevante na mente <strong>de</strong> todo ser humano. É nestemomento que Freud começa a se assumir como psicólogo e a <strong>de</strong>sviar <strong>de</strong>finitivamente seuinteresse do cérebro para a mente e para seus processos inconscientes. Contudo, Meltzer(1989, p.63) nos alerta para o fato <strong>de</strong> que tal mudança não acontece do dia para a noite, masem um longo processo que acompanhou quase toda a vida do criador da psicanálise: “Freud,ao longo dos anos, gradualmente passou por uma metamorfose indo <strong>de</strong> neurofisiologista84

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