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A concepção freudiana de melancolia - Faculdades FIO

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configuração simultânea do eu e do objeto, enquanto a primeira refere-se a uma perda <strong>de</strong> umespaço <strong>de</strong> gozo originário.Berlink e Fedida (2002, p.73-91) afirmam que, em Luto e <strong>melancolia</strong> (FREUD,1917[1915]), se estabelece uma nítida diferença entre <strong>de</strong>pressão e <strong>melancolia</strong>: propõemconsi<strong>de</strong>rar a primeira como luto e a segunda como afecção psíquica específica. E elessustentam esta distinção a partir <strong>de</strong> um fenômeno <strong>de</strong>corrente da disseminação do uso <strong>de</strong>anti<strong>de</strong>pressivos. O que se observa como fato clínico é que pacientes tratados com anti<strong>de</strong>pressivosapresentam melhoras na <strong>de</strong>pressão, mas permanecem com sintomas melancólicos.Isto revela que há <strong>de</strong>pressão na <strong>melancolia</strong>. A <strong>de</strong>pressão, segundo os autores, po<strong>de</strong> então servista como um estado – tal como notamos que Freud enten<strong>de</strong> a <strong>de</strong>pressão em muito <strong>de</strong> seustrabalhos 10 ─ enquanto a <strong>melancolia</strong> po<strong>de</strong> ser caracterizada como uma neurose narcísicamarcada por um “conflito intrapsíquico entre as instâncias do ego e superego implicando osujeito na culpa”. A <strong>de</strong>pressão é um estado <strong>de</strong> luto muito primitivo e a <strong>melancolia</strong>, umaneurose composta por conflito, <strong>de</strong>pressão e culpa.A visão psicanalítica <strong>de</strong>pois <strong>de</strong> Freud estabeleceu, como pu<strong>de</strong>mos perceber, umadistinção entre a <strong>melancolia</strong> e <strong>de</strong>pressão: a segunda seria um estado mais brando e que estariapresente nas neuroses <strong>de</strong> uma forma geral, sendo o foco principal ou não da patologia.Po<strong>de</strong>mos ter um caso grave <strong>de</strong> neurose obsessiva, no qual a <strong>de</strong>pressão permanece apenascomo coadjuvante, ou assumir o papel principal, quase mascarando os aspectos obsessivos. Jáa <strong>melancolia</strong> seria uma forma aguda e acentuada <strong>de</strong> um estado <strong>de</strong>pressivo presente naspsicoses (PERES, 2003). Constatamos então que alguns autores <strong>de</strong>pois <strong>de</strong> Freud não seguiramsua <strong>de</strong>finição da <strong>melancolia</strong> como uma neurose narcísica, e a incluíram entre as psicoses.Moreira (2002) <strong>de</strong>dica todo um capítulo sobre tal problemática, intitulado “A <strong>melancolia</strong>segundo Freud: um Narciso sem [dês]culpa”, no qual afirma que tal questão permanece semresposta.Em nosso estudo enten<strong>de</strong>mos que os termos “<strong>melancolia</strong>” e “<strong>de</strong>pressão”, sem nosatermos à questão da diversida<strong>de</strong> dos quadros clínicos, po<strong>de</strong>m ser abrangidos <strong>de</strong> maneira maisampla pela expressão “estados <strong>de</strong>pressivos”. Estes estados se referem àquelas formas <strong>de</strong>sofrimento psíquico que incluem, em maior ou menor grau, os sintomas apontados por Freu<strong>de</strong>m Luto e <strong>melancolia</strong>: estado <strong>de</strong> ânimo penoso, <strong>de</strong>sinteresse pelo mundo externo, inibição efalta <strong>de</strong> interesse em realizar ativida<strong>de</strong>s, falta <strong>de</strong> capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> investimento em objetosexternos, diminuição <strong>de</strong> auto-estima e aumento <strong>de</strong> auto-recriminações e auto-envilecimento.10 Como po<strong>de</strong> ser visto no tópico anterior.80

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