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A concepção freudiana de melancolia - Faculdades FIO

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Em Sol Negro - Depressão e Melancolia, Kristeva (1989) distingue a <strong>melancolia</strong> da<strong>de</strong>pressão, apontando contudo para a intrincada problemática que as envolve:Chamaremos <strong>de</strong> <strong>melancolia</strong> a sintomatologia psiquiátrica <strong>de</strong> inibição e <strong>de</strong>assimbolia que, por momentos ou <strong>de</strong> forma crônica, se instala num indivíduo, emgeral se alternando com a fase, dita maníaca, da exaltação. Quando os doisfenômenos, do abatimento e da excitação, são <strong>de</strong> menor intensida<strong>de</strong> e freqüência,po<strong>de</strong>mos então falar <strong>de</strong> <strong>de</strong>pressão neurótica (KRISTEVA, 1989, p.16).De acordo com a autora, o termo “<strong>melancolia</strong>” estaria reservado, na psiquiatria, apenasà patologia que necessita <strong>de</strong> anti<strong>de</strong>pressivos, sendo consi<strong>de</strong>rada irreversível. Entretanto, elaafirma que a teoria <strong>freudiana</strong> aponta para um luto impossível do objeto materno, tanto na<strong>de</strong>pressão quanto na <strong>melancolia</strong>. E aceita a diferença clínica e nosológica entre os doisestados, ressaltando contudo que eles se apóiam na intolerância à perda do objeto e nafalência do significante, sendo então, em seu âmago, indistinguíveis. A autora propõe aindaque os termos “<strong>melancolia</strong>” e “<strong>de</strong>pressão” <strong>de</strong>signem um conjunto que se po<strong>de</strong> chamar <strong>de</strong>“melancólico-<strong>de</strong>pressivo”, nos quais os limites na realida<strong>de</strong> são imprecisos.Na mesma direção, Peres (1996, 2003) afirma que os termos “<strong>de</strong>pressão” e“<strong>melancolia</strong>” po<strong>de</strong>m aparecer como sinônimos, mas po<strong>de</strong>m também receber tratamentosdiferenciados: <strong>de</strong>pressão para as formas neuróticas da doença e <strong>melancolia</strong> para a formapsicótica. Entretanto, a autora privilegia o uso do termo “<strong>melancolia</strong>” quando fala a partir dapsicanálise, e “<strong>de</strong>pressão” para <strong>de</strong>signar sintomas.Roudinesco e Plon (1998), em seu Dicionário <strong>de</strong> psicanálise, apresentam o verbetesobre a <strong>de</strong>pressão <strong>de</strong>ntro do verbete “<strong>melancolia</strong>”. Afirmam os autores que a primeira é umaforma atenuada da segunda e <strong>de</strong>signa esta última como um “estado <strong>de</strong>pressivo”. Estariamestes autores sugerindo que ambos possuem a mesma etiologia? É difícil <strong>de</strong> respon<strong>de</strong>r, mas,segundo este ponto <strong>de</strong> vista, <strong>de</strong> que a <strong>de</strong>pressão é uma forma atenuada <strong>de</strong> <strong>melancolia</strong>, umaresposta afirmativa à questão talvez possa ser consi<strong>de</strong>rada.Delouya (2002) nomeia as patologias <strong>de</strong>pressivas em geral por quadros <strong>de</strong>pressivos eafirma sem hesitar que estes são freqüentemente associados às psicoses ou às patologiasfronteiriças. Quanto ao afeto e aos estados <strong>de</strong>pressivos, estes fazem parte da condição humanae figuram entre os quadros clínicos. Assim, a patologia se expressa em impotência vital doagir e do fazer, assim como do sonhar e do pensar. Seus principais sintomas clínicos são, emdiferentes graus, fadiga, astenia, tédio, tristeza, lassitu<strong>de</strong>, enclausuramento, inércia etc. Oautor enfatiza que a <strong>de</strong>pressão e a <strong>melancolia</strong> não po<strong>de</strong>m ser atreladas ou tomadas comoequivalentes. A segunda diz respeito a um fracasso no momento <strong>de</strong> constituição da79

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