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A concepção freudiana de melancolia - Faculdades FIO

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No entanto, não é bem nestes termos que Moreira (2002) compreen<strong>de</strong> a questão.Segundo esta autora – uma importante referência brasileira nos estudos sobre a <strong>melancolia</strong> –,Freud utilizava os termos “<strong>de</strong>pressão” e “<strong>melancolia</strong>” como sinônimos, mas mostrava umapreferência para o uso do segundo <strong>de</strong>les em seus trabalhos:Na psicanálise, a revisão da obra <strong>de</strong> Freud tem indicado que ele não supõediferença <strong>de</strong> natureza psíquica entre <strong>melancolia</strong> e <strong>de</strong>pressão, mas tão-somente umaescolha <strong>de</strong> termos, e ele ten<strong>de</strong> a nomear como <strong>melancolia</strong> os quadros a que <strong>de</strong>dicaestudos mais extensos, como o próprio Luto e <strong>melancolia</strong>, Uma neurose <strong>de</strong>moníacado século XVII e Dostoiewski e o parricídio. (MOREIRA, 2002, p.73).Não nos parece que em Freud encontramos os termos predominantes como sinônimos,mas sim que apenas em alguns momentos <strong>de</strong> seus escritos ele os utiliza como equivalentes. Ofato <strong>de</strong> não ter realizado um <strong>de</strong>senvolvimento teórico específico em que o termo “<strong>de</strong>pressão”toma a cena principal, nos permite dissolvê-lo na <strong>melancolia</strong>? Formulado <strong>de</strong> outra maneira: épossível ver como equivalentes estes termos por não encontrarmos um espaço teóricoespecífico para a <strong>de</strong>pressão no texto freudiano? A afirmação <strong>de</strong> que Freud não supõe naturezapsíquica para estes estados psíquicos é digna <strong>de</strong> investigação, e acreditamos que ela po<strong>de</strong>riaser formulada como se segue.Com Luto e <strong>melancolia</strong>, Freud inaugurou um campo <strong>de</strong> estudo e compreensão que,como Laplanche (1987, p.293) bem <strong>de</strong>nominou, se constituiu como campo das <strong>de</strong>pressões eque abarcou, ao menos em algum nível, todo tipo <strong>de</strong> patologias <strong>de</strong>pressivas. Embora não hajana teoria <strong>freudiana</strong> uma teoria explícita da <strong>de</strong>pressão, sua aproximação com a <strong>melancolia</strong>revela-nos algo em comum; parece que a <strong>de</strong>pressão, como estado afetivo, está contida na<strong>melancolia</strong>, <strong>de</strong>finida como uma entida<strong>de</strong> clínica específica, embora a segunda, como entida<strong>de</strong>clínica, não esteja contida na primeira. Isto quer dizer que, se a <strong>melancolia</strong> guarda algo da<strong>de</strong>pressão, <strong>de</strong>finida por Freud como um estado afetivo penoso, então a compreensão dapsicodinâmica melancólica – inaugurada magistralmente em Luto e <strong>melancolia</strong> – tambémrevela algo do estado <strong>de</strong>pressivo: assim, o estudo da <strong>melancolia</strong> também contribui para a<strong>de</strong>pressão. Freud, com sua teoria da <strong>melancolia</strong>, revelou-nos a existência dos elementosmelancólicos presentes no psiquismo. Compreen<strong>de</strong>r a teoria <strong>freudiana</strong> da <strong>melancolia</strong> talvezseja a<strong>de</strong>ntrar o reino <strong>de</strong>stes elementos melancólicos, que figuram na constituição dopsiquismo. Ao formular estas afirmações, resta saber se os “elementos melancólicos” po<strong>de</strong>mser tomados como equivalentes da expressão “elementos <strong>de</strong>pressivos”; afinal, é possível<strong>de</strong>marcar diferença <strong>de</strong> caráter psíquico nestes elementos?Este problema po<strong>de</strong> ser resolvido se recorrermos ao registro principal <strong>de</strong>stes estados –o registro da perda, entendida aqui em seu sentido mais amplo, como perda real ou i<strong>de</strong>al.75

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